"As coisas encobertas pertencem ao nosso Deus, mas as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que observemos todas as palavras desta lei." Deuteronômio 29:29 |
Capítulo e Verso | Comentário Adventista > Apocalipse | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.1:1 | 1. Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João, Revelação. Do gr. apokalupsis, “descerramento” (ver p. 791). “Revelação de Jesus Cristo” pode ser considerado o título que João deu ao livro. Este título nega categoricamente a ideia de que o Apocalipse é um livro selado, que não pode ser compreendido. Ele apresenta uma mensagem que Deus teve e tem o propósito de ajudar Seus servos na Terra a ouvir e guardar (v. Ap.1:3). Eles só podem fazer isso se a compreendem. De Jesus Cristo. Tanto no grego quanto no português, é possível entender que esta expressão significa uma revelação feita por Jesus ou sobre Ele. O contexto parece sugerir que a primeira interpretação é a principal neste caso, pois se trata de uma revelação “que Deus Lhe deu para mostrar aos Seus servos”. Ao mesmo tempo, o segundo sentido não deve ser ignorado, pois este livro é, antes de tudo, uma revelação sobre Jesus Cristo e Sua obra celestial após a ascensão. Nesse sentido, o Apocalipse é uma complementação aos evangelhos. Estes registram o ministério de Jesus na Terra, já o Apocalipse revela Sua obra em todo o plano da redenção (comparar com Ap.19:10; sobre os nomes Jesus e Cristo, ver com. de Mt.1:1). Deus Lhe deu. Desde o início do pecado, toda comunicação entre o Céu e a Terra ocorre por intermédio de Cristo (ver PP, 366). Servos. Do gr. douloi, “escravos” (ver com. de Rm.1:1). Os primeiros cristãos usavam bastante este título para se referir a si mesmos. Em breve devem acontecer. De uma maneira ou outra, a ideia de que os vários eventos preditos no Apocalipse aconteceriam num futuro próximo é declarada sete vezes: “as coisas que em breve devem acontecer” (Ap.1:1; Ap.22:6), “o tempo está próximo” (Ap.1:3) e “venho sem demora” (Ap.3:11; Ap.22:7; Ap.22:12; Ap.22:20; referências indiretas à mesma ideia ocorrem em Ap.6:11; Ap.12:12; Ap.17:10). A resposta pessoal de João a essas declarações do breve cumprimento do propósito divino era: “Vem, Senhor Jesus!” (Ap.22:20). A iminência do retorno de Jesus é tanto explícita quanto implícita ao longo do livro. A segunda vinda de Cristo é o grande clímax do longo conflito entre Deus e Satanás que se iniciou quando Lúcifer desafiou o caráter e o governo de Deus. As declarações no Apocalipse e em outros livros sobre a iminência do retorno de Cristo devem ser compreendidas dentro do contexto desse grande conflito. Deus poderia ter aniquilado Lúcifer justamente quando este, em impenitência obstinada, persistiu na rebelião. Mas a sabedoria divina adiou o extermínio do mal até que a natureza e os resultados do pecado se tornassem totalmente visíveis a todas as criaturas no universo (ver PP, 41-43). Em todos os diversos momentos críticos da história deste mundo, a justiça divina poderia proclamar “está consumado!”, e Cristo poderia vir para inaugurar Seu reino. Há muito tempo, Ele poderia ter colocado em execução os planos para a redenção deste mundo. No entanto, Deus ofereceu aos israelitas a oportunidade de preparar o caminho para Seu reino eterno na terra quando eles se estabeleceram na terra prometida, e renovou essa oportunidade quando voltaram do exílio em Babilônia. Da mesma forma, Ele concedeu à igreja apostólica o privilégio de concluir a comissão evangélica. Outra oportunidade, ainda foi renovada por ocasião do grande despertamento para a segunda vinda, no século 19. Em cada uma dessas ocasiões, o povo escolhido de Deus falhou ao não consumar o propósito divino e em não cumprir as condições requeridas. Apoiado em conselhos inspirados, o movimento adventista, depois de 1844, esperava que Cristo voltasse em breve. Quando, no fim do século, Jesus ainda não havia voltado, aqueles que esperavam o advento eram lembrados, repetidas vezes, que o Senhor já poderia ter voltado (ver T6, 450; T8, 115, 116; T9, 29; DTN, 633, 634; GC, 458). Quando questionada por que o tempo prosseguia mais do que seus primeiros testemunhos pareciam indicar, Ellen C. White respondia: “Que diremos então dos testemunhos de Cristo a Seus discípulos? Estavam eles enganados? [...] Os anjos de Deus, em suas mensagens aos homens, apresentam o tempo como muito breve. [...] Devemos lembrar que as promessas e ameaças de Deus são igualmente condicionais” (ME1, 67). Portanto, fica claro que, embora a segunda vinda de Cristo não se baseie em nenhuma condição, as repetidas declarações nas Escrituras de que se trata de algo iminente são condicionais. Elas dependem da reação da igreja ao desafio de terminar a obra do evangelho em sua geração. A Palavra de Deus, a qual declarou, séculos atrás, que o dia de Cristo “vem chegando” (Rm.13:12), não falhou. Jesus teria vindo bem depressa caso a igreja tivesse realizado a obra que lhe foi designada. Ela não tem razão para aguardar o Senhor sem ter cumprido sua parte nas condições (ver Ev, 694-697). Logo, as afirmações do anjo do Apocalipse a João, acerca da iminência do retorno de Cristo para findar o reino de pecado, devem ser compreendidas como uma expressão da vontade e do propósito divinos. Deus nunca quis adiar a consumação do plano da salvação, mas exprimiu Sua vontade de que o retorno do Senhor não tardasse muito. Essas declarações não devem ser compreendidas como a presciência divina de que haveria uma tardança tão grande, nem com base na perspectiva histórica do que aconteceu na trajetória do mundo desde então. Certamente, Deus sabia de antemão que a vinda de Cristo demoraria mais de 2 mil anos. Quando enviou a mensagem à igreja por intermédio dos apóstolos, Ele a exprimiu nos termos de Sua vontade e de Seu propósito com relação ao evento, a fim de que Seu povo tivesse a consciência de que, no que se refere à providência divina, nenhuma demora era necessária. Portanto, as sete afirmações do Apocalipse sobre a iminência do retorno de Cristo devem ser interpretadas como a vontade e o propósito de Deus, como promessas condicionais, não como declarações baseadas na presciência divina. Sem dúvida, deve-se buscar a harmonia entre as passagens que exortam à prontidão para o breve retorno de Cristo e aquelas profecias de tempo que revelam que o dia do Senhor ainda demora a chegar. Anjo. Do gr. aggelos, “mensageiro”. Muitas vezes, os anjos atuam como portadores das revelações divinas (ver Dn.8:16; Dn.9:21; Lc.1:19; Lc.1:26). Este anjo é identificado como Gabriel (ver com. de Lc.1:19). Notificou. Do gr. semaino, “indicar [ou atestar] por meio de um sinal”, “anunciar”, “revelar”, “tornar conhecido” ou “explicar”. João. Isto é, o apóstolo João (ver p. 791-796; cf. com. de Mc.3:17). O Apocalipse é o único livro de João no qual ele se identifica pelo nome (ver vol. 5, p. 983; cf. 2Jo.1; 3Jo.1). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.1:2 | 2. o qual atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu. Atestou. Do gr. martureo, “testificar” ou “testemunhar”. O verbo no passado indica que o autor se refere àquilo que estava prestes a escrever do ponto de vista de seus leitores, para os quais sua escrita estaria no passado. As epístolas de Paulo (ver com. de Gl.6:11; Fp.2:25) têm vários exemplos desse tipo de emprego do passado, bem como os escritos de autores gregos e romanos desse período. O uso dessa forma era considerado uma cortesia ao leitor. João se classifica como uma testemunha que testificava de tudo aquilo que Deus lhe revelara. Palavra. Do gr. logos, “palavra”, “declaração”, “mensagem” ou “oráculo” (ver com. de Jo.1:1). De Deus. Isto é, da parte de Deus ou falada por Deus. João faz referência à “Revelação de Jesus Cristo, que Deus Lhe deu” (v. Ap.1:1). A “palavra de Deus”, o “testemunho de Jesus” e “tudo o que viu” se referem à mesma coisa: a “Revelação” do v. Ap.1:1. Testemunho de Jesus. Esta expressão pode indicar que o Apocalipse é uma mensagem da parte de Jesus, ou sobre Ele (ver com. do v. Ap.1:1). O contexto favorece a primeira opção. É claro que o livro faz as duas coisas. Os v. 1 e 2 ilustram um paralelismo bíblico típico, no qual a primeira e a quarta frases, bem como a segunda e a terceira, são paralelas: “Revelação de Jesus Cristo”; “que Deus lhe deu”; “a palavra de Deus”; “o testemunho de Jesus Cristo”. Viu. Palavras que exprimem comunicação e percepção visual ocorrem 78 vezes no Apocalipse. Por sua vez, termos que expressam comunicação e percepção auditiva ocorrem 38 vezes. O Apocalipse é um testemunho factual, ocular e auditivo daquilo que João viu e ouviu enquanto estava em visão. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.1:3 | 3. Bem-aventurados aqueles que leem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo. Bem-aventurados. Do gr. makarios, “feliz” (ver com. de Mt.5:3). Alguns sugerem que pode haver aqui uma alusão a Lc.11:28. Aqueles que leem. Sem dúvida, trata-se de uma referência primária àquele designado pela igreja antiga para ler os rolos sagrados em público. João visualiza a leitura pública da epístola, que ele dirige às “sete igrejas que se encontram na Ásia” (v. Ap.1:4), na presença dos membros reunidos de cada congregação (cf. Cl.4:16; 1Ts.5:27). Essa prática cristã reflete o antigo costume judaico de fazer a “leitura da lei e dos profetas” na sinagoga a cada sábado (At.13:15; At.13:17; At.15:21; ver vol. 5, p. 45, 47). A ordem implícita de que o Apocalipse fosse lido nas igrejas da Ásia sugere que sua mensagem começava a se aplicar à igreja já nos dias de João (ver com. de Ap.1:11). Aqueles que ouvem. Isto é, os membros de cada igreja. A NVI traz a expressão anterior no singular, “aquele que lê”, denotando que, em cada igreja, havia apenas um leitor, e muitos que ouviriam a leitura. A bênção que acompanhava a leitura do Apocalipse nas “sete igrejas” da província romana da Ásia alcança todos os cristãos que leem o livro com o desejo de adquirir uma compreensão mais perfeita das verdades por ele comunicadas. As palavras. Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a variante “a palavra”. Isso se refere à mensagem do livro como um todo, não às “palavras” individuais que transmitem a mensagem. Da profecia. Evidências textuais (cf. p. xvi) favorecem esta variante. Alguns sugerem que João reivindica aqui completa igualdade entre o Apocalipse e os livros proféticos do AT, que eram lidos nas sinagogas a cada sábado. Embora o uso bíblico da palavra “profecia” se refira a qualquer mensagem da parte de Deus, a despeito de sua natureza (ver com. de Rm.12:6), o livro do Apocalipse pode ser apropriadamente chamado de “profecia” também no sentido mais específico de predição de acontecimentos futuros. Guardam. A forma verbal grega sugere a guarda habitual ou observância das admoestações do livro como norma devida (ver com. de Mt.7:21-24). Nela escritas. Literalmente, “tem sido escritas”, no sentido de “permanecem escritas”. Tempo. Do gr. kairos, “tempo”, no sentido de tempo específico, uma época propícia, separada de antemão para determinado evento (ver com. de Mc.1:15). O “tempo” que aqui é chamado de “próximo” corresponde ao cumprimento das “coisas nela escritas”, as “coisas que em breve devem acontecer” (Ap.1:1; ver com. ali). É a iminência desses eventos que proporciona a motivação para se guardar “as palavras da profecia”. Em vista disso, o Apocalipse tem importância particular para aqueles que creem que o “tempo” da vinda de Cristo está “próximo” (ver Nota Adicional a Romanos 13; Rm.13:14). Próximo. As profecias do Apocalipse têm importância específica para aqueles que vivem nos últimos momentos da história. “Daniel e Apocalipse devem merecer atenção como nunca antes na história de nossa obra” (TM, 112). “As solenes mensagens que foram dadas, [...] no Apocalipse, devem ocupar o primeiro lugar na mente do povo de Deus” (T8, 302). O livro de Daniel é aberto na revelação a João (TM, 115). Ao passo que Daniel faz um esboço amplo dos acontecimentos dos últimos dias, o Apocalipse traz detalhes vívidos acerca desses eventos, que aqui são chamados de “próximos”. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.1:4 | 4. João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono João. Ver com. do v. Ap.1:1. O autor não sente necessidade de se identificar de maneira detalhada para o público, o que é uma evidência de que era bem conhecido das igrejas “na Ásia”. Também testifica da autenticidade da carta, pois qualquer outro autor além daquele que os cristãos da Ásia reconheceriam como “João” precisaria justificar sua autoridade e posição. A simplicidade usada pelo autor ao se identificar combina com a estratégia de anonimato usada no evangelho (ver vol. 5, p. 983). Às sete igrejas. Deste versículo até o fim do cap. 3, o Apocalipse tem a estrutura de uma carta antiga, ou de uma série de cartas. Esta seção epistolar é uma introdução ao restante do livro, caracterizado por uma sucessão de visões dramáticas (sobre o uso do número “sete” no Apocalipse e sobre as sete igrejas, ver com. do v. Ap.1:11). Ásia. Isto é, a província romana da Ásia, região com cerca de 480 km de leste a oeste e 420 km de norte a sul, localizada na parte ocidental do que hoje se conhece como Ásia Menor, na república da Turquia (ver mapa, vol. 6, p. 19). No período grego, esta região se desenvolveu e formou o importante reino de Pérgamo, grande centro da cultura Edênica. Mais tarde, Pérgamo se transformou na província romana da Ásia (ver vol. 5, p. 23). No período do NT, a Ásia continuava a ser um importante centro da cultura greco- romana. Paulo passou vários meses nessa região (ver At.18:19-21; At.19:1; At.19:10), e o sucesso de seu trabalho é confirmado por três de suas cartas enviadas a cristãos que viviam ali (Efésios, Colossenses e Filemom). Sua primeira epístola a Timóteo, responsável pela igreja em Éfeso e talvez pelas igrejas de toda a província, revela a existência de uma comunidade cristã bem estabelecida. Paulo foi o apóstolo aos gentios, e é provável que os membros dessas igrejas da província romana da Ásia fossem gentios, em sua maioria. Depois que a igreja-mãe saiu de Jerusalém, pouco antes de 70 d.C., cresceu a importância da Ásia como centro cristão. Sem dúvida, isso se deveu à presença e liderança do apóstolo João. Segundo a tradição, ele morava em Éfeso e viajava pela região vizinha “para nomear bispos aqui, colocar igrejas inteiras em ordem acolá e alhures para ordenar aqueles que se destacavam pelo Espírito” (Clemente de Alexandria, Who Is the Rich Man that Shall Be Saved? xlii; ANF, vol. 2, p. 603). Essa citação parece refletir a ligação íntima entre o apóstolo e as igrejas da Ásia. Graça e paz. Ver com. de Rm.1:7; 2Co.1:2. Já foi sugerido que esta saudação surgiu da combinação entre o cumprimento grego comum chairein, “saudações” (Tg.1:1), e o cumprimento heb. shalom, em seu equivalente gr. eirene, “paz”. É provável que chairein esteja relacionado ao termo mais religioso usado aqui, charis, “graça”. As duas palavras, “graça” e “paz” ocorrem costumeiramente nas saudações das epístolas dos primeiros cristãos. Juntas, elas parecem constituir uma forma característica de cumprimento na igreja apostólica (ver Rm.1:7; 1Co.1:3; 2Co.1:2; Gl.1:3; Ef.1:2; Fp.1:2; Cl.1:2; 1Ts.1:1; 2Ts.1:2; 1Tm.1:2; 2Tm.1:2; Tt.1:4; Fm.1:3; 1Pe.1:2; 2Pe.1:22Jo.1:3). DAquele que é. Do gr. ho on, “o ser”, expressão que parece extraída da LXX de Ex.3:14, em que é usada para traduzir o nome divino “Eu sou”. Assim como no hebraico, subentende a existência autogerada eterna e atemporal de Deus. A expressão em grego é semelhante à tradução adotada pela versão ARA. A recusa de João em alterar as palavras que representam o Ser divino não evidencia ignorância da gramática; em vez disso, é provável que fosse uma forma sutil de enfatizar a total imutabilidade de Deus. Com base no contexto dos v. 4 e 5, fica claro que esta expressão se refere a Deus Pai. Que era. Deus existe desde toda a eternidade (SI.90:2). Que há de vir. Ou, “o que está vindo”. A série “que é”, “que era” e “que há de vir” indica que a última expressão é um substituto para o tempo futuro do verbo, sendo equivalente a dizer “que será”. Já se propôs também que ela se refere à segunda vinda de Cristo. Embora tal interpretação seja verbalmente possível, ela não está de acordo com o contexto, o qual mostra que não era isso que se passava na mente do autor. A referência ao Pai declara Sua eternidade e afirma que o mesmo que existe hoje é desde sempre e existirá para sempre. A existência pessoal de Deus transcende o tempo, mas a eternidade temporal só pode ser expressa, em palavras humanas, utilizando-se termos temporais e finitos como os de João nesta passagem. Sete Espíritos. Sobre o número “sete” no Apocalipse, ver com. do v. Ap.1:11. Em outras passagens do livro, os sete Espíritos são retratados como sete lâmpadas de fogo (Ap.4:5) e como os sete olhos do Cordeiro (Ap.5:6). A associação dos “sete Espíritos” com o Pai e com Cristo, como equivalentes doadores da graça e da paz, sugere que eles representam o Espírito Santo. É provável que “sete” seja uma expressão simbólica de Sua perfeição e também pode subentender a variedade de dons por meio dos quais ele trabalha nos seres humanos (ver 1Co.12:4-11; Ap.3:1). Diante do Seu trono. Isto é, diante do trono “dAquele que é, que era e que há de vir”. A posição sugere prontidão para ação imediata (ver com. de At.4:2-5). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.1:5 | 5. e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, Jesus Cristo. Ver com. do v. Ap.1:1. Os outros membros da Trindade já haviam sido mencionados no v. Ap.1:4. Fiel Testemunha. No grego, este título está em paralelo a “Jesus Cristo”, que se encontra no caso genitivo-ablativo. Este título deveria estar no mesmo caso; mas, assim como o título divino para o Pai (ver com. do v. Ap.1:4), ele permanece inalterado aqui no caso nominativo. Alguns dizem que João está, desta forma, afirmando a divindade de Cristo e Sua igualdade com o Pai (ver Nota Adicional a João 1; Jo.1:51). Cristo é a “Fiel testemunha”, por ser o representante perfeito do caráter, da mente e da vontade de Deus a toda a humanidade (ver com. de Jo.1:1; Jo.1:14). Sua vida livre de pecado entre os seres humanos e Sua morte em sacrifício testificam da santidade e do amor do Pai (ver Jo.14:10; ver com. de Jo.3:16). Primogênito. Do gr. prototokos (ver com. de Mt.1:25; Rm.8:29; Jo.1:14). Jesus não foi o primeiro a ressuscitar dos mortos em questão de tempo. Entretanto, Ele pode ser considerado o primeiro no sentido de que todos os outros a serem ressuscitados antes e depois dEle são libertos das garras da morte em virtude de Seu triunfo sobre a morte. Seu poder de entregar a própria vida e de reavê-la (Jo.10:18) O distingue de todos os outros seres humanos que saíram da sepultura, caracterizando-O como a fonte de toda vida (ver Rm.14:9; 1Co.15:12-23; ver com. de Jo.1:4; Jo.1:7-9). Este título, junto com o que se segue, reflete o pensamento do Sl.89:27. Soberano. Ou, “governante”. Este mundo é um domínio legítimo de Cristo. Ele triunfou sobre o pecado e readquiriu a herança perdida de Adão. Por isso, é o soberano da humanidade por direito (Cl.2:15; Cl.1:20; Ap.11:15). No fim, todos O reconhecerão como tal (ver Ap.5:13). Contudo, sendo por ora reconhecido ou não, Cristo governa sobre as questões da terra para o cumprimento de Seu propósito eterno (ver com. de Dn.4:17). O plano da redenção, que se transformou em fato histórico por meio de Sua vida, morte e ressurreição, tem se desdobrado passo a passo rumo ao grande dia do triunfo (ver Ap.19:15-16). Que nos ama. Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam esta variante. É verdade que o amor de Deus revelado em Jesus Cristo é hoje uma realidade, mas Ele “nos ama” hoje tanto quanto no momento em que deu o dom supremo de Seu filho. Pelo Seu sangue. Isto é, pela morte de Cristo na cruz. Foi um sacrifício vicário (ver com. de Is.53:4-6; cf. DTN, 25). Libertou. Ou, “lavou” (ARC). Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a variante “perdeu”. Existe uma semelhança entre as palavras do gr. louo, “lavar”, e luo, “perder”. “Perder-se” dos pecados significa ser liberto da pena e do poder do pecado (ver com. de Jo.3:16; Rm.6:16-18; Rm.6:21-22). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.1:6 | 6. e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém! Reino, sacerdotes. Evidências textuais (cf. p. xvi) atestam esta variante, que consiste numa provável alusão a Ex.19:6 (cf. Ap.5:10). Cristo fez de Sua igreja um reino e transformou seus membros em sacerdotes. Ser membro do reino equivale a ser sacerdote (comparar com “sacerdócio real”, em 1Pe.2:9). Aqueles que aceitam a salvação em Cristo formam um reino cujo rei é Cristo. A referência nesta passagem é ao reino da graça divina no coração dos seres humanos (ver com. de Mt.4:17). O sacerdote pode ser considerado aquele que apresenta sacrifícios a Deus (cf. Hb.5:1; Hb.8:5), e, nesse sentido, todo cristão tem o privilégio de oferecer “sacrifícios espirituais”: oração, intercessão, gratidão e glória a Deus (ver 1Pe.2:5; 1Pe.2:9). Uma vez que todo cristão é sacerdote, ele pode se aproximar de Deus para rogar em seu favor e em favor de outras pessoas, sem a mediação de outro ser humano. Cristo é nosso mediador (1Tm.2:5), o grande “sumo sacerdote” e, por meio dEle, temos o privilégio de nos achegar “confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb.4:15-16). Seu Deus e Pai. Isto é, Deus, a saber, Seu Pai. A Ele a glória. Ou seja, a Cristo (ver v. Ap.1:5). O artigo definido “a” subentende toda a glória (sobre [doxa], “glória”, ver com. de Rm.3:23). Domínio. Atribuir “domínio” a Cristo significa reconhecê-Lo como o governante do universo por direito. Após a ressurreição, Ele recebeu “toda a autoridade |...] no céu e na terra” (ver com. de Mt.28:18). Cristo merece louvor infinito da raça humana, em gratidão por Seu triunfo sobre o pecado e a morte (ver Cl.2:15). Satanás desafiou o direito de Cristo “[à] glória e [ao] domínio”, mas eles pertencem a Jesus por direito de propriedade. Com esta doxologia ou atribuição de louvor, João conclui sua saudação (Ap.1:4-6). Pelos séculos dos séculos. Do gr. eis aionas ton aionon, literalmente “pelas eras das eras”, ou seja, para sempre (sobre a palavra aion, ver com. de Mt.13:39). João não prevê limite temporal para o direito de Cristo “[à] glória e [ao] domínio”. Amém! Ver com. de Mt.5:18. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.1:7 | 7. Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém! Eis que vem. Após o fim da saudação no v. Ap.1:6, João anuncia o tema do Apocalipse. A segunda vinda de Cristo é o rumo ao qual tudo o mais avança. É significativo o fato de usar o tempo presente (“vem”) destacando a certeza do evento, possivelmente também com a sensação de sua iminência (ver com. do v. Ap.1:1). Com as nuvens. Ver com. de At.1:9-11. Traspassaram. Do gr. ekkenteo, a mesma palavra que João usa no evangelho (Jo.19:37; citando Zc.12:10). Ao que tudo indica, os tradutores da LXX se enganaram na leitura da palavra heb. dagaru, “traspassaram” (em Zc.12:10), confundindo-a com raqadu, “dançaram em triunfo”, e assim fizeram a tradução para o grego. Somente o quarto evangelho registra o episódio do traspasse do lado de Jesus (Jo.19:81-37). Essa semelhança entre os dois livros é uma evidência indireta de que o Apocalipse veio das mesmas mãos do autor do evangelho de João. Embora escreva em grego, ele ignora a LXX nas duas ocasiões e faz a tradução correta do hebraico. A declaração de Apocalipse 1:7 atesta que os responsáveis pela morte de Cristo ressurgirão dos mortos para testemunhar Sua vinda (ver com. de Dn.12:2). Durante Seu julgamento, Jesus advertiu os líderes judeus acerca desse evento temível (Mt.26:64). Lamentarão. Literalmente, “se cortarão” uma referência ao costume antigo de ferir ou golpear o próprio corpo em sinal de luto. No sentido figurado, como aqui, a palavra indica o lamento, não o ato físico de ferir o corpo. Neste caso, reflete o remorso dos ímpios (ver com. de Je.8:20). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.1:8 | 8. Eu sou o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é,que era e que há de vir, o Todo-Poderoso. Eu sou. Do gr. ego eimi (ver com. de Jo.6:20). Alfa e Ômega. A primeira e última letras do alfabeto grego, mais ou menos equivalente à expressão “de A a Z”. Indica totalidade, abrangência e tem o mesmo sentido de “o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim” (Ap.22:13). Neste caso, quem fala é “o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir”, identificado no v. Ap.1:4 como Deus Pai (ver com. ali). Todavia, nos v. Ap.1:11-18, a expressão “Alfa e Ômega” se refere claramente a Cristo, que também declarou ser “o Primeiro e o Último”. Em Ap.22, a expressão “Alfa e Ômega” se refere a Cristo, conforme evidencia o v. Ap.22:16. Pai e Filho compartilham esses atributos atemporais (ver Nota Adicional a João 1; Jo.1:51). O Princípio e o Fim (ARC). Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a omissão destas palavras, aqui e no v. Ap.1:11; mas elas são comprovadas em Ap.22:13. O Senhor Deus. Evidências textuais (cf. p. xvi) atestam esta variante. Que é. Ver com. do v. Ap.1:4. Todo-Poderoso. Do gr. pantokrator, “governante de todos”. Este título ocorre com frequência no livro (Ap.4:8; Ap.11:17; Ap.15:3; Ap.16:7; Ap.16:14; Ap.19:6; Ap.19:15; Ap.21:22). Na LXX, pantokrator traduz o heb. tseba’oth, “exércitos” (Os.12:5), muito usado junto a Yahweh para designar Deus no AT (ver vol. 1, p. 150, 151). Este título destaca a onipotência de Deus (comparar com 1Sm.1:11; Is.1:9; Je.2:19; Am.9:5). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.1:9 | 9. Eu, João, irmão vosso e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança, em Jesus, achei-me na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus. Eu, João. Ver p. 791-796. Companheiro na tribulação. Parece que João não era o único a sofrer perseguição na época. Reino. Isto é, o reino da graça divina (ver com. de Mt.4:17). “Através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus” (At.14:22). Perseverança. Literalmente, “permanecer debaixo”. A palavra aqui envolve o exercício de autocontrole para suportar uma situação difícil quando, por meio de um ato de fé, é possível obter alívio de pressão e perseguição. Em Jesus, os cristãos têm forças para “permanecer debaixo” das provas (ver com. de Rm.2:7; Ap.14:12). Em Jesus. Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a variante “em Jesus”. A perseverança resulta de uma conexão vital com Ele. Achei-me. O termo sugere que Patmos não era seu lar permanente, mas que as circunstâncias o levaram para lá. Patmos. Pequena ilha do mar Egeu, cerca de 90 km a sudoeste de Éfeso. Tem 15 km de extensão de norte a sul e 10 km de leste a oeste em seu ponto mais extenso. Patmos é rochosa e estéril. Sua costa bastante fragmentada contém muitos braços de mar. Ao escrever em 77 d.C., Plínio (História Natural, iv.12.23) relata que a ilha era uma colônia penal. Isso explica porque João fala em ser um “companheiro na tribulação”. O apóstolo estava em Patmos como prisioneiro dos romanos (ver p. 65-70). Cerca de dois séculos depois, Vitorino de Pettau (m. 303 d.C.) afirmou, acerca do Apocalipse: “Quando João disse estas coisas, estava na ilha de Patmos, condenado ao trabalho nas minas [do latim metallum] por César Domiciano” (Commentary on the Apocalypse, Ap.10:11; ANF, vol. 7, p. 353). A palavra latina metallum também pode se referir a uma pedreira. Patmos podia ter pedreiras, mas não dá evidência de que ali havia minas. Por isso, a referência deve ser ao primeiro significado. A declaração de Plínio, sobre Patmos ser uma colônia penal, foi feita por um instruído contemporâneo de João, ao passo que a de Vitorino, embora provável, deve ser classificada como tradição. Por causa da palavra. O texto grego não indica que João estivesse em Patmos a fim de receber e registrar as visões que lhe foram concedidas ali (ver com. do v. Ap.1:2). Nesta passagem, as expressões “palavra de Deus” e “testemunho de [sobre] Jesus” se referem a seu testemunho inspirado acerca do evangelho por mais de meio século. Este fora o único propósito motivador da vida de João. Nos amargos dias de perseguição encabeçada por Domiciano, o destemido testemunho do apóstolo se transformou no motivo de seu exílio em Patmos (ver p. 796, 797). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.1:10 | 10. Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta, Em espírito. Esta expressão, aqui, refere-se a um estado de êxtase profético. Ele se abstraiu das coisas da terra e passou a perceber apenas as impressões que lhe foram comunicadas pelo Espírito Santo. A percepção espiritual suplantou a natural. Dia do Senhor. Do gr. kuriake hemera. Já foram feitas várias tentativas para se explicar esta expressão, que só ocorre aqui nas Escrituras. Alguns intérpretes a consideram equivalente a “dia do Senhor”, usada pelos profetas do AT (ver Jl.2:11; Jl.2:31; Sf.1:14; Ml.4:5; At.2:20). Analisadas isoladamente, as palavras podem ter essa interpretação. Aqueles que as explicam assim, apontam para o fato de que o Apocalipse concentra a atenção no grande e final dia do Senhor e nos eventos que levam a tal (ver com. de Ap.1:1). Estar “em espírito, no dia do Senhor”, poderia ser compreendido como ser levado em visão pelo decorrer do tempo para testemunhar os acontecimentos relacionados ao dia do Senhor. Contudo, há motivos para se rejeitar essa interpretação. Em primeiro lugar, quando a expressão “dia do Senhor” designa claramente o grande dia de Deus, a expressão grega sempre é hemera tou kuriou ou hemera kuriou (1Co.5:5; 2Co.1:14; 1Ts.5:2; 2Pe.3:10). Segundo, o contexto (Ap.1:9-10) sugere que o termo “dia do Senhor” se refere ao momento em que João teve a visão, e não ao tema da visão. João menciona o local em que estava, a “ilha chamada Patmos” (v. Ap.1:9); o motivo que o levara até ali, “por causa da palavra de Deus” (v. Ap.1:9); e sua condição na visão, “em espírito”. Todas essas expressões estão relacionadas às circunstâncias nas quais a visão foi concedida, e é lógico deduzir que a quarta expressão também diz respeito a isso, mencionando o momento específico da revelação. Essa é a conclusão da maioria dos eruditos. Embora se trate de uma expressão única nas Escrituras, kuriake hemera tem um longo histórico no grego pós-bíblico. Assim como sua forma abreviada, kuriake, trata-se de um termo familiar usado pelos pais da igreja para se referir ao primeiro dia da semana e, em grego moderno, kuriake é a palavra costumeira para domingo. Seu equivalente em latim, dominica dies, é uma designação comum para o mesmo dia e permaneceu em várias línguas modernas, como o português domingo e o francês dimanche. Por esse motivo, muitos eruditos defendem a opinião de que kuriake hemera, nesta passagem, também se refere ao domingo, e que João, além de receber a visão nesse dia, também reconheceu que era o “dia do Senhor”, supostamente porque Cristo ressurgiu dos mortos no domingo. Há tanto razões negativas quanto positivas para se rejeitar essa interpretação. A primeira delas é o reconhecido princípio do método histórico de que uma alusão só deve ser interpretada pelo uso de evidências anteriores ou contemporâneas a ela, e nunca provenientes de dados históricos de um período posterior. Esse princípio é essencial para a solução do problema do significado da expressão “dia do Senhor” nesta passagem. Embora ela ocorra com frequência nos escritos dos pais da igreja, com o sentido de domingo, a primeira evidência conclusiva desse tipo de uso só ocorre na segunda metade do 2º século, no apócrifo Evangelho Segundo Pedro (9, 12; ANF. vol. 9, p. 8), no qual o dia da ressurreição de Cristo é chamado de “dia do Senhor”. Uma vez que esse documento foi elaborado no mínimo 75 anos depois de João escrever o Apocalipse, ele não pode ser apresentado como prova de que “dia do Senhor”, na época de João, se referisse ao domingo. É possível citar diversos exemplos da rapidez com que as palavras mudam de significado. Por isso, o sentido de “dia do Senhor”, neste versículo, é mais bem determinado por referências às Escrituras, e não à literatura posterior. No lado positivo da questão está o fato de que as Escrituras nunca fazem qualquer conexão religiosa entre o domingo e o Senhor, ao passo que afirma repetidas vezes que o sétimo dia, o sábado, é o dia do Senhor. Declara-se que Deus abençoou e santificou o sétimo dia (ver Gn.2:3), que ele é um memorial do ato divino da criação (ver Ex.20:11); Deus o chamou especificamente de “Meu santo dia” (ver Is.58:13). Jesus Se denominou Senhor também do sábado (ver Mc.2:28), no sentido de que, por ser Senhor dos homens, também era Senhor daquilo que fora feito para os homens, a saber, o sábado. Logo, quando a expressão “dia do Senhor” é interpretada de acordo com evidências anteriores e contemporâneas à época de João, tudo indica que o único dia ao qual ela pode se referir é ao sétimo, o sábado (ver T6, 128; AA, 581). Descobertas arqueológicas lançaram mais luz sobre a expressão kuriake hemera. Papiros e inscrições do período imperial da história romana revelaram, no Egito e na Ásia Menor, o emprego da palavra kuriakos (forma masculina de kuriake) para o tesouro e o serviço imperial. Isso é compreensível, uma vez que o imperador romano era chamado frequentemente de kurios, “senhor”, em grego. Por isso, seu tesouro e o serviço a ele eram o “tesouro do senhor” e o “serviço do senhor”. Assim, kuriakos era uma palavra familiar no vocabulário oficial romano para as coisas que pertenciam ao imperador. Uma dessas inscrições data de 68 d.C., deixando claro que tal uso de kuriakos era corrente no tempo de João (ver Adolf Deissmann, Light from the Ancient East, p. 257-261). Nessa mesma inscrição há uma referência a um dia escolhido para a imperadora Júlia, ou Lívia, conforme ficou mais conhecida. Em outras inscrições do Egito e da Ásia Menor, o termo sebaste, equivalente grego de Augustus, ocorre com frequência como o nome de um dia. Deve tratar-se de referências a dias especiais em homenagem ao imperador (ver Deissmann, loc. cit.). Alguns já sugeriram que a expressão kuriake hemera, conforme usada por João, também se refere a um dia imperial. No entanto, isso parece duvidoso por dois motivos. Primeiro, embora houvesse dias imperiais e o termo kuriakos fosse usado para outras coisas que pertenciam ao imperador, não foi encontrado nenhum exemplo da palavra kuriake aplicada a um dia imperial. É claro que essa não é uma prova definitiva, pois consiste em um argumento baseado no silêncio. Contudo, o segundo argumento contrário à identificação do uso de João de kuriake hemera como um dia imperial parece conclusivo. Trata-se do fato de que os judeus do primeiro século (ver Josefo, Guerra dos Judeus, vii. 10.1 [p. 418, 419]) e os cristãos, pelo menos do 2º século (ver Martyrdom of Polycarp, p. 8), se recusavam a chamar César de kurios, “senhor”. Portanto, é extremamente difícil pensar que João tenha se referido a um dia imperial como o “dia do Senhor”, sobretudo numa época em que ele e outros cristãos sofriam amarga perseguição por se recusarem a adorar o imperador (ver p. 796-798). Parece mais provável que João tenha escolhido a expressão kuriake hemera para se referir ao sábado, numa forma sutil de proclamar que, assim como o imperador tinha dias especiais dedicados a sua honra, seu Senhor, pelo qual ele então sofria, também contava com um dia (sobre a origem da observância do domingo e sua designação como o “dia do Senhor”, ver com. de Dn.7:25; ver AA, 581, 582). Como de trombeta. A comparação com a trombeta indica a intensidade da voz. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.1:11 | 11. dizendo: O que vês escreve em livro e manda às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia. Eu sou o Alfa (ACF). Ver com. do v. Ap.1:8. Levando em conta os v. Ap.1:17-18, fica claro que, neste caso, os títulos também se aplicam a Cristo. Entretanto, evidências textuais (cf. p. xvi) atestam a omissão neste versículo das palavras “Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último”. Nos v. Ap.1:4-10, João comunica às sete igrejas sua declaração introdutória das circunstâncias em que recebeu o Apocalipse. A partir do v. 11, ele apresenta a autorização do próprio Cristo ao Apocalipse. Trata-se de algo apropriado, uma vez que o livro é a “Revelação de Jesus Cristo” (v. Ap.1:1), que em si começa com o v. 11. O que vês. A comunicação e a percepção visual são predominantes no Apocalipse (ver com. do v. Ap.1:2). João teve visões e viu cenas panorâmicas simbólicas, as quais comunicam o tema de maneira mais completa e precisa que a linguagem humana verbal é capaz de fazer. Muitos desses símbolos representam verdades infinitas que transcendem as palavras e experiências humanas. Às vezes, o apóstolo não encontra palavras para descrever o que viu, como na ocasião em que contemplou o trono de Deus (ver Ap.4:3; Ap.4:6). Mesmo assim, ao longo do livro, a grandeza de Deus e do universo, a intensidade do grande conflito entre Cristo e Satanás e a glória do triunfo final são retratadas de forma mais vívida e magnificente do que em qualquer outra parte das Escrituras. Livro. Do gr. biblion, “rolo”, o tipo mais comum de livro nos dias de João (ver vol. 5, p. 98-100). Sete igrejas. A ordem em que as igrejas são citadas, tanto aqui quanto em Ap.2-3, representa a sequência geográfica pela qual passaria um mensageiro levando uma carta de Patmos a essas cidades da província da Ásia (sobre a localização das sete igrejas, ver p. 71-85; ver também mapa, vol. 6, p. 19). As sete igrejas constituem a primeira série de setes no Apocalipse. Também há sete Espíritos (v. Ap.1:4), sete candeeiros (v. Ap.1:12), sete estrelas (v. Ap.1:16), sete lâmpadas de fogo (Ap.4:5), um livro com sete selos (Ap.5:1), os sete chifres e os sete olhos do Cordeiro (Ap.5:6), sete anjos com sete trombetas (Ap.8:2), sete trovões (Ap.10:4), um dragão com sete cabeças e sete coroas (Ap.12:3), uma besta com sete cabeças (Ap.13:1), sete anjos com sete taças contendo as sete últimas pragas (Ap.15:1; Ap.15:7) e a besta escarlate com sete cabeças, que também são sete montes e sete reis (Ap.17:3; Ap.17:9-10). O uso repetido do número sete com tantos símbolos diferentes significa que ele também deve ser compreendido em sentido simbólico. Ao longo das Escrituras, o número sete, quando usado de maneira simbólica, geralmente indica plenitude ou perfeição. Logo, ao ser aplicado às sete igrejas, também se deduz que o número tenha um propósito específico. Havia mais de sete igrejas na província da Ásia, e duas outras delas, de Colossos e de Hierápolis, também são mencionadas no NT (ver Cl.1:2; Cl.4:13). Consequentemente, é razoável concluir que o Senhor escolheu as sete igrejas aqui mencionadas por serem típicas da condição da igreja como um todo, tanto nos tempos apostólicos quanto por toda a era cristã (ver p. 800; cf. AA, 583, 585). As mensagens às sete igrejas se aplicavam às condições em que elas se encontravam nos dias de João. Se não, elas podiam confundir e desanimar os cristãos que as leram nas igrejas da Ásia (ver com. de Ap.1:3). João se demonstraria um falso profeta se as mensagens que dirigiu às igrejas não revelassem a verdadeira situação dessas congregações e se não fossem adequadas a suas necessidades espirituais. Essas mensagens foram enviadas em uma época na qual os cristãos da Ásia sofriam grande tribulação (ver p. 795-799). A firme repreensão, o consolo e as promessas gloriosas que compõem as cartas deviam ter o propósito de satisfazer tais necessidades (ver AA, 578-588). Caso aceitassem e dessem ouvidos às mensagens, os cristãos das igrejas da Ásia estariam espiritualmente preparados para compreender o drama do grande conflito retratado no restante do Apocalipse e manteriam uma esperança constante no triunfo final de Cristo e da igreja. Embora as mensagens às sete igrejas se aplicassem, em primeiro plano, às igrejas da Ásia da época de João, elas também seriam relevantes para a história posterior da igreja (ver p. 800). O estudo da história revela que, de fato, tais mensagens se aplicam a sete períodos que abrangem toda a história da igreja. Uma vez que o número sete indica plenitude, parece razoável concluir que, de certo modo, essas mensagens descrevem toda a igreja em qualquer período da história. Assim, ao longo da história cristã, toda a igreja seria capaz de encontrar suas características e necessidades retratadas em uma ou mais dessas mensagens. Portanto, pode-se dizer que as cartas têm aplicação universal, além da aplicação local nos dias de João e da aplicação histórica em períodos sucessivos. Por volta de 200 d.C., um escritor cristão afirmou: “João escreve a sete igrejas, contudo, fala a todas” (texto em latim, ed. S. P. Tregelles, Canon Muratorianus, p. 19). Por exemplo, a mensagem a Laodiceia é para a igreja contemporânea, mas as mensagens às outras igrejas também contêm palavras de advertência que podem beneficiá-la (ver T5, 368, 481, 538, 612; T8, 98, 99). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.1:12 | 12. Voltei-me para ver quem falava comigo e, voltado, vi sete candeeiros de ouro Ver a voz (KJV). Ou seja. ver quem “falava” (ARA). Candeeiros. Do gr. luchnia, “candelabro”. As lâmpadas daquela época tinham a forma de uma tigela rasa, na qual se derramava óleo e inseria um pavio. Logo, os “candeeiros” que João viu aqui deveriam ser suportes com lâmpadas em cima. No v. Ap.1:20, afirma-se que os candeeiros representam as sete igrejas e, por isso, toda a igreja (ver com. do v. Ap.1:11). O fato de serem de ouro pode indicar a preciosidade da igreja aos olhos de Deus. João vê Cristo andando no meio deles (v. Ap.1:13-18), sugerindo Sua presença contínua com a igreja (ver Mt.28:20; Cl.1:18). A referência aos sete candeeiros de ouro lembra os mesmos utensílios que ficavam no lugar santo do santuário terreno (ver Ex.25:31-37). Fica claro, porém, que eles diferem do candelabro com sete hastes do santuário terrestre, pois João viu que Cristo andava entre eles (ver Ap.1:13; Ap.2:1). Como os “sete candeeiros” representam as igrejas, eles não devem ser considerados a contraparte celestial do candelabro de sete hastes do antigo santuário terrestre. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.1:13 | 13. e, no meio dos candeeiros, um semelhante a filho de homem, com vestes talares e cingido, à altura do peito, com uma cinta de ouro. Filho de homem. Do gr. huios anthropou. O texto grego desta passagem não tem artigo definido. Trata-se de uma tradução exata do aramaico kebar ‘enash e parece ter o mesmo significado que tem em Daniel (ver com. de Dn.7:13). Logo, aquilo que se comentou sobre kebar ‘enash (Dn.7:13) também se aplica a huios anthropou. Está claro que Aquele a quem o título se refere é Cristo (ver Ap.1:11; Ap.1:18; Dn.7:13). A expressão “o Filho do homem”, com artigo definido, é usada para Cristo mais de oitenta vezes no NT, ao passo que “Filho de homem”, sem o artigo definido, só se refere a Ele em dois outros casos no grego do NT (Ap.14:14, uma clara alusão a Dn.7:13; e Jo.5:27, enfatiza a humanidade de Jesus). Aplicando os mesmos princípios como no caso de kebar ‘enash (ver com. de Dn.7:13), descobre-se que aqui João contempla Cristo em visão pela primeira vez. Quem é este ser glorioso? Ele tem forma humana, não de um anjo ou de outro ser celestial, mas de homem. Está em forma humana, a despeito de Seu brilho deslumbrante. Embora João tenha escrito o Apocalipse em grego, muitas vezes, seu modo de expressão corresponde ao aramaico, sua língua materna (o idioma dos judeus na época do NT), não ao grego. Com certeza, esse é o caso nas expressões idiomáticas e é possível que huios anthropou, literalmente “[um] filho de homem” seja um desses exemplos. Caso seja, “filho de homem” significa simplesmente “ser humano”, “homem” (ver com. de Dn.7:13). Da mesma forma, “filhos da ressurreição” (Lc.20:36) significa simplesmente pessoas ressuscitadas e “filhos do reino” (Mt.8:12) são as pessoas prontas para o reino. De maneira semelhante, “filhos das bodas” (Mc.2:19, ARC) são os convidados a um casamento; “filhos do mundo” (Lc.16:8), os que vivem para o mundo; “filhos da ira” (Ef.2:3), os que serão punidos por seus atos de maldade; e “filhos de Belial” (1Rs.21:10, ARC) são pessoas sem valor. Mesmo quando o Cristo glorificado Se manifestou a João em esplendor celestial, Ele ainda parecia um ser humano. Embora Cristo fosse preexistente, por ser a segunda pessoa da Divindade, e continue a sê-lo para sempre, Ele assumiu a humanidade por toda a eternidade vindoura (ver vol. 5, p. 1013-1015). Somos consolados ao saber que o Senhor assunto e glorificado ainda é nosso irmão na humanidade, ao mesmo tempo em que é Deus. Vestes talares. Uma roupa longa, que simboliza dignidade. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.1:14 | 14. A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve; os olhos, como chama de fogo; Brancos como alva lã. Em vão, o profeta procura por palavras para uma descrição precisa do que contempla em visão. Logo que vê a brancura do cabelo dAquele que lhe aparece, o branco da lã lhe vem à mente. Assim que escreve isso, pensa em algo ainda mais branco, a neve, e acrescenta a comparação para ter um relato mais preciso. Também é possível que a descrição de Dn.7:9 lhe tenha vindo à mente. Chama de fogo. Enfatizando o brilho da face e a intensidade do olhar. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.1:15 | 15. os pés, semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa fornalha; a voz, como voz de muitas águas. Bronze polido. Do gr. chalkolibanos, substância cuja identificação é incerta. É provável que fosse algum metal semelhante ao ouro, polido e radiante (sobre o bronze dos tempos bíblicos, ver com. de Ex.25:3). Refinado. Ou, “tendo sido queimado”. Parecia que o bronze fora refinado em uma fornalha. O pé parecia o bronze submetido ao calor intenso. Muitas águas. Nos dias de João, o rugir do oceano e o ribombar do trovão estavam entre os mais altos e profundos sons conhecidos. Em sua profundidade e majestade, porém, eles ainda são insuficientes como símbolos da voz do Criador. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.1:16 | 16. Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua força. Mão direita. Aqui, a mão de Deus representa Seu poder para sustentar. Sete estrelas. Este símbolo representa os “anjos”, ou mensageiros, enviados às sete igrejas (ver com. do v. Ap.1:20). Saía-Lhe. A forma do verbo no grego indica ação contínua: o poder de Cristo está constantemente em ação. Afiada espada de dois gumes. Do gr. rhomphaia distomos, literalmente, “espada de duas bocas”. A rhomphaia era uma grande e pesada espada de dois gumes. Esta é a palavra usada na LXX para a “espada” que Deus colocou na entrada do Éden (ver com. de Gn.3:24) e para a espada de Golias (1Sm.17:51). A expressão “espada de dois gumes” pode ter origem semita, embora ocorra no grego desde o 5º século a.C., nas peças de Eurípedes. Muito antes disso, porém, ela é encontrada no AT. A expressão equivalente em hebraico é pi cherev, “fio da espada” (ver Gn.34:26; 2Sm.15:14). Assim, ao contar a história de Eúde, o escritor de Juízes diz, literalmente: “E Eúde fez para si uma espada e para ela, duas bocas” (ver Jz.3:16). De maneira semelhante, o sábio fala de cherev pioth, “uma espada de bocas”, que a ARA traduz por “espada de dois gumes” (Pv.5:4). Esta interessante figura de linguagem pode derivar da imagem da espada de um homem devorando seus inimigos (ver 2Sm.11:25; Is.1:20; Je.2:30), sendo a ponta sua boca, ou do formato de certas espadas antigas, cujo cabo era feito na forma da cabeça de um animal, com a lâmina saindo pela boca. João usa o símbolo várias vezes (Ap.2:12; Ap.2:16; Ap.19:15; Ap.19:21), mencionando que a espada sai da boca de Cristo e funciona como um instrumento de punição. Ao que tudo indica, é melhor compreendê-la aqui no mesmo sentido, como um símbolo da autoridade de Cristo para julgar e, sobretudo, de Seu poder em executar o juízo. O fato de a espada ter dois gumes e ser aliada sugere o caráter incisivo de Suas decisões e a eficácia de Seu julgamento. Como o sol. A luz solar é a mais brilhante conhecida pelos seres humanos. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.1:17 | 17. Quando o vi, caí a seus pés como morto. Porém ele pôs sobre mim a mão direita, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último Como morto. O primeiro efeito que sobrevêm àqueles que recebem a visão de um ser divino revestido de glória celestial é ficar sem a força física (ver Ez.1:28; Ez.3:23; Dn.8:17; Dn.10:7-10; At.9:4; Is.1:5). Daniel teve experiência semelhante (ver com. de Dn.10:7-10). A pessoa assim honrada ficava totalmente aterrada pela sensação da própria fraqueza e indignidade (sobre o estado físico do profeta em visão, ver em F. D. Nichol, Ellen G. White and Her Critics, p. 51-61). João teve diversas reações emocionais em visão (ver Ap.5:4; Ap.17:6). Em duas ocasiões, ele se prostrou aos pés de um anjo, em adoração (ver Ap.19:10; Ap.22:8). Não temas. Após a perda da força física, o profeta recebia força sobrenatural, normalmente por meio do toque de uma mão (ver Ez.2:1-2; Ez.3:24; Dn.8:18; Dn.10:8-12; Dn.10:19; Is.6:6-7). Muitas vezes, o visitante celestial deu a ordem “Não temas!”, a fim de dissipar os temores que naturalmente transbordam no coração humano quando confrontado com um ser celestial (ver Jz.6:22-23; Jz.13:20-22; Mt.28:5; Lc.1:13; Lc.1:30; Lc.2:10). O primeiro e o último. Ver com. do v. Ap.1:8. Ao que parece, a expressão usada aqui remete a Is.44:6, sendo uma tradução direta do texto hebraico, não uma citação da LXX, como no v. Ap.1:8. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.1:18 | 18. e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno. Aquele que vive. Do gr. ho zon, “o vivo”, aparentemente extraído do termo hebraico familiar ‘El chai, “Deus vivo” (Js.3:10). A forma verbal usada aqui indica vida contínua, abrangente e cheia de energia. Esta declaração é significativa ao se levar em conta que Ele esteve “morto”. “Em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada” (DTN, 530, 785). “A vida estava nEle e a vida era a luz dos homens” (ver com. de Jo.1:4). Estive morto. Literalmente, “tornei-me morto”, uma referência à crucifixão. Nesta passagem, trata-se de uma indicação clara de que o que apareceu a João era Cristo. Estou vivo. Do gr. zon eimi, “Eu estou vivendo”, isto é, tenho vida contínua, vida que não termina, que se perpetua por conta própria (ver vol. 5, p. 1013-1015; ver com. de Jo.5:26). A despeito da morte que sofreu pela raça humana, Cristo continua a ser “o vivo”, pois é Deus. “A divindade de Cristo é a certeza de vida eterna para o crente” (DTN, 530; ver com. de Ap.1:5). A palavra eimi, “Eu sou”, indica existência contínua e contrasta com egenomen, “Eu estive [literalmente, ‘tornei-me’]” morto. Pelos séculos dos séculos. Ver com. do v. Ap.1:6. Amém! (ARC). Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a omissão desta palavra. Chaves. Símbolo de poder e jurisdição (comparar com Mt.16:19; Lc.11:52). Inferno. Do gr. hades, “morada dos mortos”, “sepultura” (ver com. de Mt.11:23). A ressurreição de Cristo é a garantia de que os justos ressurgirão “na ressurreição, no último dia” (Jo.11:24) para a vida eterna (ver com. de Jo.11:25; Ap.1:5). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.1:19 | 19. Escreve, pois, as coisas que viste, e as que são, e as que hão de acontecer depois destas. Escreve. Repetição da ordem dada no v. Ap.1:11. As coisas que viste. Isto é, na visão até aquele momento (v. Ap.1:10-18). As que são. Alguns defendem que esta expressão descreve a situação do tempo de João, sobretudo das coisas referentes à igreja. Acreditam que, em contraste com “as coisas que viste” (a visão de Cristo, v. Ap.1:10-18), “as que são, e as que hão de acontecer”, se referem a eventos históricos reais, apresentados de maneira simbólica. Outros entendem que a frase “as coisas que viste, e as que são, e as que hão de acontecer” se refere simplesmente àquilo que João contemplara em visão, ao que estava vendo e ao que ainda veria depois (cf. v. Ap.1:11). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.1:20 | 20. Quanto ao mistério das sete estrelas que viste na minha mão direita e aos sete candeeiros de ouro, as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas. Mistério. Do gr. mysterion, “um segredo”, “um mistério”, de uma palavra que significa “aquele que foi iniciado” (ver com. de Rm.11:25). No início, o termo “mistério” não indicava para os cristãos algo impossível de se compreender, como hoje, mas algo que só era entendido pelos escolhidos, isto é, os que tinham o direito de saber. Por isso, Cristo disse aos discípulos que a eles era “dado conhecer os mistérios do reino dos céus”, mas não às multidões (ver com. de Mt.13:11). Paulo fala da ressurreição como um “mistério” (1Co.15:51) e, com frequência, se refere ao próprio plano da salvação usando este termo (ver com. de Rm.16:25-26). O contexto judaico desta expressão é dado numa passagem do Manual de Disciplina, encontrado entre os manuscritos do Mar Morto (ver vol. 5, p. 78. 79), que fala da salvação: “A luz de meu coração penetra o mistério que é ser” (em Millar Burrows, The Dead Sea Scrolls, p. 387). O termo “mistério” ocorre diversas vezes nesse documento. A palavra também era comum em religiões místicas pagãs. Aqui o termo “mistério” é usado para se referir às sete “estrelas”, símbolo que ainda não fora explicado. O símbolo é chamado de “mistério” porque a interpretação estava prestes a se tornar conhecida. Logo, no Apocalipse, “mistério” é um símbolo prestes a ser explicado para aqueles que consentem em guardar (ver com. do v. Ap.1:3) as coisas reveladas no livro (cf. Ap.17:7; Ap.17:9), ou algo que Deus deseja lhes tornar conhecido. Os símbolos do Apocalipse também são chamados de “sinal” (Ap.12:1; Ap.15:1). Sete estrelas. Ver com. dos v. Ap.1:11; Ap.1:16. Este versículo faz uma ponte entre os v. Ap.1:12-19 e as mensagens dos cap. Ap.2-3. Explica os símbolos dos v. Ap.1:12; Ap.1:16 e prepara o caminho para as mensagens a cada uma das igrejas. Anjos. Do gr. aggeloi, literalmente, “mensageiros”, quer de origem celestial, quer humana. Aggeloi é usado para designar seres humanos (Mt.11:10; Mc.1:2; Lc.7:24; Lc.7:27; Lc.9:52; 2Co.12:7). Alguns sugerem que os “anjos” das sete igrejas são seus respectivos bispos ou supervisores, da época de João, e que o Senhor dirigiu a mensagem a eles, a fim de que a transmitissem a sua congregação. Todavia, a essa possível exceção dos “anjos” das sete igrejas, o termo aggeloi nunca se refere a seres humanos nas cerca de 70 ocorrências no Apocalipse. O contexto não deixa claro se este seria o caso aqui. Entretanto, parece improvável que Deus enviasse mensagens a anjos literais por intermédio de João; portanto, é preferível a identificação desses “anjos” com os líderes das igrejas (cf. OE, 13, 14; AA, 586). Sete candeeiros. Ver com. do v. Ap.1:12. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:1 | 1. Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro: Anjo. Ver com. de Ap.1:20. Éfeso. Alguns definem o nome Éfeso como “desejável”. Nos dias de João, Éfeso era a principal cidade da província romana da Ásia e, posteriormente, se tornou a capital (ver p. 72-73; mapa, p. 684; ver com. de Ap.1:4; Ap.2:12). Situava-se ao ocidente, no final da grande estrada que atravessava a Ásia Menor desde a Síria. Isto, junto com a localização em um importante porto marítimo do Egeu, a transformou em um centro de negócios. O cristianismo deve ter sido pregado ali pela primeira vez em 52 d.C., por Paulo, ao parar por um curto período enquanto voltava para Jerusalém e Antioquia, após a segunda viagem missionária. Seus amigos Áquila e Priscila se estabeleceram na cidade na época, e, junto com o judeu alexandrino chamado Apolo, cujo conceito do cristianismo parecia anterior ao Pentecostes, mantiveram a obra de evangelização até o retorno de Paulo, um ou dois anos depois (ver At.18:9-19:7). Nessa ocasião, o apóstolo permaneceu em Éfeso por cerca de três anos (ver vol. 6, p. 15, 16), mais tempo do que em qualquer outro lugar no registro de suas viagens missionárias. Isso sugere que a obra ali foi frutífera. Lucas, seu biógrafo, declara: “Dando ensejo a que todos os habitantes da Ásia ouvissem a palavra do Senhor, tanto judeus como gregos” (At.19:10). Portanto, é provável que, durante esse período, pelo menos algumas das outras igrejas da Ásia tenham sido fundadas (ver Cl.4:13; Cl.4:15-16). Após ficar preso em Roma pela primeira vez, Paulo deve ter visitado Éfeso de novo, por volta de 64 d.C., deixando Timóteo na liderança da região (ver 1Tm.1:3). Nada mais se sabe ao certo sobre a história da igreja de Éfeso, até seu nome ocorrer cerca de três décadas depois no Apocalipse. Todavia, a tradição sugere que João, o discípulo amado, se tornou líder dessa igreja, provavelmente após o fim da sede do cristianismo em Jerusalém, por volta de 68 d.C., durante a guerra judaico-romana (ver p. 792). Portanto, na época em que o Apocalipse foi escrito, Éfeso deveria ser um dos principais centros do cristianismo. Em consequência, era adequado que a primeira mensagem de Cristo, por intermédio de João, fosse dirigida a essa igreja. Sua localização central em relação ao mundo cristão como um todo torna ainda mais compreensível que sua condição espiritual seja característica de toda a igreja durante o período apostólico, que se estendeu até por volta do fim do primeiro século (c. 31-100 d.C.; ver Nota Adicional a Apocalipse 2; Ap.2:29). Esse período pode muito bem ser chamado de era da pureza apostólica, atributo extremamente desejável aos olhos de Deus. Conserva. Do gr. krateo, “segurar firme”, expressão mais intensa do que a usada em Ap.1:16. Sete estrelas. Ver com. de Ap.1:16; Ap.1:20. Os líderes da igreja devem permanecer sob a proteção e o controle de Cristo. Na tarefa que lhes foi designada, sempre são sustentados pelo poder e pela graça divina. Deve-se notar que a forma característica de Cristo Se apresentar a cada uma das sete igrejas é extraída da visão de Ap.1:11-18. Anda. Uma descrição mais vívida do relacionamento entre Cristo e a igreja do que em Ap.1:13, em que João diz que Cristo estava “no meio dos candeeiros”. Assim como cada igreja do período apostólico desfrutava o cuidado, a atenção e o ministério de Jesus, a igreja cristã como um todo tem os mesmos privilégios ao longo dos sucessivos períodos de sua história. Assim se cumpriu a promessa de Cristo aos discípulos de estar com eles “todos os dias até à consumação do século” (Mt.28:20). Candeeiros. Ver com. de Ap.1:12. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:2 | 2. Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos; Conheço. A cada uma das sete igrejas, Cristo declara: “Conheço as tuas obras.” A advertência é de alguém que conhece plenamente os problemas de cada igreja e, por isso, é capaz, de recomendar uma solução apropriada e eficaz. Tuas. A segunda pessoa do singular é usada porque Cristo Se dirige ao “anjo” (v. Ap.2:1) que representa cada membro da igreja, ou a igreja como uma unidade. Jesus lida com as pessoas de forma coletiva, como igreja, e também pessoalmente. Obras. Do gr. erga, “atos”, “ações”, “atividades”; de maneira mais específica, obras que revelam o caráter. Jesus conhece toda a vida e conduta da igreja. Labor. Do gr. kopos, a fraqueza ou o cansaço que resulta do esforço excessivo refletido na palavra “labuta”. Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a omissão da palavra “teu”, antes de “labor”. Isso faria uma ligação mais próxima de “labor” com a perseverança que o acompanha. É como se Cristo dissesse: “Sei o que você tem feito e também conheço a labuta e a perseverança necessárias para tal.” Perseverança. Do gr. hupomone, “perseverança”, “tolerância [ativa, constante]”, literalmente, “permanecer debaixo”. Não podes suportar. Muitas vezes, tanto hoje quanto no passado, a igreja se encontra propensa a “suportar” ou tolerar ensinos e práticas maléficas, supostamente em nome da paz. Os ministros podem achar mais fácil ficar em silêncio em relação a pecados acariciados de suas igrejas, em vez de se posicionar ao lado da verdade (cf. Is.30:10; 2Tm.4:3). A igreja de Éfeso foi elogiada por fazer uma distinção clara entre a verdade e o erro, tanto na doutrina quanto na vida, e por se posicionar firmemente contra o erro. Homens maus. Isto é, os falsos apóstolos mencionados com detalhes em seguida. Erros doutrinários graves se refletem, mais cedo ou mais tarde, em graves problemas de conduta. Aquilo que uma pessoa faz resulta daquilo em que ela pensa e crê (ver Pv.4:23; Mt.12:34; 1Jo.3:3). Prova. Do gr. peirazo, “testar”, “provar”. A igreja de Éfeso havia investigado as declarações e os ensinos dos falsos apóstolos. Inácio, ao escrever no início do 2º século, fala sobre o zelo dos cristãos efésios em rejeitar as heresias (Aos Efésios, ix.1). Em uma de suas epístolas, João advertiu os crentes a respeito da vinda do “anticristo” e os aconselhou a provar “os espíritos se procedem de Deus” (1Jo.4:1-3). Cumprira-se a admoestação feita por Paulo aos líderes de Éfeso muitos anos antes, de que “lobos vorazes” entrariam no meio deles “falando coisas pervertidas” (At.20:29-30). Ele aconselhara os tessalonicenses a julgar “todas as coisas” e reter “o que é bom” (1Ts.5:21). Pedro escreveu a respeito dos “falsos profetas” e “falsos mestres” (ver 2Pe.2; comparar com 1Tm.1:20; 2Tm.4:14-15). Embora, a princípio, possa ser difícil identificar os erros sutis de seus ensinos, os mestres podiam ser reconhecidos “pelos seus frutos” (ver Mt.7:15-20). O mesmo ocorre hoje, pois o genuíno “fruto do Espírito” (ver Gl.5:22-23) não se desenvolve na vida daqueles que ensinam e praticam o erro. O cristão sincero que é sensível às coisas espirituais recebe a promessa de que pode, caso queira, detectar o espírito não cristão e os motivos que impulsionam cada mestre do erro (ver com. de 1Jo.4:1; Ap.3:18). Apóstolos. Dentre as heresias mais graves que ameaçavam a igreja no fim do primeiro século estavam o docetismo e uma forma inicial do gnosticismo (sobre essas e outras heresias que assolaram a igreja apostólica, ver no vol. 5, p. 1007-1109; vol. 6, p. 38-46). Mais especificamente, uma antiga tradição sugere que um gnóstico chamado Cerinto visitou Éfeso e criou problemas para João e sua congregação (ver Irineu, Contra Heresias, iii.3.4). A situação de Éfeso, nesse período, relativa aos embates com falsos profetas também se aplicava à igreja como um todo. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:3 | 3. e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer. Perseverança. Ver com. do v. Ap.2:2. Suportaste. A igreja de Éfeso havia se recusado a “suportar homens maus” (ver com. do v. Ap.2:2), mas suportava com perseverança a inevitável aflição causada por falsos mestres e a perseguição nas mãos de judeus e gentios fanáticos. Por causa do Meu nome. Ver com. de At.3:16. Os seguidores de Cristo eram conhecidos por Seu nome e passaram a ser chamados de cristãos, foi a fidelidade a esse Nome e a lealdade ao Senhor que os sujeitaram à perseguição por parte das autoridades romanas (ver p. 795, 796) e levaram ao sofrimento nas mãos daqueles que estavam propensos a subverter sua fé. Trabalhaste (ARC). Evidências textuais (cf. p. xvi) atestam a omissão desta palavra. O original do v. 3 diz: “E tu tiveste paciência e suportaste por Meu nome, sem esmorecer”. Esmorecer. Do gr. kopiao, “ficar exausto”, “cansar-se”; comparar com o uso de kopiao em ls.40:31; Jo.4:6. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:4 | 4. Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. O teu primeiro amor. Este sentimento incluía amor por Deus e pela verdade, amor uns pelos outros como irmãos e pelas pessoas em geral (ver com. de Mt.5:43-44; Mt.22:34-40). Talvez, as controvérsias doutrinárias incitadas pelos falsos mestres tenham dado origem a um espírito faccioso. Além disso, a despeito dos esforços diligentes por parte de muitos para deter a maré de falsos ensinos, alguns dos que permaneceram na igreja foram, sem dúvida, afetados por eles. A atuação do Espírito Santo, que converte os princípios da verdade em força viva para a transformação do caráter (ver Jo.16:8-11; Gl.5:22-23; Ef.4:30), como mensageiro da verdade (Jo.16:13), fora subvertida até o ponto em que o erro encontrou morada na igreja. Além disso, à medida que o testemunho daqueles que haviam interagido pessoalmente com Jesus foi silenciado com a morte de um por um, a visão da iminência do retorno de Cristo (ver com. de Ap.1:1) começou a se esvair, e a chama da fé e da devoção passou a queimar cada vez com menos intensidade (sobre o fim da pureza de fé e prática, ver vol. 4, p. 919, 920). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:5 | 5. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas. Moverei do seu lugar o teu candeeiro. Ver com. de Ap.1:12. A igreja perderia o status de representante oficial de Cristo. A igreja caíra, mas a misericórdia divina pacientemente proveu uma oportunidade para o arrependimento (cf. 2Pe.3:9). Caso não te arrependas. No prólogo de sua epístola aos efésios, Inácio relata que a igreja atendeu ao convite de se lembrar, arrepender-se e voltar à prática das primeiras obras. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:6 | 6. Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio. Nicolaítas. Uma das seitas hereges que assolava as igrejas de Éfeso e Pérgamo (ver v. Ap.2:15) e talvez de outros lugares. Irineu identifica os nicolaítas como uma seita gnóstica: “João, o discípulo do Senhor, prega esta fé [a divindade de Cristo] e procura, mediante a proclamação do evangelho, remover o erro que foi disseminado por Cerinto entre os homens e muito tempo antes por aqueles denominados nicolaítas, que são um desdobramento daquele ‘conhecimento’ que pode confundir, e os persuadir de que só há um Deus, que tez todas as coisas por meio de Sua Palavra”. Também há evidências históricas de uma seita gnóstica cujos membros eram chamados de nicolaítas mais ou menos um século depois. Alguns pais da igreja que expressaram sua preocupação a esse respeito identificam que seu fundador foi Nicolau de Antioquia, um dos sete diáconos (ver At.6:5). Não há como saber se essa tradição acerca do diácono Nicolau é verdadeira, mas a seita pode ser a mesma mencionada por João. Pelo menos no 2º século parece que os adeptos desta seita ensinavam que os atos da carne não afetavam a pureza da alma e, por isso, não tinham consequência alguma para a salvação. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:7 | 7. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vidaque se encontra no paraíso de Deus. Quem tem ouvidos. Isto é, para ouvir o conselho dado (ver com. de Ap.1:3; Is.6:9-10; Mt.11:15). A mesma fórmula acompanha a promessa feita a cada uma das sete igrejas. Ouça. O texto grego desta passagem sugere que os que ouvissem fariam isso com entendimento (ver com. de At.9:4). Ouvir a Palavra de Deus só faz sentido se, a partir de então, a vida se conforma ao que foi ouvido (ver com. de Mt.19:21-27). As igrejas. A promessa aqui feita à igreja de Éfeso pertence também a todas as “igrejas” da era apostólica, representadas pela de Éfeso. E, embora fosse apropriada em particular a essas igrejas, também se aplica aos cristãos de todas as eras (ver com. de Ap.1:11). Vencedor. A forma verbal do grego indica que a pessoa “continua a superar” ou “permanece ganhando”. A ideia de vencer é recorrente no Apocalipse. As promessas do livro são preciosas para os filhos de Deus perseguidos em todas as eras. Contudo, o contexto (v. Ap.2:2-6) revela que a vitória aqui mencionada se refere originalmente a vencer os falsos apóstolos e mestres que tentavam os cristãos a comer da árvore do conhecimento humano. Assim, é muito apropriado que a recompensa ao vencedor fosse o acesso à árvore da vida. Árvore da vida. Ver com. de Gn.2:9; Ap.22:2. No meio (ARC). Assim como no jardim do Éden (Gn.2:9). A localização salienta a importância da árvore no plano de Deus para um mundo perfeito. Paraíso. Ver com. de Lc.23:43. O jardim do Éden era o “paraíso” na Terra. Quando o Éden for restaurado neste mundo (ver PP, 62: GC, 646, 648), a Terra se tornará um “paraíso” mais uma vez (sobre a aplicação da mensagem à igreja de Éfeso a certo período da história, ver Nota Adicional a Apocalipse 2; Ap.2:29; sobre a aplicação à igreja literal, ver com. de Ap.1:11). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:8 | 8. Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Estas coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver: Anjo. Ver com. de Ap.1:20. Esmirna. Durante muito tempo, pensava-se que este nome deriva de muron, uma goma aromática extraída da árvore árabe Balsamodendron myrrha. Essa goma era usada para embalsamar mortos e de modo medicinal como unguento ou bálsamo, e também era queimada como incenso (ver com. de Mt.2:11). Depois, os eruditos passaram a favorecer a hipótese de que deriva do nome da deusa da Anatólia Samorna, que era adorada na cidade (ver p. 77; sobre a antiga cidade de Esmirna, ver p. 76; mapa, p. 684). Não há registro de quando a igreja foi fundada ali nem de quem realizou esse trabalho. Ela não é mencionada em nenhuma outra parte das Escrituras. Historicamente, o período da igreja de Esmirna pode ter se iniciado por volta do fim do primeiro século (c. 100 d.C.), estendendo-se até cerca de 313 d.C., quando Constantino passou a apoiar a causa da igreja (ver Nota Adicional a Apocalipse 2; Ap.2:29; ver com. do v. Ap.2:10). Na verdade, as profecias dos cap. 2 e 3 não são, estritamente falando, temporais. As datas são sugeridas apenas para facilitar uma correlação aproximada da profecia com a história. O primeiro e o último. Ver com. de Ap.1:8; Ap.1:17. Morto. Ver com. de Ap.1:18; Ap.2:1. Para uma igreja que enfrentava perseguição e morte por sua fé, a ênfase na vida de Cristo teria grande importância. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:9 | 9. Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás. Tua. Ver com. do v. Ap.2:2. Obras (ARC). As evidências textuais (cf. p. xvi) se dividem entre manter e omitir esta palavra (ver com. do v. Ap.2:2). Tribulação. Ou, “angústia”, “problema”, “aflição”. A perseguição intermitente nas mãos de vários imperadores romanos caracterizou a experiência da igreja durante esse período. Durante os reinados de Trajano (98-117), Adriano (117-138) e Marco Aurélio (161-180), a perseguição era esporádica e localizada. A primeira perseguição geral e sistemática aos cristãos foi realizada por Décio (249-251) e Valeriano (253-259). A opressão política chegou ao auge sangrento sob o governo de Diocleciano (284-304) e de seus sucessores imediatos (305-313). Historicamente, o período representado pela igreja de Esmirna pode muito bem ser chamado de era do martírio. Os séculos desde então sentem o aroma (ver com. do v. Ap.2:8) do amor e da devoção dos milhares de mártires anônimos, desse período, que foram fiéis “até à morte”. Pobreza. Do gr. ptocheia, “pobreza abjeta” (ver com. de Mc.12:42). Sem dúvida, a igreja de Esmirna não era tão grande, nem tão próspera quanto a congregação vizinha em Éfeso. Os cristãos de Éfeso haviam abandonado o “primeiro amor”. Esmirna, em contrapartida, não recebeu essa repreensão. Em vez disso, Cristo a lembra de que era espiritualmente rica (ver com. de Tg.2:5). Blasfêmia. Do gr. blasphemia, “falar mal”, tanto de Deus quanto de pessoas. Neste contexto, a tradução “calúnia” pode ser preferível. Judeus. É provável que o termo esteja num sentido figurado; assim como os cristãos de hoje são, às vezes, chamados de Israel (ver Rm.2:28-29; Rm.9:6-7; Gl.3:28-29; 1Pe.29). Da forma que é usado aqui, sem dúvida, o termo se refere àqueles que afirmavam servir a Deus, mas, na verdade, serviam a Satanás. A figura se baseia na história. O livro de Atos revela que muitos dos problemas da igreja apostólica surgiram por causa de acusações caluniosas que os judeus fizeram contra os cristãos (ver At.13:45; At.14:2; At.14:19; At.17:5; At.17:13; At.18:5-6; At.18:12; At.21:27). Ao que tudo indica, essa era a situação em Esmirna. No 2º século, afirma-se que os judeus acarretaram o martírio de Policarpo, bispo de Esmirna. Durante essa época, Tertuliano chama as sinagogas de “fontes de perseguição”. Não são. Eles eram hipócritas. Sinagoga de Satanás. Pode ser comparado com o infame epíteto “raça de víboras” (Mt.3:7). Por ser o centro da vida judaica em comunidade, sem dúvida, a sinagoga (ver vol. 5, p. 44-46) era o local onde muitas conspirações eram tramadas contra os cristãos. O nome Satanás significa “acusador” ou “adversário” (ver com. de Zc.3:1; Ap.12:10). Esses centros judaicos se tornaram, literalmente, “sinagogas do acusador”. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:10 | 10. Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. Não temas. Ver com. de Tg.1:2; Jo.16:33. Tens de sofrer. Ou, “estás prestes a sofrer”. Ao que parece, a igreja de Esmirna fora um alvo da difamação dos judeus, mas seus membros ainda não haviam sentido o peso da perseguição. No entanto, os cristãos certamente sabiam da perseguição que assolava outras igrejas e deviam estar prevendo problemas. Essa ideia é sugerida pela forma do verbo traduzido aqui por “temas”, subentendendo que eles já estavam com medo. Cristo os consola com a certeza de que, apesar da iminente perseguição, eles não precisavam temer (ver com. de Mt.5:10-12). Postos à prova. Ou, “testados”. Satanás os sujeitaria à perseguição a fim de prevalecer sobre eles, forçando-os a abandonar a fé. Deus permitiria a perseguição como meio de fortalecer e provar que a fé daqueles cristãos era genuína. Embora Satanás possa demonstrar sua ira contra a igreja, a mão de Deus cumpre Seu propósito (ver com. de Tg.1:2; Ap.2:9). O imperador Trajano (98-117 d.C.) promulgou a primeira política romana oficial favorável ao cristianismo. Na famosa carta 97, destinada a Plínio, o jovem, governador da Bitínia e de Ponto, na Ásia Menor, Trajano explicou o procedimento para lidar com os cristãos, que na época eram uma comunidade religiosa ilegal. Ele ordenou que os oficiais romanos não fossem atrás dos cristãos. Todavia, caso lhe fossem levadas pessoas por outras ofensas e elas demonstrassem ser cristãs, deveriam ser executadas, a menos que se retratassem. Embora essa lei não vigorasse de maneira uniforme, ela continuou a existir até Constantino promulgar o edito da tolerância, em 313 d.C. Logo, durante dois séculos, os cristãos estiveram sujeitos a prisão e morte repentinas por causa da fé. Seu bem-estar dependia, em grande medida, do favor de seus vizinhos judeus e pagãos, que poderiam deixá-los em paz ou reclamar deles perante as autoridades. Isso pode ser chamado de perseguição permissiva. O imperador não tomara a iniciativa de perseguir os cristãos, mas deixava que seus representantes e as autoridades locais tomassem as medidas que julgassem adequadas contra os cristãos. Essa política deixava os cristãos a mercê das várias administrações locais de onde moravam. Eles foram alvos de ataque principalmente em épocas de fome, terremotos, tempestades e outras catástrofes, pois seus vizinhos pagãos supunham que a recusa dos cristãos em adorar seus deuses ocasionava o derramamento da ira desses deuses sobre toda a Terra. Às vezes, porém, o governo romano empreendia uma perseguição agressiva à igreja (ver com. do v. Ap.2:9). Os romanos observavam que o cristianismo estava crescendo em extensão e influência, através do império, e que era incompatível com seu estilo de vida. Percebiam que, com o tempo, o movimento acabaria destruindo o estilo de vida romano. Por isso, em geral, eram os imperadores mais capazes que perseguiam a igreja, ao passo que aqueles que levavam suas responsabilidades menos a sério se contentavam em não incomodar os cristãos. A primeira perseguição geral e sistemática da igreja foi realizada pelo imperador Décio, cujo edito imperial do ano 250 decretou a supressão universal do cristianismo por meio de tortura, morte e confisco de propriedades. A ocasião do decreto foi a celebração milenar da fundação de Roma, cerca de três anos antes, quando a condição decadente do império ficou ainda mais visível em comparação com as glórias do passado. O cristianismo se transformou no bode expiatório, e ficou decidido destruir a igreja de uma vez, supostamente para salvar o império. Essa política falhou com a morte de Décio, em 251 d.C., mas foi retomada pouco tempo depois por Valeriano. Com a morte deste, a medida foi deixada de lado mais uma vez, e somente no reinado de Diocleciano a igreja voltou a enfrentar uma grande crise. Dez dias. Esta expressão tem sido compreendida de duas maneiras. Com base no princípio dia-ano de contagem dos períodos proféticos (ver com. de Dn.7:25), é interpretada como um intervalo de dez anos literais e aplicada ao período de perseguição imperial mais intensa (303-213 d.C.). Foi iniciada por Diocleciano e continuada por seu associado e sucessor Galério. Esta foi uma tentativa de eliminar o cristianismo por meio da queima das Escrituras, destruição de igrejas e prisão dos líderes. Os governantes acreditavam que a igreja havia crescido tanto em força e popularidade dentro do império que, a menos que o cristianismo fosse detido, o estilo de vida romano tradicional deixaria de existir e o império se desintegraria. Por isso, deram início a uma política cujo propósito era exterminar a igreja. O primeiro decreto de Diocleciano contra os cristãos foi promulgado no ano 303, banindo a prática do cristianismo em todo o império. A perseguição começou no exército e se espalhou por todas as regiões. As autoridades romanas concentraram seus terrores sobre o clero cristão, crendo que, se os pastores fossem retirados, o rebanho se espalharia. Os horrores dessa perseguição foram descritos em detalhes por Teodoreto, historiador da igreja (História Eclesiástica, i.6), que narra a reunião dos bispos da igreja no concílio de Niceia, alguns anos após o fim da crise (325 d.C.). Alguns chegaram ali sem olhos, outros sem braços, que foram amputados, e outros com o corpo terrivelmente lesado de diferentes formas. Muitos, é claro, não sobreviveram ao período de tribulação. Em 313, dez anos após o início das perseguições, Constantino e seu colega Licínio promulgaram um edito que concedeu aos cristãos (e a todos os outros) liberdade de prática religiosa. Outros intérpretes não têm certeza de que os “dez dias” representem um tempo profético. Raciocinam que as “coisas que tens de sofrer”, o “diabo”, a “prisão” e a “morte” são literais. Por isso, seria natural esperar que os “dez dias” sejam literais também. Neste caso, o número “dez” seria um total aproximado, como acontece com frequência nas Escrituras (ver Ec.7:19; Is.5:10; Dn.1:20; Am.6:9; Ag.2:16; Zc.8:23; Mt.25:1; Mt.25:28; Lc.15:8). Como número aproximado, “dez dias” representariam o breve período de perseguição que a igreja local de Esmirna sofreu durante os tempos apostólicos. Para eles, isso seria consistente com os princípios de interpretação profética (ver com. de Ap.1:11; Ap.2:1; Ap.2:8; ver p. 800; ver Nota Adicional a Apocalipse 2; Ap.2:29). Sê fiel. A forma verbal no grego indica “continua a ser fiel”. Esmirna demonstrara ser uma igreja fiel. Coroa. Do gr. stephanos, uma “grinalda” ou “guirlanda” de vitória, não um diadema da realeza. Esta palavra era usada para a coroa de louros dada aos vencedores nos jogos gregos. Aqui, simboliza a recompensa entregue ao vencedor na luta contra o pecado. Da vida. É provável que a melhor tradução para a expressão “coroa da vida” seja “coroa que é vida”. Esta coroa é uma evidência da vitória sobre o diabo e a “tribulação” que ele causa (comparar com 2Tm.4:8). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:11 | 11. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte. Quem tem ouvidos. Ver com. do v. Ap.2:7. O vencedor. Ver com. do v. Ap.2:7. Aqui, é provável que a ênfase deva ser colocada no fato de vencer a despeito da “tribulação”, do v. Ap.2:10. Segunda morte. Em contraste com a primeira morte, que põe um fim temporário à vida e da qual há ressurreição, “tanto de justos como de injustos” (At.24:15). A segunda morte é a extinção final do pecado e dos pecadores; dela não se pode ressuscitar (ver com. de Ap.20:14; Ap.21:8). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:12 | 12. Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: Estas coisas diz aquele que tem a espada afiada de dois gumes: Anjo. Ver com. de Ap.1:20. Pérgamo. Esta cidade foi a capital da província romana da Ásia por dois séculos após seu último rei, Átalo, cedê-la para Roma, em 133 a.C., junto com o reino de Pérgamo (ver p. 79). Desde o início do 3º século a.C., a cidade de Pérgamo fora o principal centro da vida cultural e intelectual do mundo helênico. Embora, na época de João, Éfeso estivesse começando a sobressair como a principal cidade da Ásia, Pérgamo continuava a ter parte de seu status anterior. As duas cidades disputaram essa honra por muito tempo (sobre a antiga cidade de Pérgamo, ver p. 78; mapa, p. 684). O significado do nome Pérgamo é incerto, mas pode ter derivado de “cidadela” ou “acrópole”. A experiência característica da igreja durante o período de Pérgamo foi de exaltação. De um status proscrito e perseguido, ela se elevou a uma posição de popularidade e poder (ver com. do v. Ap.2:13). Espada afiada de dois gumes. Assim como os títulos descritivos que introduzem as mensagens às igrejas de Éfeso e Esmirna, este é extraído da descrição do Cristo glorificado (ver com. de Ap.1:16; Ap.2:1). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:13 | 13. Conheço o lugar em que habitas, onde está o trono de Satanás, e que conservas o meu nome e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha testemunha, meu fiel, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita. Tuas obras (ARC). Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a omissão das palavras “as tuas obras, e” (compare com o v. Ap.2:2). Trono de Satanás. Pérgamo havia se destacado em 29 a.C. por ser o local do primeiro culto a um imperador romano vivo. Um templo foi construído e dedicado à adoração conjunta da deusa Roma (a personificação do espírito do império) e do imperador Augusto. Na época em que João escreveu estas palavras, os cristãos eram perseguidos por se recusarem a adorar o imperador Domiciano (81-96 d.C.), que insistia em ser chamado e adorado como “senhor e deus”. Pérgamo era também a capital religiosa da Ásia Menor. Era um centro do pensamento helenista (greco-mesopotâmico) e da adoração ao imperador, tinha muitos templos pagãos; por isso, sua designação como o trono de Satanás era bastante apropriada (ver p. 79). A extensão do período de Pérgamo na história da igreja pode ser considerada desde a época em que Constantino apoiou a causa cristã, em 313 d.C., ou de sua suposta conversão, talvez em 323 ou 325, até 538 (ver Nota Adicional a Apocalipse 2; Ap.2:29). Foi durante essa época que o bispo de Roma conquistou a liderança religiosa e, até certo ponto, política da Europa Ocidental (ver Nota Adicional a Daniel 7; Dn.7:28), e quando Satanás estabeleceu seu “trono” dentro da igreja. O papado era uma mistura habilidosa de paganismo e cristianismo. Esse período pode ser chamado de era da popularidade. Nome. Ver com. do v. Ap.2:3. Minha fé. Isto é, “fé em Mim”. Os nomes da lista de Hebreus 11 receberam o destaque de “heróis da fé”. Antipas. Nome grego composto, formado pelas palavras anti, “no lugar de”, e pas, forma abreviada de pater, “pai” (ver com. de Lc.3:1; Lc.24:18). Reflete a esperança do pai de que o filho com este nome ocupasse seu lugar no mundo. Alguns comentaristas defendem que um cristão chamado Antipas fora martirizado em Pérgamo por sua fé pouco tempo antes, supostamente por se recusar a adorar o imperador. Se assim foi, a experiência e o exemplo desse mártir podem ser considerados típicos dos inúmeros fiéis que sofreram por sua fé em eras posteriores. Embora seja possível que o nome tenha uma aplicação figurada ao período de Pérgamo, na história da igreja, o profeta não dá pistas claras a esse respeito. Testemunha. Do gr. martus, “testemunha”. A palavra “mártir” deriva de martus. O mártir é alguém cuja morte testemunha de sua fé. O grego traduzido aqui por “testemunha, Meu fiel” é idêntico ao usado em referência a Cristo, traduzido simplesmente por “testemunha fiel” (Ap.1:5). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:14 | 14. Tenho, todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão,o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição. Ti. Acerca da força do singular, ver com. do v. Ap.2:2. Balaão. Ver Nm.22-24. A analogia com Balaão sugere que havia, em Pérgamo, pessoas cujo propósito era provocar divisão e levar ruína à igreja, incentivando práticas proibidas aos cristãos (ver com. de At.15:29). Ciladas. Do gr. skandalon o gatilho que faz a armadilha disparar. Por isso, “armar ciladas” diante de alguém é fazer a pessoa tropeçar (ver com. de Mt.5:29). Coisas sacrificadas. As duas práticas mencionadas aqui haviam sido proibidas no concílio de Jerusalém (ver com. de At.15:29; Rm.14:1; 1Co.8:1). Balaão influenciou Israel a “prostituir-se com as filhas dos moabitas”, a sacrificar aos deuses moabitas e, possivelmente, a comer das carnes sacrificadas a esses deuses (Nm.25:1-2; Nm.31:16). Esses pecados levaram a uma mistura de paganismo com religião verdadeira. Aplicado à história cristã, esse retrato é particularmente apropriado à situação da igreja no período posterior à legalização do cristianismo por Constantino, em 313 d.C., e a sua conversão nominal cerca de dez a doze anos depois. Ele se dedicou à política de misturar paganismo e cristianismo tanto quanto possível, na tentativa de unir os elementos divergentes dentro do império, e com isso se fortalecer. A posição favorável e até mesmo dominante que concedeu à igreja a transformou em presa das tentações que sempre acompanham a prosperidade e a popularidade. Durante o governo de Constantino e de seus sucessores, que deram continuidade a essa política favorável, a igreja logo passou a ser uma instituição político-eclesiástica e perdeu muito de sua espiritualidade. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:15 | 15. Outrossim, também tu tens os que da mesma forma sustentam a doutrina dos nicolaítas. Nicolaítas. Ver com. do v. Ap.2:6. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:16 | 16. Portanto, arrepende-te; e, se não, venho a ti sem demora e contra eles pelejarei com a espada da minha boca. Arrepende-te. Esta advertência veemente reflete o grave perigo espiritual que confrontava a igreja de Pérgamo. Espada da Minha boca. Ver com. de Ap.1:16; Ap.2:12. A espada simboliza a punição resultante de não se arrepender. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:17 | 17. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido,bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe. Tem ouvidos. Ver com. do v. Ap.2:7. Ao vencedor. Ver com. do v. Ap.2:7. Maná escondido. Ver Ex.16:14-36. Alguns acham que a alusão seja ao maná que Arão colocou em um vaso e conservou na arca (Ex.16:33; Hb.9:4). Um antigo ensino judaico declara que, quando o Messias viesse, “o tesouro do maná desceria de novo do céu, e o povo comeria dele naqueles anos”. Levando-se em conta Jo.6:31-34, parece que o profeta, nesta passagem, tem a intenção de transformar o maná em um símbolo da vida espiritual em Cristo hoje, e da vida eterna no Céu (ver com. de. Jo.6:32-33). Pedrinha branca. Vários costumes antigos foram sugeridos a fim de explicar o motivo para esta alusão ao presente de uma pedrinha branca, mas nenhuma delas é satisfatória. Um dos costumes antigos mais comuns era que os membros de um júri usassem uma pedra preta e outra branca para determinar absolvição ou condenação, tudo que pode ser dito com certeza é que João, sem dúvida, se refere a alguma cerimônia que envolve a entrega de um presente ou de uma honra especial. Nome novo. Na Bíblia, o nome de uma pessoa geralmente representa seu caráter, e um novo nome indica um caráter novo. O padrão do novo não segue o antigo, mas o substitui e é diferente dele. Este versículo promete um “nome novo” para o cristão, isto é, um caráter novo e diferente, modelado com base no de Deus (cf. Is.62:2; Is.65:15; Ap.3:12). Ninguém conhece. O renascimento espiritual e a transformação do caráter são experiências pessoais. Explicar essa experiência a alguém que não nasceu de novo não é totalmente possível (cf. Jo.3:5-8). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:18 | 18. Ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Estas coisas diz o Filho de Deus, que tem os olhos como chama de fogo e os pés semelhantes ao bronze polido: Anjo. Ver com. de Ap.1:20. Tiatira. A origem e o significado deste nome são incertos. Alguns sugerem que Tiatira significa “doce sabor do trabalho”, talvez com base nas “obras” mencionadas da igreja (v. Ap.2:19). Embora menos notável do que as outras seis cidades, a antiga Tiatira se distinguia pelo número e pela diversidade de comércios e artes manuais que ali prosperavam. Ao que tudo indica, o tingimento de tecidos estava entre as atividades mais destacadas (At.16:14). Sem dúvida, os cristãos de Tiatira tinham oportunidades de emprego nos ateliês locais (sobre a antiga cidade de Tiatira, ver p. 80, 81; mapa, p. 684). Quando aplicada à história cristã, a mensagem a Tiatira é particularmente apropriada à experiência da igreja verdadeira durante a Idade Média (ver Nota Adicional a Apocalipse 2; Ap.2:29). As tendências iniciadas em períodos anteriores se tornaram dominantes durante a Idade Média. As Escrituras não estavam disponíveis ao cristão comum, e a tradição foi exaltada em seu lugar. As boas obras passaram a ser consideradas o meio para a salvação. Um sacerdócio terreno e humano obscurecia o sacerdócio verdadeiro e divino de Jesus Cristo (ver Nota Adicional a Daniel 7; Dn.7:28). Foi um tempo de grandes dificuldades para aqueles que resistiram à grande apostasia. O período histórico da igreja de Tiatira pode muito bem ser chamado de era da adversidade. Por causa da perseguição, a chama da verdade enfraqueceu e quase se apagou. A Reforma Protestante foi, em essência, uma restauração das grandes verdades do evangelho. Proclamou que os seres humanos podem ser salvos apenas mediante a fé em Cristo, que o único padrão de fé e prática é a Bíblia e que cada um pode suplicar em seu próprio favor diante do grande sumo sacerdote, Jesus Cristo, sem recorrer a um intercessor humano. Filho de Deus. Ver com. de Lc.1:35; Jo.1:14. Este título, assim como aqueles que introduzem as mensagens às outras igrejas, é retirado da descrição do Cristo glorificado (Ap.1:18; ver com. de Ap.2:1). O artigo definido usado aqui identifica, de maneira específica, o autor da mensagem como sendo a segunda pessoa da Divindade (ver com. de Ap.1:13). Olhos [...] pés. Ver com. de Ap.1:14-15. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:19 | 19. Conheço as tuas obras, o teu amor, a tua fé, o teu serviço, a tua perseverança e as tuas últimas obras, mais numerosas do que as primeiras. Tuas. Acerca da força do singular, ver com. do v. Ap.2:2. Obras. Ver com. do v. Ap.2:2. Amor. Do gr. ágape, “amor” (ver com. de Ap.5:43-44). Evidências textuais (cf. p. xvi) atestam a sequência “amor, e fé, e serviço, e perseverança”. Trata-se da enumeração das “obras” da igreja de Tiatira. O amor e a fé são a base interior para a expressão externa do serviço e da perseverança. Fé. Do gr. pistis (ver com. de Rm.3:3). Serviço. Do gr. diakonia, “serviço” ou “ministério” (ver com. de Rm.12:7). Perseverança. Do gr. hupomone (ver com. de Ap.1:9). As tuas últimas. Isto é, as últimas obras são maiores do que as primeiras, conforme o texto grego indica. A mensagem a Tiatira é a única das sete que contém um reconhecimento de melhora. A despeito das dificuldades em Tiatira, essa igreja experimentou crescimento espiritual, em contraste com a experiência de Éfeso (v. Ap.2:4-5). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:20 | 20. Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel,que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos. Uma coisa (NTLH). Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a omissão desta expressão. Embora alguns manuscritos antigos apresentem “muito” ou “muitas coisas”, a simples leitura “tenho |...| contra ti” (cf. v. Ap.2:4), como traz a ARA, é preferível. Tolerares. Do gr. aphiemi, “permitir”, “deixar operar”. A igreja estava em falta não só porque muitos se submeteram à apostasia, mas também porque não foi feito nenhum esforço para deter o avanço do mal. Jezabel. Sobre a figura histórica Jezabel, ver 1Rs.16:31; 1Rs.18:13; 1Rs.19:1-2; 1Rs.21:5-16; 1Rs.21:23-25; 2Rs.9:30-37. Assim como Jezabel propagou a adoração a Baal em Israel (1Rs.21:25), alguma falsa profetisa da época de João estaria desencaminhando a igreja de Tiatira. A mensagem revela que, mais do que em Pérgamo (Ap.2:14), a apostasia era desenfreada. Aplicada ao período de Tiatira na história cristã, a figura de Jezabel representa o poder que causou a grande apostasia medieval (ver Nota Adicional a Daniel 7; Dn.7:28; ver com. de Ap.2:18; Ap.17). Praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas. Ver com. de Ap.2:14; 2Rs.9:22. A acusação era, em primeiro lugar, à igreja local de Tiatira. Quando aplicada ao período de Tiatira na história cristã, representa uma mistura do paganismo com o cristianismo (ver com. de Ez.16:15; Ap.17:1). Esse processo foi acelerado durante o governo de Constantino e seus sucessores. O cristianismo medieval absorveu, em grande medida, formas e práticas pagãs. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:21 | 21. Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se da sua prostituição. Tempo. A oferta de perdão se estendeu à profetisa impenitente por um período considerável. Não quer arrepender-se. Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a variante “não está disposta a se arrepender” ou se recusa a fazê-lo. Não se tratava de um caso de falta de luz, nem de ignorância deliberada, mas de rebelião persistente. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:22 | 22. Eis que a prostro de cama, bem como em grande tribulação os que com ela adulteram, caso não se arrependam das obras que ela incita. Eis que a prostro de cama. O castigo para a falsa profetisa seria apropriado a seu crime. Esta expressão parece ter origem semita e é usada para se referir a quem adoece (ver Ex.21:18; Mt.9:2, literalmente, fala-se de “um paralítico lançado numa cama”). Na língua portuguesa, há a expressão “ficar de cama” (ver ainda com. de Ap.17:16-18). Os que com ela adulteram. Comparar com Ap.17:1-2. Caso não se arrependam. A porta da misericórdia ainda não havia se fechado por completo. Deus não isola os pecadores; são estes que se isolam dEle. Das obras. Evidências textuais (cf. p. xvi) atestam esta variante. Do ponto de vista de Deus falando à igreja, os pecados de Jezabel e de seus amantes são essencialmente os pecados dela, pois, por ser profetisa, exercia liderança. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:23 | 23. Matarei os seus filhos, e todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mentes e corações,e vos darei a cada um segundo as vossas obras. Matarei. João pode ter em mente a LXX, de Ez.33:27, em que o trecho significativo diz, literalmente: “E aqueles nas cavernas Eu matarei com morte.” Em vez de “morte”, o hebraico traz “praga” ou “peste” (ARA). É possível que este seja o sentido de “matarei” no texto de João. Filhos. A fornicação de Jezabel era habitual, pois já tinha filhos. O provável sentido figurado é que ela havia conquistado adeptos comprometidos. O juízo recairia não só sobre a mãe, mas também sobre sua descendência, contaminada com seu mau caráter (comparar com a destruição dos filhos de Acabe, em 2Rs.10:7). Mentes. Ou, os “rins” (ACF). Antigamente, pensava-se que os rins eram o centro da vontade e das afeições (ver com. de Sl.7:9). Corações. Isto é, o intelecto. Cristo conhece tanto os pensamentos quanto as emoções. Seu juízo é justo porque Ele vê e leva em conta os segredos do coração (ver Sl.7:9; Je.11:20; ver com. de 1Sm.16:7). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:24 | 24. Digo, todavia, a vós outros, os demais de Tiatira, a tantos quantos não têm essa doutrina e que não conheceram, como eles dizem, as coisas profundas de Satanás: Outra carga não jogarei sobre vós; Os demais. Isto é, os cristãos fiéis em Tiatira. Historicamente, a expressão se refere aos pequenos grupos, ao longo da Idade Média, que procuraram permanecer leais ao cristianismo apostólico. Esses movimentos eram encontrados tanto dentro quanto fora da estrutura formal da igreja dominante. De particular importância eram os valdenses, no continente europeu, e os seguidores de Wycliffe, na Inglaterra. Nenhum deles tinha a verdade evangélica conforme proclamada posteriormente na Reforma Protestante. Contudo, a mensagem aos “demais de Tiatira” era adequada para eles. Deus não colocaria sobre eles outra carga além de ser fiéis à luz que possuíam. Essa doutrina. Isto é, os ensinos de Jezabel (ver com. do v. Ap.2:20). Profundas. Literalmente, “profundidades”, com o sentido de “coisas profundas”. Cristo toma as palavras que os apóstatas aplicavam orgulhosamente aos próprios ensinos (“como eles dizem”) e dá a elas o nome devastador de “as coisas profundas de Satanás”. Os gnósticos afirmavam ser os únicos conhecedores das “coisas profundas” (ver vol. 6, p. 40-45). Outra carga. A fidelidade à luz que tinham seria suficiente. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:25 | 25. tão somente conservai o que tendes, até que eu venha. Até que Eu venha. A “bendita esperança” (ver Tt.2:13) do breve retorno de Cristo sempre foi o esteio dos cristãos que passam por angústias. Cristo não indicou com isso que voltaria enquanto os membros da igreja local de Tiatira estivessem vivos, nem dentro do período de Tiatira na história da igreja (ver com. de Ap.1:1). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:26 | 26. Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações, Ao vencedor. Ver com. do v. Ap.2:7. As Minhas obras. Isto é, as obras refletem o caráter de Cristo. Elas faziam contraste com as “obras” daqueles que se aliavam a Jezabel (ver com. do v. Ap.2:22). Autoridade sobre as nações. Comparar com Ap.20:4. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:27 | 27. e com cetro de ferro as regerá e as reduzirá a pedaços como se fossem objetos de barro; Cetro. A palavra grega representa o heb. shevet (SI.2:9), que pode significar o bordão de um pastor (SI.23:4), um cetro (Sl.45:6) ou uma vara de castigo (SI.125:3). O contexto sugere que o “cetro” aqui é tanto um símbolo de governo quanto um instrumento de punição. Regerá. Do gr. poimaino, literalmente, “pastorear”, portanto, “governar” (ver com. de Mt.2:6). A citação é baseada no Sl.2:9. Na segunda vinda. Cristo reduzirá as nações a pedaços com um “cetro de ferro” (ver com. de Ap.19:15). No pseudepígrafo Salmos de Salomão 17:26 (Charles, op. cit., p. 649) deixa-se claro que os judeus consideravam o Sl.2:9 uma predição messiânica: “Ele [o Messias, filho de Davi] lançará os pecadores fora da herança. Ele destruirá o orgulho do pecador como um objeto de barro. Com cetro de ferro reduzirá a pedaços toda sua substância.” Uma vez que os redimidos viverão e reinarão com Cristo, eles são representados aqui compartilhando de Sua obra (ver com. de Ap.12:5; Ap.20:4). Reduzirá. A regência mencionada resulta na destruição dos ímpios (sobre a natureza desse governo, ver com. de Ap.20:4). Objetos de barro. Ver Je.19:1; Je.19:10-11. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:28 | 28. assim como também eu recebi de meu Pai, dar-lhe-ei ainda a estrela da manhã. Assim como também Eu recebi. Ver Mt.11:27; Mt.28:18; Jo.3:35; Jo.5:22; Jo.5:27; At.17:31; vol. 5, p. 1015. Estrela da manhã. Isto é, o próprio Cristo (ver Ap.22:16; 2Pe.1:19). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.2:29 | 29. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Tem ouvidos. Ver com. do v. Ap.2:7. NOTA ADICIONAL A APOCALIPSE 2 A aplicação das mensagens ás sete igrejas a sete períodos consecutivos da história da igreja (ver com. de Ap.2:1) naturalmente sugere a necessidade de uma série de datas de transição a fim de facilitar a coordenação das diversas mensagens com seus respectivos períodos. Contudo, na tentativa de definir essas datas, é importante lembrar que: (1) A profecia das sete igrejas não é temporal no sentido comum do termo, pois não há datas cronológicas específicas associadas a ela. Essa profecia se refere, em primeiro lugar, às experiências sucessivas da igreja e difere consideravelmente de profecias como a dos 1.260 dias (Dn.7:25), das 2.300 tardes e manhãs (Dn.8:14) e das setenta semanas (Dn.9:25). (2) As grandes eras da história não são marcadas por datas exatas. Quando usadas, as datas funcionam como pontos convenientes de natureza geral, não como delimitadores exatos. A transição de um período para o outro é um processo gradual. Contudo, não há problema em indicar datas aproximadas a fim de ajudar a relacionar as mensagens com eventos correspondentes da história. Alguns sugerem datas diferentes das citadas abaixo e expressões distintas para nomear os períodos. Contudo, essa variação de datas e nomes não afeta substancialmente a mensagem geral encontrada nas cartas às sete igrejas. 1. Éfeso. Há consenso de que o período representado por esta igreja abrange a era apostólica. Logo, pode ser datado de aproximadamente 31 d.C., o ano da ascensão do Senhor (ver vol. 5, p. 255-260), até o ano 100 d.C. 2. Esmirna. As mensagens à segunda e terceira igrejas identificam a transição de Esmirna para Pérgamo como a mudança da situação de perseguição para a de popularidade. A transição é marcada pelo reinado de Constantino, o Grande, de 306 a 337, o primeiro imperador romano supostamente cristão. Antes do famoso Edito de Milão, em 313, o cristianismo era uma religião ilegal e enfrentou vários períodos de intensa perseguição por parte do estado (ver p. 4, 5; vol. 6, p. 45-48). O edito decretou direitos iguais para todas as religiões do império e restaurou as propriedades cristãs confiscadas. No mesmo ano, Constantino dispensou o clero cristão do serviço civil e militar e isentou suas propriedades da cobrança de impostos. O ano de 313, ou o de sua suposta conversão ao cristianismo, em 323/325, pode ser considerado a data apropriada para a transição do período de Esmirna para Pérgamo. 3. Pérgamo. A revelação caracterizou o período de Pérgamo como uma época de concessões, apostasia e popularidade, durante a qual a igreja romana consolidou seu poder e autoridade. Em consequência, no encerramento do período de Pérgamo, Roma imperial estava fora do caminho, e o papado totalmente constituído e pronto para sua carreira de governante do mundo ocidental (ver Nota Adicional a Daniel 7; Dn.7). Qualquer um dos vários acontecimentos a seguir pode servir de ponto aceitável para o fim desse período. A deposição do último imperador romano, em 476, é uma delas. Outra seria a conversão do rei franco Clóvis, o primeiro governante germânico a aceitar o cristianismo romano e a se aliar aos interesses da igreja na conquista de outros povos germânicos, em 496. O decreto de Justiniano, promulgado em 533, concedendo ao papa plenos poderes eclesiásticos no Oriente e no Ocidente, começou a vigorar em 538. De modo geral, os historiadores consideram que o pontificado de Gregório, o Grande (590-604), marca a transição do período antigo para o medieval, e seu reinado como papa pode ser considerado um divisor de águas. Gregório é visto como o primeiro dos prelados medievais. Ele assumiu ousadamente o papel de imperador do Ocidente, e sua administração lançou os fundamentos para as reivindicações posteriores de absolutismo papal. O ano 756 marca o início do governo territorial papal e a ascensão da França ao papel de “filho mais velho do papado” (ver vol. 4, p. 921). Nesse ano, Pepino, da França, derrotou os lombardos do norte da Itália que ameaçavam o papa e cedeu a este o território. Essa concessão, comumente chamada de Doação de Pepino, marca o início dos estados papais, nos quais o pontífice governou como monarca absolutista por mais de mil anos. No entanto, a importância de 538 como ponto de partida para os 1.260 anos (ver com. de Dn.7:25) sugere que seja uma data mais apropriada para a conclusão do período de Pérgamo do que as demais (ver p. 4-8). 4. Tiatira. Essa época é caracterizada como a era da supremacia papal. A importância do intervalo de 1.260 anos na profecia bíblica (ver com. de Dn.7:25; Ap.12:6) sugere que 1798 pode ser uma data final adequada para Tiatira. Contudo, considerando a importância da Reforma para a ruptura da supremacia papal, o ano 1517 também seria uma data de término apropriada (ver p. 35, 36; vol. 4, p. 921). Alguns podem defender que a perda dos estados papais, em 1870, e o consequente status do papa de “prisioneiro do Vaticano” imposto por ele mesmo, também poderia tornar esse ano uma data possível. Contudo, 1870 parece um ano tardio para acomodar a profecia dos 1.260 anos e também os outros períodos da história da igreja, conforme apresentados em Apocalipse 2 e 3. 5. Sardes. Esta é a igreja característica da época da Reforma. É possível definir seu início em 1517 ou 1798. Aqueles que apontam 1798 como data final para a igreja de Tiatira e início do período seguinte sugerem que 1833 seria o ano apropriado para o término da igreja de Sardes. Outros entendem que 1755 seja uma data adequada para esse término. 6. Filadélfia. A revelação determina que esta é a igreja do grande despertamento para o segundo advento. Várias datas de início toram sugeridas para esse período. Alguns propõem 1833, o ano do grande sinal na natureza, predito pelo Senhor (ver com. de Mt.24:33). Essa data está ligada ao início da proclamação da mensagem do advento por Guilherme Miller. Outros sugerem que o ano de 1798, início do “tempo do fim” (ver com. de Dn.11:35), também seria aceitável. Outros ainda favorecem o ano 1755, comumente aceito como a data do primeiro dos sinais específicos do fim, durante o sexto selo (ver com. de Ap.6:12), considerando que esta escolha combina bem com o caráter da igreja de Filadélfia, que foi a igreja do despertamento para a segunda vinda. Há consenso entre os eruditos adventistas do sétimo dia de que 1844 deve marcar o término do período de Filadélfia e o início do de Laodiceia (ver com. de Dn.8:14). 7. Laodiceia. Por ser o último de sete, o período de Laodiceia continua até a segunda vinda de Cristo. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:1 | 1. Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Estas coisas diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto. Anjo. Ver com. de Ap.1:20. Sardes. A primeira cidade importante na estrada ao sul de Tiatira. Assim como Tiatira, Sardes desfrutava de uma localização comercial favorável. Estrabão, o geógrafo da Antiguidade, a chama de “grande cidade” (Geografia, xiii.4.5; ed. Loeb, vol. 6, p. 171), embora, nos dias de João, ela não conseguisse se equiparar a Éfeso ou Pérgamo (ver p. 81-83). O significado de seu nome, porém, é incerto. Alguns sugerem “cântico de alegria”, “aquela que permanece” ou “algo novo”. Sete Espíritos. Ver com. de Ap.1:4. Sete estrelas. Esta imagem, assim como as que introduzem as mensagens a cada uma das outras igrejas, é extraída da descrição do Cristo glorificado (ver com. de Ap.1:16-20). As tuas obras. Ver com. de Ap.2:2. Nome. Neste caso, “reputação”. A hipocrisia caracterizava essa igreja, que não era aquilo que fingia ser. As igrejas da Reforma professaram ter descoberto o que significa viver pela fé em Jesus Cristo. Todavia, em sua maioria, caíram em um estado semelhante ao da organização da qual haviam se separado (cf. 2Tm.3:5). Seu nome (protestantes) sugeria oposição aos abusos, erros e ao formalismo católico romano; e o nome “Reforma” indica que nenhuma dessas falhas seria encontrada dentro do corpo protestante (ver p. 27-51). Estás morto. Este amargo comentário dá início a uma mensagem formada principalmente por reprovações. O pecado da hipocrisia despertou as denúncias mais severas de Jesus contra os líderes religiosos de Sua época (ver Mt.23:13-33). Então, o Cristo glorificado faz Sua repreensão mais aberta à hipócrita igreja de Sardes. Em vez, do ter “vida” ou ser vivificada em Cristo (ver Ef.2:5; Cl.2:13; Gl.2:20), como alegava, esta igreja estava morta (cf. 2Tm.3:5). Aplicada ao período de Sardes da história da igreja, pode-se considerar que a mensagem é dirigida ao final do período da Reforma e pode ser datada de 1517 a 1755; (ver Nota Adicional a Apocalipse 2; Ap.2:29). Algumas décadas depois do início da Reforma, as novas igrejas passaram por um período de fortes controvérsias doutrinárias. Com o tempo, as diferenças de opinião foram resolvidas adotando credos definitivos que tendiam a desestimular a busca por verdades adicionais. Nos primeiros séculos de sua história, a igreja romana cristalizara boa parte de sua teologia por meio de um processo semelhante. Protegidas pelo poder e prestígio do estado e abrigadas pelo refúgio de credos confessionais rígidos, as igrejas nacionais do mundo protestante passaram a se contentar, de modo geral, com a forma de piedade, sem seu poder. Outro fator importante que contribuiu para a apatia em relação às coisas espirituais foi o racionalismo, nos séculos 17 e 18. Apoiados em descobertas científicas, muitos eruditos começaram a crer que as leis naturais eram suficientes para explicar o funcionamento do universo. Com frequência, concluíam que a principal função de Deus neste mundo foi a de uma causa inicial e desde esse primeiro ato de criação, o mundo vinha funcionando de maneira mais ou menos independente, os intelectuais perceberam a eliminação da reflexão teológica independente em vista das fórmulas rígidas da ortodoxia protestante e se voltaram, em alguns casos, para o racionalismo filosófico. O racionalismo produziu idealismo elevado e pensamentos louváveis em campos como a ciência política e o humanitarismo. Porém, quando aplicados à religião, seus pressupostos contribuíram para a frieza espiritual que caracterizou grande parte do protestantismo nos séculos posteriores à Reforma. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:2 | 2. Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus. Sê vigilante. Sobre a vigilância como um dever cristão, ver com. de Mt.24:42; Mt.25:13. O resto. Mesmo no protestantismo institucionalizado, havia certas coisas que deviam ser preservadas. Muito, mas nem tudo, fora perdido. A vida espiritual do protestantismo estava morrendo, mas o sistema não estava morto. Pode-se considerar que a “sobrevivência” seja a nota tônica do período de Sardes na história da igreja. Íntegras as tuas obras. O ardor do protestantismo ao longo de seus primeiros anos alimentava a esperança de crescimento rumo à perfeição e à integridade na compreensão das verdades reveladas e na aplicação delas à vida. Contudo, à medida que os anos se passaram, o zelo e a piedade se esvaíram. A igreja então se cansou do esforço para alcançar o objetivo ao qual havia se proposto. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:3 | 3. Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão,e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti. Lembra-te, pois. Comparar com Ap.2:5. Tens recebido. A forma verbal do grego sugere que a igreja de Sardes não só havia recebido a verdade, mas ainda a possuía. Nem tudo estava perdido. Ainda havia esperança, conforme demonstra a ordem para guardar, que, no grego, significa “continuar a guardar”. Alguns cristãos de Sardes não tinham apostatado, o que está claro no v. Ap.3:4. Arrepende-te. Do gr. metanoeo (ver com. de Mt.3:2). Ladrão. Comparar com Mt.24:43, que faz referência à segunda vinda de Cristo. Aqui, a advertência pode incluir não só o segundo advento em si, mas também uma visitação divina mais imediata (cf. Ap.2:5). Qualquer uma dessas vindas seria inesperada para quem não se arrependesse e vigiasse (comparar com GC, 490). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:4 | 4. Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas. Pessoas. Ver com. de At.1:15. Contaminaram as suas vestiduras. Linguagem figurada para a contaminação moral, em que a maior parte da igreja de Sardes havia caído (ver com. de Mt.22:11; Ap.16:15; cf. com. de Is.63:6). De branco. Em contraste com os que caíram moralmente, contaminando suas “vestiduras”, os fiéis vestem roupas “brancas”, limpas e sem manchas, símbolo de sua pureza. A frase seguinte revela isso, “pois são dignas” (ver Ap.7:13-14). A justiça e a dignidade não pertencem a eles, mas resulta de lavar as vestiduras no sangue do Cordeiro, até ficarem brancas. Eles receberam a justiça de Cristo. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:5 | 5. O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagareio seu nome do Livro da Vida;pelo contrário, confessarei o seu nomediante de meu Pai e diante dos seus anjos. O vencedor. Ver com. de Ap.2:7. Vestido. Isto é, com imortalidade na vida futura. Vestiduras brancas. Ver com. do v. Ap.3:4. Apagarei. Ver com. de Ap.3:19. A expressão figurada “de modo nenhum apagarei” garante ao pecador arrependido que suas faltas foram perdoadas, mas adverte ao impenitente que seu nome será removido do Livro da Vida. A própria identidade pessoal do impenitente deixará de existir, e ele não terá mais lugar entre os seres criados (comparar com GC, 490). Livro da Vida. Ver com. de Fp.4:3; Ap.13:8; Ap.20:15. Confessarei o seu nome. Isto é, o reconheceria como um seguidor devoto e leal. Cristo é o advogado e intercessor, o grande sumo sacerdote de todos que proclamam Sua justiça (ver 1Jo.2:1-2; Mt.10:32-33; Hb.8:1-6). Diante dos Seus anjos. O “propósito ainda mais vasto e profundo” do plano da redenção é “reivindicar o caráter de Deus perante o universo” (PP, 68; cf. DTN, 19). Quando Cristo, em Seu papel de intercessor e sumo sacerdote, apresenta Seu povo resgatado perante o trono de Deus, Ele oferece testemunho convincente às hostes celestiais de que os caminhos do Senhor são justos e verdadeiros. Eles veem a justiça de Deus ser reivindicada, tanto em Sua “obra estranha” (Is.28:21) de entregar os impenitentes à destruição quanto no perdão dos pecadores que aceitam Sua graça salvadora pela fé. Sem a intercessão de Cristo no papel de sumo sacerdote, tais atos misteriosos de Deus poderiam parecer arbitrários e injustificados para os seres inteligentes do universo. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:6 | 6. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Quem tem ouvidos. Ver com. de Ap.2:7. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:7 | 7. Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Estas coisas diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi,que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá: Anjo. Ver com. de Ap.1:20. Filadélfia. Palavra que significa “amor fraternal”. Esta cidade foi fundada no 2º século antes de Cristo e nomeada em honra a Átalo 11 Filadelfo, de Pérgamo, enaltecendo sua lealdade ao irmão mais velho, Eumenes II, que o antecedeu no trono. Após um terremoto catastrófico, em 17 d.C., foi reconstruída pelo imperador romano Tibério, mas permaneceu relativamente pequena. Ficava localizada a 48 km a sudeste de Sardes. Quando a aplicação histórica é feita, a mensagem a Filadélfia pode ser considerada adequada a vários movimentos protestantes no final do século 18 e primeira metade do 19, cujo objetivo era transformar a religião em algo vital e pessoal (ver com. do v. Ap.3:2; ver Nota Adicional a Apocalipse 2; Ap.2:29). Os grandes movimentos evangélicos e do advento na Europa e nos Estados Unidos restauraram o amor fraternal e enfatizaram a piedade prática, em contraste com as formalidades religiosas. O reavivamento da fé na graça salvadora de Cristo e na proximidade de Seu retorno renovou a comunhão cristã experimentada desde o início da Reforma (sobre o contexto deste período, ver p. 52-55). O santo. Este título é usado para se referir a Deus no AT (Is.40:25; Hc.3:3). No NT, uma denominação semelhante é aplicada diversas vezes a Cristo, deixando implícita Sua divindade (ver Lc.1:35; At.4:27; At.4:30; cf. com. de Jo.6:69). O verdadeiro. Do gr. alethinos, “genuíno”, “real”, em contraste com os falsos deuses. A chave de Davi. Este versículo aplica a profecia de Isaías acerca de Eliaquim a Cristo (Is.22:20-22; 2Rs.18:18). Eliaquim foi designado para supervisionar a casa de Davi, conforme demonstra o fato de que receberia “a chave da casa de Davi”. Cristo possui a “chave”, o que indica Sua jurisdição sobre a igreja e sobre o propósito divino a ser alcançado por meio dela (ver Mt.28:18; Ef.1:22; comparar com Ap.5:5; Ap.22:16; ver com. de Mt.1:1). Que abre. Isto é, com a “chave de Davi”. Cristo tem plena autoridade para abrir e fechar, para levar o plano da redenção a completo êxito. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:8 | 8. Conheço as tuas obras — eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar — que tens pouca força, entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome. Tuas. Sobre a força do singular, ver com. de Ap.2:2. Obras. Ver com. de Ap.2:2. Uma porta aberta. Tendo a “chave de Davi” (v. Ap.3:7), Cristo pode abrir uma “porta” de oportunidades ilimitadas para a igreja de Filadélfia alcançar vitórias na luta contra o pecado e para dar testemunho da verdade salvadora do evangelho. Há outros usos semelhantes de “porta” como um símbolo de oportunidade (ver At.14:27; 1Co.16:9; 2Co.2:12; Cl.4:3). Os adventistas do sétimo dia defendem que o encerramento do período de Filadélfia (1844) marca o início do juízo investigativo (ver com. de Dn.7:10; Ap.14:6-7). Cristo é nosso grande sumo sacerdote (Hb.4:14-15; Hb.8:1), que ministra no santuário celestial, o “verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem” (Hb.8:2; Hb.8:6; Ex.25:8-9). O ritual do santuário terrestre consistia essencialmente de duas partes, o serviço diário da ministração pelo pecado, no lugar santo, e o serviço anual, no Dia da Expiação, que era considerado um dia de juízo, no lugar santíssimo (ver Hb.9:1; Hb.9:6-7; ver com. de Dn.8:11; Dn.8:14). Considerando que o santuário terrestre era “figura e sombra das coisas celestes” (Hb.8:5), conclui-se que os serviços diário e anual do santuário terrestre encontram correspondentes no ministério de Cristo no santuário celestial, falando em termos do simbolismo do santuário terrestre, que era uma “figura do verdadeiro” (Hb.9:24), no antitípico Dia da Expiação, iniciado em 1844, nosso grande Sumo Sacerdote deixou o lugar santo do santuário celestial e entrou no santíssimo. Assim, a “porta fechada” seria a do lugar santo do santuário celestial e a “porta aberta”, a do santíssimo, no qual Cristo se encontra envolvido na obra do grande antitípico Dia da Expiação, desde 1844 (ver CC, 430, 431,435; PE, 42). Em outras palavras, a “porta fechada” indica o encerramento da primeira etapa do ministério celestial de Cristo e a “porta aberta”, o início da segunda etapa (sobre a “porta fechada”, no início do adventismo, ver L. E. Froom, The Prophetic Faith of Our Fathers, vol. 4, p. 829-842; e também em “Open and Shut Door”, em SDA Encyclopedia, p. 1034-1037; ver ainda sobre a doutrina do santuário, em Nota Adicional a Hebreus 10; Hb.10:39). Ninguém pode fechar. Cristo levará avante a obra da redenção até terminá-la. O ser humano nada pode fazer para impedir Seu ministério nas cortes do Céu, nem em Sua jurisdição e em Seu controle sobre as questões terrenas (ver com. de Dn.4:17). Pouca força. Pode ser que Cristo esteja, aqui, reprovando a igreja de Filadélfia por ter tão pouca força ou a elogiando por ter um pouco de força. Com exceção de “poucas pessoas” em Sardes, aquela igreja estava completamente morta, e pode ser que a “pouca força” de Filadélfia represente uma situação mais animadora do que a de Sardes. A ligação entre a “pouca força” e o elogio por guardar a palavra de Cristo e não negar Seu nome tende a confirmar essa conclusão. Além disso, pode-se entender a “porta aberta” como um convite para entrar na experiência de uma Força ainda maior. Ao que tudo indica, a igreja na antiga Filadélfia não era grande, nem influente, mas era pura e fiel. O período de Filadélfia na história da igreja, com sua atenção à Palavra de Deus, sobretudo às profecias de Daniel e do Apocalipse, e à piedade pessoal, representa um retrato mais animador do que o período que a precedeu. Minha palavra. A palavra de Deus expressa Sua vontade. Deus revela Seu querer por intermédio da natureza, mas especialmente por meio de Seus profetas e apóstolos, pelo testemunho direto do Espírito Santo ao coração humano, pelas experiências da vida, pelo decorrer da história humana e, sobretudo, por intermédio de Cristo. Nome. Ver com. de Ap.2:3. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:9 | 9. Eis farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos se declaram judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pése conhecer que eu te amei. Eis que farei. Literalmente, “lhes darei”. GramaticaImente, pode-se compreender que Deus faria os membros da “sinagoga de Satanás” “vir e prostrar-se” aos pés dos cristãos de Filadélfia, sem se arrependerem, ou que Deus daria aos cristãos de Filadélfia alguns dos judeus da cidade como conversos. O contexto não é conclusivo. Da sinagoga. Ou, “alguns da sinagoga”. A si mesmos se declaram judeus. Ver com. de Ap.2:9. Vir e prostrar-se. A sequência: “vir”, “prostrar-se”, “conhecer” parece envolver mais do que o triunfo público dos cristãos da antiga Filadélfia sobre seus oponentes judeus. Para os cristãos, assim como para os conquistadores pagãos, alegrar-se diante da perspectiva de ver seus acusadores finalmente prostrados a seus pés dificilmente parece refletir o espírito do verdadeiro cristianismo. Em vez disso, tais palavras podem se referir à conversão de alguns dos judeus da cidade de Filadélfia (cf. 1Co.14:24-25), que aprenderiam do amor de Deus por experiência própria. Esse crescimento no número de fiéis poderia resultar da “porta aberta” (Ap.3:8) e da lealdade da igreja à “palavra” de Cristo. A lealdade costuma persuadir até mesmo o coração dos perseguidores. Sobre o período de Filadélfia na história da igreja, esta expressão pode ser aplicada àqueles que não acompanham o avanço da verdade e ainda se opõem aos que o fazem. Compreendida dessa maneira, a referência pode ser à ocasião em que aqueles que rejeitaram a verdade confessarão seu erro (ver GC, 655). As palavras “vir e prostrar-se aos teus pés” são extraídas da LXX (Is.60:14; Is.49:23). Assim como os estrangeiros deveriam ter ido ao antigo Israel para aprender sobre Deus (ver vol. 4, p, 13-17), os não cristãos devem se dirigir à luz do evangelho para encontrar salvação (ver vol. 4, p. 21-23). Ap.3:9 também tem sido aplicado àqueles que persistem na oposição à verdade, sobretudo na época em que as circunstâncias os compelirão, mesmo impenitentes, a reconhecer que os leais à verdade realmente são o povo de Deus. Este versículo pode incluir tanto os adversários da verdade arrependidos quanto os impenitentes. Nesse caso, um grupo faz um reconhecimento sincero, ao passo que os outros são apenas obrigados a isso pelas circunstâncias. Eu te amei. Provável referência a Is.43:4. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:10 | 10. Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra. Palavra da Minha perseverança. Alguns interpretam que esta expressão significa “minha palavra de perseverança”, isto é, minha ordem para ser perseverante. Também pode se tratar do ensino acerca da perseverança de Cristo (cf. 2Ts.3:5). As duas ideias se unem no pensamento: “Cristo nos encoraja a ser perseverantes assim como Ele foi quando provado”. Da. Do gr. ek, “fora de”, indicando que os vencedores suportarão com êxito o período de tribulação, não que serão poupados dele (ver com. de Dn.12:1; Mt.24:21-22; Mt.24:29-31). Hora da provação. Não se trata de um período específico, seja literal ou profético, mas de uma “temporada” ou “época”. “Hora” aqui tem o mesmo significado visto em Ap.3:3. Em harmonia com as repetidas referências à iminência do retorno de Cristo (ver com. de Ap.1:1), a “hora da provação” se refere, sem dúvida, ao período de maior prova antes do segundo advento. Os que habitam. Esta expressão e as semelhantes (Ap.6:10; Ap.8:13; Ap.11:10; Ap.13:8; Ap.13:14; Ap.17:2; Ap.17:8) são usadas de maneira consistente em todo o Apocalipse para se referir aos ímpios, sobre quem os juízos divinos serão derramados. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:11 | 11. Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. Coroa. Ver com. de Ap.2:10. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:12 | 12. Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalémque desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome. Coluna no santuário. Uma “coluna” metafórica faria parte de um “templo” metafórico. No NT, a palavra traduzida por “templo” (nãos), em geral, se refere ao interior do santuário, os lugares santo e santíssimo, não a todo o complexo de construções que formava o templo antigo. Logo, esta promessa significa que o vencedor terá um lugar permanente e importante na presença de Deus (sobre a metáfora “coluna”, ver Gl.2:9; 1Tm.3:15). Jamais sairá. Isto é, será permanente. Em harmonia com a figura, sair representaria deixar a presença de Deus de maneira deliberada, como o fez Lúciter (PP, 37). Uma promessa como esta só poderia ser feita àqueles que vencessem permanentemente. Nesta vida, a possibilidade de sair permanece, mas, na vida futura, ninguém escolherá sair. Nome do Meu Deus. Ver com. de At.3:16; Ap.2:8; Ap.2:17; Ap.14:1; Ap.22:4. Esta expressão dá continuidade à figura de linguagem introduzida por “coluna”; portanto, também pode ser interpretada de maneira figurada. Assim como “nome” indica personalidade e caráter, a promessa feita se refere à impressão permanente do caráter de Deus sobre os vencedores. Então, a imagem do Criador estará plenamente restaurada neles. Esta figura de linguagem também pode sugerir que os santos vitoriosos serão completamente do Senhor, conforme atesta Seu nome, ou sinal de propriedade, fixado sobre eles. Nome da cidade. A coluna não tem só o nome divino inscrito sobre ela, mas também o nome da nova Jerusalém, isso significa que o cristão vitorioso é cidadão da nova Jerusalém e tem o direito de morar ali (At.22:14). Nova Jerusalém. Não é “nova” no sentido de ser uma réplica da cidade literal com o mesmo nome, mas o contraste celestial de sua correspondente terrena. A antiga Jerusalém deveria ter se tornado uma metrópole nesta Terra e perdurado para sempre (ver vol. 4, p. 16, 17). Todavia, por sua falha em cumprir o plano designado, esse papel será concedido à nova Jerusalém. A expressão “nova Jerusalém” só ocorre no Apocalipse, mas o conceito é anterior (ver Cl.4:26; Hb.12:22; sobre o significado de “Jerusalém”, ver com. de Is.10:1). Desce. Ver com. de Ap.21:2. Meu novo nome. O terceiro nome escrito na coluna simbólica é o do próprio Cristo. Ele faz a mediação do processo de entrega do caráter divino ao vencedor, representado pelo nome (ver com. de At.3:16). Somente porque Deus Se fez homem em Jesus Cristo é que o ser humano pode ser restaurado à imagem divina. Isso ocorre por intermédio do dom da vida e do caráter de Cristo, concedido ao crente (ver Cl.2:20; DTN, 388). Receber o nome de Cristo é ser confirmado como propriedade dEle (ver com. de 2Co.1:22). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:13 | 13. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Tem ouvidos. Ver com. de Ap.2:7. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:14 | 14. Ao anjo da igreja em Laodiceia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criaçãode Deus: Anjo. Ver com. de Ap.1:20. Em Laodiceia. Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam esta variante. O nome “Laodiceia” é definido como “julgando o povo” ou “um povo julgado”. A segunda opção parece preferível neste caso. O caminho mais curto de Filadélfia para a cidade de Laodiceia é de cerca de 80 km (ver mapa, vol. 6, p. 19). Esta Foi fundada pelo rei selêucida Antíoco II Teos (241-246 a.C.) e nomeada em homenagem a sua esposa, Laodice. Situada no vale do rio Lico, Laodiceia era um centro comercial próspero nos dias de João, especializado na produção de lã. Ficava a poucos quilômetros das cidades de Colossos e Hierápolis, onde cedo houve cristãos (ver Cl.4:13). Na época em que o Apocalipse foi escrito, a igreja de Laodiceia existia provavelmente havia cerca de 40 anos. Paulo demonstrou interesse por esta congregação e orientou os colossenses a compartilhar cartas com os laodicenses (Cl.4:16; ver vol. 5, p. 171; sobre a antiga cidade de Laodiceia, ver p. 84, 85). Amém. A união deste título com “testemunha fiel e verdadeira” o identifica como uma referência a Cristo (ver Ap.1:5), o autor das epístolas às sete igrejas (sobre o significado de “amém”, ver com. de Dt.7:9; Mt.5:18). A aplicação do termo a Cristo pode ser comparada a Is.65:16, passagem em que, no texto hebraico, o Senhor é chamado de ‘Elohe amen, “o Deus do amém”. Aqui, o título pode ser entendido como uma declaração de que Cristo é a verdade (ver Jo.14:6). Em consequência, Sua mensagem à igreja de Laodiceia deve ser aceita sem questionamentos. Testemunha fiel e verdadeira. Ver com. de Ap.1:5. Princípio. Do gr. arche, palavra que tem tanto sentido passivo quanto ativo. No passivo, refere-se àquilo que é alvo de uma ação no princípio. Se for interpretada assim, significa que Cristo foi a primeira das criaturas, o que obviamente não é a tradução correta, pois Cristo é eterno. No sentido ativo, arché se refere àquilo que inicia uma ação, a causa primeira, o motivador inicial. Nessa interpretação, declara-se que Cristo é o criador. Este é o sentido claro da passagem, pois Jesus é retratado diversas vezes exercendo esse papel (ver vol. 5, p. 1013; ver com. de Jo.1:3; Hb.1:2). A declaração semelhante de Cl.1:15-16 havia sido lida pela igreja de Laodiceia muitos anos antes (cf. Cl.4:16). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:15 | 15. Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Tuas. Sobre a força do singular, ver com. de Ap.2:2. Obras. Ver com. de Ap.2:2. Nem és frio nem quente. Esta expressão figurada deve ter tido um significado específico para os cristãos de Laodiceia. Um dos principais atrativos turísticos da região era uma cachoeira na qual fluía uma torrente das fontes termais desde Hierápolis, deixando depósitos minerais ao longo de seu curso. A água de Laodiceia não era essa fonte quente, nem fria, mas uma torrente de água que fluía por um aqueduto que fazia depósitos de uma água mineral semelhante, provavelmente morna. Portanto, a água mineral morna era algo familiar aos laodicenses e caracterizava adequadamente sua condição espiritual. A situação espiritual de mornidão da igreja de Laodiceia era mais perigosa do que a frieza. O cristianismo morno preserva o suficiente da forma e até mesmo do conteúdo do evangelho para nublar a percepção da mente, deixando as pessoas inconscientes do empenho necessário para se alcançar o ideal de uma vida vitoriosa em Cristo. O típico cristão laodicense se contenta com as coisas como estão e se orgulha do pouco progresso que já fez. É quase impossível convencê-lo de sua grande necessidade e de como se encontra distante, do ideal de perfeição. Uma vez que a mensagem às sete igrejas reflete todo o curso da igreja cristã (ver com. de Ap.1:11; Ap.2:1), a sétima mensagem deve representar a experiência da igreja durante o período final da história da Terra. O nome Laodiceia indica o passo final na caminhada da igreja, o aperfeiçoamento do “povo julgado” e considerado justo (ver com. do v. Ap.3:14). Além disso, sugere que a preparação dos fiéis e o processo divino de declará-los justos se estenderão até o fim do período (ver com. de Dn.8:13-14; Ap.3:8; Ap.14:6-7). Portanto, é apropriado que a mensagem aos laodicenses se aplique à igreja desde 1844 até o fim dos tempos (ver Nota Adicional a Apocalipse 3; Ap.3:22) e que o período por ela representado receba o nome de era do juízo. A mensagem a Laodiceia se dirige a todos que professam ser cristãos (ver T6, 77). Por mais de um século, os adventistas do sétimo dia reconhecem que a mensagem aos laodicenses também se aplica a eles de maneira específica (ver Tiago White, RH, 16/10/1856; cf. T1, 141-144). O reconhecimento dessa aplicação sugere uma repreensão constante à satisfação do eu e incentiva uma vida dedicada à conformidade com o padrão de uma vida perfeita em Cristo Jesus (ver com. de Ap.3:18). Quem dera. A mornidão espiritual resulta num estado de alerta limitado, reação lenta e indecisão. Caso a igreja de Laodiceia fosse fria, o Espírito de Deus poderia convencê-la mais prontamente do perigo de sua condição. A declaração a seguir esclarece por que a situação de frieza é preferível à mornidão. “Seria mais aceitável ao Senhor se os crentes mornos nunca houvessem feito menção de Seu nome. Eles são um contínuo peso àqueles que desejam ser fiéis seguidores de Jesus. São uma pedra de tropeço aos descrentes” (T1, 188). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:16 | 16. Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; Nem és quente nem frio. Ver com. do v. Ap.3:15; cf. T1, 188; T2, 176. Vomitar-te. A imagem da água morna é levada a sua conclusão lógica. Esse tipo de água decepciona e causa náuseas. Quem a ingere coloca-a para fora quase que involuntariamente (ver T6, 408). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:17 | 17. pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Estou rico. Estas palavras podem ser entendidas tanto de maneira literal quanto espiritual. Laodiceia era uma cidade próspera, e alguns dos cristãos de lá deviam ter boas condições financeiras. Esta igreja não parece ter sofrido perseguição severa. O orgulho pela prosperidade levou naturalmente à complacência espiritual. A riqueza, em si mesma, não é um erro. Mas a posse de bens sujeita seu dono às tentações do orgulho e da autocomplacência. Contra esses males, a única proteção é a humildade. Os cristãos pobres em posses terrenas, mas que se sentem ricos e cheios de bens espirituais, são como o antigo filósofo que alardeava sua “humildade” usando roupas rasgadas e maltrapilhas. O orgulho que têm da suposta espiritualidade brilha através dos furos de suas roupas. As importantes verdades que ficam apenas no nível da aceitação intelectual, mas não chegam a dirigir a vida, levam ao orgulho espiritual e ao fanatismo religioso. A igreja de Deus, forte pela estrutura de sua organização e rica com as jóias da verdade, pode, muito facilmente, se tornar fanática pelas doutrinas e orgulhosa das riquezas da verdade. “O pecado que mais se aproxima de ser desesperançadamente incurável é o orgulho da opinião própria e o egoísmo. Isso impede todo o crescimento” (T7, p. 200). Uma mente humilde é tão importante aos olhos de Deus quanto a humildade de coração. Abastado. Literalmente, “tornado rico”, “próspero”. Além de afirmar ser rica, a igreja de Laodiceia cometia o erro fatal de considerar que tais riquezas resultavam dos próprios esforços (cf. Os.12:8). Não preciso de coisa alguma. O clímax da vanglória dos laodicenses era achar que sua situação não poderia ser melhorada. Esse tipo de autossatisfação é fatal, pois o Espírito de Deus nunca entra onde não se sente a necessidade de Sua presença. Contudo, sem ela, a vida espiritual é impossível. Nem sabes. O sujeito é enfático no grego. A frase seria: “não sabes que tu és miserável”. Miserável, [...] nu. O quadro apresentado aqui é o contrário da ostentação mantida pela igreja de Laodiceia. Em vez de ser rica a ponto de não necessitar de nada, a igreja era tão pobre que nem roupa tinha. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:18 | 18. Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. De mim compres. Sem esse esforço, a “igreja” de Laodiceia não pode alcançar o padrão que Cristo deseja. Ela deveria abrir mão de seu antigo estilo de vida para ser verdadeiramente rica, receber cura e ter vestimentas. As coisas que Ele oferece têm um preço, mas a salvação sempre é de graça. Até mesmo quem não tem um centavo pode comprar (ver ls.55:1). Ouro. Representa as riquezas espirituais, oferecidas como o remédio de Cristo para a pobreza espiritual dos laodicenses. Este “ouro figurado pode ser interpretado como uma referência à fé que atua pelo amor” (Cl.5:6; Tg.2:5; cf. PJ, 158) e às obras que resultam da fé (ver 1Tm.6:18). Refinado pelo fogo. Literalmente, “queimado de fogo”, isto é, o ouro que sai do fogo, após a queima da escória. Sem dúvida, a referência aqui é à fé que foi provada e purificada pelo fogo da aflição (ver com. de Tg.1:2-5; Jó.23:10). Vestiduras brancas. Fazem contraste com a nudez dos laodicenses, que se destacava diante da ostentação de acharem que não careciam de nada (v. Ap.3:17). As vestiduras brancas podem ser interpretadas como a justiça de Cristo (Gl.3:27; ver com. de Mt.22:11; Ap.3:4; cf. T4, 88). Essa imagem deveria ter significado especial para os cristãos de Laodiceia, pois sua cidade era famosa pela lã negra. Vergonha da tua nudez. Ver Ex.20:26; Lm.1:8; Ez.16:36; Ez.23:29; Na.3:5. Colírio. Do gr. kollurion, “um rolinho”. Os colírios antigos ficaram conhecidos pelo formato em que eram embalados. Perto de Laodiceia, havia um templo dedicado ao deus frígio Men Karou. Uma famosa escola de medicina se desenvolveu junto com o templo, e lá era possível conseguir um pó para os olhos. Esse fato pode formar o contexto para a figura empregada aqui. O colírio figurado oferecido aos laodicenses é o antídoto do Céu para a cegueira espiritual. O propósito é abrir os olhos para a verdadeira condição da igreja. Esta é a obra do Espírito Santo (ver Jo.16:8-11). Somente por meio de Sua obra de convencimento é que a cegueira espiritual pode ser removida. Esse colírio também pode representar a graça espiritual que capacita o cristão a distinguir entre a verdade e o erro, o certo e o errado (ver T4, 88). A fim de que vejas. Isto é, ver o pecado como Deus o enxerga e se dar conta de sua real condição, como pré-requisito para o arrependimento. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:19 | 19. Eu repreendo e disciplino a quantos amo.Sê, pois, zeloso e arrepende-te. Eu repreendo. O propósito de toda disciplina corretiva é levar o errante à convicção do pecado e a uma nova conduta. Disciplino. Do gr. paideuo, “treinar crianças”, “punir”, sobretudo quando o pai castiga o filho com o propósito de reformá-lo e instruí-lo. A disciplina sobrevêm ao cristão quando a repreensão de Jesus é desconsiderada. A repreensão e o castigo divinos não são expressões de ira, como ocorre quando alguém perde a calma, mas uma manifestação de amor, cujo alvo é conduzir os pecadores ao arrependimento. A igreja de Laodiceia não devia ter enfrentado perseguição ainda, como as igrejas vizinhas, pois não há indícios de sofrimento. Entretanto, Cristo adverte a igreja de que ela não pode continuar com uma vida espiritual dividida sem enfrentar disciplina corretiva. Ela evidência de que meio século depois da morte de João, a igreja de Laodiceia foi perseguida (ver Eusébio, História Eclesiástica, iv.26; v.24). Amo. Do gr. phileo, “amar [como amigo, com afeição pessoal]”. O amor de Cristo pela igreja de Filadélfia é expresso com a palavra agapao (v. Ap.3:9; sobre a diferença entre os dois termos, ver com. de Mt.5:43-44; Jo.11:3; Jo.21:15). Essa garantia do favor de Cristo mostra que há esperança para os laodicenses (ver Nota Adicional a Apocalipse 3; Ap.3:22). Na verdade, eles são alvo especial de Sua atenção. O amor de Jesus por esta igreja é expresso por meio da disciplina, mediante a qual Ele espera conduzi-la ao arrependimento (ver Pv.3:12). Sê, pois, zeloso. Do gr. zeloo, do mesmo radical da palavra zestos, “quente”, algo que a igreja de Laodiceia falhara em ser (v. Ap.3:15). Os laodicenses são chamados a experimentar o calor e o entusiasmo que acompanham o arrependimento, a consagração e a devoção verdadeira a Cristo. Arrepende-te. Do gr. metanoeo (ver com. de Mt.3:2). O verbo se encontra no singular, destacando a natureza pessoal desta advertência. O arrependimento, assim como a salvação, nunca ocorre coletivamente. A experiência espiritual de um parente ou amigo só tem valor salvífico para essa pessoa. Uma nova atitude de tristeza pelo passado e zelo no futuro é o propósito de Cristo para a igreja de Laodiceia (ver Nota Adicional a Apocalipse 3; Ap.3:22). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:20 | 20. Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. Eis que estou. A forma verbal no grego indica que Cristo Se posicionou junto à porta e permanece ali. Ele não se cansa de oferecer Sua bendita presença a todos que O aceitam. A porta. Não se trata da porta de oportunidades (v. Ap.3:8), nem da porta da salvação (cf. Mt.25:10; Lc.13:25). Deus fecha e abre essas portas. A porta referida aqui é controlada pelo ser humano, e cada pessoa pode abri-la ou fechá-la quando quiser. Trata-se da porta do coração. Por Seu amor, Sua palavra e Suas providências, Cristo bate à porta do coração; por Sua sabedoria, Ele bate à porta da mente; por Sua autoridade, bate à porta da consciência; e por Suas promessas, bate à porta das esperanças humanas. Esta passagem também pode ser aplicada ao quadro de Cristo à porta da vida humana e mesmo da história da humanidade, pronto a entrar e abençoar as pessoas que O recebem (ver Mt.24:33; Lc.12:36; Tg.5:9). Cearei. Do gr. deipneo, “fazer uma refeição”, sobretudo a principal refeição, da noite (ver com. de Lc.14:12). A palavra possibilita aplicar este versículo à grande festa das bodas (Ap.19:9). Os judeus costumam comparar a felicidade da vida futura a uma festa (ver com. de Lc.14:15-16). Com ele. Poucas atitudes revelam o espírito de comunhão e comunidade como o repartir o alimento. Com estas palavras, Cristo promete compartilhar de nossas experiências e nos convida a partilhar a dEle também (ver Cl.2:20; Hb.2:14-17). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:21 | 21. Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. Ao vencedor. Ver com. de Ap.2:7. Dar-lhe-ei sentar-se. Ver Mt.19:28; Lc.22:30; 1Co.6:2; ver com. de Mt.25:31. No Meu trono. O vencedor compartilhará da glória e do poder de Cristo, assim como Cristo compartilha da glória e do poder de Seu Pai. Também Eu venci. Ver com. de Jo.16:33. O ser humano só pode ter esperança de vencer com base na vitória de Cristo. Com Meu Pai. Ver Mc.16:19; Ef.1:20; Hb.1:3; Hb.8:1; Hb.12:2. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.3:22 | 22. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Tem ouvidos. Ver com. de Ap.2:7. NOTA ADICIONAL A APOCALIPSE 3 O tom grave e inflexível da mensagem a Laodiceia tem levado alguns a concluir que não há esperança para os cristãos desta igreja, exceto se eles se mudarem para a “igreja” de Filadélfia. Tal conclusão, porém, não está de acordo com o contexto, nem com princípios confiáveis de interpretação (ver com. de Ap.1:11). Deve-se observar que: 1. Essa proposta presume que a igreja de Filadélfia existe simultaneamente à igreja de Laodiceia. No entanto, se há motivos para presumir que Filadélfia existe simultaneamente à de Laodiceia, as mesmas razões existiriam para presumir o mesmo em relação a todas as outras igrejas. Se fosse possível migrar espiritualmente de Laodiceia para Filadélfia, não haveria justificativa válida para não ser igualmente possível e desejável migrar de Laodiceia para Éfeso, por exemplo, ou de Sardes para Esmirna. Além disso, se dois ou mais períodos coexistirem, quebra-se o padrão consecutivo, as mensagens individuais deixam de ter qualquer relação cronológica específica com a história, e não haveria motivo válido para presumir que a mensagem a Laodiceia é de importância particular para este tempo, mais do que para qualquer outro. A mensagem a qualquer uma das sete igrejas se aplica especifícamente à igreja cristã de determinado período da história. Isso se baseia na ideia de que elas representam sete períodos consecutivos da era cristã e que cada mensagem tem uma aplicação única para apenas uma época. Somente assim os cristãos de determinada era podem ser considerados pertencentes a uma igreja em particular e, dessa forma, a mensagem de Laodiceia pode ser aplicada especificamente à igreja de nossos dias. Portanto, quando as sete igrejas são compreendidas de maneira cronológica, aplicáveis a períodos específicos da história, os cristãos de uma época não podem migrar espiritualmente para outra. 2. A proposta de que os laodicenses devem deixar sua igreja e ir para Filadélfia afim de se salvarem apoia-se na premissa de que cada igreja representa um estado espiritual específico. De fato, cada uma das sete tem problemas próprios, e as advertências, as promessas e os conselhos direcionados a cada uma delas são apropriados. Também é verdade que algumas das igrejas refletem uma condição espiritual mais desejável do que outras. É apropriado que o cristão fiel de qualquer período da história cristã aspire a refletir as características desejáveis de todas as igrejas e se torne um candidato a receber suas promessas. Da mesma maneira, deve evitar as características indesejáveis e dar ouvidos às advertências feitas. No entanto, quando analisadas sob essa perspectiva, as mensagens têm natureza atemporal, e o leitor zeloso as aplica à própria experiência com base em suas necessidades pessoais, não na época em que vive. Não há necessidade de uma transferência figurada de uma igreja para outra. 3. De modo geral, são proferidas palavras de elogio a todas as igrejas, com exceção de Sardes e Laodiceia: e há palavras de repreensão para cada uma, exceto a Esmirna e Filadélfia; e há promessas a todas as sete. Portanto, as igrejas tinham tanto membros desejáveis quanto indesejáveis. Porém, em nenhuma ocasião, Cristo aconselha os membros leais de uma suposta igreja desleal a fazer uma transferência espiritual e passar a ser membros de outra, cuja condição espiritual parece preferível. Se Sua intenção fosse essa, poderíamos esperar um chamado aberto para a saída de Sardes ou de Laodiceia, por exemplo, semelhante ao chamado para sair de Babilônia (Ap.18:4). Contudo, o profeta não registra um convite como esse em relação a Laodiceia, nem a qualquer das outras igrejas. Em cada um dos casos, o remédio para o mal generalizado é simples, porém enfático: “arrepende-te”. Os cristãos leais da “igreja” de Éfeso, que caíram e abandonaram o “primeiro amor”, não foram aconselhados a migrar para Esmirna (ver Ap.2:4-5). Os do período de Pérgamo, que deram espaço para as doutrinas de Balaão e dos nicolaítas (v. Ap.2:14-15), não foram aconselhados a passar a ser membros de Éfeso ou Esmirna. A igreja de Sardes estava praticamente morta (Ap.3:2), mas seus membros fiéis não foram instruídos a mudar para Filadélfia. Da mesma forma, os cristãos fiéis do período de Laodiceia não receberam orientação de ir para Filadélfia, pelo menos não da parte de Cristo, a Testemunha Verdadeira. Eles são, sim, ordenados a se arrepender e a encontrar em Cristo o remédio para seus defeitos de caráter (v. Ap.3:18-20). A ideia de que o cristão tem chances de se salvar por meio do mecanismo de escape, de migração espiritual, e de exercer uma forma de justiça que presume ser superior à de outro cristão está em clara desarmonia com os ensinos do Senhor (cf. Lc.18:9-14). Na parábola do joio e do trigo (Mt.18:24-30; Mt.18:37-43), o dono do campo ordenou que deixassem ambos crescerem “juntos até a colheita” (v. Mt.18:30). O joio não deveria ser arrancado por mãos humanas, nem o trigo transplantado para outro campo. Somente quando os anjos ceifadores reunirem o trigo dentro do celeiro do Senhor e queimarem o joio é que haverá separação entre justos e ímpios (ver v. Mt.18:30; Mt.18:39-42). Os membros da antiga igreja de Laodiceia não melhorariam sua condição espiritual mudando-se para a cidade de Filadélfia. O propósito divino para a igreja laodicense não inclui um plano de migração espiritual para uma das outras igrejas apocalípticas. Deus deseja uma transformação radical do coração e da vida (ver com. de Ap.3:18-20). Qualquer outra solução proposta para os males de Laodiceia só serve para transformar a pessoa em hipócrita. 4. É verdade que nenhuma outra igreja recebe repreensão tão severa quanto a de Laodiceia, como também é verdade que nenhuma outra tem evidência mais clara do amor de Cristo, da íntima comunhão com Ele, nem recompensa mais gloriosa (ver v. Ap.3:19-21). A mensagem a Laodiceia não é de rejeição incondicional, nem a dirigida às demais igrejas. Se a pobreza espiritual dos laodicenses estivesse além da possibilidade de redenção, eles não receberiam a oferta de “ouro” por parte da Testemunha Verdadeira. Caso seu problema de visão espiritual fosse irremediável, não teriam à disposição o “colírio” celestial. Caso sua “nudez” ultrapassasse qualquer esperança, Cristo não lhes ofereceria as próprias “vestiduras brancas” (ver com. dos v. Ap.3:17-18). Com certeza, há vencedores em Laodiceia (v. Ap.3:21), assim como em todos os outros períodos da história da igreja. E são esses vencedores, em Laodiceia, que recebem a promessa de se assentar com Cristo em Seu trono. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.4:1 | 1. Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas. Depois destas coisas. Isto é, depois da visão de Ap.1:10-3:22. As palavras “depois destas coisas” não implica na relação cronológica entre os últimos eventos da visão anterior e o que está prestes a ser relatado. Olhei. Ou, “vi”, palavra que João usa diversas vezes para introduzir novos símbolos ou cenas (ver com. de Ap.1:2). Porta. Talvez uma porta para a sala do trono do universo (ver v. Ap.4:2; cf. com. do v. Ap.4:5). Aberta. Ou, “permanecendo aberta”. No céu. Não “para dentro do céu”, como se João estivesse do lado de fora, olhando para dentro. Uma vez que, olhando de dentro, ele contemplou o trono de Deus, a porta deveria estar aberta para a sala do trono do universo. A sala do trono é identificada com o lugar santíssimo do santuário celestial. Após a análise da condição da igreja na Terra (Ap.1-3), a atenção de João é dirigida para uma visão simbólica do trono de Deus no Céu. Fica claro que a descrição do trono de Deus e a cena a seu redor (Ap.4-5) devem ser compreendidas de maneira simbólica, em vez de literal. Por exemplo, Cristo é caracterizado a exemplo de “um Cordeiro como tendo sido morto”, que “tinha sete chifres, bem como sete olhos” (Ap.5:6). Entretanto, Ele estava vivo e apto a Se movimentar e tomar o livro da mão de Deus. Levando em conta que esta é uma cena simbólica, conclui-se que todo o episódio profético deve ser interpretado da mesma maneira. Ao usar símbolos, o profeta é capaz de transcender os objetos comuns e materiais da vida humana e alcançar níveis mais elevados do coração e da mente com impressões do Céu que desafiam a linguagem humana (ver com. de Ez.1:10). A primeira voz. O significado original é expresso com mais clareza como: “Eis que [...] a primeira voz que eu ouvi como uma trombeta falando a mim estava dizendo”. Sem dúvida, esta voz é a que apresentou a primeira visão (Ap.1:10) e então apresenta a segunda. Sobe para aqui. Um convite para João entrar na visão, afastando seus sentidos dos entornos terrenos e os concentrando nas coisas celestiais. Depois. Isto é, não necessariamente após o cumprimento da visão anterior, mas do ponto de vista do tempo de João. Logo, esta declaração é paralela à de Ap.1:1 (ver com. ali). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.4:2 | 2. Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado; Em espírito. Do gr. en pneumati (ver com. de Ap.1:10). João entra em visão pela segunda vez. Não se sabe quanto tempo se passou entre esta visão e a primeira. Armado. Ou, “estava armado”. O trono já estava ali. Alguém sentado. A reverente reticência de João em relação ao Governante do universo, evitando termos antropomóficos, fica evidente quando ele O descreve, usando apenas o particípio kathemenos, “sentado”, sem definir quem estava assentado. Ele indica apenas que havia uma pessoa no trono. Essa referência ao Pai está em contraste com a detalhada descrição do Filho (Ap.1:13-16); mas o Filho é tanto humano quanto divino, por isso pode ser descrito em termos humanos (ver v. Ap.4:3; cf. Ap.6:16; Ap.7:10). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.4:3 | 3. e esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda. Esse que Se acha assentado. Aqui, mais uma vez, somente o particípio é usado (ver com. do v. Ap.4:2). Pedra de jaspe. Do gr. iaspis. Não se trata precisamente do jaspe atual, mas de uma pedra descrita, pelo antigo naturalista Plínio, como translúcida (História Natural, xxxvii). João recorre várias vezes às pedras preciosas para descrever cores brilhantes, pois a luz do sol reluzindo nas pedras fazia transparecer algumas das cores mais brilhantes que as pessoas de sua época conheciam. Nesse caso, iaspis provavelmente descreve uma luz intensa e resplandecente, mais notável pelo brilho do que pela cor. Sardônio. A cornalina ou outra pedra de cor avermelhada. Plínio observa que esta pedra era encontrada em Sardes e, por isso, recebeu o nome da cidade. Nesta passagem, descreve uma luz vermelha brilhante. Arco-íris. Comparar com a visão do trono de Deus, por Ezequiel (Ez.1:26-28). Semelhante, no aspecto, a esmeralda. Isto é, de cor esverdeada. O brilho da luz irrompendo da presença do trono era temperado pela luz verde e suave de um arco-íris em círculo. Esse arco-íris representa a união de justiça e misericórdia que caracteriza o governo de Deus (ver Ed, 115; cf. PJ, 148). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.4:4 | 4. Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro. Tronos. Do gr. thronoi. Os 24 anciãos foram vistos assentados em 24 tronos ao redor do trono de Deus. Vinte e quatro anciãos. Esta cena lembra a LXX. de Is.24:23: “O Senhor reinará [...] e perante os anciãos será glorificado.” Os anciãos são retratados vestidos de branco, o que pode simbolizar justiça (ver com. de Ap.3:4), e com “coroas” na cabeça (stephanoi, emblemas de vitória; ver com. de Ap.2:10). Esses elementos levaram alguns a sugerir que eles representam os remidos. Uma das interpretações defende que a descrição do trono celestial (Ap.4-5) deve ocorrer antes do início dos eventos dos sete selos. Assim, se os 24 anciãos eram seres humanos, conclui-se que são pessoas que já estavam no Céu nos dias de João. Com frequência, eles são identificados com os santos que saíram das sepulturas por ocasião da ressurreição de Cristo (Mt.27:52-53; Ef.4:8), uma vez que se trata de um grupo que já ressurgiu. A ressurreição principal ainda é futura (1Ts.4:16). Portanto, a presença de seres humanos no Céu não pode ser considerada evidência de que a ressurreição de todos os remidos precederá os acontecimentos retratados nos selos. Outra interpretação compara os 24 anciãos com os 24 turnos do sacerdócio levita. Assim como os sacerdotes ministravam diante de Deus no santuário terreno, João vê 24 anciãos ministrando no santuário celestial. Outra sugestão é que os 24 anciãos simbolizam Israel em seu sentido mais pleno (ver com. de Ap.7:4): 12 simbolizando Israel literal, o povo de Deus antes da cruz, e os outros 12, o Israel espiritual, a igreja cristã, o povo de Deus a partir da cruz. Assim, eles podem ser comparados aos 12 patriarcas e aos 12 apóstolos. Esse ponto de vista enfatiza o caráter simbólico das figuras, em vez de compreendê-las como santos literais que já estão no Céu (ver com. do v. Ap.4:1). Outros intérpretes afirmam que os 24 anciãos são anjos, não seres humanos. Eles destacam que os anciãos são retratados ministrando as orações dos santos (Ap.5:8), obra que, segundo acreditam, dificilmente seria confiada a homens. Vestidos de branco. Ver com. de Ap.3:18. Ouro. Neste caso, talvez seja apenas um símbolo de preciosidade. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.4:5 | 5. Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus. Relâmpagos, vozes e trovões. Uma das expressões favoritas de João (ver Ap.8:5; Ap.11:19; Ap.16:18), que provavelmente retrata poder e majestade (ver Jó.37:4-5; SI.29:3-4; Ez.1:13). Sete tochas de fogo. Ou, “sete lâmpadas inflamadas” (ver com. de Ap.5:6). Embora elas tenham uma semelhança superficial com os sete “candeeiros” (Ap.1:12), são chamadas de “lâmpadas” (gr. lampades), não de “candelabros” ou “candeeiros” (gr. luchnia; ver com. de Ap.1:12). Além disso, afirma-se que elas representam os sete Espíritos de Deus, ao passo que os candeeiros aludem às sete igrejas (ver Ap.1:20). Com base nesse simbolismo, alguns identificam a “porta” (Ap.4:1) como uma abertura para o primeiro compartimento do santuário celestial. Sete. Espíritos. Ver com. de Ap.1:4. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.4:6 | 6. Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal, e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás. Mar de vidro. Esta descrição tem bastante em comum com a visão de Ezequiel do trono de Deus, que ficava sobre um “firmamento” (Ez.1:26). Nos tempos antigos, o vidro era muito mais valioso do que hoje. Aqui, ele representa a aparência transparente e cristalina da superfície sobre a qual fica o trono. Cristal. Do gr. krustallos, palavra que pode significar “cristal”, um mineral transparente, ou “gelo”. O que João viu foi uma vasta expansão cintilante, que refletia gloriosamente o esplendor verde e vermelho em torno do trono (comparar com a visão de Ez.1:22). Meio do trono. É possível que, assim como os querubins de Ezequiel (Ez.1:22; Ez.1:26), estes seres viventes fossem vistos debaixo do trono, assim como a seu redor. O simbolismo usado nesta passagem está em harmonia com o antigo pensamento semítico. Um sarcófago de Biblos, datado do fim do segundo milênio a.C., retrata um rei fenício sentado em um trono apoiado por um querubim animal (ver SI.80:1; Sl.99:1; Is.37:16). Seres viventes. Do gr. zoa. A palavra zoa não sugere a que espécie de criatura esses quatro pertenciam. No entanto, eles se parecem muito com os que Ezequiel viu (ver com. de Ez.1:5-26) e chama de querubins (Ez.10:20-22). Cheios de olhos. Ver Ez.1:18; Ez.10:12. Pode-se compreendê-los como um símbolo da inteligência e vigilância incessante dos seres celestiais. Uma vez que o símbolo dos olhos é extraído de Ezequiel, é possível interpretá-lo também com base no pensamento hebraico. Nove vezes no AT, a palavra heb. ‘ayin, “olho”, é usada com o sentido de “cor” ou “brilho” (Pv.23:31; Ez.1:4; Ez.1:7; Ez.1:16; Ez.1:22; Ez.1:27; Ez.8:2; Ez.10:9; Dn.10:6). Isso sugere que, ao dizer que os quatro seres viventes eram “cheios de olhos”, João estava afirmando que eles tinham um brilho reluzente. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.4:7 | 7. O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando. Leão. Aqui, cada um dos quatro seres viventes apresenta uma das quatro faces características de cada querubim da visão de Ezequiel (ver Ez.1:10; Ez.10:14; sobre o significado dos símbolos, ver com. de Ez.1:10). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.4:8 | 8. E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir. Seis asas. Os querubins da visão de Ezequiel tinham quatro asas (Ez.1:6; Ez.10:21), ao passo que os serafins de Isaías contavam com seis (Is.6:2). É possível compreender as asas como indicadoras da velocidade com que as criaturas celestiais executam suas tarefas (cf. Hb.1:14). Cheios de olhos. Ver com. do v. Ap.4:6. Não têm descanso. Em geral, as pessoas trabalham durante o dia e descansam à noite, mas “não dormita, nem dorme o guarda de Israel” (SI.121:4). O poder divino que sustenta o universo nunca dorme. Nem de dia nem de noite. A noite interrompe a maioria das atividades humanas, mas ela não interfere no preito de louvor incessante a Deus que provém dos seres celestiais. Santo, Santo, Santo. Este também é o brado dos serafins na visão de Isaías (ver com. de Is.6:3). Não há motivo válido para considerar que esse louvor triplo subentende uma referência à trindade, pois é dirigido à presença que se encontra no trono, o Pai. A segunda e a terceira pessoas da trindade são representadas por outros símbolos (ver Ap.4:5; Ap.5:6). O Senhor Deus, o Todo-Poderoso. Ver com. de Ap.1:8. Aquele que era, que é e que há de vir. Ver com. de Ap.1:4. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.4:9 | 9. Quando esses seres viventes derem glória, honra e ações de graças ao que se encontra sentado no trono, ao que vive pelos séculos dos séculos, Esses seres viventes. Ver com. do v. Ap.4:6. O louvor elevado aqui é antifonal. É iniciado pelas criaturas celestiais, que ficam mais próximas de Deus. Ações de graças. Assim como os homens, os seres celestiais devem gratidão a Deus, pois foi Ele quem lhes deu vida. Existem para Sua glória. Em última instância, Deus não deve nada a Suas criaturas; são elas que Lhe devem tudo. Ao que Se encontra sentado. Ver com. do v. Ap.4:2. Ao que vive pelos séculos dos séculos. Comparar com a expressão do AT “o Deus vivo” (Js.3:10; SI.42:2; Sl.84:2). Deus é a fonte de toda vida, e o fato de viver “pelos séculos dos séculos” é a base para o sustento incessante da natureza (ver com. de Jo.1:4; Ap.4:8). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.4:10 | 10. os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra sentado no trono, adorarão o que vive pelos séculos dos séculos e depositarão as suas coroas diante do trono, proclamando: Vinte e quatro anciãos. Ver com. do v. Ap.4:4. DAquele que Se encontra sentado. Ver com. do v. Ap.4:2. Vive pelos séculos dos séculos. Ver com. do v. Ap.4:9. Depositarão as suas coroas. Ver com. do v. Ap.4:4. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.4:11 | 11. Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas. Digno. Deus é “digno” de receber louvor de Suas criaturas porque lhes deu vida e tudo o mais que possuem. Ele as fez serem o que são. Senhor e Deus nosso. Evidências textuais (cf. p. xvi) atestam esta variante. Os defensores da ideia de que os 24 anciãos são seres humanos destacam que o uso do título kurios, “Senhor”, pelos anciãos e não pelos quatro seres viventes parece significativo, pois kurios é o equivalente em grego do heb. Yahweh, o nome divino que Deus usou para Se revelar a Seu povo (ver Ex.6:2-3). Esse título, afirmam eles, é muito adequado para o louvor humano (ver vol. 1, p. 148-150). Por causa da Tua vontade. Agradou a Deus criar o universo e dar vida a suas criaturas. Ele percebeu que era bom fazê-lo. De Seu ponto de vista, não havia nada de desejável em permanecer sozinho em um universo vazio. Foi de Seu agrado que o universo fosse povoado por seres inteligentes, capazes de apreciar e refletir Seu amor infinito e caráter perfeito. Esse foi o propósito de Deus ao criá-los. Vieram a existir e foram criadas. Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a variante “eles foram, e foram criados”. Por meio da expressão “eles foram”, João se refere, sem dúvida, à existência do universo depois que Deus o criou, o Senhor criou e mantém todas as coisas (ver com. de Cl.1:17). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.5:1 | 1. Vi, na mão direita daquele que estava sentado no trono, um livro escrito por dentro e por fora, de todo selado com sete selos. Vi. Ver com. de Ap.4:1. Este capítulo é uma sequência de Apocalipse 4. No entanto, ao passo que o cap. 4 descreve uma cena que se concentra no trono de Deus, o cap. 5 foca o Cordeiro e o rolo selado. O quinto capítulo do Apocalipse precisa ser mais profundamente estudado. Ele é da maior importância para os que haverão de participar da obra de Deus nestes últimos dias (T9, 267; ver com. dos Ap.5:7; Ap.5:13). DAquele que estava sentado. Ver com. de Ap.4:2. Livro. Do gr. biblion, “rolo”, “livro”. Nos tempos do NT o tipo mais comum de livro eram os rolos de papiro, e, sem dúvida, é um “livro” como esse que João vê aqui. O códice, ou livro de folhas unidas em uma das extremidades, só passou a ser usado por livreiros a partir do 2º século d.C. (ver vol. 5, p. 99). Por dentro e por fora. Alguns comentaristas sugerem que esta passagem deveria ter uma vírgula depois da palavra “dentro”, em vez de após “por fora”. O significado seria que o “livro” fora escrito na parte de dentro e selado por fora. De acordo com a pontuação adotada pela versão ARA, a passagem indicaria que o rolo fora escrito dos dois lados. Tal interpretação parece ter mérito por dois motivos. Em primeiro lugar, a expressão gr. esothen kai opisthen, “por dentro e por fora”, parece uma unidade composta por dois advérbios de sons semelhantes, subentendendo que devem ser entendidos juntos. Segundo, os antigos rolos de papiro, por causa da natureza do material, raramente tinham mais do que nove metros de comprimento. Em geral, escrevia-se apenas do lado de dentro, mas, por causa da limitação de tamanho, em alguns casos, a parte de trás do papiro também era usada, quando o assunto a ser registrado ultrapassava o espaço disponível do lado de dentro. Esta passagem parece indicar uma situação desse tipo, sugerindo que faltava espaço para o registro apresentado nesse “livro”. Sete selos. Uma vez que o número sete simboliza perfeição (ver com. de Ap.1:11), esta declaração significa que o “livro” foi perfeitamente selado. Na verdade, ninguém, a não ser o Cordeiro, seria capaz de abri-lo (ver Ap.5:3; Ap.5:5). Segundo Ellen White, a decisão das autoridades judaicas de rejeitar a Cristo foi registrada no livro que João viu na mão dAquele que estava assentado no trono (PJ, 294). Portanto, ao que tudo indica, o livro selado inclui mais do que um registro dos acontecimentos durante o período da igreja cristã, embora as profecias do Apocalipse estejam especificamente ligadas a ele (ver com. de Ap.6:1). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.5:2 | 2. Vi, também, um anjo forte, que proclamava em grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos? Quem é digno [...]? A habilidade de abrir o livro não é questão de força, dignidade ou posição, mas de vitória e valor moral (ver com. do v. Ap.5:5; Ap.4:11). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.5:3 | 3. Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele; Nem no céu. Estas palavras introduzem um artifício literário usado para abranger todo o universo de Deus. Ninguém. Do gr. oudeis, “nenhum”, incluindo não só a raça humana, mas também todos os seres do universo. Olhar para ele. Isto é, de lê-lo e revelar seu conteúdo. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.5:4 | 4. e eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele. Eu chorava muito. Estas palavras refletem a intensa reação emocional de João ao drama que se passava diante de seus olhos. O que ele viu e ouviu era real para ele. Ninguém. Do gr. oudeis; ver com. do v. Ap.5:3. Digno. Ver com. do v. Ap.5:2. Nem de o ler (ARC). Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a omissão destas palavras. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.5:5 | 5. Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos. Anciãos. Ver com. de Ap.4:4. Não chores. Ou, “pare de chorar”. O grego sugere que João já estava em lágrimas. Leão da tribo de Judá. É provável que este título se baseie em Gn.49:9. Cristo nasceu na tribo de Judá (ver com. de Mt.1:2). A imagem do leão significa força (Ap.9:8; Ap.9:17; Ap.10:3; Ap.13:2; Ap.13:5), e Cristo foi vitorioso no grande conflito contra o mal. É isso que Lhe dá direito de abrir o livro (ver com. de Ap.5:7). Além disso, é evidente que, no papel de “Leão da tribo de Judá”, Cristo aparece como Aquele que “venceu”, o Triunfante, Aquele que defende a causa de Seu povo. No v. Ap.5:6, Ele aparece no papel de “Cordeiro como tendo sido morto”. Aquele que os redimiu. Raiz de Davi. Título extraído de ls.11:1; ls.11:10, que fala, literalmente, do “renovo das suas raízes” e da “raiz de Jessé”, o pai de Davi. Paulo aplica a última figura a Cristo, indicando que Ele é o segundo Davi (Rm.15:12). Davi foi o maior rei e herói militar de Israel. O conceito davídico do Messias era essencialmente o de um conquistador que restauraria o reino a Israel (Mt.21:9; At.1:6). Embora Cristo não tenha restaurado um reino literal aos judeus, Sua vitória no grande conflito contra Satanás restaurou o reino em um sentido infinitamente mais elevado. Portanto, do ponto de vista da presente passagem, este título é o mais adequado. Venceu. Do gr. nikao, “conquistar”, “ser vitorioso”. O termo aponta diretamente para a vitória de Cristo no grande conflito contra Satanás, que é a base para Seu direito de abrir o livro. Uma vez que ninguém mais em todo o universo podia fazer isso (v. Ap.5:3), Sua vitória é única. Um anjo não poderia tomar o lugar de Cristo, pois a questão básica do grande conflito é a integridade do caráter de Deus, expressa em Sua lei. Nenhum anjo ou ser humano seria capaz de realizar essa vindicação, pois eles são sujeitos à lei (ver PP, 66). Somente Cristo, que é o Deus cujo caráter é expresso pela lei, poderia realizar tal vindicação do caráter divino. Esse é o fato central da visão de Apocalipse 5 (ver com. dos v. Ap.5:9-13). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.5:6 | 6. Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra. No meio. Esta expressão pode indicar que o Cordeiro estava de pé entre os seres viventes e o trono, em meio aos anciãos. Porém, é difícil visualizar tal disposição quando se compara isso com Ap.4:4; Ap.4:6. Também é possível entender que o Cordeiro apareceu no meio de todos. Provavelmente esta é a melhor explicação, uma vez que Ele passa a ser o foco da visão (cf. At.7:56). Quatro seres viventes. Ver com. de Ap.4:6. Anciãos. Ver com. de Ap.4:4. Cordeiro. Do gr. arnion, palavra usada 29 vezes em Apocalipse e apenas uma vez no restante do NT (Jo.21:15). Contudo, o pensamento é o mesmo comunicado pela palavra amnos, “Cordeiro” (Jo.1:29; Jo.1:36; At.8:32; 1Pe.1:19; Is.53:7, na LXX). João acabara de ouvir Cristo ser chamado de leão e conquistador; mas, ao olhar, de enxerga um cordeiro. Esse contraste indica que a vitória de Cristo não provém da força física, mas da excelência moral, pois, acima de todas as outras coisas, Ele é denominado “digno” (ver com. de Ap.5:2). Foi o sacrifício vicário de Sua vida sem pecado, simbolizado por um cordeiro sem mácula, em vez de qualquer demonstração de força, que O fez obter vitória no grande conflito contra o mal. No NT, Cristo só é chamado de “o Cordeiro” nos escritos de João, embora tanto Filipe quanto Pedro apliquem o símbolo veterotestamentário de um cordeiro a Ele (At.8:32; 1Pe.1:19). Como tendo sido morto. É provável que João tenha visto a ferida de morte no Cordeiro, como um cordeiro imolado em sacrifício no serviço do santuário. A palavra “como” revela que se trata de um símbolo. João não afirma que um cordeiro sacrificado realmente permanece diante do trono de Deus no Céu. Em vez disso, o apóstolo descreve aquilo que observou em uma visão simbólica. Uma vez que isso se aplica ao Cordeiro, conclui-se que as outras características da visão, como as sete tochas (Ap.4:5), os quatro seres viventes (Ap.4:6) e o livro (Ap.5:1) também são simbólicas (ver com. de Ez.1:10; Ap.4:1). A forma verbal traduzida por “tendo sido morto” sugere que o sacrifício havia ocorrido no passado, mas seus resultados permaneciam. Portanto, embora a morte de Cristo se localize historicamente no passado, seus resultados para a raça humana permanecem eficazes (sobre Jesus como Cordeiro de Deus, ver com. de Jo.1:29). Sete chifres. Sete significa perfeição. Os chifres podem ser interpretados como símbolos de força e glória (ver com. de Lm.2:3). Portanto, os sete chifres do Cordeiro indicam que Ele é perfeito em força. Sete olhos. Símbolo de sabedoria e inteligência perfeitas. Estes olhos são identificados com os sete Espíritos de Deus, expressão usada para se referir ao Espírito Santo (ver com. de Ap.1:4). João usa um símbolo diferente: “sete tochas” (Ap.4:5). Enviados. Ver Zc.1:10; Zc.6:5; Jo.14:26; Jo.15:26; Jo.16:7; Gl.4:6. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.5:7 | 7. Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono; Veio, pois, e tomou. Literalmente, “veio, pois, e tem tomado”. Este é o ponto focal de Apocalipse 4 e 5: Cristo, ao tomar o livro da mão de Deus, fez aquilo que nenhum outro ser no universo seria capaz de fazer (ver com. do v. Ap.5:5). Tal ato simboliza Sua vitória sobre o mal e, quando Ele o realiza, o grande hino antifonal de toda a criação ressoa através do universo (ver com. dos v. Ap.5:9-13). O livro. Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a omissão destas palavras. Contudo, o v. Ap.5:8 deixa claro que é o livro que o Cordeiro toma. DAquele que estava sentado. Ver com. de Ap.4:2. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.5:8 | 8. e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos, Quando tomou. Neste momento, as hostes celestiais respondem (ver com. do v. Ap.5:7). Quatro seres viventes. Ver com. de Ap.4:6. Anciãos. Ver com. de Ap.4:4. Harpa. Do gr. kitharai, “liras”, instrumentos usados com frequência para acompanhar cânticos (ver vol. 3, p. 18-21), não harpas. No entanto, evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a variante kithara, “uma lira”, isto é, cada ancião segurava uma lira nas mãos. A menção aos instrumentos é natural e está ligada ao hino prestes a ser entoado (v. Ap.5:9-10). Taças. Do gr. phialai, “tigelas” ou “pires”, os pratos nos quais as ofertas costumavam ser apresentadas. De acordo com Josefo, phialai de incenso eram colocados no pão da proposição no santuário (Antiguidades, iii.6.6 [143]). O fato de as orações dos santos serem colocadas em recipientes de ouro pode demonstrar como o Céu as considera preciosas. Orações dos santos. O fato de possuírem harpas e incensários que representam as orações dos santos sugere que os anciãos simbolizam a igreja triunfante de Cristo na Terra, erguendo a voz em canções e louvor (ver com. dos v. Ap.5:9-10; PP, 353). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.5:9 | 9. e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação Entoavam. Isto é, os 24 anciãos e talvez os quatro seres viventes também. Novo cântico. O cântico era novo no sentido de ser diferente de qualquer outro entoado antes. Esta expressão é comum no AT (ver SI.33:3; Sl.40:3; Is.42:10). Nesta passagem, é particularmente apropriada, pois representa o novo cântico que surge de uma experiência única: a salvação por meio da vitória de Jesus Cristo (ver com. de Ap.5:5). É o “novo cântico” daqueles que têm um “novo nome” (Ap.2:17; Ap.3:12) e habitam na “nova Jerusalém” (Ap.21:2), quando todas as coisas se fizerem “novas” (Ap.21:5). Digno. Ver com. do v. Ap.5:2. O coro celestial inicia reconhecendo que Deus foi defendido das acusações de Satanás mediante a vitória de Seu Filho. Alguns veem nos 24 anciãos representantes dos santos que foram cativos do mal no passado. Os santos aparecem diante do universo expectante como testemunhas da justiça e da graça divinas (ver com. de Ap.5:5; Ef.3:10). Foste morto. A morte de Cristo possibilitou a salvação da humanidade. A obra da redenção vindica o caráter de Deus e é a base para a dignidade de Cristo (ver com. do v. Ap.5:2). Nos (ACF). Apesar de evidências textuais apoiarem a permanência deste pronome, tradutores e comentaristas costumam omiti-lo com base em outras evidências textuais (ver com. do v. Ap.5:10). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.5:10 | 10. e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra. Nos (ACF). Evidências textuais (cf p. xvi) apoiam o pronome na terceira pessoa “os” (cf. ARA), o qual se refere aos remidos do v. Ap.5:9. Na leitura da ARA, fica sugerido que, nos v. Ap.5:9-10, aqueles que falam não se incluem no grupo de “reino e sacerdotes”, enquanto, na ACF, eles falam de si mesmos diretamente. Porém, é possível estarem se referindo a si mesmos na terceira pessoa. De acordo com a versão preferível, os v. Ap.5:9-10 podem ser traduzidos como: “Tu és digno de pegar o livro e abrir seus selos, pois foste morto e compraste para Deus por Teu sangue toda tribo e língua e povo e nação, e os fizeste para nosso Deus um reino e sacerdotes, e eles reinarão sobre a terra.” Sem dúvida, este reino corresponde ao reino espiritual da graça (ver com. de Mt.4:17; Mt.5:3; Ap.1:6). Reino. Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam esta variante, em vez de “reis” (ARC). Sacerdotes. Ver com. de Ap.1:6. Reinarão. Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam esta variante. Sobre a terra. O tempo do reinado sobre a Terra não é especificado aqui, mas os cap. Ap.20-21 mostram que será após o milênio. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.5:11 | 11. Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares, Muitos anjos. Em resposta ao testemunho dos quatro seres viventes e dos 24 anciãos, as hostes celestiais se unem em aclamação à dignidade do Cordeiro. Assim, Deus é vindicado perante os anjos, que, desde as primeiras acusações de Satanás no Céu, não haviam compreendido por completo Sua ação de banir o inimigo e salvar a raça humana (ver DTN, 761, 764). Seres viventes. Ver com. de Ap.4:6. Estes seres viventes participam da aclamação de louvor a Deus (Ap.5:12), que exalta a morte de Cristo. Milhões de milhões e milhares de milhares. Com certeza, não há intenção de que este seja um número literal. Em vez disso, subentende uma multidão incontável. É provável que a expressão tenha sido extraída de Dn.7:10 e possa ser comparada a uma passagem do livro pseudepigráfico de Enoque 14:22: “dez, mil vezes dez mil [se encontravam] diante dEle” (R. H. Charles, The Apocrypha and Pseudepigrapha of the Old Testament, vol. 2, p. 197; ver Hb.12:22; ver também vol. 5, p. 75). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.5:12 | 12. proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor. Digno. Ver com. dos v. Ap.5:2; Ap.5:9. Cordeiro. Ver com. do v. Ap.5:6. Poder. Do gr. dunamis, neste caso, o poder de Deus em ação. A doxologia das hostes celestiais é sétupla. Uma vez que sete significa perfeição e é usado diversas vezes nesta visão e ao longo de todo o livro (ver com. de Ap.1:11), é possível que este louvor sétuplo sugira que o louvor do Céu é completo e perfeito. Riqueza. Comparar com Fp.4:19. Sabedoria. Do gr. sophia (ver com. de Tg.1:5). Força. Do gr. ischus, que, nesta passagem, provavelmente se refere à energia divina como potencial. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.5:13 | 13. Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos. Toda criatura. Isto é, todos os seres criados. O coro aumenta e, em resposta aos brados de louvor das hostes celestiais, toda a criação se une para adorar o Pai e o Filho. Cristo é o vencedor, e o caráter de Deus é vindicado diante de todo o universo (ver com. do v. Ap.5:11). A que momento do grande conflito se referem as cenas retratadas em Ap.4-5? Segundo Ellen G. White, o cântico foi entoado pelos anjos quando Cristo Se posicionou à destra de Deus, após a ascensão (DTN, 834). Além disso, esse cântico será entoado pelos santos na inauguração da nova Terra e pelos remidos e anjos ao longo da eternidade (ver AA, 601, 602; GC, 671; 18, 44; cf. PP, 541; GC, 545, 678). Esta variedade de cenários sugere que a visão de Ap.4-5 não deve ser interpretada como representação de um evento específico no Céu, mas como um retrato atemporal e simbólico da vitória de Cristo e da vindicação resultante do caráter de Deus. Ao se interpretar dessa forma, a visão pode ser considerada uma representação da atitude do Céu em relação ao Filho e a Sua obra desde a cruz, atitude que passa por um crescendo à medida que o grande conflito chega a seu clímax (sobre a natureza das visões simbólicas, ver com. de Ez.1:10). No céu e sobre a terra. Do ponto de vista da cosmologia antiga, o céu, a Terra, o nível subterrâneo e o mar compõem o universo inteiro. Toda a criação finalmente reconhecerá a justiça de Deus (ver GC, 690, 671). Aquele que está sentado. Ver com. de Ap.4:2. Ao Cordeiro. Ver com. do v. Ap.5:6. O Cordeiro é adorado aqui nas mesmas premissas que o Pai, indicando a igualdade entre os dois (ver Fp.2:9-11). Louvor. Os quatro títulos do v. 13 são paralelos aos quatro da doxologia sétupla do v. Ap.5:12. Domínio. Do gr. kratos, “poder [para governar]”, “domínio”, paralelo a “força” do v. Ap.5:12, mas diferindo por representar o poder divino em ação. E tal o poder que as criaturas terrenas testemunham (ver com. do v. Ap.5:12). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.5:14 | 14. E os quatro seres viventes respondiam: Amém! Também os anciãos prostraram-se e adoraram. Amém! Ver com. de Mt.5:18. Tanto os louvores antifonais quanto o “Amém!” retratado aqui eram característicos do louvor cristão apostólico. Plínio, escrevendo menos de duas décadas depois de João, relata que, em seus cultos, os cristãos “cantavam em versos alternados um hino a Cristo, como se fosse um deus” (Letters, x.96; ed. Loeb, vol. 2, p. 403). Ao descrever a celebração da Ceia do Senhor, Justino Mártir disse, no 2º século, que o líder da congregação apresentou orações e ações de graças; depois disso, “o povo concordou, falando Amém” (Apologia, 67; ANF, vol. 1, p. 186). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.6:1 | 1. Vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos e ouvi um dos quatro seres viventes dizendo, como se fosse voz de trovão: Vem! Vi. Ver com. de Ap.4:1. A visão continua com o mesmo cenário apresentado nos cap. Ap.4-5, mas em uma nova fase: os selos do livro (Ap.5:1-5) são abertos. O Cordeiro. Ver com. de Ap.5:6. Abriu um dos sete selos. A declaração a seguir esclarece a importância dos selos: “Sua decisão foi registrada no livro que João viu na mão dAquele que estava assentado no trono, no livro que ninguém podia abrir. Essa decisão lhes será apresentada em todo o seu caráter reivindicativo naquele dia em que o livro há de ser aberto pelo Leão da tribo de Judá” (PJ, 294). Esta declaração revela que, dentre outras coisas, o livro registra as ações dos judeus no julgamento de Cristo e que, no grande dia do juízo final (ver com. de Ap.20:11-15), esses inimigos de Cristo serão confrontados com o registro de seus atos ímpios. O livro também deve conter um relato de outros eventos significativos para o grande conflito ao longo das eras. João pode ter visto uma prévia de alguns desses acontecimentos. De maneira simbólica, a história do grande conflito lhe foi apresentada até chegar ao grande clímax da vindicação do caráter divino no momento do juízo final (Ap.20:11-15; ver com. de Ap.5:13). O fato de Cristo ter vencido “para abrir o livro” (Ap.5:5) significa que Ele é o conquistador no conflito e o Senhor da história (comparar com CC, 666-672). Assim como as mensagens às sete igrejas, as cenas reveladas quando os selos são abertos podem receber tanto uma aplicação específica quanto geral (ver com. de Ap.1:11). As cenas podem ser interpretadas como episódios significativos nas etapas sucessivas da história da igreja na Terra. Seres viventes. Ver com. de Ap.4:6. Vem! Ou, “vem e vê!” (ABC). As evidências textuais (cf. p. xvi) se dividem quanto à inclusão das palavras “e vê”. Se forem incluídas, a ordem se dirige a João; caso contrário, o convite provavelmente seria ao cavalo e seu cavaleiro (v. Ap.6:2) que, depois de chamados, entram em cena. A mesma divisão de evidências ocorre nos v. Ap.6:3; Ap.6:5; Ap.6:7. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.6:2 | 2. Vi, então, e eis um cavalo branco e o seu cavaleiro com um arco; e foi-lhe dada uma coroa; e ele saiu vencendo e para vencer. Um cavalo branco. Com frequência, os símbolos dos quatro cavalos nos quatro primeiros selos (v. Ap.6:2-8) têm sido comparados aos quatro cavalos da visão de Zacarias (Zc.6:2-3). Há algumas semelhanças no simbolismo empregado, mas também há diferenças. A ordem em que os cavalos são citados é diferente. No Apocalipse, os cavalos têm cavaleiros; em Zacarias, eles puxam carros. A aplicação dos símbolos também é diferente (ver com. de Zc.6). Os comentaristas defendem dois pontos de vista principais a respeito da interpretação do primeiro cavalo e de seu cavaleiro. Um grupo entende que este símbolo representa a igreja da era apostólica (c. 31-100 d.C.), quando a pureza de sua fé (sugerida pela cor branca) a impulsionou a fazer uma das maiores conquistas espirituais da história cristã. É provável que nenhum século desde o primeiro da era cristã tenha testemunhado uma expansão tão ampla do reino de Deus. O arco na mão do cavaleiro simbolizaria conquista e a coroa (stephanos; ver com. de Ap.2:10), vitória. O evangelho foi propagado com tal rapidez que, ao escrever para os colossenses por volta de 62 d.C., Paulo afirmou que as boas-novas haviam sido pregadas “a toda criatura debaixo do céu” (Cl.1:23; cf. AA, 48, 578). Outro grupo de comentaristas acredita que os cavalos e cavaleiros não representam a igreja dessa época, mas as várias condições adversas que a igreja enfrentou e, pela graça de Deus, sobreviveu. No simbolismo bíblico, o cavalo está relacionado à guerra (ver Jl.1:2; Jl.1:4-5). Além disso, o equipamento do cavaleiro montado no cavalo branco revela que ele é um guerreiro. Tanto a coroa do cavaleiro quanto a cor branca do cavalo podem ser interpretadas como sinais de vitória. Assim, o primeiro cavaleiro representaria uma época em que o povo de Deus viveu em um mundo caracterizado por conquistas e domínio militares, quando Roma, “vencendo e para vencer”, mantinha-se na liderança do poder mundial. De modo geral, os adventistas do sétimo dia defendem que o primeiro cavalo representa a igreja na era apostólica. Um arco. Símbolo de batalha. Coroa. Do gr. stephanos (ver com. de Ap.2:10). Vencendo e para vencer. Literalmente, “conquistando, e para que ele possa conquistar”. Isto sugere vitória contínua. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.6:3 | 3. Quando abriu o segundo selo, ouvi o segundo ser vivente dizendo: Vem! Segundo ser vivente. Ver com. de Ap.4:6. Sucessivamente, cada um dos seres viventes anuncia um dos quatro cavaleiros. Vem! Ver com. do v. Ap.6:1. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.6:4 | 4. E saiu outro cavalo, vermelho; e ao seu cavaleiro, foi-lhe dado tirar a paz da terra para que os homens se matassem uns aos outros; também lhe foi dada uma grande espada. Vermelho. O simbolismo do segundo cavaleiro retrata as condições nas quais a igreja se encontrava em cerca de 100 a 313 d.C. (ver com. de Ap.2:10). As perseguições violentas que sofreu nas mãos dos césares são bem caracterizadas por um cavaleiro que carrega uma “grande espada” e tem poder para “tirar a paz da terra”. Se o branco representa pureza de fé (ver com. de Ap.6:2), então o vermelho pode ser interpretado como uma corrupção da fé por meio da introdução de heresias (ver vol. 4, p. 919, 920; vol. 6, p. 29-34, 37-45, 50-54). De acordo com outra perspectiva, a cor deste cavalo sugere sangue. Assim como o primeiro cavaleiro pode ser entendido como símbolo da glória da conquista militar (ver com. do v. Ap.6:2), o segundo pode ser considerado o retrato de outros aspectos da guerra: perda de paz e mortes. Esse seria o resultado inevitável da conquista retratada pelo primeiro cavaleiro, caso se compreenda que ele simboliza a conquista e o domínio de Roma. Os adventistas do sétimo dia defendem, de modo geral, o primeiro ponto de vista. Espada. Do gr. machaira, um facão ou espada curta usada em lutas (comparar com o uso da palavra em Mt.10:34; Jo.18:10). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.6:5 | 5. Quando abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente dizendo: Vem! Então, vi, e eis um cavalo preto e o seu cavaleiro com uma balança na mão. Terceiro ser vivente. Ver com. de Ap.4:6; Ap.6:3. Vem! Ver com. do v. Ap.6:1. Um cavalo preto. Se o cavalo branco sugere vitória, e sua cor, pureza (ver com. do v. Ap.6:2), pode-se pensar no cavalo preto como um indício de derrota, e sua cor, de mais corrupção da fé. Uma balança. Do gr. zugos, “um jugo”, usado aqui para se referir à trave de uma balança. Pode-se entender que este símbolo caracteriza a condição espiritual da igreja após a legalização do cristianismo no 4º século, quando igreja e estado se uniram. Após essa união, grande parte da preocupação da igreja se voltou para questões seculares e, em muitos casos, seguiu-se uma carência de espiritualidade (sobre a história desse período, ver p. 4-11). Esta balança também pode ser interpretada como símbolo de preocupação indevida com as necessidades materiais da vida. A batalha não resulta mais em vitória, como no caso do primeiro cavaleiro (ver com. do v. Ap.6:2), nem representa derramamento de sangue, como no segundo (ver com. do v. Ap.6:4), mas agora tem um resultado temível: a fome. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.6:6 | 6. E ouvi uma como que voz no meio dos quatro seres viventes dizendo: Uma medida de trigo por um denário; três medidas de cevada por um denário; e não danifiques o azeite e o vinho. Uma medida. Do gr. choinix, medida mais ou menos equivalente a um litro (ver vol. 5, p. 38). Este total de grãos representava a porção diária de alimento de um trabalhador. Um denário. Do gr. denarios, moeda de pouco valor (ver vol. 5, p. 37). O denário romano representava o salário de um dia do trabalhador comum (ver Mt.20:2). Logo, a porção diária de trigo por um dia de trabalho mal representava o alimento suficiente para um trabalhador e sua família. Menos do que isso seria fome certa. De acordo com os preços de cereais na Sicília, citados por Cícero (Against Verres, iii.81), os valores mencionados por João eram de oito a dezesseis vezes mais altos do que o normal. No entanto, a despeito da fome, a sobrevivência é possível. Deus sempre preserva Seus filhos em momentos de necessidade. Quando aplicadas ao período da história cristã, posterior à legalização do cristianismo, por volta de 313-538 d.C. (cf. p. 832, 833), as palavras do interlocutor anônimo podem ser interpretadas como um indicativo da preocupação geral com as coisas materiais. Cevada. Este cereal era mais barato do que o trigo, conforme indicam aqui os preços relativos (ver 2Rs.7:18). A cevada era a comida comum dos pobres e era também usada para alimentar animais (ver com. de Jo.6:9). Não danifiques. A voz que anuncia o alto preço do trigo e da cevada também ordena que o azeite e o vinho não sejam destruídos inutilmente. O azeite e o vinho. Estes eram os dois líquidos comuns usados como alimento no mundo antigo. Alguns os interpretam como símbolos de fé e de amor, que deveriam ser preservados diante do materialismo que dominou a igreja após sua legalização no 4º século. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.6:7 | 7. Quando o Cordeiro abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto ser vivente dizendo: Vem! Quarto selo. Comparar com Ap.5:1; Ap.6:1. Quarto ser vivente. Ver com. de Ap.4:6; Ap.6:3. Vem! Ver com. do v. Ap.6:1. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.6:8 | 8. E olhei, e eis um cavalo amarelo e o seu cavaleiro, sendo este chamado Morte; e o Inferno o estava seguindo, e foi-lhes dada autoridade sobre a quarta parte da terra para matar à espada, pela fome, com a mortandade e por meio das feras da terra. Amarelo. A cor do medo e da morte. Com o cavalo amarelo, o tempo de aflição chega a um terrível clímax (ver com. dos v. Ap.6:2; Ap.6:4-5). Inferno. Do gr. hades, “a morada dos mortos” (ver com. de Mt.11:23). A morte e o inferno são, nesta passagem, personificados e representados, uma como condutora de um cavalo, seguida pelo outro. Quarta parte da terra. Deve simbolizar uma parte significativa da Terra. Espada. Do gr. rhomphaia (ver com. de Ap.1:16). A série – espada, fome, morte (ou peste) e bestas – pode ser interpretada como a representação da deterioração progressiva da civilização que se segue à guerra. A devastação da espada, matando pessoas e destruindo plantações, produz fome; a fome resulta no colapso da saúde, causando peste; e, quando a peste cobra seu preço, a sociedade humana se enfraquece tanto que não consegue se proteger dos ataques de bestas selvagens. Quando aplicado a um período específico da história cristã, o quarto cavaleiro parece representar uma situação característica do período de 538 a 1517, o período de domínio de Roma papal (cf. p. 832-834; ver com. de Ap.2:18). Mortandade. A expressão “matar (...] com a mortandade” não parece fazer sentido. Mas a palavra traduzida por “mortandade”, thanatos, nesta passagem, significa “peste”. Diversas vezes, a LXX traduz a palavra heb. deber, “peste”, por thanatos (ver Lv.26:25; Je.21:6; Ez.5:12). Parece que João, para quem o pensamento semita era mais natural do que o grego, seguiu o uso da LXX aqui, em vez de se ater à definição estritamente grega da palavra. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.6:9 | 9. Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. Altar. O altar representado na visão devia lembrar o altar de bronze do santuário hebraico, e os mártires podem ser entendidos como sacrifícios oferecidos a Deus. Assim como o sangue dos animais era derramado na base desse altar (ver Lv.4:7) e “a vida [LXX, psyche, “alma"] da carne está no sangue” (Lv.17:11), pode-se entender que a vida dos mártires se encontra debaixo do altar. A tradição judaica posterior lançou a ideia de que os mortos de Israel eram enterrados figuradamente debaixo do altar, e era como se aqueles enterrados debaixo do altar se encontrassem sob o trono da glória. Alguns argumentam que o altar deve ser identificado com o mencionado em Ap.8:3. Almas. Do gr. psychai; sobre este termo, ver com. de Mt.10:28. João estava vendo representações pictóricas, cuja interpretação deve levar em conta as regras que orientam o significado dos vários símbolos (ver com. de Ez.1:10). João viu um altar em cuja base se encontravam as “almas” dos mártires. As regras de interpretação não exigem que localizemos um altar específico em determinado lugar, num momento particular da história. Assim como ocorre com os detalhes de uma parábola, nem todas as características de um símbolo profético necessariamente têm valor interpretativo. O simbolismo do quinto selo foi apresentado para encorajar aqueles que enfrentaram martírio e morte, com a certeza de que, apesar do aparente triunfo do inimigo, chegaria a hora da vindicação. Tal incentivo seria particularmente animador para os que viveram nos tempos terríveis de perseguição do fim da Idade Média, sobretudo durante a época da Reforma e depois dela (c. 1517-1755: ver p. 27-52: ver com. do v. Ap.6:12). Para eles, deve ter parecido que o longo período de opressão nunca chegaria ao fim. A mensagem do quinto selo era uma garantia de que a causa de Deus triunfaria afinal. O mesmo encorajamento virá àqueles que enfrentarem o último grande conflito (ver T5, 451). Qualquer tentativa de identificar essas “almas” como espíritos desencarnados dos mártires mortos viola as regras de interpretação das profecias simbólicas. João não teve uma visão do Céu como ele é de fato. Lá não há cavalos nas cores branca, vermelha, preta e amarela com cavaleiros de aspecto guerreiro. Jesus não aparece na forma de um cordeiro como tendo sido morto. Os quatro seres viventes não representam criaturas aladas reais com as características animais citadas (ver vol. 3, p. 1257). De igual modo, não há “almas” debaixo de um altar no Céu. Toda a cena consiste em uma representação pictórica e simbólica, cujo objetivo é ensinar as lições espirituais destacadas acima. Daqueles que tinham sido mortos. O foco da revelação muda então da descrição das condições disseminadas de destruição e morte, nas quais o povo de Deus sofria, e passa a descrever a condição dos santos em si. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.6:10 | 10. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Clamaram. Isto é, na representação pictórica (ver com. do v. Ap.6:9). Figurativamente, ouvem-se as “almas” falando. Senhor. Do gr. despotes (ver com. de Lc.2:29). A palavra correlacionada a despotes é doulos, “escravo” (ver 1Pe.2:18). Ao dar a própria vida, os mártires demonstraram ser verdadeiros “escravos de Deus” (ver Tt.1:1; cf. com. de Ap.6:11). Ele, portanto, é o Senhor deles. A referência aqui deve ser ao Pai. Santo e verdadeiro. Estas palavras são aplicadas a Cristo (ver com. de Ap.3:7). Vingas. Os mártires não buscam vingança para si; em vez disso, procuram vindicar o nome de Deus (ver Rm.12:19; ver com. de Ap.5:13). Dos que habitam. Ver com. de Ap.3:10. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.6:11 | 11. Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram. Vestidura. Evidências textuais (cf. p. xvi) atestam esta variante, “uma vestidura” (stole). Trata-se de uma palavra diferente da que ocorre em Ap.3:5; Ap.4:4. Stole era uma veste longa, símbolo de distinção (ver com. de Mc.12:38). Em visão, João observa as “almas” sendo vestidas, de branco. A representação parece ter o propósito de mostrar que, apesar da morte infame e de ainda não terem sido vingados por Deus, os mártires já são reconhecidos como vencedores. Nos dias de João, tal certeza era particularmente confortante para os cristãos que haviam visto seus irmãos de fé morrerem na perseguição por Nero (64 d.C.) e, então, enfrentavam o martírio durante a perseguição de Domiciano (ver vol. 6, p. 74). Em todas as eras, desde esse tempo, as promessas de Deus aos santos martirizados têm animado os que estão prestes a dar a própria vida em Seu nome. Repousassem. A ordem é dada àqueles que, em visão profética, estavam agitados por causa da aparente demora. Na verdade, os mártires repousam desde que entregaram a vida e continuarão a descansar até a ressurreição (ver com. de Ap.14:13). Seus “conservos” levariam a luta adiante até também serem vitoriosos no martírio. Por pouco tempo. O tempo não seria adiado indefinidamente (ver com. de Ap.1:1; Ap.12:12). O grande conflito contra o mal deve chegar a um clímax glorioso. É preciso permitir que o pecado demonstre plenamente seu real caráter, de modo que nunca mais a justiça de Deus seja questionada (ver com. de Ap.5:13). Também se completasse o número. Isto não quer dizer que Deus decretou um número específico de pessoas que devem ser martirizadas. Seria necessário transcorrer certo tempo para que a verdadeira natureza das ações de Satanás fosse demonstrada por completo e, assim, ficasse claro que Deus é justo e glorioso. Conservos. Do gr. sundouloi “companheiros escravos” (cf. com. do v. Ap.6:10). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.6:12 | 12. Vi quando o Cordeiro abriu o sexto selo, e sobreveio grande terremoto. O sol se tornou negro como saco de crina, a lua toda, como sangue, Grande terremoto. Os acontecimentos do sexto selo revelam a desarticulação do universo físico. O profeta Joel já havia usado a imagem de um terremoto para descrever a revolução da natureza no dia do Senhor (Jl.2:10; Is.13:9-11; Am.8:9). Uma vez que o terremoto é sucedido pelo escurecimento do sol e este evento pode ser datado em 1780 d.C., o terremoto tem sido identificado com o que ocorreu em Lisboa, no dia 1º de novembro de 1755, um dos mais graves e abrangentes abalos sísmicos já registrados. Sentiu-se o choque do tremor tanto na África do Sul quanto nas distantes índias Ocidentais. A identificação com o grande terremoto de Lisboa sugere 1755 como uma data apropriada para o início dos eventos deste selo (cf. p. 833, 834). O sol se tornou negro. Com frequência, o escurecimento do sol é mencionado nas profecias do AT em conexão com as catástrofes que precederão o dia do Senhor (ver com. de Is.13:10). Jesus destacou este fenômeno em Sua profecia sobre o fim do mundo, mencionando que este seria um dos sinais que ajudaria Seus seguidores a saber que Sua vinda estaria próxima (ver com. de Mt.24:29; Mt.24:33; ver GC, 334). O cumprimento literal e espetacular da cena descrita aqui ocorreu no leste do estado de Nova York e no sul da Nova Inglaterra, em 19 de maio de 1780. O estudo cuidadoso dos relatos dos jornais da época revela que a escuridão incomum ocorreu nessas regiões por volta das dez da manhã. Durante o dia, avançou para o leste, passando pelo centro e sul da Nova Inglaterra até cobrir também certa parte do mar. Cada localidade relatou que a escuridão durou várias horas. Este fenômeno ocorreu no tempo predito: “naqueles dias, após a referida tributação” (Mc.13:24; ver com. de Mt.24:29). O escurecimento foi observado em uma região onde um reavivamento notável do interesse pelas profecias de Daniel e Apocalipse estava prestes a ocorrer, e foi reconhecido pelos estudiosos dessas profecias como o cumprimento da verdade presente (ver GC, 304-308). A lua toda, como sangue. Ver com. de Mt.24:29. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.6:13 | 13. as estrelas do céu caíram pela terra, como a figueira, quando abalada por vento forte, deixa cair os seus figos verdes, As estrelas do céu caíram. Ver com. de Mt.24:29; Is.34:4; GC, 333. Figos verdes. Do gr. olunthoi, definido por alguns como figos verdes que caem antes de madurarem. Algumas figueiras de variedade inferior perdem todos ou quase todos os frutos antes que estes cheguem ao tamanho de uma cereja. Outros definem olunthoi como figos tardios ou de verão (ver Is.34:4). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.6:14 | 14. e o céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola. Então, todos os montes e ilhas foram movidos do seu lugar. Pergaminho. Do gr. biblion (ver com. de Ap.5:1). A imagem retratada aqui é do céu se enrolando como um rolo de pergaminho. Na cosmologia antiga, o céu era considerado uma abóbada sólida sobre a Terra. Então o profeta vê o céu enrolado e a terra desprotegida diante de Deus. Isaías (Is.34:4) apresenta o mesmo retrato. Sem dúvida, este evento corresponde ao descrito por Jesus quando disse: “os poderes dos céus serão abalados” (ver com. de Mt.24:29). Esse acontecimento ainda está no futuro e está ligado ao aparecimento do Filho do Homem nas nuvens do céu. Todos os montes e ilhas. Estas temíveis convulsões tomam lugar entre os eventos da sétima praga (Ap.16:20). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.6:15 | 15. Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes Reis. Ver Ap.16:14; Ap.17:12. A lista que se segue abrange toda a gama da vida política e social que existia no mundo romano nos dias de João. Embora o retorno de Cristo não seja mencionado aqui, o contexto deixa claro que Ele estaria prestes a aparecer. Os grandes. Do gr. megistanes, “chefes”, “nobres”, numa possível correspondência com o latim magistrati, oficiais civis do governo romano, como Plínio (ver vol. 6, p. 47-50, 75, 76), que muitas vezes ordenaram a morte dos mártires cristãos. Os comandantes. Do gr. chiliarchoi, “chefes de mil”. Ao NT , esta palavra é usada para se referir ao tribuno militar romano (ver Jo.18:12; At.21:31-33). Portanto, aqui a provável alusão é a oficiais militares de alta patente. Os ricos. Ver com. de Tg.5:1-6. Os poderosos. Comparar com 1Co.1:26. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.6:16 | 16. e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, Caí sobre nós. Ver Os.10:8; Lc.23:30. Encarar a Deus passa a ser mais temível do que enfrentar a morte. Ira. Do gr. orge (ver com. de Rm.1:18). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.6:17 | 17. porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se? Grande Dia. Ver Jl.2:11; Jl.2:31; ver com. de Is.13:6. Quem é que pode suster-ser? Comparar com Na.1:6; Ml.3:2; Lc.21:36. Com esta pergunta penetrante, a presente cena chega ao fim. Cada um dos seis selos abertos mostra uma etapa diferente do grande conflito entre Cristo e Satanás, e todas elas ajudam a demonstrar a justiça de Deus perante o universo expectante (ver com. de Ap.5:13). Então se faz uma pausa na abertura dos selos, pois há uma pergunta que requer resposta. Até aqui, na descrição dos terríveis acontecimentos que precedem o segundo advento, não foi dado nenhum indício de que alguém sobreviveria a eles. Por isso é feito o dramático questionamento: “Quem é que pode suster-ser?” As visões de Apocalipse 7 interrompem a sequência de selos para apresentar uma resposta. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.7:1 | 1. Depois disto, vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, conservando seguros os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem sobre árvore alguma. Depois. Ver com. de Ap.4:1; sobre a relação entre os cap. Ap.6-7, ver com. de Ap.6:17. Vi. Ver com. de Ap.4:1. Quatro anjos. Estes anjos representam agentes divinos no mundo, retendo as forças do mal até que a obra de Deus no coração dos seres humanos seja concluída e o povo do Senhor receba o selo na testa (ver com. de Ap.6:17). Quatro cantos. Comparar com Is.11:12; Ez.7:2. Isto quer dizer que a Terra inteira está ameaçada. Quatro ventos. Muitas vezes, nas Escrituras, os “quatro ventos” representam os quatro pontos cardeais (ver Dn.8:8; Mc.13:27). Neste caso, os quatro ventos são forças destrutivas (ver v. Ap.7:3). É provável que o paralelo mais próximo seja encontrado em Dn.7:2, texto em que eles parecem ser forças de conflito, do qual surgem grandes nações. Como Apocalipse 7 parece uma resposta à pergunta final do capítulo 6 (ver com. de Ap.6:17), o segurar dos quatro ventos corresponderia a uma pausa temporária dos terrores retratados em Apocalipse 6, até que aqueles que devem permanecer firmes frente à tempestade estivessem preparados para isso. À luz do grande conflito entre Cristo e Satanás, essas forças destrutivas representam os esforços de demônios em espalhar ruína e destruição por toda parte. João viu quatro anjos; na verdade, muitos anjos se ocupam da tarefa de conter os desígnios do inimigo. Esses anjos seguram “o mundo [...]. Eles contêm os exércitos de Satanás até que o selamento do povo de Deus termine [...]. Recebem a obra de deter os poderes enraivecidos daquele que vem como um leão a rugir, buscando quem possa tragar” (Ellen G. While, Material Suplementar sobre Ap.5:11). Quando a obra de selamento for concluída, Deus dirá aos anjos: “Não combatam mais Satanás em seus esforços de destruição. Deixem-no operar sua malignidade nos filhos da desobediência, pois a taça de sua iniquidade está cheia” (Ellen G. White, RH, 17 de setembro de 1901; cf. T6, 408). Quando os quatro anjos finalmente soltarem os ventos e deixarem de conter os desígnios maus de Satanás e “os ventos impetuosos das paixões humanas, ficarão às soltas todos os elementos de contenda. O mundo inteiro se envolverá em ruína mais terrível do que a que sobreveio a Jerusalém na antiguidade” (CC, 614). Sobre a terra. Os três itens aqui mencionados – terra, mar e árvore – enfatizam a natureza universal da ameaça de destruição. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.7:2 | 2. Vi outro anjo que subia do nascente do sol, tendo o selo do Deus vivo, e clamou em grande voz aos quatro anjos, aqueles aos quais fora dado fazer dano à terra e ao mar, Outro anjo. Isto é, além dos quatro que estavam segurando os ventos (ver com. do v. Ap.7:1). Do nascente. Literalmente, “do nascente do sol”. Nos tempos antigos, o leste era o ponto orientador da bússola. As direções eram calculadas do ponto de vista de alguém voltado para o leste (ver com. de Ex.3:1). Foi dessa direção que Ezequiel viu a glória de Deus entrando no templo (Ez.43:2-5). O sinal do Filho do Homem aparecerá no oriente (Mt.24:30; cf. CC, 640, 641). Portanto, a direção da qual o anjo vem pode indicar que o mensageiro celestial foi enviado por Deus. Alguns preferem a versão literal, “do nascente do sol”, e acreditam que a ênfase não está no local, mas na maneira, ou seja, a chegada do anjo é semelhante ao sol nascendo em seu esplendor (ver com. de Ap.16:12). Selo. Desde a Antiguidade remota, os selos, no Oriente Médio, eram usados como as assinaturas de hoje. Eles comprovavam a autoria de um documento, indicavam a quem pertencia o objeto sobre o qual estava impresso, ou protegiam itens como baús, caixas e túmulos, impedindo que fossem abertos ou violados. A arqueologia tem mostrado diversos desses selos. Um deles tem a inscrição de que o selo é “de Shema Servo de Jeroboão” (David Diringer, The Biblical Archaeologist, XII [1949], p. 84); outro diz: “Pertencente a Eliaquim, mordomo de Joaquim” (W. F. Albright, Journal of Biblical Literature, LI [1932], p. 81). A ideia de Deus colocar uma marca sobre Seu povo remonta à visão de Ezequiel, do homem “com um estojo de escrevedor” que recebeu a ordem de marcar “com um sinal a testa dos homens que suspiram e gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio” de Jerusalém (Ez.9:2-4). A imagem do selamento também é aplicada a outras circunstâncias. Paulo a relacionou com a experiência de se receber o Espírito Santo durante a conversão e o batismo (ver 2Co.1:22; Ef.1:13; Ef.4:30). Jesus declarou que Ele próprio fora selado pelo Pai, sem dúvida, em referência à confirmação que recebeu do Pai, por meio do Espírito Santo por ocasião de Seu batismo (ver com. de Jo.6:27). O simbolismo do selamento encontra um interessante paralelo no pensamento escatológico judaico. Um dos Salmos de Salomão (obra pseudepigráfica que data da metade do primeiro século a.C.) declara, a respeito dos justos: “A chama de fogo e da ira contra os injustos não os tocará, quando irromper da face do Senhor contra os pecadores para destruir toda sua substância, pois a marca de Deus estará sobre os justos para que sejam salvos. Fome e espada e peste (estarão) distantes dos justos” (15:6-8; R. H. Charles, The Apocrypha and Pseudepigrapha of the Old Testament, vol. 2, p. 646). Portanto, os judeus entendiam que a marca sobre os justos os afastaria dos perigos na época da vinda do Messias. De maneira semelhante, esta visão aponta para um selamento do povo de Deus que os preparará para resistir aos terríveis períodos de aflição que antecederão o segundo advento (ver com. de Ap.7:1). Assim como nos tempos antigos, o selo sobre um objeto revela a quem ele pertence. Logo, o selo de Deus sobre Seu povo proclama que Ele os reconhece como Seus (ver 2Tm.2:19; cf. TM. 446). A marca colocada sobre os servos fiéis de Deus é “o puro sinal da verdade”, Seu “selo aprovador” (T3, 267). Comprova a “semelhança a Cristo em caráter” (Ellen G. White, Material Suplementar sobre Ap.7:2). “O selo de Deus, a prova ou o sinal de Sua autoridade, é encontrado no quarto mandamento” (Ellen G. White, ST, 1º de novembro de 1899; cf. GC, 640; sobre o selo, ver ainda com. de Ez.9:4). Deus vivo. Ver com. de Ap.1:18. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.7:3 | 3. dizendo: Não danifiqueis nem a terra, nem o mar, nem as árvores, até selarmos na fronte os servos do nosso Deus. Até selarmos. Ver com. do v. Ap.7:2. Na fronte. Na visão, João provavelmente viu uma marca literal afixada. Essa marca representa a qualificação do caráter (ver com. de Ez.9:4; 2Tm.2:19). Os servos. Do gr. douloi, “escravos”. Os selados são servos de Deus, e o selo sobre eles comprova que são verdadeiramente propriedade do Senhor. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.7:4 | 4. Então, ouvi o número dos que foram selados, que era cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel: Ouvi. A informação foi transmitida oralmente a João. A profecia não conta se, desta vez, ele viu o grupo dos selados. Cento e quarenta e quatro mil. Há dois pontos de vista a respeito desse número: (1) que é literal e (2) que é simbólico. Alguns dos defensores da Iiteralidade argumentam que o total pode estar ligado a um sistema como o usado na contagem dos cinco mil que foram alimentados de maneira milagrosa, no qual somente os homens são incluídos, deixando de fora as mulheres e crianças (ver Mt.14:21). Aqueles que defendem o caráter simbólico do número destacam que a visão é claramente simbólica. Assim como os outros símbolos não devem receber uma interpretação literal, este também não. Muitos estudiosos da Bíblia consideram importante o número doze, sem dúvida, por causa das doze tribos de Israel (ver Ex.24:4; Ex.28:21; Lv.24:5; Nm.13; Nm.17:2; Js.4:9; 1Rs.4:7; 1Rs.18:31; Mt.10:1; Ap.12:1; Ap.21:12; Ap.21:14; Ap.21:16; Ap.21:21; Ap.22:2). A repetição de doze vezes o número doze mil (Ap.7:5-8) pode sugerir que o principal objetivo desta passagem não é revelar o número preciso dos selados, mas, sim, mostrar sua distribuição entre as tribos do Israel espiritual. Os 144 mil são apresentados aqui como aqueles que conseguem “suster-se” em meio aos terríveis acontecimentos que precedem a segunda vinda (ver com. de Ap.6:17). Eles têm o “selo do Deus vivo” (Ap.7:2) e são protegidos num período de destruição universal, como aqueles que possuíam a marca na visão de Ezequiel (Ez.9:6). Receberam a aprovação do Céu, pois João os vê depois com o Cordeiro no monte Sião (Ap.14:1). Eles são considerados sem mácula e sem mentira na boca (Ap.14:5). João os ouve entoar um cântico que “ninguém pôde aprender” (Ap.14:3). São chamados de “primícias para Deus e para o Cordeiro” (Ap.14:4). Há diferentes opiniões quanto a quem, dentre a última geração de santos, fará parte dos 144 mil. A falta de informações mais específicas, necessárias para se chegar a conclusões finais em relação a certos pontos, levou alguns a darem ênfase não em quem são os 144 mil, mas no que eles são, no tipo de caráter que Deus espera que possuam e na importância de se preparar para pertencer a essa multidão daqueles que não têm mácula. O conselho a seguir pode ser oportuno: “Não é da vontade dEle [de Deus] que entrem em conflito sobre questões que não os ajudarão espiritualmente, como quem compõe o grupo dos 144 mil. Sem sombra de dúvida, os eleitos de Deus terão essa informação dentro de pouco tempo” (Ellen G. White, Material Suplementar sobre Ap.14:1-4; cf. PR, 189). Todas as tribos. Doze tribos são alistadas aqui (v. Ap.7:5-8), mas a relação não é idêntica às encontradas no AT (ver Nm.1:5-15; Dt.27:12-13; Gn.35:22-26; Gn.49:3-28; 1Cr.2:1-2). As listas do AT costumam começar com Rúben, ao passo que esta inicia com Judá, talvez porque Cristo veio da tribo de Judá (ver Ap.5:5). No AT, Levi nem sempre é incluído como tribo, embora, é claro, seja alistado como filho de Jacó. Sem dúvida, isso acontecia porque Levi não recebeu herança entre as tribos (ver com. de Js.13:44). Aqui, a tribo de Levi é contada, mas não a de Dã. Para contar Levi e manter o número doze foi necessário omitir uma das tribos, já que José se dividiu em duas tribos, a saber, Efraim (provavelmente chamada de “José”, em Ap.7:8) e Manassés. Talvez Dã tenha sido excluída por causa de sua reputação de ter se envolvido em idolatria (Jz.18:30-31). A ordem em que as tribos são alistadas difere de todas as listas do AT. Alguns observam que, se os v. 7 e 8 forem colocados entre os v. 5 e 6, as tribos seguiriam a ordem dos filhos de Lia, filhos de Raquel, filhos da serva de Lia e filhos da serva de Raquel, com exceção de Dã, em cujo lugar está Manassés. No entanto, nada se ganha com esse rearranjo. O nome de algumas tribos não é escrito da mesma forma que no AT. Isso ocorre porque os nomes no NT são transliterados do grego, ao passo que os do AT são transliterados do hebraico. As transliterações gregas de nomes hebraicos costumam ser imprecisas, porque o alfabeto grego não conta com alguns sons comuns no hebraico. Israel. Aqueles que insistem que os 144 mil são judeus literais argumentam que a aplicação aos cristãos, no papel de Israel espiritual, não pode ser conciliada com a divisão em doze tribos específicas. No entanto, se os “filhos de Israel” devem ser compreendidos de maneira literal, que razão haveria para não interpretar literalmente também Apocalipse Ap.7:5-8 e Ap.14:1-5? Além de os judeus terem perdido, há muito tempo, as distinções tribais, seria forçar demais a credulidade das pessoas imaginar a possibilidade extremamente remota da existência de um número idêntico de remidos de cada tribo, mas nenhum de Dã, junto com a exigência de todos serem adeptos do celibato (Ap.14:4). Porém, se os 144 mil não forem judeus literais, mas israelitas em sentido figurado, pertencentes ao Israel espiritual, a igreja cristã, então as divisões entre as tribos e outros detalhes também serão figurados, acabando com as dificuldades. Deve-se compreender que os israelitas selados pertencem ao Israel espiritual, aos crentes em Cristo (ver Rm.2:28-29; Rm.9:6-7; Gl.3:28-29; Gl.6:16; Gl.4:28; 1Pe.1:1; ver com. de Fp.3:3). O Israel espiritual, segundo o simbolismo bíblico, também é representado dividido em doze tribos, pois as doze portas da nova Jerusalém têm o nome das doze tribos de Israel (ver Ap.21:12). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.7:5 | 5. da tribo de Judá foram selados doze mil; da tribo de Rúben, doze mil; da tribo de Gade, doze mil; Sem comentário para este versículo. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.7:6 | 6. da tribo de Aser, doze mil; da tribo de Naftali, doze mil; da tribo de Manassés, doze mil; Sem comentário para este versículo. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.7:7 | 7. da tribo de Simeão, doze mil; da tribo de Levi, doze mil; da tribo de Issacar, doze mil; Sem comentário para este versículo. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.7:8 | 8. da tribo de Zebulom, doze mil; da tribo de José, doze mil; da tribo de Benjamim foram selados doze mil. Sem comentário para este versículo. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.7:9 | 9. Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; Depois destas coisas. Ver com. de Ap.4:1. Grande multidão. Desde o início da era cristã, os comentaristas discordam quanto à relação entre esta multidão e os 144 mil. São defendidos três pontos de vista principais. O primeiro argumenta que os 144 mil e a “grande multidão” (Ap.7:9) descrevem o mesmo grupo, mas sob condições diferentes, e que os v. 9 a 17 revelam a verdadeira identidade dos 144 mil. De acordo com essa abordagem, os v. Ap.7:1-8 retratam o selamento dos 144 mil a fim de prepará-los para suportar os horrores que antecedem a vinda do Messias, ao passo que os v. 9 a 17 os mostram depois disso, se regozijando diante do trono de Deus, em paz e triunfo. Aqueles que defendem essa perspectiva acreditam que as aparentes diferenças entre a descrição da “grande multidão” e dos 144 mil não são diferenças, mas explicações: o fato de a “grande multidão” não poder ser contada subentende que o número 144 mil é simbólico, em vez de literal. Como a multidão é formada por pessoas de todas as nações, não só de Israel, como os 144 mil, eles compreendem que o Israel dos 144 mil não é literal, mas espiritual, englobando todas as nações de gentios. O segundo ponto de vista enfatiza as diferenças entre os 144 mil e a “grande multidão”. Um é contável, o outro não. Um representa um grupo especial, as “primícias para Deus e para o Cordeiro”, “os seguidores do Cordeiro por onde quer que vá” (Ap.14:4), ao passo que o outro faz referência ao restante dos santos triunfantes de todas as eras. A terceira perspectiva identifica a “grande multidão” com todo o grupo de remidos, que inclui os 144 mil. Trono. Ver com. de Ap.4:2. Cordeiro. Ver com. de Ap.5:6. Vestiduras brancas. Ver com. de Ap.6:11; Ap.7:14. Palmas. Elas simbolizavam regozijo e vitória (ver Jo.12:13; 1 Macabeus 14:51; 2 Macabeus 10:7). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.7:10 | 10. e clamavam em grande voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação. Ao nosso Deus [...] pertence a salvação. A multidão incontável reconhece que Deus e o Cordeiro a redimiram. O sentido do original está bem claro nesta tradução. O louvor tanto a Deus quanto ao Cordeiro é uma evidência significativa da igualdade entre os dois (ver com. de Ap.5:13). Que Se assenta. Ver com. de Ap.4:2. Anciãos. Ver com. de Ap.4:4. Embora várias cenas tenham se passado desde o cap. Ap.4, o cenário geral ainda é o mesmo. Quatro seres viventes. Ver com. de Ap.4:6. Prostraram. Ver Ap.5:8. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.7:11 | 11. Todos os anjos estavam de pé rodeando o trono, os anciãos e os quatro seres viventes, e ante o trono se prostraram sobre o seu rosto, e adoraram a Deus, Sem comentário para este versículo. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.7:12 | 12. dizendo: Amém! O louvor, e a glória, e a sabedoria, e as ações de graças, e a honra, e o poder, e a força sejam ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém! Amém! Ver com. de Ap.5:14. Louvor. Aqui se encontra uma doxologia sétupla (ver com. de Ap.5:12-13). Mais uma vez, assim como no cap. Ap.5:8-14, encontra-se uma visão da vindicação de Deus e de Cristo. Por meio do testemunho dos salvos, as hostes celestiais se lembram de novo de que Deus é sábio e justo. Elas O adoram com louvor, glória, ações de graças e honra. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.7:13 | 13. Um dos anciãos tomou a palavra, dizendo: Estes, que se vestem de vestiduras brancas, quem são e donde vieram? Um dos anciãos. Ver com. de Ap.4:4. Tomou a palavra. Os anciãos exprimiram em palavras a pergunta que, sem dúvida, já passava pela mente de João. Quem são [...]? Pode-se questionar que grupo, os 144 mil (v. Ap.7:4) ou a “grande multidão” (v. Ap.7:9), o ancião tem em mente. São defendidos dois pontos de vista a esse respeito: (1) A referência é aos 144 mil. Aqueles que concordam com essa perspectiva argumentam que João já conhecia a identidade da “grande multidão”, pois declarou que ela era formada por “todas as nações, tribos, povos e línguas”. Por isso, para a pergunta do ancião fazer sentido, dizem que ele deveria estar se referindo aos 144 mil. (2) A referência é à “grande multidão”. Os defensores dessa abordagem destacam que, a partir do v. Ap.7:9, abre-se uma cena totalmente nova na visão, e a referência à cena anterior não seria o caso, a menos que houvesse uma indicação específica, também afirmam que a “grande multidão” não recebeu uma identificação mais clara do que os 144 mil. Por fim, chamam a atenção para o fato de que o ancião se refere àqueles “que se vestem de vestiduras brancas” e, no contexto, à “grande multidão” que assim é descrita (v. Ap.7:9). Esse ponto de vista pode ser baseado no pressuposto de que a “grande multidão” compreende todos os remidos, inclusive os 144 mil, ou os remidos além desse grupo (ver AA, 602; GC, 649; CBV, 507). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.7:14 | 14. Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro, Da grande tribulação. Os defensores de que os v. Ap.7:13-17 se aplicam aos 144 mil (ver com. do v. Ap.7:13) entendem que a tribulação corresponde ao tempo de angústia que precederá o segundo advento de Cristo, mencionado em Dn.12:1. Os que argumentam em favor da referência à grande multidão, nos v. Ap.7:13-17, interpretam a “grande tribulação” de maneira mais genérica, simbolizando os vários períodos de tribulação que os santos enfrentaram ao longo dos séculos, ou, de maneira mais específica, à tribulação retratada pelos símbolos de Ap.6 (cf. Mt.24:21; comparar com Ap.3:10). Lavaram suas vestiduras. É explicado o motivo para a pureza das vestiduras. Os santos não são triunfantes por si mesmos, mas por causa da vitória conquistada por Cristo na cruz (ver com. de Ap.6:11). A relação entre justiça e vitória, ambas simbolizadas por vestes brancas (ver com. de Ap.3:4; Ap.1:5), é demonstrada nesta passagem. O conflito é contra o pecado; a justificação é a vitória; a justiça de Cristo conquistou a vitória; ao aceitar Sua justiça, os pecadores se tornam, ao mesmo tempo, justos e vencedores. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.7:15 | 15. razão por que se acham diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu santuário; e aquele que se assenta no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo. Razão por que. A condição justa e vitoriosa deste grupo abençoado torna possível que seus integrantes permaneçam continuamente na presença de Deus. Caso suas vestiduras não fossem brancas, não poderiam ficar na presença divina. Diante do trono. Ver com. de Ap.4:2. Este grupo permanece todo o tempo na presença de Deus. Eles têm a alegria de estar junto dAquele que os salvou. E O servem. O maior deleite dos salvos é fazer a vontade de Deus. De dia e de noite. Ver com. de Ap.4:8. Santuário. Do gr. nãos, palavra que enfatiza a condição do templo como morada de Deus (ver com. de Ap.3:12). Estenderá sobre eles o Seu tabernáculo. Do gr. skenoo (ver com. de Ap.1:14). O ancião antevê as infindáveis eras da eternidade, ao longo das quais os salvos terão Deus de fato habitando no meio deles. Nunca mais serão privados da presença, do amparo e do favor divinos. Ficar sem a presença de Deus é perda completa; tê-lo habitando conosco é salvação eterna. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.7:16 | 16. Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum, Jamais terão fome. Este versículo parece fazer alusão a Is.49:10, que promete fartura aos que retornassem do exílio. Tal promessa terá seu cumprimento final na experiência do Israel espiritual. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.7:17 | 17. pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima. O Cordeiro. Ver com. de Ap.5:6. No meio do trono. O Cordeiro é retratado como o mais próximo de todos ao trono de Deus (Ap.5:6). Apascentará. Do gr. poimaino, “pastorear” (ver com. de Ap.2:27). Embora em geral o cordeiro seja pastoreado, neste caso, o Cordeiro é o verdadeiro pastor (cf. Jo.10:11). Esta passagem pode refletir Is.40:11. Fontes da água da vida. Sobre esta imagem, ver Je.2:13; Jo.4:14; Ap.22:1. Enxugará dos olhos toda lágrima. Esta figura de linguagem significa que, no mundo por vir, não haverá razão para lágrimas. Alguns interpretam esta figura de forma literal, entendendo que haverá uma ocasião para lágrimas por causa da ausência de pessoas queridas. Não se pode provar tal hipótese. Conclusões dogmáticas a esse respeito devem ser baseadas em mais do que uma expressão figurada. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.8:1 | 1. Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu cerca de meia hora. Sétimo selo. Ap.6 relata a abertura dos seis primeiros selos, de um total de sete. O cap. Ap.7 é um parêntese, pois interrompe a abertura dos selos para mostrar que Deus tem um povo verdadeiro, que conseguiria resistir aos terrores retratados (ver com. de Ap.6:17). Então, a visão volta para a abertura dos selos. Silêncio no céu. Em contraste com os acontecimentos espetaculares que sucedem a abertura dos outros selos, um silêncio aterrador paira após a abertura do sétimo. Tal silêncio recebe pelo menos duas explicações. Alguns defendem que este silêncio no Céu, depois dos eventos terríveis que ocorrem na Terra pouco antes da segunda vinda (Ap.6:14-16), é causado pela partida das hostes celestiais, que deixam a corte do Céu para acompanhar Cristo à Terra (ver Mt.25:31). Outra perspectiva explica que este silêncio no Céu se deve à aterradora expectativa (cf. FE, 15, 16; DTN, 693). Até aqui, as cortes celestiais foram retratadas como repletas de cânticos e louvor. Então, tudo fica quieto, na silenciosa expectativa das coisas prestes a acontecer. Compreendido dessa maneira, o silêncio do sétimo selo forma uma ponte entre a abertura dos selos e o toque das trombetas, pois sugere que, com o sétimo selo, a revelação ainda não está completa. Há mais para ser explicado a respeito da programação divina de eventos no grande conflito (ver com. do v. Ap.8:5). Meia hora. Alguns intérpretes compreendem esta informação com base na fórmula de tempo profético segundo a qual um dia representa um ano literal (ver com. de Dn.7:25). Segundo essa fórmula, “meia hora” corresponderia a uma semana literal (cf. PE, 16). Outros argumentam que não há provas claras nas Escrituras para considerar tempos proféticos inferiores a um dia inteiro e preferem compreender que “cerca de meia hora” significa tão somente um curto período não especificado. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.8:2 | 2. Então, vi os sete anjos que se acham em pé diante de Deus, e lhes foram dadas sete trombetas. Vi. Ver com. de Ap.4:1. Os sete anjos. Embora não tenha mencionado estes anjos antes, João pressupõe que a identidade deles já está consolidada por meio da declaração de que são “os sete anjos que se acham em pé diante de Deus”. Que se acham em pé. Ou, permanecem em pé. Sete trombetas. Nesta visão, os sete anjos tocam as trombetas para anunciar a iminência de juízos divinos (ver com. dos v. Ap.8:5-6). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.8:3 | 3. Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um incensário de ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono; Outro anjo. Ou seja, que não faz parte do grupo de sete anjos com trombetas. Altar. Comparar com Ex.30:1-10. Incensário. Comparar com Lv.10:1. Muito incenso. Ver Ex.30:34-38. Com as orações. A imagem é a de um anjo colocando incenso junto às orações dos santos, à medida que estas ascendem ao trono de Deus. A cena retratada pode ser interpretada como símbolo da ministração de Cristo por Seu povo (ver Rm.8:34; 1Jo.2:1; cf. PP, 356; GC, 414. 415; PE, 32, 252). Jesus, atuando como intercessor, aplica Seus méritos às orações dos santos, as quais, por isso, se tornam aceitáveis a Deus. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.8:4 | 4. e da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos. Fumaça do incenso. Ver com. do v. Ap.8:3. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.8:5 | 5. E o anjo tomou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra. E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto. Encheu-o do fogo. Ocorre uma mudança súbita na cena de intercessão. Outro anjo enche seu incensário de brasas, mas não coloca incenso. E o atirou à terra. O significado deste ato é importante para o entendimento do que acontece em seguida, quando as trombetas são tocadas. Duas interpretações podem ser sugeridas. De acordo com um primeiro ponto de vista, a interrupção do ministério do anjo no altar de incenso simboliza o fim da ministração de Cristo pela raça humana; o fim do tempo da graça. As vozes, os trovões, os relâmpagos e o terremoto que se seguem, quando o anjo atira o incensário à Terra, referem-se a eventos que ocorrerão no final da sétima trombeta, após a abertura do templo (Ap.11:19), e na sétima praga, quando, do templo, uma voz declara: “Feito está!” (Ap.16:17). Outro ponto de vista interpreta Ap.8:3-5 em sua relação lógica com os selos e as trombetas, em vez de cronológica. Essa perspectiva concorda com a anterior na ideia de que o ministério do anjo no altar de incenso representa a intercessão de Cristo por Seu povo ao longo da era cristã. Contudo, enfatiza que as orações dos santos sobem, e interpretam que tais preces correspondem à dos mártires, reveladas no quinto selo: “Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Ap.6:10). Além de ser a oração dos mártires, este também é o clamor de todos os filhos de Deus que sofreram os horrores retratados quando os selos foram abertos. Assim, quando as orações (Ap.8:3) são compreendidas no contexto dos selos, o ato do anjo de atirar à Terra um incensário em chamas, sem incenso dentro, pode ser entendido como símbolo de que tais preces estavam então sendo respondidas. Os santos sofredores recebem uma resposta temporária, pois são instruídos a esperar até que o número de mártires estivesse completo (Ap.6:11). Então chega a real resposta a suas orações. A ira de Deus contra os perseguidores de Seu povo não ficaria contida para sempre. Ela é enfim derramada e sem o benefício da intercessão de Cristo. As trombetas seriam o retrato de tais juízos. Essa segunda abordagem procura unir os selos e as trombetas, afirmando que as trombetas seriam a resposta divina aos acontecimentos relacionados aos selos. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.8:6 | 6. Então, os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se para tocar. Sete anjos. Ver com. do v. Ap.8:2. Sete trombetas. Ver com. do v. Ap.8:2. Há diversos pontos de vista que buscam interpretar a sucessão de cenas que ocorrem após o toque das trombetas. Um deles se baseia no pressuposto de que, como o simbolismo do v. Ap.8:5 aponta para o fim da intercessão de Cristo, os acontecimentos seguintes representariam, logicamente, os juízos de Deus derramados sobre a Terra após o fim do tempo da graça. De acordo com essa abordagem, tais juízos são paralelos às sete últimas pragas (Ap.16). Os defensores desta perspectiva apontam para determinados aspectos de cada trombeta que se assemelham a características de cada uma das pragas. De acordo com outro ponto de vista, as sete trombetas não devem ser analisadas de maneira cronológica, mas como símbolos da resposta divina às orações do povo sofredor de Deus ao longo de todas as eras. Em outras palavras, esta interpretação vê as trombetas como garantia divina aos santos perseguidos de que, a despeito de guerras, pragas, fomes e morte que possam enfrentar, Ele não perde o controle do mundo. Em vez disso, continua a julgar e a punir os ímpios (ver com. do v. Ap.8:5). A perspectiva favorecida pelos adventistas do sétimo dia é de que as trombetas retomam, em grande medida, o período da história cristã abrangido pelas sete igrejas (Ap.2-3) e pelos sete selos (Ap.6; Ap.8:1), enfatizando os acontecimentos políticos e militares mais marcantes desse período. Esses eventos serão discutidos abaixo, nos comentários sobre cada uma das trombetas. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.8:7 | 7. O primeiro anjo tocou a trombeta, e houve saraiva e fogo de mistura com sangue, e foram atirados à terra. Foi, então, queimada a terça parte da terra, e das árvores, e também toda erva verde. Saraiva e fogo. A imagem retratada nesta passagem é de uma grande tempestade de granizo, misturada com relâmpagos, que lembra a sétima praga do Egito (Ex.9:22-25). Terra. No nível da vegetação, a terra é o alvo específico deste flagelo (cf. Ap.16:2). O flagelo é visto como representativo da invasão do império romano pelos visigodos, sob a liderança de Alarico. Essa foi a primeira das incursões teutônicas ao império romano, as quais desempenharam um importante papel em sua queda final. A partir de 396 d.C., os visigodos dominaram a Trácia, Macedônia e Grécia, na parte oriental do império. Posteriormente, atravessaram os Alpes e saquearam a cidade de Roma, em 410 d.C. Também saquearam boa parte do território que hoje é a França até se estabelecerem na Espanha. Terça parte. Esta fração ocorre várias vezes no Apocalipse (ver v. Ap.8:8-9; Ap.8:11-12; Ap.9:15; Ap.9:18; Ap.12:4; Zc.13:8-9). É provável que signifique uma parte substancial, mas não a maioria. Toda erva verde. A gravidade da chuva é dramatizada pelo quanto destruiu a vegetação da Terra. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.8:8 | 8. O segundo anjo tocou a trombeta, e uma como que grande montanha ardendo em chamas foi atirada ao mar, cuja terça parte se tornou em sangue, Como que. Ao que tudo indica, uma montanha em chamas é a representação mais próxima que João encontrou para retratar o que acontecia diante de seus olhos. A imagem de uma “montanha ardendo em chamas” ocorre na literatura apocalíptica judaica (ver Enoque 18:13; R. H. Charles, The Apocrypha and Pseudepigrapha of the Old Testament, vol. 2, p. 200), mas não há evidências de que João tenha extraído dessa fonte a descrição do fenômeno visto. No AT, o profeta Jeremias caracteriza Babilônia como um “monte que [destrói]”, o qual se transformaria em “um monte em chamas” (Je.51:25). Mar. Juntamente com a vida que existe dentro e sobre ele, o mar é retratado como alvo especial deste juízo (cf. Ap.16:3). A catástrofe anunciada pela segunda trombeta é vista como sendo as depredações dos vândalos. Expulsos de suas moradas na Trácia, por ataques de hunos, da Ásia central, os vândalos migraram pela Gália (a atual França) e Espanha até a parte romana do norte da África, onde estabeleceram um reino em torno de Cartago. De lá, dominaram o Mediterrâneo ocidental, com uma frota de piratas que saqueavam as costas da Espanha, Itália e até mesmo a Grécia, e atacando navios romanos. O auge de suas depredações ocorreu em 455 d.C., quando pilharam a cidade de Roma por duas semanas. Terça parte. Ver com. do v. Ap.8:7. Tornou em sangue. Este juízo lembra a primeira praga do Egito (Ex.7:20). Na segunda praga (Ap.16:31, o mar “se torna em sangue como de morto”. Sem dúvida, “sangue” aqui subentende extermínio humano em grande escala. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.8:9 | 9. e morreu a terça parte da criação que tinha vida, existente no mar, e foi destruída a terça parte das embarcações. Criação. Do gr. ktismata, “coisas criadas”. A palavra grega não envolve necessariamente vida, daí a explicação “que tinha vida” (ver Ex.7:21). Vida. Do gr. psuchai (ver com. de Mt.10:28). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.8:10 | 10. O terceiro anjo tocou a trombeta, e caiu do céu sobre a terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas uma grande estrela, ardendo como tocha. Caiu [...] uma grande estrela. Esta declaração é interpretada como uma descrição da invasão e das pilhagens dos hunos, sob a liderança do rei Átila, durante o 5º século. Entrando na Europa, pela Ásia Central, por volta de 370 d.C., os hunos se estabeleceram primeiro no baixo Danúbio. Três quartos de século depois se mudaram mais uma vez e, por um breve período, devastaram várias regiões do cambaleante império romano. Eles atravessaram o Reno, em 451 d.C., mas foram detidos por uma afiança de tropas romanas e germânicas, em Chalons, no norte da Gália. Após uma curta temporada de saques na Itália, Átila morreu em 453 d.C., e os hunos em seguida desapareceram da história. A despeito da breve duração de seu domínio, os hunos foram tão vorazes em suas destruições que o nome deles entrou para a história como sinônimo de extermínio e destruição da pior natureza. Terça parte. Ver com. do v. Ap.8:7. Rios. Este juízo recai sobre todas as fontes de água doce, em contraste com os corpos de água salgada afetados durante a trombeta anterior (v. Ap.8:8; Ap.16:4). Tocha. Do gr. lampas; ver com. de Mt.25:1. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.8:11 | 11. O nome da estrela é Absinto; e a terça parte das águas se tornou em absinto, e muitos dos homens morreram por causa dessas águas, porque se tornaram amargosas. Nome. Uma vez que o “nome” costuma indicar uma característica daquilo que designa, o nome da estrela pode ser considerado como descrição do juízo a sobrevir com esta trombeta (ver com. de At.3:16). Absinto. Do gr. apsinthos, uma erva bastante amarga, a Artemisia absinthium. Nesta passagem, as próprias águas se transformam em absinto. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.8:12 | 12. O quarto anjo tocou a trombeta, e foi ferida a terça parte do sol, da lua e das estrelas, para que a terça parte deles escurecesse e, na sua terça parte, não brilhasse, tanto o dia como também a noite. Terça parte. Ver com. do v. Ap.8:7. Sol. Os corpos celestes são interpretados como representantes dos grandes luminares do governo romano ocidental: seus imperadores, senadores e cônsules. Com a morte do último imperador, em 476, começou a extinção de Roma ocidental (ver p. 7, 8; cf. p. 95). Posteriormente, o senado e o consulado também chegaram ao fim. Na sua terça parte, não brilhasse. A ideia parece ser de que os corpos celestes seriam atingidos durante um terço do tempo de seu brilho, não de que um terço deles seria ferido para que brilhasse com dois terços de seu esplendor. Assim, um terço do dia (sol) e um terço da noite (lua e estrelas) ficariam escuros. Aplicada à divisão do governo romano, a figura pode representar a extinção sucessiva dos imperadores, senadores e cônsules. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.8:13 | 13. Então, vi e ouvi uma águia que, voando pelo meio do céu, dizia em grande voz: Ai! Ai! Ai dos que moram na terra, por causa das restantes vozes da trombeta dos três anjos que ainda têm de tocar! Vi. Ver com. de Ap.4:1. Esta interrupção temporária na sequência de trombetas chama a atenção para as três últimas, que recebem o nome específico de “ais”. Uma águia. Evidências textuais (cf. p. xvi) favorecem esta variante. Pode-se conceber a águia como um presságio de destruição (ver Mt.24:28; Dt.28:49; Os.8:1; Hc.1:8). Meio do céu. Isto é, no zênite, para que todos possam ouvir sua mensagem. Ai! Ai! Ai. O ai é repetido três vezes por causa dos três juízos que ainda sobreviriam com o toque das três trombetas restantes. Cada um deles é chamado de “ai” (ver Ap.9:12; Ap.11:14). Dos que moram. Isto é, os ímpios (ver com. de Ap.3:10). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.9:1 | 1. O quinto anjo tocou a trombeta, e vi uma estrela caída do céu na terra. E foi-lhe dada a chave do poço do abismo. Quinto anjo. A quinta trombeta é relatada nos v. 1-12, e representa o primeiro “ai” (ver com. de Ap.8:13; Ap.9:12-13). Uma estrela caída. A estrela descrita aqui não é vista caindo, como na terceira trombeta (Ap.8:10), mas já é mostrada caída na Terra. A figura de uma estrela caída do céu também ocorre na literatura apocalíptica judaica para descrever Satanás (Enoque 88:1; R. H. Charles, The Apocrypha and Pseudepigrapha of the Old Testament, vol. 2, p. 251). Foi-lhe dada. Isto sugere que o poder representado pela chave não era intrinsecamente dele, mas lhe foi concedido por um poder superior. A chave. A posse da chave sugere autoridade para abrir e fechar (ver Ap.3:7; Mt.16:19). Vários comentaristas identificam a quinta e a sexta trombetas com os ataques dos sarracenos e turcos. Argumentam que as guerras entre os persas, liderados por Cosroe II (590-628 d.C.), e os romanos, sob Heráclio I (610-641), enfraqueceram os dois impérios, preparando o caminho para a conquista muçulmana. Sugerem que a chave foi a queda de Cosroe, cuja retirada do trono e assassinato, em 628, marcou o fim do império persa e abriu espaço para o avanço das forças árabes. Poço do abismo. Do gr. phrear tes abussos, “poço do [lugar] sem fundo” ou “poço do abismo”. A palavra abusos é usada diversas vezes na LXX para traduzir o termo heb. tehom (ver com. de Gn.1:2, texto em que abusos se refere ao oceano primitivo). O termo indica o mar de modo geral (Jó.41:31) e as profundezas da Terra (SI.71:20). Abussos também é a morada do leviatã. Logo, a LXX, de Jó.41:22-23; Jó.41:25 (v. 31, 32, 34 do Texto Massorético), diz: “Ele [o dragão] faz o profundo [abusos] ferver como um caldeirão em chamas, vê o mar como uma vasilha de unguento e a parte mais baixa do abismo como um cativo: ele considera profundo seu domínio [...]. Contempla todas as coisas elevadas e é rei de tudo que está nas águas.” No que se refere aos árabes, o poço do abismo pode representar a vasta imensidão de seus desertos, de onde seguidores do islamismo saíram para levar suas conquistas a extensos territórios. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.9:2 | 2. Ela abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço como fumaça de grande fornalha, e, com a fumaceira saída do poço, escureceu-se o sol e o ar. Poço do abismo. Ver com. do v. Ap.9:1. Escureceu-se. Comparar com Ap.6:12. A escuridão também é uma característica da quinta praga (Ap.16:10). Na comparação com os muçulmanos, o escurecimento do sol pode ser compreendido como o obscurecer do cristianismo. Esse foi o efeito da disseminação da religião islâmica. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.9:3 | 3. Também da fumaça saíram gafanhotos para a terra; e foi-lhes dado poder como o que têm os escorpiões da terra, Gafanhotos. Este castigo lembra a praga dos gafanhotos que infestaram o Egito (Ex.10:13-15). Afirma-se que, desde o 8º século d.C., o monge espanhol Beato já havia identificado o símbolo dos gafanhotos com os árabes muçulmanos. Em sua época, eles haviam acabado de dominar o norte da África, o Oriente Médio e a Espanha. Desde então, muitos comentaristas seguiram essa identificação. Como o que têm os escorpiões. Normalmente, os gafanhotos não atacam seres humanos, mas esses gafanhotos são retratados como que possuindo o veneno de escorpiões. Os escorpiões são hostis aos seres humanos (ver Ez.2:6; Lc.10:19; Lc.11:12). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.9:4 | 4. e foi-lhes dito que não causassem dano à erva da terra, nem a qualquer coisa verde, nem a árvore alguma e tão somente aos homens que não têm o selo de Deus sobre a fronte. Que não causassem dano. Normalmente, os gafanhotos destroem a vegetação, não seres humanos. Todavia, esses gafanhotos recebem a ordem de não causar dano a nenhuma planta em crescimento, senão aos homens injustos. Aqueles que identificam o símbolo do gafanhoto com os sarracenos sugerem que essa proibição reflete a política dos conquistadores árabes de não destruir propriedades arbitrariamente e não matar cristãos e judeus, contanto que estes se sujeitassem ao pagamento de tributos. Há o relato de que Abu Bakr, sucessor de Maomé, disse o seguinte a seus soldados acerca de determinado grupo: “Vocês encontrarão outro tipo de pessoas que pertencem à sinagoga de Satanás, que têm coroas rapadas; rachem-lhes o crânio e não lhes mostrem compaixão, até que se tornem maometanos ou paguem tributo” (citado por Edward Gibbon, The Decline and Fall of the Roman Empire, ed. J. B. Bury, vol. 5, p. 416). Não se conhece ao certo a identificação dessa classe. Quando aplicada aos árabes muçulmanos, esta restrição pode ser compreendida como a política de permitir que os conquistados vivessem. Essa prática foi adotada para que os vencidos pudessem ajudar os guerreiros em suas conquistas futuras. Não têm o selo. Como a guarda do sábado é o sinal externo da obra interior de selamento pelo Espírito Santo (ver com. de Ez.9:4; Ef.1:13), alguns sugerem que os indivíduos atacados pelos “gafanhotos” aqui são aqueles que não guardam o sábado verdadeiro nem têm o penhor do Espírito Santo. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.9:5 | 5. Foi-lhes também dado, não que os matassem, e sim que os atormentassem durante cinco meses. E o seu tormento era como tormento de escorpião quando fere alguém. Não que os matassem. O castigo infligido pelos gafanhotos é a dor, não a morte. Cinco meses. Sobre este período, ver Nota Adicional a Apocalipse 9; Ap.9:21. Escorpião. Ver com. do v. Ap.9:3. A picada de um escorpião pode ser extremamente dolorosa, mas é raro que seja fatal para o ser humano. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.9:6 | 6. Naqueles dias, os homens buscarão a morte e não a acharão; também terão ardente desejo de morrer, mas a morte fugirá deles. Buscarão a morte. Comparar a atitude das pessoas aqui com a retratada em Ap.6:16 (ver Jó.3:21; Je.8:3). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.9:7 | 7. O aspecto dos gafanhotos era semelhante a cavalos preparados para a peleja; na sua cabeça havia como que coroas parecendo de ouro; e o seu rosto era como rosto de homem; Aspecto. Do gr. homoiomata, “semelhança”. Semelhante a cavalos. Ver com. de Jl.2:4. Alguns veem nos cavalos uma referência à cavalaria, característica das forças militares árabes. Coroas. Do gr. stephanoi, símbolos de vitória (ver com. de Ap.2:10). Alguns enxergam aqui uma alusão ao turbante, desde muito, o adereço típico dos árabes. Rosto de homem. Talvez um indicativo de que os agentes deste castigo são seres humanos. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.9:8 | 8. tinham também cabelos, como cabelos de mulher; os seus dentes, como dentes de leão; Cabelos de mulher. Alguns aplicam esta característica da visão aos supostos cabelos longos que as tropas árabes usavam. Dentes de leão. Esta imagem sugere força e ferocidade. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.9:9 | 9. tinham couraças, como couraças de ferro; o barulho que as suas asas faziam era como o barulho de carros de muitos cavalos, quando correm à peleja; Couraças de ferro. O exoesqueleto dos gafanhotos pode sugerir esta descrição. A imagem aponta para a invencibilidade dos agentes deste juízo. Barulho de carros. Comparar com Jl.2:5. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.9:10 | 10. tinham ainda cauda, como escorpiões, e ferrão; na cauda tinham poder para causar dano aos homens, por cinco meses; Como escorpiões. Isto é, como a cauda dos escorpiões, que contém ferrões venenosos. Causar dano aos homens. Ver com. do v. Ap.9:5. Cinco meses. Ver Nota Adicional a Apocalipse 9; Ap.9:21. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.9:11 | 11. e tinham sobre eles, como seu rei, o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom. Como seu rei. O sábio Agur declarou: “os gafanhotos não têm rei; contudo, marcham todos em bandos” (Pv.30:27). Nesta passagem, porém, os gafanhotos são ainda mais organizados em sua obra de destruição, pois têm um rei cujas ordens eles seguem. Aqueles que aplicam a quinta e a sexta trombetas aos árabes e turcos muçulmanos veem neste rei uma referência a Osman I (1299-1326), o tradicional fundador do império otomano. Consideram que seu primeiro ataque ao império grego, o qual, de acordo com Edward Gibbon, ocorreu em 27 de julho de 1299, marcou o início dos cinco meses de tormentos (Ap.9:7; Ap.9:10; sobre este período, ver Nota Adicional a Apocalipse 9; Ap.9:21). Anjo. Ou, “mensageiro”, o responsável pelas forças provenientes do poço do abismo. Abismo. Ver com. do v. Ap.9:1. Abadom. Do gr. Abaddon, transliteração do heb. Abadon, “destruição”, “ruína”. Esta palavra é usada com significado geral em Jó.31:12 e, em Jó.26:6, é paralela a “além” (do heb. sheol, reino figurado dos mortos; ver com. de Pv.15:11). O uso de um nome hebraico aqui é significativo, uma vez que a maioria dos símbolos usados por João tem origem hebraica e judaica. Na tradição judaica, Abadon é personificado (ver Talmude, Shabbath, 89.a). Grego. João cita um nome grego que traduz Abadon para seus leitores que falavam esse idioma. Apoliom. Do gr. Apolluon, “aquele que destrói”, “um destruidor”. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.9:12 | 12. O primeiro ai passou. Eis que, depois destas coisas, vêm ainda dois ais. Ai. Ver com. de Ap.8:13. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.9:13 | 13. O sexto anjo tocou a trombeta, e ouvi uma voz procedente dos quatro ângulos do altar de ouro que se encontra na presença de Deus, Sexto anjo. Isto é, o segundo “ai” (ver com. de Ap.8:13; Ap.11:14; Ap.9:12). Quatro ângulos. As evidências textuais (cf. p. xvi) se dividem entre esta e a variante “quatro chifres” (sobre os chifres do altar de incenso no templo, ver Ex.37:26). Altar de ouro. Sem dúvida, trata-se do mesmo altar onde o anjo havia ministrado as orações dos santos (Ap.8:3-5). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.9:14 | 14. dizendo ao sexto anjo, o mesmo que tem a trombeta: Solta os quatro anjos que se encontram atados junto ao grande rio Eufrates. Quatro anjos. Antes, o profeta vira quatro anjos com poder para impedir que os ventos soprassem (Ap.7:1). Eles tinham poder global; já os quatro mencionados aqui parecem agir de maneira localizada. A maioria dos comentaristas que aplica a quinta trombeta aos sarracenos identifica os turcos na sexta. Alguns deles relacionam os quatro anjos aos quatro sultôes do império turco (otomano): Alepo, Icônio, Damasco e Bagdá. Outros enxergam nestes anjos a totalidade das forças destruidoras que atacaram o mundo ocidental. Que se encontram atados. Literalmente, “foram atados”. Estes anjos foram impedidos de executar sua obra de juízo até que soasse a sexta trombeta. Eufrates. Os comentaristas que aplicam a sexta trombeta aos turcos costumam interpretar o Eufrates de maneira literal, no sentido de que foi partindo da região do Eufrates que os turcos invadiram o império bizantino, todavia, uma vez que os nomes Sodoma, Egito (Ap.11:8) e Babilônia (Ap.14:8; Ap.17:5; Ap.18:2; Ap.18:10; Ap.18:21) são usados de maneira simbólica no Apocalipse, outros eruditos defendem que o Eufrates também deve ser compreendido de maneira simbólica (ver com. de Ap.16:12). Alguns deles observam que, para os israelitas, o Eufrates era a fronteira setentrional da terra que idealmente ocupariam (Dt.1:7-8) e que, no auge de seu poder, dominaram, pelo menos até certo ponto (ver com. de 1Rs.4:21). Além do Eufrates, ficavam as nações pagãs do norte que, em diversas ocasiões, atacaram e subjugaram Israel (ver com. de Je.1:14). De acordo com esse ponto de vista, o Eufrates significa aqui uma fronteira além da qual Deus contém as forças que executam Seu juízo durante a sexta trombeta. Outros ainda relacionam o Eufrates à Babilônia mística. Mais à frente, o Apocalipse retrata a apostasia final como a Babilônia mística (Ap.17:5) e chama a atenção para o fato de ela estar assentada “sobre muitas águas” (Ap.17:1). A Babilônia histórica se encontrava literalmente situada sobre as águas do Eufrates (ver vol. 4, p. 876). Por isso, argumentam que o Eufrates neste versículo simbolizaria o domínio do poder representado como Babilônia mística (ver com. de Ap.16:12). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.9:15 | 15. Foram, então, soltos os quatro anjos que se achavam preparados para a hora, o dia, o mês e o ano, para que matassem a terça parte dos homens. Quatro anjos. Ver com. do v. Ap.9:14. A hora, o dia, o mês e o ano. Sobre esta expressão, ver Nota Adicional a Apocalipse 9; Ap.9:21; cf. com. de Ap.17:12. Terça parte. Ver com. de Ap.8:7. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.9:16 | 16. O número dos exércitos da cavalaria era de vinte mil vezes dez milhares; eu ouvi o seu número. Exércitos da cavalaria. Os quatro anjos são retratados executando seus juízos por meio de um grande exército de cavalaria. Nos tempos antigos, a cavalaria era a parte mais móvel e veloz de um exército. Portanto, pode-se interpretar que simboliza a rapidez e a abrangência desse castigo. Vinte mil vezes dez milhares. Isto é, duzentos milhões. Sem dúvida, este número é simbólico e representa uma hoste inumerável. Eu ouvi. A sintaxe da frase no grego pode indicar que João ouviu o número e compreendeu seu significado. A informação oral confirmou sua impressão de uma multidão incontável. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.9:17 | 17. Assim, nesta visão, contemplei que os cavalos e os seus cavaleiros tinham couraças cor de fogo, de jacinto e de enxofre. A cabeça dos cavalos era como cabeça de leão, e de sua boca saía fogo, fumaça e enxofre. Contemplei. A descrição dos cavalos e de seus cavaleiros parece seguir o familiar paralelismo invertido hebraico: primeiro são mencionados os cavalos, depois os cavaleiros; em seguida, os cavaleiros são descritos e, por fim, os cavalos. Couraças. As couraças dos cavaleiros. De fogo. Isto é, ardente. É possível que não só a armadura dos cavaleiros parecesse brilhante, mas as próprias tropas tivessem, para o profeta, o aspecto de revestidas de fogo. Jacinto. Do gr. huakinthinos, cor violeta ou azul-escura. Alguns sugerem que a palavra pode representar a fumaça que acompanhava o fogo. Outros interpretam que a cor descreve o uniforme turco, no qual se afirma que predominavam as cores vermelha (ou escarlate), azul e amarela. Nesse caso, o fogo representa o vermelho, e o enxofre, o amarelo. Enxofre. Do gr. theiodeis, “sulfuroso” ou “de enxofre”. Fogo e enxofre são mencionados juntos com frequência no Apocalipse (Ap.9:18; Ap.14:10; Ap.19:20; Ap.20:10; Ap.21:8). Cabeça de leão. A comparação entre os “cavaleiros” e o rei dos animais sugere sua ferocidade e majestade. Fogo, fumaça e enxofre. Os mesmos elementos que pareciam revestir os cavaleiros também saem da boca de seus cavalos. A menção à “fumaça” aqui, no lugar do “jacinto” dos cavaleiros, reforça a sugestão de que os dois são a mesma coisa (comparar com a descrição do leviatã, em Jó.41:19-21, NVI). Os eruditos que identificam a sexta trombeta com os ataques dos turcos-otomanos enxergam em “fogo, fumaça e enxofre” uma referência ao uso de pólvora e armas de fogo, iniciado por volta dessa época. Argumentam que o disparo de um mosquete por um cavaleiro montado pareceria, à distância, que fogo estava saindo da boca do cavalo. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.9:18 | 18. Por meio destes três flagelos, a saber, pelo fogo, pela fumaça e pelo enxofre que saíam da sua boca, foi morta a terça parte dos homens; Destes três. Evidências textuais (cf. p. xvi) atestam esta variante. Como esses juízos são chamados de pragas, alguns entendem que isso sugere um paralelo entre as trombetas e as sete últimas pragas (ver com. de Ap.8:6). Fogo, [...] fumaça e [...] enxofre. Ver com. do v. Ap.9:17. Terça parte. Ver com. de Ap.8:7. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.9:19 | 19. pois a força dos cavalos estava na sua boca e na sua cauda, porquanto a sua cauda se parecia com serpentes, e tinha cabeça, e com ela causavam dano. Boca. João já havia retratado os cavalos matando pessoas com o fogo, a fumaça e o enxofre que saíam de sua boca (ver com. do v. Ap.9:17). Cauda. Os cavalos causavam destruição tanto com a cabeça quanto com a cauda. Os gafanhotos da quinta trombeta têm seus ferrões na cauda (v. Ap.9:10). No que se refere aos turcos, alguns comentaristas enxergam nesta “cauda” uma alusão ao estandarte turco, que tinha a imagem da cauda de um cavalo. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.9:20 | 20. Os outros homens, aqueles que não foram mortos por esses flagelos, não se arrependeram das obras das suas mãos, deixando de adorar os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de cobre, de pedra e de pau, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar; Os outros homens. A maioria dos seres humanos não foi destruída por esse terrível castigo. A despeito do que seus companheiros sofreram, eles não aprenderam a lição como deveriam, nem se arrependeram. Obras das suas mãos. Sobretudo, os ídolos que eles haviam feito (ver Dt.4:28; SI.135:15; Je.1:16). Hoje os que atribuem mais importância à própria inteligência e criatividade do que a Deus e a Seu reino estão igualmente condenados. Embora não sejam maus em si mesmos, as tecnologias modernas, obras das mãos humanas, podem ser tão atrativas para as pessoas que se tornam ídolos semelhantes aos antigos deuses de madeira, pedra e metal (comparar com 1Jo.5:21). Demônios. Do gr. daimonia (ver com. de 1Co.10:20). O termo se refere à adoração de espíritos, comum nos tempos antigos e ainda bastante praticada por vários povos pagãos. Ídolos. Em contraste com a adoração de espíritos, esta palavra indica a adoração de objetos concretos e inanimados. Ouro. O ouro, a prata, o cobre, a pedra e a madeira são alistados em ordem decrescente de valor material. Nem podem ver. A loucura da idolatria é dramatizada pelo fato de os objetos citados, adorados como deuses, não terem nem mesmo os poderes comuns de um animal, quanto menos de um ser humano (ver Ap.21:8; Ap.22:15; Gl.5:20). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.9:21 | 21. nem ainda se arrependeram dos seus assassínios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos. Assassínios. Muitas vezes, o pecado da idolatria contra Deus leva a crimes como os citados aqui (ver Ap.21:8; Ap.22:15; Gl.5:20). Feitiçarias. Ver com. de Ap.18:23. Prostituição. Do gr. porneia, “prostituição”, “indecência”, termo genérico que denota toda relação sexual ilícita. Furtos. Ver 1Co.6:10. NOTA ADICIONAL A APOCALISE 9 Um dos primeiros estudiosos da Bíblia a identificar os turcos com o poder retratado na sexta trombeta foi o reformador suíço Heinrich Bullinger (m. 1575 d.C.), embora Martinho Lutero já houvesse mencionado que essa trombeta simbolizava os muçulmanos. No entanto, os comentaristas divergem bastante quanto à data desta e da quinta trombeta. Uma maioria decisiva liga a quinta trombeta ao período de ascensão dos sarracenos, e a sexta, ao auge dos turcos seljúcidas ou otomanos. Em 1832, Guilherme Miller propôs uma nova abordagem à datação dessas trombetas, ligando-as cronologicamente (no quinto artigo de uma série publicada no periódico Telegraph, de Vermont). Com base no princípio dia-ano (ver com. de Dn.7:25), Miller calculou que os cinco meses da quinta trombeta (Ap.9:5) correspondiam a 150 anos literais. A hora, o dia, o mês e o ano da sexta trombeta seriam equivalentes a 391 anos e 15 dias. Muitos comentaristas anteriores a Miller haviam realizado os mesmos cálculos, mas não fizeram uma ligação cronológica entre os dois períodos. Miller propôs que o intervalo temporal da sexta trombeta ocorreu logo após o da quinta. Assim, o período inteiro seria de 541 anos e 15 dias. Ele localizou esse período de 1298 d.C., quando ocorreu o primeiro ataque dos turcos otomanos ao império bizantino, a 1839. Portanto, de acordo com seu ponto de vista, as duas trombetas representam os ataques dos turcos otomanos. A quinta simbolizaria sua ascensão e a sexta, seu domínio. Em 1838, Josiah Litch, um dos companheiros de Miller no movimento do segundo advento nos Estados Unidos, revisou as datas de Miller e demarcou a quinta trombeta de 1299 d.C. até 1449, e a sexta, de 1449 a 1840. Litch adotou a data de 27 de julho de 1299 para a batalha de Bafeu, perto da Nicomédia, que ele considerou o primeiro ataque dos turcos otomanos ao império bizantino. Para ele, o ano de 1449 representava o colapso do poder bizantino, pois, no final de 1448, Constantino Paleólogo, o novo imperador bizantino, havia pedido permissão ao sultão turco Murad II, antes de ousar assumir o trono. Na verdade, ele só recebeu a coroa em 6 de janeiro de 1449, após a permissão ser concedida. Litch acreditava que esse período de 150 anos correspondia à epoca em que os turcos otomanos atormentaram (ver v. Ap.9:5) o império bizantino. Conforme já mencionado, Litch definiu 1299 como o início da quinta trombeta; para ser mais exato, 27 de julho de 1299, que era sua data para a batalha de Bafeu. Ele atribuiu à quinta trombeta o período de 150 anos. Isso o levou até 27 de julho de 1449 para o início da sexta trombeta. Acrescentando 391, ele chegou a 27 de julho de 1840. Os quinze dias o fizeram parar no mês de agosto desse ano. Ele predisse que, naquele mês, o poder do império turco seria subjugado. No entanto, a princípio ele não marcou um dia específico em agosto. Pouco antes desse período expirar, declarou que o império turco acabaria em 11 de agosto, exatos quinze dias depois de 27 de julho de 1840. Naquela época, a atenção do mundo estava voltada para os acontecimentos em torno do império turco. Em junho de 1839, Mohammed Ali, paxá do Egito e nominalmente um vassalo do sultão, havia se rebelado contra seu suserano. Ele derrotou os turcos e capturou a marinha deles. Em meio a essas circunstâncias, o sultão Mahmud II morreu, e os ministros de seu sucessor, Abdul Mejid, propuseram um acordo, segundo o qual Mohammed Ali receberia o paxalato hereditário do Egito, e seu filho Ibrahim passaria a governar a Síria. No entanto, a Grã-Bretanha, França, Áustria, Prússia e Rússia, todas elas, nações com interesses no Oriente Médio, intervieram e insistiram que não fosse feito nenhum acordo entre os turcos e Mohammed Ali sem que fossem consultadas. As negociações se arrastaram até o verão de 1840, quando, em 15 de julho, a Grã-Bretanha, Áustria, Prússia e Rússia assinaram o Tratado de Londres, propondo apoiar com forças armadas os termos sugeridos no ano anterior pelos turcos. Foi por volta dessa época que Litch anunciou sua previsão de que o poder turco chegaria ao fim em 11 de agosto. Nesse dia, o emissário turco chegou a Alexandria com os termos da convenção de Londres. Além disso, embaixadores dos quatro poderes receberam uma mensagem do sultão, perguntando que medidas deveriam ser tomadas em referência a uma circunstância com consequências vitais para seu império. Ele foi informado de que “provisões haviam sido feitas”, mas não podia saber do que se tratava. Litch interpretou tais eventos como um reconhecimento, por parte do governo turco, de que seu poder independente havia acabado. Como esses acontecimentos tiveram lugar no momento especificado pela predição de Litch, eles exerceram forte influência sobre o pensamento daqueles envolvidos no movimento millerita nos Estados Unidos. Na verdade, essa predição de Litch chegou a conferir credibilidade a outras profecias de tempo que ainda não haviam se cumprido, sobretudo a dos 2.300 anos. Portanto, o episódio de 1840 foi um fator-chave para o aumento das expectativas quanto ao segundo advento, que supostamente ocorreria três anos depois (ver GC, 334, 335). Contudo, comentaristas e teólogos em geral divergem bastante quanto ao significado da quinta e da sexta trombetas. Isso se deve principalmente a problemas em três áreas: (1) o significado do simbolismo em si, (2) o sentido do texto grego e (3) os acontecimentos históricos e as datas envolvidas. No entanto, abordar esses problemas de maneira ampla está além do escopo deste Comentário. De modo geral, a interpretação adventista da quinta e da sexta trombetas, sobretudo no que se refere ao período envolvido, tem sido alinhada à de Josiah Litch. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.10:1 | 1. Vi outro anjo forte descendo do céu, envolto em nuvem, com o arco-íris por cima de sua cabeça; o rosto era como o sol, e as pernas, como colunas de fogo; Vi. Ver com. de Ap.1:1; Ap.4:1. O trecho de Apocalipse 10:1 a 11:14 é um parêntese entre a sexta e a sétima trombetas. Este parêntese é semelhante ao de Ap.7, que ocorre entre o sexto e o sétimo selos. Outro anjo forte. Isto é, além dos anjos que haviam aparecido antes. Ao que tudo indica, ele é diferente dos anjos que seguravam os quatro ventos (Ap.7:1), daqueles que tinham sete trombetas (Ap.8:2), do anjo no altar (Ap.8:3) e daqueles no rio Eufrates (Ap.9:14). Este anjo pode ser identificado com Cristo (ver Ellen G. White. Material Suplementar sobre Ap 10:1-11). Aqui, no papel de Senhor da história, Ele traz a proclamação do v. Ap.10:6. Descendo do céu. Embora o foco da visão esteja em um ser celestial, o cenário é a Terra. Envolto. Do gr. periballo, “colocar em volta”, “envolver”, “vestir”. O anjo é visto envolto em uma nuvem. As Escrituras costumam associar nuvens a aparições de Cristo (ver Dn.7:13; At.1:9; Ap.1:7; Ap.14:14; SI.104:3; 1Ts.4:17). Arco-íris. Comparar com Ap.4:3; Ez.1:26-28. Pode-se pensar que o motivo para o arco-íris seja o rosto do anjo, “como o sol , que brilha através da nuvem (comparar com Gn.1:12-13). Como o sol. Comparar com a descrição de Cristo, em Ap.1:16. Pernas. A palavra podes é usada no sentido de extremidades inferiores, as pernas e os pés, que são comparados a colunas de fogo (cf. Ct.3:15; ver com. de Ez.1:7). Colunas de fogo. Comparar com a descrição dos pés de Cristo (Ap.1:15). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.10:2 | 2. e tinha na mão um livrinho aberto. Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra, Na mão. Comparar com Ez.2:9. Um livrinho. Do gr. biblaridion, “rolopequeno”. No NT, biblaridion ocorre somente neste capítulo. Em contraste com o rolo (biblion) nas mãos de Deus (Ap.5:1), este rolinho é bem menor. Aberto. O verbo grego indica que o livro fora aberto e continuava assim. Em contrapartida. o rolo anterior fora lacrado com sete selos (Ap.5:1). No passado, Daniel recebeu a seguinte instrução: “encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim” (Dn.12:4). Essa admoestação se aplica, sobretudo, à parte das profecias de Daniel que trata dos últimos dias (ver com. de Dn.12:4), especialmente às 2.300 tardes e manhãs (Dn.8:14), uma vez que essa profecia está ligada à pregação da primeira, segunda e terceira mensagens angélicas (Ap.14:6-12). Sendo que a mensagem deste anjo aborda o tempo e, presumivelmente, acontecimentos do tempo do fim, quando o livro de Daniel deveria perder o selo (Dn.12:4), é razoável concluir que o livrinho aberto na mão do anjo corresponda ao livro de Daniel. Quando o livrinho aberto é mostrado a João, as partes seladas da profecia de Daniel são reveladas. O elemento temporal, que aponta para o fim do período profético dos 2.300 anos, fica claro. Assim, a profecia de Apocalipse 10 se concentra no momento em que é feita a proclamação dos v. Ap.10:6-7, a saber, de 1840 a 1844 (ver com. do v. Ap.10:6; Ellen G. White, Material Suplementar sobre Ap.10:1-11). Sobre o mar [...], sobre a terra. O mar e a terra são usados várias vezes para designar o mundo como um todo (ver Ex.20:4; Ex.20:11; SI.69:34). O anjo está de pé tanto sobre o mar quanto sobre a terra, indicando a proclamação mundial de sua mensagem e também seu poder e autoridade sobre o planeta. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.10:3 | 3. e bradou em grande voz, como ruge um leão, e, quando bradou, desferiram os sete trovões as suas próprias vozes. Grande voz. Comparar com Ap.1:10; Ap.5:2; Ap.6:10; Ap.7:2. Como ruge um leão. Somente o tom grave e retumbante da voz do anjo é enfatizado. Não se registra aquilo que diz. Sete trovões. Mais uma das muitas séries de sete que caracterizam o Apocalipse (ver com. de Ap.1:11). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.10:4 | 4. Logo que falaram os sete trovões, eu ia escrever, mas ouvi uma voz do céu, dizendo: Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escrevas. Eu ia escrever. Joao compreende as vozes dos sete trovões e se prepara para registrar a mensagem. Este texto revela que João escreveu as visões do Apocalipse à medida que elas lhe eram mostradas, não posteriormente. Guarda em segredo. Assim como Daniel, muito tempo antes, João é então ordenado a selar, ou guardar em segredo, a revelação que recebera (ver Dn.12:4). Paulo também, em visão, ouvira “palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem referir” (2Co.12:4). As mensagens dos sete trovões certamente não eram uma revelação para o povo dos dias de João. Possivelmente estavam ligadas às mensagens a serem proclamadas no “tempo do fim” (Dn.12:4; ver com. de Ap.10:2). Logo, podem ser entendidas como uma representação dos eventos que ocorreriam em conexão com a proclamação da primeira e segunda mensagens angélicas (Ap.14:6-8; ver Ellen G. White, Material Suplementar sobre Ap.10:1-11). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.10:5 | 5. Então, o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a mão direita para o céu Levantou a mão. Gesto característico de quem faz um juramento, tanto nos tempos antigos quanto hoje (ver Gn.14:22-23; Dt.32:40; Ez.20:15; Dn.12:7). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.10:6 | 6. e jurou por aquele que vive pelos séculos dos séculos, o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles existe: Já não haverá demora, Vive. Comparar com Ap.1:18; Ap.4:9; Ap.15:7. Que criou. Comparar com Ex.20:11; SI.146:6. Não poderia ser feito nenhum juramento mais solene (ver Hb.6:13). Ao jurar pelo Criador, o anjo, que é Cristo, jura por Si mesmo (ver com. do v. Ap.10:1). Já não haverá demora. Do gr. chronos ouketi estai, “o tempo não mais será”. Esta declaração enigmática já recebeu diversas interpretações. Muitos eruditos consideram que ela marca o fim dos tempos, ou o princípio da eternidade. Outros consideram que “demora” significa o tempo que passará antes dos eventos finais da história, como na tradução feita pela ARA. De modo geral, os adventistas do sétimo dia interpretam que estas palavras se referem à mensagem proclamada entre os anos 1840 e 1844 por Guilherme Miller e outros, sobre o término da profecia dos 2.300 anos. Entendem que “demora” seja um tempo profético e seu fim significa o encerramento da mais longa profecia de tempo, a dos 2.300 (Dn.8:14). Depois de 1844, não haveria mais profecia de tempo. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.10:7 | 7. mas, nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver para tocar a trombeta, cumprir-se-á, então, o mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas. Dias. Alguns comentaristas interpretam “dias” como dias-anos proféticos. Faz pouca diferença se este período eleve ser entendido como dias ou anos, pois a expressão é genérica. Além disso, como vem depois da declaração do v. Ap.10:6, o termo não pode especificar um período mensurável (ver com. do v. Ap.10:6). O sentido da passagem é que, na época da sétima trombeta, o mistério de Deus terminaria. No plano divino, esse evento aconteceria logo após a proclamação de que “já não haverá demora” (v. Ap.10:6; comparar com a declaração da sétima praga: “Feito está!” (Ap.16:17). Sétimo anjo. Ver Ap.11:15-19. Quando ele estiver para tocar. Ou, “quando ele soar”. A sétima trombeta marca o clímax do grande conflito entre Cristo e Satanás, conforme revelam as vozes no Céu nessa ocasião (Ap.11:15). Cumprir-se-á. Ver com. de Ap.11:15. O mistério de Deus. Sobre a palavra “mistério”, ver com. de Ap.1:20; cf. com. de Rm.11:25. Jesus usou uma expressão semelhante, “o mistério do reino de Deus” (Mc.4:11). Paulo se refere ao “mistério de Deus” (Cl.2:2) e ao “mistério de Cristo” (Cl.4:3). O mistério de Deus, aquilo que Ele revela a Seus filhos, é Seu propósito para eles: o plano da redenção (comparar com 1Tm.3:16; T6, 19). Seus servos, os profetas. A exposição do mistério de Deus sempre é responsabilidade de Seus servos, os profetas, em suas mensagens à humanidade (ver com. de Rm.3:21). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.10:8 | 8. A voz que ouvi, vinda do céu, estava de novo falando comigo e dizendo: Vai e toma o livro que se acha aberto na mão do anjo em pé sobre o mar e sobre a terra. A voz. Sem dúvida, a voz que proibiu João de escrever foi declarada pelos sete trovões (v. Ap.10:4), conforme demonstra a repetição da expressão “do céu” e da locução adverbial “de novo”. Vai e toma. João é chamado a participar da visão. O livro [...] aberto na mão. Ver com. do v. Ap.10:2. Mar [...] terra. Ver com. do v. Ap.10:2. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.10:9 | 9. Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho. Ele, então, me falou: Toma-o e devora-o; certamente, ele será amargo ao teu estômago, mas, na tua boca, doce como mel. Que me desse. João deve expressar seu desejo pelo livro. Ele desempenha o papel daqueles que proclamaram a mensagem do advento, de 1840 a 1844. Embora estivessem enganados ao esperar que Cristo retornasse em 1844, eles foram, ainda assim, conduzidos por Deus, e a mensagem do advento iminente lhes foi muito preciosa. O cálculo do elemento temporal na profecia de Dn.8:14 estava correto (ver com. de Dn.8:14), mas eles se equivocaram quanto ao evento que ocorreria ao fim dos 2.300 anos. Devora-o. Comparar com o simbolismo em Ez.3:1; Je.15:16. Devorar o livro pode ser interpretado como uma figura de linguagem para se compreender plenamente o significado da mensagem contida nele. A experiência de João (Ap.10:10) caracteriza bem o que foi vivenciado pelos adventistas mileritas no processo de compreender o sentido das três mensagens angélicas (Ap.14:6-12) e sua relação com o cumprimento da profecia dos 2.300 anos. Será amargo ao teu estômago. A ordem dos elementos nos v. 9 e 10 é uma forma comum de paralelismo hebraico (ver com. de Ap.1:2; Ap.9:17). “Ele será amargo ao teu estômago...”; “Na tua boca, doce como mel.”; “Na minha boca, era doce como mel...”; “O meu estômago ficou amargo.” | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.10:10 | 10. Tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei, e, na minha boca, era doce como mel; quando, porém, o comi, o meu estômago ficou amargo. Tomei. Ver com. do v. Ap.10:9. Doce como mel. Comparar com Ez.3:3. Assim como na experiência de Ezequiel, muitas vezes, as mensagens de Deus a Seus servos são uma mistura de doce e amargo, pois podem revelar tanto Seu amor quanto Seus juízos. Os profetas de Deus sentem tanto a alegria de receber uma visão divina quanto a amargura de proferir mensagens de repreensão aos seres humanos. A experiência de João aqui pode ser vista como um tipo daquilo que sentiram os que criam no advento durante os anos 1840 a 1844. Quando esses fiéis ouviram pela primeira vez a mensagem da iminente segunda vinda, ela lhes foi “doce como mel”. Mas, quando Cristo não veio conforme esperavam, sua experiência foi verdadeiramente amarga. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.10:11 | 11. Então, me disseram: É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis. Ele (ARC). Cristo, o “anjo” dos v. Ap.10:1; Ap.10:9. É necessário que ainda profetizes. Comparar com Ez.3:1; Ez.3:4. Embora João tenha comido o rolo e experimentado ao final um gosto amargo, Cristo lhe fala as palavras confortantes de que ele voltaria a profetizar. O termo traduzido por “necessário” se encontra em posição enfática no grego. João, no papel de representante dos que creem no advento após o desapontamento de 1844, recebe a comissão de anunciar a mensagem. Uma grande obra ainda precisa ser feita. Os adventistas deveriam prosseguir e proclamar a mensagem do terceiro anjo (Ap.14:9-12). A respeito de. Ou, “diante de”, “a” (ver ARC). Os dois significados se ajustam ao contexto. As mensagens seriam tanto “a respeito de” muitos povos, quanto “diante” deles. Muitos povos. Depois que o sentido completo da terceira mensagem angélica clareou a mente dos primeiros adventistas, eles passaram a perceber, cada vez mais, que se tratava de uma mensagem para o mundo, a qual deveria ser proclamada “a muitos povos, e nações, e línguas, e reis” (ARC). Essa convicção resultou em um dos maiores programas de evangelização mundial já vistos em toda a história cristã, enquanto os adventistas do sétimo dia avançam proclamando “a cada nação, e tribo, e língua, e povo” (Ap.14:6) a mensagem a eles confiada. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.11:1 | 1. Foi-me dado um caniço semelhante a uma vara, e também me foi dito: Dispõe-te e mede o santuário de Deus, o seu altar e os que naquele adoram; Foi-me dado. A mesma linha de pensamento do cap. 10 continua no 11. Um caniço. Este caniço era usado como vara de medir (comparar com Ez.40:3; Ez.40:6; Zc.2:1-2). Chegou o anjo (ARC). Evidências textuais (cf. p. xvi) favorecem a omissão destas palavras (cf. ARA). Dispõe-te. João é chamado a participar da visão. Mede. Com base na visão do homem com um cordel, que media Jerusalém na certeza de que a cidade seria reconstruída (ver com. de Zc.2:2), é possível considerar que a medição do templo e dos adoradores aqui também seja uma promessa de restauração e preservação. Entre o sexto e o sétimo selos, encontra-se entre parênteses a garantia de que, a despeito dos terrores que cercam a segunda vinda de Cristo, Deus tem um povo que prevalecerá (ver Ap.7; cf. com. de Ap.6:17). De maneira semelhante, este parêntese entre a sexta e a sétima trombetas também funciona como uma garantia de que, em meio aos horrores ligados ao toque das trombetas, o templo de Deus, isto é, o plano da redenção aqui retratado, e Seus verdadeiros adoradores estão seguros. Essa restauração e preservação do templo de Deus também parecem ter uma aplicação particular para a compreensão mais completa do significado do ministério de Cristo no santuário celestial, que se desenvolve desde 1844. Santuário. Do gr. nãos (ver com. de Ap.3:12; Ap.7:15; Ap.11:19). Após o grande desapontamento de 22 de outubro de 1844, a atenção dos que esperavam o advento de Cristo se dirigiu para o santuário celestial e a obra de Cristo como sumo sacerdote. A referência não é ao templo literal em Jerusalém, que se encontrava em ruínas quando João recebeu as visões. Uma vez que os judeus perderam o status de povo escolhido de Deus (ver com. de Mt.21:43; ver vol. 4, p. 13-20), o templo não tem mais relevância e não será mais restaurado como centro de adoração divinamente reconhecido (ver com. de Ez.40:1; Jo.4:21-24). Por isso, “os que [...] adoram” não são judeus literais em seu templo literal, mas aqueles que dirigem sua adoração ao templo celestial, onde Cristo ministra em favor de Seus filhos (Hb.8:1-2). No contexto dessa profecia, o processo de medição ocorre em um período específico da história da igreja. Os que [...] adoram. Isto é, o verdadeiro Israel espiritual, o povo de Deus, em contraste com os “gentios” (v. Ap.11:2). A medição dos adoradores sugere uma obra de juízo (ver Ellen G. White, Material Suplementar sobre Ap 11:1). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.11:2 | 2. mas deixa de parte o átrio exterior do santuário e não o meças, porque foi ele dado aos gentios; estes, por quarenta e dois meses, calcarão aos pés a cidade santa. Deixa de parte. João não deveria medir ninguém além dos adoradores de Deus, aqueles que tinham o direito de entrar onde apenas israelitas podiam. Somente eles podem ser preservados dos juízos finais que caem sobre a Terra. O átrio. No templo de Herodes, que João conhecera bem, havia um átrio interno dividido em átrio das mulheres, átrio de Israel e átrio dos sacerdotes. Depois dele, havia um grande átrio externo, o átrio dos gentios. Uma barreira, a “parede da separação” (Ef.2:14), dividia os átrios interno e externo. Nenhum gentio podia atravessá-la, e a pena para a transgressão era a morte (ver vol. 5, p. 54). Levando-se em conta que o átrio mencionado aqui foi “dado aos gentios”, parece que João tinha em mente o grande átrio exterior. Ele tem sido interpretado como uma representação desta Terra, em contraste com o “santuário de Deus” no Céu (v. Ap.11:1). Dado aos gentios. Assim como o átrio dos gentios no templo terrestre. Nesse caso, “gentios” representam os que não são adoradores, que não professam pertencer ao Israel de Deus. Por quarenta e dois meses. Este período é idêntico a “um tempo, dois tempos e a metade de um tempo” (ver com. de Dn.7:25). Calcarão aos pés. Esta visão é paralela à descrição de Daniel acerca do quarto animal que pisa aos pés as coisas santas (ver com. de Dn.7:7-8; Dn.7:23; Dn.7:25). Uma vez que as atividades deste animal eram dirigidas contra “os santos do Altíssimo” (Dn.7:25), a “cidade santa” aqui deve representar o povo de Deus. A cidade santa. Isto é, Jerusalém (Dn.9:24; Lc.21:20). A entrega do átrio exterior aos gentios envolve a opressão da cidade santa, isto é, dos santos. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.11:3 | 3. Darei às minhas duas testemunhas que profetizem por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco. Darei. Isto é, “farei as duas testemunhas profetizarem”. Minhas duas testemunhas. Já foram propostas várias interpretações para este símbolo. Com base nos v. Ap.11:5-6, alguns identificam estas testemunhas como Moisés e Elias (ver com. dos v. Ap.11:5-6), mas o símbolo das “duas testemunhas” vai além disso. No v. Ap.11:4, elas são chamadas de “duas oliveiras” e “dois candeeiros” (símbolos extraídos de Zc.4:1-6; Zc.4:11-14). Afirma-se que elas representam “os dois ungidos, que assistem junto ao Senhor de toda a terra” (Zc.4:14). Assim como os galhos das oliveiras são retratados fornecendo azeite para as lâmpadas do santuário (v. Ap.11:12), a partir desses santos diante do trono de Deus, o Espírito é transmitido aos seres humanos (ver com. de Zc.4:6; Zc.4:14; ver PJ, 408; cf. TM, 338). Uma vez que a concessão mais completa do Espírito Santo aos seres humanos está descrita nas Escrituras do AT e do NT, eles podem ser considerados as duas testemunhas (ver GC, 267; cf. com. de Jo.5:39). A respeito da Palavra de Deus, o salmista declara: “Lâmpada para os meus pés é a lua palavra e, luz para os meus caminhos”; e “A revelação das Tuas palavras esclarece” (SI.119:105; Sl.119:130; Pv.6:23). Que profetizem. A despeito do domínio do mal durante o período de 1.260 dias-anos (ver com. do v. Ap.11:2), o Espírito de Deus, em sua manifestação por meio das Escrituras, daria Seu testemunho a todos os que cressem. Mil duzentos e sessenta dias. Período idêntico aos “quarenta e dois meses do v. Ap.11:2 (ver com. ali). Vestidas de pano de saco. Vestir pano de saco era sinal comum de luto (2Sm.3:31) e penitência (Jn.3:6; Jn.3:8). Por isso, as Escrituras são caracterizadas em atitude de lamento numa época em que as tradições humanas se encontravam em ascensão (ver com. de Dn.7:25). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.11:4 | 4. São estas as duas oliveiras e os dois candeeiros que se acham em pé diante do Senhor da terra. As duas oliveiras. Ver com. do v. Ap.11:3. Os dois candeeiros. Ou, “os dois candelabros” (ver com. de Ap.1:12; Ap.11:3). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.11:5 | 5. Se alguém pretende causar-lhes dano, sai fogo da sua boca e devora os inimigos; sim, se alguém pretender causar-lhes dano, certamente, deve morrer. Pretende causar-lhes dano. Isto é, prejudicar. Sai fogo. Isto lembra o juízo de Elias sobre os mensageiros de Acazias (2Rs.1:10; 2Rs.1:12). Por fim, os que resistiram ao testemunho do Espírito Santo serão destruídos no lago de fogo (ver Ap.20:15). Boca. Sem dúvida, a forma singular é usada de maneira coletiva, para se referir a “bocas”. Isso é comum no grego, por exemplo, com “coração” (Mt.15:8; Mc.6:52). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.11:6 | 6. Elas têm autoridade para fechar o céu, para que não chova durante os dias em que profetizarem. Têm autoridade também sobre as águas, para convertê-las em sangue, bem como para ferir a terra com toda sorte de flagelos, tantas vezes quantas quiserem. Autoridade. Do gr. exousia. O termo ocorre duas vezes neste versículo. Fechar o céu. Assim como no v. Ap.11:5, esta parece uma alusão a Elias, que predisse que não haveria chuva em Israel “nestes anos, segundo a minha palavra” (1Rs.17:1), ou, como relatou Lucas, “por três anos e seis meses” (Lc.4:25; Tg.5:17). Águas [...] em sangue. Até aqui, as alusões referentes às testemunhas lembram a experiência de Elias. Esta parece apontar para Moisés e a primeira praga do Egito (Ex.7:19-21). Toda sorte de flagelos. As duas testemunhas tinham autoridade para invocar sobre seus inimigos não só a mesma praga que caíra primeiro no Egito, como também qualquer um dos flagelos. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.11:7 | 7. Quando tiverem, então, concluído o testemunho que devem dar, a besta que surge do abismo pelejará contra elas, e as vencerá, e matará, Quando tiverem, então, concluído. Isto é, no fim dos 1.260 dias-anos (ver Ap.11:3; ver com. de Dn.7:25). A besta. Do gr. to therion, “a besta selvagem”. Até aqui, João não havia mencionado nenhuma “besta” (therion). No entanto, a expressão “a besta” sugere que o leitor já entenderia que besta era aquela. Duas explicações para este símbolo foram propostas. Alguns comentaristas defendem que a expressão “a besta” envolve alguma identificação anterior. Uma vez que ela não é encontrada no Apocalipse, pode ser identificada em Daniel, em que a besta por excelência é o quarto animal (Dn.7). Além disso, observam que aquela besta saiu do mar e esta “surge do abismo [abusos]”, que o AT associa ao mar (ver com. de Ap.9:1). De acordo com esse ponto de vista, o poder simbolizado pelo quarto animal de Daniel, sobretudo em sua fase tardia, seria o poder responsável por matar as duas testemunhas. Outros identificam esta besta com o poder que tentaria destruir as Escrituras (as duas testemunhas), no final do período de 1.260 anos, em 1798 d.C. (ver com. de Dn.7:25). Como o ateísmo era muito popular na França, nessa época, e o espírito antirreligioso militava naturalmente contra a crença e o uso das Escrituras, a primeira república francesa tem sido identificada como a besta desta passagem. Os adventistas do sétimo dia concordam, de modo geral, com esta segunda perspectiva. Abismo. Do gr. abusos (ver com. de Ap.9:1). No que se refere à França, o fato de a besta surgir do abismo é compreendido como um indicativo de que a nação não tinha fundamentos: era um poder ateu. Uma nova forma de poder satânico se manifestou (ver GC, 269). Matará. Isto é, tentará destruir a Palavra de Deus. A França decretou guerra à religião (ver com. do v. Ap.11:9). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.11:8 | 8. e o seu cadáver ficará estirado na praça da grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado. Cadáver. As evidências textuais (cf. p. xvi) se dividem entre esta e a variante “cadáveres” (NVI, TB). Todavia, o singular pode ser usado com sentido coletivo, como ocorre com a palavra “boca”, no v. Ap.11:5. Ficará estirado. Deixar um cadáver sem enterro sempre foi considerado um ato indigno (cf. SI.79:2-3; ver com. de Ap.11:9). Grande cidade. Afirma-se que esta cidade é aquela “onde também o seu Senhor foi crucificado”, identificando-a como Jerusalém, a “cidade santa” do v. Ap.11:2. Todavia, muitos comentaristas entendem a expressão “onde também o seu Senhor foi crucificado” com sentido figurado, assim como os nomes Sodoma e Egito. Por isso, identificam a “grande cidade” com a França, que, ao fim do período de 1.260 anos, manifestava as características simbolizadas por estas expressões. Em geral, os adventistas do sétimo dia defendem este segundo ponto de vista. Espiritualmente. Do gr. pneumáticos, isto é, não literalmente, mas por meio de uma figura de linguagem (cf. Is.1:10). Sodoma. Este nome é símbolo de degradação moral (Ez.16:46-55). Esta era a condição da França durante a revolução. Egito. Este país era conhecido por negar a existência do Deus verdadeiro e por desafiar os mandamentos de Deus. Faraó disse: “Quem é o Senhor para que Lhe ouça eu a voz [...]? Não conheço o Senhor” (Ex.5:2). Tais atitudes eram características dos líderes da Revolução Francesa. Crucificado. Isto é, na pessoa de Seus seguidores, uma vez que muitos deles pereceram em perseguições na França. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.11:9 | 9. Então, muitos dentre os povos, tribos, línguas e nações contemplam os cadáveres das duas testemunhas, por três dias e meio, e não permitem que esses cadáveres sejam sepultados. Povos, tribos. Outras nações observariam a guerra à Bíblia, na França. Três dias e meio. Em harmonia com o princípio de interpretação profética de que um dia simboliza um ano, “três dias e meio” seriam equivalentes a três anos e meio. Os adventistas do sétimo dia consideram, de modo geral, que a besta do v. Ap.11:7 representa a primeira república francesa (1792-1804), sobretudo em seu preconceito antirreligioso. Por isso, identificam o cumprimento desta profecia durante o breve período na história revolucionária da França em que o ateísmo chegou ao auge. Pode-se considerar que ele começou em 10 de novembro de 1793, quando um decreto promulgado em Paris aboliu a religião, e terminou em 17 de julho de 1797, ocasião em que o governo francês revogou as restrições à prática religiosa. Assim como outros elementos do Apocalipse, a questão dos “três dias e meio” tem sido objeto de controvérsias entre os comentaristas. Isso acontece não só por causa de determinados problemas no simbolismo em si, mas também pela dificuldade de se definirem datas precisas na história do frenético período da Revolução Francesa. Felizmente, porém, a identificação exata deste período não é essencial para a compreensão geral dos grandes períodos de tempo profético da Bíblia, nem para o entendimento do principal tema da profecia do qual ele faz parte. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.11:10 | 10. Os que habitam sobre a terra se alegram por causa deles, realizarão festas e enviarão presentes uns aos outros, porquanto esses dois profetas atormentaram os que moram sobre a terra. Habitam sobre a terra. Ver com. de Ap.3:10. Alegram. Do gr. euphraino, “regozijar-se”, “alegrar-se”. Euphraino é traduzido por “regala-te” (Lc.12:19). Aliviados então do tormento, isto é, da mensagem condenadora das duas testemunhas, os ímpios acalmam a consciência, entregando-se às diversões. Enviarão presentes. Um sinal de regozijo (ver Et.9:22). Atormentaram. Por meio do poder condenador de suas profecias (ver v. Ap.11:3). Poucas torturas são piores do que uma consciência culpada. Quando a verdade e a justiça são constantemente postas diante do pecador obstinado, tais atributos costumam ser intoleráveis para ele. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.11:11 | 11. Mas, depois dos três dias e meio, um espírito de vida, vindo da parte de Deus, neles penetrou, e eles se ergueram sobre os pés, e àqueles que os viram sobreveio grande medo; Depois dos três dias e meio. Isto é, ao fim do período em que os cadáveres das testemunhas ficariam expostos ao público (ver com. do v. Ap.11:9). Espírito de vida. Ou seja, um espírito que é vida. A expressão grega usada aqui é empregada na LXX para traduzir o heb. ruach chayyim, “fôlego de vida” (Gn.6:17; Gn.7:15). Para os hebreus, fôlego e vida eram praticamente a mesma coisa. Por isso, dizer que o fôlego de vida entrou no homem era afirmar que ele tinha recebido vida (ver Gn.2:7). Da parte de Deus. Deus, o doador de toda vida, levanta Suas testemunhas fiéis. Eles se ergueram sobre os pés. Comparar com 2Rs.13:21; Ez.37:10. Sobreveio grande medo. A consciência culpada, que havia atormentado os ímpios durante o período em que as duas testemunhas profetizavam (ver com. do v. Ap.11:10), mais uma vez se impõe. Aqueles que haviam se alegrado com a morte das testemunhas ficam então perplexos ao contemplar o milagre de ressurreição. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.11:12 | 12. e as duas testemunhas ouviram grande voz vinda do céu, dizendo-lhes: Subi para aqui. E subiram ao céu numa nuvem, e os seus inimigos as contemplaram. Voz vinda do céu. O enunciador não é identificado, mas se presume que seja Deus. Subi para aqui. As testemunhas, além de ressuscitadas por Deus, são chamadas a entrar no Céu. Logo, enquanto “os seus inimigos” as contemplam, elas são completamente vindicadas dos ultrajes que sofreram, e é demonstrada a todos a veracidade da profecia que proclamaram fielmente por 1.260 anos. O próprio Deus as recebe no Céu, perante os olhos dos que tentaram destruí-las. Essa exaltação das testemunhas é interpretada como símbolo da popularidade notável que as Escrituras passaram a desfrutar desde o início do século 19. Pouco depois da Revolução Francesa, várias sociedades bíblicas nacionais foram criadas. Dentre elas, têm destaque a Sociedade Bíblica Britânica e de Terras Estrangeiras, fundada em 1804, e a Sociedade Bíblica Norte-Americana, organizada em 1816. Estas sociedades, além de outras, colocaram as Escrituras em circulação em milhares de línguas em todo o mundo. Portanto, ao longo dos últimos séculos, a Bíblia, em vez de ser relegada ao esquecimento em seu papel de guia espiritual, passou a ter a mais ampla circulação. Subiram ao céu numa nuvem. Quando Jesus Se despediu dos discípulos, uma nuvem “O encobriu dos seus olhos” (At.1:9). De igual modo, as duas testemunhas são levadas ao Céu em uma nuvem. A imagem caracteriza de maneira adequada a exaltação das Escrituras no período posterior a sua supressão na França (ver com. de Ap.11:9; cf. Dn.4:22). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.11:13 | 13. Naquela hora, houve grande terremoto, e ruiu a décima parte da cidade, e morreram, nesse terremoto, sete mil pessoas, ao passo que as outras ficaram sobremodo aterrorizadas e deram glória ao Deus do céu. Naquela hora. Isto é, quase que de imediato após a ascensão das testemunhas. Grande terremoto. O símbolo de um terremoto é usado várias vezes nas Escrituras para retratar o tumulto e o caos que envolverão o mundo pouco antes do segundo advento (ver Mc.13:8; Ap.16:18). Aplicando a profecia à França, os comentaristas veem no terremoto um retrato da revolta que abalou a nação no final do século 18. Décima parte. Este não é o terremoto final, pois somente uma fração da cidade (ver com. dos v. Ap.11:2; Ap.11:8) caiu na época (cf. Ap.16:18). O terremoto significa um juízo temporário que assusta alguns dos que se gloriaram na morte das testemunhas e os torna submissos. Alguns aplicam a expressão “a décima parte da cidade” a toda a nação francesa, uma vez que a França é um dos “dez reis” que surgiram do império romano caído (Dn.7:24). Outros identificam a cidade como Roma papal, e a França, como uma de suas dez divisões. Sete mil. Comparativamente, a menção é a um número pequeno de pessoas, mas é o suficiente para levar os sobreviventes a reconhecer a soberania de Deus, cujo testemunho eles haviam desprezado. Pessoas. Do gr. onomata anthropon, literalmente, “nomes de homens”. Alguns interpretam a palavra onomata, “nomes”, no sentido de “pessoas” (ver com. de At.3:16). Outros aplicam o termo a títulos, ofícios ou ordens extintos durante a Revolução francesa. Deus do céu. Este título ocorre com frequência em Daniel (ver Dn.2:18-19; Dn.2:37; Dn.2:44; Ed.5:11-12; Ed.6:9; Ed.7:12). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.11:14 | 14. Passou o segundo ai. Eis que, sem demora, vem o terceiro ai. Segundo ai. Isto é, os juízos da sexta trombeta, que terminaram em 1840 (ver Ap.8:13; Ap.9:12; ver Nota Adicional a Apocalipse 9; Ap.9:21). Terceiro ai. Os acontecimentos ligados à sétima trombeta (v. Ap.11:15-19). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.11:15 | 15. O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos. O sétimo anjo. Isto marca o início do terceiro ai (ver com. do v. Ap.11:14) e o fim do parêntese entre a sexta e a sétima trombetas (Ap.10:1-11:14; ver com. de Ap.11:1). Os adventistas do sétimo dia datam seu início em 1844 (ver com. do v. Ap.11:19). Grandes vozes. Podem ser as vozes das hostes celestiais (cf. Ap.5:11-12). De maneira semelhante, na sétima praga, ouve-se uma grande voz do templo no Céu (Ap.16:17). Reino. Evidências textuais (cf. p. xvi) atestam esta variante. Cristo recebe o reino pouco antes de Seu retorno a esta Terra (ver com. de Dn.7:14). Na época de Sua vinda, toda oposição terrena será eliminada (ver com. de Ap.17:14). Seu Cristo. Isto é, Seu Ungido (ver SI.2:2). As hostes celestiais, que não receberam a salvação por meio da cruz de Cristo, referem-se a Ele como “Seu Cristo”, ou seja, o Cristo de Deus, provavelmente porque o título “Cristo” se refere, de maneira específica, à segunda pessoa da Divindade em Sua função de Ungido para a obra da redenção. Ele reinará pelos séculos dos séculos. Ver Dn.2:44; Dn.7:14; Dn.7:27; Lc.1:33. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.11:16 | 16. E os vinte e quatro anciãos que se encontram sentados no seu trono, diante de Deus, prostraram-se sobre o seu rosto e adoraram a Deus, Os vinte e quatro anciãos. Ver com. do v. Ap.11:4. Prostraram-se sobre o seu rosto. Comparar com Ap.4:10. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.11:17 | 17. dizendo: Graças te damos, Senhor Deus, Todo-Poderoso, que és e que eras, porque assumiste o teu grande poder e passaste a reinar. Senhor Deus, Todo-Poderoso. Ver com. de Ap.1:8. Este é um título apropriado para Deus como vencedor. Que és. Ver com. de Ap.1:4. E que eras. Ver com. de Ap.1:4. E que hás de vir (ARC). Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a omissão destas palavras. Elas provavelmente são omitidas da fórmula completa (Ap.1:4) porque aqui o foco do louvor dos anciãos está nos atos de Deus no passado e no presente, em vez de no futuro. Assumiste [...] passaste a reinar. Os tempos verbais do grego seriam mais bem traduzidos por “havias assumido [...] reinaste”. O reino triunfante começa com Deus afirmando Sua onipotência. O Senhor sempre foi Todo-poderoso, e o reino do pecado só existe por causa de Sua tolerância, a fim de que a verdadeira natureza do mal seja revelada ao universo criado. Quando esse propósito se cumprir, Ele assumirá Seu “grande poder” e voltará a reinar com supremacia (ver 1Co.15:24-28). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.11:18 | 18. Na verdade, as nações se enfureceram; chegou, porém, a tua ira, e o tempo determinado para serem julgados os mortos, para se dar o galardão aos teus servos, os profetas, aos santos e aos que temem o teu nome, tanto aos pequenos como aos grandes, e para destruíres os que destroem a terra. As nações se enfureceram. Comparar com SI.2:1. Esta será a condição das nações antes da vinda de Cristo. Elas vão se aliar para fazer oposição à obra e ao povo de Cristo (ver com. de Ap.13:12; Ap.14:8). Ira. A ira de Deus será derramada nas sete últimas pragas (Ap.15:1). A obra de oposição a Cristo será interrompida por essas pragas. Tempo. Do gr. kairos, tempo específico com um propósito definido (ver com. de Ap.1:3). Este é um período de julgamento, tanto de recompensa quanto de destruição. Para serem julgados. A menção tanto à recompensa quanto à destruição revela que João se refere ao juízo final, que ocorrerá após o milênio (Ap.20:12-15). Dar o galardão aos Teus servos. Ver Mt.5:12; Mt.6:1; 1Co.3:8; Ap.22:12. Uma vez que os eventos alistados são sequenciais (ver PE, 36), a recompensa aqui mencionada é a herança da nova Terra no final do milênio. Profetas. Os servos especiais de Deus, Seus porta-vozes. Este grupo suporta pesadas responsabilidades e sofre seriamente pelo Senhor. Santos. Os membros do corpo de Cristo, caracterizados pela pureza de vida. Aos que temem. Do gr. hoi phoboumenoi, termo usado para os que não eram totalmente prosélitos do judaísmo, mas que, mesmo assim, adoravam ao Deus verdadeiro (ver com. de At.10:2). Caso haja a intenção de expressar o mesmo sentido geral aqui, esta terceira classe a receber a recompensa no juízo pode ser interpretada como sendo aqueles que não conheceram completamente a Cristo e Seus caminhos, mas viveram segundo a plenitude da luz que receberam. Por haverem temido o nome de Deus, conforme lhes foi revelado, também alcançarão a recompensa (ver DTN, 638). Em contrapartida, a expressão hoi phoboumenoi pode simplesmente ser um aposto referente ao termo traduzido por “santos”. Nesse caso, o sentido da passagem seria “aos santos, aqueles que temem o Teu nome”. Tanto aos pequenos quanto aos grandes. A posição no mundo não tem valor no juízo final. Destruíres os que destroem. O destino dos ímpios, que destroem a Terra, tanto na esfera física quanto espiritual, é adequado. Eles próprios são destruídos. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.11:19 | 19. Abriu-se, então, o santuário de Deus, que se acha no céu, e foi vista a arca da Aliança no seu santuário, e sobrevieram relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e grande saraivada. O santuário. Abre-se perante João uma visão do santuário celestial, e a “arca da aliança” assume o foco. No santuário típico, que era uma “cópia do verdadeiro” no Céu (Hb.9:24, NTLH), a arca ficava dentro do santíssimo, que era o centro do serviço no Dia da Expiação: um tipo do dia do juízo. Foi em conexão com o início da sétima trombeta que João viu o templo no Céu e, particularmente, a “arca da Aliança”. Isso indica que havia começado a segunda e última parte do ministério celestial de Cristo, uma resposta ao Dia típico da Expiação. Outros textos bíblicos revelam que essa fase final da obra de Cristo começou em 1844 (ver com. de Dn.8:14). Por isso, os adventistas do sétimo dia consideram que o início da sétima trombeta aconteceu nesse ano. Arca da Aliança. No santuário típico, a arca preservava os dez mandamentos, a imutável lei moral de Deus para os seres criados de todas as eras. Nos tempos judaicos, ninguém que cria em Deus conseguia pensar na arca sem se lembrar, de imediato, dos dez mandamentos. Esta visão da arca é um forte argumento de que, durante o tempo do fim, a grande lei moral de Deus ocupa um lugar central no pensamento e na vida de todos que servem ao Senhor em espírito e em verdade (ver com. de Ap.12:17; Ap.14:12; CC, 43). Relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e grande saraivada. Como durante a sétima praga (Ap.16:18; Ap.16:21; ver com. de Ap.11:13). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.12:1 | 1. Viu-se grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça, Viu-se. Apocalipse 12 inicia uma nova série de profecias, que continua até o fim do livro. Esta seção profética apresenta a igreja de Deus em conflito com os poderes do mal e o triunfo final de Cristo e da igreja sobre eles. Sinal. Do gr. semeiom, “sinal”, “marca”, “símbolo”, de semaino, “dar um sinal”, “simbolizar”, “indicar” (ver com. de Ap.1:1). A palavra é frequentemente traduzida desta forma (ver Lc.23:8; Jo.4:54), em ocasiões nas quais um milagre é apresentado como um sinal de autoridade (ver vol. 5, p. 205). Aqui (Ap 12:1), semeion significa um sinal que aponta para acontecimentos futuros. Céu. Com certeza, esta é uma referência ao céu atmosférico, não à morada de Deus (sobre as visões simbólicas, ver com. de Ez.1:10). Mulher. No AT, a igreja verdadeira é, às vezes, representada por uma mulher pura (Is.54:5-6; Je.6:2). Quando a igreja apostata, é comparada a uma mulher corrompida (Je.3:20; Ez.23:2-4). As mesmas figuras ocorrem no NT (2Co.11:2; Ef.5:25-32; Ap.17:1-3). Em Apocalipse 12, a mulher representa a igreja verdadeira. Como é retratada prestes a dar à luz o Messias (ver v. Ap.12:2; Ap.12:4-5) e, mais tarde, sendo perseguida após a ascensão dEle (v. Ap.12:5; Ap.12:13-17), ela simboliza a igreja tanto do AT quanto do NT (comparar com At.7:38). Vestida do sol. Esta é uma imagem da glória de Deus, sobretudo em sua revelação no evangelho. Em contrapartida, a mulher que representa a falsa igreja é retratada vestida de forma lasciva, com um cálice cheio de abominações (Ap.17:4). Lua. Muitos entendem que este símbolo representa o sistema de tipos e sombras dos tempos do AT, o qual foi obscurecido pela revelação maior por meio de Cristo. A lei cerimonial, cumprida na vida e morte de Cristo, pode muito bem ser representada pela Lua, que brilha com luz derivada do Sol. Coroa. Do gr. stephanos, a coroa de um vencedor (ver com. de Mt.27:29; Ap.2:10), não diadema, uma coroa real (ver com. de Ap.12:3). Doze estrelas. De modo geral, os comentaristas aplicam este símbolo aos doze patriarcas, aos doze apóstolos ou a ambos. Uma vez que a ênfase do Apocalipse está na igreja do NT, sem dúvida, o destaque é para os doze apóstolos. Ao mesmo tempo, a figura das doze tribos é estendida à igreja do NT (ver com. de Ap.7:4). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.12:2 | 2. que, achando-se grávida, grita com as dores de parto, sofrendo tormentos para dar à luz. Grávida. A igreja é apresentada na época em que o Messias estava prestes a nascer. Alguns enxergam aqui uma referência a Is.7:14 (sobre o símbolo de uma mulher em trabalho de parto, ver Is.26:17; Is.66:7-8). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.12:3 | 3. Viu-se, também, outro sinal no céu, e eis um dragão, grande, vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, nas cabeças, sete diademas. Sinal. Do gr. semeion (ver com. do v. Ap.12:1). Dragão [...] vermelho. No v. Ap.12:9, o dragão vermelho é identificado como “a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás”. Nestes versículos, o símbolo representa Satanás atuando por meio da Roma pagã, o poder que dominava o mundo quando Jesus nasceu (ver com. do v. Ap.12:4; cf. GC, 438). É provável que o dragão seja caracterizado como “vermelho” porque, em toda sua relação com a igreja de Deus, ele aparece no papel de perseguidor e destruidor. É seu propósito destruir os filhos do Altíssimo. Sete cabeças. Sete cabeças também são vistas na besta que emerge do mar (Ap.13:1) e na besta escarlate (Ap.17:3). As cabeças são identificadas como “sete montes” e “sete reis” (Ap.17:9-10). Parece razoável concluir que as sete cabeças do dragão representam os poderes políticos que apoiaram sua causa e por meio dos quais ele exerceu perseguição. Alguns argumentam que o número “sete” aqui é usado como valor arredondado que significa completude, não sendo necessário encontrar sete nações específicas por meio das quais Satanás atuou (comparar com Ap.17:9-10). Uma serpente de sete cabeças era parte da mitologia antiga (ver com. de Is.27:1). O Talmude também menciona um dragão de sete cabeças. Dez chifres. As bestas de Ap.13 e Ap.17 também têm dez chifres. Alguns defendem que os dez chifres do dragão são idênticos aos das duas bestas e que são equivalentes aos dez chifres do quarto animal (Dn.7; sobre a identificação dos dez chifres do quarto animal, ver com. de Dn.7:7). Outros enxergam nos dez chifres do dragão uma designação mais genérica dos poderes políticos menores por meio dos quais Satanás age ao longo da história, em contraste com as sete cabeças, que são vistas como representantes dos principais poderes políticos. Sugerem que o número “dez” pode ser aproximado, como acontece outras vezes nas Escrituras (ver com. de Lc.15:8; comparar com Ap.17:9-10). Nas cabeças. O fato de usarem símbolos da realeza pode ser considerado mais uma evidência de que representam reinos políticos. Diademas. Do gr. diademata, diadema no singular; literalmente, “algo amarrado em volta”, de diadeo, “atar em volta”. A palavra era usada para descrever o emblema de rei usado pelos monarcas persas, um laço azul com bordas brancas, colocado no turbante. Por isso, a palavra passou a ser usada como sinal de realeza. Diademata ocorre apenas aqui e em Ap.13:1 e Ap.19:12. Diadema faz contraste com stephanos, termo traduzido por “coroa” (Mt.27:29; 1Co.9:25; 2Tm.4:8), que era uma grinalda dada como prêmio pela vitória (ver com. de 1Co.9:25). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.12:4 | 4. A sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra; e o dragão se deteve em frente da mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando nascesse. A sua cauda arrastava. Literalmente, “a sua cauda está arrastando”. Em visão profética, João contempla o desenrolar da ação. A terça parte. O evento simbolizado aqui é descrito em mais detalhes nos v. Ap.12:7-9, e “a terça parte das estrelas do céu” pode representar um terço dos anjos celestiais, que se uniram à rebelião de Lúcifer e foram expulsos do Céu (ver T3. 115; T5, 291). Outros interpretam as “estrelas” como governantes judaicos, que eram divididos em três classes: reis, sacerdotes e o Sinédrio. A terça parte lançada para a Terra é interpretada como Roma tirando de Judá a autonomia de ter o próprio rei. Devorar. O termo representa os esforços de Satanás para destruir o bebê Jesus. A atitude de Herodes, ao ouvir a mensagem dos sábios (Mt.2:16), torna apropriada esta representação do evento. Anos depois, Roma pagã se levantou contra o “Príncipe dos príncipes” (ver com. de Dn.8:25). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.12:5 | 5. Nasceu-lhe, pois, um filho varão, que há de reger todas as nações com cetro de ferro. E o seu filho foi arrebatado para Deus até ao seu trono. Um filho varão. Literalmente, “um filho, um homem”. Reger todas as nações. Uma alusão ao Sl.2:8-9, claramente aplicável ao Messias. Essa aplicação era reconhecida pelos judeus (Sukkah, 52.a, ed. Soncino, Talmude, p. 247). O ser descrito aqui é identificado como o “Verbo de Deus” e “Rei dos Reis” (Ap.19:15-16; ver com. de Ap.2:27; Ap.19:15). Arrebatado. Referência à ascensão de Cristo (Hb.1:3; Hb.10:12). Para cumprir o propósito desta profecia, o simbolismo deixa de lado a vida, obra, o sofrimento, a morte e ressurreição de Jesus, mencionando apenas a ascensão. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.12:6 | 6. A mulher, porém, fugiu para o deserto, onde lhe havia Deus preparado lugar para que nele a sustentem durante mil duzentos e sessenta dias. Deserto. Do gr. eremos, “lugar abandonado, vazio, deserto”, “lugar inabitado”. Neste caso, sem dúvida, eremos representa um lugar de isolamento ou obscuridade, para ocultar a igreja do público (ver com. de Ap.17:3). Lugar. Este local é chamado, no v. Ap.12:14, de “seu lugar”. A proteção e o refúgio que a mulher encontrou foram designados e preparados por Deus. Sustentem. O sujeito deste verbo é indeterminado e, sem dúvida, se refere aos vários agentes que Deus usou para preservar, fortalecer e edificar a igreja enquanto ela era severamente perseguida. O verbo vem do gr. trepho, “fazer crescer”, “educar”, “criar”, “nutrir”. O termo é traduzido por “sustentada” (v. Ap.12:14). Deus cuida da igreja. Quando foi perseguida e exilada, o Senhor a sustentou e nutriu. Dias. Este período de 1.260 dias-anos é mencionado sete vezes nos livros de Daniel e Apocalipse (1.260 dias, em Ap.11:3; Ap.12:6; 42 meses, em Ap.11:2; Ap.13:5; e três tempos e meio, em Dn.7:25; Ap.12:7; Ap.12:14; sobre o cálculo deste período, ver com. de Dn.7:25). Os adventistas do sétimo dia datam a época cie 538 a 1798 d.C. Durante esses anos, a mão de Deus esteve sobre a igreja, preservando-a da extinção. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.12:7 | 7. Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; Houve. Literalmente, “e tornou-se”. Peleja no céu. João passa a narrar o grande conflito entre Cristo e Satanás no Céu, desde sua origem até o momento da vitória de Cristo na cruz (Ap.12:7-9; Cl.2:14-15), o lançamento final de Satanás à Terra nessa ocasião (Ap.12:10-12) e o decorrer do conflito na Terra até o tempo do fim (Ap.12:13-16; ver com. de Dn.11:35). Este rápido resumo forma o contexto para a extensa apresentação dos eventos relativos ao grande conflito durante o tempo do fim, que levam a seu término definitivo (Ap.12:17-20:15). Em Ap.12:9-11, João fala de maneira mais específica sobre a fase do conflito travado no Céu que se estende até a morte de Cristo na cruz. Essa conclusão tem claras evidências contextuais (ver com. do v. Ap.12:9). Embora a visão se concentre, em primeiro lugar, no ponto central do conflito que ocorreu na cruz, é correto entender que as palavras “Houve peleja no céu” também se referem a um período anterior à criação da Terra, quando começou a hostilidade de Lúcifer, que desejou ser igual a Deus (ver com. de Is.14:13-14; Ez.28:12-16). Nessa ocasião. ele e os anjos que simpatizaram com sua causa foram expulsos do Céu (ver 2Pe.2:4; Jd.1:6). Na época, os anjos leais não entendiam por completo todas as questões envolvidas. Entretanto, quando Satanás chegou a ponto de derramar o sangue de Cristo, tudo ficou exposto de forma plena e eterna diante das hostes celestiais. Desde então, suas atividades foram restringidas (ver DTN, 761). Miguel. Do gr. Michael, transliteração do heb. Mikael, que significa “quem [é] como Deus?” Miguel é chamado de “um dos primeiros príncipes” (Dn.10:13), “o grande príncipe” (Dn.12:1) e também de “o arcanjo" (Jd.1:9). A literatura judaica descreve Miguel como o maior dos anjos, o verdadeiro representante de Deus e O identifica com o anjo de Yahweh (ver Yoma, 37.a, ed. Soncino, Talmude, p. 172; Midrash Rabbah sobre Gn.18:3; Ex.3:2, ed. Soncino, p. 411, 453). De acordo com a Midrash, Miguel foi o anjo que defendeu Israel das acusações de Satanás (sobre Ex.12:29, ed. Soncino, p. 222). Uma análise das passagens bíblicas sobre Miguel leva à conclusão de que Ele é o próprio Senhor e Salvador Jesus Cristo (ver com. de Dn.10:13; cf. com. de Jd.1:9). Seus anjos. Isto é, os anjos leais, os “espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação” (Hb.1:13). Dragão. Ver com. do v. Ap.12:3. Seus anjos. Isto é, os anjos que se aliaram a Satanás em sua peleja contra Cristo (ver com. do v. Ap.12:4). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.12:8 | 8. todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. Não prevaleceram. Assim como a “peleja no céu” (v. Ap.12:7), esta expressão pode ter uma aplicação dupla, referindo-se tanto ao conflito inicial no Céu entre Lúcifer e Deus quanto ao conflito na Terra entre Satanás e o Cristo encarnado. Nas duas etapas do conflito, os inimigos “não prevaleceram”. O lugar deles. Esta expressão pode ser interpretada como o lugar que eles ocupavam, ou como a posição que lhes fora atribuída antes. Lúcifer desempenhara o papel de querubim da guarda ungido (ver com. de Ez.28:14), e os anjos que se uniram a ele em rebelião ocupavam diversos postos de responsabilidade. Tais posições foram perdidas quando Lúcifer e esses anjos saíram expulsos do Céu. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.12:9 | 9. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos. Foi expulso. Satanás e seus anjos foram expulsos do Céu em eras passadas (2Pe.2:4), antes da criação deste mundo (PP, 36-42; cf. PE, 145, 146; GC, 498-500; SG3, 36-39; SP1, 17-33). Contudo, até a cruz, ele devia ter acesso aos seres celestiais, de forma limitada, possivelmente, no papel de “príncipe deste mundo” (Jo.12:31-32, NVI; cf. PP, 68-70; DTN, 490, 679, 758). No entanto, o contexto (Ap.12:10-13) deixa claro que, nesta passagem, João se refere, de maneira mais específica, aos acontecimentos ligados ao triunfo de Cristo na cruz. É possível destacar os seguintes pontos: 1. A proclamação (v. Ap.12:10-12) feita por uma “grande voz do Céu” é mais ou menos parentética. Seu propósito é explicar a importância da expulsão de Satanás (v. 9), primeiro com respeito aos habitantes do Céu, depois, aos desta Terra. Após o parêntese explicativo, o v. Ap.12:13 retoma a narrativa das ações de Satanás do ponto onde havia parado, no v. 9. Logo, os v. Ap.12:10-12 fazem uma declaração acerca da condição do plano da salvação no momento em que Satanás foi “atirado para a terra”. 2. A primeira fala da “grande voz” consiste em uma série de fatos relativos ao triunfo de Cristo sobre Satanás na cruz: o plano da “salvação” é assegurado, o “poder” foi providenciado para resistir às astúcias de Satanás, o “reino” de Cristo foi garantido, e Sua “autoridade” para ser salvador, sumo sacerdote e rei sobre a Terra, foi confirmada (Mt.28:18; GC, 503). 3. O motivo citado (Ap.12:10) para essa conquista quádrupla é que “foi expulso o acusador de nossos irmãos”. Esta é uma ligação clara entre essas realizações e a expulsão do v. 9. 4. Na época da expulsão (v. 9, Ap.12:10; Ap.12:13), “o acusador de nossos irmãos” já atuava, acusando-os “de dia e de noite”. Obviamente, a queda mencionada aqui ocorreu depois de um período em que Satanás vinha acusando os “irmãos”, e não poderia ser a sua primeira expulsão do Céu, antes da criação da Terra. 5. O v. Ap.12:11 atesta que é o “sangue do Cordeiro”, a morte de Cristo na cruz, que torna possível a vitória sobre “o acusador de nossos irmãos”. O grande dragão. Ver com. do v. Ap.12:3. Antiga. Do gr. archaios, “inicial”, “velho”, derivado de arché, “princípio”. A palavra portuguesa “arcaico” deriva de archaios (comparar com Jo.8:44). Serpente. Uma referência à serpente que enganou Eva (Gn.3:1). Diabo. Do gr. diabolôs, “um difamador” (ver com. de Mt.4:1). Satanás. Do gr. Satanas, transliteração do heb. satan, que significa “adversário” (ver com. de Zc.3:1). Sedutor. Do gr. planao, “fazer desviar”, “tirar do rumo”, “enganar” (ver com. de Mt.18:12). Mundo. Do gr. oikoumene, literalmente, o “[mundo] habitado”, de oikeo, “habitar” (ver com. de Mt.4:8). Para a terra. O conflito no Céu começou no contexto dos planos para a criação do ser humano (ver SG3, 36). Quando a Terra foi criada, e Adão nomeado seu vice-regente, Satanás direcionou seus esforços para derrotar o homem recém-criado. Quando conseguiu provocar a queda de Adão e Eva, reivindicou a Terra como seu domínio (ver com. de Mt.4:8-9). Todavia, ele não restringiu seus esforços a este planeta, e tentou também os habitantes de outros mundos (ver PE, 290). Somente após a segunda vinda de Cristo, Satanás ficará completamente confinado à Terra (ver com. de Ap.20:3; cf. PE, 290; DTN, 490). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.12:10 | 10. Então, ouvi grande voz do céu, proclamando: Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus. Grande voz. Há grande regozijo nas cortes celestiais por causa da expulsão de Satanás e suas hostes. Agora, veio. O foco do tempo é a cruz (ver com. dos v. Ap.12:7; Ap.12:9). Os habitantes do Céu podiam então se alegrar, pois a eliminação de Satanás estava garantida, isso já estava certo no plano de Deus antes, mas então os seres celestiais se uniram em cântico, pois haviam contemplado a misericórdia de Cristo no Calvário, o que resultou na exposição da malignidade de Satanás e em sua derrota. Salvação. Do gr. soteria, “livramento”, “preservação”, “salvação”, e aqui, talvez, “vitória”. O texto grego traz o artigo, portanto, deve-se ler “a vitória”. Poder. Do gr. dunamis, “valentia”, “força”. Sem dúvida, a referência neste caso é à demonstração de poder na expulsão do dragão. Reino. Satanás argumentava ter direito ao governo deste mundo. Mas seu fracasso em fazer Jesus pecar garantiu o reino para Cristo. Seu Cristo. Ou, “seu Ungido”; ver com. de Mt.1:1. Acusador. Satanás era o acusador dos irmãos na época do AT (ver Jó.1:8-12; Zc.13:1). Ele continua a desempenhar esse papel desde a cruz, mas de maneira restrita (ver com. de Jo.12:31; cf. DTN, 761). Os rabinos costumavam retratar Satanás como o grande acusador (ver Sanhedrin, 89.b, ed. Soncino, Talmude, p. 595; Midrash Rabbah sobre Ex.32:2, ed. Soncino, p. 494). Irmãos. Comparar com Ap.6:11. De dia e de noite. Isto é, sempre que havia oportunidade. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.12:11 | 11. Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida. Eles, pois, o venceram. A atenção do profeta é concentrada naqueles que foram acusados pelo instigador do mal. Ele pensa em como sofreram e nas injúrias a que foram expostos. Lembra-se de como, em meio às dificuldades, eles venceram não pela própria força, mas “por causa do sangue do Cordeiro”. Por causa do sangue. Ou, “com base no sangue”. Os santos vencem por causa da vitória no Calvário (sobre a importância do “sangue”, ver com. de Ap.1:5; Rm.5:9). Cordeiro. Ver com. de Jo.1:29. Por causa da palavra. Ou, “com base na palavra”. Testemunho. Isto é, o testemunho pessoal acerca de Jesus e do evangelho. Não amaram a própria vida. Os fiéis preferem morrer a desobedecer a Deus (ver com. de Jo.12:25). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.12:12 | 12. Por isso, festejai, ó céus, e vós, os que neles habitais. Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta. Festejai, ó céus. Houve festa no Céu porque os anjos e os habitantes de outros mundos tiveram a certeza de que Satanás estava condenado com a vitória de Cristo na cruz. Ai. Ainda havia perseguição reservada para a igreja, por isso, seus membros ainda não podiam se alegrar. Grande cólera. O dragão fica enfurecido por causa da derrota. Em vez de sentir remorso e tristeza pelo mal, afunda cada vez mais na iniquidade. Prossegue com malignidade intensificada em seus esforços de perseguir a igreja do Deus vivo (comparar com 1Pe.5:8). Pouco. Do gr. oligos, “pouco”, “pequeno”, quando usado para se referir a número, quantidade ou tamanho; “curto”, quando alude a tempo. Oligos é um termo relativo àquilo com que está associado no contexto. Por isso, oligos caracteriza “alguns peixinhos” na narrativa da alimentação dos 4 mil, em comparação com o número que seria necessário para satisfazer a multidão (Mt.15:34). “Poucos” (oligos) são os que encontram o caminho da vida, em comparação com os que escolhem o caminho da destruição (Mt.7:14). Jesus impôs as mãos sobre “poucos” (oligos) enfermos, em comparação com o total dos que poderiam ser curados, se não houvesse tamanha descrença (Mc.6:5). Oligos se refere a tempo em oito ocasiões no NT. Em cinco delas, o elemento temporal é indicado pela própria palavra (Mc.6:31; Tg.4:14; 1Pe.1:6; 1Pe.5:10; Ap.17:10) e ela é traduzida, respectivamente, por “um pouco”, “instante”, “breve tempo”, “um pouco” e “pouco”. Em três casos, o elemento de tempo é expresso por uma palavra modificada por oligos (At.14:28, que diz, literalmente, “não por pouco tempo”; ver Hb.12:10; Ap.12:12). O período expresso por oligos depende do elemento com o qual o termo é associado. Por exemplo, o repouso mencionado em Mc.6:31, que durou oligos, provavelmente continuou por alguns dias ou, no máximo, semanas. Em contrapartida, em Tg.4:14, oligos se refere à duração da vida de um ser humano. Em Ap.12:12, oligos define o tempo decorrido entre a expulsão de Satanás por ocasião da cruz até o fim de sua tirania sobre os habitantes da Terra. Esse período é chamado de oligos em comparação com os mais de 4 mil anos que antecederam a crucifixão. Pode parecer que os 2 mil anos desde a crucifixão, nos quais Satanás tem atuado para destruir a igreja, não pareçam “pouco tempo”, nem de forma absoluta nem se comparado ao intervalo entre Adão e a cruz. Todavia, esta expressão deve ser compreendida no contexto de todo o Apocalipse, que retrata a vinda de Cristo como um evento próximo (ver com. de Ap.1:1; cf. Ap.22:20). Se Jesus vem “logo”, então o tempo para Satanás trabalhar é “pouco” (ver com. de Ap.17:10). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.12:13 | 13. Quando, pois, o dragão se viu atirado para a terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho varão; Mulher. Ver com. do v. Ap.12:1. Por não poder mais atacar diretamente o filho de Deus, o dragão tenta atingir o filho por meio da mãe, perseguindo a mãe do filho varão, a igreja (ver com. do v. Ap.12:6). Filho varão. Ver com. do v. Ap.12:5. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.12:14 | 14. e foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que voasse até ao deserto, ao seu lugar, aí onde é sustentada durante um tempo, tempos e metade de um tempo, fora da vista da serpente. Duas asas. A imagem das asas de águia era familiar ao antigo povo de Deus. O livramento das mãos do faraó e suas hostes foi descrito por esta figura (Ex.19:4; Dt.32:11). Alguns veem nestas asas um símbolo da pressa com que a igreja deveria encontrar segurança. Sustentada. Ver com. do v. Ap.12:6. Um tempo, tempos. Ver com. do v. Ap.12:6. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.12:15 | 15. Então, a serpente arrojou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, a fim de fazer com que ela fosse arrebatada pelo rio. Água como um rio. O dragão é mencionado em conexão com águas (ver Ez.29:3, ARC; SI.74:13, LXX). É provável que venha daí a figura da água como símbolo de destruição. Satanás tentou destruir a igreja cristã por meio de uma inundação de falsas doutrinas, bem como de perseguições (ver com. de Ap.17:15). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.12:16 | 16. A terra, porém, socorreu a mulher; e a terra abriu a boca e engoliu o rio que o dragão tinha arrojado de sua boca. A terra, porém, socorreu a mulher. Alguns defendem que “terra” neste texto representa regiões pouco habitadas, em contraste com “águas”, que representam “povos”, “nações” e “línguas” (Ap.17:15). Na época da Reforma, havia multidões na Europa e no Extremo Oriente, mas o continente norte-americano era pouco habitado. Por isso, esta seria a “terra” que ofereceria alívio à igreja perseguida no velho mundo. As regiões protestantes da Europa ocidental, que se transformaram em campos de perseguição, também podem ser incluídas. Outros identificam na Reforma protestante em si o principal fator para quebrar o domínio da igreja apostatada. Engoliu. Isto é, eliminou a eficácia dos instrumentos de destruição. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.12:17 | 17. Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus; e se pôs em pé sobre a areia do mar. Irou-se. O fracasso em destruir a igreja no deserto intensifica a ira do dragão, tanto que ele sai com grande determinação de pelejar contra o povo de Deus, em especial contra “os restantes da sua descendência”. Foi pelejar. Na tentativa de destruir a igreja. O maior esforço do dragão, nesse sentido, ainda está no futuro (ver com. de Ap.13:11-17; Ap.16:12-16; cf. GC, 392). Restantes. Do gr. loipoi, “aqueles que restam”; de leipo, “deixar”, “deixar para trás” (ver Nota Adicional a Apocalipse 12). Guardam os mandamentos. O fato de os restantes, ou o remanescente, serem identificados assim revela que os mandamentos de Deus são um ponto de forte controvérsia na luta entre o dragão e a igreja (ver com. de Ap.14:12; ver GC, 445-450). Testemunho de Jesus. No texto grego, esta expressão pode ser interpretada como o testemunho dos cristãos a respeito de Jesus ou o testemunho que se originou com Jesus e é revelado à igreja por meio dos profetas (ver com. de Ap.1:2). A comparação com Ap.19:10 favorece a última interpretação. Nesse texto, o “testemunho de Jesus” é definido como o “espírito da profecia”, significando que Jesus testemunha à igreja mediante a mensagem profética. A relação entre o “testemunho de Jesus” e a profecia é ainda mais atestada pela comparação entre Ap.19:10; Ap.22:9. O anjo se identifica como “conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus” (Ap.19:10), e como “conservo teu, dos teus irmãos, os profetas” (Ap.22:9). Considerando que as duas expressões do anjo são paralelas, os que têm o testemunho de Jesus são identificados com os profetas. Uma vez que os profetas têm a distinta obra de anunciar as mensagens de Jesus (ver com. de Ap.1:1), a interpretação de que o testemunho de Jesus se refere ao “testemunho” que Ele dá à igreja se mostra coerente. Portanto, os adventistas do sétimo dia interpretam assim esta passagem e creem que o remanescente se distingue pela manifestação do dom de profecia. Acreditam que o “testemunho de Jesus” é aquilo que Jesus testemunha a Seu povo por intermédio do dom profético (ver Nota Adicional a Apocalipse 19; Ap.19:21). Pôs em pé. O verbo se refere ao dragão, que se coloca em pé na praia aguardando a besta, a quem pretende investir com poder e autoridade (Ap.13:2). Algumas versões traduzem “e eu pus-me” (ARC), colocando a frase no cap. Ap.13:1. Contudo, evidências textuais (cf. p. xvi) favorecem a versão mantida pela ARA. Caso a variante “e eu pus-me” seja adotada, João simplesmente estaria descrevendo a posição em que se encontrava quando viu a besta emergir. Areia do mar. Sem dúvida, o mar representa povos, nações e línguas, neste caso (ver com. de Ap.17:1-2; Ap.17:8; cf. com. de Dn.7:2). NOTA ADICIONAL A APOCALIPSE 12 Uma vez que o vocabulário e as figuras usadas no Apocalipse foram, em grande parte, extraídos do AT (ver p. 800; cf. com. de Is.47:1; Je.25:12; Is.50:1; Ez.26:13; ver Nota Adicional a Apocalipse 18; Ap.18:24), a compreensão correta da palavra “restantes” ou “remanescente” (Ap 12:17, ACF) requer a análise de seus equivalentes em hebraico, no contexto do AT. As três palavras hebraicas mais usadas para se referir a remanescente são: (1) peletah (ou palet, palif), “o que escapa”, “aqueles que escapam”, de palat, “escapar”, “entregar”; (2) sheerith ou shear, “o descanso”, “o que fica”, “restante”, “remanescente”, e sua forma verbal shaar, “deixar”, “ser deixado”, “ficar”; e (3) yether, “o que fica”, “restante”, “remanescente”, de yathar, “deixar”, “ser deixado”. Os exemplos de uso dessas palavras com referência ao povo escolhido de Deus podem ser classificados da seguinte forma: 1. Os membros da família de Jacó preservados sob o cuidado de José, no Egito, são chamados de “sucessão”, literalmente, “um remanescente” (sheerith; Gn.45:7). Nesse caso, a ênfase recai sobre a preservação. Até onde se sabe, toda a família foi preservada. 2. Em meio à apostasia generalizada, Elias protestou: “Só eu fiquei [yathar] dos profetas do Senhor” (1Rs.18:22): “eu fiquei só”; mas Deus afirmou: “Também conservei [shaar] em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal” (1Rs.19:14; 1Rs.19:18; Rm.11:4-5). 3. Um pequeno “restante” (peletah) das dez tribos “escapou [shaar] do poder dos reis da Assíria”, que haviam levado a maior parte da nação em cativeiro, e permaneceu na Palestina (2Cr.30:6). Em 722 a.C., somente Judá “ficou” (shaar) funcionando como nação (2Rs.17:18). Por isso, Judá se transformou no “restante” (shear) das doze tribos e na única herdeira das promessas, dos privilégios e das responsabilidades da aliança, que originalmente pertenciam a todas (Is.10:22; ver vol. 4, p. 13-19). 4. Alguns anos mais tarde, Senaqueribe conquistou toda a terra de Judá, com exceção de Jerusalém, a qual, por sua vez, é chamada de “resto”. Este “resto” (peletah) “que escapou [shaar] da casa de Judá” deveria “lançar raízes para baixo”, dar “fruto por cima” e sair como “o restante” (sheerith) do povo escolhido de Deus, Seu instrumento designado para salvação do mundo (2Rs.19:4; 2Rs.19:30-31; Is.37:4; Is.37:31-32; Is.4:2; Is.10:20). Deus também tinha o propósito de “resgatar o restante [shear]” dos filhos de Israel e de Judá que haviam sido levados cativos para a Assíria, e também de preparar o “caminho” para o “restante [shear] do Seu povo”, assim como fizera no passado quando seus antepassados saíram da terra do Egito (Is.11:11-12; Is.11:16). 5. Quando o “rei da Babilônia” invadiu a Palestina um século depois, ele também deixou “ficar” (yether; shaar em 2Rs.25:22; 2Rs.24:14) um “povo” (peletah; shear, em 2Rs.25:22; Ez.14:22; Je.40:11; Je.42:2) que deveria escapar (palat), isto é, sobreviver à espada, peste e fome que acompanharam o cerco de Jerusalém (Ez.7:16). Contudo, Jeremias advertiu de que até mesmo parte desse “sobrevivente” (yether; Je.39:9) ou “restante [shaar] de Jerusalém”, que Deus desejava que ficasse (shaar) “nesta terra”, seria posteriormente removida “para todos os reinos da terra” (Je.24:8-9). A maioria desses “restantes” fugiu para o Egito, mas o profeta advertiu: “dos restantes [sheerith] de Judá que vieram à terra do Egito para morar, não haverá quem escape [palit] e sobreviva para tornar à terra de Judá” (Je.44:14). 6. O Senhor prometeu deixar “um resto” (yathar) dos cativos por Nabucodonosor, que escaparia da espada e se lembraria de Deus na terra do cativeiro (Ez.6:8-9). Um “restante” (sheerith) dos cativos (Je.23:3; Je.31:7) acabaria escapando (palat) da “terra da Babilônia” (Je.50:28). Neemias chama os cativos que retornaram de “judeus que escaparam [peletah]”, “os restantes [peletah], que não foram levados [shaar] para o exílio” (Ne.1:2-3). A esse “resto” (sheerith), Deus confiou todas as responsabilidades e promessas da aliança (Zc.8:12; cf. vol. 4, p. 17-19), mas advertiu de que os consumiria, se eles transgredissem novamente os mandamentos, “até não haver restante [sheerith] nem alguém que escapasse [peletah]” (Ed.9:14). 7. Muitas referências ao remanescente ocorrem em um contexto que antecipa com clareza o reino messiânico (ver Is.4:2-3; Is.11:11; Is.11:16; Is.11:1-19; Je.23:3; Je.23.4-6; Mq.4:7; Mq.4:1-8; Mq.5:7-8; Mq.5:2-15; Sf.3:13). Uma definição de remanescente nessas e em outras passagens do AT identifica que o grupo assim chamado e formado por israelitas que sobreviveram a calamidades como guerra, cativeiro, peste e fome, os quais, por misericórdia, foram poupados a fim de continuar a ser o povo escolhido de Deus (Gn.45:7; Ed.9:13; Ez.7:16). Diversas vezes, “este resto” foi deixado; nas palavras de Jeremias, “só restamos [shear] uns poucos” (Je.42:2; Is.10:22). Lembrando-se do Deus verdadeiro e se voltando para Ele (2Cr.30:6; Is.10:20; Ez.6:8-9), eles renunciavam à autoridade de falsos sistemas religiosos (1Rs.19:18) e se recusavam a cometer iniquidade (Sf.3:13). Leais aos mandamentos de Deus, (Ed.9:14), eram “chamados santos” e “inscritos em Jerusalém, para a vida” (Is.4:3). Aceitavam novamente as responsabilidades e os privilégios da eterna aliança de Deus. Propunham-se a “lançar raízes para baixo”, dar “fruto por cima” e sair para anunciar a glória do Senhor entre os gentios (2Rs.19:30-31; ls.37:31-32; Is.66:19). Portanto, o remanescente do AT é formado por gerações sucessivas de israelitas, o povo escolhido de Deus. Vez após vez, a maioria apostatava, mas sempre havia um remanescente fiel que se tornava herdeiro exclusivo das sagradas promessas, dos privilégios e das responsabilidades da aliança, feita a princípio com Abraão e confirmada no Sinai. Esse remanescente era o grupo formalmente escolhido para o qual Deus desejava enviar o Messias e por meio de quem se propôs a evangelizar os pagãos. Não era um grupo de indivíduos espalhados, por mais leais que eles fossem, mas por uma coletividade visível e comissionada por Deus na Terra. Também é importante notar que os vários termos hebraicos traduzidos por “remanescente”, “restante” ou “resto” não têm a conotação de último de qualquer coisa ou grupo de pessoas, a menos no sentido de que, em cada ocasião, aqueles que “ficam” são temporariamente, em sua geração, o último elo existente na linhagem escolhida. Desde os dias de Abraão, existe um “remanescente” segundo a “graça” de Deus (cf. Rm.11:5). Deus advertiu aqueles que voltaram do cativeiro babilônico de que não haveria “restante nem alguém que escapasse” caso fossem novamente desleais (Ed.9:14; Dt.19:20). Por isso, quando os judeus rejeitaram o Messias e renunciaram a sua lealdade à aliança (DTN, 737, 738), o “reino de Deus” lhes foi tirado de maneira coletiva e “entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos” (Mt.21:43; 1Pe.2:9-10). Isso significa o cancelamento permanente e irrevogável da posição deles diante de Deus como nação e a transferência das promessas, dos privilégios e das responsabilidades da aliança para a igreja cristã (ver vol. 4, p. 19-23). Paulo declara que, “ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, [somente] o remanescente [kataleimma] é que será salvo” (Rm.9:27, ver com. ali). Nessa passagem, ele aplica o termo remanescente, ou “restante” (Is.10:22) aos judeus de sua época que individualmente haviam aceitado a Cristo como o Messias. No entanto, era na posição de membros da igreja cristã e não mais em sua condição de judeus que tinham direito a esse título. O apóstolo chama os cristãos judeus de “um remanescente segundo a [...| graça” (Rm.11:5). Nos cap. Rm.9-11 de Romanos, Paulo apresenta a igreja cristã como herdeira das promessas, dos privilégios e das responsabilidades da aliança eterna. Logo, ela é a sucessora do judaísmo, divinamente comissionada como detentora da verdade revelada de Deus, como representante corporativa de Seus propósitos na Terra e instrumento escolhido para proclamar o evangelho de salvação à humanidade (ver vol. 4, p. 21-23). Além de Rm.9:27; Rm.11:15; e Apocalipse 12:17, o termo remanescente no NT (Mt.22:6; Ap.11:12; Ap.19:21) não se refere ao povo de Deus. No entanto, a expressão “o resto” (Ap.3:2) vem de loipos, a mesma palavra traduzida por “restantes” (Ap.12:17). Alguns séculos depois de Cristo, a igreja vivenciou a grande apostasia papal. Por cerca de 1.260 anos, o poder papal obteve êxito em reprimir e espalhar os verdadeiros representantes de Deus na Terra (ver Nota Adicional a Daniel 7; Dn.7:28; ver com. de Dn.7:25; cf. Ap.12:6). Por meio da Reforma do século 16 (ver com. de Ap.12:15-16), Deus planejou mais uma vez conduzir um remanescente, tirando-o, dessa vez, da Babilônia mística. Vários grupos protestantes serviram como arautos da verdade designados pelo Céu, restaurando, ponto a ponto, as gloriosas verdades da salvação. Contudo, um grupo após o outro se satisfez com um conceito parcial da verdade, falhando em avançar à medida que aumentava a luz da Palavra de Deus. A cada recusa em prosseguir, Deus levantava outros para ser instrumentos escolhidos da proclamação de Sua verdade. Por fim, com a passagem dos 1.260 anos de supremacia papal (ver com. de Ap.12:6; Ap.12:14) e a chegada do “tempo do fim”, quando a última mensagem do Céu (Ap.14:6-12) deve ser proclamada ao mundo (ver com. de Dn.7:25; Dn.11:35), Deus levantou outro remanescente, o mencionado em Apocalipse 12:17 (cf. v. Ap.12:14-17). Esse é o remanescente de uma longa linhagem de grupos escolhidos por Deus, os quais sobreviveram aos ferozes ataques do dragão ao longo da história, em especial às trevas, à perseguição e aos erros cometidos durante os 1.260 anos (v. Ap.12:6; Ap.12:14). Trata-se do último remanescente de Deus, uma vez que é nomeado arauto do último apelo do Senhor ao mundo, para que este aceite o dom gracioso da salvação (Ap.14:6-12). Desde os primórdios, os adventistas do sétimo dia têm proclamado as três mensagens angélicas (Ap.14:6-12) como o último apelo de Deus para os pecadores aceitarem a Cristo e creem que seu movimento corresponde ao “remanescente” do Apocalipse. Nenhum outro grupo religioso proclama essa mensagem completa e nenhum outro apresenta as características citadas em Apocalipse 12:17. Logo, nenhum outro tem um motivo válido e bíblico para afirmar ser o remanescente. No entanto, os adventistas rejeitam enfática e inequivocamente qualquer pensamento de serem os únicos filhos de Deus e de terem lugar garantido no Céu. Creem que todos que adoram ao Senhor com sinceridade, isto é, nos termos de toda a vontade revelada que compreendem, são membros em potencial do último grupo remanescente mencionado em Apocalipse 12:17. Os adventistas creem ter a tarefa solene e o privilégio de tornar claras e persuasivas as verdades divinas distintivas a ponto de atrair todos os filhos de Deus a esse grupo profeticamente predito, que se prepara para o dia do Senhor. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.13:1 | 1. Vi emergir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças e, sobre os chifres, dez diademas e, sobre as cabeças, nomes de blasfêmia. Do mar. Esta besta emerge “do mar”, enquanto a besta do v. Ap.13:11 emerge “da terra”. Uma surge onde há multidões (ver com. de Ap.12:17, “areia do mar”); a outra se levanta onde a população é esparsa (ver com. do v. Ap.13:11). Uma besta. Ver com. de Dn.7:3, sobre as bestas como símbolos proféticos; sobre a identificação da besta, ver com. de Ap.13:2. Dez chifres. Alguns identificam estes chifres com os do dragão (ver com. de Ap.12:3). Outros limitam a aplicação destes chifres as nações por meio das quais o poder representado pela besta exerce sua autoridade. Sete cabeças. Alguns identificam estas cabeças com as do dragão, bem como com as da besta escarlate (Ap.17; ver com. de Ap.12:3). Outros enxergam nelas as várias organizações políticas por meio das quais a nova besta opera depois que o dragão com suas sete cabeças lhe entrega “seu poder, o seu trono e grande autoridade” (Ap.13:2; sobre o número sete, ver com. de Ap.1:11). Diademas. Do gr. diademata, “coroas reais” (ver com. de Ap.12:3). Estas coroas nos chifres confirmam a identificação dos poderes políticos. Nomes. As evidências textuais (cf. p. xvi) se dividem entre esta variante e o singular “nome”. Blasfêmia. Do gr. blasphemia, que significa “difamação”, quando dirigida a seres humanos, e discurso ímpio quando dirigida a Deus. Sem dúvida, o último sentido é o que predomina nesta passagem. O nome ou os nomes são vistos nas cabeças. Eles representam os títulos blasfemos que a besta assume (ver com. de Dn.7:25). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.13:2 | 2. A besta que vi era semelhante a leopardo, com pés como de urso e boca como de leão. E deu-lhe o dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade. Leopardo [...] urso [...] leão. Esta descrição faz alusão ao simbolismo de Dn.7. O profeta Daniel viu uma besta semelhante a um leão, depois outra como um urso e, em terceiro lugar, uma como um leopardo. A besta que João descreve tem características físicas dos três. Isso indica que o poder representado por esta besta do Apocalipse possui características proeminentes nos reinos da Babilônia, Pérsia e Grécia. Alguns observaram que João menciona esses poderes na ordem contrária de seu domínio histórico, ao olhar para eles em retrospectiva. Deu-lhe [...] o seu poder. Embora, em primeiro plano, o dragão represente Satanás, em sentido secundário, ele representa o império romano (ver com. de Ap.12:3). O poder que sucedeu o império romano e recebeu do dragão “o seu poder, o seu trono e grande autoridade” é Roma papal. “Das ruínas da Roma política, levantou-se o grande império moral na ‘forma gigante’ da igreja católica” (A. C. Flick, The Rise of the Mediaeval Church [1900], p. 150). Essa identificação se confirma nos detalhes citados nos versículos seguintes. Por trás de tudo isso, estava Satanás, que tentava eliminar a igreja verdadeira. Quando ele descobriu que seus esforços para aniquilar os seguidores de Cristo por meio da perseguição não eram bem-sucedidos, alterou suas táticas e tentou seduzir a igreja para longe de Cristo, por meio da criação de um vasto sistema religioso impostor. Em vez de trabalhar diretamente por meio do paganismo, o dragão passou a atuar por trás da fachada de uma organização supostamente cristã, na tentativa de disfarçar sua identidade. Dragão. Ver com. de Ap.12:3. Trono. Do gr. thronos. Os papas ascenderam ao trono dos Césares. A capital do sistema papal era a mesma ocupada pelo império romano em seu auge. Grande autoridade. O papado controlava questões políticas e religiosas, e até mesmo as consciências. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.13:3 | 3. Então, vi uma de suas cabeças como golpeada de morte, mas essa ferida mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou, seguindo a besta; Uma de suas cabeças. Ver com. do v. Ap.13:1. Golpeada. Do gr. sphazo, “matar”, “assassinar”. A palavra é traduzida por “morto” (Ap.5:6). A expressão pode ser traduzida por “ferida até a morte”. Esta predição foi dramaticamente cumprida, em 1798, quando Berthier, à frente do exército francês, entrou em Roma, declarou o fim do domínio político do papado e levou o papa para a França como prisioneiro, onde logo morreu (ver com. de Dn.7:25; ver GC, p. 439). Ferida. Do gr. plege, “golpe”, “soco”, e também a ferida causada por um soco. Qualquer um dos significados pode ser adotado neste texto. A “ferida mortal” poderia ser tanto um golpe que leva à morte quanto a ferida que leva à morte. Foi curada. Houve, no entanto, um reavivamento gradual do papado nos anos posteriores à Revolução Francesa. Ele sofreu um novo revés em 1870, quando os estados papais foram tomados. Um evento significativo ocorreu em 1929, quando o Tratado de Latrão restaurou o poder temporal ao papa, que recebeu o domínio sobre a cidade do Vaticano, parte de Roma, com cerca de 44 hectares de extensão. Todavia, o profeta previu uma restauração muito maior. Ele viu a ferida completamente curada, como a expressão grega indica. Após a cura, ele viu “os que habitam sobre a terra” adorando a besta (v. Ap.13:8; cf. GC, 579). Tal acontecimento ainda é futuro. Embora o papado receba honra de alguns grupos, há vastas populações que não lhe rendem nenhuma deferência, mas a profecia indica que isso vai mudar. A besta do v. Ap.13:11 “faz com que a terra e os seus habitantes adorem a primeira besta, cuja ferida mortal fora curada” (v. Ap.13:12). Toda a terra se maravilhou. Ou, “todo o mundo ficou surpreso”. Era difícil crer que o poder papal voltaria a viver. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.13:4 | 4. e adoraram o dragão porque deu a sua autoridade à besta; também adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem pode pelejar contra ela? Adoraram o dragão. Adorar a besta corresponde, em realidade, a adorar o dragão, pois a besta não passa de um agente visível do dragão, colocando seus planos em vigor. A era do papado reavivado também será caracterizada por uma atividade mais acentuada do espiritismo. Por trás do espiritismo, Satanás trabalha “com todo engano de injustiça” (2Ts.2:10). Por meio do catolicismo romano, do espiritismo e do protestantismo apostatado, Satanás almeja levar o mundo a adorá-lo. Ele terá êxito sobre a maioria, com exceção de um pequeno remanescente que se recusará a obedecer as suas ordens (Ap.12:17; Ap.13:8). Autoridade. Do gr. exousia. Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam esta variante (ver com. do v. Ap.13:2; ver ARC). Quem é semelhante [...]? Esta pode ser uma paródia de expressões semelhantes sobre Deus (ver Ex.15:11; SI.35:10; Sl.113:5). Pode pelejar. A resistência às ordens da besta significa guerra. A sugestão é de que ela governa à força de armas e que resistir é inútil. No final, Cristo e Seu exército celestial terão sucesso na batalha contra a besta e a lançarão viva “dentro do lago de fogo que arde com enxofre” (Ap.19:20). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.13:5 | 5. Foi-lhe dada uma boca que proferia arrogâncias e blasfêmias e autoridade para agir quarenta e dois meses; Arrogâncias. O papado fez reivindicações arrogantes (ver com. de Dn.7:25). As especificações (Ap.13:5-7) identificam o poder simbolizado pela besta com o mesmo representado pelo chifre pequeno do quarto animal (ver Dn.7). Dentre os paralelos, é possível destacar os seguintes: A besta tem uma “boca que proferia arrogâncias e blasfêmias” (Ap.13:5); o chifre pequeno também tem “uma boca que falava com insolência” (Dn.7:8). A besta deveria “agir quarenta e dois meses” (Ap.13:5; ver com. de Ap.12:6); o chifre continuaria trabalhando “por um tempo, dois tempos e metade de um tempo” (ver com. de Dn.7:25). Por fim, a besta “pelejaria contra os santos” e os venceria (Ap.13:7); o chifre “fazia guerra contra os santos e prevalecia contra eles” (Dn.7:21). Blasfêmias. Ver com. do v. Ap.13:1. As blasfêmias são detalhadas no v. Ap.13:6. Autoridade. Ver com. do v. Ap.13:4. Agir. Do gr. poieo, “fazer”, “realizar”, “executar”. Quarenta e dois meses. Ver com. de Ap.12:6; cf. com. de Ap.11:2. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.13:6 | 6. e abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para lhe difamar o nome e difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu. Difamar o nome. Por assumir títulos divinos (ver com. de Dn.7:25). O tabernáculo. Este é o segundo alvo de sua blasfêmia. Esse poder pretende estabelecer seu templo na Terra e, por isso, afasta a atenção das pessoas do santuário celestial, o “verdadeiro tabernáculo”, onde Jesus ministra como sumo sacerdote (Hb.8:1-2). Ele tenta obscurecer a obra de Cristo no santuário celestial (ver com. de Dn.8:11-13). O ministério do sacrifício de Cristo é menosprezado, e o sacrifíco da missa na Terra o substitui. Os que habitam no céu. O terceiro aspecto blasfemo do poder papal afeta os habitantes celestiais. É provável que a referência seja aos membros da Divindade e Seus associados no serviço à humanidade pecadora. Em parte, isso se cumpriu na reivindicação católica romana de perdoar pecados e também em conferir a Maria poderes e virtudes que só se aplicam a Cristo. Assim, a mente das pessoas se afasta da obra de mediação realizada por Jesus e se concentra no confessionário terreno. O líder papal também afirmou ter poder sobre os anjos de Deus: “Em realidade, a excelência e o poder do pontífice romano não se dá somente na esfera das coisas celestiais, terrenas e das regiões inferiores, mas também sobre os anjos, dos quais ele próprio é maior” (Papa II, Prompta Bibliotheca, vol. 6, p. 27; ver com. de Dn.7:25). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.13:7 | 7. Foi-lhe dado, também, que pelejasse contra os santos e os vencesse. Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação; Pelejasse contra os santos. O vocabulário aqui é quase idêntico ao de Dn.7:21: “e eis que este chifre fazia guerra contra os santos e prevalecia contra eles” (sobre o cumprimento desta predição, ver com. de Dn.7:25). Autoridade. Do gr. exousia. Cada tribo. A expressão se refere à esfera de suas obras e se aplica ao auge do papado, talvez durante a Idade Média, quando o pontífice exercia domínio sobre toda a Europa (ver Nota Adicional a Daniel 7; Dn.7:28). Refere-se também à ocasião futura em que o poder do papado será plenamente restabelecido (ver com. de Ap.13:3; Ap.17:8). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.13:8 | 8. e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. Adorá-la-ão todos. Isto será verdade, sobretudo, no período do papado restaurado (ver com. do v. Ap.13:3). Os v. Ap.13:11-18 relatam como a adoração universal será conquistada (comparar com T6, 14). Livro da Vida. Ver com. de Fp.4:3. Cordeiro que foi morto. Ver com. de Ap.5:6. Desde a fundação do mundo. Esta expressão pode estar ligada tanto a “escritos” quanto a “morto”. As duas ideias são bíblicas. O ponto de vista de que os nomes são registrados desde a fundação do mundo se baseia em Ap.17:8 e é reforçado em declarações como: “Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt.25:34) e “[Ele] nos escolheu, nEle, antes da fundação do mundo” (ver com. de Ef.1:4). Por sua vez, a ideia de que o Cordeiro foi morto desde a fundação do mundo é atestada por Pedro: “cordeiro sem defeito e sem mácula, [...] conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo” (1Pe.1:19-20). A decisão de que Cristo morreria pela raça culpada foi tomada antes da criação do mundo e confirmada por ocasião da queda do ser humano (ver PP, 68, 64). Nesse sentido, Ele foi morto desde a fundação do mundo. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.13:9 | 9. Se alguém tem ouvidos, ouça. Tem ouvidos, ouça. Ver com. de Ap.2:7. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.13:10 | 10. Se alguém leva para cativeiro, para cativeiro vai. Se alguém matar à espada, necessário é que seja morto à espada. Aqui está a perseverança e a fidelidade dos santos. Leva para cativeiro. Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a omissão da palavra “leva”. Sem ela, a frase poderia ser traduzida como: “se alguém para o cativeiro...” A ideia pode ser considerada semelhante à expressa em Je.15:2, “o que é para a morte, para a morte”. A profecia garante aos perseguidos filhos de Deus que aqueles que os perseguirem e os condenarem ao exílio e à morte enfrentarão destino semelhante. A captura e o exílio do papa, em 1798, podem ser considerados um cumprimento parcial desta profecia (ver com. de Dn.7:25; ver Nota Adicional a Daniel 7; Dn.7:28). A espada. Depois de usar a espada, a besta, por fim, perecerá pela espada da justiça divina. Jesus declarou que “todos os que lançam mão da espada à espada perecerão” (Mt.26:52). Perseverança. Do gr. hupomone, “perseverança”, “coragem”, “resistência constante”. Hupomone deriva de hupo, “sob”, e meno, “permanecer”. O termo grego sugere mais do que resignação passiva; denota uma resistência ativa (ver com. de Rm.5:3). Durante a batalha travada pela besta, os santos resistem firmemente. Fidelidade. Do gr. pistis, “crença”, “confiança”, “fé” (sobre “crença” e “confiança”, ver com. de Ap.14:12; sobre “fidelidade”, ver com. de Hb.11:1; cf. com. de Hc.2:4). Tanto o significado ativo de “fé” , quanto o passivo de “fidelidade” se ajustam ao contexto. Contudo, a expressão paralela (Ap.14:12) parece exigir o sentido ativo (ver com. ali). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.13:11 | 11. Vi ainda outra besta emergir da terra; possuía dois chifres, parecendo cordeiro, mas falava como dragão. Outra besta. Isto é, uma besta além da mencionada (v. Ap.13:1). No entanto, o grego indica que ela é da mesma natureza da primeira, o que se confirma pelas suas ações. A segunda besta atua em colaboração com a primeira. Emergir. Do gr. anabaino, “ascender”, “levantar”, “surgir”. Em Mt.15:7, o termo é usado para se referir a plantas em crescimento. A forma da palavra grega chama atenção para o processo de aparecimento. O profeta vê a ação à medida que ela acontece. Da terra. A primeira besta emerge do mar (ver com. do v. Ap.13:1), bem como os quatro animais de Dn.7 (ver v. 3). Uma vez que mar representa povos e nações (ver com. de Ap.13:1; Ap.17:1-2; Ap.17:8), pode-se presumir que terra simboliza uma região pouco povoada. A nação assim designada não surgiria por meio de guerra, conquista e ocupação, mas se desenvolveria e chegaria à grandeza em uma região pouco povoada. Os comentaristas adventistas veem nesta segunda besta um símbolo dos Estados Unidos da América. Esse poder cumpre de maneira clara as especificações da profecia. Quando a primeira besta foi para o cativeiro, em 1798 (ver com. de Ap.13:10), os Estados Unidos cresciam em importância e poder. A nação surgiu não no velho mundo, densamente povoado, mas no novo mundo, que ainda contava, relativamente, com poucos habitantes (ver GC, 439-441). Possuía. Literal mente, “estava possuindo”. Dois chifres. Eles podem ser interpretados como representantes de duas características notáveis do sistema de governo norte-americano: a liberdade civil e religiosa, ambas garantidas pela Constituição dos Estados Unidos. A liberdade civil encontrou sua expressão na forma republicana de governo e a liberdade religiosa, no protestantismo. Cordeiro. Um símbolo de juventude e disposição pacífica. Outras nações foram descritas como animais selvagens por causa de sua atitude beligerante. Essa besta com chifres de cordeiro simboliza uma nação que, no início de sua história, não tinha tais aspirações. A principal preocupação dos colonos britânicos no novo mundo era viver em paz, colocar em ordem a própria vida e prover refúgio para os oprimidos de tantas nações. Falava. Literalmente, “estava falando”, isto é, tinha o hábito de falar como dragão. Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a versão “está falando”. Este tempo verbal concorda com os versículos seguintes, que relatam as atividades da besta durante o período em que ela fala como dragão. A narrativa de seus feitos é realizada de forma dramática no tempo presente. Como dragão. Há uma contradição surpreendente entre a aparência e as ações da besta. Sua aparência é pacífica e inofensiva, mas seus atos são perseguidores e cruéis (v. Ap.13:12-18). Quando a profecia é aplicada aos Estados Unidos, fica evidente que seu cumprimento ainda está no futuro. O país mantém os princípios de liberdade garantidos pela constituição. A forma que ocorrerá a mudança é apresentada na profecia: ela estará ligada à crise final, pouco antes do momento em que “o reino do mundo se [tornar] de nosso Senhor e do Seu Cristo” (Ap.11:15; SI.2:2; Dn.2:44; Dn.7:14; Dn.7:27). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.13:12 | 12. Exerce toda a autoridade da primeira besta na sua presença. Faz com que a terra e os seus habitantes adorem a primeira besta, cuja ferida mortal fora curada. Autoridade. Do gr. exousia. Este versículo é um detalhamento da frase “falava como dragão” (v. Ap.13:11). O cumprimento está no futuro (ver com. ali). No auge de seu poder, a primeira besta, o papado (ver com. do v. Ap.13:2), exercia forte autoridade tanto em questões religiosas quanto políticas (ver com. de Dn.7:8). Para que a segunda besta exerça toda a autoridade da primeira, será necessário entrar na esfera da religião e tentar dominar a experiência de adoração. Um passo como esse significa para os Estados Unidos uma completa inversão da política de total liberdade religiosa, mas isso é o que está predito aqui (ver T5, 451). Sem dúvida, a mudança política começará de maneira discreta. Várias tentativas já foram feitas de aprovar leis rígidas prevendo a reserva do domingo como dia de descanso religioso. Antes, os motivos eram religiosos e, mais recentemente, há supostas questões sociais. Por mais inocente que pareça, qualquer tentativa de regular por lei um dia religioso viola o princípio fundamental da liberdade. Essa profecia prediz que o domingo, uma instituição do papado (ver com. de Dn.7:25), será imposto por lei sob ameaça de sanção econômica e medidas piores para aqueles que guardam o sábado (ver Ap.13:12-18; cf. p. 1092; T1, 353, 354; GC, 604, 605). Na sua presença. A primeira besta, que fora ferida mortalmente, voltará à vida e mais uma vez estará ativa nas questões mundiais. Sua promotora e agente é a segunda besta. Faz com que a terra. Isto é, os moradores da Terra. O movimento descrito nesta passagem vai além de uma iniciativa nacional, assumindo proporções globais (cf. GC, 562, 579; TM, 37; T6, 18, 19, 352, 395; T7, 141). Adorem. A profecia aponta para a aprovação de medidas religiosas cuja observância implica um ato de adoração, no sentido de que o adorador, ao cumpri-la, reconhece a autoridade religiosa da primeira besta. O profeta dá um indicativo acerca da natureza do decreto a ser implementado (Ap.14:9-12). Ele contrasta os santos com os que adoram a besta e sua imagem, observando que uma das características distintivas dos santos é a guarda dos mandamentos de Deus (Ap.14:12). A profecia de Daniel previu que a besta atuaria para “mudar os tempos e a lei” (Dn.7:25). A história registra a audaciosa tentativa de mudar a lei de Deus, do sábado do Senhor para o domingo (ver com. de Dn.7:25). Logo, é possível enxergar, nesta passagem, a formulação específica de um decreto civil exigindo a observância do domingo, uma instituição do papado, e proibindo a guarda do sábado estipulado nos dez mandamentos. Dessa maneira, as pessoas seriam levadas a adorar a “primeira besta”. Elas ouviriam sua ordem e a considerariam superior à de Deus no que se refere ao dia sagrado segundo a Bíblia (ver com. de Ap.13:16-17; ver GC, 422-450; T6, 352). É certo que o dia de adoração consiste apenas em um aspecto da adoração universal que a “besta” receberá (ver com. do v. Ap.13:8). O que se revela aqui é um movimento universal liderado por Satanás, que busca assegurar para si a lealdade dos habitantes desta Terra. Ele obterá êxito em unir os diversos elementos religiosos e garantir a fidelidade dos seres humanos a uma nova organização, moldada com base na antiga (ver com. do v. Ap.13:14). Ele é o poder por trás da “besta”. É o verdadeiro anticristo, que trabalha para se fazer igual a Deus (ver 2Ts.2:9-10; cf. GC, 593; TM, 62; T6, 14; T9, 230). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.13:13 | 13. Também opera grandes sinais, de maneira que até fogo do céu faz descer à terra, diante dos homens. Sinais. Do gr. semeia (ver com. de Ap.12:1). Isto revela de que modo o príncipe das trevas conquistará a lealdade dos habitantes da Terra. Mediante sinais, as pessoas serão enganadas e levadas a crer que a nova organização, a imagem da besta (ver com. de Ap.13:14), é abençoada por Deus. De maneira que. Fazer fogo descer do céu será uma tentativa de simular o milagre no monte Carmelo (1Rs.18:17-39). Uma vez que o sinal antigo deu evidências do poder do Deus verdadeiro, a besta fará parecer que o Senhor está do seu lado. Esses milagres deverão ocorrer pela ação de forças do espiritismo (ver GC, 588). Pretendendo ser como Deus, Satanás tentará justificar sua reivindicação à divindade por meio de milagres inegáveis (ver 2Ts.2:9-10; T9, 16). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.13:14 | 14. Seduz os que habitam sobre a terra por causa dos sinais que lhe foi dado executar diante da besta, dizendo aos que habitam sobre a terra que façam uma imagem à besta, àquela que, ferida à espada, sobreviveu; Seduz. Jesus advertiu que “falsos cristos e falsos profetas” surgiriam “operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos” (Mt.24:24). Paulo afirmou que o anticristo trabalharia nos últimos dias “com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça” (2Ts.2:9-10). No preparo para o Armagedom, “espíritos de demônios, operadores de sinais” se dirigirão “aos reis do mundo inteiro” (Ap.16:14). Em geral, a mente pragmática moderna resiste a acreditar em milagres. O que algumas pessoas chamam de milagres, os céticos atribuem a mudança de circunstâncias, truques ou fraudes. A ciência não inclui o sobrenatural em sua visão do mundo físico. Satanás se agrada da descrença em relação aos milagres. Ela contribui para seu propósito de enganar. O profeta revela que, quando chegar o tempo, ele usará seu poder sobrenatural para enganar (Ap.13:13-14). “Não se acham aqui preditas meras imposturas” (GC, 553). As pessoas, incapazes de explicar os milagres de Satanás, os atribuirão ao poder de Deus. O mundo inteiro será levado cativo (ver T9, 16; GC, 589, 624; PE, 88). Imagem. Do gr. eikon, “semelhança”, “imagem”. Cristo é chamado de eikon de Deus (2Co.4:4; Cl.1:15). O plano da salvação tem o objetivo de transformar o ser humano em eikon de Cristo. Eikon indica um modelo ou tipo, em muitos aspectos, semelhante a seu arquétipo. A imagem da besta será uma organização que funcionará segundo os mesmos princípios da primeira besta. O que caracteriza a atuação da primeira besta é o uso do poder estatal para apoiar instituições religiosas. Assim, na imitação, a segunda besta deverá repudiar seus princípios de liberdade. A igreja prevalecerá sobre o estado para impor seus dogmas. O estado se colocará a serviço da igreja, e o resultado será a perda da liberdade religiosa e a perseguição das minorias discordantes (comparar com Ap.13:12; ver GC, 443-448). Ferida à espada. Ver com. do v. Ap.13:3. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.13:15 | 15. e lhe foi dado comunicar fôlego à imagem da besta, para que não só a imagem falasse, como ainda fizesse morrer quantos não adorassem a imagem da besta. Fôlego. Do gr. pneuma, “espírito”, “vento”, “fôlego”. A primeira besta ganha vida pelo poder operador de milagres da segunda besta. Ao começar a atuar, o novo poder, assim como o anterior, ameaça de morte os que se recusam a obedecer. Falasse. A primeira ação da imagem da besta é falar, sem dúvida, por meio de suas leis e seus decretos. Fizesse. Depois de falar oficialmente mediante leis, a imagem da besta pretende executá-las. Uma vez que são religiosas, as leis ferem as convicções de muitos. Assim, haverá uso de força para que os decretos entrem em vigor. Morrer. Esta é a história que se repete. As leis religiosas sempre são acompanhadas de perseguição. Foi assim durante a Idade Média; é só lembrar do massacre dos albingenses, valdenses e outros. Essas ações foram executadas pelo poder civil, mas este foi movido à ação pela igreja dominante da época. Na tentativa de fazer todos os habitantes da Terra serem leais à primeira besta (ver com. do v. Ap.13:8), a segunda besta promulgará um decreto de morte contra todos que permanecerem em sua lealdade a Deus (ver GC, 615; PR, 605, 606). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.13:16 | 16. A todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos, faz que lhes seja dada certa marca sobre a mão direita ou sobre a fronte, A todos [...] faz. Todos os habitantes da Terra são afetados pela legislação. Só um remanescente fiel se recusa a obedecer (ver v. Ap.13:8: cf. Ap.12:17). Marca. Do gr. charagma, “impressão”, “estampa”. Deve tratar-se de um estandarte de lealdade, alguma característica especial expressando que aquele que a exibe adora a besta, cuja ferida mortal fora curada (v. Ap.13:8). Os eruditos adventistas entendem que esta não é uma marca literal; em vez disso, consiste em um sinal de aliança que identifica o portador como alguém leal ao poder representado pela besta. A controvérsia nessa época girará em torno da lei de Deus, sobretudo, do quarto mandamento (ver com. de Ap.14:12). Logo, a observância ao domingo será o sinal, mas isso só ocorrerá quando o poder da besta for reavivado e a observância do domingo no lugar do sábado se tornar lei. Ao mesmo tempo, a terceira mensagem angélica soará fortemente em advertência contra o recebimento da marca (Ap.14:9-11). Essa mensagem, que crescerá até se tornar um alto clamor (Ap.18:1-14), esclarecerá as pessoas quanto às questões envolvidas. Quando tudo estiver claro diante das pessoas e, mesmo assim, escolherem seguir a instituição da besta, observando-a e desobedecendo ao sábado de Deus, elas mostrarão sua fidelidade ao poder da besta e receberão sua marca. Mão direita [...] fronte. A marca indicará que influencia não só a ação (a mão), mas também a crença (a fronte). A expressão também pode designar duas classes: aqueles que se submetem aos decretos da besta por conveniência e os que o fazem por convicção pessoal. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.13:17 | 17. para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca, o nome da besta ou o número do seu nome. Comprar ou vender. Esta medida severa será tomada como esforço para assegurar a submissão, mas não terá o efeito esperado (ver com. de Ap.14:1; Ap.14:12). Sem dúvida, a medida envolverá um decreto de morte (ver com. de Ap.18:15). Marca. Ver com. do v. Ap.13:16. O nome. ”Ou o nome” (ABC). Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a omissão do termo “ou”. Se omitida, a expressão “nome da besta” pode ser considerada um aposto a “marca”. Desse modo, o trecho seria: “a marca, isto é, o nome da besta”. Isso sugeriria que a marca a qual João contemplou em visão era o nome da besta. Essa relação pode ser comparada com o selo de Deus, colocado na fronte dos santos (Ap.7:2). Acerca destes, João afirmou mais tarde que eles tinham “na fronte escrito [...] o nome de seu Pai” (Ap.14:1; comparar com Ap.14:11). No entanto, o termo “ou” ocorre no manuscrito grego P, o mais antigo do Apocalipse a que se tem acesso. Se for o caso, as expressões “a marca”, “o nome da besta” e “o número do seu nome”, ligadas por “ou”, podem indicar graus de filiação à besta ou à imagem. Deus condena qualquer uma dessas associações (Ap.14:9-11). O número do seu nome. Ver com. do v. Ap.13:18. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.13:18 | 18. Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Ora, esse número é seiscentos e sessenta e seis. Aqui está a sabedoria. Comparar com a expressão: “Aqui está o sentido, que tem sabedoria” (Ap.17:9). A sabedoria elogiada aqui é a mesma a que Paulo se refere (Ef.1:17). Somente mediante a iluminação divina os seres humanos podem compreender os mistérios da Palavra de Deus (ver com. de 1Co.2:14). Entendimento. Ou, “inteligência”. Aqueles que desejam saber o significado do número enigmático podem entender. Calcule. Ou, “conte”. Número da besta. É importante observar que a besta já foi identificada de maneira conclusiva (ver com. dos v. Ap.13:1-10). O número proporciona evidências confirmatórias disso. Desde os primórdios do cristianismo, há grande discussão quanto ao significado de 666. Um dos primeiros a escrever sobre o assunto foi Irineu (c. 130-202 d.C.). Ele identificou a besta como o anticristo e acreditava que o valor numérico das letras de seu nome somaria 666. Sugeriu que o nome Teilan, às vezes considerado divino, era uma grande probabilidade. Também sugeriu, embora de maneira menos provável, o nome lateinos. Este seria o último dos quatro reinos que Daniel viu. Ao mesmo tempo advertiu: “Portanto, é mais garantido e menos perigoso aguardar o cumprimento da profecia do que fazer suposições e especular possíveis nomes, uma vez que muitos nomes se encaixam no número mencionado” (Contra Heresias, v. 30.3; ANF, vol. 1, p. 559). Desde a época de Irineu, 666 foi aplicado a diversos nomes. O número, por si só, não é suficiente para identificar a besta, uma vez que vários nomes podem prover a soma 666. No entanto, como a besta já foi identificada, o número 666 deve se relacionar com esse poder. Do contrário, não haveria motivo para o anjo dar a João a informação do v. 18 nesse momento da narrativa profética. Uma interpretação que ganhou força no período subsequente à Reforma é que 666 significa Vicarius Filii Dei, expressão que significa “Substituto do Filho de Deus”, título que seria atribuído ao papa. O valor numérico das letras que compõem o título soma 666. Essa interpretação se baseia na identificação do papa como o anticristo, um conceito histórico da Reforma. O principal expoente desta visão foi Andreas Helwig. Muitos, desde então, adotaram a interpretação. Este Comentário identifica a besta como o papado; mas, ao mesmo tempo, reconhece, que o número 666 deve ter mais implicações do que o indicado por essa interpretação popular. A respeito do título Vicarius Filii Dei, o jornal católico Our Sunday Visitor, de 18 de abril de 1915, escreveu em resposta à pergunta “Que letras estão na coroa do papa e qual significado elas têm?”: “As letras inscritas na mitra do papa são estas: Vicarius Filii Dei, que é a expressão latina para “Vicário do Filho de Deus”. Os católicos acreditam que a Igreja, uma sociedade visível, deve ter uma cabeça visível” (p. 3). A edição de 15 de novembro de 1914 admitiu que os algarismos latinos somavam um total de 666, mas prosseguiu afirmando que muitos outros nomes também resultam no mesmo total. A edição de 3 de agosto de 1941 abordou mais uma vez a questão do Vicarius Filii Dei, mas para afirmar que o título não se encontra inscrito na tiara do papa. Asseverou que a tiara não trazia inscrição nenhuma (p. 7). A Catholic Encyclopedia faz distinção entre a mitra e a tiara, caracterizando a tiara como um ornamento não litúrgico, e a mitra, como um acessório usado para funções litúrgicas. O fato de Vicarius Filii Dei estar ou não na tiara ou na mitra não é essencial, já que o título é aplicado ao papa. Número de homem. A besta representa uma organização humana. Seiscentos e sessenta e seis. Há algumas evidências textuais (cf. p. xvi) para a variante 616. No entanto, a versão 666 conta com diversos elementos de comprovação. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.14:1 | 1. Olhei, e eis o Cordeiro em pé sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, tendo na fronte escrito o seu nome e o nome de seu Pai. Olhei. Ou, “eu vi”. O Cordeiro. Se o artigo definido for aceito, a referência seria ao Cordeiro mencionado de Ap.5:6 (ver com. ali; sobre o uso do artigo para se referir a símbolos proféticos já apresentados, ver com. de Dn.7:13; cf. com. de Ap.1:13). Monte Sião. Ver com. de Sl.48:2. O cap. 14 dá sequência ao tema anterior. Os 144 mil são retratados (Ap.14:1-5) com o Cordeiro no monte Sião, para indicar seu triunfo sobre a besta e sua imagem (Ap.13:11-18). Anteriormente, João os vira sofrendo a prova mais severa, sendo excluídos e condenados, como se dignos de morte. Mas, na hora mais sombria, eles foram livrados e, assim, estão com o Cordeiro em segurança. Cento e quarenta e quatro mil. Sobre a identidade deste grupo, ver com. de Ap.7:4. Na fronte. A marca da besta também é sobre a fronte (ver com. de Ap.13:16). O Seu nome e o nome de Seu Pai. Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam esta variante. Os 144 mil recebem um selo “na fronte” (Ap.7:3). Portanto, há uma relação direta entre o selo e o nome divino. O selo que João viu tinha o nome do Pai e do Filho. Os selos antigos continham o nome daquele que o autenticava (ver exemplos de inscrições nesses selos, no com. de Ap.7:2). Aplicados aos 144 mil, os nomes representam: propriedade, os 144 mil pertencem a Deus; e caráter, os 144 mil refletem plenamente a imagem de Jesus. Por sua vez, a marca e o nome da besta estão também associados (Ap.13:17). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.14:2 | 2. Ouvi uma voz do céu como voz de muitas águas, como voz de grande trovão; também a voz que ouvi era como de harpistas quando tangem a sua harpa. Ouvi uma voz. Ou, “ouvi um som”. Alguns entendem que os harpistas e os cantores mencionados aqui não são os 144 mil, mas os anjos, os quais cantam uma mensagem que somente os 144 mil são capazes de entender. No entanto, os 144 mil são retratados com harpas, cantando (Ap.15:2-3). Por isso, pode ser que seja aos 144 mil que se faz alusão aqui. Voz de muitas águas. Ou, “som de muitas águas” (ver com. de Ap.1:15). Voz de grande trovão. Ou, “som de grande trovão”. O trovão é associado à presença divina (ver Jó.37:4; Sl.29; Ap.4:5; Ap.6:1). Voz [...] de harpistas. O som que João ouviu era semelhante ao de harpistas. Ele não deve ter visto os instrumentos sendo tocados, por isso é cauteloso ao fazer a identificação (sobre as harpas antigas, ver vol. 3, p. 18-21). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.14:3 | 3. Entoavam novo cântico diante do trono, diante dos quatro seres viventes e dos anciãos. E ninguém pôde aprender o cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra. Entoavam. Literalmente, “entoa”. A narrativa é feita em tom dramático, no tempo presente (ver com. de Ap.3:11). Trono. O trono já fora descrito anteriormente (Ap.4:2). Diante dos quatro seres viventes. Ver com. de Ap.4:6. Anciãos. Ver com. de Ap.4:4. Ninguém pôde aprender. A experiência é de natureza tão pessoal que somente aqueles que passam por ela são capazes de apreciar seu significado. Para eles, o cântico é uma síntese abrangente das experiências que vivenciaram nas etapas finais do grande conflito. Comprados. Do gr. agorazo, “comprar”, “adquirir” (ver Ap.3:18; Ap.18:11). Os salvos são descritos como “compraste para Deus” (Ap.5:9) e “redimidos dentre os homens” (Ap.14:4; comparar com Rm.3:24; 1Co.6:20). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.14:4 | 4. São estes os que não se macularam com mulheres, porque são castos. São eles os seguidores do Cordeiro por onde quer que vá. São os que foram redimidos dentre os homens, primícias para Deus e para o Cordeiro; Macularam. Do gr. moluno, “manchar”, “sujar” coisas como a consciência (1Co.8:7) ou roupas (Ap.8:4). A referência, neste caso, é figurada e trata da mácula trazida por relações ilícitas. O tempo verbal do grego se refere à ação de um ponto ou período específico, certamente o momento em que a união dos elementos religiosos, simbolizados por “mulheres”, exercerá forte pressão sobre os santos, a fim de que renunciem a lealdade a Deus e a Seus mandamentos, para se unir à besta (ver com. de Ap.16:14; Ap.17:2; Ap.17:6). Qualquer concessão implicaria uma mácula. Então, em pé vitoriosos sobre o monte Sião, os santos são elogiados por sua fidelidade. Mulheres. A figura da mulher é usada com frequência nas Escrituras para representar a igreja. Uma mulher pura simboliza a igreja verdadeira, e uma mulher imoral, a igreja apóstata (ver com. de Ap.12:1). A igreja de Roma e várias igrejas apóstatas que seguem seus passos são simbolizadas por uma mulher impura e suas filhas (ver com. Ap.17:1-5). Sem dúvida, é a essas igrejas que o profeta se refere aqui. Castos. Do gr. parthenoi, termo usado tanto para homens quanto para mulheres; neste caso, aplica-se a homens. O texto grego deixa isso claro, bem como o fato de eles não se macularem com “mulheres”. Uma vez que toda a passagem é metafórica, a castidade literal, masculina ou feminina, não é o assunto em questão. Caso fosse, este versículo estaria em contradição a outros que defendem o casamento e a relação conjugal (ver com. de 1Co.7:1-5). Os santos são chamados de castos, por não terem se relacionado com a Babilônia (ver com. de Ap.18:4). Eles recusaram qualquer ligação com Babilônia e suas filhas quando estas se tornaram agentes de Satanás em seu esforço final para erradicar os santos (ver com. de Ap.13:15). Eles não foram maculados por se associarem a esta união de elementos religiosos agrupados por Satanás, embora talvez houvessem pertencido, no passado, a um dos vários grupos então amalgamados. Seguidores do Cordeiro. Esta expressão parece apontar para algum privilégio especial dos 144 mil. Os detalhes desse privilégio não são revelados; portanto, só é possível fazer conjecturas a respeito (comparar com Ap.7:14-17). Redimidos dentre. Ver com. do v. Ap.14:3. Prímícias. Do gr. aparche, “primeiros frutos”, relacionado ao verbo aparchomai, “fazer um começo [em sacrifício]”, “oferecer os primeiros frutos”. Os israelitas antigos ofereciam as primícias ao Senhor, tanto individual (Dt.26:1-11) quanto nacionalmente (Lv.23:10; Lv.23:17). A oferta dos primeiros frutos era um reconhecimento da bondade de Deus manifesta na colheita. A oferta nacional também tinha importância como tipo (ver com. de 1Co.15:20). Aplicado aos 144 mil, o termo “primícias” pode ser entendido de duas maneiras: 1. Como a primeira parte da grande colheita. Os 144 mil são os vencedores no grande conflito contra a besta e sua imagem (ver com. de Ap.14:1). Foram livrados na batalha e, por isso, se encontram seguros diante do trono de Deus. “Estes, tendo sido trasladados da Terra, dentre os vivos, são tidos como as primícias para Deus e para o Cordeiro” (GC, 649). 2. Com o simples “presente” ou “oferta”. Na LXX, aparche é a tradução mais frequente do heb. terumah, “contribuição” ou “oferta”. O termo terumah é usado para se referir à contribuição dos filhos de Israel para a construção do santuário (Ex.25:2-3). Com frequência, terumah descreve a “oferta movida” (ver Nm.5:9; na LXX, aparche). Inscrições antigas mostram que aparche costumava ser usado para designar um “presente” a uma deusa, sem qualquer referência ao tempo. Quando aparche traduz terumah, também não há referência ao tempo. Portanto, os 144 mil podem ser considerados como as “primícias” tanto no sentido de fazer parte de uma colheita maior como de ser um presente ou oferta a Deus. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.14:5 | 5. e não se achou mentira na sua boca; não têm mácula. Não se achou. A forma verbal do grego sugere que um ponto específico do tempo está em foco aqui. A partir de então, a investigação mostra que os 144 mil não têm mácula. Isso não significa que nunca erraram, mas que, pela graça de Deus, superaram todo defeito de caráter. Mentira. Do gr. dolos, “engano”, “sutileza”, “fraude”, “logro”. Evidências textuais (cf. p. xvi) comprovam a variante pseudos, “falsidade”, “mentira”. O evangelho de Jesus Cristo transforma o pecador errante em alguém sem falsidade, engano e pecado. Não têm mácula. Do gr. amomos, “sem defeito”, “irrepreensível” (ver com. de Ef.1:4; cf. PJ, 69; TM, 506). Diante do trono (ARC). Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a omissão desta expressão. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.14:6 | 6. Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo, Vi. Aqui se inicia uma nova cena. Cronologicamente, os acontecimentos representados nesta visão precedem os retratados na visão dos v. Ap.14:1-5. Outro. Do grego allos, outro do mesmo tipo. Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a omissão desta palavra. Muitos anjos já foram mencionados (Ap.1:1; Ap.1:20; Ap.5:2; Ap.7:1), portanto a designação “outro” não é necessária. Anjo. O anjo simboliza os santos de Deus envolvidos na tarefa de proclamar o evangelho eterno, especialmente as verdades mencionadas neste versículo, num momento em que a hora do juízo “é chegada” (v. Ap.14:7). Também é verdade que anjos ajudam os seres humanos na tarefa de proclamar o evangelho, mas esta não é a ideia predominante aqui. Meio do céu. Ver Ap.8:13. A região de voo revela a extensão global do trabalho e da mensagem do anjo. A obra cresce e se desenvolve até ser vista e ouvida por toda a humanidade. Evangelho. Do gr. euaggelion (ver com. de Mc.1:1). Eterno. Do gr. aionios (ver com. de Mt.25:41). As Escrituras se referem ao evangelho da glória (2Co.4:4; 1Tm.1:11), mas somente aqui a palavra “eterno” é usada como adjetivo do evangelho da graça divina. Só há um evangelho para a salvação dos seres humanos. Ele continua enquanto há pessoas para ser salvas. Pregar. Do gr. euaggelizo, “proclamar boas-novas”, forma verbal ligada a euaggelion (comparar com o uso de euaggelizo, em Rm.1:15; Rm.10:15). Aos que se assentam sobre a terra. Conforme indicam as expressões seguintes, tem-se em mente aqui a proclamação mundial do evangelho. Cada nação. A universalidade da mensagem é enfatizada por esta expressão e pelas seguintes. Tribo. Ou, “clã”. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.14:7 | 7. dizendo, em grande voz: Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas. Grande voz. As mensagens do primeiro e do terceiro anjos são proclamadas em “grande voz” (v. Ap.14:9). Isto indica que a mensagem será proclamada de modo que todos ouçam. A expressão também enfatiza a importância da mensagem. Temei. Do gr. phobeo, “temer”, “reverenciar”. Phobeo é usado aqui não no sentido de ter medo de Deus, mas de se achegar a Ele com reverência e respeito. Comunica a ideia de lealdade absoluta ao Senhor, de rendição total a Sua vontade (ver com. de Dt.4:10). Deus. O apelo para temer a Deus é feito na hora crucial, quando as pessoas estão adorando os deuses do materialismo, do prazer e muitos outros criados por elas mesmas. Glória. Do gr. doxa (ver com. de Rm.3:23). O termo doxa aqui significa “honra”, “louvor”. “homenagem” (comparar com SI.115:1; Is.42:12; 2Pe.3:18; Jd.1:25). É chegada. Ou, “chegou”. Hora. Ou, “tempo”, não uma hora literal (comparar com o uso do termo em Jo.4:21; Jo.4:23; Jo.5:25; Jo.5:28; Ap.14:15). Pensando desta forma, é possível entender que a expressão “hora do Seu juízo” se refere ao período geral em que o julgamento ocorrerá, não necessariamente ao momento específico de seu início. Logo, é possível dizer que a primeira mensagem angélica começa a ser proclamada nos anos anteriores a 1844, embora esse juízo ainda não houvesse começado. Juízo. Do gr. krisis, “ato de julgar”, em contraste com krima, “sentença do julgamento” (ver com. de Ap.17:1). Os adventistas do sétimo dia entendem que este juízo começou em 1844 e é representado, em tipo, pela purificação do santuário terrestre (ver com. de Dn.8:14). A referência não é ao juízo executivo por ocasião da volta de Cristo, quando todos receberão a recompensa. Isso fica claro porque as três mensagens angélicas (Ap.14:6-12) precedem a segunda vinda de Cristo (v. Ap.14:14). Além disso, a mensagem ligada ao juízo é acompanhada de um apelo e uma advertência, os quais revelam que o dia final ainda não chegou. Os seres humanos ainda podem se voltar para Deus e escapar da ira vindoura. Historicamente, a pregação de Guilherme Miller e seus companheiros de 1831 a 1844, sobre o fim dos 2.300 dias em 1844, pode ser considerada um marco do início da mensagem do primeiro anjo. Entretanto, a mensagem é válida desde então e continuará a ser até se encerrar a oportunidade de salvação. Adorai. Do gr. proskuneo, “reverenciar”, “adorar”. A adoração a Deus contrasta com a adoração à besta (Ap.13:8; Ap.13:12) e a sua imagem (v. Ap.13:15). Na crise final, os habitantes da Terra serão chamados a fazer uma escolha, semelhante à dos três hebreus em Babilônia, entre a adoração ao Deus verdadeiro ou a falsos deuses (Dn.3). A mensagem do primeiro anjo tem o objetivo de preparar as pessoas para a escolha correta e a permanecerem firmes no momento crucial. Fez o céu, e a terra. O Criador do universo é o único digno de adoração. Nenhum ser humano nem anjo é digno de receber culto. Trata-se de uma prerrogativa exclusivamente divina. A criação é uma das características distintivas do Deus verdadeiro em contraste com as divindades falsas (Je.10:11-12). O apelo para adorar a Deus como criador vem numa hora crucial, uma vez que a pregação da primeira mensagem angélica foi seguida pela rápida disseminação da teoria da evolução. Além disso, o chamado para adorar a Deus como criador de todas as coisas implica que se dê a devida atenção ao memorial da criação divina: o sábado (ver com. de Ex.20:8-11). Se o sábado tivesse sido guardado como Deus planejou, teria servido de salvaguarda contra a infidelidade e a ideia da evolução (ver At.14:15; PP, 336). O sábado é um ponto extremamente controverso na crise final (ver com. de Ap.13:16). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.14:8 | 8. Seguiu-se outro anjo, o segundo, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição. Seguiu-se. Do gr. akoloutheo, “acompanhar”, “seguir”. A palavra transmite a ideia de acompanhar pessoalmente (ver Mt.19:27-28; Mc.1:18). Parece que o termo tem dois sentidos neste texto. O segundo anjo segue o primeiro cronologicamente, mas também é verdade que o primeiro anjo continua seu ministério quando o segundo se une a ele. Nesse sentido, a mensagem do segundo anjo acompanha a do primeiro. Outro anjo. Evidências textuais (cf. p. xvi) atestam a inclusão da palavra “segundo” (ARA). Em alguns manuscritos, a palavra que significa “segundo” ocorre no lugar da expressão “outro anjo”; em outros, ocorre em adição a ela; há ainda manuscritos que trazem “um segundo anjo”, em vez de “outro anjo”. Dizendo. A primeira e a terceira mensagens angélicas são proclamadas em “grande voz” (v. Ap.14:7; Ap.14:9). A mensagem a respeito da queda de Babilônia é anunciada posteriormente com “potente voz” (ver com. de Ap.18:1-2). Caiu, caiu. Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a omissão do segundo “caiu”. A passagem parece ecoar Is.21:9, em que as evidências textuais da LXX se dividem entre a palavra “caiu” ocorrer uma ou duas vezes. O hebraico repete o termo. A repetição dá ênfase à mensagem. Babilônia é um termo abrangente que João usa para caracterizar todos os grupos e movimentos religiosos que se afastaram da verdade. Isso exige que se interprete sua “queda” como um evento progressivo e cumulativo. A profecia da queda de Babilônia tem seu cumprimento final no afastamento, por parte do protestantismo como um todo, da pureza e simplicidade do evangelho (ver com. de Ap.14:4). Essa mensagem foi pregada primeiro pelo movimento adventista conhecido como milerismo, no verão de 1844, sendo aplicada às igrejas que rejeitaram a mensagem do primeiro anjo a respeito do juízo (ver com. do v. Ap.14:7). A mensagem terá cada vez mais relevância à medida que o fim se aproxima e chegará ao cumprimento completo com a união dos vários elementos religiosos sob a liderança de Satanás (ver com. de Ap.13:12-14; Ap.17:12-14). A mensagem de Ap.18:2-4 anuncia a queda completa de Babilônia e chama todo o povo de Deus disperso em meio aos vários grupos religiosos que formam Babilônia a se separar dela. A grande. O adjetivo “grande” é aplicado a Babilônia diversas vezes ao longo do Apocalipse (ver Ap.16:19; Ap.17:15; Ap.17:18; Ap.18:2; Ap.18:10; Ap.18:21). Babilônia. A antiga cidade com este nome já estava desolada, em ruínas, nos dias de João (ver com. de Is.13:19). Assim como tantos outros termos e expressões no Apocalipse, a Babilônia espiritual (ver com. de At.3:16) é mais claramente compreendida quando relacionada a sua correspondente histórica no AT (ver p. 962-966; ver com. de Is.47:1; Je.25:12; Je.50:1; Ez.26:13; Ap.16:12; Ap.16:16; Nota Adicional a Apocalipse 18; Ap.18:24). O uso da palavra “mistério” associado a “Babilônia” (Ap.17:5) mostra que o nome é figurado (ver com. de Rm.11:25; Ap.1:20; Ap.17:5; Ap.16:12). No idioma babilônico, o substantivo Bab-ilu (Babel ou Babilônia) significa “porta dos deuses”. Mas, no hebraico, está associado de maneira depreciativa a balal, palavra que significa “confundir” (ver com. de Gn.11:9). Os governantes de Babilônia chamavam sua cidade de “porta dos deuses” porque acreditavam que era o lugar onde os deuses se relacionavam com os seres humanos, a fim de colocar ordem nas questões terrenas (ver com. de Jz.9:35; Rt.4:1; 1Rs.22:10; Je.22:3). Portanto, o nome parece refletir a reivindicação dos reis babilônios de que haviam sido chamados para governar o mundo por ordem divina (ver vol. 2, p. 141; PP, 119; ver com. de Gn.11:4). Babilônia foi fundada por Ninrode (ver com. de Gn.10:10; Gn.11:1-9). Desde o início, a cidade era símbolo da descrença no Deus verdadeiro e da rebelião contra Sua vontade (ver com. de Gn.11:4-9). Sua torre era um monumento à apostasia, uma fortaleza de rebelião contra Deus. O profeta Isaías identifica Lúcifer como o rei invisível de Babilônia (ver com. de Is.14:4; Is.14:12-14). Na verdade, Satanás tinha o plano de transformar Babilônia no centro e agente de seu plano mestre para assegurar o controle sobre a raça humana, assim como Deus tinha o propósito de atuar por meio de Jerusalém (ver vol. 4, p. 13-17). Por isso, ao longo do AT, as duas cidades tipificaram as forças do bem e do mal em ação no mundo. Os fundadores de Babilônia tinham a intenção de estabelecer um governo totalmente independente de Deus e, se Ele não interviesse, eles teriam conseguido eliminar a justiça da Terra (PP, 123; ver com. de Dn.4:17). Por esse motivo, o Senhor achou por bem destruir a torre e dispersar aqueles que a construíram (ver com. de Gn.11:7-8). O período de sucesso temporário foi seguido por mais de um milênio de declínio e sujeição a outras nações (ver vol. 1, p. 115, 116; vol. 2, p. 77; ver com. de Is.13:1; Dn.2:37). Quando Nabucodonosor II reconstruiu Babilônia, ela se transformou em uma das maravilhas do mundo antigo (ver Nota Adicional a Daniel 4; Dn.4:37). O plano de tornar seu reino universal e eterno (ver com. de Dn.3:1; Dn.4:30) foi um sucesso na medida em que o novo império babilônico superou seus antecessores tanto em esplendor quanto em poder (ver vol. 2. p. 76-79; ver com. de Dn.2:37-38; Dn.4:30). No entanto, Babilônia também se tornou orgulhosa e cruel (ver Ed, 176). Conquistou o povo de Deus e ameaçou derrotar seu propósito como nação escolhida. Em uma dramática série de acontecimentos, Deus humilhou Nabucodonosor e assegurou sua submissão (ver vol. 4, p. 826-828). Porém, seus sucessores se recusaram a se humilhar diante de Deus (ver Dn.5:18-22). Por isso, o reino acabou sendo pesado na balança do Céu e achado em falta, e seu domínio foi revogado por decreto do Observador divino (ver com. de Dn.5:26-28). Mais tarde, Babilônia passou a ser uma das capitais do império persa, mas foi parcialmente destruída por Xerxes (cf. vol. 3, p. 506-508). Ao longo dos séculos, a cidade perdeu cada vez mais sua importância até que, no fim do primeiro século d.C., praticamente deixou de existir (ver com. de Is.13:19; Ap.18:21). Desde a queda da Babilônia antiga, Satanás tem procurado, por meio de um poder mundial após o outro, controlar o planeta. E provavelmente já teria conseguido se não fossem as repetidas intervenções divinas (ver com. de Dn.2:39-43). Sem dúvida, sua tentativa mais próxima do sucesso foi a subversão da igreja mediante a apostasia papal na Idade Média (ver vol. 4, p. 921, 922; ver com. de Dn.7:25). Mas Deus intervém para impedir o sucesso de uma ameaça após a outra até o cumprimento final de Seus propósitos (ver Ap.12:5; Ap.12:8; Ap.12:16). As nações nunca mais conseguiram se ligar umas as outras para formar um só poder (ver com. de Dn.2:43). O mal é, por natureza, causador de divisões. Contudo, perto do fim dos tempos, Satanás terá a oportunidade de conquistar o que parecerá um sucesso, por um breve momento (ver com. de Ap.16:13-14; Ap.16:16; Ap.17:12-14). Ao que tudo indica, perto do fim do primeiro século d.C., os cristãos já se referiam à cidade e ao império de Roma usando o título enigmático de Babilônia (ver com. de 1Pe.5:18). Nessa época, a cidade de Babilônia, tão magnífica no passado, estava quase, se não completamente, em ruínas. Era uma desolação inabitada e, por isso, uma ilustração vívida do destino final da Babilônia mística. Os judeus estavam exilados mais uma vez, nas mãos impiedosas de Roma (ver vol. 5, p. 56-67; vol. 6, p. 74, 75), assim como haviam sido exilados anteriormente por Babilônia. Os cristãos também passaram por repetidas perseguições nas mãos do império (ver vol. 6, p. 47, 70-75). Entre judeus e cristãos, Babilônia se transformou num termo apropriado para descrever Roma imperial. Durante os primeiros séculos do cristianismo, a designação velada de Babilônia para se referir à cidade e ao império de Roma ocorre várias vezes tanto na literatura judaica quanto cristã. Por exemplo, o Livro V dos Oráculos Sibilinos, produção judaica pseudepígrafa, escrito por volta de 125 d.C. (ver vol. 5, p. 76), traz uma suposta profecia do destino de Roma, paralela à descrição da Babilônia mística no Apocalipse. O autor chama Roma de “cidade ímpia” que ama a “magia”, regala-se em “adultérios”, tem um “coração sanguinário e uma mente sem Deus”. Observa que “muitos santos fiéis dos hebreus pereceram” por causa dela, e prediz sua desolação futura: “Na viuvez tu te assentarás ás tuas encostas. [...] Mas disseste: sou única e nada me trará ruína. Deus agora, porém, [...] destruirá a ti e tudo que é teu” (cf. Ap.18:5-8). Em 2 Baruque, outra obra pseudepígrafa do primeiro ou segundo século d.C., o nome Babilônia é usado para se referir a Roma assim como no Apocalipse (2 Baruque 11:1; Charles, op. cit., p. 486). De maneira semelhante, a Midrash Rabbah, sobre Ct.1:6, diz: “Eles chamaram Roma de Babilônia” (ed. Soncino, Talmude, p. 60). Tertuliano, que viveu no fim do 2º século, declarou especificamente que o termo Babilônia, no Apocalipse, se refere à capital de Roma imperial. Entre os judeus do início da era cristã, Edom era outra referência velada a Roma. Babilônia, tanto literal quanto mística, é reconhecida há muito como uma inimiga tradicional da verdade e do povo de Deus. O uso do nome no Apocalipse indica todas as organizações religiosas apóstatas e sua liderança, desde a Antiguidade até o fim dos tempos (ver com. de Ap.17:5; Ap.18:24). A comparação dos textos do AT (que expõem em detalhes os pecados e o destino da Babilônia literal) com as descrições do Apocalipse acerca da Babilônia mística deixa claro como é apropriado o uso figurado do nome (ver com. de Is.47:1; Je.25:12; Je.40:1; Ap.16:12-21; Ap.16:17-18; ver Nota Adicional a Apocalipse 18; Ap.18:24). Essas passagens revelam a importância de um estudo aprofundado do AT sobre a Babilônia literal para servir de base para a compreensão do significado das passagens do NT relacionadas à Babilônia mística. Beber. Imagem que descreve a aceitação dos falsos ensinos e das práticas de Babilônia. A expressão “tem dado a beber a todas as nações” ou “fez todas as nações beberem” (NVI) sugere coerção. Elementos religiosos pressionarão o estado secular a fazer cumprir os decretos de Babilônia. Todas as nações. A natureza universal da apostasia é retratada aqui. A substituição das leis divinas por leis humanas e a execução de decretos religiosos pelo estado se tornarão universais (ver com. de Ap.13:8; cf. T6, 18, 19, 895; T7, 141). Vinho da fúria. É provável que a figura seja emprestada de Je.25:15, texto em que o profeta é instruído: “Tonta [...] este cálice do vinho do Meu furor e darás a beber dele a todas as nações” (ver com. de Ap.13:12). Mas não é fúria nem furor que Babilônia oferece ao dar vinho às nações. Ela argumenta que o tomar seu vinho levará paz às nações (ver com. de Ap.18:12). Todavia, isso acaba acarretando a ira de Deus sobre os seres humanos. Alguns sugerem que a palavra traduzida aqui por “fúria” (thumos) deveria ser vertida por “paixão”. Assim, a passagem diria: “Ela fez todas as nações beberem do vinho de sua imoralidade apaixonada.” No entanto, em outros trechos do Apocalipse, thumos parece ter o sentido de “raiva” e “ira”, que provavelmente deve ser adotado aqui também. Prostituição. Imagem da conexão ilícita entre a igreja e o mundo, ou entre a igreja e o estado secular. A igreja deve se casar com seu Senhor; mas, quando ela procura apoio do estado, deixa seu cônjuge legítimo. Por meio de seu novo relacionamento, comete prostituição espiritual (comparar com Ez.16:15; Tg.4:4). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.14:9 | 9. Seguiu-se a estes outro anjo, o terceiro, dizendo, em grande voz: Se alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão, Seguiu-se. Ver com. do v. Ap.14:8. Outro anjo, o terceiro. Comparar com os v. Ap.14:6; Ap.14:8. Grande voz. Ver com. dos v. Ap.14:7-8. Se alguém. O grego é equivalente a “aquele que”. Adora. Do gr. proskuneo (ver com. do v. Ap.14:7). Besta. Isto é, a besta descrita em Ap.13:1-10 (ver com. ali). A segunda besta solicita a adoração humana para a primeira besta (ver com. de Ap.13:12). Deve-se notar que esta advertência terá força suprema só após a cura da ferida mortal (ver com. de Ap.13:3) e a formação da imagem da besta (ver com. do v. Ap.14:14), ocasião em que a marca da besta se tornará uma questão crucial (ver com. do v. Ap.14:16). Da maneira como é pregada hoje, a terceira mensagem angélica consiste em uma advertência acerca de problemas iminentes, a qual esclarecerá os seres humanos a respeito dos aspectos envolvidos no conflito em andamento e os capacitará a tomar uma decisão consciente. E a sua imagem. Ver com. de Ap.13:14. Marca. Ver com. de Ap.13:16. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.14:10 | 10. também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro. Vinho da cólera. Isto é, vinho, que é a cólera. Aqueles que beberem do vinho da ira da prostituição de Babilônia (v. Ap.14:8) também tomarão do vinho da cólera de Deus. A advertência é simples e clara. Preparado. Literalmente, “misturado”. O sentido literal da expressão é: “que é misturado sem mistura”. A poção é preparada sem a adição costumeira de água. No Sl.75:8 fala-se de um cálice na mão do Senhor que parece misturado a especiarias para aumentar seu poder de embriaguez. Cálice da Sua ira. Ou, “taça da Sua cólera”. Será atormentado. Do gr. basanizo, “torturar”, “atormentar”, “afligir” (ver uso do termo em Mt.8:6; Mt.8:29; Mt.14:24 [“açoitado”]; 2Pe.2:8). As sete últimas pragas caem sobre os adoradores da besta e da sua imagem (Ap.16:2). Além disso, os devotos da besta tornam à vida na segunda ressurreição e recebem o castigo final (Ap.20:5; Ap.20:11-15). Não fica claro a que fase da punição João se refere aqui. Talvez seja a ambas. Nas duas, haverá tormento. A primeira terminará em morte quando Jesus aparecer no céu (ver com. de Ap.19:19-21), e a segunda será a morte eterna (ver com. de Ap.20:14). Fogo e enxofre. Ao que tudo indica, a figura é extraída de Is.34:9-10 (ver com. ali). Fogo e enxofre são mencionados na destruição de Sodoma e Gomorra (Gn.19:24). Presença. Tanto as pragas quanto a destruição dos ímpios após o milênio ocorrerão nesta Terra. No entanto, no último caso, o arraial dos santos estará na Terra. Cristo estará com Seu povo e, sem dúvida, muitos anjos se encontrarão ali. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.14:11 | 11. A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que receba a marca do seu nome. Pelos séculos dos séculos. Do gr. eis aionas aionon, literalmente, “até idades das idades”. Esta expressão pode ser comparada com eis ton aiona, “até a idade”, em geral traduzida por “para sempre” (ver Mc.3:29; Lc.1:55); com eis tous aionas, literalmente, “até as idades”, traduzida, em geral, por eternamente” (Rm.1:25; Rm.11:36; Lc.1:33, em que a expressão é vertida por “para sempre”); ou ainda com o adjetivo aionios, literalmente, “duradouro pela era”, em geral traduzido por “eterno” (Mt.18:8; Mt.19:16; Mt.19:29; Mt.25:41; Mt.25:46). Assim como aionios (ver com. de Mt.25:41), as expressões eis ton aiona e eis tous aionas não denotam necessariamente duração perpétua. Entretanto, é possível perguntar: há ocasiões em que tais expressões denotam eternidade? Se houver, seria a expressão composta eis aionas aionon, “até idades das idades”, uma declaração mais enfática de perpetuidade? Esta expressão composta ocorre em outras passagens na forma eis tous aionas ton aionon, literalmente, “até as idades das idades”; e, em todos os casos, está ligada a Deus ou a Cristo, indicando existência sem fim. Todavia, tal significado não deriva da expressão em si, mas de com quem ela está associada. A expressão isolada significa eras multiplicadas. Há uma possível explicação para o uso da expressão composta neste versículo. O assunto é o tormento dos adoradores da besta em um lago de fogo e enxofre. A permanência de um ser humano em um ambiente como esse seria muito breve. Por isso, se a expressão eis ton aiona, “até a idade”, fosse usada, haveria a possibilidade de concluir que o castigo seria momentâneo. A expressão composta indica que o tormento durará certo período. Não será infindável, como esclarecem outras passagens bíblicas que revelam que o destino final dos ímpios será a aniquilação (ver Mt.10:28; Ap.20:14). Sem dúvida, a imagem da fumaça subindo para sempre é extraída de Is.34:10, que descreve a desolação de Edom. O profeta judeu não contemplou um fogo sem fim. Após o incêndio, cuja “fumaça” ele afirma que “subirá para sempre”, o país se transforma em ruínas desoladas, habitadas por animais selvagens (v. Is.34:10-15). A figura indica completa destruição (ver com. de Ml.4:1). Descanso. Do gr. anapousis, “interrupção”, “refrigério”. O sentido é de que, ao longo de toda a duração do castigo que continuará até a morte, não há relaxamento. Nem de dia nem de noite. Isto é, durante o dia ou durante a noite. O horário não importa, pois o tormento é contínuo. Adoradores da besta. A classificação é repetida (cf. v. Ap.14:9) para dar ênfase. O terceiro anjo faz uma ameaça: Os habitantes da Terra não têm desculpa se não fugirem da confusão contra a qual esta mensagem adverte. Eles devem fazer todo esforço necessário para descobrir a identidade da besta, sua imagem e marca, bem como desvendar suas astúcias e formas de agir. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.14:12 | 12. Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus. Perseverança. Do gr. hupomone (ver com. de Rm.5:3). A tradução mais adequada aqui seria “resistência constante”. O contexto chama a atenção para a terrível luta com a besta e sua imagem. Serão feitas todas as tentativas para forçar o remanescente a se unir ao movimento promovido pela segunda besta, inclusive com ameaças de boicote e morte (Ap.13:11-17). Na mesma época. Satanás operará “com todo engano de injustiça” (2Ts.2:10; Mt.24:24), pretendendo mostrar que é o poder de Deus que se manifesta no movimento. Em meio a tudo isso, o remanescente fiel resiste constantemente e mantém sua integridade. Sua firmeza será aprovada pelo Céu. Santos. Do gr. hagioi, literalmente, “os santos” (ver com. de Rm.1:7). Guardam os mandamentos de Deus. Esta declaração é significativa no contexto. Cativado pelas ilusões de Satanás, o mundo se prostrará diante da besta e de sua imagem, e obedecerá a seus decretos (ver com. de Ap.13:8). Por sua vez, os santos se recusarão a cumprir as ordens. Eles guardam os mandamentos de Deus. O maior ponto de controvérsia girará em torno do quarto mandamento. Há um acordo generalizado entre os cristãos de que os outros nove constituem uma obrigação universal. Mas, desde o início da era cristã, as pessoas começaram a deixar de lado o sábado e a substituí-lo pela observância do primeiro dia da semana (ver com. de Dn.7:25). Os cristãos de hoje que guardam o domingo apresentam vários motivos para observar o primeiro dia da semana em lugar do sétimo, bem como por que se sentem livres para ignorar o sábado original. Alguns dizem que o decálogo foi abolido junto com todas as leis do AT; outros afirmam que o elemento temporal no quarto mandamento é cerimonial, mas a observância de um dia dentre os sete consiste em uma obrigação moral. Na catolicismo romano, há tempo se declara que a igreja, usando sua autoridade divina, transferiu a santidade do dia. Nas últimas décadas, tem havido tentativas de se invocar a autoridade de Cristo e dos apóstolos para essa mudança. No entanto, uma vez que nenhuma dessas abordagens tem apoio bíblico, são inaceitáveis para os que consideram as Escrituras como a única regra de fé. A crise acontecerá quando a babilônia simbólica prevalecer sobre o estado secular para impor a observância do domingo mediante uma lei civil e procurar punir os que não a cumprirem. Esta é a questão apresentada em Ap.13:12-17 (ver com. ali). Nessa hora de crise, aqueles que se apegaram à Bíblia se recusarão a deixar a observância do sábado verdadeiro. A profecia aponta para duas características principais que identificam esses fiéis: a guarda dos mandamentos de Deus e a fé em Jesus. Fé em Jesus. Ou, fé de Jesus . O grego pode ser entendido das duas maneiras, embora o primeiro sentido costume ser preterido, Paulo defende a importância da fé na experiência cristã (ver com. de Rm.3:22). A fé em Jesus e a guarda dos mandamentos representam dois aspectos importantes da vida cristã. Os mandamentos são uma transcrição do caráter de Deus. Eles delineiam o padrão divino de justiça que Deus deseja para os seres humanos. Estes, porém, em seu estado não regenerado, são incapazes de alcançar. “O pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar” (Rm.8:7). Apesar de seus melhores esforços, o ser humano carece continuamente da glória de Deus (ver com. de Rm.3:23). No entanto, Jesus veio para que as pessoas possam ser restauradas à imagem de Deus. Ele veio mostrar quem é o Pai e, nesta revelação, ampliou o sentido da lei moral. Mediante Seu poder, os seres humanos são capacitados a guardar os mandamentos (ver com. de Rm.8:3-4) e, assim, refletir a imagem de Deus. Portanto, a igreja remanescente honra os mandamentos do Senhor e os guarda não em sentido legalista, mas como uma revelação do caráter de Deus e de Cristo, que habita no coração do cristão verdadeiro (Gl.2:20). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.14:13 | 13. Então, ouvi uma voz do céu, dizendo: Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham. Voz. Não é identificada, mas pode ser a voz do terceiro anjo (v. Ap.14:9-12). Escreve. Ver com. de Ap.1:11. Bem-aventurados os mortos. Esta é uma das sete bem-aventuranças do livro de Apocalipse (ver com. de Mt.5:3; ver as demais em Ap.1:3; Ap.16:15; Ap.19:9; Ap.20:6; Ap.22:7; Ap.22:14). Desde agora. Sem dúvida, isto se refere ao período das três mensagens angélicas, que engloba a perseguição perpetrada pela besta e por sua imagem, quando o boicote for imposto e a pena de morte entrar em vigência (ver com. de Ap.13:12-17). Os que descerem à sepultura, nessa época, descansarão por um breve período até a indignação passar. Então, terão o privilégio de acordar na ressurreição especial que precederá a ressurreição geral dos justos (ver com. de Dn.12:2). No Senhor. Os mortos todos não são chamados de bem-aventurados, mas somente aqueles que morrem “no Senhor”. São os que morreram com a fé fixa em Jesus (ver com. de 1Co.15:18; 1Ts.4:16). O Espírito. Ver com. de Ap.1:4. Fadigas. Do gr. kopoi, “labuta fatigante”, “estorço demasiado” (comparar com o uso da palavra em 2Co.6:5; 2Co.11:23; 2Co.11:27; 1Ts.1:3). A morte traz descanso da labuta fatigante da vida. Obras. Do gr. erga, “atividades”, termo geral contrastado aqui com kopoi. Acompanham. Esta expressão pode ser interpretada de duas formas: (1) Considerando que o grego diz, literalmente, “seguem com eles”, isto é, os acompanham, alguns acham que João se refere aqui ao fim dos fardos desta vida e à continuação das atividades no mundo futuro. É claro que as ações cessarão entre a morte e a ressurreição, pois este é um período de inconsciência e inatividade (ver com. de SI.146:4; 2Co.5:1-3). Porém, o Céu será um lugar de atividades prazerosas (ver Ed, 301-309). (2) Outros interpretam que a frase diz “suas obras os acompanham”, em alusão à influência que a pessoa de bem deixa quando morre. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.14:14 | 14. Olhei, e eis uma nuvem branca, e sentado sobre a nuvem um semelhante a filho de homem, tendo na cabeça uma coroa de ouro e na mão uma foice afiada. Uma nuvem branca. Os v. 14 a 20 narram uma visão simbólica da volta de Cristo. Para entender a passagem, é preciso aplicar as regras de interpretação das visões simbólicas (ver com. de Ez.1:10). As nuvens são significativas na descrição da volta de Cristo (ver com. de At.1:9-11; Mt.24:30; Lc.21:27; Ap.1:7). A natureza das três mensagens angélicas e o fato de serem seguidas pelo retorno de Jesus mostram que elas consistem na mensagem final de Deus para advertir o mundo (ver com. de Ap.18:1-4). Filho de homem. Ver com. de Ap.1:13. Coroa. Do gr. stephanos, “guirlanda”, “coroa” de vitória, neste caso (ver com. de Ap.12:3). A coroa de ouro pode ser contrastada com a “coroa [stephanos] de espinhos” (Mt.27:29). Foice afiada. Jesus é retratado como um ceifeiro que vem fazer a colheita (v. Ap.14:15-16). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.14:15 | 15. Outro anjo saiu do santuário, gritando em grande voz para aquele que se achava sentado sobre a nuvem: Toma a tua foice e ceifa, pois chegou a hora de ceifar, visto que a seara da terra já amadureceu! Outro anjo. Ou seja, além dos três que pronunciaram as mensagens de advertência antes da segunda vinda de Cristo (v. Ap.14:6; Ap.14:8-9). Santuário. Do gr. nãos (ver com. de Ap.3:12). O santuário já foi introduzido anteriormente no cenário profético (ver Ap.11:1-2; Ap.11:19). João costuma se referir a elementos descritos em visões anteriores. O ambiente continua basicamente o mesmo. Por exemplo, os quatro “seres viventes” (Ap.4:6) são mencionados repetidas vezes nas visões seguintes (ver Ap.7:11; Ap.14:3; Ap.15:7; Ap.19:4). A seara. Os v. 15 a 20 descrevem a grande colheita final. A seara engloba dois eventos distintos. O primeiro é retratado nos v. Ap.14:16-17, e o segundo, nos v. Ap.14:18-20. O primeiro se refere ao ajuntamento dos justos, representados pelos grãos maduros, conforme mostra a palavra grega traduzida por “amadureceu”. O segundo faz alusão aos ímpios, representados pelos cachos de uvas “amadurecidas”. Já amadureceu. Do gr. xeraino, “ficar seco”, “tornar-se murcho”, termo usado para se referir ao amadurecimento das plantações de cereais. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.14:16 | 16. E aquele que estava sentado sobre a nuvem passou a sua foice sobre a terra, e a terra foi ceifada. Foi ceifada. Esta imagem representa a colheita dos justos (cf. Mt.13:30; Lc.3:17). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.14:17 | 17. Então, saiu do santuário, que se encontra no céu, outro anjo, tendo ele mesmo também uma foice afiada. Santuário. Ver com. do v. Ap.14:15. Outro anjo. Ver com. do v. Ap.14:15. Foice. Ver com. do v. Ap.14:15. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.14:18 | 18. Saiu ainda do altar outro anjo, aquele que tem autoridade sobre o fogo, e falou em grande voz ao que tinha a foice afiada, dizendo: Toma a tua foice afiada e ajunta os cachos da videira da terra, porquanto as suas uvas estão amadurecidas! Altar. Pode ser o altar mencionado em Ap.8:3; Ap.8:5; Ap.9:13. Autoridade sobre o fogo. Não se esclarece por que este anjo tem autoridade sobre o fogo. Talvez o fogo seja um símbolo de vingança (comparar com a expressão “anjo das águas”, em Ap.16:5). Falou. Comparar com o v. Ap.14:15. Cachos da videira. A figura das duas colheitas vem do ano agrícola da antiga Palestina, que consistia de duas ceifas principais: a colheita dos grãos e a vindima (ver vol. 2, p. 93, 94). Neste caso, a vindima representa os ímpios reunidos para a destruição. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.14:19 | 19. Então, o anjo passou a sua foice na terra, e vindimou a videira da terra, e lançou-a no grande lagar da cólera de Deus. Lagar. A imagem é apropriada no que se refere à cor da vinha, que lembra o sangue. A figura tem como pano de fundo ls.63:1-6 (ver com. ali). Cólera de Deus. Esta deve ser uma referência às sete últimas pragas (Ap.15:1). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.14:20 | 20. E o lagar foi pisado fora da cidade, e correu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, numa extensão de mil e seiscentos estádios. Pisado. As uvas eram pisadas pelas pessoas nos lagares (ver com. de Is.63:2-3). Fora da cidade. É provável que esta figura seja extraída de profecias do AT que relatam a destruição dos inimigos de Deus fora de Jerusalém (ver com. de Jl.3:12-13). Freios dos cavalos. Uma metáfora que expressa o grande e completo extermínio das hostes do mal. Uma imagem paralela é encontrada no livro apócrifo de 1 Enoque: “E naqueles dias, em um lugar, os pais, junto com seus filhos, serão feridos. E irmãos, uns com os outros, cairão mortos até fluírem torrentes com seu sangue. [...] E o cavalo andará com sangue de pecadores até o peitoral e o carro submergirá em sua altura”. Estádios. Mil e seiscentos estádios seriam equivalentes a cerca de 295 km (ver vol. 5, p. 38). Não parece haver uma explicação para este número específico (1.600). Jerônimo achava que podia ser uma alusão ao tamanho da Palestina. No entanto, a hipótese não passa de especulação e pouco acrescentaria ao entendimento da passagem. A ideia principal é que os inimigos da igreja de Deus serão, afinal, derrotados por completo. Logo, a igreja pode esperar com expectativa o livramento pleno de todos os seus inimigos e o alegre triunfo do reino de Deus. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.15:1 | 1. Vi no céu outro sinal grande e admirável: sete anjos tendo os sete últimos flagelos, pois com estes se consumou a cólera de Deus. Outro. Isto é, em relação ao sinal de Ap.12:1. Sinal. Do gr. semeion (ver com. de Ap.12:1). Grande e admirável. Com referência a seus eleitos abrangentes. Sete anjos. Sobre o número “sete”, ver com. de Ap.1:11. Sete últimos flagelos. Literalmente, “sete pragas, as últimas”. Estes flagelos são descritos em Ap.16. São as últimas no que se refere ao tipo; não haverá mais pragas como estas, embora a destruição final de Satanás e dos pecadores ainda seja posterior (Ap.20:11-15). Consumou. Do gr. teleo, “terminar”, “executar”, “realizar”, “cumprir”. A punição reservada para os adoradores da besta e de sua imagem (Ap.16:2) é executada nos sete últimos flagelos (ver com. de Ap.14:10). Cólera de Deus. Ver com. de Ap.14:10. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.15:2 | 2. Vi como que um mar de vidro, mesclado de fogo, e os vencedores da besta, da sua imagem e do número do seu nome, que se achavam em pé no mar de vidro, tendo harpas de Deus; Mar de vidro. Ver com. de Ap.4:6. Mesclado de fogo. O mar de vidro é comparado “ao cristal” (Ap.4:6). Aqui ele tem um tom de fogo, sem dúvida, por refletir a glória de Deus. Os vencedores. Estas são as pessoas que responderam e aceitaram a mensagem de advertência (Ap.14). Foram salvas da aflição do mundo e, então, se encontram seguras no reino de Deus. A vitória foi conquistada por meio do sangue do Cordeiro (Ap.12:11). Permaneceram leais a Deus mesmo quando a pena de morte foi pronunciada (ver com. de Ap.13:15). Por isso, estão seguras no mar de vidro. A batalha é terminada, e a vitória é completa. Venceram, triunfaram e, então, cantam o hino da vitória na presença de Deus. Besta. Ver com. de Ap.13:2. Imagem. Ver com. de Ap.13:14. Sinal (ARC). Ver com. de Ap.13:16. Número do seu nome. Ver com. de Ap.13:18. Harpas de Deus. Ver com. de Ap.5:8; Ap.14:2. Os v. 2 a 4 são parentéticos. Antes da apresentação dos terríveis sete últimos flagelos, o profeta vislumbra o triunfo da igreja de Deus sobre todos os inimigos. Os santos não serão tragados pelo castigo avassalador, mas, sim, livrados. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.15:3 | 3. e entoavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e admiráveis são as tuas obras, Senhor Deus, Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações! Cântico de Moisés. Sem dúvida, esta é uma referência ao cântico de livramento realizado depois que Israel atravessou o Mar Vermelho (Ex.15:1-21). Esse cântico celebrou a libertação da opressão egípcia; e o novo cântico celebra o livramento da tirania de “Babilônia, a Grande” (Ap.17:5). Servo de Deus. Moisés é chamado de “servo do Senhor” (Js.14:7; Ex.14:31). Do Cordeiro. O livramento dos santos é realizado por Cristo, o Cordeiro de Deus (ver com. de Ap.17:14). Portanto, é natural que Ele seja adorado e exaltado no cântico de libertação. Grandes e admiráveis. Há muitas alusões à fraseologia do AT neste cântico. As admiráveis obras de Deus são exaltadas (SI.139:14; Sl.111:2; Sl.111:4). Aqui a referência deve ser específica às “obras” de Deus nos sete últimos flagelos. O “sinal” em torno dos flagelos é chamado de “grande e admirável” (Ap.15:1). Senhor Deus, Todo-Poderoso. Ver com. de Ap.1:8. Justos e verdadeiros. Ou, “justos e genuínos” (comparar com Dt.32:4, LXX; SI.145:17; Ap.16:7; Ap.19:2; GC, 671). Rei das nações. As evidências textuais (cf. p. xvi) se dividem entre as variantes “Rei das nações” e “Rei das eras”. O Senhor é chamado de “Rei das nações” (Je.10:7). Isso concorda com o pensamento de João, que prediz que todas as nações “virão e adorarão” diante de Deus (Ap.15:4). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.15:4 | 4. Quem não temerá e não glorificará o teu nome, ó Senhor? Pois só tu és santo; por isso, todas as nações virão e adorarão diante de ti, porque os teus atos de justiça se fizeram manifestos. Quem não temerá [...]? Comparar com Je.10:7. A mensagem do primeiro anjo é: “Temei a Deus e dai-Lhe glória” (Ap.14:7). Os santos deram ouvidos a esse apelo e, quando sua peregrinação termina, eles se unem nesta bela exaltação de louvor à glória de Deus. Os adoradores da besta tinham clamado: “Quem é semelhante à besta?” (Ap.13:4). Glorificará o Teu nome. Comparar com SI.86:9. Santo. Do gr. hosios (ver com. de At.2:27; Ap.13:34). Este adjetivo se refere a Deus (Dt.32:4, LXX). Essa é a primeira das três razões mencionadas para que os seres humanos glorifiquem o Criador. As outras duas são: “por isso, todas as nações virão e adorarão diante de Ti” e “porque os Teus atos de justiça se fizeram manifestos”. Os Teus atos de justiça. Uma referência aos juízos de Deus contra a besta, sua imagem e seus adoradores. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.15:5 | 5. Depois destas coisas, olhei, e abriu-se no céu o santuário do tabernáculo do Testemunho, Santuário. Do gr. nãos (ver com. de Ap.14:15). Tabernáculo do Testemunho. Ou, “tenda do testemunho”. Ao que tudo indica, este nome se aplica ao lugar santíssimo (ver com. de Nm.17:7). Também pode se referir a toda a estrutura do santuário (At.7:44; ver com. de Nm.9:15). Aqui é mais provável que esteja em mente o segundo significado. O tabernáculo do deserto era um tipo do “verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem” (Hb.8:2). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.15:6 | 6. e os sete anjos que tinham os sete flagelos saíram do santuário, vestidos de linho puro e resplandecente e cingidos ao peito com cintas de ouro. Sete anjos. Ver v. Ap.15:1. Linho. Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a variante “pedra”. Porém, isso seria uma imagem incomum e improvável. Vestes brancas são a indumentária típica dos seres celestiais (Mt.28:3; Lc.24:4; At.1:10; At.10:30). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.15:7 | 7. Então, um dos quatro seres viventes deu aos sete anjos sete taças de ouro, cheias da cólera de Deus, que vive pelos séculos dos séculos. Quatro seres viventes. Ver com. de Ap.4:6-8. Taças. Do gr. phialai, “tigelas”, como as que eram usadas para ferver líquidos, beber ou derramar libações. Na LXX, a palavra é usada para designar “bacia” (Ex.27:3; Nm.7:13). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.15:8 | 8. O santuário se encheu de fumaça procedente da glória de Deus e do seu poder, e ninguém podia penetrar no santuário, enquanto não se cumprissem os sete flagelos dos sete anjos. Encheu de fumaça. Comparar com Ex.40:34-35; ls.6:4. Ninguém. Sem dúvida, isto significa que o período de intercessão terminou. Ninguém pode entrar e ter acesso ao trono da misericórdia. O tempo de preparo acabou; é chegada a hora do derramamento da ira de Deus sem misericórdia. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.16:1 | 1. Ouvi, vinda do santuário, uma grande voz, dizendo aos sete anjos: Ide e derramai pela terra as sete taças da cólera de Deus. Ouvi. Ver com. de Ap.1:2; Ap.1:10. Vinda do santuário. Os anjos portadores dos sete flagelos já haviam saído do templo (Ap.15:6) e “ninguém podia penetrar no santuário” (ver com. de Ap.15:8). Por isso, esta deve ser a voz do próprio Deus. Uma grande voz. Comparar com Ap.1:10. Sete anjos. Sobre o número “sete”, ver com. de Ap.1:11. Ide. Embora João não especifique em que momento é dada esta ordem, o contexto deixa claro que é logo depois do fechamento da porta da graça, mas antes da vinda de Cristo (ver com. de Ap.15:8). Com certeza, a série de calamidades sem precedentes prevista aqui ainda está no futuro. A primeira praga é derramada sobre as pessoas que têm a marca da besta e adoram sua imagem (Ap.16:2). Isso significa que as pragas sobrevêm após a proclamação do terceiro anjo, o qual adverte contra a besta e sua marca (ver com. de Ap.14:9-11). Além disso, o fato de as sete últimas pragas constituírem a medida cheia da ira divina, sem mistura de misericórdia (Ap.14:10; Ap.15:1; Ap.16:1), indica que a oportunidade da graça já se encerrou para aqueles sobre quem as pragas caem (ver com. de Ap.22:11). Por ocasião da quinta praga, as pessoas ainda sofrem com as úlceras da primeira (Ap.16:11). Isso revela que as pragas são derramadas de maneira sucessiva, num intervalo relativamente curto (ver com. do v. Ap.16:2). O julgamento da Babilônia mística, mencionado após a sétima praga (v. Ap.16:19), parece preceder o dos reis da Terra e o retorno de Cristo (ver com. de Ap.17:16; Ap.18:11; Ap.18:20; Ap.19:2; Ap.19:11-19; Ap.6:15-17; Ap.14:14). Derramai [...] as [...] taças. Aqui é dada a ordem para que se aflija a Terra com as calamidades representadas pelas sete taças (ver Ap.15:7). Em alguns aspectos, os sete últimos flagelos são semelhantes às dez pragas do Egito (Ex.5:1-12:30). Ambos os relatos testificam da autoridade e do poder superior de Deus. Ambos resultam na derrota de pessoas que escolheram desafiar a Deus; portanto, resulta também no livramento do povo escolhido de uma situação que, de outra forma, seria irremediável. Ambos demonstram a justiça de Deus e glorificam Seu nome. Cada uma das dez pragas do Egito foi dolorosamente literal; e cada uma tinha o propósito de demonstrar como eram mentirosos os dogmas da religião falsa e quão inútil era depender dela (ver com. de Ex.7:17; Ex.12:12; cf. PP, 333, 758-760). De igual modo, as sete últimas pragas serão literais. Cada uma delas desferirás um golpe revelador sobre algum aspecto da religião apóstata e terá nuances simbólicas. Por exemplo, é óbvio que o primeiro anjo não derramou um composto químico de uma taça literal sobre pessoas que haviam recebido uma marca literal infligida por uma besta literal. Mas o anjo em si provavelmente é literal. Os seres humanos sobre quem sua taça é derramada com certeza são literais, e seu sofrimento, igualmente literal. O aspecto simbólico da terceira praga é destacado com clareza nos v. Ap.16:5-6. Pela terra. Isto é, sobre os habitantes da Terra. Cólera de Deus. Ver com. de 2Rs.13:3; Ap.14:10. Indaga-se por que Deus atormentaria os seres humanos da maneira terrível descrita neste capítulo depois do fechamento da porta da graça, quando não haverá mais oportunidade para o arrependimento. Por que Cristo não volta e coloca fim ao reino do pecado imediatamente? No AT, várias calamidades, como invasões, fome, pestes, terremotos e outros desastres naturais, foram permitidas por Deus como agentes disciplinares e corretivos para levar os seres humanos ao arrependimento (ver Is.1:5-9; Is.9:13; Is.10:5-6; Is.26:9; Je.2:30; Je.5:3; Os.7:10; Jl.1:4; Jl.2:12-14; Am.4:6-11; Ag.1:5-11; ver com. de 1Sm.16:14; 2Cr.18:18). Está claro, porém, que os sete últimos flagelos não têm esse propósito. No entanto, não há dúvida de que as pragas cumprem um papel necessário no desenrolar do grande conflito. As quatro ou cinco primeiras pragas possuem, de certo modo, natureza preliminar e levam os seres humanos a reconhecer que vinham lutando contra Deus (ver GC, 640). Contudo, em vez de se arrependerem, eles blasfemam ainda mais do que antes e se tornam cada vez mais resolutos em sua obstinação (ver Ap.16:9; Ap.16:11; Ap.16:21). Portanto, os flagelos servem para revelar o espírito de rebelião que controla o coração deles. Fica provado que o joio é joio (cf. Mt.13:24-30; Mt.13:36-43), e a justiça de Deus em destruí-lo é evidenciada (cf. GC, 670). Em contrapartida, as provas do grande tempo de angústia que acompanham as pragas aperfeiçoam o caráter dos santos, levando-os a confiar em Deus com mais intensidade (comparar com Ap.7:4). Assim como a disposição de morrer por outra pessoa é a manifestação suprema de amor (Jo.15:13), a intenção de tirar a vida de alguém expressa o maior grau de ódio. Nos dois últimos flagelos, desenvolve-se uma situação que torna a distinção plenamente visível, mesmo para os próprios participantes. Assim, a justiça de Deus em pôr fim à história humana fica evidente tanto para os seres humanos quanto para os anjos (ver Rm.14:11; Fp.2:10; GC, 638-640; cf. PP, 260; ver com. de Ap.16:13-14; Ap.16:16-17). Será demonstrado perante o universo que o remanescente prefere morrer a desobedecer a Deus, e que aqueles que escolheram servir a Satanás matariam, se preciso, todos os que podem atrapalhar seu propósito de controlar a a Terra. Apanhados no ato de tentar colocar em vigor um decreto de morte, eles ficam sem desculpa diante de Deus (ver com. de Ap.16:17). É claramente traçada a linha divisória entre os que servem e os que não servem a Deus. Por meio dos ímpios, o diabo é liberado para demonstrar como seria o universo caso ele pudesse controlá-lo (ver GC, 37; comparar com Ap.7:1). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.16:2 | 2. Saiu, pois, o primeiro anjo e derramou a sua taça pela terra, e, aos homens portadores da marca da besta e adoradores da sua imagem, sobrevieram úlceras malignas e perniciosas. O primeiro. A designação ordinal de cada anjo sugere que as pragas são sucessivas (ver com. dos v. Ap.16:1; Ap.16:11). Homens. A primeira manifestação da “cólera de Deus” (v. Ap.16:1) é sobre aqueles que não deram ouvidos à terceira mensagem angélica, que os advertiu contra a adoração à “besta e a sua imagem” (Ap.14:9), nem ao chamado divino final para que saíssem da Babilônia mística (Ap.18:1-4). Essa praga não será universal (GC, 628). Marca da besta. Ver com. de Ap.13:16. Adoradores da sua imagem. Ver com. de Ap.13:14-15. Úlceras. Do gr. helkos, “chaga”, “ferida supurada”. Na LXX, helkos é usado para se referir aos tumores que sobrevieram aos egípcios (Ex.9:9-10), ao “prurido” que não podia ser curado (Dt.28:27) e aos tumores malignos que Jó teve (Jó.2:7). O jactancioso poder dos espíritos operadores de milagres, que coopera com o cristianismo apostatado (Ap.13:13-14; Ap.18:2; Ap.19:20), será inútil contra essas “úlceras” (ver com. de Ap.16:14). A falsidade das promessas humanas baseadas no poder de operar milagres será demonstrada de maneira inegável (cf. Ex.8:19). Malignas e perniciosas. Ou, “dolorosas e severas”, “problemáticas e incômodas”. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.16:3 | 3. Derramou o segundo a sua taça no mar, e este se tornou em sangue como de morto, e morreu todo ser vivente que havia no mar. No mar. Na terceira praga, os “rios” e as “fontes das águas” são afetados (v. Ap.16:4). O mar serve de rota para o comércio e as relações entre os povos. Alguns consideram que, mediante a obstrução das relações entre as nações ímpias (ver Ap.13:13-17; Ap.16:13-14; Ap.17:3; Ap.17:12), esta praga teria o propósito de demonstrar o desprazer divino com o plano de Satanás de unir as nações da Terra sob seu controle (ver a experiência de Balaão, em Nm.22:21-35). Assim como a primeira praga, a segunda não é universal (ver com. de Ap.16:2; GC, 628). Sangue. Em consistência, cheiro e cor, mas não necessariamente em composição. Como de morto. O sangue coagulado de pessoa morta é algo extremamente desagradável. Todo ser vivente. Ou, “toda alma vivente” (ARC). A palavra para “alma” (psuche) é usada tanto para a vida animal quanto a humana (ver com. de Mt.10:28; SI.16:10). Psuche traduzida por “criação”, numa clara referência à vida marinha (Ap.8:9). O termo hebraico equivalente, nefesh (“criatura viva”), também é usado para animais (Gn.8:1; Jó.12:10). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.16:4 | 4. Derramou o terceiro a sua taça nos rios e nas fontes das águas, e se tornaram em sangue. Nos rios e nas fontes das águas. Nos tempos bíblicos, os “rios” e as “fontes das águas” eram úteis, em primeiro lugar, para tarefas cotidianas como prover água potável, higiene e limpeza e para irrigar plantações. Embora a segunda praga resulte em grandes inconveniências para as nações e cause problemas ambientais (ver com. do v. Ap.16:3), as consequências da terceira são imediatas e graves (comparar com a primeira praga no Egito; ver com. de Ex.7:17; Ex.7:19). Assim como a primeira e a segunda pragas, a terceira não é universal (ver GC, 628). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.16:5 | 5. Então, ouvi o anjo das águas dizendo: Tu és justo, tu que és e que eras, o Santo, pois julgaste estas coisas; Ouvi. Ver com. de Ap.1:2; Ap.1:10. Anjo das águas. Isto é, aquele que tem domínio sobre as águas. Outros anjos têm autoridade sobre o vento e o fogo (ver Ap.7:1; Ap.14:18). A referência aqui pode ser ao anjo que recebeu a incumbência de derramar o terceiro flagelo “nos rios e nas fontes das águas”. Tu és justo. A natureza terrível da terceira praga parece exigir uma vindicação à justiça de Deus por autorizá-la. Ele é totalmente justo na demonstração de Sua “cólera” (ver com. de Ap.15:3-4; Ap.16:1). Senhor (ARC). Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a omissão desta palavra. Que és e que eras. Ver com. de Ap.1:4. O Santo. Evidências textuais (cf. p. xvi) atestam esta variante. A expressão ocorre em quase todos os manuscritos gregos antigos. A imutabilidade de Deus contrasta com as mudanças devastadoras que ocorrem na Terra. Pois. Literalmente, estas [coisas], ou seja, os três primeiros flagelos e possivelmente aqueles que ainda viriam. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.16:6 | 6. porquanto derramaram sangue de santos e de profetas, também sangue lhes tens dado a beber; são dignos disso. Derramaram. Isto deve incluir o sangue não derramado dos santos vivos, marcados para o martírio (ver com. de Ap.17:6; Ap.18:20). Ao condenar o povo de Deus à morte, os ímpios já respondem pela culpa por esse sangue como se já houvesse sido derramado (GC, 628; cf. Mt.23:35). De santos e de profetas. Ver com. de At.9:13; Rm.1:7; Ap.18:20. Tens dado. Afirma-se com isso que a praga é um ato direto da parte de Deus (ver com. do v. Ap.16:1; cf. GC, 36, 37). São dignos disso. O castigo é apropriado ao crime. Os ímpios merecem a punição. Não é, de modo nenhum, um ato arbitrário de Deus (ver com. do v. Ap.16:1). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.16:7 | 7. Ouvi do altar que se dizia: Certamente, ó Senhor Deus, Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os teus juízos. Ouvi. Ver com. de Ap.1:2; Ap.1:10. Outro (ARC). Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a omissão desta palavra. A versão literal preferível é: “Ouvi o altar dizer”. O provável significado não é que o altar fala, mas um anjo que serve ali ou está em pé ao lado dele (cf. Ap.14:18). O altar não é personificado. Altar. Isto é, o altar de incenso. Não há menção a um altar de holocaustos no Céu (cf. Ap.8:3; Ap.9:13; Ap.14:18; sobre a função do altar de incenso no antigo tabernáculo, ver com. de Ex.30:1; Ex.30:6). Senhor Deus, Todo-Poderoso. Ver com. de Ap.1:8. Verdadeiros e justos. Ver Ap.1:5; Ap.3:7; Ap.6:10; Ap.15:3. Ao verter os juízos terríveis sobre os que rejeitaram a misericórdia, Deus é verdadeiro no sentido de ser fiel a Sua Palavra. Ele coloca em prática aquilo que havia prometido (Ap.14:9-11). Os juízos são justos, no sentido de que a justiça requer o castigo daqueles que se rebelaram contra o Céu (ver com. de Ap.16:1). Juízos. Isto é, atos de julgamento, numa alusão às pragas. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.16:8 | 8. O quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe dado queimar os homens com fogo. Sobre o sol. De acordo com o texto grego, as três primeiras pragas são derramadas “na” (eis) terra, “no” mar, “nos” rios e fontes das águas, respectivamente. As três seguintes são derramadas “sobre” (epi) o sol, o trono da besta e o rio Eufrates, nessa ordem. A sétima é derramada “no” (eis) ar, embora evidências textuais (cf. p. xvi) favoreçam a variante “sobre” (epi) o ar. A distinção, no entanto, não está apoiada num propósito especificado. Foi-lhe dado. Literalmente, foi-lhe permitido. Queimar os homens com fogo. Normalmente, o sol aquece e alegra as pessoas, controla o crescimento das plantas, o clima e vários outros processos naturais necessários á vida na Terra. Então, porém, ele produzirá um excesso de calor e energia que poderá atormentar as pessoas e destruir a vida. Embora os seres humanos sofram diretamente com o calor intenso, os piores resultados são a mais grave seca e a maior fome que o mundo já viu (GC, 628). A praga literal será acompanhada por uma fome da Palavra de Deus (cf. Am.8:11-12). Por toda a terra, ocorrerá uma busca frenética, mas vã, por um meio de aliviar o sofrimento e a necessidade causados pelos quatro primeiros flagelos e também por uma forma de impedir outras calamidades (CC, 629). Ela não será motivada por arrependimento, mas pelo pavor (ver com. de 2Co.7:9-11). O objetivo é fugir da miséria ocasionada pelas pragas, não entrar em um estado genuíno de reconciliação com Deus. Por isso, Satanás convencerá os habitantes da Terra não de que são pecadores, mas de que erraram ao tolerar o povo escolhido de Deus (ver PE, 34; ver com. de Ap.16:14). Assim como as três pragas anteriores, esta também não será universal (GC, 628). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.16:9 | 9. Com efeito, os homens se queimaram com o intenso calor, e blasfemaram o nome de Deus, que tem autoridade sobre estes flagelos, e nem se arrependeram para lhe darem glória. Blasfemaram. Do gr. blasphemeo (ver com. de Ap.13:1). Neste caso, blasfemar contra Deus significa falar dEle de maneira acusativa. Durante a quarta praga, as pessoas começam a culpá-Lo pela miséria que sofrem, e percebem, enfim, que estão lutando contra Ele (ver com. do v. Ap.16:1). Nome de Deus. Isto é, o próprio Deus. O nome representa a pessoa (ver com. de Mt.6:9; At.3:16). Autoridade sobre estes flagelos. Os ímpios veem os flagelos como uma demonstração do poder divino (ver com. do v. Ap.16:1). Nem se arrependeram. Em vez de reconhecer a própria culpa, os ímpios começam a colocar a culpa por seu terrível fardo naqueles que permaneceram leais e fiéis a Deus (ver PE, 34; GC, 624). Em atitude perversa, recusam-se a ceder à vontade divina e demonstram o que são de verdade: servos devotos de Satanás (ver com. do v. Ap.16:1). A recusa em se arrepender prova que se opõem completa e imutavelmente a Deus. Para Lhe darem glória. Isto é, reconhecer que Deus é verdadeiro e justo (ver com. do v. Ap.16:7). Muitos que sofreram com pragas se recusaram a admitir seu erro e a aceitar que Deus está certo, inclusive diante dos graves juízos que levariam pessoas honestas e contritas a consertar seus caminhos (cf. Is.26:9-10). O coração deles demonstrou estar totalmente endurecido, em nada susceptível à misericórdia divina, nem às severidades da vida (ver com. de Ex.4:21; Ef.4:30; Ap.16:1). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.16:10 | 10. Derramou o quinto a sua taça sobre o trono da besta, cujo reino se tornou em trevas, e os homens remordiam a língua por causa da dor que sentiam Trono. Do gr. thronos (ver com. de Ap.13:2). O trono da besta é sua sede. Nesta passagem, a besta representa, em primeiro lugar, o papado reavivado, não tanto no aspecto religioso, mas, sim, no exercício do poder mundial dominante (ver com. de Ap.13:1-2; Ap.13:10; Ap.17:3; Ap.17:8-9; Ap.17:11). Reino. Com exceção do pequeno remanescente que continua resistindo, o diabo considera os habitantes do mundo seus súditos e é por meio do papado reavivado que ele busca garantir controle absoluto sobre toda a raça humana (ver GC, 571, 580, 656; T5, 472; T7, 182; ver com. de Ap.16:13-14; Ap.17:8; Ap.17:12; cf. Ap.19:19). Parece que, ao longo da quinta praga, o mundo inteiro será envolvido por um manto de trevas. Por isso, embora as pessoas tateiem impenitentes em busca de luz em um planeta espiritualmente escuro (ver Ap.16:8-9), Deus envia sobre elas trevas literais, que simbolizam a condição espiritual mais escura a envolver a Terra (ver com. dos v. Ap.16:13-14). Trevas. A frase inteira diz, literalmente, que o reino da besta se tornará escuro. O texto grego indica que a situação permanece assim por um período. A referência é a trevas literais (ver com. do v. Ap.16:1), com o frio e a desordem que as acompanham. A ausência de luz e calor será ainda mais impressionante e dolorosa depois do calor intenso vivenciado durante a quarta praga. Remordiam a língua por causa da dor. Ou, “continuavam a morder a língua em dor”. É possível que um frio intenso acompanhe a escuridão prolongada. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.16:11 | 11. e blasfemaram o Deus do céu por causa das angústias e das úlceras que sofriam; e não se arrependeram de suas obras. Blasfemaram. Os seres humanos reafirmam seu ódio perverso contra Deus. A atitude demonstrada durante a quarta praga (ver com. do v. Ap.16:9) persiste inalterada. Deus do céu. Ver com. de Ap.11:13. Angústias. Isto é, as consequências dos flagelos (v. Ap.16:10). Úlceras. Isto é, as consequências do primeiro flagelo (v. Ap.16:2). As úlceras da primeira praga não devem ser fatais, pelo menos não em todos os casos. Isso indica também que os flagelos são sucessivos em vez de simultâneos, e suas consequências continuarão (ver com. do v. Ap.16:2). Não se arrependeram. Ver com. do v. Ap.16:9. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.16:12 | 12. Derramou o sexto a sua taça sobre o grande rio Eufrates, cujas águas secaram, para que se preparasse o caminho dos reis que vêm do lado do nascimento do sol. O sexto. São defendidas duas interpretações para os v. 12 a 16. De acordo com a primeira, o “grande rio Eufrates” representaria o império otomano: a secagem de suas águas corresponderia à dissolução gradual desse império; os reis que vêm do lado do nascimento do sol, as nações do oriente; e o Armagedom seria o vale literal de Megido, no norte da Palestina. A dissolução do império otomano seria a preparação do caminho para as nações orientais entrarem em guerra contra aquelas que se encontram a oeste do vale de Megido. De acordo com a segunda interpretação, o Eufrates representa os povos sobre quem a Babilônia mística exerce domínio; a secagem de suas águas simboliza a retirada de seu apoio à Babilônia; os reis que vêm do lado do nascimento do sol, Cristo e aqueles que O acompanham; e o Armagedom, a última batalha do grande conflito entre Cristo e Satanás, travada nesta Terra. Logo, a retirada do apoio dos povos à Babilônia mística é vista como a remoção da barreira final para sua derrota e seu castigo definitivos. Segundo a primeira visão, a batalha do Armagedom começa essencialmente na forma de um conflito político e chega ao clímax com o aparecimento de Cristo e Seu exército celestial. De acordo com a segunda visão, a batalha do Armagedom começa quando os poderes religiosos e políticos da Terra iniciam seu ataque final ao povo remanescente de Deus. Embora as duas abordagens pareçam excludentes, há algo em comum entre elas. Os defensores de ambas as perspectivas sobre o Armagedom costumam concordar em relação aos seguintes pontos: (1) Trata-se da última batalha da história da Terra, e o acontecimento ainda é futuro. (2) Esta é a batalha do grande Dia de Deus (v. Ap.16:4). (3) O “grande rio Eufrates” simboliza seres humanos. (4) Os três “espíritos imundos” (v. Ap.16:13) representam o papado, o protestantismo apostatado e o espiritismo ou espiritualismo. (5) Esses três espíritos constituem os agentes que convocarão as nações à batalha. (6) Os agentes recrutadores, ou seja os três espíritos, são de natureza religiosa, e as forças recrutadas são políticas e militares. (7) Os preparativos para a batalha ocorrem durante a sexta praga, mas a luta em si é travada na sétima. (8) Será uma batalha real entre pessoas empunhando armas literais. (9) Haverá derramamento de sangue sem precedentes. (10) Todas as nações da Terra se envolverão. (11) Por fim, Cristo e o exército celestial intervirão, encerrando a batalha. (12) Os santos vivos testemunharão a batalha, mas não serão participantes diretos. A diferença fundamental entre os dois pontos de vista está na literalidade geográfica ou no sentido figurado desses três termos: Eufrates, “reis que vêm do lado do nascimento do sol” e Armagedom. A primeira perspectiva presume que os termos mantêm o significado geográfico. Já a segunda afirma que eles devem receber uma interpretação figurada, relacionada ao contexto de Ap.13-19 (ver com. dos v. 12-19; comparar com Dn.11:36-40). Como seria de se esperar, variações e mudanças dessas duas abordagens principais são defendidas por alguns estudiosos. No século 19, Tiago White defendia que o Armagedom consiste na batalha entre Cristo e as nações ímpias, no segundo advento (ver RH, 21/01/1862, p. 61). Uriah Smith acreditava que a batalha do Armagedom também envolve o ajuntamento político e militar das nações da Terra, na Palestina (ver The Prophecies of Daniel and the Revelation (1944), p. 691-701). Grande rio Eufrates. Ver p. 799; ver com. de Ap.9:14. Os defensores dos dois pontos de vista concordam que João não se refere aqui ao rio literal, nem à secagem de suas águas. Há também acordo de que aqui as águas do rio Eufrates representam seres humanos (cf. Ap.17:15). No entanto, de acordo com o primeiro ponto de vista, o Eufrates representa o antigo império otomano, pelo qual este rio passava e, desde a queda desse império no final da primeira guerra mundial, seu sucessor atual é a Turquia. Este ponto de vista presume que, embora o termo “Eufrates” não se refira ao rio literal, preserva certa medida de significado geográfico literal, uma vez que consiste na designação de uma área geográfica banhada pelo rio, o vale da Mesopotâmia. Por mais de mil anos, essa região foi administrada por sarracenos e turcos e, depois, pelo governo do Iraque. De acordo com o segundo ponto de vista, o sentido da palavra “Eufrates” deve ser extraído do contexto, em que o termo “Babilônia” é usado como símbolo do cristianismo apostatado (ver com. de Ap.14:8; Ap.17:5). Do ponto de vista histórico e geográfico, o Eufrates era o rio da Babilônia literal (Je.51:12-13; Je.51:63-64). Como rio da Babilônia mística (ver com. de Ap.17:18), o Eufrates estaria, nesta passagem, totalmente dissociado de seu significado literal e geográfico, sendo entendido na relação com o símbolo que o acompanha, a Babilônia mística. Logo, as águas do Eufrates seriam as “muitas águas” (Ap.17:1-3; Ap.17:15), sobre as quais a Babilônia mística se assenta. É ela que, “com o vinho de sua devassidão”, embriaga os “que habitam na terra” (Ap.17:2; cf. Ap.13:3-4; Ap.13:7-8; Ap.13:14-16). Águas. Ver com. de Ap.17:1; Ap.17:5. Secaram. A forma verbal do grego indica que o ato de secar já foi concluído. De acordo com o primeiro ponto de vista, a secagem do rio Eufrates, mencionada aqui, começou a se cumprir com o encolhimento gradual do império otomano, mas o cumprimento total deste ponto profético ainda está no futuro. De acordo com o segundo ponto de vista, a secagem das águas do Eufrates se refere à retirada do apoio humano à Babilônia mística, em conexão com a sexta praga (ver com. de Ap.16:14; Ap.16:16-17; Ap.16:19; Is.44:26-45:2). Os defensores dessa abordagem consideram Ap.16:18-19 e Ap.17:15-18:24 uma descrição dos efeitos da secagem das águas do Eufrates (ver GC, 654-656). Preparasse. De acordo com o primeiro ponto de vista, o caminho dos reis do oriente começou a ser preparado pela diminuição do império otomano. De acordo com o segundo, o “caminho” será “preparado” pela retirada do apoio humano à Babilônia mística (ver com. dos v. Ap.16:1; Ap.16:12; Ap.16:14; Ap.16:17). A primeira perspectiva vislumbra um preparo de caráter militar e geográfico; a segunda, por sua vez, identifica um preparo moral e espiritual. Caminho. Do gr. hodos, “rodovia”. No contexto dos v. 12 a 16, este é o “caminho” pelo qual passam os reis e seus exércitos atravessando o Eufrates para guerrear contra seus adversários. De acordo com o primeiro ponto de vista, este “caminho” pode ser a rota geográfica pelo vale da Mesopotâmia, antigo território do império otomano. De acordo com o segundo ponto de vista, “caminho” tem sentido figurado e tem a ver com a preparação da Terra para que Cristo e os exércitos do Céu triunfem sobre Babilônia (v. Ap.16:9) e os “reis do mundo inteiro” (v. Ap.16:14). Reis que vêm do lado do nascimento do sol. Literalmente, “reis do [sol] nascente” (ver com. de Ap.7:2). Em harmonia com o sentido geográfico atribuído ao “grande rio Eufrates”, os defensores do primeiro ponto de vista entendem que os “reis que vêm do lado do nascimento do sol” correspondem às nações situadas a leste do vale da Mesopotâmia. De acordo com o segundo ponto de vista, estes reis representam Cristo e aqueles que O acompanham. A expressão “reis que vêm do lado do nascimento do sol”, assim como outros símbolos de Apocalipse 16:12, são vistos à luz dos acontecimentos relacionados à conquista da antiga Babilônia por Ciro e na liberação subsequente do povo de Deus, os judeus, para que voltassem a sua terra natal. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.16:13 | 13. Então, vi sair da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta três espíritos imundos semelhantes a rãs; Vi. Ver com. de Ap.1:1. Sair da boca. A boca é o instrumento da fala. Ao sair da boca do “dragão”, da “besta” e do “falso profeta”, os três espíritos imundos representam a política que esta tríplice união religiosa proclama ao mundo, chamada de vinho de Babilônia (Ap.17:2; ver com. de Ap.16:4; Ap.17:2; Ap.17:6). Dragão. Ver com. de Ap.12:3; Ap.13:1. O primeiro membro da tríplice união religiosa costuma ser identificado com o espiritismo ou espiritualismo (paganismo). De fato, muitos pagãos adoram espíritos e praticam diversas formas de espiritismo que se assemelham, até certo ponto, ao espiritismo moderno que se professa nos países cristãos. Besta. Ver com. de Ap.13:1; Ap.17:3; Ap.17:8. Falso profeta. Ao que tudo indica, ele equivale à besta de dois chifres (Ap.13:11-17; ver com. do v. Ap.13:11), que apoia a primeira besta (Ap.13:1-10). Os milagres que ele recebe autoridade para realizar na presença da besta (Ap.13:12-14) enganam as pessoas e as levam a fazer uma “imagem” à besta (comparar com Ap.19:20; Ap.20:10). Três espíritos imundos. Defensores dos dois pontos de vista concordam na identificação do dragão, da besta e do falso profeta como o espiritismo moderno ou paganismo (CC, 561, 562), o papado e o protestantismo apostatado (cf. Ap.13:4; Ap.13:14-15; Ap.19:20; Ap.20:10). Ao que tudo indica, os três espíritos imundos representam este trio de poderes religiosos, os quais constituem a “grande Babilônia” dos últimos dias (Ap.16:13-14; Ap.16:18-19; ver com. de Ap.16:19; Ap.17:5). Semelhantes a rãs. Não parece haver um sentido específico para esta comparação, que pode ter a intenção apenas de destacar a repugnância dos três espíritos aos olhos de Deus. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.16:14 | 14. porque eles são espíritos de demônios, operadores de sinais, e se dirigem aos reis do mundo inteiro com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso. Espíritos de demônios. Ou, “espíritos demoníacos”. Nos evangelhos, o termo “espírito imundo” é usado de maneira intercambiável com “demônio” (ver Mc.1:27; Mc.1:34; Mc.3:11; Mc.3:15; Mc.6:7; Ap.18:2; cf. T5, 472, 473). Operadores de sinais. Do gr. semeia, isto é, milagres do ponto de vista de seu valor para confirmar as reivindicações ou comprovar a autoridade da pessoa que os realiza (ver vol. 5, p. 204; ver Ap.13:13-14; Ap.19:20). Manifestações sobrenaturais diversas são usadas por Satanás, por intermédio de variados agentes humanos, a fim de obter êxito em unir o mundo com o propósito de derrubar a única barreira a seu domínio irrestrito sobre a humanidade. Reis da terra e (ACF). Evidências textuais (cf. p. xvi) atestam a omissão destas palavras. Os “reis” são os poderes políticos da Terra, em contraste com a tríplice união religiosa (ver com. do v. Ap.16:13) que convoca as nações da Terra a se unirem em uma cruzada para destruir o povo de Deus (T9, 16; GC, 562, 624). Essa aliança religiosa e política global (ver com. de Ap.17:3) aspira a governar o mundo na crise final. De acordo com o primeiro ponto de vista, estes “reis” representam as nações ocidentais, em contraste com os “reis que vêm do lado do nascimento do sol” (Ap.16:12), as nações do oriente. De acordo com a segunda perspectiva, “reis do mundo inteiro” abrange tanto as nações do oriente quanto as do ocidente (ver com. do v. Ap.16:12; sobre os “reis do mundo inteiro” e os resultados desta conspiração, ver Ap.17:2; Ap.17:12; Ap.17:14; ver com. do v. Ap.17:12; cf. T7, 182). Ajuntá-Ios. De acordo com o primeiro ponto de vista, este ajuntamento consiste em preparativos políticos e militares por parte dos “reis do mundo inteiro”. De acordo com o segundo, refere-se aos esforços empreendidos pela tríplice união religiosa para garantir ação unida por parte dos poderes políticos da Terra no confronto contra o remanescente de Deus. A peleja. Defensores dos dois pontos de vista concordam que são descritos aspectos diferentes da mesma batalha (Ap.14:14-20; Ap.16:12-19; Ap.17:14-17; Ap.19:11-21; cf. T6, 406). De acordo com a primeira perspectiva, trata-se de uma batalha primordialmente política e militar, travada no vale literal de Megido entre as nações do oriente e do ocidente (ver com. de Ap.16:12-13). De acordo com a segunda, nesta batalha, as nações se unirão contra o povo de Deus; portanto, o conflito é, em primeiro lugar, religioso. Grande Dia. Isto é, o dia da cólera de Deus (ver com. do v. Ap.16:1; ver com. de Is.2:12). Deus Todo-Poderoso. Ver com. de Ap.1:8. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.16:15 | 15. (Eis que venho como vem o ladrão.Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha.) Eis. Ou, “veja”. Venho como vem o ladrão. Em relação aos ímpios (ver com. de 1Ts.5:2; 1Ts.5:4; 2Pe.3:10; Mt.24:43; Lc.21:35). Bem-aventurado. Ou, “feliz” (ver com. de Mt.5:3). Aquele que vigia. Ver com. de Mt.24:42. Os santos devem permanecer alerta e em estado de vigilância, para não serem enganados. Guarda as suas vestes. Isto é, permanece firme na fé e no caráter completamente leal a Deus (ver com. de Mt.22:11). Para que não ande nu. Ou seja, perca a roupa do caráter por abrir mão da fé (comparar com Ap.17:16). E não se veja. É provável que a referência seja às pessoas, de modo geral. A sua vergonha. Isto é, ver que ele abriu mão da fé. Embora o destino já esteja definido por ocasião do fechamento da porta da graça (ver com. de Ap.22:11), o povo de Deus não deve relaxar em sua vigilância. Em vez disso, deve ficar cada vez mais alerta à medida que Satanás intensifica seus enganos. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.16:16 | 16. Então, os ajuntaram no lugar que em hebraico se chama Armagedom. Os. Isto é, os reis do mundo inteiro (v. Ap.16:14). Ajuntaram. Ou, “ele ajuntou”. O grego pode ser traduzido das duas formas. Na terceira pessoa do plural, a referência é aos três espíritos imundos dos v. Ap.16:13-14; e, no singular, ao anjo do v. Ap.16:12. O contexto favorece a tradução no plural (sobre o processo de ajuntamento, ver com. do v. Ap.16:14). Para o primeiro ponto de vista, o ajuntamento ocorre durante a sexta praga, mas a batalha em si é travada durante a sétima (ver Smith, op. cit., p. 702; ver com. de Ap.16:12; Ap.16:17). Para o segundo, isso seria um processo gradativo de ajuntamento das nações que começa antes das pragas. Lugar. Do gr. topos, “lugar”, termo usado com vários significados. Refere-se a uma localização geográfica, a um “lugar” em um livro ou posição, ou, em sentido figurado, a uma “condição” ou “situação” (At.25:16, “oportunidade”, NVI; Hb.12:17). De acordo com o primeiro ponto de vista, que destaca os aspectos geográficos, a palavra alude ao vale de Megido, a planície de Esdraelom, no norte da Palestina (ver com. de Ap.16:12; Ap.16:14). De acordo com o segundo, que salienta o sentido figurado das várias expressões (ver com. dos v. Ap.16:12-16), esta seria a “condição”, ou o estado de espírito, em que os povos da Terra são ajuntados; o pacto para aniquilar o povo de Deus (ver com. de Ap.16:14; Ap.17:13). Em hebraico. É possível que, com esta informação, João tivesse o objetivo de dirigir seus leitores a ver Armagedom como termo “hebraico” e a relembrar a história dos hebreus, no esforço de compreender o nome enigmático. Armagedom. Do gr. Harmageddon, transliteração do hebraico, conforme explica João. Evidências textuais (cf. p. xvi) favorecem a variante Harmagedon, mas também há apoio para as opções Armagedon, Armagedo, Mageddon e outras. Considerando que nunca houve uma localidade geográfica com este nome, o significado do termo não fica claro a princípio. Além disso, as opiniões divergem quanto a qual palavra (ou palavras) hebraica a transliteração grega representa. A variante Harmageddon deriva de duas palavras do hebraico. A primeira delas pode ser ir, “cidade”, ou, mais provavelmente, har, “montanha”. Contudo, conforme observado, alguns manuscritos antigos omitem ar ou har, a primeira sílaba. Duas derivações diferentes foram sugeridas para a segunda parte do nome, mageddon: (1) mageddon viria do heb. megiddo ou megiddon (1Rs.9:15; Zc.12:11), a antiga cidade de Megido, que deu nome à importante passagem através das montanhas para o sudoeste, o vale de Jezreel, o norte e o nordeste (2Cr.35:22) e para o ribeiro Quisom (Jz.4:7; Jz.4:13; Jz.5:19; Jz.5:21), que corre pelo vale; (2) mageddon viria de mo’ed palavra hebraica comum no AT para “congregação” (Ex.27:21; Ex.28:43; Ex.29:4; Ex.29:10-11; Ex.29:30; Ex.29:32), para uma “festa” fixa (ver com. de Lv.25:2) e para um “ajuntamento” ou “lugar de congregação” (Lm.1:15; Lm.2:6). A primeira opção relaciona o nome composto “Armagedom” ao ambiente histórico-geográfico da antiga Megido, ao passo que a segunda sugere uma possível conexão com o grande conflito entre Cristo e Satanás. Em Is.41:13, har-mo’ed é traduzido por “monte da congregação” e designa o monte onde ficava o templo de Salomão, ao norte da antiga Jerusalém. Nessa passagem, Lúcifer é apresentado aspirando a substituir o lugar de Deus como governante soberano de Israel (ver com. ali; comparar com “tenda da congregação”, Ex.33:7). Os defensores do primeiro ponto de vista sobre o Armagedom consideram que o termo deriva do heb. har-megiddo, “montanha de Megido”, e interpretam que o nome (Ap 16:16) se refere ao ambiente geográfico e às associações históricas da antiga cidade de Megido. Os partidários do segundo ponto de vista entendem a primeira derivação de maneira figurada, isto é, como uma alusão aos acontecimentos históricos do AT associados às redondezas da antiga Megido (ver Jz.4:4-5:31; Jz.6:33-7:25; 1Rs.18:35-40; Sl.83; 2Cr.35:20-24), mas sem atribuir importância geográfica ao termo Armagedom (Ap.16:16; ver com. do v. Ap.16:12). Também compreendem a segunda derivação, har-mo’ed de maneira figurada, com base em seu uso em Is.14:13, no contexto do grande conflito entre Cristo e Satanás (ver Ap.12:7-9; Ap.12:17; Ap.17:14; Ap.19:11-21). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.16:17 | 17. Então, derramou o sétimo anjo a sua taça pelo ar, e saiu grande voz do santuário, do lado do trono, dizendo: Feito está! Sétimo anjo. Sobre o número sete, ver com. de Ap.1:11. Pelo ar. Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a variante “sobre o ar” (ver com. do v. Ap.16:8). A consequência desta praga parece ser universal. Grande voz. Com certeza, trata-se da voz de Deus (comparar com Ap.1:10; ver GC. 635, 656; T1, 353, 354). Templo do céu (ARC). Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a variante que contém apenas “templo” ou “céu”. Do lado do trono. Em outras palavras, a fala constitui uma proclamação oficial feita pelo Soberano do universo (ver com. de Ap.4:2-5). Feito está! As mesmas palavras serão proferidas mais uma vez, na criação da nova Terra: “Tudo está feito” (Ap.21:6). Palavras semelhantes (“está consumado”) foram proferidas pelo Senhor na cruz (Jo.19:30) enquanto encerrava Seu ministério de sacrifício, garantindo assim o sucesso do plano da redenção. No contexto de Apocalipse 16:17 o anúncio dramático marca o momento em que se completa a revelação do mistério da iniquidade, quando o verdadeiro caráter da união política e religiosa global (Ap.16:13-14; Ap.16:19) for desmascarado (ver com. do v. Ap.16:1). Deus permite que as forças do mal avancem até o ponto de aparente sucesso em seu sinistro desígnio de erradicar o povo de Deus. Quando chegar o momento crucial indicado pelo decreto de morte (ver com. do v. Ap.16:14) e os ímpios avançarem com brados de triunfo para exterminar os santos (GC, 631, 635; PE, 283, 285), a voz de Deus será ouvida dizendo: “Feito está!”. Tal declaração põe fim ao período da angústia de Jacó (ver com. do v. Ap.16:15), livra os santos e dá início à sétima praga (PE, 86, 86, 282-285; GC, 635, 636; T1, 353, 354). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.16:18 | 18. E sobrevieram relâmpagos, vozes e trovões, e ocorreu grande terremoto, como nunca houve igual desde que há gente sobre a terra; tal foi o terremoto, forte e grande. Relâmpagos. Ou, “lampejos de relâmpago”. Evidências textuais (cf. p. xvi) atestam esta palavra antes de “vozes e trovões” (ver ARC). Vozes. Ou, “sons”, “barulhos” (comparar com Ap.4:5; Ap.8:5; Ap.11:19). O que as “vozes” falam pode ser semelhante à declaração de Ap.11:15 (cf. GC, 640). Trovões. Ou, “ribombos de trovão”. Grande terremoto. Trata-se de um terremoto literal, conforme sugere o restante do v. 18 (ver com. do v. Ap.16:1; cf. v. Ap.16:20-21), mas acompanhado de um terremoto figurado, que abala a Babilônia mística (v. Ap.16:19). Assim como um terremoto literal deixa uma cidade em ruínas, um terremoto figurado levará ruína e desolação à “grande Babilônia” (ver com. de Ap.17:16; Ap.18:6-8; Ap.18:21). A tríplice união dos v. Ap.16:13-14 entrará em colapso (cf. Is.28:14-22). Como nunca houve. Tanto de maneira literal quanto figurada. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.16:19 | 19. E a grande cidade se dividiu em três partes, e caíram as cidades das nações. E lembrou-se Deus da grande Babilônia para dar-lhe o cálice do vinho do furor da sua ira. A grande cidade. Isto é, a Babilônia mística (ver com. de Ap.17:5; Ap.17:18; Ap.18:10). Em três partes. A Babilônia mística dos últimos dias é formada pelo papado, pelo protestantismo apostatado e pelo espiritismo (ver com. dos v. Ap.16:13-14). Diante da voz de Deus (Ap.16:17; Ap.17:17), esta tríplice união de organizações religiosas apóstatas perderá sua coesão, unidade e poder para agir (comparar com Hc.3:3-16). Caíram. A união das forças políticas da Terra também se fragmentará durante a sexta praga (ver com. dos Ap.16:14; Ap.16:16; Ap.17:13; Ap.17:17). Ocorrerá um grande despertamento entre elas, à medida que a voz. de Deus livra o povo que O aguarda (ver GC, 636, 637, 654). Então, os ex-componentes da aliança religiosa e política global (Ap.16:13-14) começarão a lutar entre si, e o poder político, ou seja, “os reis do mundo inteiro” (Ap.17:12-16) se vingam da Babilônia mística (ver com. de Ap.17:17). Cheias de fúria, as hostes da Terra se voltarão contra seus líderes e umas contra as outras com as armas antes empunhadas para matar os santos (ver PE, 290: GC, 656). Haverá conflito e derramamento de sangue por toda parte (ver com. de Ap.14:20). Quando Cristo aparecer, o choque das armas e o tumulto da batalha terrena serão silenciados à medida que se visualizar o exército celestial. “Na desvairada contenda de suas próprias e violentas paixões, e pelo derramamento terrível da ira de Deus sem mistura, sucumbem os ímpios habitantes da Terra: sacerdotes, governantes e povo, ricos e pobres, elevados e baixos” (GC, 657; sobre esta batalha, ver com. de Ap.17:14; Ap.19:11-21; cf. PE, 282, 290; GC, 656, 657; comparar com as descrições semelhantes de Js.10:7-14; Jz.7:19-21; 1Sm.14:19-20; 2Cr.20:22-24; Is.19:2; Is.34:8-10; Is.51:21-23; Is.63:1-6; Je.25:12-15; Je.25:29-38; Ez.28:14-23; Ag.2:22; Zc.14:13). Cidades das nações. Em continuidade à imagem de um terremoto abalando uma cidade literal, João se refere então, por meio de uma figura semelhante, às organizações políticas da Terra, mencionadas nos v. Ap.16:13-14 pela expressão “reis do mundo inteiro”. O termo “cidade” representa a união das organizações religiosas apóstatas da Terra, e “cidades” se refere a seus aliados políticos (ver com. de Ap.11:8; Ap.17:18). Lembrou-Se. Ver com. de Ap.18:5. Esta é uma expressão bíblica comum que significa a chegada da hora em que o juízo divino é executado (SI.109:14; Ez.21:23-24; Je.31:34). Grande Babilônia. Ver com. de Ap.14:8; Ap.17:1; Ap.17:5. Para dar-lhe. Sobre juízos divinos e a antiga Babilônia, ver Is.51:17; Is.51:22; Je.25:15-16. O cálice. Expressão bíblica comum para sofrimento e juízo (ver SI.11:6; Sl.75:8; Is.51:17; Is.51:22-23; Je.25:15-17; Je.25:28; Je.49:12; Mt.26:39). O cálice que a Babilônia mística recebe é devido ao que ela mesma deu às nações (ver com. de Ap.17:16; Ap.18:5-8; cf. com. de Ap.14:10). Vinho. Ver com. de Ap.14:10; Ap.17:2. Furor. Ver com. do v. Ap.16:1. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.16:20 | 20. Todas as ilhas fugiram, e os montes não foram achados; Todas as ilhas. Os tremores de terra são descritos aqui como resultado do terremoto (v. Ap.16:18; comparar com Ap.6:14). Os montes. Comparar com Ap.6:14. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.16:21 | 21. também desabou do céu sobre os homens grande saraivada, com pedras que pesavam cerca de um talento; e, por causa do flagelo da chuva de pedras, os homens blasfemaram de Deus, porquanto o seu flagelo era sobremodo grande. Grande saraivada. Ou, “grandes pedras de granizo” (sobre a chuva de pedras no Egito, ver com. de Ex.9:18-32; sobre a saraivada, ou chuva de pedras, ver Js.10:11; Ez.13:11; Ez.13:13; e como juízo divino no dia final da ira, ver Is.28:17-18; Is.30:30; Ez.38:22; Ap.11:19). Um talento. Há várias estimativas para o peso desta medida, que variam de 128 a 176 kg (ver “talento”, Dicionário Bíblico Adventista). Blasfemaram de Deus. Pela terceira vez, os que são atingidos pelos flagelos blasfemam de Deus, revelando seu completo desprezo pela Majestade do Céu, mesmo em meio aos mais terríveis juízos (ver com. dos v. Ap.16:1; Ap.16:9; Ap.16:11). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.17:1 | 1. Veio um dos sete anjos que têm as sete taças e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas, Um dos sete anjos. Ver com. de Ap.1:11; Ap.21:9. A identificação deste anjo como um dos que trazem os flagelos dos cap. Ap.15-16 subentende que a informação prestes a ser dada a João se relaciona às sete últimas pragas. Esta ligação é confirmada quando se anuncia que o assunto do capítulo, “o julgamento da grande meretriz”, acontece durante o sétimo flagelo (ver Ap.16:19). Taças. Ver com. de Ap.15:7; Ap.16:1. Falou comigo. A palavra grega traduzida por “comigo” (meta) pode ser interpretada como a sugestão de proximidade entre João e o anjo. É possível que o anjo tenha se dirigido a João antes de conduzi-lo em visão (ver com. de Ap.1:2; Ap.1:10). Vem. O termo tem a força de um imperativo (ver com. do v. Ap.17:3). Mostrar-te-ei. Ver com. de Ap.1:2; Ap.4:1. Julgamento. Do gr. krima, “sentença”, “decisão”, “veredito”, “decreto”. Neste caso, trata-se do veredito celeste contra a “grande meretriz”, considerando suas ações criminosas (ver com. dos v. Ap.17:4-6; cf. com. de Ap.18:10). Observe que o anjo não mostra para João a execução da sentença; neste caso, teria usado a palavra krisis, termo traduzido por “juízo” (Ap.18:10). Ele simplesmente fala sobre isso. Krisis pode denotar o ato de investigar um caso ou de executar a sentença (ver com. de Ap.16:19; Ap.18:5; Ap.19:2; Is.23:11). Apocalipse 17 é formado por duas partes distintas: (1) a visão simbólica dos v. Ap.17:3-6, que João contempla; e (2) aquilo que ele ouve (v. Ap.17:7) como explicação da visão, nos v. Ap.17:8-18. A primeira parte expõe os crimes de Babilônia. É, portanto, o auto de acusação do Céu, uma declaração do motivo da sentença divina a ser pronunciada sobre ela (ver com. do v. Ap.17:6). A segunda parte declara a sentença em si e o meio de sua execução. A carreira criminosa de Babilônia chega ao clímax durante a sexta praga (ver com. de Ap.16:12-16), ao passo que a sentença decretada chega ao ponto de execução durante a sétima (ver com. de Ap.16:17-19; Ap.17:13-17; Ap.18:4; Ap.18:8; Ap.19:2). Por isso, a primeira parte está mais ligada aos acontecimentos da sexta praga, e a segunda, aos da sétima. Logo, Apocalipse 17 é um esboço da crise final, quando Satanás fará os maiores esforços para aniquilar o povo de Deus (cf. Ap.12:17) e todos os poderes da Terra se arregimentarão contra o remanescente (cf. GC, 634). Deus permite que Satanás e seus instrumentos humanos se aliem a ele para prosseguir até a beira do sucesso na trama para exterminar os santos. Mas, no momento em que o golpe estiver prestes a ser dado, o Senhor intervirá para livrar Seu povo. As hostes do mal, flagradas no ato de tentar matar os santos, ficam sem qualquer justificativa diante do padrão de justiça divina (ver Dn.12:1; cf. PE, 282-285; GC, 635, 636; LS, 117). Não espanta que João tenha se enchido de admiração ao contemplar o auge do grande drama do mistério da iniquidade (ver com. do v. Ap.17:6). Meretriz. Do gr. porne, “prostituta”. É provável que porne remonte a uma palavra que significa “vender” ou “exportar para venda” itens como escravos. Na Grécia, era comum prostitutas serem compradas como escravas. Com frequência, os profetas do AT comparavam o Israel apóstata a uma mulher adúltera, pois a nação se prostituía com deuses pagãos (Ez.23:30; Is.23:17; ver com. de Ez.16:15; acerca da Babilônia mística como prostituta, ver com. do v. Ap.17:5; cf. v. Ap.17:2; Ap.17:4; Ap.19:2; confira passagens do AT que refletem um pensamento ou um vocabulário semelhante ao de Apocalipse 17, nos com. de Is.47:1; Je.25:12; Je.50:1; Ez.26:13). Sentada sobre muitas águas. Isto é, exerce poder despótico sobre muitos outros “povos” e “nações” (ver v. Ap.17:15). A forma verbal do grego retrata a “grande meretriz” como em poder na época e continuando a exercer esse poder. Assim como a antiga cidade de Babilônia se situava sobre as águas literais do Eufrates (ver com. de Je.50:12; Je.50:38) e repousava, figuradamente, “sobre muitas águas” ou povos (Je.51:12-13; Is.8:7-8; Is.14:6; Je.50:23), a Babilônia moderna é representada assentada sobre os povos da Terra, oprimindo-os (ver com. de Ap.16:12). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.17:2 | 2. com quem se prostituíram os reis da terra; e, com o vinho de sua devassidão, foi que se embebedaram os que habitam na terra. Prostituíram. Do gr. porneuo, a forma verbal derivada de porne (ver com. do v. Ap.17:1). Uma expressão equivalente é usada no AT (cf. Ez.23:30; Os.4:12). Em sentido figurado, como aqui, refere-se a uma aliança ilícita de professos cristãos com outro senhor que não Cristo. Neste caso, trata-se do pacto religioso e político entre uma igreja apostatada (ver com. de Ap.17:5) e as nações da Terra (comparar com Is.23:15; Is.23:17). Reis da terra. Isto é, os poderes políticos da Terra (ver com. do v. Ap.17:12), que colocam sua autoridade e seus recursos à disposição da “grande meretriz” (v. Ap.17:1; ver com. do v. Ap.17:13) e por meio dos quais ela planeja colocar em prática sua ambição de exterminar o povo de Deus (ver com. dos v. Ap.17:6; Ap.17:14) e governar sobre todos “aqueles que habitam sobre a terra” (cf. v. Ap.17:8). Os “reis da terra” são seus cúmplices no crime. Com o vinho. Isto é, ao beber do vinho. Este “vinho” é a política enganosa de Satanás de unir o mundo inteiro sob seu controle, junto com as falsidades e “sinais” que ele usa para fazer seu plano avançar (cf. Ap.13:13-14; Ap.18:23; Ap.19:20). De sua devassidão. Ou, “[que é] sua prostituição”. A aliança entre o cristianismo apostatado e os poderes políticos da Terra é o meio proposto por Satanás para unir o mundo sob sua liderança. Embebedaram. Isto é, deixaram completamente embriagados. Os poderes normais da razão e do julgamento foram entorpecidos, e a percepção espiritual, amortecida (comparar com Je.51:7; 2Ts.2:9-10; Ap.13:3-4; Ap.13:7; Ap.13:18; Ap.14:8; Ap.18:3; Ap.19:20). A embriaguez dos habitantes da Terra é mencionada aqui após a referência à aliança ilícita entre Babilônia e os reis do mundo. Ao que tudo indica, Babilônia age por intermédio dos reis da terra para conquistar o controle daqueles habitantes que não se submeteram voluntariamente a ela. Tanto governantes quanto súditos são enganados. Os que habitam. Como resultado do rumo que seus líderes tomaram, os habitantes da Terra são enganados (ver com. do v. Ap.17:8) e induzidos a cooperar com a política da grande meretriz (ver com. de Ap.13:8). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.17:3 | 3. Transportou-me o anjo, em espírito, a um deserto e vi uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres. Transportou-me. Sem dúvida, a sensação de movimento tinha o propósito de ajudar João a fazer a transição mental de sua época e lugar para os da visão (cl. Ez.3:12-14; Ez.8:3; Ez.40:2-3; Ap.21:10). Em espírito. Ver com. de Ap.1:10; Ap.4:2; Ap.21:10. A ausência de artigo definido no grego enfatiza a qualidade ou a natureza da experiência. Deserto. Do gr. eremos, “lugar desolado” (ver com. de Ap.12:6). O verbo relacionado usado no v. Ap.12:16 significa “desolar”, “descartar”, “despir”, “abandonar”. O “deserto” era uma região desabitada, onde a vida só podia ser preservada em meio a dificuldades e perigos. Seria difícil obter alimento, abrigo e até mesmo água. Haveria também o risco de animais selvagens e talvez de salteadores. Por isso, alguns consideram que, no sentido figurado, como aqui, “deserto” corresponde a uma situação repleta de dificuldades e perigos, aparentemente para o povo de Deus (ver v. Ap.17:6; Ap.17:14). A ausência do artigo definido antes da palavra “deserto” no grego torna o termo claramente qualitativo e descritivo. Em outras palavras, especifica uma condição, em vez de um local em particular. Considerando que Apocalipse 17 parece tratar mais especificamente do tempo das sete últimas pragas (ver com. do v. Ap.17:1), alguns defendem que a situação desértica mencionada aqui caracteriza a experiência do povo de Deus na época. A situação é semelhante à do “deserto” do cap. Ap.12:6; Ap.12:13-16, embora não seja a mesma. Mulher. Diversas vezes no AT, os profetas representam o povo apóstata como uma mulher libertina (cf. Ez.16:15-58; Ez.23:2-21; Os.2:5; Os.3:1). Esta “mulher”, a “grande meretriz” (Ap.17:1) ou “Babilônia, a Grande” (v. Ap.17:5), é culpada do “sangue [...] de todos os que foram mortos sobre a terra” ao longo da história (Ap.18:24). A Babilônia mística consiste em uma oposição religiosa organizada contra o povo de Deus, provavelmente, desde o início dos tempos; aqui, porém, a referência é, sobretudo, ao fim das eras (ver com. de Ap.17:5). Montada. A forma verbal denota ação contínua. No v. Ap.17:1, a “grande meretriz” é representada em controle direto dos seres humanos nas esferas individual e religiosa. Aqui ela é retratada dirigindo as políticas do governo civil (ver com. do v. Ap.17:18). Sempre foi característica do cristianismo apostatado querer unir igreja e estado, a fim de consolidar o controle religioso por meio de políticas públicas (cf. vol. 4, p. 921. 922; comparar com a declaração de que o reino de Deus “não é deste mundo”, Jo.18:36). Besta. Na profecia bíblica, as bestas representam poderes políticos (Dn.7:3-7; Dn.7:17; Dn.8:3; Dn.8:5; Dn.8:20-21; Ap.12:3; Ap.13:1). A cor da besta pode sugerir que ela é a síntese do mal. Os nomes de blasfêmia que a cobrem indicam que ela faz oposição a Deus. Logo, a besta pode ser identificada com Satanás atuando por intermédio dos agentes políticos que, em todas as eras, se submeteram a seu controle. Em certos aspectos, esta besta se parece com o dragão vermelho do cap. Ap.12:3 e, em outros, com a besta semelhante ao leopardo do cap. Ap.13:1-2 (ver com. dessas passagens). O contexto revela que a segunda comparação parece mais próxima. A principal diferença entre as bestas de Apocalipse 13 e 17 é que a primeira, identificada com o papado, não faz distinção entre os aspectos religioso e político do poder papal, ao passo que, na segunda, os dois são distintos, a besta representa o poder político, e a mulher, o poder religioso. Escarlate. Cor brilhante que certamente atrairia a atenção. Em Is.1:18, escarlate é a cor do pecado (comparar com o “dragão, grande, vermelho”, de Ap.12:3). Repleta. A apostasia e a oposição a Deus são completas. Nomes de blasfêmia. Ou, “nomes blasfemos” (ver com. de Mc.2:7; Mc.7:2). Em Ap.13:1 (ver com. ali), os nomes se encontram nas sete cabeças; aqui, estão espalhados por toda a besta. Estes nomes revelam o caráter da besta; ela pretende usurpar a prerrogativa da Divindade. O fato de estar “repleta” de nomes de blasfêmia indica que ela se dedica completamente a esse objetivo (comparar com Is.14:13-14; Is.50:29; Is.50:31; Dn.7:8; Dn.7:11; Dn.7:20; Dn.7:25; Dn.11:36-37). Sete cabeças. Ver com. dos v. Ap.17:9-11 (sobre as bestas de sete cabeças na mitologia antiga, ver com. de Is.27:1). Dez chifres. Ver com. dos Ap.17:12-14; Ap.17:17. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.17:4 | 4. Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícias da sua prostituição. A mulher. Ver com. do v. Ap.17:3. De púrpura e de escarlata. Comparar com Ez.27:7; Ap.18:7; Ap.18:12; Ap.18:16-17; Ap.18:19. Estas eram as cores da realeza (ver com. de Mt.27:28), da qual esta mulher afirmava fazer parte (cf. Ap.18:7). Escarlate também pode ser considerada a cor do pecado e das prostitutas (ver com. de Ap.17:3). Esta meretriz, uma organização religiosa apóstata, é retratada em toda sua habilidade de sedução, vestida de maneira extravagante e vulgarmente adornada. Ela faz contraste gritante com a esposa do Cordeiro, a quem João viu trajada de linho finíssimo, branco e puro (ver Ap.19:7-8; cf. T1, 136: Ed, 248; ver com. de Lc.16:19). Abominações e [...] imundícias. Ou, “atos impuros, inclusive as imundícies de sua prostituição”. O ouro do cálice engana as pessoas quanto à natureza de seu conteúdo (ver com. do v. Ap.17:2). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.17:5 | 5. Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério: Babilônia, a Grande, a Mãe das Meretrizes e das Abominações da Terra . Fronte. O caráter refletido no nome “Babilônia” é uma escolha ponderada da mulher. Isto pode ser subentendido pelo fato de o nome aparecer em sua fronte (comparar com Ap.13:16). Achava-se escrito um nome. Ou melhor, “um nome permanece escrito”, isto é, foi escrito no passado e permanece lá. O nome reflete o caráter. Mistério. Esta palavra descreve o título, não parte dele; por isso, é tão apropriado o termo “Babilônia mística” (ver com. de Ap.1:20). Babilônia, a Grande. Embora, em certo sentido, a Babilônia mística possa ser considerada representante dos sistemas religiosos apóstatas ao longo da história, no Apocalipse, “Babilônia, a Grande”, designa, de maneira especial, as religiões apostatadas unidas no fim dos tempos (ver com. de Ap.14:8; Ap.16:13-14; Ap.18:24). Em Ap.17:18, a Babilônia mística é chamada de “a grande cidade” (cf. Ap.16:19; Ap.18:18). Sem dúvida, aqui, a Babilônia é denominada “grande” porque o capítulo aborda mais especificamente o grande esforço final de Satanás para garantir a lealdade da raça humana por meio da religião. “Babilônia, a Grande”, é o nome escolhido pela Inspiração para dar nome à grande união religiosa tríplice do papado, protestantismo apostatado e espiritismo (ver com. de Ap.16:13; Ap.16:18-19; cf. com. de Ap.14:8; Ap.18:2; cf. GC, 588; Dn.4:30; Zc.10:2-3; Zc.11:3-9). O termo “Babilônia” se refere às organizações em si e a seus líderes, não aos membros do movimento. Estes são chamados de “muitas águas” e “os que habitam na terra” (v. Ap.17:2; Ap.17:8). Mãe das Meretrizes. Conforme já observado, “Babilônia, a Grande,” inclui o protestantismo apostatado na época em questão. As filhas desta “mãe” representam os vários grupos religiosos que constituem o protestantismo apostatado. Abominações. Ver com. do v. Ap.17:4. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.17:6 | 6. Então, vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus; e, quando a vi, admirei-me com grande espanto. Embriagada. Ver com. do v. Ap.17:2. Literalmente, “continuando em estado de embriaguez”. No sentido geral, Babilônia pode ser considerada “embriagada” com o sangue dos mártires de todas as eras (cf. Ap.18:24), mas, em sentido mais imediato, com o dos mártires e mártires em potencial das cenas finais da história da Terra. Deus considera Babilônia responsável pelo sangue daqueles cuja morte ela decretou, mas que foi impedida de assassinar (ver GC, 628). A Babilônia se encontra completamente bêbada, devido a seu sucesso passado na perseguição dos santos (ver com. de Dn.7:25; Mt.24:21; Ap.6:9-11; Ap.18:24) e da perspectiva de logo ter a satisfação de completar a tarefa sanguinária (ver com. de Ap.16:6; Ap.17:14; cf. CC, 628). Sangue. Ver com. de Ap.16:6. Santos. Ver com. de At.9:13; Rm.1:7. E com o sangue. Ou, “isto é, com o sangue”. Testemunhas. Do gr. martures (ver com. de Ap.2:13; comparar com Is.47:6; Je.51:49; ver com. de Ap.18:24). De Jesus. O provável sentido é “que deram testemunho acerca de Jesus”, primeiro por suas palavras e, depois mediante o martírio. Foram mortos porque persistiram em testemunhar de Jesus e Sua verdade, foram leais ao nome de Cristo à custa da própria vida. Quando a vi. Não fica claro se isto se refere ao que João relata nos v. Ap.17:3-6 ou somente a sua conduta no v. 6, o clímax de sua carreira de crimes. A resposta do anjo à admiração de João (v. Ap.17:7) pode subentender a primeira opção. Admirei-me com grande espanto. Literalmente, “admirei-me com grande admiração”. O grego reflete uma expressão idiomática típica do hebraico. O anjo havia chamado João para testemunhar a sentença a ser pronunciada sobre Babilônia, a prostituta religiosa (v. Ap.17:1), e é provável que o apóstolo esperasse ver uma cena de ruína e degradação totais. Em vez disso, porém, ele contempla uma mulher trajada com vestes exuberantes e dispendiosas, bêbada e assentada em uma besta de aspecto temível. Um anjo já contara a João algo sobre essa “mulher” ímpia (ver Ap.14:8; Ap.16:18-19), mas agora ele ouve um relato mais completo e espantoso de seus crimes. Aquilo que João vê o enche de espanto absoluto, muito além do que o expresso nas outras partes de Apocalipse. Os crimes da Babilônia mística, mencionados na acusação do anjo, podem ser listados da seguinte forma (cf. com. de Ap.18:4): Sedução. Ela seduz os reis da Terra a uma união ilícita com ela, a fim de promover os próprios desígnios sinistros (ver com. do v. Ap.17:2; Ap.18:3). Opressão. Ela se assenta sobre “muitas águas”, oprimindo os povos da Terra (ver com. de Ap.17:1). Contribuição à delinquência humana. Ela embebeda todos os que habitam sobre a Terra, à exceção dos santos, com o vinho de sua política pública, levando-os a se tornar cúmplices de sua trama perversa (ver com. do v. Ap.17:2). Com sua “prostituição”, ela corrompe a Terra (Ap.19:2). Embriaguez. Ela está “embriagada com o sangue dos santos”, os quais a ofenderam ao se recusar a beber de sua porção maligna de erro e a se submeter a sua ambição de governar a Terra. Homicídio e tentativa de homicídio. Ela trama o assassinato da noiva de Cristo, a “mulher” de Ap.12 (ver com. de Ap.17:6; Ap.17:14; Ap.18:24). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.17:7 | 7. O anjo, porém, me disse: Por que te admiraste? Dir-te-ei o mistério da mulher e da besta que tem as sete cabeças e os dez chifres e que leva a mulher: O anjo [...] me disse. No grego, o pronome é enfático: “Eu mesmo direi para ti”. O restante do capítulo consiste na interpretação que o anjo faz do “mistério”, ou seja, do simbolismo da visão dos v. Ap.17:3-6. A “besta” é explicada nos v. Ap.17:8-17; a “mulher”, no v. Ap.17:18. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.17:8 | 8. a besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo e caminha para a destruição. E aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo, se admirarão, vendo a besta que era e não é, mas aparecerá. A besta que viste. Isto é, a besta do v. Ap.17:3. João não viu a besta no estado em que ela “era e não é”, mas, sim, em condição reavivada, após o período do “não é”. Todavia, o anjo relata brevemente a carreira passada dessa criatura temível identificando a besta da forma que João a vira (ver com. dos v. Ap.17:8-11). Na introdução da visão (v. Ap.17:1-2) e na visão em si (v. Ap.17:3-6), a atenção de João se dirige quase que exclusivamente para a mulher, e a besta é mencionada de forma secundária. No grego dos v. Ap.17:1-6, de acordo com o texto de Nestle, 102 palavras são dedicadas à mulher e apenas 12 à besta. Porém, na explicação (v. Ap.17:7-18), o anjo se demora muito mais na besta, com suas cabeças e chifres. No grego dos v. Ap.17:7-18, somente 36 palavras se referem à mulher, contra 243 direcionadas à besta. Essa diferença digna de nota entre a visão e a explicação pode sugerir que, embora o assunto anunciado seja a sentença divina pronunciada sobre a Babilônia mística e conquanto ela seja a personagem principal dos eventos retratados pela visão, seu breve triunfo e a queda súbita só podem ser compreendidos por meio de um estudo cuidadoso da contribuição feita pela besta, tanto para seu sucesso momentâneo quanto para a derrota final. Era e não é. Em algum momento do passado, a besta estivera em atividade, mas depois desapareceu. A expressão é repetida no final do v. 8 e, mais uma vez, no v. Ap.17:11. Alguns identificam o período em que a besta “era”, com Roma pagã, e o período em que “não é” com o breve intervalo entre o fim da perseguição pagã e o início da perseguição papal; já o período que “está para emergir” corresponderia a Roma papal. Outros creem que a época do “era” equivale ao representado pela besta e suas sete cabeças; o período do “não é” seria o intervalo entre a ferida da sétima cabeça e o reavivamento da besta como “o oitavo”; já o período que “está para emergir” corresponderia ao reavivamento da besta, quando ela se torna “o oitavo”. Os defensores do primeiro ponto de vista fazem uma correspondência entre o período em que a besta “era” com o do dragão de Ap.12, ao passo que os defensores da segunda perspectiva também incluem a besta semelhante ao leopardo do Ap.13. O tempo presente “não é” enfatiza a sequência temporal. Está para emergir. Ou, “está prestes a ascender”. O anjo continua a falar da trajetória da besta antes de ela emergir do “abismo”. Na época em que João contemplou a besta em visão, ela já havia emergido “do abismo”. Quando a expressão “era e não é” se repete ao fim do v. 8, as palavras “mas aparecerá”, preferivelmente, “está para ser”, tomam o lugar de “está para emergir do abismo”, expressão usada no início do versículo (ver abaixo no com. de “mas aparecerá”). Por isso, a besta “aparecerá” quando “emergir do abismo”. As palavras comparáveis nesta sequência tríplice se encontram no v. Ap.17:11: “é ele, o oitavo”. Logo, quando a besta emerge “do abismo” e aparece, ela existe como “o oitavo”, literalmente, “um oitavo”. No v. 8, a besta resvala para a “destruição” após emergir do “abismo” e existir como “o oitavo”, por um período não especificado. Quando a besta voltar a existir como “o oitavo”, “aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo, se admirarão vendo a besta”. Uma declaração semelhante é feita em Ap.13:3; Ap.13:8 (cf. v. Ap.13:4), que fala da atitude do mundo em relação à besta daquele capítulo, quando sua ferida mortal é curada: “toda a terra se maravilhou seguindo a besta [...] e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”. Se Ap.13 se refere ao mesmo acontecimento do cap. 17:8, conclui-se que a declaração “essa ferida mortal foi curada” (Ap.13:3) equivale à expressão “está para emergir do abismo” (Ap.17:8; Ap.20:3; Ap.20:7). De maneira semelhante, a palavra “sobreviveu” (Ap.13:14) seria correspondente às expressões “mas aparecerá” e “é ele, o oitavo” (Ap.17:8; Ap.17:11); a ferida na cabeça (Ap.13:3), a ida “para cativeiro” e a “ferida à espada” (Ap.13:10; Ap.13:14) encontrariam seu correspondente na descida da “besta” ao “abismo” (Ap.17:8); sua “morte” (Ap.13:3) equivaleria à fase em que a besta passa no “abismo”. As semelhanças destacadas aqui tendem a identificar a sétima cabeça da besta com a cabeça papal (ver com. de Ap.17:9-10). No entanto, esta similaridade não comprova a identidade (ver a relação entre as bestas de Ap.13 e Ap.17 no com. de Ap.17:3). Abismo. Do gr. abusos, termo que sugere um espaço vasto, impossível de se medir (ver com. de Mc.5:10; Ap.9:1). Na LXX, costuma se referir às profundezas do mar ou a águas subterrâneas. No Sl.71:20 e em Rm.10:7, a LXX emprega o termo para aludir ao submundo, ou ao local dos mortos, chamado de Hades (ver com. de Mt.11:23; cf. com. de 2Sm.12:23; Pv.15:11; Is.14:9). A descida ao “abismo” seria um termo adequado para representar a morte da besta que parece ter sido ferida. Destruição. Do gr. apoleia, “destruição completa”, “aniquilação” (ver com. de Jo.17:12). Isto indica o fim definitivo da besta (cf. Ap.17:11; ver com. de Ap.19:20; Ap.20:10). Aqueles que habitam. Isto é, aqueles sobre os quais a “meretriz” se assentou (v. Ap.17:1) e que “se embebedaram” “com o vinho de sua devassidão” (v. Ap.17:2; comparar com Ap.13:3-4; Ap.13:7-8; Ap.13:12; Ap.13:14; ver com. de Ap.17:1-2). Não foram escritos. Isto é, não se encontram listados entre aqueles que Deus aceita como candidatos a Seu reino. Livro da Vida. Ver com. de Fp.4:3. Desde a fundação. Pode-se compreender que o grego subentende que a escrita dos nomes que aparecem no livro da vida já foi realizada “desde a fundação do mundo” ou simplesmente que o livro existe desde essa época. Aqui, é pretendido o segundo significado (comparar com Ap.13:8). Aqueles [...] se admirarão. Do gr. thaumazo, “ficar deslumbrado”, “maravilhar-se” (ver com. do v. Ap.17:6). Os habitantes da terra se surpreendem ao contemplar a besta, que eles tinham visto descer para o “abismo” (v. 8), voltar e retomar suas atividades anteriores. Eles se admiram primeiramente e depois a adoram (ver Ap.13:3-4; Ap.13:8; Ap.13:12; Ap.13:14), isto é, concedem apoio voluntário à besta, ao empreender suas artimanhas blasfemas (ver a relação entre a besta dos capítulos Ap.13 e Ap.17, no com. de Ap.17:3). Mas aparecerá. Evidências textuais (cf. p. xvi) favorecem a variante “está para ser” ou “está para vir”. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.17:9 | 9. Aqui está o sentido, que tem sabedoria: as sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada. São também sete reis, Aqui está o sentido, que tem sabedoria. Comparar com Ap.13:18. O anjo inicia aqui sua explicação sobre a “besta que era e não é, mas aparecerá” do v. Ap.17:8. Aquilo que João vira era um “mistério” (cf. v. Ap.17:7; ver com. do v. Ap.17:5), no sentido de que a realidade fora oculta em linguagem simbólica, e seria necessária “sabedoria” para entender conceitos figurados expressos em termos literais. Embora seja provável que esta declaração do anjo se refira, de maneira mais específica, ao enigma do v. Ap.17:8 e, por isso, à explicação dos v. 9 e 10, também se aplica à visão inteira e à explicação dos v. Ap.17:10-18 como um todo. Sete cabeças. Ao que tudo indica, elas representam os sete principais poderes políticos por meio dos quais Satanás tentou destruir o povo e a obra de Deus na Terra (ver com. dos v. Ap.17:2-3; Ap.17:6; Ap.17:10). Não fica claro se estas sete cabeças devem ser identificadas com sete nações especificas da história, uma vez que, no Apocalipse, o número “sete” costuma ter valor simbólico, em vez de literal (ver com. de Ap.1:11). Por isso, alguns entendem que as sete cabeças representam toda a oposição política ao povo e à causa de Deus na Terra ao longo da história, sem especificar sete nações distintas. Outros presumem que os poderes representados pelas sete cabeças devem ser as sete nações específicas já mencionadas nas várias profecias de Daniel e Apocalipse. Identificam as quatro primeiras cabeças com os quatro grandes impérios mundiais de Dn.2 e Dn.7; a quinta com o chifre pequeno de Dn.7-8 e com a besta semelhante ao leopardo de Ap.13; a sexta com o poder representado em Ap.11:7; e a sétima, com a besta de dois chifres de Ap.13:11. De acordo com esse padrão interpretativo, os poderes representados pelas cinco primeiras cabeças seriam Babilônia, Pérsia, Grécia, o império romano e o papado. A sexta e a sétima cabeça corresponderiam à França revolucionária e aos Estados Unidos, ou os Estados Unidos mais uma organização mundial, ou os Estados Unidos e o papado restaurado. Outros ainda consideram que as sete cabeças representam os principais poderes perseguidores desde que Deus escolheu um povo e organizou Sua obra na Terra. Por isso, especificam que são Egito, Assíria, Babilônia, Pérsia, Grécia, o império romano e o papado. Aqueles que seguem este padrão interpretativo chamam a atenção para o papel importante desempenhado pelo Egito e pela Assíria em relação a Israel tanto na história quanto nas profecias do AT. Eles também apontam para as circunstâncias a seguir, quando cada um desses sete poderes tentou aniquilar o povo de Deus, ou subjugá-lo, ou suprimir seu caráter religioso distintivo: (1) Egito, no mar Vermelho (Ex.14:9-30); (2) Assíria, sob a liderança de Senaqueribe (Is.8:4-8; Is.36:1-15; Is.37:3-37); (3) Babilônia, durante o cativeiro (Je.39:9-10; Je.52:13-15); (4) Pérsia, sob a influência de Hamã (Et.3:8-9; Et.7:4; Et.9:1-6); (5) Grécia, sob o comando de Antíoco Epifânio (1 Macabeus 1:20-64; 3:42; 4:14, 36-54); (6) Roma, nas perseguições a judeus e cristãos (Dn.8:9-12; Dn.8:24-25; Mt.24:15; Mt.24:21; Lc.21:20-24; Ap.2:10; Ap.2:13); e (7) o papado ao longo de sua história (Dn.7:21; Dn.7:25; Dn.8:24; Dn.11:33; Dn.11:35). Considerando que não foi revelado se as sete cabeças representam sete nações em particular, nem em que período da história elas devem ser encontradas, este Comentário considera insuficientes as evidências para fazer uma identificação final das mesmas. Apocalipse 17 trata da besta durante o período em que ela “aparecerá”, quando for “o oitavo” (ver com. dos v. Ap.17:8; Ap.17:11) e, felizmente, a interpretação da mensagem básica do capítulo não depende da identificação das sete cabeças. Montes. Símbolo profético frequente, que designa poderes religiosos ou político-religiosos (ver Is.2:2-3; Je.17:3; Je.31:23; Je.51:23-25; Ez.17:22-23). Este símbolo também pode ser uma alusão à cidade de Roma com suas sete colinas. Com frequência, os escritores clássicos se referiam a Roma como a Cidade das Sete Colinas. Nos primeiros séculos d.C., os cristãos tinham o costume de se referir a Roma como “Babilônia” (ver com. de 1Pe.5:13; Ap.14:8), provavelmente para evitar serem considerados subversivos ao falarem e escreverem sobre as atividades romanas contrárias aos cristãos e sobre os juízos iminentes de Deus sobre o império. Considerando a relação histórica da Babilônia antiga com o povo de Deus dos tempos do AT, o título “Babilônia” aplicado a Roma em suas relações com o cristianismo era particularmente apropriado. A mulher está sentada. Aqui, o anjo diz que a “mulher” estava sentada nas sete “cabeças”, ao passo que, no v. Ap.17:3, ela é mencionada assentando-se simplesmente na “besta” (ver com. ali). Logo, tudo indica que sentar-se nas sete cabeças é o mesmo que se assentar na besta. Portanto, não há distinção acentuada entre a besta e suas cabeças. É provável que não haja a intenção de estabelecer uma distinção. São também sete reis. Ou, “e sete reis eles são”. Esses “reis” não são um acréscimo às “cabeças” e aos “montes”; em vez disso, presume-se que é possível identificá-los com tais elementos. Não fica claro, porém, se há alguma distinção entre os “reis” e os “montes”. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.17:10 | 10. dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco. Caíram cinco. Não é especificado o momento em que cinco das cabeças “caíram”, uma “existe” e a outra “não chegou”. De modo geral, os estudiosos adventistas defendem um dos três pontos de vista diferentes a seguir acerca do momento referido nesta passagem: (1) segundo o padrão interpretativo que considera as sete cabeças representantes de todos os poderes que se opõem ao povo e à obra de Deus na Terra, independentemente do número, esta declaração significa apenas que a maioria dos poderes havia se extinguido da história; (2) aqueles que interpretam as cinco primeiras cabeças como Babilônia, Pérsia, Grécia, Roma e o papado entendem que elas já haviam caído quando a ferida mortal foi finalmente aplicada à cabeça papal da besta em 1798 (ver com. de Ap.13:3-4); e (3) os defensores de que as cinco primeiras cabeças são o Egito, a Assíria, Babilônia, Pérsia e Grécia interpretam que o momento indicado pelo v. 10 é a época de João, quando a visão foi dada (ver com. do v. Ap.17:9). Um existe. De acordo com o segundo ponto de vista, a França ou os Estados Unidos, após 1798; de acordo com o terceiro, o império romano nos dias de João (ver com. acima sobre “caíram cinco”). O outro. Segundo o primeiro ponto de vista, a minoria dos poderes políticos que ainda desempenharia seu papel; de acordo com o segundo, os Estados Unidos ou alguma organização mundial como as Nações Unidas; conforme o terceiro, o papado (ver com. sobre “caíram cinco”). É possível observar que, se os eventos preditos em Ap.17 forem parcialmente idênticos aos do cap. Ap.13 (ver com. de Ap.17:3; Ap.17:8), conclui-se que a cabeça papal corresponde à chamada aqui de “o outro”. Pouco. Do gr. oligos, termo usado 34 vezes no NT com o sentido de “pouco”, “pequeno”, para especificar quantidade, e 8 vezes com o sentido de “curto”, para especificar tempo (ver com. de Ap.12:12). A frase pode ser traduzida por: “É necessário que ele permaneça um pouco”, ou “É necessário que ele continue brevemente”, no sentido de um “período limitado”, em contraste com um prazo ilimitado. Em Ap.12:12, oligos se refere ao “pouco tempo” destinado a Satanás após sua derrota na cruz (cf. DTN, 758, 761; GC, 503). É possível que, nesta passagem, o anjo dê a João a garantia de que Satanás e o poder (ou os poderes) representado pela sétima cabeça nunca alcançarão totalmente seus objetivos. Ou que seu direito de posse foi estritamente limitado. Alguns interpretam oligos de maneira literal nesta passagem, como indicativo de um curto período de tempo. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.17:11 | 11. E a besta, que era e não é, também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete, e caminha para a destruição. A besta, que era. Ver com. do v. Ap.17:8. É ele, o oitavo. Literalmente, “também ele mesmo é um oitavo”. Esta é a besta em seu estado reavivado, no período em que “aparecerá”, depois de emergir do “abismo” (ver com. dos v. Ap.17:8; Ap.17:10). Alguns consideram que o oitavo poder corresponde somente ao papado; outros sugerem que representa Satanás. Aqueles que adotam o segundo ponto de vista destacam que, na época mencionada aqui, Satanás tentará personificar Cristo (ver com. de 2Ts.2:8). Dos sete. Parece que a besta em si, “o oitavo”, é a mesma à qual foram anexadas sete cabeças (cf. Ap.13:11-12). A ausência do artigo definido antes da palavra “oitavo” sugere que a besta era a verdadeira autoridade por trás das sete cabeças. Portanto, ela é mais do que apenas mais uma cabeça, a oitava de uma série. É a síntese e o clímax delas, a própria besta. No grego, assim como na língua portuguesa, a palavra para “oitavo” está no masculino; portanto, não pode se referir a uma cabeça, palavra do gênero feminino. Destruição. Ver com. do v. Ap.17:8. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.17:12 | 12. Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam reino, mas recebem autoridade como reis, com a besta, durante uma hora. Dez chifres. Comparar com Dn.7:24; Ap.12:3; Ap.13:1; ver com. de Dn.7:7; Ap.12:3. Ainda não receberam reino. Alguns defendem que o número “dez” especifica dez reis ou nações em particular. Outros interpretam “dez” como um número arredondado, referindo-se, portanto, a todos os poderes da categoria chamada de “chifres”, independentemente do total aritmético preciso. Tal uso é comum em outras partes das Escrituras (ver com. de Ap.12:3). Alguns acreditam que os dez chifres representam os mesmos dez poderes especificados em Daniel e, anteriormente, no Apocalipse. Outros, baseados no fato de que estes dez “recebem autoridade como reis, com a besta, durante uma hora”, consideram que eles não podem, por esse motivo, ser identificados com as várias nações que surgiram com o esfacelamento do império romano. Hora. Do gr. hora, “estação”, “dia” (em contraste com o período da noite), “um dia”, “uma hora [um doze avos das horas do dia]” e um ponto específico de “tempo”. Em Mt.14:15, hora é traduzido por “hora”, no sentido de horas do dia (ver também Mt.18:1; Jo.16:2; Jo.16:4; Jo.16:25; 1Jo.2:18; Ap.14:15; Mc.6:35; Lc.2:38; Rm.13:11). Hora também é traduzida como “tempo” (2Co.7:8; 1Ts.2:17), “temporariamente” (Fm.1:15) e “tarde” (Mc.11:11). Com certeza, o significado de hora, em qualquer situação específica, deve ser determinado pelo contexto. Alguns interpretam a “uma hora” de Apocalipse 17:12 como tempo profético, que representaria um período de cerca de duas semanas. Todavia, o contexto parece sugerir algo diferente. Concorda-se, de modo geral, que Ap.18 apresenta uma explicação mais detalhada dos acontecimentos descritos no cap. Ap.17:12-17. Mas o período chamado de “um só dia” em Ap.18:8 também é denominado “uma só hora” no cap. Ap.18:10; Ap.18:17; Ap.18:19. Fica clara a referência a um breve período, sem especificar sua duração exata. Por isso, parece preferível interpretar a expressão “uma hora” (Ap.17:12) com o mesmo sentido, indicando um período breve, mas não especificado. Nem sempre os períodos mencionados em passagens proféticas das Escrituras designam aquilo que se costuma conhecer como tempo profético. Por exemplo, os sete anos de fome preditos por José foram anos literais (Gn.41:25-31), assim como os quarenta anos de peregrinação dos israelitas (Nm.14:34). O mesmo se pode dizer dos quatrocentos anos (Gn.15:18), dos setenta anos (Je.25:12; Je.20:10) e dos mil anos (Ap.20:4). A breve “hora” (Ap.17:12) testemunha o clímax do plano satânico para a unificação do mundo por meio de um pacto entre as organizações religiosas apóstatas da Terra, representadas pela mulher, e os poderes políticos do mundo, simbolizados pela besta (ver com. de Ap.16:13-14; Ap.17:3). Parece que foi durante esta breve “hora” que João viu a “mulher” montada na “besta”, no apogeu de sua carreira, e “embriagada” com o sangue dos santos e das testemunhas de Jesus (v. Ap.17:3-6). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.17:13 | 13. Têm estes um só pensamento e oferecem à besta o poder e a autoridade que possuem. Pensamento. Do gr. gnome, “opinião”, “intenção”, “propósito”, “resolução”, “decreto”. No v. Ap.17:17, gnome aparece mais uma vez traduzido por “pensamento”. A “mente” das nações da Terra é o total oposto da de Deus. Representadas pelos dez chifres, elas têm o propósito de se unir à “besta” (ver com. do v. Ap.17:3) para forçar os habitantes da Terra a beber do “vinho” de Babilônia (ver com. do v. Ap.17:2), ou seja, unir o mundo sob seu controle e eliminar todos aqueles que se recusarem a cooperar (ver com. do v. Ap.17:14; ver também PE, 34, 36, 282; GC, 615, 624, 626; PR, 512, 587; T5, 213; comparar com Ap.16:12-16). Oferecem. Literalmente, “isto é, eles darão”. Poder. Do gr. dunamis “capacidade [potencial]”, significando a habilidade de cumprir uma resolução. É por meio dos dez chifres que a besta se propõe a alcançar seu objetivo. Autoridade. Do gr. exousia, “autoridade” (ver com. de Mc.2:10; Rm.13:1). A declaração diz, literalmente: “Estes têm um propósito, a saber, darão sua capacidade e autoridade à besta”. O consentimento unânime de todas as nações é obtido mediante a ação dos três “espíritos” malignos (ver com. de Ap.16:13-14). Quando a porta da graça se fechar, Deus permitirá uma união político-religiosa mundial, cujo objetivo é aniquilar Seu povo. Tal plano foi contido por Ele desde os dias de Babel (ver com. de Gn.11:4-8; Dn.2:43; Ap.14:8), mas agora Ele retira Sua mão refreadora (Ap.17:17; cf. com. de 2Cr.18:18). “Haverá um elo universal, grande harmonia, uma confederação das forças de Satanás [...]. Na batalha a ser travada nos últimos dias, unir-se-ão, em oposição ao povo de Deus, todos os poderes corruptos que apostataram da lealdade à lei de Yahweh” (ver Ellen G. White, Material Suplementar sobre Ap.17:13-14). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.17:14 | 14. Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele. Pelejarão. Com o mundo unido (ver com. de Ap.16:12-16; Ap.17:13) sob a liderança da “besta” (v. Ap.17:3; Ap.17:8; Ap.17:11), o palco final da longa guerra contra Cristo e Seu povo começa a fervilhar de ação. Esta cena do conflito, chamada de “peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso” (Ap.16:14), é retratada em maiores detalhes no cap. Ap.19:11-21 (ver com. ali). Durante a sexta praga, são feitos preparativos para a batalha (ver com. de Ap.16:12-16), que é travada na sétima. O Cordeiro. Ver com. de Ap.5:6. Os vencerá. O fiel povo de Deus, que sofreu tanto nas mãos de seus inimigos (ver Ap.16:9-11; Ap.12:13-17; Ap.13:7; Ap.13:15), é livrado quando Aquele que é “o Senhor dos senhores e o Rei dos reis” lançar mão de Seu braço forte e vir defender sua causa (ver com. de Ap.11:15; Ap.11:17; Ap.18:20; Ap.19:2; Ap.19:11-21). Cristo intervém no momento em que as forças do mal lançam seu ataque contra os santos, no início da sétima praga (ver GC, 635, 636; ver com. de Ap.16:17). Senhor dos senhores. O título “o Senhor dos senhores e o Rei dos reis” é usado nas Escrituras para se referir a Cristo quando Ele volta à Terra para vencer as hostes do mal e livrar Seu povo fiel (ver 1Tm.6:15; Ap.19:16; Mt.25:31; Ap.1:5; Ap.17:14; GC, 427, 428, 614, 614). Chamados. Literalmente, “convidados”, isto é, no NT, para obter a salvação eterna (ver com. de Mt.22:3; Mt.22:14). Eleitos. Ou, “selecionados”. Nem todos os “chamados” se qualificam para ser “eleitos” (ver distinção entre “chamados” e “eleitos” no com. de Mt.22:14; cf. com. de Jo.1:12). Fiéis. Ou, “dignos de confiança”, “confiáveis”. Os “eleitos” devem permanecer “fiéis” “até a morte” (Ap.2:10), se necessário, a fim de ser contados “com ele”, isto é, com Cristo. O acréscimo da palavra “fiéis” subentende que não é suficiente ser “chamado” e “eleito”. Em outras palavras, aqueles que entram na experiência da graça mediante a fé em Cristo devem permanecer na graça para se qualificarem para entrar no reino da glória (ver com. de Jo.3:18-20; Ef.1:4-5; cf. com. de 1Co.3:15; cf. Ez.3:20; Ez.18:24; Ez.33:12). Com. Do gr. meta (ver com. do v. Ap.17:1). Aqui significa “na companhia de”. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.17:15 | 15. Falou-me ainda: As águas que viste, onde a meretriz está assentada, são povos, multidões, nações e línguas. Falou-me ainda. Ver com. de Ap.17:1. Águas. Ver com. do v. Ap.17:1 (comparar com Is.8:7; Dn.7:2). Está assentada. Mais uma vez aqui, o anjo se refere ao que João viu nos v. Ap.17:3-6, dentro do período temporal especificado nos v. Ap.17:11-13 (ver com. da passagem). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.17:16 | 16. Os dez chifres que viste e a besta, esses odiarão a meretriz, e a farão devastada e despojada, e lhe comerão as carnes, e a consumirão no fogo. Os dez chifres. Ver com. do v. Ap.17:12. E a besta. Evidências textuais (cf. p. xvi) comprovam esta variante. Os chifres e a besta participam da execução da sentença divina contra Babilônia (sobre a identidade da besta, ver com. do v. Ap.17:3). Odiarão. Isto representa uma mudança de atitude por parte da “besta” e dos “chifres”. Alguns aplicam esta atitude dos dez chifres à atitude de algumas nações da Europa ocidental em relação ao papado desde a Reforma; outros consideram que o cumprimento desta predição ainda é futuro. Até aqui, os chifres haviam apoiado as políticas defendidas pela mulher (ver com. dos v. Ap.17:3; Ap.17:9; Ap.17:13), em especial a trama para matar os santos (ver com. do v. Ap.17:14). Entretanto, quando Cristo os vence (v. Ap.17:14), eles se voltam contra ela, reconhecendo que os enganou (ver com. do v. Ap.17:2; ver GC, 654-656). A meretriz. Ver com. do v. Ap.17:1. Devastada. Do gr. eremoo, “desolar”, “descartar” (ver com. do v. Ap.17:3). A forma da palavra no grego sugere que a “meretriz” permanecerá “devastada” para sempre (ver com. de Ap.18:21-23). Despojada. Isto é, despida de suas vestes ostentosas (v. Ap.17:3-4) e, assim, deixada em situação de embaraço e vergonha (ver GC, 655, 656; cf. Ez.23:29; Ap.16:15). Carnes. Literalmente, “pedaços de carne”, que salienta a ação de devorar e a abrangência do ato. Assim como o animal carnívoro lacera e despedaça a vítima no processo de devorá-la, “a meretriz” será destruída violentamente, sem a menor piedade, pelos mesmos poderes que tão pouco tempo antes a apoiavam. A consumirão no fogo. Literalmente, “a queimarão completamente” (comparar com Ap.18:8, que diz: “será consumida no fogo”). Uma mulher figurada, obviamente, é queimada de maneira figurada (ver com. de Ap.18:8-9; cf. Ez.28:17-19). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.17:17 | 17. Porque em seu coração incutiu Deus que realizem o seu pensamento, o executem à uma e deem à besta o reino que possuem, até que se cumpram as palavras de Deus. Coração. Ou, “mente”. Incutiu Deus. Os “dez chifres” e a “besta” (ver com. do v. Ap.17:16) recebem autorização de Deus para executar o “julgamento” ou a sentença divina contra Babilônia (ver com. do v. Ap.17:1; cf. com. de 1Sm.16:14; 2Cr.18:18; 2Ts.2:11). Por isso, os v. 16 e 17 constituem o clímax do capítulo, apresentando “o julgamento da [ou ‘a sentença sobre’] grande meretriz”, o assunto anunciado pelo anjo no v. Ap.17:1. Todo o restante consiste em preparativos ou explicações para este relato do destino de “Babilônia, a Grande”. Os v. Ap.17:2-6 listam seus crimes (ver com. do v. Ap.17:6) e explicam o motivo da sentença pronunciada sobre ela, ao passo que os v. 8 a 18 mostram o meio, ou como, a sentença será executada (ver com. do v. Ap.17:1). Babilônia receberá o cumprimento do veredito durante a sétima praga (ver Ap.16:19; cf. com. de Ap.16:19; Ap.18:5; Ap.18:21; Ap.19:2). Realizem o seu pensamento. Isto é, executem o “propósito” ou “decreto” (ver com. do v. Ap.17:13) do veredito celestial contra a “grande meretriz” (ver com. do v. Ap.16:19; Ap.17:1). Executem. Ver com. do v. Ap.17:13. Deem [...] o reino. Ver com. do v. Ap.17:13. Cumpram. Isto é, até a sentença ser plenamente executada. A união das organizações religiosas apóstatas (ver com. de Ap.16:13), junto com seus líderes, é a primeira a cair (cf. GC, 656), quando o lado político da coalizão político-religiosa universal (ver com. de Ap.16:13; Ap.17:2) se torna um instrumento nas mãos de Deus para executar a sentença contra o lado religioso da união (cf. Is.10:5; Is.13:4-9; Is.14:44; Is.14:6; Is.28:17-22; Is.47:11-15; Je.25:14; Je.25:34-48; Je.50:9-15; Je.50:29-31; Je.51:49; Ez.26:3; Dn.11:45; Zc.11:10; ver com. de Ap.19:2). Palavras de Deus. Isto é, Sua “vontade” expressa na sentença contra a Babilônia mística (ver Ap.16:17; Ap.16:19; Ap.17:1). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.17:18 | 18. A mulher que viste é a grande cidade que domina sobre os reis da terra. A mulher. Ver com. do v. Ap.17:3. A grande cidade. Babilônia literal foi a “grande cidade” dos tempos antigos (ver Nota Adicional a Daniel 4; Dn.4:37). Desde os dias de Babel, a cidade de Babilônia representa uma oposição organizada aos propósitos de Deus na Terra (ver com. de Gn.11:4-6; Ap.14:8). As cidades correspondem a uma associação extremamente integrada e organizada de seres humanos. Logo, é bem apropriado que “Babilônia, a Grande” seja um símbolo profético de uma organização religiosa apóstata universal e bem ordenada. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:1 | 1. Depois destas coisas, vi descer do céu outro anjo, que tinha grande autoridade, e a terra se iluminou com a sua glória. Depois destas coisas. Esta expressão se refere à sequência em que Apocalipse 17 e 18 foram revelados a João, não necessariamente à sequência dos acontecimentos registrados nesses capítulos. João não afirma que os eventos do cap. 18 ocorrem depois de todos os mencionados no cap. 17 (ver com. de Ap.4:1). Do céu. O anjo é representado descendo da presença de Deus em missão especial. É durante o processo de descida que João o vê. Outro anjo. Isto é, um anjo diferente do apresentado no cap. 17. Este anjo se une ao terceiro anjo de Ap.14:9-11 na proclamação da mensagem final de Deus ao mundo (PE, 277) e suas palavras são uma repetição das que proferiu o segundo anjo de Ap.14:8 (GC, 603). Autoridade. Do gr. exousia, “autoridade” (ver com. de Ap.17:13). Este anjo vem da sala do trono do universo, comissionado a proclamar a última mensagem de misericórdia divina e a advertir os habitantes da Terra do destino iminente de “Babilônia, a Grande”. E a terra se iluminou. Apesar dos esforços satânicos de envolver a Terra em escuridão, Deus a inflama com a luz gloriosa da verdade salvadora (ver com. de Jo.1:4-5; Jo.1:9). Glória. Do gr. doxa (ver com. de Jo.1:14; Rm.3:23). É possível conceber a “glória” como uma representação do caráter de Deus (cf. Ex.33:18-19; Ex.34:6-7). Neste caso, refere-se, de maneira especial, a seu caráter revelado no plano da salvação. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:2 | 2. Então, exclamou com potente voz, dizendo: Caiu! Caiu a grande Babilônia e se tornou morada de demônios, covil de toda espécie de espírito imundo e esconderijo de todo gênero de ave imunda e detestável, Exclamou com potente voz. Para que todos possam ouvir. A mensagem de Apocalipse 18 deve ser proclamada durante o período do alto clamor do terceiro anjo (GC, 603, 604, 614, 615, 653) e, por isso, merece o mais cuidadoso estudo. Caiu! Ver com. de Ap.14:8. Sua queda espiritual está prestes a ser demonstrada e confirmada; ela será punida (comparar com Is.13:21-22; Is.21:9; Je.51:8). A grande Babilônia. Ver com. de Ap.14:8; Ap.17:5. Demônios. Ver com. de Mc.1:23. “Babilônia, a Grande” se encontra totalmente possuída por demônios (ver com. de Ap.17:5-6; Ap.17:14; cf. com. de Mt.12:43-45). Talvez, em sentido especial, a referência seja ao espiritismo moderno (ver com. de Ap.13:13-14; cf. PE, 273, 274; GC, 558, 588, 624). Espírito imundo. Ver com. de Mc.1:23. Ave imunda e detestável. Uma metáfora visual após a outra é acrescentada para conferir intensidade à descrição da total perversão e apostasia de Babilônia. Em gênero literário, Apocalipse 18 reflete a estrutura das poesias hebraicas antigas (ver vol. 3, p. 8). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:3 | 3. pois todas as nações têm bebido do vinho do furor da sua prostituição. Com ela se prostituíram os reis da terra. Também os mercadores da terra se enriqueceram à custa da sua luxúria. Todas as nações. Ver com. de Ap.17:2. Vinho do furor. Ver com. de Ap.14:8. Prostituíram. Ver com. de Ap.17:2. Reis da terra. Ver com. de Ap.16:14; Ap.17:2; Ap.17:10; Ap.17:12. Mercadores. Do gr. emporoi, literalmente, “aqueles em jornada”, “viajantes”, “mercadores”. A linguagem extremamente figurada de Apocalipse 18 não dá certeza se esses “mercadores” são literais ou figurados. Ambas as opções são possíveis. Se o sentido for figurado, os “mercadores” representam aqueles que defendem os ensinos e as políticas de “Babilônia, a Grande” (cf. Is.47:11-15), os bens que ela tem para exibir e vender aos habitantes do mundo, a fim de enganá-los (ver com. de Ap.18:11). Enriqueceram. Do gr. dunamis, “poder”. Aqui é provável que tenha o sentido de “influência” (comparar com Ap.5:12). Luxúria. Do gr. strenos, “devassidão”, “luxúria ociosa” (ver com. do v. Ap.18:7). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:4 | 4. Ouvi outra voz do céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos; Outra voz. Isto é, como o grego subentende, outra voz angelical. Retirai-vos dela. Parece que até bem perto do fim dos tempos, alguns, talvez muitos, do povo de Deus ainda não terão ouvido o chamado para sair da Babilônia mística (comparar com o chamado do Senhor a Seu povo nos tempos antigos para sair da Babilônia literal, Is.48:20; Je.50:8; Je.51:6; Je.51:45). Assim como o povo de Deus se retirou da Babilônia literal a fim de voltar para Jerusalém, Seu povo dos dias de hoje é chamado a sair da Babilônia mística, para ser considerado digno de entrar na Nova Jerusalém. Presume-se que todos aqueles que verdadeiramente fazem parte de Seu povo ouvirão a voz divina e atenderão Seu chamado (ver com. de Mt.7:21-27; Jo.10:4-5). Esta “voz” repete o convite do segundo anjo de Ap.14:8 (ver GC, 390, 603; PE, 277). As razões imediatas para esse chamado imperativo são citadas na última parte do versículo. Cúmplices. Esta é a primeira das duas razões apresentadas para a retirada imediata da Babilônia mística. Os cúmplices dos pecados de Babilônia certamente tem uma parcela de responsabilidade por eles (cf. Je.51:6). Seus pecados. De maneira geral, todos os pecados que ela leva os seres humanos a cometer. De modo mais específico, porém, os pecados mencionados em Ap.17:2-6 (ver com. do v. Ap.17:6). No cap. 18, Babilônia é colocada diante do juízo divino por cinco motivos: (1) orgulho e arrogância, (2) materialismo e luxúria, (3) adultério, (4) engano e (5) perseguição (ver v. Ap.18:2-3; Ap.18:5; Ap.18:7; Ap.18:23-24). Seus flagelos. Isto é, os castigos que ela receberia em cumprimento ao “julgamento” ou à sentença de Ap.17:1 (ver com. de Ap.16:19; Ap.17:1; Ap.17:17). A natureza destes “flagelos” é explicada (ver Ap.16:19; Ap.17:16; Ap.18:8; Ap.18:21). A maior parte do cap. 18 consiste de uma descrição vívida, mas figurada desses “flagelos”. Ao passo que os cinco primeiros dos sete flagelos são derramados principalmente sobre aqueles que colaboram com Babilônia, os reis e os que habitam na terra (Ap.17:1-2; Ap.17:8; Ap.17:12), o castigo de Babilônia, a união das organizações religiosas apóstatas da Terra, ocorre durante a sétima praga (ver com. de Ap.16:19; Ap.17:1; Ap.17:5; Ap.17:16). O sexto flagelo prepara o caminho para essa punição. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:5 | 5. porque os seus pecados se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou dos atos iníquos que ela praticou. Seus pecados. Ver com. de Ap.18:4; cf. Je.50:14. Acumularam. Do gr. kollao, literalmente, “colar”, “amarrar firmemente”. Os pecados de Babilônia são retratados como uma massa montanhosa que cresce compacta e unida. Até ao céu. À medida que o monte figurado chega ao céu, a carreira criminosa de “Babilônia, a Grande” (ver com. de Ap.17:6) cresce diante de Deus, clamando por retribuição (Ap.16:19; cf. Gn.11:4-5; Gn.18:20-21; Ed.9:6; Je. 51:9; Dn.5:26-27; Jn.1:2). Talvez a alusão aqui seja à torre de Babel (Gn.11:4). Deus Se lembrou. A longanimidade divina está prestes a findar, e Seu juízo sobre a Babilônia mística logo será executado (ver com. de Ap.16:19). Quando aplicada a Deus, a palavra “lembrou” costuma significar que Ele está prestes a dar aos seres humanos a retribuição por um curso de ação específico, seja ele bom ou mau (ver Gn.8:1; Ex.22:4; SI.105:53). Atos iníquos. Ou seja, seus atos de maldade e suas consequências. De maneira especial, os crimes específicos de que foi acusada em Apocalipse 17 e 18 (ver com. de Ap.17:6; Ap.18:6-7). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:6 | 6. Dai-lhe em retribuição como também ela retribuiu, pagai-lhe em dobro segundo as suas obras e, no cálice em que ela misturou bebidas, misturai dobrado para ela. Dai-lhe em retribuição. Literalmente, “dai-lhe até o limite”. A meretriz, ou seja, a organização apóstata chamada de “Babilônia, a Grande” (ver com. de Ap.14:8; Ap.17:5) pagará plenamente por seus atos de maldade. Em justiça absoluta, o Céu não retém nada do pagamento devido. A retribuição dispensada a Babilônia é brevemente descrita em Ap.17:16-17, e em maiores detalhes no cap. 18 (comparar com Je.51:6). Como também ela retribuiu. Literalmente, “de acordo com seus atos”. Sua recompensa será na medida. O castigo será equivalente ao crime, ou seja, apropriado para ele (comparar com Is.47:3; Je.50:15; Je.50:29; Je.51:24). Pagai-lhe em dobro. Literalmente, “dobrai a ela o dobro” (cf. Is.40:2; Je.16:18; Je.17:18). As suas obras. Sua maneira de tratar os outros será a norma ou o padrão usado por Deus para lidar com ela. Cálice. Ver com. de Ap.14:10; Ap.17:4. Misturou. No mesmo cálice em que ela havia misturado uma porção perversa para os outros beberem. Deus faz agora uma mistura terrível e a obriga a beber (Ap.14:8; Ap.17:4; Je.50:15; Je.50:29). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:7 | 7. O quanto a si mesma se glorificou e viveu em luxúria, dai-lhe em igual medida tormento e pranto, porque diz consigo mesma: Estou sentada como rainha. Viúva, não sou. Pranto, nunca hei de ver! O quanto. O castigo será equivalente ao crime, medida por medida. Seu sofrimento e lamento serão proporcionais à antiga vanglória e dissipação. A si mesma se glorificou. A primeira parte do v. Ap.18:7 diz literalmente: “tantas coisas a glorificaram e a tornaram devassa”. Foram muitos os elementos que contribuíram para seu orgulho e sua devassidão. A autoconfiança arrogante a tornou confiante do sucesso final em sua trama para eliminar o povo remanescente de Deus e reinar com supremacia sobre a Terra. Ela sente orgulho de sua riqueza, popularidade e poder (comparar com Is.47:6-10; Ez.28:2; Ez.28:4-5; Ez.28:16). Tormento. Ver com. de Ap.17:16; Ap.18:4. Pranto. Ou, “luto”, em resultado dos “flagelos” que a atormentam (comparar com o lamento dos “reis” e “mercadores”, nos v. Ap.18:9; Ap.18:11). Diz consigo mesma. Ou, “está dizendo em sua mente”, isto é, quando o anjo do v. Ap.18:4 dá sua mensagem de advertência, antes do fechamento da porta da graça e depois, durante a sexta praga (ver com. de Ap.17:1). Arrogância desmedida inspirou confiança plena em sua estratégia maligna para governar o mundo. A tentativa de enganar os outros resultou num absoluto autoengano. Além de embebedar os outros, ela mesma se encontra embriagada (ver com. de Ap.17:2; Ap.17:6). Estou sentada como rainha. Observe o tempo presente (ver acima no com. sobre “diz consigo mesma”). A igreja verdadeira é representada nas Escrituras como uma “virgem pura” (ver com. de 2Co.11:2), a noiva de Cristo (ver com. de Ef.5:23-32; Ap.12:1; Ap.19:7-8). A grande meretriz personifica a noiva de Cristo perante os habitantes da Terra, sobre quem ela afirma ter domínio no nome dEle. Mas ela é uma rainha falsa (cf. Is.47:6-10). É uma prostituta que nunca teve marido de verdade, mas, mesmo assim, consegue se gabar de suas conquistas. Os “reis e os grandes da terra” não esperam por ela (Ap.18:9; Ap.18:23)? Não ficam cativos de sua vontade e dos dedicados instrumentos de seus planos nefastos (ver com. de Ap.17:2)? Viúva, não sou. Como “viúva”, não teria posição legal, nem direito à lealdade dos habitantes da Terra (comparar com Is.47:8; Is.47:10). Pranto. O que ela menos espera certamente lhe sobrevirá (ver com. de Is.47:11). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:8 | 8. Por isso, em um só dia, sobrevirão os seus flagelos: morte, pranto e fome; e será consumida no fogo, porque poderoso é o Senhor Deus, que a julgou. Por isso. Isto é, por causa de sua jactância altiva, orgulhosa exaltação do eu, devassidão irrestrita, desejo inescrupuloso de poder e supremacia, bem como ousada oposição à vontade revelada de Deus. Um só dia. Alguns consideram que a expressão corresponde ao tempo profético, representando, portanto, um ano literal. Outros interpretam que, nesta passagem, o anjo destaca o caráter súbito e inesperado dos “flagelos” que recaem sobre a Babilônia mística, sobretudo, ao se levar em conta a falsa sensação de segurança que ela tinha (v. Ap.18:7), ou então fala de um período de tempo indefinido. Uma vez que também se diz que o mesmo evento aconteceu em “uma só hora” (v. Ap.18:10; Ap.18:17; Ap.18:19), a segunda explicação parece preferível (ver com. de Ap.17:12; Je.50:29; Je.50:31). Além disso, o grego das palavras traduzidas aqui por “dia” e “hora” (Ap.18:10) sugere um ponto no tempo, em vez de um período. Logo, parece destacar o caráter súbito e inesperado, em vez de especificar a duração (comparar com Is.47:9; Is.47:11; Is.50:31; Is.51:8). Os seus flagelos. Ver com. do v. Ap.18:4. Morte. O resultado final de “seus flagelos” é apresentado primeiro (ver com. do v. Ap.18:21). Pranto. Ver com. do v. Ap.18:7. Fome. Os adeptos de Babilônia (cf. v. Ap.18:1-2) passam por uma fome literal durante a quarta praga (Ap.16:8-9). Contudo, o julgamento de Babilônia como organização ocorre durante a sétima praga (v. Ap.16:18-19), e a fome mencionada aqui é, sem dúvida, figurada, como seria o caso, naturalmente, de uma entidade figurada como a Babilônia mística, em harmonia com o caráter poético e figurado de todo o capítulo. Será consumida. Ou, “queimada”. A mulher Babilônia, uma entidade figurada, seria igualmente queimada com fogo figurado (cf. Ef.6:16; 1Pe.4:12; ver com. de Ap.17:16). Seu destino é relatado por meio de uma imagem totalmente diferente em Apocalipse Ap.18:21 (ver uma descrição dos eventos preditos aqui em GC, 653-657). Fogo. Comparar com Je.50:32; Je.51:24-25; Je.51:37. Poderoso. Isto é, totalmente capaz de executar Sua vontade sobre Babilônia (cf. Ap.17:17). Que a julgou. Evidências textuais (cf. p. xvi) comprovam a variante “tem julgado”. O juízo pronunciado sobre Babilônia é tão certo que o anjo fala como se ele já tivesse acontecido (ver com. de Ap.16:19; Ap.17:1; Ap.17:17; Ap.19:2). Aquilo que lhe sobrevêm não é acidental, mas um ato deliberado da parte de Deus. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:9 | 9. Ora, chorarão e se lamentarão sobre ela os reis da terra, que com ela se prostituíram e viveram em luxúria, quando virem a fumaceira do seu incêndio, Chorarão. Ou, “ficarão em luto por ela”, “soluçarão por causa dela”, em choro alto, incontido. Prevendo o próprio destino iminente, os infelizes “reis” e “mercadores” (v. Ap.18:11) da Terra se unem em melodia fúnebre dedicada à altiva Babilônia, atormentada em sua pira funeral em chamas. O efeito dramático dos v. 9 a 20, que narram a destruição inexorável da grande meretriz é ampliado pelo exótico gênero literário oriental, de prolixidade poética enfatizada por imagens vívidas. O apelo de Apocalipse 18 é sobretudo emocional, mas reforçado por lógica incisiva. Aqueles que atendem ao chamado de Deus para fugir da ira vindoura (v. Ap.18:4) recebem alívio do juízo iminente. O simbolismo do capítulo é quase que totalmente extraído do AT. A comparação das muitas referências cruzadas torna esse fato evidente (ver Nota Adicional ao fim do capítulo). Um estudo cuidadoso desses paralelos do AT em conexão com os acontecimentos históricos lá mencionados esclarece muito as imagens intensamente simbólicas deste capítulo. Em Ap.17:16, são os reis da Terra (cf. com. do v. Ap.17:12) que ateiam fogo em Babilônia. Aqui eles são retratados se lamentando dos resultados desse ato, talvez ao lhes sobrevir a triste percepção de que eles logo teriam o mesmo destino (cf. Is.47:13-15). E se lamentarão. Do gr. kopto, literalmente, “bater [no peito]”, “cortar [o corpo] em lamento”. Os reis da terra. Ver com. de Ap.16:14; Ap.16:16; Ap.17:2; Ap.17:12-14. Com ela se prostituíram. Ver com. de Ap.17:2. Viveram em luxúria. Ver com. do v. Ap.18:7. Fumaceira do seu incêndio. Comparar com Is.13:19; Je.50:32; ver com. de Ap.14:10-11; Ap.17:16; Ap.18:6. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:10 | 10. e, conservando-se de longe, pelo medo do seu tormento, dizem: Ai! Ai! Tu, grande cidade, Babilônia, tu, poderosa cidade! Pois, em uma só hora, chegou o teu juízo. De longe. Sem dúvida, ao perceber que, até pouco tempo antes, eles haviam colaborado com Babilônia (ver v. Ap.18:3) e se envolveram com seus “pecados”, também estavam destinados a participar de seus “flagelos” (v. Ap.18:4). Reconhecem que seu destino se encontra inexoravelmente ligado ao dela. Não deram ouvidos ao chamado de Deus para se retirarem dela (v. Ap.18:4), e logo terão o mesmo fim (comparar com Ez.27:33; Ez.27:35). Ai! Ai! Eles tinham a expectativa de receber “autoridade” (ver com. de Ap.17:12) permanente com sua amante, a Babilônia mística. Ela lhes garantiu que fora entronizada como “rainha” para sempre e que, caso se unissem a ela, também desfrutariam de um domínio perene (ver com. de Ap.17:12). Ao perceberem tarde demais a inutilidade desse plano, entregam-se ao mais completo remorso. Babilônia. Ver com. de Ap.17:5; Ap.17:18. Poderosa cidade. Ver com. de Ap.14:8; Ap.17:5; Ap.15:18; Ap.18:7. No grego, a declaração da grandeza passada e do poder da Babilônia mística é enfática. O vazio de suas pretensões então é percebido, pois “poderoso é o Senhor Deus, que a julgou” (v. Ap.18:8). Uma só hora. Ver com. de Ap.17:12; Ap.18:8. Juízo. Do gr. krisis, “[ato de] julgar”, ou “[execução do] juízo”, em contraste com krima, “[sentença do] juízo” (ver com. de Ap.17:1). Ao passo que Ap.17 aborda, em primeiro lugar, a sentença contra Babilônia, o cap. 18 trata da execução desse veredito. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:11 | 11. E, sobre ela, choram e pranteiam os mercadores da terra, porque já ninguém compra a sua mercadoria, Choram e pranteiam. Ver com. do v. Ap.18:9. Mercadores. De acordo com uma interpretação, esses “mercadores” correspondem literalmente aos líderes de negócios e comércio da Terra, cujo apoio financeiro e material tanto contribuiu para a luxúria, o esplendor e o sucesso de Babilônia, a Grande (ver com. dos v. Ap.18:7, Ap.18:12-15). Segundo outro ponto de vista, são “mercadores” em sentido figurado, que representam os comerciantes das mercadorias espirituais de Babilônia, aqueles que venderam suas doutrinas e políticas aos reis e povos da Terra (ver com. de Ap.16:13-14; Ap.17:2; Ap.17:4; ver abaixo no com. sobre “mercadoria”). Em Ap.18:23, afirma-se que estes “mercadores” são os “grandes da terra” (comparar com Is.23:2; Is.23:8; Is.23:17; Is.47:13; Is.47:15). Ninguém compra. Os reis e os habitantes da Terra ficam desiludidos e se recusam a ter qualquer coisa em comum com Babilônia (comparar com Is.23:14; Ez.26:15-18). Mercadoria. Do gr. gomos, a “carga” de um navio ou de um animal, logo, “mercadoria”. De acordo com a primeira interpretação mencionada acima, ela seria formada por artigos literais de manufatura e comércio; de acordo com a segunda, ou interpretação figurada, a mercadoria corresponderia às doutrinas e políticas da Babilônia mística, chamada em outras partes de seu “vinho” (ver com. de Ap.17:2). O caráter extremamente figurado de Apocalipse 18 (ver com. do v. Ap.18:9) tende a favorecer a segunda interpretação. Com a destruição de Babilônia, chega ao fim o fluxo de coisas corruptas que foram vendidas e distribuídas em nome dela, por meio das quais enganou o mundo. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:12 | 12. mercadoria de ouro, de prata, de pedras preciosas, de pérolas, de linho finíssimo, de púrpura, de seda, de escarlata; e toda espécie de madeira odorífera, todo gênero de objeto de marfim, toda qualidade de móvel de madeira preciosíssima, de bronze, de ferro e de mármore; Mercadoria de ouro. Não há valor exegético em tentar classificar os 28 itens de comércio listados nos v. 12 e 13, nem em extrair algum sentido oculto deles. O caráter prolixo e poético de Apocalipse 18 sugere que o propósito da lista é destacar os amplos interesses comerciais de Babilônia, se for aceita a primeira interpretação mencionada no com. do v. Ap.18:11, ou, de acordo com a segunda, ressaltar a abrangência de suas doutrinas e políticas corruptas (ver com. de Ap.16:18; Ap.16:14; Ap.17:2; Ap.17:4; ver lista de mercadorias em Ez.27:3-25; Ez.27:33). Madeira odorífera. Ou seja, madeira fragrante usada para fazer incenso. Bronze. Ver com. de Ex.25:3. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:13 | 13. e canela de cheiro, especiarias, incenso, unguento, bálsamo, vinho, azeite, flor de farinha, trigo, gado e ovelhas; e de cavalos, de carros, de escravos e até almas humanas. Especiarias, incenso. O termo “especiarias” deriva de amomon, substância extraída de uma planta cheirosa que cresce na Índia. Unguento. Do gr. muron, “mirra” (ver com. de Mt.2:11). Bálsamo. Ver com. de Mt.2:11. Vinho. Podem-se citar evidências textuais (cf. p. xvi) para a omissão desta palavra. Gado. Do gr. ktene, animais domesticados como bois ou bestas de carga. É provável que aqui a referência seja somente ao gado. Carros. Do gr. rhedai, palavra emprestada do gaulês ou do celta, introduzida na Ásia Menor pelos gauleses que se tornaram os gálatas. Rhedai se refere, de maneira específica, a vagões de viagem com quatro rodas. O uso do termo no Apocalipse sugere que o autor havia morado na Ásia Menor e se apropriado do uso de uma palavra familiar dessa região. Escravos. Literalmente, “corpos” (cf. Rm.8:11). Como item de negócio, com certeza o termo significaria “escravos”. E até almas humanas. Ou melhor, “isto é, seres humanos”. Na Bíblia, a palavra “alma” significa, com frequência, “ser humano” ou “pessoa” (ver com. de Sl.16:10; Mt.10:28; comparar com “cem mil pessoas” [1Cr.5:21], literalmente, “das almas de homens, cem mil”; “em troca das tuas mercadorias, davam escravos” [Ez.27:13], literalmente, “trocavam as almas de homens”). Alguns consideram que, nesta passagem, “almas humanas” seja uma referência à natureza espiritual dos seres humanos em questão. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:14 | 14. O fruto sazonado, que a tua alma tanto apeteceu, se apartou de ti, e para ti se extinguiu tudo o que é delicado e esplêndido, e nunca jamais serão achados. Fruto. Do gr. apora, “frutos”, ou, mais especificamente, “estação de frutos maduros”, no final do verão ou início do outono. Em sentido figurado, a referência aqui pode ser à época em que a grande meretriz aguardava ansiosa o momento de desfrutar da plenitude dos frutos de sua luxúria (ver com. de Ap.17:4; Ap.17:6; Ap.18:7). A tua alma tanto apeteceu. Literalmente, “do desejo de tua alma”, com o sentido de “do teu desejo”. A palavra “alma” costuma ser equivalente ao pronome pessoal (ver com. de Sl.16:10; Mt.10:28; Ap.18:18). Delicado e esplêndido. Literalmente, “as coisas gordas e esplêndidas”, ou seja, tudo que contribuiu para sua vida de luxúria e devassidão (ver com. do v. Ap.18:7). Nunca jamais serão achados. O caráter definitivo do destino que sobreveio a Babilônia é repetido em palavras semelhantes seis vezes nos v. Ap.18:21-23. Ela então desce até a “destruição” (Ap.17:8; Ap.17:11), para nunca mais aparecer novamente (comparar com Je.51:26; Ez.26:21; Ez.27:36; Ez.28:19). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:15 | 15. Os mercadores destas coisas, que, por meio dela, se enriqueceram, conservar-se-ão de longe, pelo medo do seu tormento, chorando e pranteando, Mercadores. Ver com. do v. Ap.18:11. Destas coisas. Ver com. dos v. Ap.18:12-13. Por meio dela, se enriqueceram. A parceria com Babilônia fora benéfica para ambas as partes (cf. Ez.27:33). Conservar-se-ão de longe. Ver com. do v. Ap.18:10. Chorando e pranteando. Ver com. do v. Ap.18:9. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:16 | 16. dizendo: Ai! Ai da grande cidade, que estava vestida de linho finíssimo, de púrpura, e de escarlata, adornada de ouro, e de pedras preciosas, e de pérolas, Ai! Ai. Ver com. do v. Ap.18:10. Grande cidade. Ver com. do v. Ap.18:10. Vestida. Ver com. de Ap.17:4. Linho finíssimo. Comparar com Ap.19:8. De púrpura, e de escarlata. Ver com. de Ap.17:4. Adornada. Ver com. de Ap.17:4. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:17 | 17. porque, em uma só hora, ficou devastada tamanha riqueza! E todo piloto, e todo aquele que navega livremente, e marinheiros, e quantos labutam no mar conservaram-se de longe. Uma só hora. Ver com. de Ap.17:2; Ap.18:8. Ficou devastada. Literalmente, “foi feita desolada” (ver com. de Ap.17:16). Tamanha riqueza. Ou, “toda esta riqueza” (ver com. dos v. Ap.18:7; Ap.18:11-14). Piloto. Do gr. kubernetes, “timoneiro”, uma referência ao oficial responsável pela navegação, quer ele mesmo controle o leme, quer não. A alusão não é ao dono do navio (cf. At.27:11). Em linguagem figurada (ver com. de Ap.18:9), João continua a desenvolver a imagem sugerida pelos mercadores e seu negócio (v. Ap.18:11-15). Todo aquele que navega livremente. Ou, “todos que navegam por um lugar”, presumivelmente, para comercializar. Estas palavras podem ser consideradas um aposto de “pilotos”; assim, as duas expressões ficariam: “o capitão de todo navio, isto é, todos que navegam por um lugar”. A imagem é de um capitão levando seu navio de um porto ao outro, a fim de fazer negócios. Labutam no mar. Literalmente, “trabalham o mar”, isto é, se sustentam da vida no mar, em contraste com aqueles que tiram seu ganha-pão do trabalho em terra firme. A expressão inclui ocupações como construção de navios, pesca, extração de pérolas e coleta de conchas para extrair tinta roxa (ver com. de Lc.16:19; comparar com Ez.26:17; Ez.27:26-32). Conservaram-se de longe. Ver com. do v. Ap.18:10. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:18 | 18. Então, vendo a fumaceira do seu incêndio, gritavam: Que cidade se compara à grande cidade? Fumaceira do seu incêndio. Ver com. do v. Ap.18:9. Gritavam. Ou, “clamavam”, ou “continuavam a gritar”. Houve uma verdadeira babel de vozes à medida que as pessoas mencionadas no v. Ap.18:17 gritavam. Que cidade. Babilônia antiga foi uma cidade única (ver vol. 4, p. 874-879; comparar com Ez.27:32). Grande cidade. Ver com. de Ap.14:8; Ap.17:5; Ap.17:18; Ap.18:10. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:19 | 19. Lançaram pó sobre a cabeça e, chorando e pranteando, gritavam: Ai! Ai da grande cidade, na qual se enriqueceram todos os que possuíam navios no mar, à custa da sua opulência, porque, em uma só hora, foi devastada! Lançaram pó. Sinal de extrema vergonha ou lamento, neste caso, a segunda opção (ver com. do v. Ap.18:9; comparar com Ez.27:30; ver com. de Js.7:6). Chorando e pranteando. Ver com. do v. Ap.18:9. Gritavam. Ver com. do v. Ap.18:18. Ai! Ver com. do v. Ap.18:10. Na qual se enriqueceram. Ver com. do v. Ap.18:15. Todos os que possuíam navios. Ver com. do v. Ap.18:17. À custa da sua opulência. Literalmente, “de sua expansividade”. A extravagância de Babilônia levava riqueza àqueles que lhe vendiam as mercadorias pelas quais se interessava. Uma só hora. Ver com. de Ap.17:12; Ap.18:8. Foi devastada. Ver com. de Ap.17:16 (comparar com Is.13:19-22; Is.47:11; Je.50:13; Je.50:40; Je.51:26; Je.51:29; Ez.26:17; Ez.26:19). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:20 | 20. Exultai sobre ela, ó céus, e vós, santos, apóstolos e profetas, porque Deus contra ela julgou a vossa causa. Exultai. Ou, “continuem exultando”. A desolação sumária de Babilônia leva vitória e alegria a todos os justos do universo. O hino da vitória sobre Babilônia é registrado em Ap.19:1-6. Os v. Ap.19:7-9 aludem à celebração do livramento do povo de Deus. Céus. Os habitantes do Céu são os primeiros a se alegrar com o triunfo de Cristo e Sua igreja. Santos, apóstolos. Evidências textuais (cf. p. xvi) favorecem esta variante. Os “apóstolos” seriam os líderes do período do NT, ao passo que “santos” se refere aos membros da igreja de modo geral. Profetas. Talvez a referência seja aos profetas de modo geral. Neste caso, porém, é mais provável que a alusão seja aos profetas da época do AT (ver com. de Ef.2:20). Julgou a vossa causa. Literalmente, “julgou seu juízo”, com o sentido de “executou sua sentença”. Ela havia decretado a morte do povo de Deus (ver Ap.13:15; ver com. de Ap.17:6), mas agora sofre do mesmo destino que havia reservado para os fiéis (comparar com o destino de Hamã, em Et.7:10; sobre o meio de execução da sentença divina contra Babilônia, ver Ap.17:1; Ap.17:16-17). Este evento ocorre durante a sétima praga (Ap.16:19; Ap.19:2). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:21 | 21. Então, um anjo forte levantou uma pedra como grande pedra de moinho e arrojou-a para dentro do mar, dizendo: Assim, com ímpeto, será arrojada Babilônia, a grande cidade, e nunca jamais será achada. Um anjo forte. Tradução literal da expressão. Grande pedra de moinho. Grandes pedras de moinho como esta eram movimentadas por um animal, em contraste com as pequenas, que eram colocadas para girar à mão. Arrojou-a para dentro do mar. Comparar com a ilustração feita por Jeremias do destino de Babilônia antiga (Je.51:63-64; ver com. de Is.13:19; Ap.14:8; ver explicação bíblica do símbolo da inundação em Is.8:7-8; Je.50:9; Je.51:27; Je.51:42; Ez.26:3-4). Com ímpeto. Literalmente, “com pressa”, “com um choque”. A palavra é usada por escritores gregos clássicos para se referir ao confronto da batalha e a uma inundação repentina. Em At.14:5, um termo cognato é traduzido por “tumulto”. Com um arremesso tremendo, a pedra de moinho é lançada nas profundezas do mar. Logo, Babilônia afundará no esquecimento ou “destruição” (Ap.17:8) de maneira definitiva (ver com. de Ap.18:14; comparar com Je.51:42; Je.51:64; Ez.26:3; Ez.26:19; Ez.27:32; Ez.27:34). Nunca jamais será achada. Ver com. do v. Ap.18:14. A descrição feita por João do estado de desolação da Babilônia antiga (v. 21-23) deve ter causado profunda impressão nas pessoas de sua época, uma vez que foi na época deles que a infeliz cidade finalmente se transformou em ruínas desabitadas (ver com. de Is.13:19). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:22 | 22. E voz de harpistas, de músicos, de tocadores de flautas e de clarins jamais em ti se ouvirá, nem artífice algum de qualquer arte jamais em ti se achará, e nunca jamais em ti se ouvirá o ruído de pedra de moinho. Voz. Ou, “som”. Os v. 22 e 23 consistem em uma descrição vívida e figurada do estado de desolação de Babilônia (ver com. do v. Ap.18:19; comparar com Is.24:8; Ez.26:13). Harpistas. Do gr. kithrarodoi, músicos e cantores que tocavam a kithara, “cítara”, para acompanhar suas canções, portanto, “menestréis”. A cítara era um instrumento de cordas com caixa de ressonância de madeira, muito semelhante à lira (ver vol. 3, p. 18-23). Tocadores de flautas. Ver vol. 3, p. 22, 23. Jamais em ti se ouvirá. A arte e o regozijo cessaram (ver com. de Ap.18:14; cf. Ez.26:13). Artífice. Os artesãos, mecânicos e trabalhadores qualificados foram todos embora. Cessou a manufatura. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:23 | 23. Também jamais em ti brilhará luz de candeia; nem voz de noivo ou de noiva jamais em ti se ouvirá, pois os teus mercadores foram os grandes da terra, porque todas as nações foram seduzidas pela tua feitiçaria. Candeia. Literalmente, “lâmpada” (ver com. de Ap.1:12). A escuridão total da noite é um retrato vívido da ausência de vida. Noivo. Toda vida familiar e social chegou ao fim (cf. Je.25:10). Os teus mercadores. Ver com. do v. Ap.18:11. Os grandes da terra. Comparar com ls.23:8; Ez.26:17; Ez.27:8; Ap.6:15. Feitiçaria. Isto é, os enganos praticados por Babilônia para garantir a lealdade dos habitantes da Terra (ver Ap.13:14; Ap.16:14; Ap.19:20; ver com de Ap.17:2; Is.47:9; Is.47:12-13). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.18:24 | 24. E nela se achou sangue de profetas, de santos e de todos os que foram mortos sobre a terra. Sangue. Ver com. de Ap.16:6; Ap.17:6. Profetas. Ver com. do v. Ap.18:20. Todos os que foram mortos. A Babilônia mística representa as religiões apóstatas desde o início dos tempos (ver com. de Ap.14:8; Ap.17:5; Ap.17:13). Todavia, os capítulos 13 a 18 abordam, de maneira mais específica, o auge da apostasia no fim dos tempos. Por isso, em um sentido mais geral, a frase “todos os que foram mortos” pode incluir os mártires de todos os tempos. Sem dúvida, a ênfase aqui recai sobre aqueles que deram a vida na batalha final do grande conflito entre o bem e o mal, e provavelmente também sobre as pessoas que Babilônia pretendia matar, mas foi impedida por intervenção divina (ver com. de Ap.17:6; Is.47:6; Je.51:47-49). NOTA ADICIONAL A APOCALIPSE 18 A Babilônia mística desempenha um papel importante em Ap.14-19, sobretudo nos capítulos Ap.17-18. Considerando que as imagens de Apocalipse parecem se basear, em grande medida, nos relatos históricos paralelos do AT (ver p. 800), e que a Babilônia mística é a correspondente figurada da antiga cidade literal situada junto ao rio Eufrates (ver com. de Ap.14:8; Ap.17:5), é de se esperar que uma comparação das passagens relevantes do AT esclareçam, pelo menos em parte, o papel a ela atribuído pela profecia. Boa parte das imagens de Apocalipse sobre Babilônia mística foram extraídas dos profetas do AT (Is.13-14; Is.47; Je.25; Je.50-51; Ez.26-28; sobre a contribuição dessas passagens do AT para o assunto em pauta, ver com. de Is.47:1; Je.25:12; Je.50:1). Na tabela comparativa a seguir, a coluna da esquerda é formada por uma série de declarações mistas e separadas por assunto, encontradas no Apocalipse sobre a Babilônia mística. A coluna da direita relaciona as passagens do AT mais significativas sobre a Babilônia antiga. Observe a única exceção, no item 5.
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Ap.19:1 | 1. Depois destas coisas, ouvi no céu uma como grande voz de numerosa multidão, dizendo: Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso Deus, Depois destas coisas. Isto é, depois de testemunhar as cenas de Ap.17-18 (ver com. de Ap.18:1). As cenas do cap. 19 foram apresentadas a João em seguida, sem interrupção. O v. Ap.19:2 deixa claro que este cântico é entoado depois da execução do julgamento sobre a “grande meretriz”, evento que ocorre durante a sétima praga (ver com. de Ap.16:19; Ap.17:1) e, portanto, depois da cena relatada em Ap.17:16-17; Ap.18:4-23. Este cântico de louvor a Deus é entoado logo após o fim da obra do anjo que traz o sétimo flagelo (TM, 432). Se os acontecimentos de Ap.18-20 estiverem em ordem cronológica, como parece ser o caso, o hino do cap. 19:1 a 7 é cantado em relação direta com os acontecimentos da segunda vinda de Cristo. Só não é possível determinar com certeza se isso ocorre no mesmo momento ou pouco antes de Seu retorno. Pode-se entender que o contexto aponta para o ato de louvor logo antes do surgimento de Cristo (Ap.19:11). Uma como grande voz. Ver com. de Ap.11:15. Numerosa multidão. Os habitantes do Céu e possivelmente os homens remidos desta Terra também (cf. Ap.18:20). É possível que o hino de Apocalipse 19:1 a 7 seja entoado em resposta ao chamado do cap. Ap.18:20. Aleluia! Do gr. Allelouia, transliteração do hebraico halelu-Yah, “louvai a Yahweh” (ver com. de Sl.104:35), derivado de halal, “brilhar”, “gabar”, “celebrar” e “louvar”, e Yah, forma abreviada de Yahweh. Assim como outra palavra hebraica, “amém”, “aleluia” entrou para a língua portuguesa praticamente sem modificações. As quatro ocorrências do termo em Apocalipse 19 (v. Ap.19:1; Ap.19:3-4; Ap.19:6) são os únicos exemplos de seu uso no NT. Os v. 1 a 7 consistem em um arranjo antifonal de vozes, composto de dois coros litúrgicos e duas respostas: (1) nos v. 1 a 3, uma grande voz do Céu conduz o tema do cântico, atribuindo honra e justiça a Deus por ter punido Babilônia; (2) no v. Ap.19:4, os “anciãos” e os “seres viventes” respondem em afirmação; (3) no v. Ap.19:5, uma voz do trono convoca todos os súditos leais do universo a reconhecer em conjunto a verdade do tema; (4) nos v. Ap.19:6-7, o universo inteiro se une em aclamação ao direito divino à soberania universal. Este hino de louvor está em contraste com a elegia fúnebre dos aliados de Babilônia (Ap.18:10-19). O tema deste cântico antifonal de louvor é semelhante ao do Sl.24:7-10, o qual também é composto por dois coros litúrgicos e duas respostas. Essa turma de cântico responsivo foi usada pela primeira vez durante a procissão triunfal que marcou o retorno da arca para Jerusalém (PP, 708) e, séculos depois, na ressurreição (PE, 187) e na ascensão (DTN, 833; PE, 190, 191). A salvação. No grego, assim como na ARA, cada uma das virtudes atribuídas a Deus neste versículo é precedida pelo artigo definido. Isso sugere a plenitude, a soma total de cada atributo. A “salvação” de Ap.12:10 (ver com. ali) refere-se, de maneira específica, à salvação do “acusador de nossos irmãos”; aqui, a salvação é da Babilônia mística (ver com. de Ap.16:17). A primeira se refere ao que foi realizado no primeiro advento; já esta, àquilo que se fará no segundo. Glória. Ver com. de Mt.6:13; Rm.3:23. Honra (ARC). Evidências textuais (cf. p. xvi) atestam a omissão desta palavra. Poder. Ver com. de Mt.6:13; Mt.28:18. Senhor (ARC). Evidências textuais (cf. p. xvi) atestam a omissão desta palavra. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.19:2 | 2. porquanto verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande meretriz que corrompia a terra com a sua prostituição e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos. Porquanto. O v. 2 justifica a aclamação de louvor feita no v. Ap.19:1. Verdadeiros. Isto é, genuínos, reais, confiáveis (ver com. de Ap.15:3). Justos. Ver com. de Ap.15:3; Ap.16:1; Ap.16:5. Deus não cometerá erros em Seus atos de juízo. Ele levará em conta todos os fatos. Juízos. Literalmente, “[atos de] juízo” (ver com. de Ap.16:7). Aqui, sem dúvida, a referência é aos sete últimos flagelos, de modo geral, e ao julgamento da Babilônia mística, em particular (ver com. de Ap.17:1; Ap.18:4; Ap.18:10). Julgou. O grego especifica um único ato concluído. Grande meretriz. Ver com. de Ap.17:1; Ap.17:5. Corrompia. Ou, “estava corrompendo”. Sua conduta criminosa abrangeu um longo período (ver com. de Ap.17:2; Ap.17:6). Sua prostituição. Ver com. de Ap.17:2. Vingou. Ou, “naquilo que ele vingou”. O julgamento é a vingança (ver com. de Ap.18:6; Ap.18:20). O sangue dos Seus servos. Ver com. de Ap.6:9-10; Ap.16:6; Ap.17:6. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.19:3 | 3. Segunda vez disseram: Aleluia! E a sua fumaça sobe pelos séculos dos séculos. A sua fumaça sobe. Ver com. de Ap.18:8-9. Pelos séculos dos séculos. Ver com. de Ap.14:11. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.19:4 | 4. Os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes prostraram-se e adoraram a Deus, que se acha sentado no trono, dizendo: Amém! Aleluia! Anciãos. Ver com. de Ap.4:4. Seres viventes. Ver com. de Ap.4:6-8. Prostraram-se. Comparar com Ap.4:10. Sentado no trono. Ver com. de Ap.4:10. Amém! Ver com. de Mt.5:18. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.19:5 | 5. Saiu uma voz do trono, exclamando: Dai louvores ao nosso Deus, todos os seus servos, os que o temeis, os pequenos e os grandes. Do trono. Esta é a voz do próprio Deus ou de alguém falando por Ele (ver com. de Ap.16:17). Louvores. Literalmente, “continuar louvando”. A reação a este convite é o coro de vozes dos v. Ap.19:6-7. Os Seus servos. Ver com. de Ap.1:1. Os que. Ou, “inclusive vós”, “vós que temeis”, equivalente a “vós, os Seus servos”. Temeis. No sentido de contrição reverente (ver com. de Ap.11:18). Os pequenos e os grandes. Comparar com Ap.11:18. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.19:6 | 6. Então, ouvi uma como voz de numerosa multidão, como de muitas águas e como de fortes trovões, dizendo: Aleluia! Pois reina o Senhor, nosso Deus, o Todo-Poderoso. Ouvi. Comparar com Ap.1:2. Uma como. Ou, “o que parece ser”. Voz. Ver com. de Ap.14:2. Como de. Ou melhor, “inclusive como a voz”, nos dois casos em que a expressão ocorre no v. 6. Muitas águas. Comparar com Ap.14:2. Aleluia! Ver com. do v. Ap.19:1. Reina. Literalmente, “reinou”, no sentido de que Ele “começou a reinar”. Foi no fim do juízo investigativo, mas antes de Cristo sair do santíssimo, que Ele recebeu o reino e começou a reinar como “Rei dos reis” (PE, 280; GC, 428; cf. PE, 55). Todo-Poderoso. Ou, “onipotente” (ver com. de 2Co.6:18; Ap.1:8). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.19:7 | 7. Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, Alegremo-nos. A experiência interior do coração. Exultemos. A expressão externa resultante da emoção interior de alegria. A exultação provém de um coração transbordante de felicidade por Cristo finalmente reinar (cf. Ap.18:20). Glória. Este é o auge da expressão de agradecimento e devoção. São chegadas. Ou, “[finalmente] chegou”, isto é, o evento já ocorreu quando este anúncio é feito (ver abaixo no com. sobre “bodas”: cf. com. do v. Ap.19:1). Bodas. A “a noiva, a esposa do Cordeiro”, é “a santa cidade, Jerusalém” (Ap.21:2; Ap.21:9-10). A nova Jerusalém será a capital da nova Terra. Por isso, é representante do “reino do mundo”, que “se tornou de nosso Senhor e do Seu Cristo” (Ap.11:15; Ap.21:1-5; CC, 426). A nova Jerusalém conterá o jardim do Éden, no qual a árvore da vida foi preservada (ver Ap.22:1-2; cf. PP, 62; CC, 299, 646-648). As bodas mencionadas aqui se referem a Cristo, recebendo Seu reino, representado pela Nova Jerusalém e a Sua coroação como Reis dos reis e Senhor dos senhores no Céu, no fim de Seu ministério sacerdotal antes do derramamento das pragas (PE, 55, 251, 280, 281; CC, 427, 428; ver com. de Ap.17:14). Cordeiro. Ver com. de Ap.5:6. Já se ataviou. João continua seu relato figurado usando a linguagem de um casamento oriental antigo (sobre os costumes ligados a esta ocasião, ver com. de Mt.22:1-13; Mt.25:1-10; Jo.2:1-10). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.19:8 | 8. pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos. Pois lhe foi dado. João anuncia Jerusalém simbolicamente como a esposa (ver com. do v. Ap.19:7). Dando continuidade à imagem, ele fala das vestes que ela traja. Linho finíssimo. Figura de um caráter reto (cf. Ap.3:5; Ap.6:11; ver com. de Ap.3:18; cf. com. de Ap.22:14). Resplandecente. Literalmente, “esplêndido”, brilhante e resplendente como a luz de uma lâmpada. A mesma palavra é traduzida por “aparatoso” (Lc.23:11) e por “brilhante” (Ap.22:16). Puro. Tradução literal do termo original. Atos de justiça. Do gr. dikaiomata, “atos de justiça”, não dikaiosune, “caráter justo” (ver com. de Mt.5:6; Rm.3:20). Os atos de justiça consistem no resultado natural e inevitável de um caráter justo. Dikaiomata se aplica, de maneira especial, aos atos santificados do cristão, sua vida vitoriosa desenvolvida pela graça da habitação interior de Cristo (ver com. de Cl.2:20; Tg.2:17-18; Tg.2:20; sobre a veste nupcial da parábola do homem sem a roupa das bodas, ver com. de Mt.22:11; comparar com Mt.5:48; ver PJ, 315-317). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.19:9 | 9. Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus. O anjo. O mesmo do v. Ap.19:10. Escreve. Ver com. de Ap.1:2; Ap.1:11. Bem-aventurados. Ou, “felizes” (ver com. de Mt.5:3). Chamados. Isto é, convidados para a festa das bodas (ver com. de Mt.22:14; Rm.8:28). Ceia. Do gr. deipnon, a refeição da noite. A “ceia das bodas do Cordeiro” ocorre no fim do longo dia da Terra (ver com. de Mt.22:1-14). Cordeiro. Ver com. de Ap.5:6. Estas. Isto é, as palavras de convite. As verdadeiras palavras. Literalmente, “[as] genuínas”. O convite é absolutamente confiável; é possível confiar nele. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.19:10 | 10. Prostrei-me ante os seus pés para adorá-lo. Ele, porém, me disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus. Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia. Prostrei-me. Gesto oriental típico de reverência e adoração. Neste caso, trata-se de uma expressão de alegria e gratidão profundas, pois a ceia das bodas é a celebração do triunfo sobre as forças do mal, que tentaram impedir justamente esse acontecimento. Essa foi a primeira vez que João reagiu assim à mensagem de um anjo, representando a profundidade do sentimento que foi despertado nele. Não faças isso. Comparar com At.10:26. Conservo. Literalmente, “escravo companheiro”, “servo companheiro”. Que privilégio os obreiros dedicados da Terra poderem desfrutar a companhia dos anjos celestes e serem seus coobreiros! Dos teus irmãos. Isto é, servo junto com teus irmãos. Alguns interpretam esta designação como evidência de que o enunciador deveria ser membro da família celestial, alguém como Enoque, Elias, Moisés ou um dos santos que ressuscitaram com Cristo. Contudo, não há evidências diretas nas Escrituras de que um ser humano trasladado tenha assumido o papel de anjo, como aqui, para revelar a verdade a seus companheiros (cf. PE, 231). O testemunho de Jesus. Ver com. de Ap.1:2; Ap.12:17. Espírito da profecia. Sobre a palavra “profecia”, comparar com o termo “profeta” (Mt.11:9). O Espírito Santo foi enviado para dar testemunho de Jesus (Jo.15:26), e Seu testemunho equivale ao de Cristo em pessoa. O espírito da profecia é um dos dons do Espírito (ver com. de 1Co.12:10; Ef.4:11; sobre a manifestação desse dom em meio ao povo de Deus nos últimos dias, ver Nota Adicional ao fim do capítulo; Ap.19:21; ver também com. de Ap.12:17). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.19:11 | 11. Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça. Aberto. Literalmente, “permanecendo aberto”. O Céu se abriu assim que a atenção de João foi dirigida para ele, e permaneceu dessa maneira (comparar com Ap.4:1; Ap.11:19; Ap.15:5). Acompanhado pelos exércitos de anjos que há no Céu (Ap.19:14), Cristo é visto descendo de lá como Rei dos reis (v. Ap.19:16), em poder e majestade, para livrar Seu povo fiel daqueles que tramam sua destruição (cf. CC, 641). A cena relatada nos v. 11 a 21 é o clímax da “peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso”, que costuma ser chamada de batalha do Armagedom (ver com. de Ap.16:14; cf. T6, 406). Eis. Comparar com Ap.21:5. Cavalo branco. Nos tempos da Bíblia, os cavalos eram usados quase que exclusivamente para a guerra ou para negócios do governo. Quando mencionados de maneira figurada na Bíblia, como é o caso desta passagem, o cavalo em geral é símbolo de batalha (cf. Ex.15:21; ls.43:17; Je.8:6; Ez.38:15; Zc.10:3; Ap.14:20; ver com. de Ap.6:2). O branco simboliza santidade de caráter (ver com. de Ap.3:4; Ap.6:2; Ap.7:14). Os cavalos brancos sempre foram os favoritos de reis e líderes militares. Cristo recebeu o direito de governar esta Terra como Rei dos reis (ver com. de Ap.19:1; Ap.19:7) e então aparece, de maneira figurada, como um guerreiro, que cavalga na posição de conquistador, montado em um magnífico cavalo branco para ocupar o domínio que é Seu por direito e conduzir Seu povo fiel de volta à “ceia das bodas” (v. Ap.19:9; ver com. de Ap.11:15; comparar com Is.63:1-6). Fiel e Verdadeiro. É importante lembrar que os nomes orientais descrevem o caráter (ver com. de At.3:16). Portanto, os nomes atribuídos a Cristo aqui O representam, de maneira específica, em Seu papel de herói de Seu povo sofrido na Terra. São feitas quatro declarações relativas ao nome de Cristo em conexão com a batalha de Apocalipse 19:11 a 21: 1. Cristo é chamado de “Fiel e Verdadeiro” (v. 11) porque agora vem, segundo Sua promessa (Jo.14:1-3), para livrar os Seus. Para eles, parece que Jesus adiou Sua vinda (ver com. de Ap.16:15), mas aguardaram por Ele, que surge com o propósito de efetuar sua salvação (Is.25:9; Ap.16:17). 2. O “nome escrito que ninguém conhece, senão Ele mesmo” (v. Ap.19:12), representa o papel até então desconhecido que Ele então assume de vingador de Seu povo (ver com. de Ap.16:1). Na realização desta “obra estranha” (Is.28:21), Ele desempenha uma função nova tanto para os seres humanos quanto para os anjos. 3. Mas, no papel de vingador e libertador de Seu povo, Ele continua a ser “o Verbo de Deus” (v. Ap.19:13). É “o Verbo de Deus” em ação, efetuando a vontade do Pai na Terra, então em juízo, assim como anteriormente fora em misericórdia (ver com. de Jo.1:1-3; Ap.19:15). 4. O título “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (v. Ap.19:16) se aplica a Cristo nesta ocasião, de maneira especial (ver com. de Ap.17:14). Todo poder Lhe foi colocado nas mãos (1Co.15:25). Em seu egoísmo, Satanás desejara a posição exaltada que fora reservada para Cristo, em Seu papel de Filho de Deus (Is.14:12-14; Ap.12:7-9; PP, 56). Mas este, não considerando a igualdade com o Pai algo a ser alcançado, abdicou voluntariamente do exercício pleno dos atributos e das prerrogativas da Divindade por um tempo (ver vol. 5, p. 1014; ver com. de Fp.2:6-8), demonstrando, assim, Sua qualificação para receber a honra e a dignidade implícitas no título “Rei dos reis e Senhor dos senhores”. Julga e peleja. Executa o juízo por meio da guerra. A peleja é contra as forças políticas e militares da Terra, que haviam se reunido para destruir Seus servos fiéis (ver com. de Ap.13:15; Ap.16:13-14; Ap.16:16-17). Com justiça. Sua causa é totalmente justa (ver com. de Ap.15:3; Ap.16:5). Ao longo da história, os governantes terrenos travaram guerras por motivos egoístas e para o engrandecimento pessoal ou nacional (comparar com Is.11:1-5). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.19:12 | 12. Os seus olhos são chama de fogo; na sua cabeça, há muitos diademas; tem um nome escrito que ninguém conhece, senão ele mesmo. Os Seus olhos. Ver com. de Ap.1:14. A medida que avança Cristo, o grande defensor da justiça eterna, nada escapa a Sua observação. Diademas. Do gr. diadema (ver com. de Ap.12:3). Na Bíblia, diadema nunca se refere à recompensa dos santos. É sempre uma alusão à coroa da realeza. Além das muitas coroas reais que Cristo recebe como Rei dos reis, Ele também usa a guirlanda da vitória, stephanos, uma vez que Ele derrotou Satanás (ver com. de Ap.12:3; Ap.14:14). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.19:13 | 13. Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus; Manto. Do gr. himation (ver com. de Mt.5:40). Talvez a referência aqui seja à capa de um cavaleiro ou ao casaco de um comandante militar. Tinto de sangue. De maneira figurada, é claro. Pergunta-se de quem são as manchas de sangue no manto do cavaleiro. Alguns sugerem que se trata de um símbolo do sangue derramado pelo próprio Cristo na cruz, pressupondo que não pode ser o sangue dos ímpios, uma vez que, neste ponto da narrativa, ainda não foram mortos. No entanto, Jesus figura aqui não no papel de “Cordeiro como tendo sido morto” (Ap.5:6), mas, sim, de guerreiro vencedor. A extraordinária semelhança entre esta passagem e a de Isaías (Is.63:1-6) sugere que este episódio corresponde ao cumprimento das palavras do profeta do AT. Seu nome. Ver com. do v. Ap.19:11. Verbo de Deus. Ver com. de Jo.1:1. Ao executar a justiça divina sobre aqueles que persistem em rebelião contra o governo do Céu, Cristo é tão verdadeiramente o “Verbo de Deus” quanto no primeiro advento, quando veio à Terra com a graciosa oferta de misericórdia divina. Em ambas as ocasiões, Sua vinda consiste na expressão da vontade de Deus. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.19:14 | 14. e seguiam-no os exércitos que há no céu, montando cavalos brancos, com vestiduras de linho finíssimo, branco e puro. Exércitos. Isto é, as hostes angelicais que acompanham Cristo no segundo advento (ver Mt.24:31; Mt.25:31; ver com. de Ap.17:14; Mt.22:7). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.19:15 | 15. Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e ele mesmo as regerá com cetro de ferro e, pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso. Da Sua boca. A espada é obviamente figurada. Pela palavra do Senhor, a Terra e seus habitantes vieram a existir (SI.33:6; Sl.33:9) e agora, por palavra de Sua boca, Ele põe fim à existência deles (ver Ap.19:20-21). Espada. Do gr. rhomphaia (ver com. de Ap.1:16), uma grande arma de ataque usada por soldados da antiguidade, em contraste com machaira, espada curta, de apunhalar, usada como defesa (ver com. de Lc.22:36; comparar com Je.46:10). Ferir. Literalmente, “ferir [de uma vez por todas]”. Regerá. Do gr. poimaino, literalmente “pastorear” (ver com. de Mt.2:6). A expressão “e Ele as regerá” seria mais bem traduzida por “isto é, governará sobre elas”, pois a ferida e a regência ou governo se referem à mesma coisa. Cetro de ferro. Ou, “vara” (ARC; ver com. de Ap.2:27; Sl.2:9; Sl.110:1-2; Sl.110:5-6). A vara dos pastores antigos tinha dupla função. A extremidade curvada servia para auxiliar e guiar as ovelhas; já a extremidade metálica do outro lado continha uma tampa ou um anel de metal para fortalecer a vara (ou cajado), que a transformava em uma arma de ataque. Era usada para proteger o rebanho, para afastar e matar animais selvagens que o dispersariam e destruiriam. Agora é a hora para o Bom Pastor usar seu “cetro de ferro” contra as nações, a fim de livrar Seu perseguido rebanho na Terra. Ao governar ou ferir as nações com um cetro de ferro, Ele as extermina, em vez de governar sobre elas durante o milênio, como defendem alguns (ver Nota Adicional a Apocalipse 2; Ap.2:29). Lagar. Ver com. de Is.63:3; Ap.14:19-20, nos quais a mesma imagem é explicada em maiores detalhes (comparar com Lm.1:15). Do furor da ira. Ou melhor, “que é o furor da ira” (ver com. de Ap.16:1). Todo-Poderoso. Ver com. de Ap.1:8. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.19:16 | 16. Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: Rei dos Reis e Senhor dos Senhores . Manto. Ver com. do v. Ap.19:2. E na Sua coxa. Preferivelmente, “isto é, sobre sua coxa”. O nome foi visto escrito na parte do manto que cobria a coxa. Um nome. Ver com. do v. Ap.19:11. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.19:17 | 17. Então, vi um anjo posto em pé no sol, e clamou com grande voz, falando a todas as aves que voam pelo meio do céu: Vinde, reuni-vos para a grande ceia de Deus, Posto em pé no sol. É possível que a luz ofuscante do sol nesta passagem represente a luz gloriosa da presença divina (cf. 2Ts.2:8-9; Ap.6:15-17). Logo, o anjo que fez o desafio de Apocalipse 19:17 estaria de pé ao lado de Cristo, assim como o escudeiro, nas batalhas antigas, posicionava-se junto a seu senhor. Aves. Este convite às “aves” adverte às hostes reunidas dos ímpios quanto ao destino que logo lhes sobreviria (ver com. de Ap.16:15-17). Ele é expresso na fraseologia oriental vívida de um desafio a um combate, pessoal (cf. 1Sm.17:44-46). Ser devorado por aves de rapina era uma das maldições pela desobediência pronunciadas por Moisés em seu discurso de despedida ao povo de Israel (Dt.28:26). A fraseologia de João em Apocalipse 19:17 e 18 parece baseada nas palavras de Deus às nações pagãs da Terra (ver Ez.29:17-22; Je.7:22; Je.7:32). Ceia. A repugnante alternativa a comer da ceia das bodas do Cordeiro (v. Ap.19:9) é ser comido pelas aves de rapina na “grande ceia de Deus”. Aqueles que não aceitam voluntariamente o gracioso convite divino para estar presentes na primeira devem responder a Seu chamado obrigatório de comparecer na segunda. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.19:18 | 18. para que comais carnes de reis, carnes de comandantes, carnes de poderosos, carnes de cavalos e seus cavaleiros, carnes de todos, quer livres, quer escravos, tanto pequenos como grandes. Carnes. Literalmente, “pedaços de carne” (cf. com. de Ap.17:16). Reis. As nações confederadas da Terra, agindo conjuntamente sob supervisão direta de Satanás disfarçado de anjo de luz (cf. com. de Ap.16:14; Ap.16:16-17; Ap.17:12; Ap.17:14). Comandantes. Referência aos líderes no comando das forças militares reunidas para executar o desígnio satânico nas cenas finais do grande conflito. Poderosos. Forças armadas organizadas, treinadas e equipadas. Carnes de cavalos. O restante do v. 18 é uma vívida figura de linguagem que retrata a destruição total de todas as forças do mal por ocasião da segunda vinda de Cristo (cf. Ap.6:15; Ap.14:17-20; Ap.16:21). Quer livres, quer escravos. Comparar com Ap.13:16. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.19:19 | 19. E vi a besta e os reis da terra, com os seus exércitos, congregados para pelejarem contra aquele que estava montado no cavalo e contra o seu exército. A besta. Ver com. de Ap.17:3; Ap.17:8; Ap.17:11. Reis da terra. Ver com. de Ap.16:14. Os seus exércitos. Por fim, foram reunidos para guerrear num amargo conflito entre eles mesmos (ver com. de Ap.16:17; Ap.16:19). Congregados. Ver com. de Ap.16:14; Ap.16:16. Pelejarem. Ou, “fazerem guerra” (ARC). Literalmente, “a guerra”, isto é, “a peleja do grande Dia do Deus Todo-Poderoso”, que costuma ser chamada de batalha do Armagedom (ver com. de Ap.16:14). Aquele que estava montado. Ver com. do v. Ap.19:11. O Seu exército. Comparar com “fiéis que se acham com ele” (Ap.17:14; cf. com. de Ap.16:12; Ap.19:14). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.19:20 | 20. Mas a besta foi aprisionada, e com ela o falso profeta que, com os sinais feitos diante dela, seduziu aqueles que receberam a marca da besta e eram os adoradores da sua imagem. Os dois foram lançados vivos dentro do lago de fogo que arde com enxofre. A besta. Ver com. de Ap.17:3; Ap.17:8. Aprisionada. Ou, “capturada”. A etapa da batalha após Cristo aparecer é rápida e dramática, pois logo no início a “besta” e o “Falso profeta” são capturados (ver com. de Ap.16:17; Ap.16:19). Falso profeta. Isto é, o protestantismo apostatado, iludido por Satanás, tornando-se um cooperador dele (ver com. de Ap.13:11-17; Ap.16:14). “Profeta” é alguém que fala em lugar de outro (ver com. de Mt.11:9). Este “profeta” fala em lugar da primeira besta, após a cura de sua “ferida mortal” (ver com. de Ap.13:12; Ap.17:8), a fim de convencer o mundo a se unir em lealdade a ela. Sinais [...] seduziu. Ver com. de Ap.13:13-14; Ap.16:14; Ap.17:2; Ap.18:2-3; Ap.18:23. Marca da besta. Ver com. de Ap.13:16; Ap.14:9; Ap.16:1. Imagem. Ver com. de Ap.13:14; Ap.14:9. Lago de fogo. Ou, “o lago que é fogo”. De imediato, esta expressão conduz a mente do leitor para a expressão idêntica em Ap.20:10. Tal igualdade parece promover a conclusão de que ambas se referem ao mesmo evento, a saber, a destruição dos ímpios ao fim do milênio. Todavia, isso traz um problema. O cap. 19 trata de eventos claramente relacionados à segunda vinda de Cristo. Por isso, afirmar que o lago de fogo mencionado no v. 19:20 alude a um acontecimento do fim do milênio é deslocar o versículo de sua sequência contextual. Sempre é melhor, quando possível, encontrar uma explicação que permite a qualquer frase manter sua sequência histórica dentro de uma passagem das Escrituras. No que se refere a Apocalipse 19:20, isso é possível com base na premissa razoável de que acontece um juízo com fogo da parte da Deus tanto no início quanto no encerramento do milênio. Não há inconsistência, nem contradição em falar sobre um lago de fogo no começo e outro no fim do milênio. Acerca desse assunto, Tiago White escreveu; “Portanto, há dois lagos de fogo; um em cada ponta do período de mil anos” (RH, 21/01/1862). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.19:21 | 21. Os restantes foram mortos com a espada que saía da boca daquele que estava montado no cavalo. E todas as aves se fartaram das suas carnes. Os restantes. Ou. “o resto”, isto é, todos os habitantes da Terra com exceção dos remidos (ver Nota Adicional sobre Apocalipse 20; Ap.20:15). Espada. Ver com. do v. Ap.19:15. Daquele que estava montado. Ver com. do v. Ap.19:11. Todas as aves. Ver com. do v. Ap.19:17. NOTA ADICIONAL A APOCALIPSE 19 Em Ap.12:17, João fala que uma das marcas identificadoras do remanescente é o “testemunho de Jesus”, que corresponde ao “espírito da profecia” (ver com. ali). A palavra “profecia” representa qualquer mensagem inspirada comunicada por Deus por intermédio de um profeta (ver com. de Mt.11:9). A profecia pode consistir na predição de acontecimentos; contudo, o mais comum é que não seja. A expressão “espírito da profecia” se refere especificamente à “manifestação do Espírito” na forma de um dom especial do Espírito Santo que inspira aqueles que o recebem e os capacita a falar com autoridade como representantes de Deus (1Co.12:7-10), quando “movidos pelo Espírito Santo” a assim fazerem (2Pe.1:21). O contexto da expressão em Ap.19:10 define “o testemunho de Jesus” e “o espírito da profecia” nesse sentido. Considerando que “os restantes” de Ap.12:17 constituem uma referência específica à igreja após o fim dos 1.260 dias proféticos dos v. Ap.12:6; Ap.12:14, isto é, após 1798 (ver com. de Dn.7:25), a passagem demonstra ser uma predição clara da manifestação especial do “espírito” ou do “dom” de profecia na igreja em nossos dias. Os adventistas do sétimo dia acreditam que o ministério de Ellen G. White atende às especificações de Ap.12:17 de maneira única. Os autores bíblicos se referem a mais de vinte de seus contemporâneos que exerceram o dom de profecia, muito embora suas mensagens não tenham sido incorporadas ao cânon, como Natã, Gade, Ido, Ágabo e outros (2Sm.7:2; 1Cr.29:9; 2Cr.9:29; At.11:27-28; Ap.21:10). Além disso, é evidente que o dom de profecia não se restringia aos homens, tanto no AT quanto no NT, pois houve profetisas como Débora (Jz.4:4), Hulda (2Cr.34:22) e as quatro 4 filhas de Filipe (At.21:9). Em nenhuma passagem do NT, os autores sugerem que o dom de profecia terminaria com a igreja apostólica. Ao contrário, Paulo declara que, juntamente com os outros dons do Espírito (Ef.4:11), ele continuaria “até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo (v. Ef.4:13). Todos os outros dons especiais mencionados no v. 11 ainda são necessários na igreja; homens e mulheres continuam a ser qualificados pelo Espírito Santo a exercer tais funções. Por que o ofício do profeta seria considerado uma exceção? Têm ocorrido manifestações falsificadas do dom profético. Isso aconteceu não só na época do AT (ver 2Cr.18; Je.27-29), mas nosso Senhor advertiu à igreja cristã que ela também seria perturbada por falsos profetas, sobretudo, à medida que Seu segundo advento se aproximasse (Mt.24:11; Mt.24:24). O poder de engano desses falsos profetas seria tão grande que enganariam, “se possível, os próprios eleitos”. O fato de Cristo ter advertido contra uma falsa manifestação do dom profético antes de Sua segunda vinda é um forte argumento de que também ocorreria uma manifestação genuína do dom. Caso contrário, Ele poderia simplesmente ter advertido contra todo e qualquer profeta que surgisse. Em harmonia com a advertência de Cristo, João aconselha a igreja a testar aqueles que afirmam ter recebido dons espirituais (1Jo.4:1), a fim de verificar se eles são genuínos. As Escrituras especificam alguns padrões que servem para avaliar aqueles que alegam falar em nome de Deus: (1) a vida pessoal do profeta deve estar em harmonia com os ensinos das Escrituras (Mt.7:15-20); (2) suas mensagens também devem estar em concordância com a Bíblia; (3) seu ministério deve exaltar a Cristo como Filho de Deus e Salvador da humanidade (1Jo.4:2); e (4) seu ministério é confirmado por predições cumpridas (Je.28:9; 1Sm.3:19). Também é razoável esperar que a mensagem proferida por ele proporcione benefícios práticos para a igreja, que será anunciada na hora certa e da maneira apropriada, que não sofrerá influência de seres humanos e, quando estiver em visão, sua experiência será semelhante à dos profetas bíblicos. A vida, o ministério e os escritos de Ellen G. White cumprem todos esses requisitos. Os adventistas do sétimo dia não consideram os escritos de Ellen G. White um substituto, nem um acréscimo ao cânon sagrado. Para eles, a Bíblia é o único teste supremo da fé e prática cristãs (ver PE, 78). Por sua vez, os escritos de Ellen G. White servem, nas palavras dela, como “uma luz menor para guiar homens e mulheres à luz maior” (Ellen G. White, RH, 20/01/1903). Os escritos do espírito de profecia não apresentam uma nova forma de salvação, mas têm o propósito de levar as pessoas a entender e apreciar a Bíblia, ajudando-as a se apropriar da fonte de salvação ali revelada. Alguns especulam que há graus de inspiração. Por isso, afirmam que profetas como Débora, Natã e Ágabo possuíam um tipo de inspiração inferior ao dos escritores canônicos. Com base na mesma premissa, consideram que Ellen G. White possuiu um grau menor ou inferior de inspiração. Todavia, a Bíblia não fala nada sobre graus de inspiração, nem confere qualquer tipo de apoio a essa ideia. Os adventistas creem que tais especulações, além de vãs, são perigosas. De que maneira a mente finita espera entender o mistério de como Deus, por intermédio do Espírito, ilumina de forma singular a mente dos porta-vozes por Ele escolhidos? (sobre alguns questionamentos levantados acerca de Ellen White, ver Francis D. Nichol, Ellen G. White and Her Critics; ver também Herbert Douglass, Mensageira do Senhor). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.20:1 | 1. Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Vi. Os acontecimentos relatados em Apocalipse 20 ocorrem logo depois dos narrados no cap. Ap.19. Descer. Literalmente, “descendo”. João não viu o anjo já na “Terra, mas, sim, no processo de descer. Na mão. Ou, “de sua mão”, num possível indicativo de que a corrente estava pendurada na mão do anjo. Chave. O fato de o anjo carregar uma chave mostra que o Céu tem controle absoluto dos acontecimentos. O dragão não conseguirá evitar o próprio lançamento ao abismo. Abismo. Do gr. abusos (ver com. de Ap.9:1). Esta é uma visão simbólica. O abismo não consiste em uma caverna subterrânea ou em um precipício gigantesco em algum lugar do universo. João descreve a imagem profética que se abriu diante de seus olhos admirados. Em visão, ele contemplou um abismo de verdade, mas o lançamento do dragão no abismo foi apenas uma maneira simbólica de demonstrar que as atividades de Satanás serão interrompidas. Isso fica claro quando se declara o propósito de seu confinamento: “para que não enganasse mais as nações” (Ap.20:3). O contexto e outras passagens deixam claro como as atividades satânicas serão interrompidas: a Terra ficará totalmente despovoada na segunda vinda de Cristo. De acordo com Ap.19:19-21, os ímpios serão todos destruídos por ocasião da vinda (ver com. ali). Ao mesmo tempo, os justos serão “arrebatados [...] entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares” (1Ts.4:17). As palavras de Paulo mostram que, em Sua segunda vinda, Cristo não fundará Seu reino na Terra. Caso isso fosse acontecer, por que tiraria os santos do planeta? O estabelecimento do reino ocorrerá após o fim do milênio, quando a nova Jerusalém descer (Ap.21:1-3). Jo.14:1-3 também subentende que os santos serão retirados da Terra em Sua vinda. Ao confortar os discípulos em sua tristeza por Sua partida, Jesus lhes informou que estava indo para a casa do Pai, onde lhes prepararia moradas. Então, voltaria a fim de levá-los para morar com Ele (comparar com Jo.13:36; Jo.17:24). Sem dúvida, as moradas se encontram na nova Jerusalém, que só será transferida para a Terra no fim do milênio (ver com. de Ap.21:1-3). O grupo que é arrebatado para o encontro com o Senhor nos ares inclui tanto os justos mortos, que serão ressuscitados durante o advento, quanto os justos vivos, que serão transformados (1Co.15:51; 1Ts.4:16-17). Os santos ressuscitados incluem todos os justos que já viveram na Terra. Há apenas duas ressurreições principais, a “ressurreição da vida” e a “ressurreição do juízo” (Jo.5:29; At.24:15). Nelas, “todos os que se acham nos túmulos [...] sairão” (Jo.5:28). Alguns insistem que a expressão “mortos em Cristo” (1Ts.4:16) inclui somente os cristãos que morreram, sem abranger os santos do AT. Porém, os textos bíblicos acima mostram que todos os justos ressuscitam na ressurreição destinada a eles. A expressão “mortos em Cristo” não necessariamente exclui os santos do AT pois eles morreram com a esperança fixa em um Messias por vir. A ressurreição deles depende da ressurreição de Cristo, pois “todos serão vivificados em Cristo” (1Co.15:22). A ressurreição dos justos também é chamada de “primeira ressurreição” (Ap.20:5-6). Grande confusão tem sido levada à doutrina do milênio por aqueles que falham em reconhecer que as promessas ao antigo Israel eram condicionais à obediência. Muitas teorias fantasiosas são defendidas por aqueles que tentam encaixar o cumprimento das promessas antigas no retrato escatológico do NT. Isso extrapola o que os autores do NT tentam fazer. Inspirados pelo Espírito de Deus, eles apresentam uma imagem consistente dos acontecimentos dos últimos dias. Mostram como os eventos que poderiam ter se cumprido de maneira diferente, caso a nação judaica tivesse aceito seu destino divino, serão realizados com respeito à igreja do NT. Identificam a verdadeira posição dos judeus no NT e não atribuem uma posição especial a eles como nação. Individualmente, aqueles que, ao longo dos séculos da era cristã, aceitaram a jesus Cristo são salvos como membros da igreja cristã, junto com os outros santos, eles ressuscitam na primeira ressurreição e são trasladados. Aqueles que continuam a rejeitar o Messias ressuscitam na segunda ressurreição (ver com. de Ap.20:5). A partida de todos os santos para o Céu e a destruição de todos os ímpios vivos (ver parágrafos anteriores) deixam a Terra totalmente despovoada. Além disso, as temíveis convulsões da natureza ligadas às sete últimas pragas (ver com. de Ap.16:18-21) transformam o planeta em um cenário de desolação completa. Cadáveres jazem em sua superfície (ver com. de Ap.19:17-21). Não é impossível interpretar abusos como um símbolo da Terra desolada à qual Satanás ficará confinado durante o milênio. Na LXX, em Gn.1:2, abusos traduz o hebraico tehom, “profundo”, palavra que descreve a superfície terrestre conforme aparece no primeiro dia da criação, “sem forma e vazia”. Corrente. Símbolo de prisão. Não é prefigurada uma amarra com uma corrente literal neste texto. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.20:2 | 2. Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos; Segurou. Do gr. krateo, “agarrar”, “segurar firme”. Dragão [...] Satanás. Esta referência remonta a Ap.12:9, versículo em que aparece a mesma lista de nomes (ver com. ali). Prendeu. A prisão do dragão simboliza as restrições impostas sobre as atividades de Satanás. Os ímpios serão mortos na segunda vinda de Cristo. Os justos serão arrebatados para o Céu. O diabo e seus anjos maus ficarão confinados na Terra desolada. Não haverá nenhum membro da raça humana vivo para ele exercer seu poder de enganar. É nisto que consistirá sua prisão (ver com. do v. Ap.20:1). Mil anos. Alguns comentaristas interpretam este tempo como um período profético, ou seja, 360 mil anos literais. Baseiam esse ponto de vista no fato de que os versículos são simbólicos e, portanto, o período também deve ser entendido simbolicamente. Outros destacam que esta profecia contém uma mistura de elementos literais e, por isso, não é necessário compreender a expressão de forma simbólica. Este Comentário assume a posição de que os mil anos são literais. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.20:3 | 3. lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil anos. Depois disto, é necessário que ele seja solto pouco tempo. Abismo. Ver com. do v. Ap.20:1. Pôs selo. Do gr. sphragizo, “selar”. Leia sobre a função dos selos antigos no com. de Ap.7:2. Este selo pode ser comparado ao que foi colocado na sepultura de Jesus (Mt.27:66). O selamento simboliza que Satanás será efetivamente preso durante o período mencionado. Enganasse as nações. A obra satânica de engano será interrompida pela ausência de população na Terra. Não haverá ninguém a quem ele poderá enganar (ver com. do v. Ap.20:1). É necessário. Do gr. dei. O termo sugere necessidade com base em razões morais e éticas. Neste caso, é uma necessidade porque Deus deseja que seja, como parte de Seu plano. Solto. Reversão da prisão à qual o diabo foi submetido na segunda vinda de Cristo. Satanás novamente recebe permissão para enganar os seres humanos e realizar sua vontade com eles em oposição a Deus. Tinha sido o despovoamento da Terra que pusera fim a sua obra de engano. Sua soltura será realizada por meio de um repovoamento do planeta, que ocorrerá por meio da ressurreição dos ímpios ao fim dos mil anos (ver com. do v. Ap.20:5). Eles serão alvo dos enganos do inimigo em seu plano final de medir forças com Yahweh. Pouco tempo. A duração deste “pouco tempo” não é informada. Será tempo suficiente para Satanás organizar os ímpios ressurretos a fim de atacar a nova Jerusalém. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.20:4 | 4. Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Tronos. Símbolos de autoridade para exercer domínio como rei (Ap.13:2) ou juiz (Mt.19:28). Sentaram-se. Ou, “tomaram seus assentos”. Julgar. Do gr. krima, “sentença”, “veredito”, “decisão executada”. Neste caso, krima parece se referir à autoridade para definir a sentença. A passagem não fala de um veredito em favor dos justos. Os santos se assentam em tronos, indicando que serão eles que pronunciarão a sentença. Sem dúvida, esta passagem faz alusão a Dn.7:22, texto no qual o profeta observa que “foi dado o juízo aos santos do Altíssimo” (ARC). Para juízo, a LXX de Daniel traz krisis, “ato de julgar”, ao passo que a versão grega de Teodócio traz krima. A obra de julgamento à qual João se refere corresponde, sem dúvida, à mencionada por Paulo: “Não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? [...] Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos?” (1Co.6:2-3). Com certeza, a obra de julgamento envolve uma investigação cuidadosa dos registros dos ímpios, a fim de que todos se convençam da justiça de Deus ao destruir os ímpios (ver DTN, 58: GC, 660, 661). Almas. Ver com. de Ap.6:9; cf. com. de Sl.16:10. Decapitados. Do gr. pelekizo, literalmente, “cortar com um machado”, especificamente, “decapitar”. A palavra se origina de pelekus, “machado”. O machado era o instrumento usado em execuções na Roma antiga. Posteriormente, foi substituído pela espada. Testemunho de Jesus. Ver com. de Ap.1:2; Ap.1:9. Neste caso, o testemunho dado a respeito de Jesus. Palavra de Deus. Ver com. de Ap.1:2; Ap.1:9. Não adoraram. Em outras palavras, deram ouvidos à advertência do terceiro anjo (Ap.14:9-12) e se recusaram a prestar obediência ao poder representado pela besta, mesmo diante da ameaça de boicote e morte (ver com. de Ap.13:15-17). Só são mencionadas duas classes de santos neste versículo: os mártires e aqueles que venceram a besta. Isso não quer dizer que esses dois grupos serão os únicos a participar do reino milenar, pois já foi mostrado que todos os justos mortos (não só os mártires) sairão das sepulturas na primeira ressurreição (ver com. de Ap.20:1; cf. com. de Dn.12:2). Talvez os mártires e os que venceram a besta recebam destaque por representarem aqueles que mais sofreram (ver Nota Adicional no fim deste capítulo, Ap.20:15). Viveram e. O termo grego também pode ser traduzido por “reviveram”. O contexto parece favorecer a segunda tradução; caso contrário, a declaração “Esta é a primeira ressurreição” (v. Ap.20:5) não teria um antecedente adequado. Contudo, aqueles que venceram a besta estarão vivos logo antes da vinda do Filho do homem e a maioria, se não todos, não precisarão ressuscitar (ver com. do v. Ap.20:1). Por isso, alguns sugerem que “viveram” teria uma ideia inclusiva; já “e” seria uma explicação do termo, da seguinte forma: “Eles começaram a viver, isto é, a reinar com Cristo”. Reinaram. A pergunta que se faz é sobre quem os santos reinarão se todos os ímpios foram destruídos. Afirma-se que eles reinarão “com Cristo”. O sétimo anjo proclama: “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do Seu Cristo” (Ap.11:15). Daniel fala que “o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo” (Dn.7:27). Os santos permaneceram sob o domínio opressor de reis que haviam bebido do vinho da prostituição de Babilônia (ver Ap.18:3). Agora a situação se reverte. É fato que os ímpios estão mortos (ver com. de Ap.20:2), mas eles voltarão à vida ao fim do milênio (ver com. do v. Ap.20:5). É como se estivessem separados para receber o castigo mais tarde. Nesse meio tempo, os santos auxiliam na obra de julgamento que determina o castigo a ser dado. Depois que os ímpios voltam à vida, sofrem uma derrota completa, recebem sua punição e são aniquilados (ver com. de Ap.14:10; Ap.20:9). Com Cristo. O reinado milenar com Cristo no Céu, não na Terra, como defendem muitos intérpretes da Bíblia (ver com. do v. Ap.20:2; ver Nota Adicional ao fim do capítulo; Ap.20:15). Mil anos. Ver com. do v. Ap.20:2. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.20:5 | 5. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Os restantes dos mortos. Clara referência aos ímpios mortos, que, desde o princípio dos tempos, foram para a sepultura sem Cristo e aqueles que pereceram por ocasião da segunda vinda de Jesus. Isso fica claro ao se levar em conta o fato de que todos os justos mortos reviveram na primeira ressurreição. Logo, a expressão “os restantes dos mortos” consiste numa referência aos ímpios mortos (ver com. do v. Ap.20:2). Evidências textuais apoiam (cf. p. xvi) a omissão da frase “os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos”, embora se defenda, de modo geral, que a preponderância das evidências é favorável a mantê-la. No entanto, a doutrina da segunda ressurreição não depende de sua permanência. Ela está subentendida no capítulo. Para as nações se unirem a Satanás em seu ataque à cidade santa (v. Ap.20:9), elas devem voltar a viver. O termo “segunda ressurreição” deriva da realidade de que haverá apenas duas ressurreições principais (Jo.5:28-29; At.24:15) e que a ressurreição dos justos é chamada de “primeira ressurreição” (ver com. de Ap.20:2; Ap.20:4). A passagem “os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos” é um parêntese. A frase seguinte, “Esta é a primeira ressurreição”, está diretamente ligada à ressurreição mencionada no v. Ap.20:4 (sobre os aspectos textuais do problema do v. Ap.20:5, ver Notal Adicional no fim deste capítulo; Ap.20:15). Não reviveram. Ver com. do v. Ap.20:4. Até que se completassem. Uma tradução literal para a expressão poderia ser: “até terem se completado”. Primeira ressurreição. Isto é, a mencionada no v. Ap.20:4 (ver com. ali). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.20:6 | 6. Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos. Bem-aventurado. Do gr. makarios (ver com. de Mt.5:3). Santo. Do gr. hagios (ver com. de Rm.1:7). Segunda morte. Isto é, a morte que sobrevêm aos ímpios após sua ressurreição ao fim dos mil anos (v. Ap.20:14; Ap.21:8). A primeira morte é a que acomete a todos (1Co.15:22; Hb.9:27). Todos, tanto justos quanto ímpios, ressuscitam dessa morte (Jo.5:28-29). Os justos saem imortais da sepultura (1Co.15:52-55). Os ímpios ressuscitam para receber seu castigo e sofrer a morte eterna (Ap.20:9; Ap.21:8). Deus lhes destrói tanto o corpo quanto a “alma” no inferno (Mt.10:28). Isso significa aniquilação. A “segunda morte” é o exato oposto de uma vida sem fim sob tortura, que alguns ensinam ser o destino dos ímpios (ver com. de Mt.25:41). Autoridade. Do gr. exousia. A segunda morte não afetará os remidos. Sacerdotes. Ver com. de Ap.1:6; Is.61:6. De Deus. Isto é, na companhia de Deus. Do mesmo modo, “de Cristo” significa na companhia de Cristo. As expressões “de Deus” e “de Cristo” podem significar, respectivamente, servindo a Deus e a Cristo. Reinarão. Ver com. do v. Ap.20:4; cf. Nota Adicional ao fim deste capítulo; Ap.20:15. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.20:7 | 7. Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão Solto. O confinamento havia resultado da partida dos justos para o Céu e da morte dos ímpios vivos (ver com. do v. Ap.20:2). A soltura será realizada pela ressurreição dos ímpios, ato que dará a Satanás pessoas sobre as quais exercer sua astúcia enganosa. Prisão. A prisão é o “abismo”, a Terra desolada após a segunda vinda de Cristo, onde Satanás ficou confinado por mil anos (ver com. do v. Ap.20:1). Satanás deve ser liberto para organizar os ímpios ressuscitados. Essa será sua empreitada final contra Deus antes de ser destruído. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.20:8 | 8. e sairá a seduzir as nações que há nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de reuni-las para a peleja. O número dessas é como a areia do mar. Nações [...] Gogue e Magogue. Tais termos representam as hostes dos perdidos de todas as eras que voltarão à vida na segunda ressurreição (ver uma discussão sobre os nomes “Gogue” e “Magogue” e a aplicação desses símbolos tanto na profecia do AT quanto nesta passagem no com. de Ez.38:1-2). Para a peleja. Evidências textuais (cf. p. xvi) favorecem esta variante. O artigo definido dá ênfase a uma batalha em particular, o último conflito entre Deus e os que se rebelam contra Ele (ver GC, 663-665). Areia do mar. Isto é, impossível de calcular (cf. Gn.22:17). Esta hoste é formada por todos os perdidos desde a fundação do mundo. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.20:9 | 9. Marcharam, então, pela superfície da terra e sitiaram o acampamento dos santos e a cidade querida; desceu, porém, fogo do céu e os consumiu. Superfície da terra. Comparar com expressão semelhante em Hb.1:6. Os ímpios, liderados por Satanás, marcham em direção ao acampamento dos justos. Sitiaram. Isto é, “rodearam”. Acampamento. Do gr. parembole, palavra composta por para, “ao lado”, e ballo, “colocar”, “pôr”, “lançar”. Parembole é usada para se referir às barracas ou às fortalezas militares (At.21:34; At.21:37), a um exército em ordem para a batalha (Hb.11:34) e a um acampamento de civis (Hb.13:11; Hb.13:13). Nesta passagem, parembole descreve a nova Jerusalém. E a cidade querida. Ou, “até mesmo a cidade querida”. Esta cidade é a nova Jerusalém (Ap.21:10). Alguns eruditos fazem distinção entre o acampamento e a cidade. Fica claro, porém, que os santos se encontram dentro da cidade durante o cerco (ver PE, 292, 293). O fato de a “cidade querida” ser sitiada demonstra claramente que ela desceu, embora tal processo seja relatado em Ap.21:1; Ap.21:9-10. Um dos acontecimentos significativos após o fim do milênio é a descida de Cristo, dos santos e da cidade santa. A narrativa é contada de forma extremamente concisa, mas a sequência dos eventos se torna evidente quando todo o contexto é analisado. Fogo. Sem dúvida, esta é uma referência ao fogo literal como instrumento de destruição. Consumiu. Literalmente, “devorou”. A forma verbal no grego denota ação concluída. Os ímpios são aniquilados. Eles sofrem a “segunda morte” (ver com. do v. Ap.20:6). Não há nenhum indício aqui de tortura sem fim em um inferno que queimará para sempre (cf. Jd.1:7). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.20:10 | 10. O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos. Lago de fogo. Ver com. de Ap.19:20. Aqui o lago de fogo corresponde à superfície da Terra, que se transforma em um mar de chamas que tanto consome os ímpios quanto purifica o planeta. Se encontram. Estas palavras são acrescentadas. O contexto sugere a inclusão de “foram lançados” (ver com. de Ap.19:20). Serão atormentados. O verbo grego se encontra no plural. O sujeito do verbo é o diabo, a besta e o falso profeta. É importante observar que a besta e o falso profeta não são criaturas literais, mas simbólicas. Pelos séculos dos séculos. Literalmente, “até as eras das eras” (ver com. de Ap.14:11). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.20:11 | 11. Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. Trono. Símbolo de autoridade. Neste caso, autoridade para efetuar um julgamento. O trono é “branco”, sugerindo pureza e justiça das decisões. Ele também é chamado de “grande”, talvez em referência à importância das decisões ali tomadas. Aquele que nele se assenta. A identidade da pessoa assentada no trono não é mencionada, a menos que a expressão “diante de Deus” (v. Ap.20:12, ACF) a revele. Contudo, evidências textuais (cf. p. xvi) comprovam a variante adotada pela ARA, “diante do trono”, em lugar de “diante de Deus”. Logo, a identidade permanece incerta. As Escrituras apresentam tanto Cristo (Rm.14:10) quanto o Pai (Hb.12:23) assentados para julgar. Em Ap.4:2; Ap.4:8-9; Ap.5:1; Ap.5:7; Ap.5:13; Ap.6:16; Ap.7:10; Ap.7:15; Ap.19:4; Ap.21:5, é o Pai quem Se assenta no trono, como o juiz divino. Os dois trabalham na mais íntima união (ver com. de Jo.10:30). Os atos oficiais de um se transformam nos do outro. Sem dúvida, aqui é Cristo quem conduz o processo de julgamento (ver GC, 666). Fugiram. Um indício do poder absoluto daquele que Se assenta sobre o trono e da existência transitória deste mundo (Sl.102:25-26; Sl.104:29-30; Is.51:6; Mc.13:31; 2Pe.3:10). A ordem eterna das coisas será de natureza completamente nova (Ap.21:1-5). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.20:12 | 12. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros. Os mortos. Referência clara àqueles que ressuscitam na segunda ressurreição (ver com. dos v. Ap.20:5; Ap.20:7). Os grandes e os pequenos. A posição na vida não influencia em nada este encontro com Deus. Muitos dos que ocupam altas posições neste mundo escapam, enquanto vivos, da retribuição adequada por seus atos de maldade. Contudo, na prestação final de contas com o Senhor, não haverá fuga da justiça completa. Diante do trono. Evidências textuais (cf. p. xvi) comprovam esta variante (ver com. do v. Ap.20:11). Livros. O grego, assim como a variante adotada pela ARA, não tem artigo definido. Estes são os livros que contêm o registro da vida dos seres humanos. Nenhuma sentença sobre os ímpios será arbitrária, parcial ou injusta (sobre a classificação desses livros, ver com. de Dn.7:10). Outro livro. Isto é, “mais um livro”. Livro da Vida. Ver com. de Fp.4:3; cf. com. de Lc.10:20. Segundo as suas obras. Ver com. de Rm.2:6. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.20:13 | 13. Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por um, segundo as suas obras. Mar [...] morte e o além. Estas palavras anunciam a universalidade da segunda ressurreição subentendida no v. Ap.20:12. Nenhum ser humano conseguirá evitar o comparecimento pessoal diante de Deus em Seu trono. A morte e o além são mencionados juntos em Ap.1:18; Ap.6:8 (sobre uma definição de “além” ou “inferno”, ver com. de Mt.11:23). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.20:14 | 14. Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. A morte e o inferno. A morte e o inferno são personificados nesta passagem. Ao serem lançados no lago de fogo, representam o fim da morte e da morada dos mortos. Nunca terão parte na nova Terra; são fenômenos mortais que só pertencem a este mundo. A morte é o último inimigo a ser destruído (1Co.15:26; 1Co.15:53-55). Lago de fogo. Ver com. do v. Ap.20:10. Segunda morte. Ver com. do v. Ap.20:6. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.20:15 | 15. E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo. Se alguém. Somente o nome dos fiéis será mantido no Livro da Vida. O nome daqueles que não perseverarem até o fim será apagado (Ap.3:5). Muitos nunca tiveram o nome registrado ali, pois o livro só contém o nome daqueles que, em algum momento da vida, professaram a fé em Cristo (ver com. de Lc.10:20). Lago de fogo. Ver com. do v. Ap.20:10 (comparar com Mt.25:41-46; Ap.21:8). NOTA ADICIONAL 1 A APOCALIPSE 20 Ap.20:5 apresenta um problema textual. A frase “Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos” não é encontrada em alguns manuscritos. Isso levantou uma dúvida quanto à autenticidade da passagem. Segue-se uma análise das evidências textuais existentes sobre o problema. Existem seis principais testemunhas unciais para o livro de Apocalipse: (1) o Papiro Chester Beatty, do terceiro século, chamado de P47 o mais antigo testemunho substancial do livro e alguns fragmentos de papiros; (2) o Sinaítico (denominado X) do quarto século; (3) o Alexandrino (denominado “A”) do quinto século; (4) o Efraimita (Efraemi Rescriptus, “C”); (5) o Porfiriano (“P”), do nono ou décimo século; e (6) um manuscrito Vaticano às vezes chamado de “B”, mas diferente do Códice Vaticano, consistentemente denominado “B”. O Apocalipse não faz parte do Códice Vaticano, e a ausência foi suprida por um manuscrito do oitavo século que recebe vários nomes: “Vaticano gr. 2066”, “046” ou “a 1070”. Além desses testemunhos unciais, há uma série de manuscritos em letras cursivas (também chamados “minúsculos”) de data comparativamente tardia. Deve-se observar que nem todos esses manuscritos antigos estão completos. Em alguns, faltam folhas inteiras e outros ficaram mutilados. Às vezes, seções completas se encontram ausentes. Por exemplo, conforme mencionado há pouco, todo o livro de Apocalipse está faltando no Códice Vaticano. O Papiro Chester Beatty de Apocalipse contém apenas o trecho de Ap.9:10-17:2, com certas linhas faltando nas folhas às quais ainda se tem acesso. Portanto, o testemunho desses importantes unciais sobre Ap.20:5 é desconhecido. O mesmo se aplica ao testemunho do Códice Efraimita (C) e do Porfiriano (P), pois falta todo o capítulo 20 do “C” e os nove primeiros versículos do “P”. Esta seção também não é encontrada em alguns minúsculos. A versão Peshitta (início do quinto século) nunca conteve os livros de 2 Pedro, 2 João, 3 João, Judas e Apocalipse, porque a igreja síria não os reconhece como parte do cânon. O texto de Apocalipse que ocorre nas versões impressas modernas da Peshitta desde 1672 foi emprestado de uma tradução siríaca posterior conhecida como Heracleana. Portanto, a autenticidade da frase em pauta deve ser avaliada com base nas testemunhas remanescentes, que são relativamente poucas. Na verdade, existem bem menos testemunhas antigas de Apocalipse do que dos evangelhos, de Atos e das epístolas de Paulo. Dentre os manuscritos que contêm este trecho de Apocalipse, a frase “Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos” é omitida no Sinaítico (X), em vários minúsculos e nas versões siríacas. É encontrada no Alexandrino (A), em 046 e em grande quantidade de minúsculos. O processo para determinar a autenticidade de uma variante é complexo demais para ser abordado aqui, mas, com base nas evidências disponíveis, os eruditos aceitam, de modo geral, como autêntica a frase aqui analisada. É por isso que ela ocorre na maioria das traduções. O fato de alguns tradutores colocarem a passagem entre parênteses não significa que duvidam da autenticidade do trecho; eles podem apenas considerá-lo parentético. Já foi destacado que a passagem inteira apresentaria uma leitura mais coerente se a frase em questão for omitida, sobretudo se a última parte do v. Ap.20:4 for traduzida: “eles reviveram e reinaram com Cristo por mil anos”, variante permitida pela sintaxe do grego. Contudo, apenas esta observação não é justificativa para definir a autenticidade de um trecho em particular. Não se pode negar a um autor o privilégio de introduzir uma ideia parentética de uma linha de pensamento que, sem ela, fluiria mais tranquilamente. Não há problema contextual na frase em debate, pois o que ela afirma está subentendido no contexto, em especial, quando são estudados os textos bíblicos relacionados ao assunto. A Bíblia trata de duas ressurreições principais: a dos justos e a dos injustos (ver Jo.5:28-29; At.24:15). A dos justos ocorre de modo evidente, junto com a segunda vinda de Cristo (ver 1Ts.4:13-17). Em Ap.20:4, declara-se que alguns grupos “viveram e reinaram com Cristo durante mil anos”. Ela deveria ser traduzida conforme observado acima: “eles reviveram e reinaram com Cristo por mil anos”. De acordo com esta tradução, a frase “Esta é a primeira ressurreição” (v. Ap.20:5) forma uma conexão lógica com o v. Ap.20:4. Quando o autor chama esta ressurreição de “primeira”, deixa subentendida uma segunda. Uma vez que todos os ímpios são mortos na segunda vinda de Cristo (Ap.19:21) e que são representados atacando a cidade no fim do milênio (Ap.20:8-9), conclui-se que eles devem ter ressuscitado. Logo, a segunda ressurreição no final dos mil anos fica subentendida no contexto. NOTA ADICIONAL 2 A APOCALIPSE 20 O período de mil anos comumente chamado de “milênio” é mencionado na Bíblia somente em Apocalipse 20. A palavra “milênio”, que significa apenas “mil anos”, não é um termo das Escrituras, mas a expressão “mil anos” ocorre seis vezes nos v. Ap.20:1-7. Os eruditos divergem em suas interpretações do milênio. Esta Nota Adicional se propõe a elencar motivos bíblicos para a posição defendida pelos adventistas do sétimo dia e mostrar por que os adventistas consideram implausíveis outras posições que têm sido propagadas. O segundo advento de Cristo precede o milênio. A narrativa de Apocalipse 19 e 20 é contínua, deixando claro que o segundo advento precede o milênio. O segundo advento é retratado simbolicamente no cap. Ap.11:21, e a narrativa continua sem intervalos até o cap. 20, que trata do período do milênio. A continuidade da narrativa é patentemente demostrada pela inter-relação dos eventos. Os três grandes poderes que se opõem à obra de Cristo e reúnem os reis da Terra para a batalha logo antes do advento são identificados como o dragão, a besta e o falso profeta (Ap.16:19). De acordo com Ap.19:19, quando “a besta e os reis da terra, com os seus exércitos” se reúnem para guerrear contra Cristo por ocasião de Seu advento, a besta e o falso proleta são pegos e lançados vivos em um lago de fogo e enxofre (v. Ap.19:20-21). A narrativa do cap. 20 prossegue, revelando o destino do terceiro membro do trio, o dragão, que é preso e lançado no abismo, onde permanece por mil anos. Qualquer definição ou descrição do milênio deve se basear na estrutura da doutrina milenar expressa nos capítulos 19 e 20, pois este é o único trecho das Escrituras que trata diretamente do assunto. Os inimigos de Cristo são mortos no segundo advento. Quando a besta e o falso profeta são lançados no lago de fogo (Ap.19:20), “os restantes” (v. Ap.19:21) de seus seguidores são mortos pela espada de Cristo. São os reis, capitães, poderosos e “todos, quer livres, quer escravos” (v. Ap.19:18). As mesmas classes são mencionadas durante o sexto selo, tentando se esconder da face do Cordeiro (Ap.6:14-17), quando os céus se enrolam como um pergaminho e todas as montanhas e ilhas se movem. É evidente que este texto retrata o mesmo evento que abalará a Terra, o segundo advento de Cristo. Quantos se envolveram na morte dos “restantes” (Ap.19:21)? De acordo com Ap.13:8, haverá apenas duas classes na Terra por ocasião do advento: “adorá-la-ão [a besta] todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro”. Portanto, fica claro que, quando “os restantes” forem “mortos com a espada” (Ap.19:21), não ficarão sobreviventes, a não ser os que resistiram à besta, a saber, aqueles cujo nome está escrito no Livro da Vida (Ap.13:8). Antes de mencionar que este grupo entra no reino milenar (Ap.20:4), João relata como o terceiro grande inimigo, o dragão, receberá sua retribuição (v. Ap.20:1-3). Os justos mortos ressuscitarão no segundo advento. A Bíblia fala de duas ressurreições, a dos justos e a dos injustos, separadas por um período de mil anos (ver com. de Ap.20:1; Ap.20:4-5). Não pode haver apenas uma ressurreição geral, pois há uma ressurreição que, aparentemente, nem todos podem alcançar (Fp.3:11; Lc.14:14; Lc.20:35). Os justos são caracterizados, em outras passagens, como “os que são de Cristo, na Sua vinda” [1Co.15:23]). Alguns defendem que Ap.20:4 fala apenas dos mártires cristãos. Contudo, a comparação com outros textos das Escrituras revela que todos os justos, inclusive os santos do AT (ver com. de Rm.4:3; 1Co.15:18) e os justos vivos, receberão a imortalidade nessa ocasião (1Co.15:51-54) e ascenderão com Cristo no segundo advento (ver com. de 1Ts.4:16-17). Não há justificativa bíblica válida para separar os bem-aventurados e santos (que enfrentaram a perseguição da besta) dos santos imortais mencionados em 1Ts.4 e 1Co.15. A unidade do segundo advento. As várias referências bíblicas ao segundo advento se combinam a fim de retratar um único evento na vinda de Cristo para reunir Seus santos e destruir os perseguidores. As principais referências podem ser resumidas da seguinte forma: 1. Mt.24:29-31. A vinda de Cristo será visível, “sobre as nuvens do céu”, “em seguida à tribulação”. Jesus envia Seus anjos “com grande clangor de trombeta” para reunir “os Seus escolhidos”. 2. 1Co.15:23; 1Co.15:51-53. “Os que são de Cristo, na Sua vinda” (tanto os mortos ressuscitados quanto os vivos) recebem a imortalidade “ao ressoar da última trombeta”. 3. 1Ts.4:15-17. O Senhor desce com “a trombeta de Deus” para ressuscitar e se unir aos “mortos em Cristo”, junto com aqueles que estão “vivos” e ficaram até o dia de Sua vinda. Eles sobem “entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares”, a fim de estar “para sempre com o Senhor”. 4. 2Ts.1:6-8. A igreja receberá “alívio” da perseguição quando “do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do Seu poder”, a fim de punir aqueles que “não obedecem ao evangelho”. 5. 2Ts.2:1-3; 2Ts.2:8. A “reunião” com Cristo, com a qual os tessalonicenses estavam preocupados, só ocorreria após a “apostasia” e a revelação do “homem da iniquidade [o anticristo]”, que será destruído “com o sopro de Sua boca [de Cristo]” e a “manifestação de Sua vinda”. 6. Ap.1:7. A vinda de Jesus será “com as nuvens” e visível a “todo olho”. 7. Ap.14:14-20. Quando Cristo voltar, fará uma dupla colheita: dos justos e dos injustos. 8. Ap.19:11-20:6. Em Sua vinda, representado como um guerreiro acompanhado pelos exércitos do Céu, Cristo joga a “besta” perseguidora e o “falso profeta” no lago de fogo e mata o restante de Seus inimigos com a espada “da Sua boca”. Um anjo prende Satanás. Os fiéis (os mortos ressuscitados e os vivos) recebem a recompensa; eles reinam “com Ele [Cristo] os mil anos”. Estas referências bíblicas estão de acordo com o retrato do retorno glorioso do Senhor como um único acontecimento visível. Elas mostram que, neste evento único, ocorrerá: (1) a reunião imortal dos santos da Terra para estar com Deus, certamente nas “moradas” celestes, o lugar que Cristo foi preparar para eles (Jo.14:2-3); e (2) a execução dos perseguidores da última geração, com todos os ímpios, pela glória consumidora de Sua vinda. Portanto, fica claro que, quando o milênio começar, todos os seres humanos terão sido levados para o Céu após receber a imortalidade, ou deixados mortos na Terra desolada. É esse despovoamento da Terra que prende Satanás (ver com. de Ap.20:1-2). Ele fica incapaz de tocar os remidos e sem poder para enganar seus súditos humanos, até eles ressuscitarem ao fim dos “mil anos” (v. Ap.20:5). Base equivocada para a crença no milênio terrestre. Alguns defendem que o milênio será um período de justiça, paz e prosperidade na Terra. Chegam a esse conceito ao aplicar ao milênio, de maneira literal ou figurada, as profecias de restauração do reino feitas ao antigo Israel no AT. Os pré-milenaristas que pertencem a este grupo aplicam tais profecias literalmente a um reino mundial da igreja ou dos judeus em um milênio futuro, posterior à segunda vinda. Os pós-milenaristas aplicam as mesmas predições a uma era de ouro futura da igreja antes do segundo advento. Um terceiro grupo, os amilenaristas, reduzem as descrições do reino feitas no AT para o antigo Israel a meras alegorias das vitórias da igreja na dispensação do evangelho. É dupla a falácia desses três posicionamentos: (1) nenhum deles atende aos requisitos expressos em Ap.19:11-20:15, a principal passagem bíblica a respeito do milênio. Este texto evidencia que não haverá nenhum ser humano vivo na terra durante o período (ver acima; cf. com. de Ap.20:1). Logo, o milênio não pode ser um período de justiça, paz e prosperidade na terra; (2) tais pontos de vista se baseiam em um conceito falso da natureza das profecias do AT. Por exemplo, muitos pré-milenaristas defendem que as profecias sobre o reino consistem em decretos literais e inalteráveis que ainda se cumprirão ao Israel literal, isto é, aos judeus (leia sobre o termo “Israel” sendo aplicado a judeus de todas as tribos no com. de At.1:6). Essa crença equivocada resultou em um sistema conhecido como futurismo (ver p. 112), que, em vez de considerar a igreja cristã a herdeira das promessas feitas a Israel, classifica a era cristã como um “parêntese” na profecia, isto é, um período que preenche um intervalo até que as profecias antigas acerca de Israel se cumpram de maneira literal no futuro (cf. p. 112). Os intérpretes desta escola aplicam grande parte das predições de Apocalipse aos judeus e acreditam que tais predições se cumprirão naquilo que chamam de “tempo do fim”. Eles têm a expectativa de que as profecias do reino destinadas a Israel, feitas no AT, se cumprirão durante o milênio. Dividem a história sagrada em dispensações, ou períodos, dentro das quais a “era da igreja” é classificada como um ínterim, a dispensação da graça, que fica entre as eras judaicas passada e futura da lei. Esta divisão em dispensações requer, por questão de lógica, um “arrebatamento pré-tribulação” (ver com. de 1Ts.4:17), a fim de retirar os santos cristãos da Terra antes do “período da tribulação”. Esses intérpretes defendem ainda que os judeus que sobreviverem aceitarão a Cristo quando Ele aparecer nas nuvens após a tribulação; então, as “nações” sobreviventes entrarão no milênio e, embora ainda mortais, viverão na terra parcialmente renovada. Nessa época, de acordo com esse ponto de vista, os judeus desfrutarão, além de prosperidade material e longa vida, o reino restaurado de Davi, um novo templo e um sistema sacrificial “comemorativo”, com a lei, o sábado, um domínio político mundial e o exercício do “cetro de ferro” de Cristo sobre as nações submissas, mas, por fim, rebeldes, tudo isso no reino milenar terreno, enquanto os santos cristãos reinam com Cristo em imortalidade. Seguem-se alguns princípios de interpretação profética do AT negligenciados por aqueles que reservam as profecias do reino do AT aos judeus de uma era futura (ver vol. 4, p. 12-25; ver com. de Dt.18:15). 1. As promessas ao antigo Israel eram condicionais. Deus disse; “Se diligentemente ouvirdes [...], então, sereis a Minha propriedade peculiar dentre todos os povos” (Ex.19:5; Dt.7-8; Dt.27-30; Je.18:6-10; ver vol. 4, p. 20. 21). 2. A nação de Israel não cumpriu os requisitos e, por isso, perdeu o reino e as promessas. Quando Cristo, o Filho de Davi, veio, a nação judaica rejeitou seu Rei e perdeu o reino (ver com. de Mt.21:43; cf. com. de Ap.20:1). 3. A igreja cristã, o “Israel espiritual”, é agora a herdeira das promessas. A falha do Israel literal não significa que “a palavra de Deus haja falhado” (Rm.9:6). Quando a nação de Israel foi cortada fora, como galhos mortos do verdadeiro tronco de Abraão, o verdadeiro Israel passou a corresponder ao remanescente judeu fiel que aceitou o Messias (ver com. de Rm.11:5); a esses cristãos judeus foram acrescentados os cristãos gentios, enxertados no ramo original. Logo, a árvore agora inclui os filhos espirituais de Abraão (Gl.3:16; Gl.3:26-29), a saber, a igreja cristã. Paulo diz que “todo o Israel será salvo” (Rm.11:26), mas deixa bem claro que “todo o Israel” não significa todos os judeus (ver com. ali). Ele exclui os meros “filhos da carne” e inclui somente os “filhos da promessa” (Rm.9:6-8). A esses ele acrescenta os gentios que têm a verdadeira circuncisão espiritual, a qual vem de Cristo (Rm.2:26; Rm.2:28-29; Cl.2:11; ver com. de Rm.11:25-26; Fp.3:3). Ele diz especificamente que os não judeus salvos pela graça de Cristo não são mais estrangeiros à “comunidade de Israel”, nem estranhos às “alianças da promessa”, mas, sim, “concidadãos dos santos” (Ef.2:8-22). No Israel espiritual, “não pode haver judeu nem grego”; em vez disso, todos são um em Cristo (GI.3:28). Paulo estende a “toda a descendência”, formada por judeus e cristãos gentios, a promessa do reino (ver com. de Rm.4:13; Rm.4:16). Pedro cita, quase que palavra por palavra, o texto-chave (Ex.19:5-6) que promete a Israel a posição de povo escolhido, nação santa, “reino de sacerdotes” e a aplica aos cristãos não judeus. Isso mostra que ele vê a igreja cristã como uma herdeira da posição especial que antes pertencia ao Israel desobediente (ver com. de 1Pe.2:5-10). João usa duas vezes uma expressão que parece aludir a esta mesma passagem de Êxodo: “reino, sacerdotes”, “reino e sacerdotes” (ver com. de Ap.1:6; Ap.5:10), mostrando que faz uma aplicação semelhante da promessa do reino à igreja, não só à igreja triunfante futura, mas também aos cristãos da Ásia Menor (sobre aplicações semelhantes, ver At.2:16-21; At.13:47; At.15:13-17). 4. Profecias que, em princípio, eram literais podem se cumprir espiritualmente ao “Israel espiritual” nesta era e de maneira transcendente no mundo por vir. As aplicações do NT mostram que profecias literais feitas ao antigo Israel podem ter um cumprimento não literal para a igreja sob as novas condições da era cristã e um cumprimento final, sem os elementos da mortalidade, no reino eterno. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:1 | 1. Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Novo. Do gr. kainos, “novo” em qualidade, em contraste com aquilo que está gasto ou manchado. As duas ocorrências de “novo” neste versículo são traduções de kainos. Neos, também traduzida por “novo” no NT (Mt.9:17; 1Co.5:7; Cl.3:10), se refere a novidade no tempo. Ao usar a palavra kainos, é provável que João tenha enfatizado que o novo céu e a nova terra serão criados a partir de elementos purificados do velho; por isso, serão novos em qualidade, diferentes. O novo céu e a nova terra são, portanto, uma recriação, uma formação do novo com base em elementos já existentes, não uma criação ex nihilo (comparar com 2Pe.3:13). Passaram. Isto é, no que se refere a seu estado anterior, desgastado. Aquilo que era perfeito quando saiu das mãos do Criador, que Ele chamou de “muito bom” (Gn.1:31), havia se tornado terrivelmente manchado pelo pecado e não poderia continuar ao longo da eternidade. O mar já não existe. A frase diz, literalmente: “E o mar já não é mais”, isto é, o mar, da maneira que o conhecemos, não existirá na nova criação. Alguns insistem que este “mar” simboliza povos, nações, línguas (cf. Ap.17:15). Contudo, se esse fosse o caso, o novo céu e a nova terra seriam necessariamente simbólicos também. Nesta passagem, João simplesmente afirma que o céu, a terra e o mar não existirão mais da maneira que os conhecemos hoje (cf. PP, 44). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:2 | 2. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. Cidade santa. Na velha Jerusalém ficava o templo, onde Deus podia manifestar Sua presença ao povo (1Rs.8:10-11; 2Cr.5:13-14; 2Cr.7:2-3), assim como fizera junto à porta do tabernáculo do deserto (Ex.29:43-46; Ex.40:34-38). A cidade é chamada de “santa” (Dn.9:24; Mt.27:53), mas, com o passar do tempo, a degradação espiritual do povo de Deus se tornou tão grande que Jesus chamou o templo de “covil de salteadores” (Mt.21:13) e predisse a queda da cidade (Mt.22:7; Lc.21:20). Agora Deus promete um novo tipo de Jerusalém, que João caracteriza como a “nova Jerusalém”. Nova. Do gr. kainos, nova em tipo e qualidade (ver com. do v. Ap.21:1; comparar com Gl.4:26; Hb.11:10; Hb.12:22; Hb.13:14). Descia. Em visão, João contemplou a cidade enquanto ela descia (cf. PP, 62). Do céu. Seu lugar de origem (Ap.3:12; Ap.21:10). Da parte de Deus. Deus é o autor, o originador e a fonte. Ataviada. A forma da palavra assim traduzida sugere que o preparo da noiva havia se iniciado no passado e chegado à perfeição. Dessa forma, a cidade se encontra agora totalmente pronta (cf. GC, 645, 648). Noiva. A cidade é representada como uma noiva (ver com. de Ap.19:7). Adornada. Do gr. kosmeo, “arranjar”, “guarnecer”, “adornar”. A palavra “cosmético” deriva de kosmeo. A forma verbal no grego sugere que o processo de adornar começara no passado e havia chegado ao fim. Esposo. Isto é, o Cordeiro, Cristo (Ap.19:7). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:3 | 3. Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. Grande voz. O interlocutor não é identificado. Presume-se que não seja Deus, pois a referência a Ele é feita em terceira pessoa. Tabernáculo. Do gr. skene, “tenda”, “cabana”, “tabernáculo”. O verbo skenoo, “armar tenda”, “habitar”, ocorre em Jo.1:14: “E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós” (ver com. ali). Essa presença visível de Deus ficava clara pela shekinah nos dias da teocracia e depois pela vinda pessoal de Jesus Cristo como membro da família humana, habitando entre os homens. A grande voz do Céu destaca agora a maravilhosa realidade da nova criação e de Deus habitando pessoalmente com Seu povo. Com os homens. Posteriormente, no versículo, a expressão “com eles” ocorre duas vezes. Três vezes neste versículo o apóstolo usa a preposição “com”, dando ênfase ao fato extraordinário de que Deus fará companhia aos seres humanos por toda a eternidade, fazendo morada no meio deles. Habitará. Do gr. skenoo (ver acima no com. sobre tabernáculo: comparar este versículo com Ez.37:27). Ezequiel descreve as condições como poderiam ter sido. João indica como elas se cumprirão. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:4 | 4. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. Toda lágrima. Literalmente, “cada lágrima” (ver com. de Ap.7:17; Is.25:8; Is.65:19). Morte. A frase diz, literalmente, “a morte não mais será”. O artigo definido é significativo. João fala sobre “a morte”, o princípio da morte que veio como consequência do pecado. Aqui, o artigo definido tem a força de um demonstrativo. João afirma, na verdade: “Esta morte, que conhecemos tão bem e tanto tememos, será destruída” (comparar com as palavras de Paulo: “tragada foi a morte pela vitória”, literalmente, “a morte foi engolida na vitória” [1Co.15:54]; “o último inimigo a ser destruído é a morte” [1Co.15:26]). Luto. A tristeza que acompanha o luto. As causas de lamento serão completamente removidas (comparar com Is.55:10). Pranto. Do gr. krauge, “brado”, “clamor”, “choro”. Nenhum motivo de pranto existirá na bela terra do porvir. Dor. Boa parte do sofrimento e da angústia da vida resulta da dor esmagadora. A dor será completamente banida na bela terra do porvir. Primeiras coisas. Isto é, as circunstâncias que conhecemos hoje passarão. Não haverá nada com a marca da maldição (Ap.22:3). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:5 | 5. E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. Aquele que está assentado. Ele não é identificado (ver com. de Ap.20:11). Em Ap.4:2 (ver com. ali), o Pai é representado assentado no trono, e o mesmo se pode subentender aqui. Alguns apontam para Mt.25:31 como evidência de que a referência pode ser a Jesus Cristo. Eis. O interlocutor chama atenção para algo importante prestes a ser revelado. Novas. Do gr. kainoi (ver com. do v. Ap.21:1). Todas as coisas. Nada de maldição permanecerá (cf. Ap.22:3). Escreve. Ver com. de Ap.1:11. Em momentos diferentes da experiência de João em visão, ele recebe a ordem de escrever (Ap.1:19; Ap.2:1; Ap.14:13). Fiéis e verdadeiras. Isto é, genuínas e confiáveis. As palavras e promessas de Deus são totalmente confiáveis. Por isso, é possível se valer delas (ver Ap.22:6). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:6 | 6. Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida. Tudo está feito. Ou, “tudo aconteceu”. Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a variante “eles aconteceram” ou “eles ocorreram”. Também há importantes evidências textuais para a variante “Eu Me tornei o Alfa e o Omega”. O que Deus havia prometido por intermédio de Seus santos profetas e que Seu povo justo aguardava com tanta expectativa finalmente se transforma em fato consumado. A prévia mostrada a João é a garantia da realização final que ainda está por ocorrer. O Alfa e o Omega. Ver com. de Ap.1:8. Sede. O cristão verdadeiro não fica ansioso para acumular as coisas deste mundo, ser rico em bens materiais. Em vez disso, mal vê a hora de beber profundamente das riquezas espirituais de Deus. De graça. O dom da imortalidade pode ser comprado “sem dinheiro e sem preço” (Is.55:1). Fonte. Ou, “nascente” (comparar com Jo.4:14; Ap.7:17; Ap.22:17). Da vida. A passagem pode ser traduzida por: “da nascente daquela água que é vida em si mesma”. Trata-se da promessa da imortalidade (1Co.15:53). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:7 | 7. O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho. Vencedor. De acordo com o grego, conquistadores contínuos ou habituais. O cristão tem uma vida vitoriosa pelo poder do Espírito Santo. Ele pode cometer erros (ver com. de 1Jo.2:1), mas sua vida normal apresenta uma imagem de crescimento espiritual (cf. Ap.2:7; Ap.2:11; Ap.2:17; Ap.2:26; Ap.3:5; Ap.3:12; Ap.3:21). Estas coisas. Evidências textuais (cf. p. xvi) comprovam esta variante, numa referência às promessas feitas no Apocalipse, sobretudo as mencionadas neste capítulo. Eu lhe serei Deus, e ele Me será filho. Comparar com Gn.17:7; 2Sm.7:14. A promessa de uma conexão familiar íntima é expressa aqui. O pecador salvo pela graça será recebido na família de Deus e conduzido a uma relação tão próxima quanto se nunca tivesse pecado. Os habitantes dos mundos não caídos não terão proximidade maior com Deus e Cristo do que o pecador redimido (ver DTN, 25, 26). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:8 | 8. Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte. Porém. É apresentado um forte contraste. Covardes. Do gr. deiloi, “covardes”, “medrosos”. A palavra sempre é usada no mal sentido de covardia, de timidez sem motivos (comparar com o uso do termo em Mt.8:26; Mc.4:40; com o verbo relacionado em Jo.14:27 e com o substantivo abstrato relacionado em 2Tm.1:7). Em cada um dos casos, a covardia é o significado básico. Por causa da covardia, da fraqueza moral, muitos deixam de vencer a batalha cristã, desistem no tempo da prova (comparar com Mt.24:14). Incrédulos. Isto é, aqueles que não têm fé, no sentido de não permanecerem fiéis. Eles não confiam em Deus até o fim e, por isso, demonstram ser indignos de confiança. Abomináveis. Do gr. bdelusso, “violar”, “afastar-se com nojo”, “detestar”, termo ligado ao verbo bdeo, “feder”. O substantivo bdelugma ocorre em outras passagens do NT (Lc.16:15; Ap.17:4-5; Ap.21:27). Assassinos. Este grupo inclui os perseguidores e assassinos do fiel povo de Deus ao longo da história. Impuros. Do gr. pornoi, “fornicadores” (ver 1Co.5:9-10). A forma feminina é traduzida por “meretrizes” (ver Mt.21:31-32; Lc.15:30; comparar com Ef.5:3; Ef.5:5). Feiticeiros. Do gr. pharmakoi, “praticantes da magia”. O radical se refere basicamente à magia, ao encantamento, à feitiçaria e ao uso de substâncias químicas para produzir uma sensação de entorpecimento. Um equivalente moderno da antiga prática da feitiçaria é o espiritismo. Idólatras. Referência aos povos pagãos, bem como aos cristãos que praticam rituais de origem pagã (comparar com 1Co.5:10; 1Co.6:9; 1Co.10:7). Mentirosos. Inclusive aqueles que pregam falsas doutrinas (ver com. de Ex.20:16; ver PP, 309). Segunda morte. Ver com. de Ap.20:6. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:9 | 9. Então, veio um dos sete anjos que têm as sete taças cheias dos últimos sete flagelos e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro; Um dos sete anjos. Um dos anjos que trouxeram flagelos já havia mostrado a João o julgamento da grande meretriz (ver Ap.17:1). Agora, um deles (possivelmente o mesmo anjo, conforme sugerem alguns) dirige a atenção de João para a nova Jerusalém, o centro e a sede do reino eterno. É interessante notar que, no primeiro caso, foi um dos anjos responsáveis por um dos flagelos que apresentou a Babilônia mística para o profeta. É um deles que lhe mostra a nova Jerusalém. Historicamente, Babilônia antiga e Jerusalém foram inimigos tradicionais e, em sentido figurado, representam os dois lados do grande conflito entre o bem e o mal. Uma é retratada como uma mulher dissoluta (Ap.17:5), e a outra, como uma mulher pura (Ap.19:7; Ap.21:2). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:10 | 10. e me transportou, em espírito, até a uma grande e elevada montanha e me mostrou a santa cidade, Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, Em espírito. Ou seja, em transe, em visão (ver com. de Ap.1:10). O transporte ocorreu “em visões” (cf. com. de Ez.8:3; Dn.8:2). Até a uma grande. Parece que, em visão, João foi colocado em uma “grande”, ou seja, alta montanha. Daquela perspectiva, ele contemplou os detalhes da cidade (cf. com. de Ez.40:2). Descia. Comparar com o v. Ap.21:2. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:11 | 11. a qual tem a glória de Deus. O seu fulgor era semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina. Glória de Deus. A expressão provavelmente se refere à presença de Deus com Seu povo ao longo da eternidade. A glória que denota Sua presença nunca deixará a Nova Jerusalém (comparar com Ex.40:34; 1Rs.8:11). Fulgor. Do gr. phoster, “luminar”, “corpo que emite luz”. A palavra ocorre em Fp.2:15 na frase “na qual resplandeceis como luzeiros [luminares] no mundo”. A “lâmpada” da cidade é a “glória” de Deus, mencionada no comentário anterior (ver Ap.21:23). Jaspe. Do gr. iaspis (ver com. de Ap.4:3). A passagem diz, literalmente: “tendo a glória de Deus, seu luminar, como a pedra mais preciosa, como o jaspe, resplandecendo”. Cristalina. Do gr. krustallizo, “irradiar luz”, “cintilar”. A palavra “cristal”, em língua portuguesa, deriva de krustallizo. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:12 | 12. Tinha grande e alta muralha, doze portas, e, junto às portas, doze anjos, e, sobre elas, nomes inscritos, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel. Grande e alta muralha. Muralhas eram construídas em volta das cidades antigas para protegê-las dos inimigos. As imagens usadas por João foram emprestadas, em parte, da descrição da cidade que Ezequiel viu (ver com. de Ez.48:35). A figura lembra uma cidade antiga com muralhas e portas. Eram termos com os quais o apóstolo estava familiarizado e foram escolhidos pela Inspiração para revelar as glórias da cidade eterna em termos que ele conseguiria entender. A linguagem e as descrições humanas não são capazes de representar adequadamente a grandeza da cidade celestial. Em profecias imagéticas, o grau de identificação entre a figura e o real exige interpretação cuidadosa (ver com. Ez.1:10; Ez.40:1). Doze portas. Comparar com a cidade descrita por Ezequiel (Ez.48:31-34). Doze anjos. A nova Jerusalém é retratada com porteiros angelicais. Doze tribos. Ver Ez.48:31-34 (sobre a imagem do Israel espiritual representado pelas tribos, ver com. de Ap.7:4). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:13 | 13. Três portas se achavam a leste, três, ao norte, três, ao sul, e três, a oeste. Três portas se achavam a leste. A enumeração de Ezequiel se encontra na ordem norte, leste, sul, oeste (Ez.48:31-34). Já a ordem de João é leste, norte, sul, oeste. A diferença não tem significado especial. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:14 | 14. A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. Doze fundamentos. O número “doze” é mencionado cinco vezes nos v. Ap.21:12-14 (sobre seu significado, ver com. de Ap.7:4). Doze apóstolos. A igreja do NT foi construída sobre o alicerce dos apóstolos e profetas (Ef.2:20). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:15 | 15. Aquele que falava comigo tinha por medida uma vara de ouro para medir a cidade, as suas portas e a sua muralha. Vara. Comparar com Ez.40:3; Ap.11:1. Aqui o ato de medir e falar as medidas dá certeza da adequação e suficiência do lar celestial (ver com. de Jo.14:2). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:16 | 16. A cidade é quadrangular, de comprimento e largura iguais. E mediu a cidade com a vara até doze mil estádios. O seu comprimento, largura e altura são iguais. Quadrangular. Há beleza inerente na proporção correta, no equilíbrio perfeito e na congruência (ver vários itens quadrados em Ex.27:1; Ex.28:16; Ex.30:2; Ex.39:9; 2Cr.3:8; Ez.41:21; Ez.43:16; Ez.45:2; Ez.48:20). Doze mil estádios. Um estádio (stadion) tem cerca de 185 metros (ver vol. 5, p. 38). Logo, doze mil estádios seriam equivalentes a cerca de 2.218 quilômetros. O texto não informa se esta é a medida do perímetro ou de um lado. Se for a primeira opção, cada lado da cidade terá por volta de 551 quilômetros (sobre o costume de medir a cidade pelo perímetro, ver a Carta de Aristeias, 105). É importante notar que stadion não equivale ao comprimento de um estádio atual. Iguais. Já foram feitas várias tentativas de explicar as dimensões da cidade. É difícil visualizar uma cidade com doze mil (ou três mil) estádios de altura (ver acima no com. sobre “doze mil estádios”). Alguns, embora não neguem que a cidade seja real, creem que as medidas fornecidas aqui, assim como as das muralhas, sejam uma “medida [...] de anjo” (ver com. do v. Ap.21:17). Defendem que, por isso, é improvável que haja a intenção de se referir a dimensões humanas. Outros apontam para a semelhança entre o tamanho da cidade descrita aqui e a vislumbrada pelos judeus. Este assunto é abordado da seguinte forma na Midrash: “Qual é o tamanho, a largura e a altura [de Jerusalém]? Ela cresceu e se expandiu para cima (Ez.41:7). Tem-se ensinado, R. Eliezer b. Jaaqob disse: Jerusalém subirá até atingir o trono da glória e dirá a Deus: ‘Mui estreito é para mim este lugar; dá-me espaço em que eu habite” (Is.49:20)” (Pesiqtha, 143a, citado por Strack e Billerbeck, Kommentar zum Neuen Testament, vol. 3, p. 849). Outros ainda atribuem à palavra aqui traduzida por “iguais” (isos) o sentido de “proporção”. Por isso, acreditam que embora a largura e o comprimento possam ser iguais, a altura será proporcional às outras dimensões. Isso é possível, mas é difícil, demonstrar tal definição com base em fontes bíblicas ou clássicas. Outra interpretação permite que isos mantenha seu significado normal, mas observa que a palavra traduzida por altura (hupsos) também pode significar “a parte alta”, “o topo”, “o cume”, “a coroa”. Se hupsos for compreendido nesse sentido, João estaria dizendo que a distância ao redor da parte de cima das muralhas é a mesma da parte de baixo. Por mais incerta que seja a proporção exata ou o tamanho da cidade celestial, é certo que suas glórias excederão em muito nossa mais ousada imaginação. Ninguém precisa se preocupar, pois haverá espaço suficiente para todos que desejarem morar ali. Na casa do Pai, há “muitas moradas” (Jo.14:2). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:17 | 17. Mediu também a sua muralha, cento e quarenta e quatro côvados, medida de homem, isto é, de anjo. Mediu também a sua muralha. Com base no côvado do NT, com cerca de 44,5 cm (ver vol. 5, p. 38), 144 côvados corresponderiam a 64 metros. João não diz que esta medida equivale à altura da muralha. Alguns conjecturam que pode se tratar de sua largura. De anjo. No grego, assim como na versão portuguesa, não há artigo definido antes da palavra “anjo”. A passagem diz: “de um homem, a saber, de um anjo”. O significado é um tanto quanto enigmático. Por causa disso, alguns insistem que não deveríamos ser dogmáticos em aplicar padrões puramente humanos às medidas da nova Jerusalém. Quaisquer que sejam as dimensões, podemos ter a certeza de que tudo será perfeito. Os santos entenderão o significado das figuras usadas por João quando virem a cidade. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:18 | 18. A estrutura da muralha é de jaspe; também a cidade é de ouro puro, semelhante a vidro límpido. Estrutura. Do gr. endomesis, “construção interna”, de domao, “construir”. A palavra só aparece aqui em todo o AT. Josefo (Antiguidades, xv.9.6) a usa para se referir a um dique, parede construída no mar que fica inserida na água. Aqui, endomesis pode se referir a uma inserção na muralha, como se esta fosse incrustrada de jaspes. Jaspe. Ver com. de Ap.4:3. Ouro puro. Parece que a estrutura da cidade tem a transparência do vidro. Sua beleza resplendente muda com cada raio de luz que incide sobre ela. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:19 | 19. Os fundamentos da muralha da cidade estão adornados de toda espécie de pedras preciosas. O primeiro fundamento é de jaspe; o segundo, de safira; o terceiro, de calcedônia; o quarto, de esmeralda; Adornados. Do gr. kosmeo, “adornar” (ver com. do v. Ap.21:2). Pedras preciosas. São listados doze tipos de pedras preciosas no alicerce. Nem todas podem ser identificadas pelo joalheiro moderno, nem há muito proveito em fazer uma comparação entre elas e as pedras no peitoral do sumo sacerdote (Ex.28:17-20). Nem fontes antigas, nem eruditos modernos estão de acordo quanto à identificação de todas as pedras. Algumas sugestões foram mencionadas abaixo, junto com as respectivas pedras. Jaspe. Ver com. de Ap.4:3. Safira. Talvez o lápis-lazúli, pedra transparente ou translúcida de cor azul-celeste e de grande dureza. Calcedônia. A identificação desta pedra é incerta. A NTLH traduz por “ágata”. Alguns sugerem que se trata de uma pedra preciosa de coloração esverdeada. Esmeralda. Acredita-se ser uma pedra preciosa de coloração verde intensa. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:20 | 20. o quinto, de sardônio; o sexto, de sárdio; o sétimo, de crisólito; o oitavo, de berilo; o nono, de topázio; o décimo, de crisópraso; o undécimo, de jacinto; e o duodécimo, de ametista. Sardônio. Talvez o ônix com camadas vermelhas e marrons e fundo branco. Sárdio. Acredita-se que se trate de uma pedra preciosa de cor avermelhada. A BJ traz “cornalina”, variedade avermelhada da calcedônia. Crisólito. Literalmente, “pedra dourada”. Pedra de cor amarelada e identificação incerta. Berilo. Acredita-se que seja uma pedra preciosa verde-mar. Topázio. Acredita-se que corresponda a uma pedra amarela mais ou menos transparente usada pelos antigos para fazer selos e gemas. Alguns pensam que a referência seja ao crisólito dourado. Crisópraso. Esta é uma pedra preciosa transparente, verde-clara. Há um pouco de incerteza se esta é a pedra à qual se faz referência. Jacinto. É provável que seja uma pedra preciosa roxa. Alguns identificam o jacinto com a safira. Ametista. Acredita-se que corresponda a uma pedra preciosa roxa. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:21 | 21. As doze portas são doze pérolas, e cada uma dessas portas, de uma só pérola. A praça da cidade é de ouro puro, como vidro transparente. Uma só pérola. O tamanho das pedras preciosas citadas vai além da compreensão humana. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:22 | 22. Nela, não vi santuário, porque o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro. Santuário. Do gr. nãos, termo para santuário que designa somente os lugares santo e santíssimo, sem incluir os átrios externos e outras construções (sobre hieron, a palavra que se refere a todo o complexo sagrado, ver com. de Lc.2:46; Ap.3:12). O santuário terrestre simboliza a morada de Deus. Por causa do pecado, Adão e Eva foram expulsos do Éden e da presença divina. Quando o pecado for removido, a igreja poderá habitar novamente em Sua presença e não será necessária nenhuma estrutura para representar a morada do Senhor. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:23 | 23. A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada. Não precisa. Os luminares não serão obrigatórios para iluminar a cidade. O brilho glorioso da presença de Deus proporcionará luz mais do que suficiente (cf. Is.60:19-20). As coisas materiais não são indispensáveis no plano de Deus; em Sua presença, elas se envergonham (Is.24:23). A luz criada não consegue superar a glória não criada da presença divina. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:24 | 24. As nações andarão mediante a sua luz, e os reis da terra lhe trazem a sua glória. Nações. Uma descrição dos remidos “de todas as nações, tribos, povos e línguas” (Ap.7:9; Is.60:3; Is.60:5). Reis. A imagem é extraída do AT (ver Is.60:11). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:25 | 25. As suas portas nunca jamais se fecharão de dia, porque, nela, não haverá noite. Não haverá noite. Sem dúvida, por causa das circunstâncias mencionadas no v. Ap.21:23 (cf. com. de Zc.14:7). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:26 | 26. E lhe trarão a glória e a honra das nações. Das nações. Comparar com o v. Ap.21:24. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.21:27 | 27. Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro. Coisa alguma contaminada. Uma clara alusão a Is.52:1. Boa parte das imagens usadas por João ao descrever a cidade santa foi extraída dos escritos dos profetas antigos, que descreveram como poderia ser a glória de Jerusalém. João caracteriza a cidade que será (ver com. de Ez.48:35). Pratica abominação. Ver com. do v. Ap.21:8. Mentira. Ver com. do v. Ap.21:8. Livro da Vida. Ver com. de Fp.4:3. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.22:1 | 1. Então, me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro. Rio. O anjo havia mostrado o exterior da cidade para João (Ap.21:10) e agora chama a atenção do apóstolo para algumas coisas em seu interior (comparar com a descrição do rio feita por Ezequiel, ver com. de Ez.47:1). Brilhante. Do gr. lampros, “brilhante”, “resplendente” (comparar com o uso do termo em Lc.23:11; At.10:30; Ap.15:6; Ap.19:8; Ap.22:16). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.22:2 | 2. No meio da sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a cura dos povos. Árvore da vida. Comparar com a “abundância de árvores” em Ezequiel (ver com. de Ez.47:7; Ez.47:12; sobre a árvore no jardim do Éden original, ver com. de Gn.2:9; sobre sua história posterior, ver T8, 288, 289). A árvore é um símbolo de vida eterna da fonte de vida (comparar Ap.21:10 com PP, 62; GC, 645, 648; ver Ellen G. White, Material Suplementar sobre Ap.22:2). Doze frutos. Haverá abundância constante, suficiente para suprir todas as necessidades de vida dos salvos ao longo da eternidade (comparar com Ez.47:12). Cura. Do gr. therapeia, “serviço”, “cura” e, às vezes, no coletivo, “servos da casa”. A palavra ocorre quatro vezes no NT (cf. Mt.24:45; Lc.9:11; Lc.12:42). Em grego clássico, therapeia assume sentidos variados: “serviço”, “criação”, “cuidado” (sobre a função da árvore da vida no Éden restaurado, ver, nas referências acima, com. sobre “árvore da vida”). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.22:3 | 3. Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão, Maldição. Do gr. katathema, “coisa [ou ‘pessoa’] amaldiçoada”. Provavelmente, é importante diferenciar o termo de anathema, maldição pronunciada como sentença sobre um objeto ou uma pessoa. Trono. Isto sugere que Deus e Cristo reinarão na cidade, algo que se torna possível, pois não haverá nada amaldiçoado lá. Servirão. Do gr. latreuo, “servir”, “adorar”, “ministrar”. A palavra se refere ao serviço normal, natural, espontâneo e é diferente de leitourgeo, termo que significa serviço oficial, serviço em um ofício designado (ver Ex.29:30, LXX). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.22:4 | 4. contemplarão a sua face, e na sua fronte está o nome dele. Contemplarão a Sua face. Expressão que denota um relacionamento íntimo com outra pessoa e confiança mútua (ver Sl.17:15; Mt.5:8; Hb.12:14; 1Jo.3:2; comparar com a experiência de Moisés, ver Ex.33:20-23). Na sua fronte. Ou melhor, “sobre sua testa”. O nome divino na fronte é símbolo de propriedade e autenticação. A total consagração dos santos numa vida de adoração a Deus é destacada neste versículo (ver com. de Ap.7:3; Ap.13:16). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.22:5 | 5. Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos. Não haverá noite. Este versículo usa uma figura de linguagem para enfatizar a insignificância dos luminares criados diante da presença de Deus. Eles ficarão pálidos e serão reduzidos a nada na presença da glória da pessoa divina (ver com. de Ap.21:23). Brilhará sobre eles. Evidências textuais (cf. p. xvi) comprovam a variante “os iluminará”. Esta condição representa o restabelecimento e recomeço de relacionamentos harmoniosos, que haviam sido rompidos pelo pecado. Reinarão. Comparar com Ap.5:10. Isto não significa que eles reinarão uns sobre os outros, nem sobre outros mundos. Em vez disso, é provável que se trate de uma figura representando a felicidade dos remidos. Eles não mais estarão sob o jugo opressor de algum poder que os persegue. Desfrutarão a liberdade e a fartura dos reis. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.22:6 | 6. Disse-me ainda: Estas palavras são fiéis e verdadeiras. O Senhor, o Deus dos espíritos dos profetas, enviou seu anjo para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer. Fiéis e verdadeiras. Declaração de que as revelações de Deus são confiáveis e genuínas. A profecia apresentada pelo anjo é autêntica. Dos espíritos dos profetas. Evidências textuais (cf. p. xvi) comprovam esta variante. Os “espíritos dos profetas” podem ser interpretados como uma referência aos espíritos dos próprios profetas, sob o controle do Espírito Santo quando em visão. O Espírito Santo iluminou o espírito de João, assim como fizera com o espírito dos profetas do AT (ver Ap.1:10). Todo o Apocalipse é um testemunho de como o Espírito Santo controla o espírito de João em visão. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.22:7 | 7. Eis que venho sem demora. Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro. Sem demora. O anjo cita Jesus. A referência é à segunda vinda (ver com. de Ap.1:1). Bem-aventurado. Mais uma das sete bem-aventuranças de Apocalipse (cf. Ap.1:3; Ap.14:13; Ap.16:15; Ap.19:9; Ap.20:6; Ap.22:14). As palavras. Isto é, os vários conselhos e as diversas advertências do livro. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.22:8 | 8. Eu, João, sou quem ouviu e viu estas coisas. E, quando as ouvi e vi, prostrei-me ante os pés do anjo que me mostrou essas coisas, para adorá-lo. Viu. A passagem diz, literalmente: “Eu João, aquele que viu e ouviu estas coisas”. Prostrei-me [...] para adorá-lo. Talvez para render homenagem, ato que o anjo rejeitou. A grandeza da visão deve ter sido completamente avassaladora para o profeta, fazendo-o se sentir humilde em extremo. Além disso, o anjo citara Jesus Cristo como se o próprio Senhor estivesse falando. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.22:9 | 9. Então, ele me disse: Vê, não faças isso; eu sou conservo teu, dos teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus. Conservo. Ver com. de Ap.19:10. Que guardam as palavras. Comparar com Ap.19:10, texto em que aparentemente o mesmo grupo é descrito como “teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus”. As palavras deste livro são o testemunho de Jesus (ver com. de Ap.1:2). Adora a Deus. Ver com. de Ap.14:7. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.22:10 | 10. Disse-me ainda: Não seles as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está próximo. Não seles. É o oposto da ordem dada a Daniel acerca de seu livro (ver com. de Dn.12:4). As mensagens de Apocalipse não deveriam ser seladas, uma vez que “o tempo está próximo”. Não era esse o caso nos dias de Daniel. A ordem para não selar é uma declaração negativa que diz, em essência: “Publica as palavras da profecia deste livro, dando-lhes a maior visibilidade possível”. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.22:11 | 11. Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se. Injusto. O versículo diz, literalmente: “Aquele que faz injustiça, deixe-o ainda na prática da injustiça; aquele que é imundo, deixe-o ainda cometendo imundícia; e o justo, deixe-o ainda praticar a justiça; e o santo, deixe-o ainda ser santo. Estas palavras se aplicam de maneira especial ao momento em que o futuro de cada indivíduo estiver irrevogavelmente definido. Tal decreto é feito no fim do juízo investigativo (ver com. de Ap.14:7). Alguns enxergam aqui uma aplicação mais ampla, comparando as declarações com as palavras de Cristo na parábola do joio e do trigo: “Deixai-os crescer juntos até à colheita” (Mt.13:30). Não se deve interferir no livre-arbítrio dos seres humanos. É permitido às pessoas viver conforme suas escolhas, para que seu verdadeiro caráter se torne aparente. Cada indivíduo de todas as eras deixará claro a que classe pertence quando ocorrer a segunda vinda de Cristo. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.22:12 | 12. E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras. Venho sem demora. Ver com. do v. Ap.22:7. Galardão. Do gr. misthos, “contratar”, “salário”, “aquilo que é devido” (comparar com o uso da palavra em Mt.5:12; Mt.5:46; Mt.20:8; 2Pe.2:13). Retribuir. Do gr. apodidomi, “pagar”, “dispensar o que é devido”, “recompensar”. Obras. Do gr. ergon, “ato realizado”. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.22:13 | 13. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. O Alfa e o Ômega. Primeira e última letras do alfabeto grego, usadas para descrever o Senhor como o Criador de todas as coisas, o início e o final da revelação de Deus aos seres humanos (cf. com. de Ap.1:8). O Primeiro e o Último. O desenrolar do plano da salvação, do princípio ao fim, depende de Cristo Jesus. Os três títulos deste versículo resumem as atividades de Cristo no processo de salvação da humanidade (cf. com. de Ap.1:17). O Princípio e o Fim. Todas as coisas criadas devem a vida a Cristo; todas encontram seu fim no relacionamento com Ele (comparar com Cl.1:16-17). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.22:14 | 14. Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras [no sangue do Cordeiro], para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas. Bem-aventurados. Outra bênção sobre os fiéis (ver com. do v. Ap.22:7). Que lavam as suas vestiduras. Evidências textuais (cf. p. xvi) podem ser citadas para comprovar esta variante. Alguns manuscritos trazem “que lavaram as suas vestiduras”. Dos primeiros unciais (ver vol. 5, p. 101-107), somente o Sinaítico e o Alexandrino contêm esta parte de Apocalipse, e ambos trazem “que lavam as suas vestiduras”. A maioria dos manuscritos cursivos diz: “que guardam os Seus mandamentos”. As versões antigas se dividem entre as duas versões, assim como as citações patrísticas. As duas orações são muito parecidas no grego e fica fácil entender como um escriba pode ter trocado uma pela outra, embora seja impossível saber ao certo qual foi a variante original. A transliteração a seguir mostra a semelhança: hoi poiountes tas entolas autou, “que guardam os Seus mandamentos”; hoi plunontes tas stolas auton, “que lavam as suas vestiduras”. As duas opções se adequam ao contexto e estão em harmonia com os ensinos de João em outras passagens (sobre a guarda dos mandamentos, ver Ap.12:17; Ap.14:12; Jo.14:15; Jo.14:21; Jo.15:10; 1Jo.2:3-6; sobre lavar as vestiduras, ver Ap.7:14, versículo em que se afirma que os santos “lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro”). Nosso direito ao Céu vem da justiça de Cristo imputada; nossa adequação ao Céu, à justiça de Cristo a nós concedida. Ambas são representadas pelas vestes lavadas. A evidência externa da justiça de Cristo transmitida é a submissão perfeita aos mandamentos de Deus. Logo, as duas ideias, as vestes lavadas e a obediência aos mandamentos, estão intimamente ligadas. À luz dos problemas de tradução aqui debatidos, é sábio basear os fundamentos da doutrina da obediência aos mandamentos de Deus em outras passagens das Escrituras que abordam a questão da obediência e que não recebem questionamentos de evidências textuais. Há muitos textos assim (sobre essa questão, ver Problems in Bible Translation, p. 257-262). A palavra grega para “vestiduras” é stolai, usada para se referir a roupas externas e largas, que caracterizavam um homem distinto (comparar com o uso do termo em Mc.12:38; Mc.16:5; Lc.15:22; Lc.20:46). A mesma palavra grega é usada na LXX para as vestes santas de Arão e seus descendentes (Ex.28:2; Ex.29:21). A palavra “estola”, em língua portuguesa, deriva de stole. Originalmente, “estola” designava uma vestimenta longa e solta que chegava até os pés; depois, passou a se referir a uma roupa eclesiástica de seda, usada em volta do pescoço e que pendia dos ombros. Direito. Do gr. exousia, “liberdade”, “privilégio”, “direito”. É privilégio e liberdade dos santos comer da árvore da vida e desfrutar a imortalidade com Jesus Cristo (ver com. do v. Ap.22:2). Entrem. Este é mais um privilégio. A nova Jerusalém será a capital da nova Tetra (ver GC, 676). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.22:15 | 15. Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira. Cães. Figura que representa uma pessoa vil, sem escrúpulos (ver com. de Fp.8:2). Feiticeiros. Sobre a categoria de pecadores listada aqui, ver com. de Ap.21:8. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.22:16 | 16. Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas às igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a brilhante Estrela da manhã. Eu, Jesus. Jesus confere autenticidade às revelações registradas em Apocalipse (ver com. de Ap.1:1). O Meu anjo. Ver com. de Ap.1:1. A Raiz e a Geração de Davi. Ver com. de Ap.5:5. A brilhante Estrela da manhã. A imagem provavelmente foi extraída da profecia de Balaão (Nm.24:17; comparar com a referência de Pedro a Cristo como a “estrela da alva”, 2Pe.1:19). As mensagens às igrejas de todas as eras não poderiam receber uma autenticação maior do que a expressa aqui. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.22:17 | 17. O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida. Espírito. O Espírito Santo, que concede energia à vida cristã dos fiéis, dá-lhes força para ter uma vida vitoriosa, vencer o diabo e enfrentar com segurança o período de angústia. Noiva. Sem dúvida, trata-se da mesma imagem retratada em Ap.21:9-10 (ver com. ali). Dizem. Ou, “estão dizendo”, “continuam dizendo”. Vem! A maioria dos estudiosos entende que esta é uma resposta à promessa de Jesus no v. Ap.22:12, “eis que venho sem demora”. Solicita-se a Cristo que Ele cumpra Sua promessa. Essa é uma possível interpretação. Uma alternativa a ela é entender o chamado como um apelo ao mundo descrente, para aceitar o evangelho. Aquele que ouve. O singular designa o indivíduo. As pessoas serão salvas individualmente, não como igrejas ou congregações. A salvação é estritamente pessoal. No NT, a palavra traduzida por “ouvir” (akouo) geralmente traz consigo o pensamento de ouvir de forma ativa, isto é, ouvir e obedecer à mensagem. Este é o sentido aqui. Somente aqueles que ouvem e aceitam a mensagem estão qualificados para repetir o chamado (ver com. de Mt.7:24). Aquele que tem. O singular sugere que cada membro da igreja deve fazer seu clamor pessoal de boas-vindas, demonstrando publicamente seu ávido anseio pelo segundo advento e de que outros desfrutem as bênçãos de Cristo. Sede. Das coisas de Deus (cf. Ap.21:6; ver com. de Mt.5:6). Venha. Exortação para cada pessoa necessitada se valer da promessa de Ap.21:6. Quem quiser. A oferta é universal. Ninguém é excluído da possibilidade de salvação. Cristo é a propiciação pelos pecados do mundo inteiro (1Jo.2:2). A falsa doutrina de que alguns são eleitos para a perdição é desmentida pela declaração do apóstolo (ver com. de Rm.8:29). De graça. Ou, “gratuitamente”. Água da vida. Todo aquele que deseja herdar a imortalidade é convidado a se apropriar dela. A água viva é oferecida a todos (ver com. de Ap.21:6; Is.55:1-3). | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.22:18 | 18. Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; Eu [...] testifico. É Jesus quem está falando (ver v. Ap.22:20). Seu testemunho deve ser aceito. A todo aquele. O relacionamento do ser humano com Deus e Sua mensagem é algo pessoal. É impossível aceitar a responsabilidade de outro nestas questões. Ouve. Não se trata da referência ao mero som das palavras deste livro nos ouvidos de alguém; em vez disso, trata-se de uma alusão àquele que ouve e estuda o significado das mensagens (ver com. de Ap.1:3). Da profecia. João fala de acréscimos ao livro do Apocalipse, embora o mesmo princípio se aplique a qualquer livro do cânon sagrado. Acréscimo. Comparar com Dt.4:2; Dt.12:32. Jesus autentica o livro do Apocalipse. Ele adverte contra mudanças deliberadas em sua mensagem. Josefo diz o seguinte, acerca dos 22 livros que formam o AT hebraico: “Pois, embora longas eras tenham se passado, ninguém se aventurou a acrescentar, ou remover, ou alterar uma sílaba” (Contra Apion, i.8 [42]; ed. Loeb, p. 179, 180). Deus lhe acrescentará. Para ser justo, Deus não pode fazer nada além de retribuir a cada um conforme o que lhe é devido, em harmonia com suas obras. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.22:19 | 19. e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro. Tirar qualquer coisa. Aquele que tirar as palavras do Apocalipse terá a mesma culpa da pessoa que fizer acréscimos às palavras do livro (ver com. do v. Ap.22:18). Tirará a sua parte. Neste caso, o culpado sofrerá três grandes perdas: (1) a perda da imortalidade, sofrendo, em consequência, a morte eterna; (2) a perda de qualquer participação na vida comum na cidade da nova Terra; e (3) a perda de todas as bênçãos e promessas do Apocalipse. A perda apresentada aqui é tão completa e esmagadora que nada nesta vida conseguiria compensá-la, nem mesmo remotamente. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.22:20 | 20. Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente, venho sem demora. Amém! Vem, Senhor Jesus! Aquele que dá testemunho. Isto é, Cristo. A referência específica é ao testemunho dos v. Ap.22:18 e Ap.22:19. Certamente. Do gr. nai, termo de forte afirmação. Sem demora. O Mestre ratifica a certeza e a iminência de Sua segunda vinda (ver Ap.3:11; Ap.22:7; Ap.22:12; ver com. de Ap.1:1). Amém! Comparar com Ap.1:6-7; Ap.1:18; Ap.3:14; Ap.5:14; Ap.7:12; Ap.19:4 (sobre o significado do termo, ver com. de Mt.5:18). Provavelmente, foi o apóstolo quem falou “amém”. Se for o caso, ele deve ser ligado à frase que se segue: “Amém! Vem, Senhor Jesus! Vem, Senhor Jesus!” Evidências textuais (cf. p. xvi) podem ser citadas para a variante “vem, Senhor Jesus Cristo”. Esta exclamação é a resposta de João ao testemunho de Jesus, o qual garante ao apóstolo que Ele vem sem demora (cf. com. de Ap.1:1). Talvez, o apóstolo se lembrou daquela noite no cenáculo, mais de meio século antes, quando ouvira Jesus dizer “Voltarei” (Jo.14:3), e do dia, algumas semanas depois, no monte das Oliveiras, em que os anjos declararam: “Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como O vistes subir” (At.1:11). Em santa visão, ele recebe a última certeza de que seu bendito Senhor voltaria em breve. Essa garantia saiu dos lábios do próprio Mestre, a testemunha fiel e verdadeira. O coração do apóstolo se enche de alegria com as palavras e, com ansiosa expectativa, ele espera o dia em que veria seu bendito Senhor face a face, não mais em visão. | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ap.22:21 | 21. A graça do Senhor Jesus seja com todos. A graça. Este versículo é uma bênção, que saiu do profundo do coração do apóstolo e se estende a todos que leem as palavras de suas visões. É semelhante à bênção que Paulo usava para concluir suas epístolas (ver Rm.16:24; 1Co.16:23; 2Co.13:14). As palavras formam um clímax adequado para o cânon das Escrituras, localizadas no fim da antologia dos livros sagrados conforme a conhecemos. Cristo (ARC). Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a omissão desta palavra. Todos. Evidências textuais (cf. p. xvi) favorecem a variante “todos os santos”. Evidências textuais também podem ser citadas para a variante “os santos”. A palavra “santos” ocorre com frequência ao longo de Apocalipse (ver Ap.5:8; Ap.8:3-4; Ap.11:18). Amém! (ARC). Evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a omissão desta palavra. |