"As coisas encobertas pertencem ao nosso Deus, mas as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que observemos todas as palavras desta lei."
Deuteronômio 29:29

ANTIGO TESTAMENTO > Rute
Sobre o Livro de Rute
  1. Noemi e suas noras Orfa e Rute.
  2. Rute respinga no campo de Boaz; Boaz fala a Rute benignamente.
  3. Rute vai deitar-se aos pés de Boaz; Boaz reconhece seu dever de casar com Rute.
  4. Boaz casa com Rute; Rute dá à luz Obede, avô de Davi; As gerações de Perez.
Rt > Sobre o Livro de Rute
1. Título: O livro de Rute constitui um apêndice ao livro dos Juízes e uma introdução aos dois livros históricos de Samuel, que vêm em seguida. O título se deve à personagem principal da história narrada. Na Bíblia, os nomes próprios possuem significados que se perdem ao serem traduzidos, já que os tradutores simplesmente os transliteram sem transmitir o significado dos mesmos. Rute era moabita, e seu nome não deve ser hebreu. A origem e o significado do nome são incertos, embora alguns acreditem que ele possa estar relacionado com o verbo ra’ah, "associar-se com”, significando, portanto, "amigo” ou “amizade”.
O livro de Rute não é um romance, mas a história de amor reverente de uma jovem viúva pela mãe de seu falecido esposo. O tipo de amor demonstrado pelo caráter de Rute é o mais puro, altruísta e extraordinário. Embora moabita, Rute aceitou a religião de Noemi como se fosse sua e foi recompensada ao se casar com o nobre judeu Boaz, tornando-se, por seu intermédio, ancestral de Davi e, por fim, de Cristo.
2. Autoria: Críticos têm debatido a respeito da autoria do livro. Como ocorre em relação a Daniel, alguns estabelecem uma data mais antiga para o livro, ao passo que outros, uma bem posterior. A teoria de uma origem pós-exílica para o livro de Rute é apresentada na Enciclopédia Judaica. Alguns críticos admitem que o livro representa um argumento sutil em favor de casamentos entre judeus e outros povos, por afirmar que Davi é descendente de um casamento dessa natureza. Esses estudiosos sugerem que o livro loi escrito no tempo de Esdras e Neemias como protesto contras leis rigorosas que proibiam o casamento entre judeus e não judeus. As cinco principais razões apresentadas pelos adeptos da composição pós-exílica do livro são as seguintes:
1. A expressão “nos dias em que julgavam os juízes” (Rt.1:1) indica uma data posterior para a escrita do livro.
2. O fato de Rute aparecer na terceira seção do cânon hebraico indica uma composição posterior.
3. O livro contém muitos aramaísmos que não apareceriam em narrações pré-exílicas.
4. A genealogia no final do livro mostra clara influência da escola sacerdotal.
5. A expressão “outrora” (Rt.4:7) parece indicar que a cerimônia do calçado e o resgate de terras e de mulheres não eram mais praticados.
Esses argumentos, porém, não são conclusivos. A expressão "nos dias em que julgavam os juízes” indica apenas que o livro de Rute foi escrito após o término do período dos juízes, mas não necessariamente muito tempo depois. Curiosamente, na LXX, uma das versões mais antigas, o livro de Rute é acrescentado ao de Juízes, sem ter ao menos um título diferente, como se fosse realmente a conclusão de juízes ─ um tipo de apêndice. A posição de Rute no cânon hebraico atual não é argumento válido para se afirmar que o livro foi escrito posteriormente. O próprio cânon hebraico atual se originou posteriormente, e a posição do livro de Rute em suas primeiras versões é a mesma encontrada na ARA, ou seja, após o livro dos Juízes e, em alguns casos, sem título próprio.
Um estudo minucioso revelou que as palavras em aramaico ressaltadas pelos críticos como prova de origem posterior também ocorrem em outros escritos cujas datas pré-exílicas são indiscutíveis. A genealogia no final do livro de Rute não seria prova satisfatória de origem pós-exílica, a menos que se admita que certas partes dos livros de Moisés e Josué também sejam de origem pós-exílica. A expressão “outrora” (Rt.4:7) pode indicar que a cerimônia do calçado e o resgate de terras e viúvas eram práticas do passado, mas não necessariamente de um passado longínquo e imemorável. Na verdade, o estudo de Rute tem convencido muitos eruditos de que o livro é de origem pré-exílica. Isso é o que se pode dizer com segurança quanto à data da composição literária do livro.
O relato escrito do livro de Rute, conforme consta nas Escrituras, provavelmente se originou no tempo de Davi e parece se enquadrar melhor nos primeiros anos de seu reinado. Alguns têm sugerido que Samuel tenha sido o autor da narrativa como ela existe hoje. Esse fato explicaria a posição do livro de Rute após Juízes e antes de Samuel (ver Jz.18:1; Jz.18:29). Sua posição no cânon hebraico posterior ficaria naturalmente entre os Escritos, já que não poderia ser incluído de maneira adequada entre os livros de Moisés ou dos profetas. De acordo com a tradição judaica registrada no Talmude, o profeta Samuel escreveu não apenas os livros que levam seu nome, mas também os livros de Juízes e de Rute. Embora não seja um livro profético, Rute pode, portanto, ter sido escrito por um dos maiores profetas.
3. Contexto histórico: O contexto da história é descrito no início do livro: “Nos dias em que julgavam os juízes, houve fome na terra.” No entanto, essa declaração não é precisa, pois houve mais de um período de fome na Palestina durante o período dos juízes. Contudo, ao ser comparada a genealogia de Davi, apresentada nos últimos versos de Rute, com sua genealogia relatada em Mateus, verifica-se que a mãe de Boaz foi Raabe. Não há razão plausível para se supor que essa Raabe seja outra pessoa senão a Raabe de Jericó (ver Mt.1:5). Sendo ela a mãe de Boaz, os eventos do livro de Rute teriam acontecido bem no início do período dos juízes. Por outro lado, uma tradição antiga, apoiada por Josefo, coloca esses eventos no tempo de Eli ─ uma visão mais de acordo com a informação de que Boaz foi o bisavô de Davi. As duas posições poderiam ser verdadeiras, já que “pai” e "mãe” também podem significar avô, avó ou ancestral (ver com. de 1Rs.15:10; Ed.7:1).
A descrição dos costumes, da sociedade e do governo apresentada em Rute reflete a mesma do período dos juízes, conforme registrada no próprio livro dos Juízes. Essa constatação se torna mais evidente quando se estudam os detalhes da narração do livro. A sugestão de que a fome mencionada seja a mesma da época de Gideão é muito improvável, pois não há indicação de que a fome registrada em Rute tenha sido causada por invasores armados (Rt.1:1; Rt.1:2; Jz.6:3-6). Não há nada no livro que insinue alguma guerra; com efeito, Noemi decidiu retornar à sua terra quando ouviu que Yahweh havia visitado seu povo e lhe dado pão (ver Rt.1:6). Subentende-se que a fome não foi causada por guerras, e sim, pela seca.
Como foi afirmado, os tradutores gregos do AT fizeram desse livro um apêndice ao livro dos Juízes, sem divisão ou título próprios. Edições posteriores da LXX inseriram telos ton kriton, “o final dos Juízes”, para indicar a divisão entre Juízes e Rute, e telos tes Routh, “o final de Rute”, no fim da narrativa. O livro de Rute ocupa um lugar diferente no cânon hebraico atual. Ele é um dos cinco rolos lidos na sinagoga em cinco ocasiões especiais ou festas durante o ano. Em edições impressas do AT hebraico, esses rolos geralmente são organizados na seguinte sequência: Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester. Rute ocupa o segundo lugar porque o Livro foi escolhido para ser lido na Festa das Semanas, posteriormente conhecida como Pentecostes, a segunda das cinco festas especiais.
Os tradutores da LXX acrescentaram Rute ao livro dos juízes pelo fato de esta sequência se encaixar bem com o tempo de Eli, o sumo sacerdote; e foi durante seus últimos dias de vida que Samuel foi chamado para ser profeta. Um ato importante do ministério de Samuel foi a unção de Saul, o primeiro rei de Israel. As últimas palavras do livro dos Juízes são: “Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto.” (Jz.21:25).
Moabe, nessa época, era uma região situada a leste do Mar Morto, entre o rio Arnom e o ribeiro de Zerede. A fronteira oriental de Moabe era indefinida, correspondendo ao grande deserto da Arábia. Trata-se de uma região elevada, com um planalto fértil e uma altitude média de aproximadamente 915 m acima do nível do mar Mediterrâneo e 1.311 m acima do nível do Mar Morto. Embora a chuva geralmente seja suficiente para amadurecer a colheita, pessoas que moram em regiões elevadas aumentam seu abastecimento de água por meio de cisternas. Muitas delas, usadas nos tempos antigos, estão agora em ruínas. Antigamente, a população deve ter sido muito maior do que a atual. A fertilidade do país nos tempos antigos é indicada pelas inúmeras cidades e vilas existentes nessa época e mencionadas nas Escrituras. A terra de Moabe ainda oferece boa pastagem para ovelhas e gado, como nos tempos antigos.
Os moabitas eram de linhagem semítica e descendentes de Ló, sobrinho de Abraão. A principal divindade que adoravam se chamava Quemos, que aparentemente era apaziguado com sacrifícios humanos (ver 2Rs.3:26-27). Pouco se sabe sobre a história dos moabitas no período decorrido entre a origem deles (Gn.19) e o tempo do êxodo. Algum tempo antes do estabelecimento do reino em Israel, os amorreus ocuparam a região de Moabe que ficava ao norte de Arnom, mas Israel conquistou e ocupou parte do que havia sido território moabita (ver Nm.21:26; Jz.11:12-27; ver com. de Nm.21:13; Nm.22:1). Quando Balaque, filho de Zipor, viu que os israelitas estavam acampados muito próximos da fronteira de seu país, formou aliança com os midianitas e pediu ajuda do profeta Balaão.
Numa inscrição no pedestal de uma estátua no templo de Luxor, Ramsés II gaba-se da conquista de Moabe. Israel estava oprimido por Eglom, rei de Moabe, com o auxílio de Arnom e Amaleque (Jz.3:13-14); Eglom, porém, foi assassinado por Eúde, livrando, assim, Israel do jugo moabita. O rei Saul derrotou Moabe, mas não o subjugou (1Sm.14:47), pois Davi colocou seus pais sob a proteção do rei de Moabe ao ser perseguido por Saul (1Sm.22:3-4). O fato de Rute, a bisavó de Davi, ser moabita possivelmente explica por que Davi tenha colocado os pais sob a proteção do rei de Moabe quando fugia de Saul. Essa amizade, porém, entre Davi e Moabe não perdurou. Quando Davi se tornou rei, guerreou contra Moabe e o derrotou completamente.
Havia duas Beléns na antiga Palestina. Uma se situava no território designado para a tribo de Zebulom, e a outra, em Judá. Para evitar possível confusão, o autor de Rute fez questão de mencionar duas vezes, bem no início do relato, que a Belém de Noemi, de seu marido Elimeleque e de seus dois filhos era a Belém de Judá (Rt.1:1-2). A Belém de Zebulom é mencionada em Js.19:15 como uma das 12 cidades da herança dos filhos de Zebulom. Ainda existe um pequeno povoado no norte da Palestina, onde se acredita que essa Belém ficava situada. A que interessa aqui, contudo, é a Belém de Judá. Trata-se de uma cidade com aproximadamente 15 mil habitantes, 8,5 km ao sul de Jerusalém e a quase 782 m acima do nível do mar. Ocupa uma posição destacada em um contraforte de uma cadeia de montanhas, a leste do divisor de águas. Fica ao lado da estrada principal para Hebrom, em direção ao sul. A localização é uma fortaleza natural e foi ocupada por uma guarnição de filisteus nos dias de Davi (2Sm.23:14; 1Cr.11:16).
4. Tema: Existem narrativas históricas e narrativas épicas. A designação épica se aplica a narrativas cujo apelo não é primordialmente ao desejo de obter informações, mas à imaginação criativa e às emoções. Um épico é geralmente escrito em estilo poético. Uma peculiaridade da poesia hebraica, no entanto, é que a organização dos versos se baseia em um paralelismo de pensamentos em vez de em versos e rimas exatos. Essa característica aparece também, em menor proporção, na prosa hebraica. Assim, em hebraico, a classificação da literatura depende mais da natureza do pensamento do que da forma de expressão. Épicos hebraicos são porções da história nacional inseridas em seu devido lugar na narrativa. Se quisermos apreciar a Bíblia como literatura, é necessário levar em conta as diferentes formas de narrativa usadas por seus escritores.
O objetivo principal do livro de Rute é oferecer informações a respeito dos antepassados diretos de Davi, o maior rei de Israel, de cuja linhagem viria o Messias. Cristo foi designado para ser o governante definitivo do reino de Israel, cuja liderança e organização estariam fundamentadas no conceito de uma teocracia eterna. Cristo se referiu ao Seu reino como o reino dos céus, a fim de distingui-lo dos reinos deste mundo. Dessa forma, o livro de Rute se apresenta, na narrativa inspirada, como elo fascinante na cadeia de eventos relacionados com o estabelecimento do reino messiânico.
Ao mesmo tempo, Rute descortina diante do leitor um quadro extremamente cativante, retratando as bênçãos do lar ideal. Há duas instituições que existiam antes da queda do homem deixadas como legado: o sábado e o lar. O lar foi estabelecido pelo próprio Deus no sexto dia da primeira semana da criação, e o sábado, no sétimo dia. O sábado não é uma instituição judaica, pois, como o próprio Criador declarou, "o sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Mc.2:27). Tanto o sábado quanto o lar se tornaram alvos principais dos ataques de Satanás.
O relacionamento entre sogra e nora é tema de muitas comédias, mas entre Rute e Noemi houve um relacionamento de natureza bem diferente. Depois de habitar por dez anos na terra de Moabe, Noemi, cujo marido e os dois filhos haviam falecido, soube que a fartura estava de volta à terra de Judá, decidindo, assim, retornar para sua terra. A nora Rute mostrou uma devoção que revelava os belos traços de caráter tanto dela quanto de Noemi, rompendo com todos os laços familiares e étnicos para acompanhar a estimada sogra. Ao contemplar pela última vez os campos férteis de sua pátria, com profunda demonstração de afeto, Rute exclamou: “O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt.1:16). Então, pôs-se rumo a uma terra estranha, unindo-se com o verdadeiro povo de Deus e tornando-se Sua fiel adoradora. Essa dedicação à sogra fez com que Rute se tornasse uma das progenitoras de Davi, o suave cantor de Israel; de Salomão, o homem mais sábio que já existiu; de Zorobabel, o qual, à semelhança de Moisés, liderou o êxodo dos judeus de Babilônia à Palestina; e, finalmente, do Messias, o Filho de Davi. Definitivamente, é uma história repleta de magníficos exemplos de fé, piedade, humildade, diligência e amabilidade, reveladas em eventos comuns da vida.
Assim, temos na história de Rute, não apenas uma pérola da literatura hebraica, mas também um comentário importante sobre parte da genealogia de Cristo (ver com. de Mt.1:4-6).
Os israelitas, pelo estudo dessa narrativa, deveríam ter compreendido o plano de Deus para a salvação de pessoas de todas as nações, que aceitariam, como a moabita Rute, o Deus cujo caráter lhes teria sido demonstrado pelo testemunho de Seus servos. Dessa forma, era plano de Deus que muitos alcançassem uma transformação de caráter tal que os tonasse individualmente preparados para ser cidadãos do eterno reino de Cristo (ver wPJ.153.1-4).
Comentário Adventista Verso Rt > 1 > Noemi e suas noras Orfa e Rute.
CRt.1:1 1 E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; por isso um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele e sua mulher, e seus dois filhos;
CRt.1:2 2 E era o nome deste homem Elimeleque, e o de sua mulher Noemi, e os de seus dois filhos Malom e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá; e chegaram aos campos de Moabe, e ficaram ali.
CRt.1:3 3 E morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com os seus dois filhos,
CRt.1:4 4 Os quais tomaram para si mulheres moabitas; e era o nome de uma Orfa, e o da outra Rute; e ficaram ali quase dez anos.
CRt.1:5 5 E morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando assim a mulher desamparada dos seus dois filhos e de seu marido.
CRt.1:6 6 Então se levantou ela com as suas noras, e voltou dos campos de Moabe, porquanto na terra de Moabe ouviu que o Senhor tinha visitado o seu povo, dando-lhe pão.
CRt.1:7 7 Por isso saiu do lugar onde estivera, e as suas noras com ela. E, indo elas caminhando, para voltarem para a terra de Judá,
CRt.1:8 8 Disse Noemi às suas noras: Ide, voltai cada uma à casa de sua mãe; e o Senhor use convosco de benevolência, como vós usastes com os falecidos e comigo.
CRt.1:9 9 O Senhor vos dê que acheis descanso cada uma em casa de seu marido. E, beijando-as ela, levantaram a sua voz e choraram.
CRt.1:10 10 E disseram-lhe: Certamente voltaremos contigo ao teu povo.
CRt.1:11 11 Porém Noemi disse: Voltai, minhas filhas. Por que iríeis comigo? Tenho eu ainda no meu ventre mais filhos, para que vos sejam por maridos?
CRt.1:12 12 Voltai, filhas minhas, ide-vos embora, que já mui velha sou para ter marido; ainda quando eu dissesse: Tenho esperança, ou ainda que esta noite tivesse marido e ainda tivesse filhos,
CRt.1:13 13 Esperá-los-íeis até que viessem a ser grandes? Deter-vos-íeis por eles, sem tomardes marido? Não, filhas minhas, que mais amargo me é a mim do que a vós mesmas; porquanto a mão do Senhor se descarregou contra mim.
CRt.1:14 14 Então levantaram a sua voz, e tornaram a chorar; e Orfa beijou a sua sogra, porém Rute se apegou a ela.
CRt.1:15 15 Por isso disse Noemi: Eis que voltou tua cunhada ao seu povo e aos seus deuses; volta tu também após tua cunhada.
CRt.1:16 16 Disse, porém, Rute: Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus;
CRt.1:17 17 Onde quer que morreres morrerei eu, e ali serei sepultada. Faça-me assim o Senhor, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.
CRt.1:18 18 Vendo Noemi, que de todo estava resolvida a ir com ela, deixou de lhe falar.
CRt.1:19 19 Assim, pois, foram-se ambas, até que chegaram a Belém; e sucedeu que, entrando elas em Belém, toda a cidade se comoveu por causa delas, e diziam: Não é esta Noemi?
CRt.1:20 20 Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara; porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso.
CRt.1:21 21 Cheia parti, porém vazia o Senhor me fez tornar; por que pois me chamareis Noemi? O Senhor testifica contra mim, e o Todo-Poderoso me tem feito mal.
CRt.1:22 22 Assim Noemi voltou, e com ela Rute a moabita, sua nora, que veio dos campos de Moabe; e chegaram a Belém no princípio da colheita das cevadas.
Comentário Adventista Verso Rt > 2 > Rute respinga no campo de Boaz; Boaz fala a Rute benignamente.
CRt.2:1 1 E tinha Noemi um parente de seu marido, homem valente e poderoso, da família de Elimeleque; e era o seu nome Boaz.
CRt.2:2 2 E Rute, a moabita, disse a Noemi: Deixa-me ir ao campo, e apanharei espigas atrás daquele em cujos olhos eu achar graça. E ela disse: Vai, minha filha.
CRt.2:3 3 Foi, pois, e chegou, e apanhava espigas no campo após os segadores; e caiu-lhe em sorte uma parte do campo de Boaz, que era da família de Elimeleque.
CRt.2:4 4 E eis que Boaz veio de Belém, e disse aos segadores: O Senhor seja convosco. E disseram-lhe eles: O Senhor te abençoe.
CRt.2:5 5 Depois disse Boaz a seu moço, que estava posto sobre os segadores: De quem é esta moça?
CRt.2:6 6 E respondeu o moço, que estava posto sobre os segadores, e disse: Esta é a moça moabita que voltou com Noemi dos campos de Moabe.
CRt.2:7 7 Disse-me ela: Deixa-me colher espigas, e ajuntá-las entre as gavelas após os segadores. Assim ela veio, e desde pela manhã está aqui até agora, a não ser um pouco que esteve sentada em casa.
CRt.2:8 8 Então disse Boaz a Rute: Ouve, filha minha; não vás colher em outro campo, nem tampouco passes daqui; porém aqui ficarás com as minhas moças.
CRt.2:9 9 Os teus olhos estarão atentos no campo que segarem, e irás após elas; não dei ordem aos moços, que não te molestem? Tendo tu sede, vai aos vasos, e bebe do que os moços tirarem.
CRt.2:10 10 Então ela caiu sobre o seu rosto, e se inclinou à terra; e disse-lhe: Por que achei graça em teus olhos, para que faças caso de mim, sendo eu uma estrangeira?
CRt.2:11 11 E respondeu Boaz, e disse-lhe: Bem se me contou quanto fizeste à tua sogra, depois da morte de teu marido; e deixaste a teu pai e a tua mãe, e a terra onde nasceste, e vieste para um povo que antes não conheceste.
CRt.2:12 12 O Senhor retribua o teu feito; e te seja concedido pleno galardão da parte do Senhor Deus de Israel, sob cujas asas te vieste abrigar.
CRt.2:13 13 E disse ela: Ache eu graça em teus olhos, senhor meu, pois me consolaste, e falaste ao coração da tua serva, não sendo eu ainda como uma das tuas criadas.
CRt.2:14 14 E, sendo já hora de comer, disse-lhe Boaz: Achega-te aqui, e come do pão, e molha o teu bocado no vinagre. E ela se assentou ao lado dos segadores, e ele lhe deu do trigo tostado, e comeu, e se fartou, e ainda lhe sobejou.
CRt.2:15 15 E, levantando-se ela a colher, Boaz deu ordem aos seus moços, dizendo: Até entre as gavelas deixai-a colher, e não a censureis.
CRt.2:16 16 E deixai cair alguns punhados, e deixai-os ficar, para que os colha, e não a repreendais.
CRt.2:17 17 E esteve ela apanhando naquele campo até à tarde; e debulhou o que apanhou, e foi quase um efa de cevada.
CRt.2:18 18 E tomou-o, e veio à cidade; e viu sua sogra o que tinha apanhado; também tirou, e deu-lhe o que sobejara depois de fartar-se.
CRt.2:19 19 Então disse-lhe sua sogra: Onde colheste hoje, e onde trabalhaste? Bendito seja aquele que te reconheceu. E relatou à sua sogra com quem tinha trabalhado, e disse: O nome do homem com quem hoje trabalhei é Boaz.
CRt.2:20 20 Então Noemi disse à sua nora: Bendito seja ele do Senhor, que ainda não tem deixado a sua beneficência nem para com os vivos nem para com os mortos. Disse-lhe mais Noemi: Este homem é nosso parente chegado, e um dentre os nossos remidores.
CRt.2:21 21 E disse Rute, a moabita: Também ainda me disse: Com os moços que tenho te ajuntarás, até que acabem toda a sega que tenho.
CRt.2:22 22 E disse Noemi a sua nora: Melhor é, filha minha, que saias com as suas moças, para que noutro campo não te encontrem.
CRt.2:23 23 Assim, ajuntou-se com as moças de Boaz, para colher até que a sega das cevadas e dos trigos se acabou; e ficou com a sua sogra.
Comentário Adventista Verso Rt > 3 > Rute vai deitar-se aos pés de Boaz; Boaz reconhece seu dever de casar com Rute.
CRt.3:1 1 E disse-lhe Noemi, sua sogra: Minha filha, não hei de buscar descanso, para que fiques bem?
CRt.3:2 2 Ora, pois, não é Boaz, com cujas moças estiveste, de nossa parentela? Eis que esta noite padejará a cevada na eira.
CRt.3:3 3 Lava-te, pois, e unge-te, e veste os teus vestidos, e desce à eira; porém não te dês a conhecer ao homem, até que tenha acabado de comer e beber.
CRt.3:4 4 E há de ser que, quando ele se deitar, notarás o lugar em que se deitar; então entrarás, e descobrir-lhe-ás os pés, e te deitarás, e ele te fará saber o que deves fazer.
CRt.3:5 5 E ela lhe disse: Tudo quanto me disseres, farei.
CRt.3:6 6 Então foi para a eira, e fez conforme a tudo quanto sua sogra lhe tinha ordenado.
CRt.3:7 7 Havendo, pois, Boaz comido e bebido, e estando já o seu coração alegre, veio deitar-se ao pé de um monte de grãos; então veio ela de mansinho, e lhe descobriu os pés, e se deitou.
CRt.3:8 8 E sucedeu que, pela meia-noite, o homem estremeceu, e se voltou; e eis que uma mulher jazia a seus pés.
CRt.3:9 9 E disse ele: Quem és tu? E ela disse: Sou Rute, tua serva; estende pois tua capa sobre a tua serva, porque tu és o remidor.
CRt.3:10 10 E disse ele: Bendita sejas tu do Senhor, minha filha; melhor fizeste esta tua última benevolência do que a primeira, pois após nenhum dos jovens foste, quer pobre quer rico.
CRt.3:11 11 Agora, pois, minha filha, não temas; tudo quanto disseste te farei, pois toda a cidade do meu povo sabe que és mulher virtuosa.
CRt.3:12 12 Porém agora é verdade que eu sou remidor, mas ainda outro remidor há mais chegado do que eu.
CRt.3:13 13 Fica-te aqui esta noite, e será que, pela manhã, se ele te redimir, bem está, que te redima; porém, se não quiser te redimir, vive o Senhor, que eu te redimirei. Deita-te aqui até amanhã.
CRt.3:14 14 Ficou-se, pois, deitada a seus pés até pela manhã, e levantou-se antes que pudesse um conhecer o outro, porquanto ele disse: Não se saiba que alguma mulher veio à eira.
CRt.3:15 15 Disse mais: Dá-me a capa que tens sobre ti, e segura-a. E ela a segurou; e ele mediu seis medidas de cevada, e lhas pôs em cima; então foi para a cidade.
CRt.3:16 16 E foi à sua sogra, que lhe disse: Como foi, minha filha? E ela lhe contou tudo quanto aquele homem lhe fizera.
CRt.3:17 17 Disse mais: Estas seis medidas de cevada me deu, porque me disse: Não vás vazia à tua sogra.
CRt.3:18 18 Então disse ela: Espera, minha filha, até que saibas como irá o caso, porque aquele homem não descansará até que conclua hoje este negócio.
Comentário Adventista Verso Rt > 4 > Boaz casa com Rute; Rute dá à luz Obede, avô de Davi; As gerações de Perez.
CRt.4:1 1 E Boaz subiu à porta, e assentou-se ali; e eis que o remidor de que Boaz tinha falado ia passando, e disse-lhe: Ó fulano, vem cá, assenta-te aqui. E desviou-se para ali, e assentou-se.
CRt.4:2 2 Então tomou dez homens dos anciãos da cidade, e disse: Assentai-vos aqui. E assentaram-se.
CRt.4:3 3 Então disse ao remidor: Aquela parte da terra que foi de Elimeleque, nosso irmão, Noemi, que tornou da terra dos moabitas, está vendendo.
CRt.4:4 4 E eu resolvi informar-te disso e dizer-te: Compra-a diante dos habitantes, e diante dos anciãos do meu povo; se a hás de redimir, redime-a, e se não a houveres de redimir, declara-mo, para que o saiba, pois outro não há senão tu que a redima, e eu depois de ti. Então disse ele: Eu a redimirei.
CRt.4:5 5 Disse porém Boaz: No dia em que comprares a terra da mão de Noemi, também a comprarás da mão de Rute, a moabita, mulher do falecido, para suscitar o nome do falecido sobre a sua herança.
CRt.4:6 6 Então disse o remidor: Para mim não a poderei redimir, para que não prejudique a minha herança; toma para ti o meu direito de remissão, porque eu não a poderei redimir.
CRt.4:7 7 Havia, pois, já de muito tempo este costume em Israel, quanto a remissão e permuta, para confirmar todo o negócio; o homem descalçava o sapato e o dava ao seu próximo; e isto era por testemunho em Israel.
CRt.4:8 8 Disse, pois, o remidor a Boaz: Toma-a para ti. E descalçou o sapato.
CRt.4:9 9 Então Boaz disse aos anciãos e a todo o povo: Sois hoje testemunhas de que tomei tudo quanto foi de Elimeleque, e de Quiliom, e de Malom, da mão de Noemi,
CRt.4:10 10 E de que também tomo por mulher a Rute, a moabita, que foi mulher de Malom, para suscitar o nome do falecido sobre a sua herança, para que o nome do falecido não seja desarraigado dentre seus irmãos e da porta do seu lugar; disto sois hoje testemunhas.
CRt.4:11 11 E todo o povo que estava na porta, e os anciãos, disseram: Somos testemunhas; o Senhor faça a esta mulher, que entra na tua casa, como a Raquel e como a Lia, que ambas edificaram a casa de Israel; e porta-te valorosamente em Efrata, e faze-te nome afamado em Belém.
CRt.4:12 12 E seja a tua casa como a casa de Perez (que Tamar deu à luz a Judá), pela descendência que o Senhor te der desta moça.
CRt.4:13 13 Assim tomou Boaz a Rute, e ela lhe foi por mulher; e ele a possuiu, e o Senhor lhe fez conceber, e deu à luz um filho.
CRt.4:14 14 Então as mulheres disseram a Noemi: Bendito seja o Senhor, que não deixou hoje de te dar remidor, e seja o seu nome afamado em Israel.
CRt.4:15 15 Ele te será por restaurador da alma, e nutrirá a tua velhice, pois tua nora, que te ama, o deu à luz, e ela te é melhor do que sete filhos.
CRt.4:16 16 E Noemi tomou o filho, e o pôs no seu colo, e foi sua ama.
CRt.4:17 17 E as vizinhas lhe deram um nome, dizendo: A Noemi nasceu um filho. E deram-lhe o nome de Obede. Este é o pai de Jessé, pai de Davi.
CRt.4:18 18 Estas são, pois, as gerações de Perez: Perez gerou a Hezrom,
CRt.4:19 19 E Hezrom gerou a Rão, e Rão gerou a Aminadabe,
CRt.4:20 20 E Aminadabe gerou a Naassom, e Naassom gerou a Salmom,
CRt.4:21 21 E Salmom gerou a Boaz, e Boaz gerou a Obede,
CRt.4:22 22 E Obede gerou a Jessé, e Jessé gerou a Davi.