"As coisas encobertas pertencem ao nosso Deus, mas as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que observemos todas as palavras desta lei."
Deuteronômio 29:29

Capítulo e Verso Comentário Adventista > Rute
Rt.1:1 1. Nos dias em que julgavam os juizes. A história a ser contada situa-se no período abrangido pelo livro dos Juizes. Ao final do livro, encontra-se a informação de que Boaz e Rute se tornaram progenitores de Davi (Rt 4:13-22). Mateus 1:5 apresenta Raabe como a mãe de Boaz. Se Raabe de Jerico foi de fato sua mãe, os eventos do livro de Rute ocorreram no início do período dos juizes. Raabe pode ter se casado com um israelita, talvez um dos espias que havia salvado. Quando Rute foi para Belém, Boaz não era jovem, pois ele a elogia por não ter ido após “jovens" (Rt 3:10). Visto que a posse de Canaã provavelmente ocorreu em 1405 a.C., e os juizes passaram a julgar Israel aproximadamente a partir da morte de Josué, é possível que os eventos dessa narrativa ocorreram antes de 1300 a.C. No entanto, podem ter acontecido muito mais tarde; caso contrário, pode-se inferir que a genealogia de Boaz até Davi foi abreviada (ver com. de Mt 1:5; e de Ed 7:1, em que “pai” pode significar “avô” ou “ancestral”; ver também com. de lRs 15:10).Fome. Havia séculos que a Palestina sofria de secas periódicas (ver com. de Gn 12:10; 26:1; 45:5-11). Deus havia prometido “chuvas a seu tempo”; o não cumprimento dessa promessa indica infidelidade por parte de Israel (Lv 26:3, 4; cí. IRs 17:1; 18:18).Uma seca que atingisse o território de Judá não afetaria necessariamente o planalto de Moabe, a leste do Mar Morto. A terra de Moabe era abençoada com generoso suprimento de água, solo fértil e vegetação semi- tropieal. Seus habitantes falavam uma língua muito semelhante ao hebraico.Saiu a habitar. O mesmo aconteceu com Abraão (Gn. 12:10), Isaque (Gn 26:1) e Jacó (Gn 46:1-4) por razão semelhante.Moabe. Os moabitas eram descendentes de Ló, e, portanto, parentes dos israelitas. Para a origem dos moabitas, ver com. de Gênesis 19:36 e 37; sobre suas relações posteriores com os israelitas, ver com. de Números 22:2-4.
Rt.1:2 2. Elimeleque. Este nome, significando “Meu Deus é rei”, reflete a vida piedosa cios pais de Elimeleque. O nome pode até sugerir que, na época do nascimento de Elimeleque, alguns israelitas já cogitavam nomear um rei, como as nações ao redor. Se for esse o caso, os pais desse menino deixaram claro estar unidos aos que reconheciam o próprio Deus como único e legítimo rei de Israel.Noemi. Os pais da jovem que se tornou esposa de Elimeleque chamaram-na de “meu deleite”. Pais hebreus regozijavam-se, particularmente, com o nascimento de um filho,mas os pais dessa menina expressaram sincera alegria pelo nascimento de uma rilha.Malom. Existem diferentes opiniões em relação ao significado deste nome e também do de seu irmão. Um possível significado para Malom é “enfermo”. Alguns argumentam que sua morte prematura confirma o significado do nome.Quiliom. Possivelmente o nome signifique “definhamento”. E possível que nem esse menino nem seu irmão pareciam “fortes” ao nascer.Efrateus. Efrata era um nome antigo para Belém, a "casa do pão” (ver com. de Gn 35:19 e de Mt 1:5). Os que nasciam, portanto, naquela cidade eram chamados de “efrateus”. O acréscimo de “Judá” à palavra Belém ocorre para distinguir essa Belém daquela em Zebulom (Js 19:15, 16).
Rt.1:3 Sem comentário para este versículo
Rt.1:4 4. Casaram. Provavelmente Malom e Ouiliom se casaram após a morte do pai. Não foi apenas uma decisão de interesse próprio, pois as esposas seriam de grande ajuda para Noemi; além disso, seus filhos perpetuariam o nome do falecido pai.Orfa. Alguns creem que o nome Orfa significa "teimosa”. Outros sugerem que ele se origina de efrah, “corça” ou “fêmea do veado”. Essa interpretação requer a inversão de letras. A raiz cognata árabe significa “rica- mente ornamentada com cabelos ”.Rute. Quanto ao significado desse nome, ver p. 445. O nome não aparece em nenhum outro lugar no AT.
Rt.1:5 5. Desamparada. A palavra indica que Noemi ficou em estado de completa privação, sem provedores que lhe pudessem dar sustento, o que evidentemente lhe provocou grande sofrimento. Vale ressaltar que não há nenhuma indicação no livro que possa levar o leitor a concluir que o sofrimento de Noemi tenha sido castigo de Deus por causa de algum pecado. A idéia do sofrimento como punição era popular entre os judeus (ver Jo 9:2). Foi para corrigir essa concepçãoerrônea que Moisés escreveu o livro de Jó, provavelmente o primeiro livro do AT a ser escrito. O próprio Moisés sofreu desapontamentos durante 40 anos em Midiã antes de Deus considerá-lo apto para conduzir o povo de Israel no êxodo. De modo semelhante, os sofrimentos de Noemi a prepararam para conduzir Rute rumo à terra prometida, tanto no sentido figurado, quanto no literal. Deus pode permitir o sofrimento a fim de preparar nosso caráter para Seu serviço e para nos tornar cidadãos em Seu reino.
Rt.1:6 6. Então, se dispôs ela. Em outras palavras, ela se preparou para partir. Noemi se ergueu da calamidade que lhe sobreviera na terra de Moabe. Encontrou coragem para tomar esse passo quando soube que Deus havia, de fato, abençoado Seu povo, dando- lhe pão.
Rt.1:7 7. Saiu, pois, ela. A atitude do cristão deve ser a mesma de Noemi: sair do lugar inadequado e trilhar o caminho que conduz aonde Deus quer que ele vá. Como Noemi se dirigiu para a Canaã terrestre, o povo de Deus precisa pôr-se a caminho da Canaã celestial; e, ao empreender essa viagem, levar outros que, à semelhança de Rute, dirão: “Teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (v. 16).
Rt.1:8 8. Ide, voltai. Não devemos interpretar mal a atitude de Noemi. As três viúvas já estavam “indo [...] caminhando, de volta para a terra de Judá”’ (v. 7). E possível que ao chegarem à fronteira de Moabe, Noemi tenha se dado conta do sacrifício que Orfa e Rute estavam fazendo ao deixar sua terra natal e seus amigos. Foi o amor desinteressado de Noemi por suas noras que fez com que ela insistisse que voltassem para a casa de seus pais. O costume oriental impunha sobre as noras a obrigação de acompanhar a sogra, mas Noemi se recusou a reivindicar os préstimos que elas poderiam lhe oferecer. Ela não lhes forçaria a recomeçar a vida em uma terra estranha, mas as deixaria livrespara se casar nova mente e estabelecer seus próprios lares. Elas não precisariam dedicar suas vidas para cuidar da mãe de seus falecidos maridos, como era costume esperar de uma nora naqueles tempos. Noemi era uma sogra ideal; ela não exigiu de suas noras seus direitos legítimos, mas deixou-as totalmente livres para fazer suas próprias escolhas. Tal atitude faz com que Noemi se destaque como exemplo a ser imitado por todas as sogras.
Rt.1:9 9. Que sejais felizes. A ARC traduz “que acheis descanso”, como a KJV. O descanso, ou felicidade, a que Noemi se referiu não deveria ser encontrado no lar de suas mães, mas em seus próprios lares — “cada uma em casa de seu marido”. Quando os| judeus falavam de uma mulher encontrando descanso, estavam se referindo ao casamento (ver também Rt 3:1). As palavras de Noemi em seguida explicam melhor o que ela queria dizer. Ela não tinha condições de prover maridos para suas noras como estipulado pela lei do levirato (ver Gn 38:8-11; Dt 25:5-10; Mt 22:23-26). A palavra traduzida por "descanso” (ARC), énoah, derivada de um verbo que significa “instalar-se”, "sossegar” ou "permanecer”. Noah é a palavra em hebraico para Noé.
Rt.1:10 10. Não! Iremos contigo. Os costumes sociais da época teriam obrigado as duas jovens a permanecer com Noemi e fazer planos sob sua direção. Eica implícito também nos v. I I e 12 o costume que requeria que um homem se casasse com a esposa de seu irmão para que perpetuasse o nome dele e de sua família (ver Dt 25:5-10).
Rt.1:11 11. Por que íríeis comigo? Embora fosse o dever de Rute e Orfa acompanhar a sogra, Noemi deu a entender que a escolha seria delas e não sua. Subentende-se que ela renunciou ao direito legítimo de exigir delas submissão e bondosamente permitiu que decidissem. Sem dúvida, sua atitude representou grande saeriiício de sua parte, considerando que já era "velha demais para termarido” (v. 12); além disso, certamente, ela contaria com a assistência futura das jovens noras para lhe prover as necessidades quando estivesse em idade avançada.
Rt.1:12 12. Tornai. Pela terceira vez, Noemi insistiu que Orfa e Rute retornassem a Moabe (ver v. 8 e 11). Noemi estava sendo sincera quanto ao assunto. Este terceiro apelo foi suficiente para convencer Orfa (v. 14), porém, Rute se recusou a voltar, mesmo depois de Noemi apelar pela quarta vez (v. 15).Sou velha demais. A impressão que fica é que Noemi estava consciente de que sua saúde se debilitava e que as enfermidades da idade logo chegariam. Por isso, ela não se sentia em condições de estabelecer um novo lar e criar filhos. Suas palavras sugerem também que os infortúnios da vida significavam para ela um pesado fardo (ver v. 20). Não obstante, aceitava com resignação sua sorte e estava confiante e certa dc que Deus proveria suas necessidades (ver SI 37:25).
Rt.1:13 13. Esperá-los-íeis? (Orfa e Rute já estariam quase chegando à terceira idade quando os filhos de Noemi - se porventura se casasse imediatamente e tivesse filhos — atingissem a maturidade.Por vossa causa. Aqui residem o segredo da beleza de caráter de Noemi e a motivação por trás do apelo que fez a Rute: ela pensava primeiramente nos outros. Embora sentisse profundamente sua própria perda (v. 20), sua experiência não havia distorcido sua maneira de enxergar a vida. Sua percepção de valores ainda estava em equilíbrio. Sua vida refletia o caráter de Cristo, cuja vida foi consagrada em favor de Seus discípulos (ver fo 17:19). Buscar o bem-estar de outros é “o grande princípio que é a lei da vida para o universo” (DTN, 21). Não há poder maior do que a influência exercida por uma vida altruísta. “O cristão bondoso e cortês é o mais poderoso argumento que se pode apresentar em favor do cristianismo” (OE, 122).A mim me amarga. Apesar da própria tristeza que sentia no coração (ver v. 20), os pensamentos de Noemi se voltaram para o sofrimento das noras, que, afinal, se encontravam na mesma situação que ela. Noemi se preocupou com o fato de ser muito idosa para constituir nova família (v. 12). Suas noras, porém, eram jovens e tinham toda vida pela frente (ver Rt 1:18). Rute é especi- íicamente chamada de naarah, uma 'moça”, não apenas por Boaz (Rt 2:5, 6), mas também pelos moradores de Belém (Rt 4:12). Aparentemente, Rute mal havia entrado na idade adulta. Noemi ponderava: deveria ela permitir que a vida delas fosse arruinada simplesmente para amenizar seu próprio sofrimento e suprir suas necessidades?
Rt.1:14 14. De novo, choraram. Ver v. 9. Elas choraram em parte por compartilharem a mesma tristeza proveniente de sua condição de viuvez e, em parte, pela tensão emocional causada pela decisão que tinha de ser tomada.Rute se apegou. O verbo expressa a ideia de se ligar a alguém por laços de fidelidade. Rute não conseguia suportar a ideia de se separar de alguém cuja beleza de caráter havia inspirado sua alma com nobres ideais e lhe dado uma razão pela qual acreditava valer a pena viver - mesmo se nunca mais tivesse seu próprio lar. Feliz é a sogra que conquista suas noras, em vez de afastá- las. Toda sogra pode se beneficiar ao estudar o caráter de Noemi e refletir sobre ele. Ela é a personagem que mais se destaca nesta narrativa.
Rt.1:15 15. Tua cunhada voltou. Embora fosse apegada a Noemi como Rute, Orfa sentia uma ligação muito mais íntima com a terra de Moabe. O retorno de Orfa tornou a decisão de Rute mais difícil, pois agora se encontrava só.Aos seus deuses. O deus dos moabitas era Quemos (ver com. de Nm 21:29). E possível que Orfa tenha adotado temporariamentea religião de seu marido Quiliom. Se isso aconteceu, o fato é que agora ela retornava à idolatria.
Rt.1:16 16. Não me instes. Estas palavras introduzem a resposta definitiva de Rute à sugestão de Noemi para que seguisse o exemplo de Orfa e retornasse ao seu povo. A resposta de Rute se destacou como a nota tônica de todo o livro. Não é simplesmente o amor de Rute por sua sogra que a levou a se apegar a ela. Rute se deu conta de que era a fé de Noemi que a tornara uma mulher notável. Rute, com determinação, decidiu-se pelo Deus verdadeiro: “O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.” E difícil encontrar declaração mais sublime de amor e devoção.O teu Deus é o meu Deus. O único conhecimento do verdadeiro Deus que Rute possuía era o que ela havia testemunhado na vida de Noemi e dos demais membros de sua família. Esta é a maneira pela qual Deus sempre Se revela aos seres humanos: mediante a demonstração do poder de Seu amor operando na vida de pecadores arrependidos e transformados. O poder transformador do amor divino é o melhor argumento em favor da verdade. Sem ele, a religião não passa de “bronze que soa ou [...] címbalo que retine” (ICo 13:1).
Rt.1:17 17. Faça-me o Senhor o que bem Lhe aprouver. Neste momento, Rute usou o nome sagrado, Yahweh. Ela se colocou sob juramento e invocou o castigo do Deus dos israelitas se ela permitisse que outra coisa senão a morte a separasse de Noemi. No original hebraico, a palavra “morte” é antecedida pelo artigo “a", como ocorre na versão em português, para enfatizar que Rute estava se referindo à morte que sobrevêm a todos. Em outras palavras, seu voto implicava uma dedicação vitalícia à sua sogra.Rute usou a expressão comum de juramento empregada pelos hebreus e que é muito recorrente em todo o AT. Em 1 Samuel 3:17, Eli invocou o castigo divinosobre Samuel caso este escondesse dele qualquer informação que Deus lhe havia revelado quando o chamou pelo nome. Essa experiência marcou o início do ministério profético de Samuel. Se Samuel foi o escritor do livro de Rute, conforme o consenso geral entre diversos eruditos bíblicos, essa similaridade de linguagem passa a ter significado especial. A expressão ocorre também em 1 Samuel 25:22; ali, o próprio Davi a usa em seu juramento de que destruiria Nabal e todos os do sexo masculino. Davi empregou a expressão ao jurar que tornaria Amasa comandante do seu exército (2S:m 19:13). Usando uma paráfrase, o juramento de Rute foi o seguinte: '‘Juro pelo Deus verdadeiro que somente a morte me separará de você.’’ Rute suportou a maior das provas e demonstrou que, em seu coração, ela era mais judia do que moabita. Uma transformação havia ocorrido durante sua convivência com Noemi, e ela sabia que estaria mais feliz e se sentiria mais em casa na desconhecida terra de Israel do que se ficasse em Moabe, sua terra natal, e entre seus amigos de infância. O conhecimento do Deus verdadeiro une corações humanos mais do que os laços raciais e de parentesco.
Rt.1:18 18. De todo estava resolvida. Certamente uma nobre demonstração de caráter. Nem a insistência cie Noemi, nem o exemplo de Orfa puderam mudar a determinação de Rute de lançar sua sorte juntamente com Noemi e seu Deus.
Rt.1:19 19. Chegaram a Belém. Não se sabe em que região de Moabe Noemi e sua família viveram, nem se emigraram para Aloabe pelo norte ou pelo sul. De qualquer forma, o retorno a Belém significou um trajeto de 120 km, entremeado por uma descida decerca de 1.370 m da região montanhosa de Moabe até ao nível do Mar Morto, e uma subida de 1.145 m até a altitude de Belém. Não há como saber o ritmo da viagem que empreenderam nem o que puderam levar consigo. Vale lembrar, contudo, que naquela época as mulheres costumavam viajar a pé e transportar cargas muito mais pesadas do que as mulheres ocidentais de hoje conseguiríam carregar.Toda a cidade se comoveu. Embora Noemi possivelmente houvesse se ausentado por um período de dez anos, ela ainda tinha muitos amigos e parentes em Belém. Afinal, era sua terra natal. Nos tempos híblicos, qualquer povoado rodeado de muros era chamado de “cidade”, por menor que fosse (ver com. de Js 6:1-3). Josué enumera 124 “cidades” desse porte (Js 15:21-62). Tudo indica que Belém tinha muros em seu entorno, já que Rute 4:1 faz menção de uma "porta” onde se localizava o comércio oficial da cidade.Não é esta Noemi? A pergunta feita pelos habitantes de Belém não implica necessariamente que eles tiveram alguma dificuldade em reconhecê-la, muito embora as experiências pelas quais Noemi havia passado pudessem ter deixado marcas consideráveis em sua aparência. Ao responder, Noemi fala de sua amargura (v. 20) e de sua aflição (v. 21), especialmente por ter partido “cheia” e voltado “vazia” (ARC). A preocupação maior de Noemi não era a falta de posses materiais, mas o fato de ter retornado só. Portanto, quando seus conterrâneos indagaram “Não é esta Noemi?”, o que queriam de fato dizer era: “Esta é a Noemi, voltando sozinha e viúva?” Parecia inacreditável que tanto o esposo quanto os dois filhos tivessem morrido.Capítulo 2I Rute rebusca no campo de Boaz. 4 Boaz a conhece 8 e lhe é muito favorável. 18 O que Rute recolhe, entrega a sua sogra.El Respondeu Boaz e lhe d isse: Bem me contaram tudo quanto fizeste a tua sogra, depois da morte de teu marido, e como deixaste a teu pai, e a lua mãe, e a terra onde nasceste e vieste para um povo que dantes não eonhecias.
Rt.1:20 Sem comentário para este versículo
Rt.1:21 Sem comentário para este versículo
Rt.1:22 Sem comentário para este versículo
Rt.2:1 1. Boaz. O nome possivelmente signifique “ligeireza e pode ter se originado de ho e ‘az, significando “nele [há] força”. Este era o nome de uma das colunas do templo de Salomão (lRs 7:21). Tudo indica que Boaz era um homem abastado e de grande influência na cidade de Belém. Talvez tenha sido filho de Raabe, de Jerico (ver com. de Mt 1:5).
Rt.2:2 2. Deíxa-me ir. Rute havia ficado sabendo do costume de prover as necessidades dos pobres, permitindo que eles rebuscassem os campos dos ricos (ver Lv 19:9, 10; Dt 24:19-22). Como Rute e Noemi haviam chegado “no princípio da sega da cevada” (Rt 1:22) e Rute rebuscado “até que a sega de cevada e de trigo se acabou” (Rt 2:23), fica evidente que Rute se pôs a trabalhar logo após chegar (ver com. do v. 6). O fato de Noemi não ir com a nora rebuscar indica que ela estava cansada da viagem ou acometida das enfermidades próprias da idade. O primeiro teste do caráter de Rute ocorreu quando decidiu deixar sua terra. Em seguida, deu provas da sinceridade de seus motivos ao tomar a iniciativa de trabalhar com diligência para prover as necessidades de Noemi.Apanharei. Ou seja, sair a recolher o cereal que os segadores deixavam cair. Deus havia estabelecido a lei de que os pobres, os órfãos, as viúvas e os estrangeiros, ou não israelitas, tinham o direito de rebuscar os campos (ver com. de Lv 19:9). Rute, portanto, gozava de um triplo direito: ela era não somente “pobre”, mas também estrangeira e viúva (Lv 23:22; Dt 24:19). Dessa forma, provisões eram feitas para suprir os menos favorecidos das necessidades básicas e para ensinar lições de abnegação e compaixão aos de condições privilegiadas. Além disso, os carentes tinham de trabalhar para obter o sustento, o que impedia que se tornassem meros recebedores passivos de doações de caridade. Tal estrutura social contribuía para preservar o respeito próprio da classe pobre e estimulava a iniciativa e o trabalho.Espigas. O significado literal do termo hebraico é “grão” ou “cereal” e não se refere ao “milho”, como a palavra "espigas”, nas versões em português, pode nos fazer pensar. Era época da colheita de cevada (Rt 1:22; 2:23), que ocorria nos meses de abril e maio nas regiões montanhosas da Judeia.
Rt.2:3 3. Ao campo. O termo hebraico tem um sentido geral, referindo-se a toda a área de terra cultivada ao redor de Belém, quer seja a pertencente a Boaz ou aos demais habitantes do local. Em Rute 1:1, 2, 6 e 22, a palavra é traduzida por “terra” ou “campos” (ARC, ver com. de Dt 14:22).Por casualidade entrou. A tradução literal da expressão hebraica é “encontrou por acaso sua oportunidade”. A providência divina guiou Rute até o campo de Boaz, um dos parentes chegados de seu falecido esposo (Rt 2:1; 3:2, 12, 13). Com frequência, sem mesmo serem percebidas, as circunstâncias e experiências da vida que parecem acontecer “por acaso" são, na verdade, intervenções providenciais de um Deus que se interessa por todos de forma individual.
Rt.2:4 4. O Senhor seja convosco! Este era o cumprimento habitual de um judeu piedoso, respondido, por sua vez, por outro cumprimento costumeiro: “O Senhor te abençoe.” Ambos refletiam a devoção religiosa permeando as situações da vida diária.
Rt.2:5 5. De quem é esta moça? Boaz certamente conhecia as outras rebuscadoras, a quem chamou de “minhas servas” (v. 8). O contexto deixa a entender que o proprietário precisava permitir a rebusca (v. 7). E possível que os rebuscadores, de modo geral, só tinham acesso a determinado campo, quando convidados (y. 7). Assim, o proprietário podia reservar o direito de rebuscar àqueles que considerasse mais merecedores. Fica evidente que Boaz, embora um parente chegado, ainda não havia se encontrado com Rute.
Rt.2:6 6. Esta é a moça moabita. A maneira como o servo falou revela que a chegada deRute era de conhecimento geral. O fato de Boaz, apesar de ser um parente chegado (v. 20), ainda não ter se encontrado com Rute indica que ela começou a rebuscar logo após sua chegada a Belém (ver com. do v. 2)
Rt.2:7 7. Deixa-me rebuscar. Ver com. do v. 5.Menos um pouco que esteve na choça.O texto hebraico aqui não é claro. A versão AA traduziu a frase como “sem descansar nem sequer um pouco’’, seguindo o texto da LXX, da versão siríaca e da Vulgata. A ARC, à semelhança da KJV, diz que Rute esteve “em casa”, dando a entender que ela teria voltado a sua casa para descansar um pouco. Contudo, nas terras orientais, os agricultores moram em vilarejos ou pequenas cidades, e os campos que cultivam situam-se na zona rural cireunvizinha, com frequência a uma distância considerável. Ao sair a rebuscar, Rute deixou a cidade (v, 2-4), retornando à noite (v. 17 e 18), e não durante o dia. A ARA parece resolver o problema traduzindo o termo hebraico por “choça”, local onde Rute teria descansado um pouco, no próprio campo.
Rt.2:8 8. Filha minha. Levando em conta que Boaz era mais velho que Rute (Rt 3:10), é natural que ele pudesse se dirigir a ela corno “filha”.Aqui ficarás. Boaz reconhecia que seu parentesco com Rute colocava mais responsabilidade sobre ele. Ninguém mais concedería a ela condições tão favoráveis para rebuscar do que ele. As “servas”, ou rebusca- doras, de Boaz ficavam logo atrás dos secadores, apanhando o que por acaso estes deixassem cair. Naturalmente, quem rebuscava tão perto assim tinha as melhores oportunidades.
Rt.2:9 9. Que segarem. O sujeito do verbo aqui é “segadores” (v. 7). O pronome hebraico é masculino.Após elas. Ou seja, as “servas” (v. 8), cuja tarefa era atar os feixes. O pronome hebraico aqui é feminino.Que te não toquem. Além de se preocupar em oferecer a Rute um local privilegiado para rebuscar, Boaz tomou providências para garantir sua segurança pessoal. Tudo leva a crer que tal medida era necessária, especialmente por ser ela estrangeira e desprotegida. Além disso, ao lhe permitir que bebesse água potável quando desejasse, Boaz demonstrou que se preocupava com o bem- estar de Rute.
Rt.2:10 10. Inclinando-se. Rute expressa gratidão pela notória gentileza de Boaz. Ela fica pessoalmente surpresa com o espírito generoso de Boaz para com uma estrangeira. Ela não esperava favor algum.
Rt.2:11 11. Bem me contaram tudo. Embora losse a primeira vez que se encontrava com Rute, Boaz sabia tudo a seu respeito.
Rt.2:12 12. O Senhor retribua. Boaz invocou sobre Rute a bênção de Yahvveh.Sob cujas asas. Esta metáfora se referia aos pintinhos correndo até a mãe em busca de abrigo contra o perigo, a tempestade ou o frio. Era a metáfora preferida de Davi, descendente de Rute (ver SI 17:8; 36:7; 63:7), e foi usada também por Cristo (ver Mt 23:37). Boaz se expressou com muita humildade, religiosidade e convicção, e procurou fazer Rute compreender que o Deus dos israelitas, a quem ela aceitara como seu Senhor, era o único capaz de dar a recompensa que ela merecia.
Rt.2:13 13. Tu me favoreces muito. Ou, "ache eu graça em teus olhos” (ARC).
Rt.2:14 14. Vinho. Tradução do hebraico chomets, derivado de chameis, cujo significado é "ser picante ”, "ser azedo”. A ARC parece transmitir melhor o sentido origina! ao traduzir o termo por “vinagre”, que era um vinho ou molho ácido usado como tempero. Esse foi provavelmente o mesmo “vinagre” oferecido a Cristo na cruz (SI 69:21; Mt 27:34).E ainda lhe sobejou. Em meio a todos os favores inesperados que havia recebido, Rute não deixou de mostrar seu caráter abnegado. Ela não se esqueceu de sua sogra; pelocontrário, guardou para ela parte da pródiga reFeição que tivera (ver v. 18). Até hoje, é muito comum na cultura oriental um convidado levar para casa uma porção da comida que não conseguiu comer. Quando o amor de Cristo jorra abundantemente em nosso coração, percebemos que a fonte ainda permanece inesgotável. E nosso privilégio levar os ricos suprimentos desse amor a outros que possam estar com fome e sede do conhecimento da verdade como é em Cristo Jesus.
Rt.2:15 15. Levantando-se ela. A impressão deixada é que Rute recomeçou a rebuscar antes que os "servos” voltassem à colheita. Sendo este o caso, ela trabalhou mais do que eles numa tarefa que não era um trabalho fácil.Não a censureis. Rute podería encontrar algumas espigas esquecidas pelos ceifeiros e não atadas aos molhos. Caso ela as apanhasse, os servos não deveríam constrangê-la com palavras de censura que indicassem que a estavam vigiando. As instruções de Boaz a seus trabalhadores constituem evidência adicional de que ele estava de maneira proposital dando a Rute uma atenção diferenciada. Talvez já estivesse pensando no direito de Rute de lhe pedir que se casasse com ele, e, assim, preservar o patrimônio e o nome do Falecido esposo. A maneira como Noemi avaliou o comportamento de Boaz indica que ela interpretou dessa Forma a gentileza inusitada de Boaz para com Rute. Esse incidente deu a Noemi a oportunidade de explicar à nora o costume judeu do levirato, que prescrevia que o parente mais chegado de um marido falecido se casasse com a viúva (ver com. de Dt 25:5).
Rt.2:16 Sem comentário para este versículo
Rt.2:17 17. Áté à tarde. Rute trabalhou arduamente o dia todo (ver v. 7). Evidentemente, o trabalho de rebusca do período da tarde Foi bem mais Fácil do que o da manhã; nem por isso, contudo, ela parou mais cedo. Só ao entardecer é que ela interrompeu o trabalho para debulhar o que havia ajuntado.Um efa. Aproxi madamente 22 1 ou 14 kg.
Rt.2:18 Sem comentário para este versículo
Rt.2:19 19. Bendito seja aquele que te acolheu. Noemi, com razão, ficou impressionada com o resultado do dia de trabalho. A quantidade de cereal indicava que o proprietário do campo onde Rute rebuscou havia demonstrado notável gentileza; uma bondade que se tornou mais evidente quando Rute deu a Noemi as sobras da farta refeição que Boaz lhe havia bondosamente oferecido (v. 14). Diante do favor recebido por Rute, Noemi invoca a bênção de Deus sobre seu generoso benfeitor.Boaz. Ver com. do v. 1.
Rt.2:20 20. Um dentre os nossos resgatado- res. Noemi, sem dúvida, explica a Rute que Boaz não é simplesmente um parente, mas um parente chegado, que tem o direito de resgatar a propriedade de Elimeleque, provavelmente já vendida para saldar dívidas (ver com. de Lv 25:24). O primeiro pensamento que ocorreu a Noemi Foi a perspectiva de ter de volta a herança da famíl ia. Rute ainda não entendia as implicações do direito de “resgatar” (Rt 4:6) previstas nas leis sociais judaicas, mas se apressou em contar a Noemi como Boaz havia insistido para que ela permanecesse em seu campo todo o período da colheita. Noemi, entusiasmada, apoia o decidido convite de Boaz para que Rute continue a rebuscar em seu campo (ver Rt 2:22)A palavra traduzida como Tesgatadores" deriva-se da raizgcútl, que significa “redimir”, “resgatar” ou “reaver” por meio do acerto de obrigações pendentes. O particípio é goel, um “parente chegado”. Quando precedido pelo artigo definido, ele se torna haggdel, significando “o parente mais chegado”, como em Rute 4:1, NTLH.Havia muitas responsabilidades importantes que, segundo a lei e os costumes judaicos, recaíam sobre o parente chegado. Eram seus deveres: (1) Comprar de volta a propriedade que algum parente chegado tivesse vendido a um credor, ou a outra pessoa, a fim de satisfazer as exigências do credor (verLv 25:25; Rt 4:4, 6 e Jr 32:7). (2) “Resgatar” um parente que por necessidade tivesse se vendido como escravo (ver Lv 25:48, 49). (3) Vingar o sangue de um parente chegado morto por algum inimigo (ver Nm 35:19, onde goel é traduzido por “vingador”). (4) Casar-se com a viúva sem filhos de um parente chegado (ver Rt 3:13) e tornar-se um curador ou administrador da propriedade em benefício do descendente que nascería dessa união.Alguns escritores bíblicos adotaram a figura do parente chegado como "resgatador” ou “redentor” e a aplicaram a Deus como o Redentor do pecado e da morte. Jó, por exemplo, disse: “Eu sei que o meu Redentor [goel] vive” (jó 19:25) - Aquele que o resgataria da sepultura no dia da ressurreição. Isaías usa gaal e goel 18 vezes em referência a Deus como o Redentor de Israel, livrando-o de seus inimigos, e Redentor dos homens, livrando-os das garras do pecado (ver Is 43:1, 14; 44:22; 49:7; 54:5, 8; 63:16; etc.). É bom saber que podemos nos regozijar em Cristo, nosso parente chegado, que aceitou em nossofavor as responsabilidades decorrentes desse relacionamento. Foi Ele quem nos resgatou, ou redimiu, do poder do pecado e da morte (Is 44:22; Os 13:14). Se nos achegamos a Ele, Deus não Se recusa a cumprir as obrigações de parente chegado, como fez o de Rute (Rt 4:6). Ele de modo algum nos lança fora (jo 6:37). Ao irmos até Ele, encontramos “descanso” para as nossas almas (Rt 3:1, ARC; Mt 11:29).
Rt.2:21 Sem comentário para este versículo
Rt.2:22 22. Não te molestem. Enquanto permanecesse nos campos de Boaz, Rute teria a proteção de um forte amigo, confiável e, acima de tudo, generoso. Em outros campos, em meio a gente estranha, ela pocleria ser molestada.
Rt.2:23 23. Sega. Foi no tempo da ceifa que Rute recebeu sua recompensa, concedida por seu parente mais chegado, Boaz, seu “resgatador” ou redentor. Para nós, cristãos, "a ceifa é a consumação do século” (Mt 13:39), quando receberemos das mãos de nosso Redentor a recompensa final: morar com Ele no lar eterno.Capítulo 3te resgate; porém, se não lhe apraz resgatar-te, eu o farei, tão certo como vive o Senhor; deita-te aqui até à manhã.
Rt.3:1 1. Lar. Ou, ‘'descanso” (ARC). Ao usar a palavra “descanso”, Noemi estava se referindo ao casamento (ver com. de Rt 1:9). Noemi sentiu-se na obrigação de fazer o melhor que podia para providenciar um lar para a nora, que a havia acompanhado com lealdade. Por essa razão, ela explicou a Rute o costume judaico referente ao direito de solicitar que Boaz cumprisse suas obrigações como parente chegado. Se Boaz concordasse em se casar com ela, Rute não somente teria seu próprio lar, mas poderia também perpetuar o nome do falecido marido, hem como preservar sua herança.Há duas instituições que herdamos do Éden: (1) o sábado, um tempo de “descanso” em que, de modo especial, meditamos sobre as evidências do amor de Deus para conosco e estudamos como expressar com mais perfeição nosso amor para com Ele; e (2) o lar, um lugar de “descanso”, onde o amor mútuodeve se manifestar da forma mais genuína e completa.
Rt.3:2 2. Esta noite alimpará a cevada. NaPalestina, o alimpamento era feito, como ainda o é hoje, jogando o cereal ao alto com uma pá ou um garfo, ou de u m recipiente ou peneira, de modo que o grão, pelo próprio peso, caía ao chão, e a palha e os resíduos eram levados pelo vento. O alimpamento ocorria geralmente ao entardecer.Na eira. O processo de separação do grão da palha, nas colheitas da Palestina, era geralmente realizado numa eira a céu aberto (ver Jz 6:37). Via de regra, tratava-se de uma área espaçosa, plana, circular e de chão firme, com 12 a 15 m de diâmetro. Os molhos ou as espigas retiradas dos molhos eram espalhados na terra, e bois eram conduzidos ao redor da eira para pisar os grãos. As vezes, algo semelhante a um trenó, carregado de pedras, era puxado pelos boisenquanto circulavam no terreno. Depois do alimpamento, o grão era finalmente peneirado para se eliminar dele toda sujeira ou pedras. Em seguida, ele era armazenado, pronto para a moedura.
Rt.3:3 3. Melhores vestidos. Uma tradução mais adequada do que simplesmente “vestes’'' (ARC).Desce. Belém situa-se perto do cume da cadeia montanhosa da região central da Judeia, num declive estreito e um tanto acentuado que desce em direção ao leste. A maior parte dos “campos” de Belém provavelmente ficava abaixo da cidade, e Rute literalmente tinha que “descer” para chegar até eles (ver com. de Rt 4:1).
Rt.3:4 4. Notarás o lugar. Rute rebuscou até o entardecer e não voltou para casa antes de debulhar e limpar o que apanhara (ver Rt 2:17). Por volta desse mesmo horário, os trabalhadores de Boaz também debulhavam e alimpavam o cereal que haviam colhido durante o dia. Dessa forma, a cada noite, o suprimento de cevada pronto para a moedura ia se amontoando e crescendo. E provável que todos comessem juntos antes de voltar para casa. Alguém, porém, precisava ficar a noite toda para vigiar o empilhamento de grãos e impedir que fosse roubado. Noemi sabia que, no último dia da colheita, o próprio Boaz estaria por perto. Certamente, um farto e especial jantar seria oferecido a todos; e Boaz, muito provavelmente, passaria a noite numa tenda armada ao lado da imensa pilha de cevada que se formara durante o período da sega. Nessa noite, Rute não voltou para casa como de costume, mas esperou discretamente e deu tempo para que Boaz pegasse no sono em sua tenda. No escuro, ela não seria notada.E lhe descobrirás os pés. Ou, “levantarás as vestes que estão sobre seus pés”, segundo a LXX e a Vulgata. E provável que Boaz estivesse deitado em um monte de palha, vestido, mas descalço, e com um manto cobrindo o corpo.
Rt.3:5 Sem comentário para este versículo
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Rt.3:7 7. Estando já de coração um tanto alegre. Pode-se ler em um Targum: “Ele [Boaz] bendisse o nome de Yahweh.” A palavra traduzida aqui como “alegre” é frequentemente usada para expressar felicidade ou sentimento de bem-estar, e de forma alguma indica que Boaz estivesse embriagado. Com uma abundante colheita diante de si, após anos de fome, era mais do que natural sua atitude de gratidão pelas muitas provisões que Deus lhe concedera.
Rt.3:8 8. Assustando-se o homem. A LXX traduz o termo por “perturbado”. Não ficaria incomodado um homem correto como Boaz em tais circunstânciasr
Rt.3:9 9. Tua capa. Literalmente, “tua asa”, uma expressão de uso comum para se referir à peça esvoaçante de vestuário que fica solta sobre a parte superior do corpo. O Talmude judaico explica que a ação de Rute significava uma proposta de casamento (ver com. de Dt 22:30). Há quem diga que ainda existe um costume semelhante a esse em algumas partes do mundo. O pedido de Rute talvez tenha levado à memória de Boaz as palavras que ele lhe falara havia pouco: “O Senhor retribua o teu feito, e seja cumprida a tua recompensa do Senhor, Deus de Israel, sob cujas asas vieste buscar refúgio” (Rt 2:12). Rute, então, espera que Boaz cumpra pessoalmente a oração que ele mesmo fizera para que Deus a abençoasse. LIomem bondoso e devoto, Boaz promete atender ao pedido de Rute caso o parente mais chegado do que ele não aceite cumprir as obrigações do levirato.Tu és resgatador. Rute deixa claro em que seu pedido se fundamentava. Amparada por direitos legítimos, ela não havia laltaclo à honra ao procurar Boaz em sua tenda.
Rt.3:10 10. Bendita sejas tu. As primeiras palavras de Boaz refletem não somente o quanto ele estimava Rute, mas também sua disposição em atender ao pedido dela. Além disso, ele invoca a bênção de Deus e expressa seu desejo de que a proposta deRute seja cumprida de acordo com a vontade de Deus.Minha filha. Aqui Boaz se dirige a Rute da mesma forma como o fez da primeira vez em que se encontrou com ela (Rt 2:8), provavelmente em razão da grande diferença de idade entre eles.Melhor fizeste a tua última benevolência. Boaz gentilmente aceita a proposta de Rute, e a vê como um ato de bondade para consigo mesmo, se bem que o pedido de Rute representava, antes de tudo, um ato de bondade e misericórdia para com ela e seu falecido marido. As palavras de Boaz certamente dissiparam qualquer constrangimento da parte de Rute, por ela ter tomado a iniciativa de fazer a proposta de casamento. Boaz não demonstra nenhuma hesitação em levar adiante o plano proposto.A primeira. Ou seja, a benevolência feita para com Noemi.Não foste após jovens. Obviamente, Boaz não era mais um jovem. Antes de tomar conhecimento de quem era Rute, no princípio da colheita, Boaz indagou sobre ela, chamando-a de náarah, uma “moça” (Rt 2:5, 6). Posteriormente, os habitantes de Belém usaram o mesmo termo para se referir a ela por ocasião de seu casamento com Boaz (Rt 4:12). O fato de uma mulher jovem como Rute ter-se interessado por ele, possivelmente no limiar da terceira idade, o impressionou imensamente.
Rt.3:11 11. Não tenhas receio. Boaz não estava em condições de dar a Rute uma resposta imediata e definitiva, e mais do que depressa passa a explicar a razão (v. 12, 13). Em outras palavras, algum tempo de espera era inevitável. Boaz não podia aceitar a proposta no momento, mas assegurou Rute de que sua precaução não significava que estivesse fugindo ao dever. Ele a tranquiliza, dizendo: “Não temas” (ARC). Com toda sinceridade, ela já havia deixado claro quais eram suas intenções sobre o assunto. Contudo, paraevitar fofocas e possíveis críticas, Boaz achou por bem esperar até que o “resgatador [...] mais chegado do que eu” tivesse a oportunidade de cumprir com a obrigação do levirato que, pela lógica, lhe cabia. Se Boaz tomasse outro curso de ação, esse parente mais chegado provavelmente se sentiría gravemente injustiçado e até poderia tomar medidas legais contra Boaz. O único procedimento seguro e adequado em tal situação seria seguir o que a lei e os costumes ditavam.Eu te farei. Apesar de precisar adiar o assunto, Boaz fez a Rute uma promessa incondicional, que só seria quebrada caso o outro parente chegado escolhesse exercer suas prerrogativas em relação a Rute.Toda a cidade. Embora fosse uma viúva e estrangeira residindo em Belém havia algumas semanas, Rute já era conhecida e respeitada por todos. Tem-se a impressão de que Elimeleque havia sido um morador influente e honrado de Belém, e que todos da cidade se interessavam de forma espontânea pelos problemas de sua família e pelo rumo que esta tomaria. Além disso, a chegada de uma estrangeira despertaria a curiosidade de todos, e era natural que Rute se tornasse alvo de cuidadosa observação naquelas primeiras semanas. Rute havia passado no teste do escrutínio público e era reconhecida como "mulher virtuosa”. Ao mencionar esse fato, Boaz deixa mais evidente ainda a alta consideração que tinha por ela.
Rt.3:12 12. Mais chegado do que eu. O nível de proximidade de parentesco parecia ser o fator determinante. Não seria qualquer parente que poderia exigir o direito de receber de Rute suas afeições e propriedade. Quanto mais chegado o parente, presume- se que maior seria seu interesse em proteger os direitos e privilégios da viúva e de seu falecido marido. Por outro lado, esse parente precisava ter um espírito mais abnegado e menos preocupado com seus interesses pessoais.
Rt.3:13 13. Fica-te aqui esta noite. Boaz estabelece um limite de tempo para o prazo solicitado antes de cumprir o pedido de Rute. Os procedimentos não durariam mais do que algumas horas, no máximo (ver com. do v. 11).Se ele te quiser resgatar. Ver com. do v. 12.Deita-te aqui até à manhã. O queBoaz quis dizer para ela foi o seguinte: “Você deixou claro o objetivo do seu pedido, e estou completamente de acordo; não corra, porém, o risco de voltar à casa de sua sogra agora em plena madrugada.”
Rt.3:14 14. Antes que pudessem conhecer.Bem de manhã, ainda um pouco escuro, antes que chegassem os segadores e rebuscadores; e os poucos que já estivessem por ali não conseguiríam reconhecê-la de qualquer forma.Não se saiba. Não apenas para resguardar a honra de ambos, mas também pára garantir que seu plano de fazer um acordo com o parente mais chegado desse certo; pois, se este ficasse sabendo sobre o que havia acontecido na noite anterior, ele bem que poderia se recusar a ceder seus direitos.Mulher. Literalmente, “a mulher”. Provavelmente influenciado pelo uso do artigo definido, e considerando a improbabilidade de que Boaz estivesse dormindo sozinho naquela noite, próximo à eira, o Talmude interpreta que a ordem deve ter sido dirigida a alguns dos segadores que permaneceram com ele no campo. Seria uma situação embaraçosa para todos os envolvidos se o relacionamento de Boaz com Rute se tornasse alvo de suspeita.
Rt.3:15 15. O manto. A palavra hebraica não se refere a algum “roupão” (ARC) que pudesse cobrir o corpo todo, mas a um vestuário dos membros superiores, feito de um tecido grande e quadrado que se jogava sobre o ombro esquerdo, fazendo-o cobrir o braço direito ou sendo colocado debaixo dele (ver com. de Dt 22:17).Seis medidas. O correspondente a 44 kg. Rute amarrou bem o manto, ou “roupão”,com o cereal, carregando-o sobre a cabeça, ou talvez sobre o ombro. Possivelmente, a carga máxima que ela poderia transportar sem exaurir as forças pelo íngreme caminho até a cidade (ver com. do v. 3)
Rt.3:16 16. Como se te passaram as coisas? No hebraico, a pergunta é literalmente “quem és tu?” (KJV). No entanto, o contexto revela que Noemi sabia que se tratava de Rute, pois a chama, inclusive, de “filha minha”. Muitos tradutores compreenderam a pergunta de Noemi como expressão idiomática, feita com a intenção de averiguar o sucesso da missão de Rute. A maneira como ela responde à pergunta, contando à sogra tudo o que havia acontecido, endossa essa interpretação.
Rt.3:17 17. Sem nada. Boaz sabia muito bem que fora Noemi quem havia incentivado Rute a visitá-lo, e o presente de seis medidas de cevada que Rute levou à casa da sogra foi uma forma discreta de Boaz expressar sua gratidão a Noemi. Além disso, ao enviar o presente, Boaz estava mostrando que valorizava o interesse de Noemi em buscar uma solução para a difícil situação tanto de Rute quanto dela própria, deixando subentendido que seu interesse pessoal em Rute não o levaria a se esquecer de sua sogra.
Rt.3:18 18. Espera. Ou, “sossega" (ARC). Rute havia feito sua parte. Cabia a Boaz, o parente chegado, tomaras devidas providências legais para a realização do casamento. A lei, ao que tudo indica, preocupava-se mais com os interesses do parente chegado do que com os desejos pessoais da mulher. Tudo o que Boaz precisava fazer era obter o aval do júri de anciãos que conseguisse reunir à porta da cidade em relação a seus direitos de parente chegado.Em que darão as coisas. Ou, “como irá o caso” (ARC). Nunca é fácil esperar com paciência a solução de algum assunto importante, especialmente quando nada se pode fazer no sentido de influenciar a decisão final, a não ser orar. Isso, pode-se imaginar, foi o que Rute fez (ver Rt 1:16).Capítulo 4I Boaz convoca o outro parente chegado para que decida diante de um tribunal de anciãos. 6 O resgatador se recusa afazer o resgate conforme permitia o costume em Israel. 9 Boaz compra a herança. 11 Ele se casa com Rute. 13 Ela dá à luz Ohede, o avô de Davi. 18 As gerações de Perez.o nome deste sobre a sua herança, para que este nome não seia exterminado dentre seus irmãos e da porta da sua cidade; disto sois, hoje, testemunhas.I 5 Ele será restaurador da tua vida e consolador da tua velhice, pois tua nora, que te ama, o deu à luz, e ela te é melhor do que sete filhos.
Rt.4:1 1. À porta da cidade. Conforme visto anteriormente (ver com. cie Rt 3:3), Belém situa-se numa estreita cadeia de montanhas que se prolonga para o leste a partir da cadeia montanhosa central. Os montes têm quedas abruptas, formando-se estradas com acentuado declive que chegam até vales profundos a norte, leste e sul. Atualmente, essas estradas estão repletas de fileiras de oliveiras entremeadas de figueiras e vinhas. Para chegar até o portão da cidade, Boaz precisava partir do campo onde havia passado a noite e subir as íngremes ladeiras dos montes. O portão da cidade, possivelmente a única abertura nos muros, era o local onde se realizavam sessões de tribunal e transações comerciais (ver Dt 21:19-21; cf. SI 127:5; Zc 8:16). Jerônimo observa que "os juizes se assentavam à porta das cidades de maneira que os camponeses, ao virem vender produtos, não fossem forçados a entrar na cidade, correndo o risco de levar prejuízo em seus negócios. Assentando-se ali, os juizes podiam servir de árbitro entre moradores da cidade e camponeses, ao estes entrarem ou saírem da cidade. Dessa forma, as transações se efetuavam de modo tranquilo, podendo cada um voltar sem embaraços para casa'’.Assentou-se ali. O fato de Boaz se assentar à porta dá evidências de que ele estava em busca de uma decisão judicial. Boaz pôs-se a reunir um júri de anciãos da cidade, conforme a lei de Moisés (Dt 16:18).
Rt.4:2 2. Boaz tomou dez homens. Podemos imaginar que esse era o número exigido para se compor um júri cie cidadãos em condições de decidir casos civis. Parece que o próprio Boaz escolheu o grupo; no entanto, ele primeiramente havia convocado o parente chegado (v. I), e supõe-se que este tenha sido consultado em relação às pessoas escolhidas. O procedimento que se seguiu foi altamente democrático. O caso foi apresentado com transparência, e chegou-se rapidamente a uma decisão com base na lei mosaica; umadecisão confirmada e testemunhada por um grupo representativo de reconhecidos líderes em Belém. Assim eram acertadas questões legais, sem a necessidade de advogados e prolongadas discussões jurídicas.Anciãos. Os anciãos de uma cidade provavelmente eram os líderes dos principais grupos familiares. Cabia-lhes a responsabilidade de cuidar dos interesses civis e religiosos do povo. Os "anciãos” não eram necessariamente idosos, mas homens de maturidade e experiência.
Rt.4:3 3. Nosso irmão. Não necessariamente irmão de sangue. A relação expressa pela palavra hebraica é bem mais flexível do que significa a tradução em português. Mesmo amigos se chamam às vezes de irmãos. A afirmação feita por Boaz de que a terra pertencia a Elimeleque indica que os dois filhos, Malom e Ouiliom, não haviam ainda recebido herança. Por essa razão era Noemi, e não Rute, quem vendia a terra. No entanto, um filho que viesse a nascer de Rute teria o direito legal de herdar a terra de Elimeleque. Noemi, portanto, prontamente transferiría o título da propriedade de seu falecido marido ao parente chegado que se casasse com Rute. Esse parente manteria a propriedade sob custódia até que um futuro filho de Rute se tornasse legalmente qualificado para herdá-la.A venda - ou o arrendamento, como se diz hoje - da terra a um parente chegado que se casaria com Rute e manteria a propriedade sob custódia estava contemplada em duas disposições do código civil mosaico: (1) as leis sobre transferência de terras (Lv 25:23-28) e (2) o casamento de uma viúva com um parente chegado, ambas aplicáveis à situação de Noemi e Rute. No caso delas, porém, a segunda disposição colocava restrições sobre a primeira.Para venda. Esta venda não era uma transferência de propriedade permanente, mas temporária. Embora não estivessem em condições de cultivar a terra, Noemi eRute poderíam, dessa forma, receber alguma renda proveniente da mesma. Os proprietários originais teriam o direito de comprá-la de volta a qualquer momento, pagando o preço proporcional de acordo com o tempo restante até o jubileu. De qualquer forma, mesmo que não quisessem readquiri-la, a terra voltaria automaticamente para eles no ano do jubileu (ver com. de Lv 25:23-25).
Rt.4:4 4. Informar-te disso. Literalmente, “descobrir teu ouvido”. A ARC mantém a figura empregada no original, ao traduzir a expressão como “manifestá-lo-ei em teus ouvidos'.Se queres. Caso o parente mais chegado decidisse adquirir a propriedade, cabia-lhe esse privilégio, e Boaz não teria mais nada o que fazer.E eu, depois de ti. Depois de apresentar os fatos e reconhecer os direitos do parente mais chegado, Boaz revela claramente seu interesse pessoal no assunto, e suas palavras deixam transparecer uma esperança de que o parente mais chegado não decida pela compra.Eu a resgatarei. Percebendo que a compra seria uma boa oportunidade para aumentar suas rendas, o parente mais chegado decide, sem qualquer hesitação, adquirir a propriedade.
Rt.4:5 5. Disse, porém, Boaz, Até o momento, nada havia sido dito sobre a parte de Rute na transação. Tudo indica que Boaz achou melhor dar prioridade à questão da aquisição da propriedade, com a expectativa de garantir um resultado final mais satisfatório. Assim que o parente mais chegado expressou a intenção de comprar a terra, Boaz revelou o fato de que Noemi havia colocado restrições na venda da terra, requerendo que o comprador se casasse eom Rute.A ordem em que Boaz apresentou os dois aspectos do caso revela que ele estava mais interessado em Rute do que na propriedade, remos aqui uma abordagem tipicamenteoriental de lidar com transações delicadas. Agindo de acordo com a psicologia oriental, Boaz colocou em segundo plano a parte que mais lhe interessava, procurando estabelecer um acordo satisfatório, sem fazer com que seu interesse próprio na negociação se tornasse o fator determinante. Em contraste, o interesse do parente mais chegado estava voltado exclusiva mente para a terra como fonte de lucro.Quanto a Boaz, duas razões podem tê-lo levado a querer comprar a terra e casar-se com Rute. E possível que fosse viúvo e tivesse uvm ou mais filhos adultos. Por outro lado, a história apresenta evidências de que Boaz sinceramente respeitava e amava Rute. Ele não se importou com o fato de que o filho que teria com Rute seria considerado descendente do falecido marido, e que a propriedade que estava adquirindo de Noemi seria herdada pelo filho de Rute e não pelos filhos que ele possivelmente tinha de um casamento anterior. Além disso, Boaz certamente não era preconceituoso. Sua própria mãe pode ter sido Raabe de jerico (ver com. de Rt 1:1).
Rt.4:6 Sem comentário para este versículo
Rt.4:7 7. Outrora. Ver com. do v. 8.Confirmar qualquer negócio. Literalmente, "confirmar qualquer transação’’. O procedimento descrito neste verso não está em desacordo com a lei prescrita em Deuteronômio 25:7-9, que se refere a uma mulher que não encontra nenhum parente chegado do falecido marido disposto a cumprir suas obrigações de parente. Consequentemente, ela toma a iniciativa contra o parente que recusa sua proposta. O parente, por sua vez, confirma a recusa permitindo que a mulher lhe tire o calçado e aparentemente cuspa em seu rosto. Contudo, há comentaristas judaicos que afirmam que a mulher cuspia, de fato, no chão, diante da face do parente. A construção da frase em hebraico permite essa interpretação.No caso de Boaz, porém, a situação era diferente. Rute havia lhe pedido em casamento, e ele prontamente aceitara. O pedido dirigido ao parente mais chegado não partia da mulher cujo marido havia falecido. Boaz estava evidentemente concedendo ao outro parente chegado a oportunidade de se casar com Rute, se assim desejasse, já que a lei lhe dava essa prerrogativa.Assim se confirmava. Ou, “isto era por testemunho” (ARC), indicando que se tratava de uma evidência legalmente aceita.
Rt.4:8 8. E tirou o calçado. O contexto revela com clareza que foi o parente mais chegado que tirou o próprio calçado e o deu a Boaz, confirmando, assim, a transferência a Boaz do seu direito de resgate. O autor de Rute não está necessariamente explicando uma cerimônia desconhecida de seus leitores, como pensam alguns comentaristas. Ele simplesmente chama a atenção para o fato de que, nesse caso, a parte humilhante da cerimônia, ou seja, o cuspir no rosto ou no chão, foi omitida.
Rt.4:9 9. Sois, hoje, testemunhas. Boaz convida o júri de anciãos da cidade e todos os presentes para serem testemunhas do atode transferência simbolizado pela cerimônia do calçado. Da mesma forma que o parente mais chegado tinha o direito de prioridade para se casar com Rute e administrar sua propriedade, era seu direito também declinar dessa obrigação (Dt 25:7-9).
Rt.4:10 10. Tomo por mulher. A questão legal em jogo era a aquisição da propriedade de Noemi; nesse caso em particular, porém, havia outro aspecto que ia além da mera compra de uma terra (ver com. dos v. 5 e 6). Além disso, Boaz estava mais interessado em Rute do que na propriedade (ver com. do v. 5), um fato que ele, nesse momento, deixou claro ao mencionar diante de todos que também estava “adquirindo o direito de ter [Rute] como mulher” (NVI). L interessante observar que Boaz usa o mesmo verbo heb. qanah para dizer ao povo que “compra” a terra de Noemi e “toma” a Rute por mulher. Boaz precisava adquirir a terra se quisesse ter o direito de se casar com Rute. O parente mais chegado se mostrou indisposto a tomar Rute como esposa para poder ter o direito de possuir a terra; Boaz, ao contrário, mostrou-se disposto a comprar a terra, já que essa era a condição para ter Rute como esposa.Suscitar. Ou seja, para perpetuar a linhagem familiar do falecido marido (ver Dt 25:6).Sobre a sua herança. A porção de terra que cada família havia recebido em Israel era considerada um direito sagrado e inalienável do proprietário original e de seus descendentes. Nunca poder ia ser vendida perpetuamente. Deixar uma terra fora do domínio do dono original ou de seus descendentes era como deixar essa terra “órfã”; e isso era tão grave como um homem morrer sem deixar um herdeiro. A preservação do nome e da herança da família se tornou um fator vital na manutenção da estrutura social da nação (ver Nm 36:1-9; e com. de \ii 1:1).
Rt.4:11 11. Somos testemunhas. O povo reunido à porta da cidade não criticou o parentemais chegado. Não tinham palavras de censura a lhe dizer; mas para Boaz, não faltaram palavras de congratulações e bênçãos.Como a Raquel e como a Lia. Ver Gn
Rt.4:12 12. A casa de Perez. Ver Gn 38:12- í 29. Esta declaração prepara o caminho paraa genealogia apresentada nos v. 18-22, indicando, portanto, que essa parte final do livro não parece ter sido um adendo editorial posterior, mas parte integral da história em sua forma original.
Rt.4:13 13. O Senhor lhe concedeu. O povo hebreu reconhecia o fato de que toda vida provém de Deus e de que Ele é o doador de “toda boa dádiva e todo dom perfeito” (Tg 1:17; cf. Jo 3:27). É Deus quem concede “chuvas e tempos frutíferos” (At 14:17, ARC; ver também Dt 11:14) e força para adquirir riquezas (ver Dt 8:17, 18). E preciso reconhecer sempre que Deus é o manancial de toda bênção e que a Ele deve ascender todo canto de louvor e gratidão.
Rt.4:14 14. As mulheres. Possivelmente um grupo de amigas íntimas presentes à cerimônia da circuncisão, momento em que a criança recebeu o nome (ver Lc 1:58, 59).Resgatador. Ou seja, “remidor” (ARC), ‘'redentor” (ver com. de Rt 2:20).O nome deste. Ou seja, o nome do filho de Rute.
Rt.4:15 15. Restaurador da tua vida. O fato de Rute dar à luz um filho assegurou a Noemi que sua linhagem familiar não se apagaria, como havia parecido ser o caso quando o esposo e os dois filhos morreram.
Rt.4:16 Sem comentário para este versículo
Rt.4:17 17. Obede. O significado do nome do filho de Rute é “servo”, isto é, servo de Deus. Trata-se de uma forma abreviada deObadías, que significa “o servo [ou adorador] de Yahweh”.Pai de Davi. Com estas palavras, o autor chega ao clímax da história, justificando a razão por que a narrou. Elas ressaltam o cumprimento da bênção pronunciada sobre Rute pelos habitantes de Belém (ver v. 11, 12, 15). O nome do parente chegado que imaginou que seu casamento com a moabita convertida colocaria em risco sua herança caiu no esquecimento. O nome de Boaz, porém, ficou indelevelmente registrado na história de Israel, pois dele veio Davi, o ancestral e tipo de Cristo. Obede, por sua vez, foi um filho que Rute, graças ao amor que sua vida exalava, ofereceu a Noemi.Se a nação judaica tivesse apreciado devidamente a lição do livro de Rute — de que Deus não faz acepção de pessoas -, a atitude dos judeus em relação aos gentios teria sido completamente diferente da que demonstraram ao longo da história. Eles teriam ficado atentos para esperar um Messias cuja missão era salvar do pecado homens e mulheres de todos os povos, quer fossem judeus ou gentios. No entanto, a história mostrou que eles esperavam simplesmente um Messias judeu que livrasse a nação judaica do jugo romano. O livro de Rute encerra uma lição para nós também. Se tão somente decidirmos demonstrar amor e simpatia aos semelhantes, muitos farão a nós a mesma confissão de fé que Rute fez à sua sogra: “O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt 1:16); e, da nossa parte, poderemos dar-lhes a mesma garantia que Boaz deu a Rute: “O Senhor retribua o teu feito, e seja cumprida a tua recompensa do Senhor, Deus de Israel, sob cujas asas vieste buscar refúgio” (Rt 2:12).
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