"As coisas encobertas pertencem ao nosso Deus, mas as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que observemos todas as palavras desta lei." Deuteronômio 29:29 |
Capítulo e Verso | Comentário Adventista > Marcos |
Mc.1:1 | 1. Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. Princípio. Diferentemente de Mateus e Lucas, que narram episódios da infância de Jesus, Marcos inicia seu evangelho com o momento em que Jesus começou o Seu ministério público. A descida do Espírito Santo e o anúncio de João Batista de que Jesus era o Messias, assinalam Seu batismo como o início de Seu ministério público. Segundo Marcos, portanto, o evangelho, a “boa-nova” sobre Jesus Cristo, inicia-se com o cumprimento da profecia do AT em Seu batismo (Mc.1:2-11). Evangelho. Do gr. euaggelion, “boas-novas”. A palavra “evangelho” se referia originalmente às “boas-novas” de que o Messias havia de fato vindo à Terra, conforme fora predito pelos profetas. Posteriormente, o termo foi aplicado ao relato da vida de Jesus e, mais tarde, aos vários documentos, ou evangelhos, nos quais o registro foi preservado. Provavelmente aqui é usado em seu sentido original. Jesus Cristo. Ver com. de Mt.1:1. Filho de Deus. A evidência textual se divide (cf. p. 136) entre manter e omitir estas palavras (sobre Jesus como o “Filho de Deus”, ver com. de Lc.1:35). |
Mc.1:2 | 2. Conforme está escrito na profecia de Isaías: Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho Conforme está escrito. [A pregação de João Batista, Mc.1:1-6 = Mt.3:1-6 = Lc.3:1-6. Comentário principal: Mt e Lc]. Ao apresentar a Jesus de Nazaré como o Messias, Marcos assinala a evidência que confirma o cumprimento exato da profecia do AT - como o próprio Jesus fez (Lc.24:25; Lc.24:27; Lc.24:44) e como o fizeram os escritores do NT em geral. O testemunho da profecia cumprida é apresentado na Bíblia como uma das provas mais fortes da verdade da fé cristã (ver Is.41:21-23; Is.44:7; Is.46:9-10; ver DTN, 799). As citações de Marcos (Mc.1:2-3) são extraídas de Ml.3:1 e Is.40:3, e se aproximam mais da LXX do que do texto hebraico. Na profecia de Isaías. Ver com. de Mt.3:3. A evidência textual está dividida (cf. p. 136) entre esta variante e “os profetas”. A citação é de Malaquias e Isaías (comparar com a referência geral de Mateus ao cumprimento do “que fora dito, por intermédio dos profetas”, ver com. de Mt.2:23). Diante da Tua face. Ver com. de Mt.3:3. Semelhantemente, Jesus, mais tarde, enviou os setenta “adiante da Sua face” (ARC) “em cada cidade e lugar aonde Ele estava para ir” (Lc.10:1). Mensageiro. João Batista foi o mensageiro predito por Isaías e Malaquias; sua mensagem consistia no anúncio de que o Messias, o “Anjo da aliança” (Ml.3:1), havia surgido. |
Mc.1:3 | 3. voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas |
Mc.1:4 | 4. apareceu João Batista no deserto, pregando batismo de arrependimento para remissão de pecados. Arrependimento. Ver com. de Mt.3:2. O batismo de João era um “batismo de arrependimento” porque se caracterizava pelo arrependimento. O ato do batismo não garantia o arrependimento nem o perdão. Mas o batismo não seria genuíno a menos que fosse caracterizado por essas experiências. Remissão. Ou, “perdão” (ver com. de Mt.3:6). |
Mc.1:5 | 5. Saíam a ter com ele toda a província da Judéia e todos os habitantes de Jerusalém; e, confessando os seus pecados, eram batizados por ele no rio Jordão. No rio Jordão. Um detalhe que somente Marcos apresenta. |
Mc.1:6 | 6. As vestes de João eram feitas de pêlos de camelo; ele trazia um cinto de couro e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre. Sem comentário para este versículo. |
Mc.1:7 | 7. E pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de, curvando-me, desatar-lhe as correias das sandálias. Pregava. [João dá testemunho de Jesus, Mc.1:7-8 = Mt.3:11-12 = Lc.3:15-20 = Jo.1:19-28]. O anúncio do Messias era uma característica e componente habitual da pregação de João. Desatar-Lhe. Uma expressão utilizada apenas por Marcos, a fim de destacar a natureza servil do ato (ver com. de Mt.3:11). Correias. O calçado em realidade eram sandálias que protegiam apenas a sola dos pés (ver com. de Mt.3:11). Os cordões, ou “correias” prendiam as sandálias aos pés. |
Mc.1:8 | 8. Eu vos tenho batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo. Sem comentário para este versículo. |
Mc.1:9 | 9. Naqueles dias, veio Jesus de Nazaré da Galiléia e por João foi batizado no rio Jordão. Naqueles dias. [O batismo de Jesus, Mc.1:9-11 = Mt.3:13-17 = Lc.3:21-22 = Jo.1:32-34. Comentário principal: Mt]. Isto é, nos dias do ministério de João. No rio Jordão. Ver com. do v. Mc.1:5. Marcos se refere ao fato de que os batismos eram realizados “no rio Jordão”, e que, após o batismo, os candidatos saíam “da água” (v. Mc.1:10). Esta é uma forte evidência de que o batismo de João era por imersão. |
Mc.1:10 | 10. Logo ao sair da água, viu os céus rasgarem-se e o Espírito descendo como pomba sobre ele. Logo. Do gr. eutheos, “imediatamente”, “em seguida”, uma palavra muito utilizada em Marcos. Se Marcos escreveu seu evangelho com o auxílio de Pedro, como geralmente se pensa (ver p. 611, 612), esta característica pode refletir a maneira vigorosa, descritiva e eloquente de Pedro pregar. Abertos (ARC). Do gr. schizo, que é um termo mais forte do que o utilizado pelos outros evangelistas, equivalente a “rasgarem-se” (ARA). |
Mc.1:11 | 11. Então, foi ouvida uma voz dos céus: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo. Sem comentário para este versículo. |
Mc.1:12 | 12. E logo o Espírito o impeliu para o deserto, O Espírito O impeliu. [A tentação de Jesus, Mc.1:12-13 = Mt.4:1-11 = Lc.4:1-13. Comentário principal: Mt]. |
Mc.1:13 | 13. onde permaneceu quarenta dias, sendo tentado por Satanás; estava com as feras, mas os anjos o serviam. Estava com as feras. Tais como lobos, javalis, hienas, chacais e leopardos da Palestina. As feras são mencionadas talvez com o fim de ressaltar o isolamento, a solidão e os perigos do deserto. |
Mc.1:14 | 14. Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho de Deus, Depois. [Jesus volta para a Galileia, Mc.1:14-15 = Mt.4:12-17 = Lc.4:14-15. Comentário principal: Mt. Ver Nota Adicional a Lucas 4; Lc.4:44; gráfico, p. 226]. |
Mc.1:15 | 15. dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho. Tempo. Do gr. kairos. Esta palavra se refere a um tempo particularmente auspicioso (ver Mt.13:30; Mt.16:3; Mt.21:34; Mt.26:18; Lc.19:44; Jo.7:6; Rm.5:6; Ef.1:10). Neste caso, trata-se da vinda do Messias e do estabelecimento do Seu reino. O termo parece ter sido usado frequentemente com referência particular à vinda do Messias e ao fim do mundo (ver Mc.13:33; Lc.21:8; Ef.1:10; Ap.1:3). O anúncio de Jesus de que “o tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo”, foi igual ao da mensagem de João Batista (ver Mt.3:2). O povo entendeu isto como uma declaração de que o reino messiânico estava prestes a ser estabelecido. No conceito popular, como também no de João, isto envolvia o estabelecimento de um reino terreno para os judeus e seu subsequente triunfo sobre todos os inimigos (ver DTN, 103). Este equívoco continuou durante todo o ministério de Jesus e só foi corrigido na mente de Seus discípulos após a ressurreição (ver Lc.24:13-32; At.1:6-7), embora, através de Suas parábolas, repetidas vezes Jesus houvesse ensinado que o reino que Ele havia vindo estabelecer era, fundamentalmente, espiritual (ver Mt.4:17; Mt.5:3; cf. Mt.13:1-52). O anúncio de Jesus de que “o tempo está cumprido” se referia à profecia das 70 semanas em Dn.9:24-27, próximo ao fim do qual “o Ungido, o Príncipe” “fará firme aliança com muitos” e “será morto” (ver DTN, 233; GC, 327). Nos dias de Cristo, alguns, pelo menos, sabiam que esse período de tempo de Daniel estava quase terminando (DTN, 31, 33, 34). “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou Seu Filho” ao mundo (Gl.4:4). Quando Jesus iniciou o Seu ministério, o tempo estava maduro para o estabelecimento do Seu reino (ver DTN, 32, 36, 37). |
Mc.1:16 | 16. Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu os irmãos Simão e André, que lançavam a rede ao mar, porque eram pescadores. Caminhando. [A vocação de discípulos, Mc.1:16-20 = Mt.4:18-22 = Lc.5:1-11. Comentário principal: Lc]. Literalmente, “ao Ele passar”. Simão. Ver com. de Mc.3:16. Marcos usa o nome Simão (Mc.3:16), ao narrar o fato de que Jesus deu a Simão o nome de Pedro e, então, com uma exceção (Mc.14:37), ele emprega o último nome. |
Mc.1:17 | 17. Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Eu vos farei. Transformar pescadores comuns em pescadores de homens envolveria um longo e demorado processo de treinamento. Pedro, André, Tiago e João eram pescadores experimentados, porém, a partir de então, deveriam adquirir novas habilidades. |
Mc.1:18 | 18. Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram. Sem comentário para este versículo. |
Mc.1:19 | 19. Pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco consertando as redes. Sem comentário para este versículo. |
Mc.1:20 | 20. E logo os chamou. Deixando eles no barco a seu pai Zebedeu com os empregados, seguiram após Jesus. Empregados. Zebedeu não foi deixado só em seu trabalho. Aceitar o chamado para se tornar um dos discípulos de Jesus não significava que os quatro homens negligenciariam suas obrigações filiais. A presença de “empregados” implica um negócio amplo e bem-sucedido. Somente Marcos registra esse interessante detalhe da narrativa. |
Mc.1:21 | 21. Depois, entraram em Cafarnaum, e, logo no sábado, foi ele ensinar na sinagoga. Entraram. [A cura de um endemoninhado em Cafarnaum, Mc.1:21-28 = Lc.4:31-37. Comentário principal: Mc. Ver mapa, p. 215; gráfico, p. 228; sobre milagres, ver p. 204-210]. Literalmente, “eles vão”. Marcos, frequentemente, usa o verbo no presente a fim de dar um toque de realidade vívida a sua narrativa. O plural “entraram” inclui Jesus e os quatro discípulos aos quais Ele havia chamado. Cafarnaum. Ver com. de Lc.4:31. No sábado. Ver com. de Lc.4:16; Lc.4:31. Não se deve inferir dessa narrativa em que Marcos se move com rapidez, que os discípulos estivessem pescando no sábado. “Logo”, neste caso, simplesmente indica o sábado seguinte ao incidente narrado em Mc.1:16-20. Na sinagoga. Sobre a antiga sinagoga e suas cerimônias, ver p. 44, 45. |
Mc.1:22 | 22. Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas. Maravilhavam-se. Ver com. de Mt.4:13. Sua doutrina. Isto é, “Seus ensinos”. Autoridade. Esta característica punha os ensinos de Cristo em acentuado contraste com os dos escribas e era comentada repetidas vezes por aqueles que O ouviam (ver Mt.7:29; Mc.1:27). Em vez de apoiar-se no que os homens do passado haviam pensado e escrito, e apelar para isso como fonte autorizada, Jesus falava como sendo Ele próprio a autoridade recebida diretamente do Pai. Os escribas tinham o costume de dizer que determinado rabino havia dito isto e aquilo, ao passo que Jesus declarava: “Eu, porém, vos digo” (Mt.5:22). É verdade hoje, como o era no passado, que unicamente a apresentação de verdades espirituais pode proporcionar cura aos pecadores. Escribas. Professores oficiais da lei e da tradição. A maioria deles era fariseu. Esses expositores profissionais da lei oral e escrita estavam em constante controvérsia com Jesus (ver Mt.22:34-46; 23:13-14). Frequentemente revelavam um legalismo extremado que procurava determinar se eram apropriados até mesmo os atos mais insignificantes da vida. Muitas vezes, explicavam as Escrituras de modo a lançar dúvidas quanto ao seu significado, em vez de torná-la clara, e se ocupavam com as tradições dos patriarcas, os quais consideravam iguais ou superiores às Escrituras, invalidando assim a lei de Deus (Mc.7:9; Mc.7:13). Desse modo, sobrecarregavam os homens com “fardos superiores às suas forças”, mas eles próprios nem mesmo com um dedo os tocavam (Lc.11:46; ver p. 43; ver com. de Mt.2:4). |
Mc.1:23 | 23. Não tardou que aparecesse na sinagoga um homem possesso de espírito imundo, o qual bradou: Espírito imundo. Do gr. pneuma akatharton. Nos evangelhos esta expressão é usada como sinônimo de daimonion (cf. Mt.10:1 com Lc.9:1), uma palavra que indica um espírito superior aos homens e que, no NT, sempre se aplica a um espírito maligno, demônio ou diabo. Os evangelhos registram seis ocorrências específicas de possessão demoníaca: (1) O homem na sinagoga de Cafarnaum (Mc.1:12-28); (2) um homem não identificado que era mudo e também endemoniado (Mt.9:32-34); (3) os dois endemoniados gerasenos (Mc.5:1-20); (4) a filha de uma mulher Cananeia (Mt.15:21-28); (5) o filho de um homem não identificado (Mc.9:14-29); e (6) Maria (Mc.16:9). Além desses casos específicos, os evangelhos mencionam com frequência que Jesus e Seus discípulos curaram pessoas atormentadas por espíritos malignos (para um exame da possessão demoníaca no período neotestamentário, ver Nota Adicional a Marcos 1; Mc.1:45). Bradou. Isto aconteceu no momento em que Cristo estava falando de Sua missão para libertar os que eram escravos do pecado e de Satanás (ver CRV, 91; cf. Lc.4:18). Nessa experiência, Cristo foi novamente colocado face a face com o inimigo que havia derrotado no deserto da tentação (ver DTN, 256). Os ouvintes estavam ouvindo atentamente a mensagem que Cristo transmitia, e Satanás pretendeu, dessa maneira, fazer com que o povo desviasse sua atenção da verdade que estava encontrando terreno fértil, em pelo menos alguns dos corações presentes. |
Mc.1:24 | 24. Que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste para perder-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus! Que temos nós contigo [...]? Literalmente, “Que há entre nós e Tu?” Este modo peculiar de expressão hebraica (ver Jz.11:12; 2Sm.16:10) ocorre na LXX na mesma forma em que está aqui. Significa “o que temos nós em comum?” Posteriormente, os endemoniados gerasenos utilizaram as mesmas palavras (ver Mt.8:29; Jo.2:4). Parece que apenas um espírito maligno havia se apossado do homem (ver Mc.1:23; Mc.1:25; Mc.1:26). O pronome “nós”, neste versículo, provavelmente se refere aos demônios em geral, com cujos seres esse espírito maligno se identificava. Jesus. Os demônios que se apossavam das pessoas geralmente confessavam que Jesus era o Filho de Deus (ver Mc.3:11-12; Mc.5:7). Segundo Tiago, “os demônios creem, e tremem” (Tg.2:19), e seu conhecimento da vontade e propósito divinos devem exceder em muito ao do ser humano. Perder-nos. Esse demônio, evidentemente, contemplava com horror o grande dia do juízo de Deus (ver Ez.28:16-19; Mt.8:29). Ele certamente tinha conhecimento do “fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt.25:41), e estava apreensivo de que Cristo estivesse prestes a executar o juízo divino sobre ele (ver 2Pe.2:4; Jd.1:6). O Santo de Deus. O espírito maligno reconheceu em Jesus Aquele que tinha estreita relação com Deus. Em outras ocasiões, os demônios O chamaram de “Filho de Deus” (Mt.8:29; Lc.8:28), o próprio título que levou os líderes judaicos a desejarem Sua morte (Jo.5:17-18) e, finalmente, a condená-Lo (ver Mt.26:63-68; cf. Jo.10:30-36). |
Mc.1:25 | 25. Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te e sai desse homem. Repreendeu. Do gr. epitimao, literalmente, “afixar preço em”, no NT, “acusar de falta”, “repreender”, “admoestar”, “censurar”. Jesus “censurou” o espírito maligno sem, entretanto, proferir “juízo infamatório” contra ele (Jd.1:9). A repreensão parece ter sido administrada porque o espírito se dirigiu a ele como o Messias. Jesus bem sabia que reivindicar abertamente Sua messianidade nessa ocasião somente despertaria o preconceito de muitos contra Ele. Além disso, a turbulenta situação política na Palestina originava muitos falsos messias, que se propunham a levar seus compatriotas a se revoltar contra Roma (ver At.5:36-37; cf. DTN, 30, 733), e Jesus procurava evitar o ser considerado um messias político no sentido popular. Isso teria cegado o povo para a verdadeira natureza de Sua missão e daria às autoridades um pretexto para silenciar Seus labores. Uma razão adicional pela qual Jesus evitava declarar ser o Messias é que Ele desejava que as pessoas O reconhecessem como tal por meio de experiência pessoal, ao observarem Sua vida perfeita, ao ouvirem Suas palavras de verdade, ao testemunharem Suas poderosas obras e ao reconhecerem em tudo isso o cumprimento das profecias do AT. Foi, evidentemente, com esse pensamento que Ele respondeu aos discípulos de João Batista da maneira como o fez (Mt.11:2-6). Cala-te. Literalmente, “fique em silêncio”. |
Mc.1:26 | 26. Então, o espírito imundo, agitando-o violentamente e bradando em alta voz, saiu dele. Agitando-o. Do gr. sparasso, um termo usado por antigos autores médicos para descrever a ação convulsiva do estômago com ânsia de vômito. Aqui o termo poderia ser traduzido como “acometendo-o” ou “convulsionando-o”, e pode indicar que o homem foi jogado ao chão. A mesma palavra é usada várias vezes para os acessos convulsivos sofridos por pessoas possuídas por demônios (Mc.9:20; Mc.9:26; Lc.9:39). O ataque pode ter sido uma tentativa, por parte do demônio, de matar a vítima infeliz. Esta manifestação revelou um impressionante contraste entre a possessão demoníaca e o estado normal de autocontrole que se seguiu. |
Mc.1:27 | 27. Todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si: Que vem a ser isto? Uma nova doutrina! Com autoridade ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem! Com autoridade. Jesus não apenas pregava com autoridade (Mt.7:29; Mc.1:22); Ele também agia com autoridade. Os exorcistas judaicos utilizavam encantamentos, feitiços, e outros procedimentos supersticiosos, em seu esforço para expulsar espíritos malignos. Jesus falava apenas uma palavra, e os demônios saíam imediatamente. Os espíritos, bem como os homens, reconheciam a autoridade do Filho de Deus. A cura do filho de um oficial do rei havia agitado a cidade de Cafarnaum (ver com. de Jo.4:53). Nesse momento, seus habitantes testemunharam uma manifestação ainda maior do poder de Deus. |
Mc.1:28 | 28. Então, correu célere a fama de Jesus em todas as direções, por toda a circunvizinhança da Galiléia. Fama. Do gr. akoe, “o que é ouvido”. Esta palavra tem mais ou menos o mesmo sentido que “informação”, “notícia”. Jesus rapidamente Se tornou muito conhecido na Galileia (ver também Lc.4:14-15; Lc.4:37; Lc.5:15; Lc.5:17). |
Mc.1:29 | 29. E, saindo eles da sinagoga, foram, com Tiago e João, diretamente para a casa de Simão e André. Logo (AEC). [A cura da sogra de Pedro, Mc.1:29-34 = Mt.8:14-17 = Lc.4:38-41. Comentário principal: Mc. Ver mapa, p. 215; gráfico, p. 228; sobre milagres p. 204-210]. Do gr. eutheos; ver com. de Mc.1:10. A casa de Simão. Durante o ministério na Galileia, Jesus, muitas vezes, ficou na casa de Simão Pedro (cf. DTN, 259, 267). Seu conselho aos doze, para permanecer em uma casa durante sua estada numa cidade (Mc.6:10), sem dúvida, era coerente com a Sua própria prática. |
Mc.1:30 | 30. A sogra de Simão achava-se acamada, com febre; e logo lhe falaram a respeito dela. A sogra de Simão. Pedro é o único dos doze do qual se menciona especificamente como sendo casado, embora, em vista do fato de que os judeus em sua maioria eram casados, pensa-se que, provavelmente, a maioria, senão todos os outros discípulos, também tinham esposa. Este é o primeiro milagre registrado pelos três autores sinóticos. O relato de Marcos fornece vários detalhes que não são mencionados nos outros. Acamada, com febre. Do gr. puresso, da palavra pur, que significa “fogo”. Lucas, que era médico, diagnosticou essa enfermidade como uma “febre muito alta” (ver Lc.4:38). A existência de pântanos não muito longe de Cafarnaum, cujo clima era subtropical, sugere que pode ter sido malária. Logo. Do gr. eutheos (ver com. do Mc.1:10). Os discípulos de Jesus demonstraram sua confiança nEle ao se voltarem para Ele imediatamente num momento de aflição física. |
Mc.1:31 | 31. Então, aproximando-se, tomou-a pela mão; e a febre a deixou, passando ela a servi-los. Tomou-a pela mão. Este ato foi um toque pessoal de compaixão amorosa frequentemente empregado por Jesus (ver Mt.9:25; Mc.5:41; Mc.8:23; Mc.9:27). O contato com o poder divino, por meio da fé, curou a mulher. A pessoa enferma pelo pecado também precisa sentir o cálido toque de uma mão compassiva. Imediatamente (ACF). Evidências textuais favorecem (cf. p. 136) a omissão desta palavra. Entretanto, Lc.4:39 afirma que a sogra de Pedro logo se levantou, e isto é indicado pelo fato de que todos os três relatos concluem que ela foi capaz de servir aos presentes antes do pôr do sol. Uma febre prolongada geralmente deixa sua vítima fraca e é necessário um período de repouso para que as forças vitais do corpo recobrem seu vigor normal, porém a cura da mulher foi instantânea. |
Mc.1:32 | 32. À tarde, ao cair do sol, trouxeram a Jesus todos os enfermos e endemoninhados. Ao cair do sol. [Muitas outras curas, Mc.1:32-34 = Mt.8:16-17 = Lc.4:40-41]. Aparentemente, ao perceber que o termo “tarde” não era suficientemente definido entre os judeus para localizar o momento que tinha em mente, Marcos acrescenta essa explicação adicional. Alguns comentaristas têm considerado esta expressão adicional como um vício de linguagem, mas não é assim, pois o termo traduzido “tarde” é indefinido. O motivo da precisão de Marcos quanto ao horário em que os enfermos da cidade foram levados à porta da casa de Pedro talvez se deva ao fato de que a lei rabínica proibia toda e qualquer atenção aos enfermos no sábado, salvo alguma emergência (ver Jo.5:10; Jo.7:23; Jo.9:14). Além disso, operações de cura, exceto em casos de extrema urgência, em que a própria vida estivesse em perigo, eram consideradas trabalho e, consequentemente, inapropriadas para o dia de sábado (ver Lc.13:10-17). O fato de que todos os três autores sinóticos descrevem este episódio com riqueza de detalhes implica que esta foi uma ocasião memorável para todos os discípulos. Os doze haviam ficado amargamente desapontados pela recepção até então dada ao ministério de Jesus, especialmente na Judeia e em Nazaré. Essa demonstração de confiança pública em Seu Mestre deve ter fortalecido muito a fé dos discípulos. |
Mc.1:33 | 33. Toda a cidade estava reunida à porta. Toda a cidade. Um detalhe vívido mencionado apenas por Marcos. Isto não significa necessariamente que cada pessoa que morava em Cafarnaum tivesse ido à casa de Pedro. É antes uma descrição hiperbólica da multidão que foi. |
Mc.1:34 | 34. E ele curou muitos doentes de toda sorte de enfermidades; também expeliu muitos demônios, não lhes permitindo que falassem, porque sabiam quem ele era. Demônios. Do gr. daimonion (ver com. de Mc.1:23; ver Nota Adicional ao fim deste capítulo; Mc.1:45). Não lhes permitindo que falassem. Ver a razão no com. de Mc.1:25. |
Mc.1:35 | 35. Tendo-se levantado alta madrugada, saiu, foi para um lugar deserto e ali orava. Alta madrugada. [Jesus Se retira para orar, Mc.1:35-39 = Mt 4:23-25 = Lc.4:42-44. Comentário principal: Mc. Ver mapa, p. 215; gráfico, p. 228]. Do gr. proi, “cedo no dia”. Este termo era geralmente usado em referência à última vigília da noite, das 3 às 6 horas da madrugada (ver Mc.16:2; Mc.16:9; Jo.20:1). Como era o início do verão, a manhã nasceria mais ou menos às 5 horas, e os primeiros raios de sol seriam visíveis por volta das 3h30 na latitude de Cafarnaum (ver p. 38). Ainda escuro (ARC). A expressão grega indica que era alta noite, o que, neste caso, corresponderia à primeira parte da vigília matinal. Jesus deve ter dormido pouco, pois era tarde da noite quando se dispersou a multidão que havia levado seus enfermos à porta da casa de Pedro (ver DTN, 259). Um lugar deserto. Jesus procurou ficar sozinho, onde a multidão não poderia encontrá-Lo (cf. DTN, 363). Orava. Ver com. de Mc.3:13. Uma das características marcantes e significativas de Cristo é o fato de que Ele orava, com frequência e eficácia. Muitas vezes, durante Sua vida terrena Jesus salientou que “o Filho nada pode fazer de Si mesmo” (Jo 5:19; cf. Mc.1:30). As obras maravilhosas que Ele realizou foram feitas mediante o poder do Pai (ver DTN, 143). As palavras que Ele falou Lhe foram ensinadas pelo Pai (Jo.8:28). Antes que Jesus viesse a este mundo, Ele conhecia cada detalhe do plano para a Sua vida. “Ao andar entre os homens, porém, era guiado passo a passo pela vontade do Pai” (DTN, 147; ver com. de Lc.2:49). O plano para Sua vida Lhe era desdobrado dia a dia (ver DTN, 208). |
Mc.1:36 | 36. Procuravam-no diligentemente Simão e os que com ele estavam. Procuravam. Do gr. katadioko, “perseguir”, “procurar”. Esta não foi uma mera busca eventual para encontrar Jesus. Seus discípulos estavam, sem dúvida, ansiosos para trazer de volta Seu mestre operador de milagres para junto da multidão, para que Ele pudesse aumentar ainda mais Sua fama. Parece que eles achavam que Jesus estava perdendo preciosas oportunidades de atrair seguidores e ampliar a popularidade da Sua causa. Porém, os motivos deles não estavam em harmonia com o propósito pelo qual os milagres foram realizados (ver p. 205, 206; ver com. de Mc.1:38). Simão. Pedro é mencionado pelo nome porque era o líder reconhecido do grupo ou porque, como se crê geralmente, Marcos registra a narrativa conforme lhe foi contada por Pedro (ver p. 611). Com ele. Talvez incluísse, pelo menos, André, irmão de Pedro, Tiago e João, os quatro homens até este momento chamados oficialmente para ser discípulos. Eles são mencionados pelo nome como estando na casa de Pedro no dia anterior (ver Mc.1:29). |
Mc.1:37 | 37. Tendo-o encontrado, lhe disseram: Todos te buscam. Todos. Isto é, o povo de Cafarnaum (ver com. de Mc.1:33). |
Mc.1:38 | 38. Jesus, porém, lhes disse: Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de que eu pregue também ali, pois para isso é que eu vim. Vamos. Jesus propôs que se retirassem antes que a repentina onda de popularidade fizesse naufragar os verdadeiros objetivos de Seu ministério. Ceder ao inculto clamor do povo resultaria em mais mal do que bem, e Ele Se recusou a deixar-Se enganar. Jesus considerava Seus milagres como um meio de levar os homens a ter consciência de sua necessidade de cura espiritual, mas as multidões nada enxergavam além dos milagres em si. Com falta de visão, eles confundiram os meios com os fins, mas os meios sem os fins tenderiam unicamente a levá-los para ainda mais longe do reino que Cristo viera proclamar. Se essas falsas concepções de Sua obra não fossem banidas, todos os esforços de Cristo seriam em vão (ver com. de Mc.1:36). Para isso é que Eu vim. Ou, “para isso é que Eu saí”. Aqui, parece que Jesus Se refere a Sua ida da cidade de Cafarnaum “para um lugar deserto” (Mc.1:35), e não a Sua vinda do Céu para a Terra. Entretanto, a passagem paralela em Lc.4:43 implica que Jesus nesse momento Se referia a Sua missão na Terra. Em outras ocasiões, Ele fez menção especificamente à Sua vinda do Pai, em relação com a Sua missão em forma global (ver Jo.10:10; Jo.18:37; Lc.19:10). |
Mc.1:39 | 39. Então, foi por toda a Galiléia, pregando nas sinagogas deles e expelindo os demônios. Por toda a Galileia. Mt.4:23-25 descreve mais detalhadamente o alcance e a influência da primeira viagem missionária. Jesus realizou ao todo três viagens missionárias na Galileia entre a Páscoa dos anos 29 d.C. e 30 d.C., o período do ministério na Galileia (ver gráfico, p. 228). Na primeira viagem é incerto se Jesus estava acompanhado por alguém mais, além dos quatro discípulos que Ele acabara de chamar junto ao mar da Galileia (ver Mc.1:16-20). Eles são os únicos mencionados pelo nome como estando com Jesus no dia anterior a Sua partida de Cafarnaum (v. Mc.1:29). Outros podem ter começado a segui-Lo no decurso da primeira viagem, considerando que a eleição formal dos doze ocorreu antes do início da segunda viagem (Mc.3:13-19). Nessa primeira viagem, Cristo proclamou o estabelecimento iminente do “reino de Deus” (Lc.4:43), o que foi fundamental para todo o Seu ensino posterior. Pregando. Assim Marcos inicia sua narrativa da primeira viagem missionária à Galileia, iniciada, provavelmente, no começo do verão do ano 29 d.C. (ver MDC, 2, 3; ver Nota Adicional a Lucas 4; Lc.4:44). Em seus escritos, Josefo cita mais de 200 cidades e vilas na Galileia, e essas ofereciam grande oportunidade para desenvolver uma campanha ampla e prolongada longe das cidades maiores agrupadas ao longo da margem ocidental do Lago da Galileia. Assim como sucedeu no início do ministério na Judeia, a respeito do qual os autores sinóticos pouco ou nada dizem, é provável que a primeira viagem missionária tenha sido mais extensa e se prolongado por um período maior do que parece indicar a pouca atenção que lhe foi dada (ver com. de Mc.2:1). Marcos registra apenas uma ocorrência específica na primeira viagem (Mc.1:40-45), mas seu resumo dos resultados da viagem (v. Mc.1:45) denota que houve um período de ministério bem-sucedido, abrangendo várias semanas e, talvez, até dois ou três meses. Nas sinagogas deles. Ver p. 44, 45. Como Jesus era um rabi visitante popular, foi convidado a participar do culto e a falar, como fez em Nazaré (Lc.4:16-27) e em Cafarnaum (Mc.1:21-22). |
Mc.1:40 | 40. Aproximou-se dele um leproso rogando-lhe, de joelhos: Se quiseres, podes purificar-me. Um leproso. [A cura de um leproso, Mc.1:40-45 = Mt.8:1-4 = Lc.5:12-16. Comentário principal: Mc. Ver mapa, p. 215; gráfico, p. 228; sobre milagres, ver p. 204-210]. As opiniões diferem quanto a esse milagre ter ocorrido após o Sermão do Monte, como Mateus indica, ou durante a primeira viagem na Galileia, conforme registrado aqui. Marcos, geralmente, segue o que parece ser uma ordem mais cronológica dos eventos, enquanto Mateus, com frequência, evita essa sequência para produzir uma harmonia temática. Portanto, a ordem seguida por Marcos é preferível. Por essa razão, a cura do leproso talvez seja a única ocorrência específica registrada em relação com a primeira viagem que Jesus realizou pela Galileia (ver p. 178-180, 275, 276). Este milagre também é registrado em Mt.8:2-4 e em Lc.5:12-16, mas a narrativa de Marcos é mais vívida e detalhada. Posteriormente, Jesus curou outros leprosos (Mt.26:6; Lc.7:22; Lc.17:12-14; cf. DTN, 557) e enviou Seus discípulos para fazerem o mesmo (Mt.10:8; sobre o diagnóstico da lepra e as leis de segregação e purificação ritual, ver Lv.13 e Lv.14). O conceito popular dos judeus era que a lepra sobrevinha como um castigo divino sobre o pecado (ao que eles também atribuíam a cegueira de nascença; ver Jo.9:2). Eles haviam absorvido uma velha ideia pagã. Um antigo texto babilônico sobre prognóstico (Archiv fur Orientforshung, 18:62) denomina certos sintomas, aparentemente de lepra, como indicativo do abandono de Deus e do homem. Por isso eles não faziam esforço em busca de alívio ou cura; na verdade, eles não conheciam remédio para a lepra verdadeira - a não ser o isolamento. Mesmo após a metade do século 20, a quarentena continuou sendo um procedimento padrão em toda parte; desde então, novas drogas têm possibilitado o tratamento de pacientes externos e tornado o isolamento desnecessário. Se quiseres. Três grandes obstáculos, provavelmente, apresentavam-se à mente do homem aflito, sendo que qualquer um deles poderia ter sido suficiente para tornar remota e talvez impossível a perspectiva de cura. Em primeiro lugar, tanto quanto se saiba, não havia registro de cura de leproso desde o tempo de Naamã, cerca de 800 anos antes. Um segundo obstáculo, ainda mais temível, era a crença popular de que ele estava sob a maldição de Deus. Jesus estaria disposto a curá-lo? O terceiro obstáculo apresentava um problema de cunho prático. Como ele poderia se aproximar de Jesus para apresentar seus pedidos? A lei cerimonial proibia estritamente que ele se aproximasse ou se misturasse com os outros, e onde quer que Jesus fosse o povo se aglomerava em torno dEle. Isso efetivamente impedia o homem sofredor de se acercar da presença de Jesus. Purificar-me. Do gr. katharizo, “limpar”, em vez de therapeuo, “sarar”, “curar”. Tanto nos tempos do AT como do NT as vítimas da lepra eram tidas como “imundas”, necessitadas de “purificação”, e não “doentes”, necessitadas de “cura”. Essa distinção na terminologia reflete a ideia de purificação cerimonial. |
Mc.1:41 | 41. Jesus, profundamente compadecido, estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero, fica limpo! Tocou-o. Jesus frequentemente tocava os enfermos para curá-los (Mt.8:15), mas, às vezes, não o fazia (Jo.4:49-50). Ele sabia que tocar o homem leproso significaria impureza; no entanto, Ele o fez sem temor. Quero, fica limpo! Uma vez que nenhum ser humano podia curar a lepra, o fato de que Jesus o fez significava que Ele possuía poder divino. Esse milagre levou o povo a crer que Ele também era capaz de purificar a alma do pecado. Jesus havia vindo à Terra com o propósito específico de purificar os pecadores, cuja enfermidade espiritual era ainda mais mortal do que a lepra. |
Mc.1:42 | 42. No mesmo instante, lhe desapareceu a lepra, e ficou limpo. No mesmo instante. Este foi um detalhe importante do milagre. Tudo sucedeu diante dos olhos da multidão. A carne do sofredor foi restaurada, seus músculos se tornaram firmes, os nervos recobraram a sensibilidade (ver DTN, 263). |
Mc.1:43 | 43. Fazendo-lhe, então, veemente advertência, logo o despediu Veemente advertência. Do gr. embrimaomai, “advertir urgentemente”. Esta palavra é traduzida como “agitou-Se” em Jo.11:33 e “murmuravam” em Mc.14:5, e sempre indica forte emoção. Os escritores dos evangelhos a usam a respeito de Cristo apenas em duas outras ocasiões (ver Mt.9:30; Jo.11:33; Jo.11:38). Só em raras situações Jesus assumiu uma atitude severa (Mt.23:13-33; Jo.2:13-17; cf. DTN, 353). As razões da evidente severidade de Jesus aqui são esclarecidas no v. Mc.1:45. |
Mc.1:44 | 44. e lhe disse: Olha, não digas nada a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para servir de testemunho ao povo. Não digas nada. Vários fatores provavelmente influíram para Jesus ordenar ao homem curado que nada dissesse sobre o que havia acontecido, e “logo o despediu” (Mc.1:43) a fim de que ele se mostrasse aos sacerdotes. Em primeiro lugar, foi necessária uma ação rápida para que o homem fosse aos sacerdotes antes que eles soubessem quem o havia curado. Somente assim ele poderia esperar uma decisão imparcial, pois se os sacerdotes soubessem que fora Jesus quem curara o homem, eles provavelmente se recusariam a certificar que estava limpo. Os próprios interesses de Jesus faziam que se necessitasse silêncio e ação imediata. E também, se as muitas vítimas da lepra na região ouvissem a respeito do poder de Jesus para libertá-las da doença, eles sem dúvida afluiriam a Ele e dificultariam Seu ministério em favor do povo em geral. Além disso, Jesus exigia como requisito prévio um sincero senso de necessidade por parte da pessoa aflita e pelo menos uma medida de fé (ver Mc.5:34; Jo.4:49-50; cf. DTN, 264, 267, 268). Outra razão para o silêncio é que Ele não queria criar a reputação de ser tão somente um operador de milagres. Os evangelhos deixam claro que Ele considerava os milagres como secundários; Seu primeiro e grande objetivo era a salvação do ser humano. Cristo sempre apelou às pessoas que buscassem primeiramente o reino dos Céus, tendo plena confiança de que seu Pai celestial lhes acrescentaria as bênçãos materiais à medida que delas necessitassem (Mt.6:33). Em Mt.9:30; Mt.12:16; Mc.5:43; Mc.7:36; Mc.8:26 se encontram vários exemplos em que Jesus, por essas e outras razões, proibiu dar publicidade aos milagres que operou. Mostra-te. Segundo a lei mosaica, os sacerdotes que atuavam como oficiais de saúde pública diagnosticavam a lepra e ordenavam o isolamento. Uma vez que, pelo menos no AT, outras doenças da pele eram descritas pelo termo lepra, os examinadores, às vezes, devem ter sido incapazes de distinguir os tipos curáveis. Os que se recuperavam de sua doença podiam voltar para casa após reexame, cerimônias de purificação e, provavelmente, um atestado (Lv.14). Ao receber tal atestado do sacerdote, o leproso obtinha o reconhecimento oficial de que havia ocorrido uma cura miraculosa (ver DTN, 265). O próprio homem seria uma testemunha viva do que havia ocorrido. Dessa forma, muitos sacerdotes ficaram convencidos da divindade de Cristo por esta e por outras evidências (ver DTN, 266). Após a ressurreição, muitos dos sacerdotes professaram sua fé nEle (ver At.6:7) e se uniram à igreja nascente. O fato de Jesus ter dito ao homem curado que seguisse as determinações da lei demonstra que Ele não Se opunha às leis de Moisés. Ele próprio havia nascido “sob a lei” (Gl.4:4; ver Mt.23:2-3). Porém, manifestou categórica oposição às tradições que os escribas haviam criado em torno dos preceitos mosaicos, mediante as quais eles haviam anulado tanto a letra como o espírito do que Deus havia comunicado a Moisés (ver Mt.15:3; Mc.7:8-9; cf. DTN, 395-398). Ao Cristo enviar esse homem aos sacerdotes, sem dúvida tinha por objetivo demonstrar a eles e ao povo Seu reconhecimento das leis que Ele próprio havia comunicado a Moisés muito antes. Dessa maneira, Ele esperava desmentir as falsas acusações feitas pelos sacerdotes, os guardiões oficiais da lei. Assim, os que eram honrados de coração dentre eles poderiam perceber que a acusação de deslealdade à lei de Moisés era falsa, o que poderia levá-los a reconhecê-Lo como o Messias (ver DTN, 265). Oferece pela tua purificação. Ver vol. 1, p. 761, e com. de Lv.14. Servir de testemunho. Isto é, um testemunho do poder divino que Jesus manifestou, de Seu compassivo interesse pelas necessidades da humanidade, de Seu respeito pelas leis de Moisés e pelos líderes judaicos como guardiões e executores da lei, e, acima de tudo, de Seu poder para libertar as pessoas do pecado e da morte. Ao povo. Não está totalmente claro se esta é uma referência aos sacerdotes ou ao povo em geral, inclusive aos sacerdotes. Entretanto, o contexto parece ser uma referência aos sacerdotes. As coisas que Moisés ordenou deveriam ser oferecidas a eles para “servir de testemunho”. O povo havia visto a evidência manifestada diante dos seus olhos; porém os sacerdotes não haviam visto. Se o leproso curado cumprisse com a lei cerimonial, testificaria a respeito das coisas que Cristo desejava que os sacerdotes prestassem atenção. Obviamente, a decisão sacerdotal constituiria um testemunho legal permanente perante todo o povo, quando fosse registrada oficialmente. |
Mc.1:45 | 45. Mas, tendo ele saído, entrou a propalar muitas coisas e a divulgar a notícia, a ponto de não mais poder Jesus entrar publicamente em qualquer cidade, mas permanecia fora, em lugares ermos; e de toda parte vinham ter com ele. Propalar muitas coisas. Ou, “falar abertamente sobre isso”. Não compreendendo como a sua falha em cumprir a severa recomendação para se calar poderia atrapalhar a obra de Cristo, e consolando-se com a ideia de que a modéstia de Cristo era a única razão envolvida, o homem agradecido falou abertamente sobre o poder dAquele que o havia curado. Mc.1:43. Divulgar a notícia. Ou, “tornar público o fato” (NVI). Não mais poder. Isto é, “já não podia”. Esse milagre, ou melhor, o seu resultado, parece ter assinalado o término da primeira viagem missionária de Cristo às cidades e vilas da Galileia. Ele Se viu obrigado a interromper Sua obra por algum tempo (ver DTN, 265). Em lugares ermos. Ou, “desertos” (ARC). Não há indicação quanto ao lugar para onde Jesus Se retirava. Cristo, provavelmente, ficava perto das partes mais populosas da região, indo talvez para os montes alguns quilômetros a oeste do Mar da Galileia. Alguns dias depois, Ele estava novamente em Cafarnaum (Mc.2:1), na casa de Pedro (ver DTN, 267). Vinham ter com Ele. A forma do verbo grego indica que o povo continuava a ir a Ele. Sua imaginação estava inflamada, mas, infelizmente, seu zelo era sem entendimento, e eles não compreenderam bem o propósito de Cristo ao realizar Seus milagres (ver p. 205, 206). NOTA ADICIONAL A MARCOS 1 Aqueles que negam a inspiração das Escrituras e rejeitam a ideia de um diabo e espíritos malignos literais, atribuem o que a Bíblia chama de possessão demoníaca a causas naturais, especialmente às várias desordens físicas e nervosas como epilepsia e insanidade. Outros, que aceitam como verdadeiras as declarações dos evangelhos com respeito à possessão demoníaca, nem sempre têm levado em conta a natureza e relação das desordens físicas e nervosas que a acompanham. Este comentário procurará explicar o problema no que diz respeito tanto ao controle satânico da vida de todos os ímpios em geral, como ao sentido mais restrito da possessão demoníaca com as manifestações físicas associadas. Controle pelo Espírito Santo. Devido à ação do Espírito Santo (1Co.3:16; 1Co.6:19; 2Co.6:16; Ef.2:22) Cristo habita no coração daqueles que, por sua livre e espontânea vontade, decidem servi-Lo (2Co.5:14; Gl.2:20; Cl.1:27; etc.; cf. MDC, 142). Assim, com a cooperação deles Deus efetua neles “tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade”, (Fp.2:13) e, então, um poder do alto toma posse, conduzindo as tendência naturais em harmonia com os princípios divinos (Rm.8:29; Gl.5:22-23; 2Ts.2:14). Unicamente os que desta maneira submetem o controle de sua mente a Deus podem, no sentido completo da palavra, ter “moderação” e desfrutar completa estabilidade mental e emocional (ver 2Tm.1:7; cf. Is.26:3-4). Ninguém que escolha servir a Deus será deixado sob o poder de Satanás (CBV, 93; cf. DTN, 38). Fortalecidos pelo poder divino, eles se tornam invulneráveis aos ataques de Satanás (DTN, 209, 324). Controle por um espírito maligno. Por outro lado, todos os que rejeitam ou ignoram a verdade declaram sua sujeição ao maligno (CBV, 92; DTN, 322, 341). Os que persistentemente se recusam a obedecer às sugestões do Espírito Santo ou as negligenciam, entregando-se ao controle de Satanás, desenvolvem um caráter que mais e mais se assemelha ao dele (Jo.8:34; Jo.8:41; Jo.8:44; DTN, 338, 429). A consciência e a capacidade de escolha estabelecem um padrão de conduta baseado nos princípios de Satanás (Rm.6:12-16; DTN, 256). Deste modo, à medida que os homens se separam progressivamente da influência e do controle do Espírito Santo (ver Ef.4:30; ver com. de Ex.4:21), acabam ficando totalmente à mercê do diabo (DTN, 256, 323, 324; cf. 645, 696; Jo.6:70). Aprisionados por uma vontade mais forte do que a sua própria, eles não podem, de si mesmos, escapar desse poder maligno (CBV, 93). Automaticamente, pensam e agem conforme Satanás lhes ordena. Onde quer que a Palavra de Deus indique a causa, ela declara que a possessão demoníaca ocorre como resultado de um viver errôneo (ver DTN, 256). A fascinante carreira de prazeres terrenos “termina nas trevas do desespero ou na loucura de uma alma arruinada” (DTN, 256). Graus de controle demoníaco. O processo de formação do caráter é gradual, e há, portanto, graus de controle ou possessão, seja do Espírito Santo ou de espíritos malignos (ver Rm.12:2). Todos os que não se entregam sem reservas à habitação do Espírito de Deus estão, portanto, em maior ou menor grau, sob o controle - ou possessão - de Satanás (ver Lc.11:23; Rm.6:12-16; 2Pe.2:18-19; DTN, 324, 341). Tudo o que não está em harmonia com a vontade de Deus - toda intenção de ferir os outros, toda manifestação de egoísmo, todo esforço para promover princípios errôneos - é, em certo sentido da palavra, evidência de um grau de controle demoníaco ou possessão (ver DTN, 246, 341). Toda concordância com o mal “enfraquece o corpo, obscurece o intelecto e corrompe a alma” (DTN, 341). Não obstante, em qualquer ponto no processo de formação do caráter, “o caráter se revela, não por boas ou más ações ocasionais, mas pela tendência das palavras e atos costumeiros” (CC, 57). A principal diferença entre os que respondem ocasionalmente e os que respondem sempre às sugestões de Satanás é, portanto, uma diferença de grau e não de espécie. A vida do rei Saul é um exemplo patente da experiência daqueles que se submetem ao controle dos demônios (1Sm.13:8-14; 1Sm.15:10-35; 1Sm.16:14-23; 1Sm.28:1-25; PP, 679-681). Formas de controle demoníaco. Não apenas o grau de controle demoníaco ou possessão varia, mas também a forma em que se manifesta. Às vezes, Satanás pode realizar seus objetivos sinistros mais eficazmente, permitindo que a sua vítima retenha intactas suas faculdades mentais e físicas e tenha aparência de piedade. Outras vezes, o diabo perverte a mente e o corpo e induz a vítima a condutas evidentemente pecaminosas. Os que se acham apenas parcialmente sob o controle de demônios, ou que não manifestam os sintomas popularmente associados com a possessão demoníaca, são frequentemente mais úteis ao príncipe do mal do que aqueles que podem estar mais obviamente sob o seu controle. O mesmo espírito maligno que possuiu o maníaco de Cafarnaum também controlou os judeus descrentes (ver Jo.8:44; DTN, 256; cf. 323, 733, 746, 749, 760). Judas foi “possuído” de modo semelhante (DTN, 294, 645; Lc.22:3; Jo.6:70-71; Jo.13:27; cf. Mt.16:23). Em casos como esses a diferença está principalmente na forma em que os demônios manifestam sua presença e poder. Possessão demoníaca e o sistema nervoso humano. Em qualquer grau ou forma em que os demônios obtêm controle de um ser humano, eles o fazem através do sistema nervoso sensorial. Através das faculdades superiores da mente — a consciência, o poder de escolha e a vontade — é que Satanás se apossa do indivíduo. Por meio do sistema nervoso motor o maligno exerce controle de seus súditos. A possessão demoníaca não pode ocorrer a não ser através do sistema nervoso, pois por meio dele Satanás obtém acesso à mente e, por sua vez, controla o corpo (cf. Lc.8:2; DTN, 568). Visto que o próprio sistema nervoso é a primeira parte do ser humano a ser afetada, várias desordens nervosas, como epilepsia e psicoses de vários tipos devem ser esperadas em conexão com a possessão demoníaca. Tais desordens são, com frequência, o resultado de ceder, de uma maneira ou outra, à influência e sugestões de Satanás. Entretanto, essas desordens não acompanham necessariamente a possessão demoníaca, nem são necessariamente uma característica maior de possessão demoníaca do que a surdez e a mudez, as quais também, às vezes, acompanham a possessão. Todos os casos de possessão demoníaca descritos em O Desejado de Todas as Nações são mencionados especificamente como tendo envolvido algum tipo de desarranjo mental, popularmente descrito como insanidade, e esta condição é indicada como sendo o resultado de possessão demoníaca. Por exemplo, o endemoniado na sinagoga de Cafarnaum é descrito como “louco”, e sua aflição como “insanidade” e “loucura” (DTN, 256). Os endemoniados de Gadara são semelhantemente mencionados como “loucos” e “lunáticos”, e tendo “mente transtornada” (DTN, 341; GC, 514). O jovem possesso ao pé do monte da transfiguração também é chamado de “lunático” (DTN, 429; ver Mc.9:18). Os sintomas de desordem nervosa mencionados especificamente são fisionomia contorcida, guinchos, mutilação do corpo, olhos chamejantes, ranger de dentes, boca espumejante e convulsões muito semelhantes às da epilepsia (ver Mc.1:26; Mc.9:18-26; Lc.4:35; Lc.8:29; DTN, 256, 337, 429). Em cada caso, a expulsão dos espíritos malignos foi acompanhada de uma mudança instantânea e evidente — houve uma restauração do equilíbrio mental e da saúde física onde estas haviam sido prejudicadas. A inteligência voltou (DTN, 256, 338), os aflitos se vestiram em perfeito juízo (Mc.5:15; Lc.8:35; DTN, 338) e recobraram a razão (DTN, 429, 568). O caso do jovem possesso de Mc.9:14 a Mc.9:29 merece atenção especial. A descrição do caso se assemelha de modo impressionante à de um ataque epilético (ver v. Mc.1:18-20). Mas afirmar que este era simplesmente um caso de epilepsia significa rejeitar as declarações explícitas das Escrituras de que o jovem estava possesso. Os autores dos evangelhos são igualmente claros em descrever um caso que certamente parecia ser epilepsia e atribuí-lo a possessão demoníaca. Possessão demoníaca e desordens físicas. Em certos casos de possessão demoníaca havia também desordens físicas associadas (ver Mt.9:32; Mt.12:22; Mc.9:17). É digno de nota que as desordens físicas mencionadas especificamente - cegueira e mudez - aparentemente estavam relacionadas aos nervos sensoriais e motores das partes afetadas. Outros distúrbios físicos também podem ter resultado da possessão demoníaca. Os que se entregaram, em maior ou menor grau, à influência e controle de Satanás pensaram e viveram de modo a degradar o corpo, a mente e a alma (ver DTN, 256, 341, etc.). Características distintivas da possessão demoníaca. Pelo que Ellen G. White mostra, as várias manifestações de desordens físicas e mentais que caracterizavam os endemoniados não eram, em si, diferentes das manifestações atribuíveis a causas naturais. Aparentemente, a diferença não estava nos sintomas nervosos e físicos manifestados, mas no agente que os causava. Ela atribui esses sintomas à presença e ação direta de espíritos malignos (ver GC, 514). Mas as várias desordens físicas e mentais não constituíam em si mesmas o que os evangelhos descrevem como possessão demoníaca. Elas eram o resultado da possessão demoníaca. Sem dúvida, a mente popular identificava os resultados da possessão demoníaca com a própria possessão. Mas a alegação de que, por ignorância, os autores dos evangelhos atribuíram erroneamente as várias desordens físicas e nervosas à ação de espíritos malignos é desmentida pelo fato de que eles claramente fizeram distinção entre sintomas físicos comuns e possessão demoníaca (ver Mt.4:24; Lc.6:17-18; Lc.7:21; Lc.8:2). A realidade da possessão demoníaca é ainda atestada pelo fato de que Cristo Se dirigia aos demônios como demônios e que eles respondiam como demônios, por intermédio de suas vítimas (Mc.1:23-24; Mc.3:11-12; Mc.5:7; etc.). Por seu reconhecimento da divindade de Cristo e do juízo final, fatos então não entendidos pelo povo em geral, os demônios deram provas de conhecimento sobrenatural (Mt.8:29; Mc.1:24; Mc.3:11-12; Mc.5:7; etc.). É razoável concluir que a possessão demoníaca, embora fosse com frequência acompanhada por desordens nervosas ou físicas, exibisse seus sintomas característicos, mas as Escrituras não especificam quais eram esses sintomas. Por que a possessão demoníaca era comum. Há razão para crer que a possessão demoníaca, no sentido limitado dos autores dos evangelhos, era muito mais comum durante o tempo do ministério terrenal de Cristo do que é agora (ver DTN, 257). Talvez, durante algum tempo, Deus tenha permitido que Satanás tivesse mais liberdade para demonstrar os resultados de seu controle pessoal dos seres humanos que voluntariamente escolheram servi-lo. No monte da transfiguração, os discípulos contemplaram a humanidade transfigurada à imagem de Deus, e no sopé da montanha, a humanidade degradada à semelhança de Satanás (DTN, 429). Através dos séculos, o diabo tem procurado obter ilimitado controle do corpo e da alma dos homens, para afligi-los com pecado e sofrimento e, finalmente, arruiná-los (DTN, 257; PP, 688). Assim, quando nosso Senhor apareceu andando como homem entre os homens, “o corpo de criaturas humanas, feito para habitação de Deus, tornara-se morada de demônios. Os sentidos, os nervos, as paixões, os órgãos dos homens eram, por meio de agentes sobrenaturais, levados a condescender com a concupiscência mais vil. O próprio selo dos demônios se achava impresso na fisionomia dos homens” (DTN, 36). A própria semelhança da humanidade parece ter sido obliterada de muitas faces humanas, as quais refletiam, em vez disso, a expressão das legiões malignas pelas quais eram possuídas (cf. Lc.8:27; DTN, 337; GC, 514). De modo muito real, a possessão demoníaca representa as profundezas da degradação a que descem os que se aliam a Satanás e ilustra graficamente o que todos os que rejeitam a misericórdia de Deus se tornariam se fossem totalmente abandonados à jurisdição de Satanás (DTN, 341). |
Mc.2:1 | 1. Dias depois, entrou Jesus de novo em Cafarnaum, e logo correu que ele estava em casa. Dias depois. [A cura de um paralítico em Cafarnaum, Mc.2:1-12 = Mt.9:1-8 = Lc.5:17-26. Comentário principal: Mc. Ver mapa, p. 215; gráfico, p. 228; sobre milagres, ver p. 204-210]. Do gr. di hemeron. Esta frase é considerada por alguns como referência ao período completo da primeira viagem de Jesus à Galileia, entre a data de Sua partida de Cafarnaum (Mc.1:35-38) e Seu retorno àquela cidade. Entretanto, visto que essa viagem provavelmente se estendeu por algumas semanas, poderá ser mais apropriado entender os “dias” aqui mencionados como aqueles em que Jesus Se retirou para o deserto por causa das multidões, ao ponto de não mais poder “entrar publicamente em qualquer cidade” (Mc.1:45). Assim entendido, o período em questão seria entre os eventos narrados no fim do cap. 1 e os do início do cap. 2. Entrou Jesus de novo. Ou, “Jesus voltou” (BLH). Marcos usa de maneira característica a palavra gr. palin, “de novo”, ao se referir a lugares que ele já mencionara anteriormente, ou a circunstâncias semelhantes (ver Mc.2:13; Mc.3:1; Mc.3:20; Mc.4:1; Mc.5:21; Mc.8:13). Em contraste, Mateus geralmente usa palin para iniciar um novo trecho de sua narrativa. Tanto Mateus como Marcos registram o fato de que Jesus havia recentemente voltado de Sua primeira viagem pelas cidades e vilas da Galileia (ver Mt.9:1). Mateus acrescenta a informação de que o retorno de Cristo para Cafarnaum foi de barco. Evidentemente, ou a Sua primeira viagem terminou na margem oriental do mar da Galileia, ou quando a publicidade que o leproso curado fez a Seu respeito O levou a Se retirar temporariamente do ministério público (ver com. de Mc.1:45). Cafarnaum. Ver com. de Mt.4:13. Mateus se refere a Cafarnaum como “a Sua própria cidade” (Mt.9:1), isto é, a sede de onde Ele conduzia Seu ministério na Galileia e a qual Ele parece ter considerado Seu lar. Correu. Literalmente, “ouviu-se”. Que. Do gr. hoti, este “que”, significa que as palavras seguintes, “Ele estava em casa”, são uma citação direta do que estava sendo divulgado pelo povo em geral. Em casa. Apenas Marcos menciona especificamente este fato, como acontece com os numerosos detalhes da narrativa que os outros escritores sinóticos omitem. Isto equivalia a dizer “no lar”, sem dúvida, uma referência ao lar de Pedro (ver DTN, 267, 271; ver com de Mc.1:29). |
Mc.2:2 | 2. Muitos afluíram para ali, tantos que nem mesmo junto à porta eles achavam lugar; e anunciava-lhes a palavra. Logo (ARC). A saída de Cristo de Cafarnaum para a Sua primeira viagem missionária foi ocasionada pela agitação popular e o grande número de pessoas que foi a Sua procura (ver Mc.1:33; Mc.1:37). Porém, a Sua ausência de Cafarnaum não abateu o entusiasmo do povo. Tão logo se soube que Jesus estava novamente na cidade, o povo afluiu a Ele. |
Mc.2:3 | 3. Alguns foram ter com ele, conduzindo um paralítico, levado por quatro homens. Paralítico. Do gr. paralutikos. Levado por quatro homens. Um detalhe mencionado apenas por Marcos. Este e outros detalhes não apenas refletem a veracidade da narrativa, mas também indicam que se trata do relato de uma testemunha ocular, neste caso, provavelmente Pedro (ver p. 611). |
Mc.2:4 | 4. E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o eirado no ponto correspondente ao em que ele estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o doente. Descobriram o eirado. Literalmente, “destelharam o telhado”. Lc.5:19 registra que eles “por entre as telhas, o baixaram” (ARC). Como é comum no Oriente Médio, a casa tinha um terraço plano e uma escada externa no pátio lhe dava acesso (ver At.10:9; cf. Dt.22:8). Certamente o telhado era construído colocando-se telhas ou ladrilhos sobre os caibros. Esse método incomum de se aproximar de Jesus foi a sugestão desesperada do próprio paralítico, o qual temia que, embora tão perto de Jesus, pudesse perder sua oportunidade (ver DTN, 268). A maneira inesperada como Jesus havia saído de Cafarnaum (Mc.1:37-38), permanecera ausente por várias semanas e, finalmente, Se retirara para o deserto (Mc.1:45), provavelmente aumentara o desespero desse homem, que enfrentava a perspectiva de uma morte prematura (ver DTN, 267). Leito. Do gr. krabbatos, o “sofá” ou a “cama” de um homem pobre. A cama toscana qual o homem jazia provavelmente era pouco mais do que uma esteira de palha ou uma padiola almofadada. |
Mc.2:5 | 5. Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados. Vendo-lhes a fé. Isto é, do paralítico e dos quatro carregadores da padiola. O fato de abrirem um buraco através do telhado era uma prova eloquente do seu urgente senso de necessidade, e de sua fé, que somente Jesus poderia satisfazer. Tal senso de necessidade e fé é essencial para que o poder curador de Jesus possa ser aplicado tanto ao aspecto físico quanto ao espiritual (ver com. de Lc.5:8). Filho. Do gr. teknon, literalmente, “criança” ou “menino”. Quando utilizado no trato pessoal, como aqui, significa “meu filho”. Considerando que ele havia contraído essa doença como resultado direto de uma vida pecaminosa (DTN, 267), parece que a sua história deve ter sido muito semelhante à do filho pródigo (Lc.15:13-14). O mesmo havia, aparentemente, ocorrido no caso do paralítico curado em Betesda meses antes (Jo.5:14). Teus pecados estão perdoados. Ver com. do v. Mc.2:10. A aflição lhe havia dado tempo para refletir, e ele compreendeu que seu sofrimento se devia aos seus pecados. Jesus Se referiu aos pecados, que pesavam tanto sobre a mente desse homem. O paralítico fora em busca de saúde espiritual, bem como de cura física (ver DTN, 267, 268). Ele estivera fisicamente desamparado e espiritualmente desesperado enquanto não apresentou seu caso a Jesus, o qual lhe providenciou ajuda e esperança (ver com. de Jo.9:2). |
Mc.2:6 | 6. Mas alguns dos escribas estavam assentados ali e arrazoavam em seu coração: Alguns dos escribas. Ver p. 43 e com. de Mc.1:22. Segundo Lc.5:17, esses “fariseus e mestres da lei” haviam vindo “de todas as aldeias da Galileia, da Judeia e de Jerusalém”. A vinda de representantes de tantos lugares diferentes sugere que sua presença nessa ocasião específica foi mais do que casual. O fato de que esses líderes religiosos eram exatamente das regiões em que Jesus havia trabalhado até então, parece indicar que eles estavam em Cafarnaum para investigar Aquele que havia Se tornado o centro desse intenso interesse público. A situação lembra a delegação que os líderes em Jerusalém enviaram ao Jordão para investigar a obra de João Batista (Jo.1:19-28) dois anos antes. Essa delegação proveniente da Judeia, onde Jesus havia trabalhado anteriormente, pode ter sido convocada para avisar os líderes na Galileia a respeito de Sua forma de atuar em vista das atividades mais recentes de Jesus por lá. Esses homens eram espiões (DTN, 267; cf. p. 210), e Jesus como que para lembrá-los vividamente da cura do paralítico de Betesda (Jo.5:1-9), então curou outro homem que sofria da mesma doença. Eles não precisaram esperar muito para encontrar o que estavam procurando - supostas evidências de que Jesus era blasfemador. Sua declaração anterior perante os líderes judaicos havia sido considerada como blasfêmia (Jo.5:18); nesta ocasião Ele exerceu publicamente uma prerrogativa divina que eles também tomaram como blasfêmia. Esse episódio assinala o primeiro dos vários conflitos com as autoridades judaicas durante Seu ministério na Galileia. Arrazoavam. Do gr. dialogizomai, “avaliar os relatos”, “conversar”, “debater”, “argumentar”. |
Mc.2:7 | 7. Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus? Ele. Do gr. houtos, “este”, com sentido depreciativo. Eles pensaram que haviam apanhado Jesus no ato de blasfemar, mas estranhamente, a evidência não foi suficiente para que eles a apresentassem contra Ele em Seu julgamento um ano e meio mais tarde (Mt.26:59-60; Mc.14:55-56). A dificuldade deles consistia no fato de que Jesus os confrontou com a operação prática do poder da divindade, perdoando os pecados e curando doenças, e não através de afirmações específicas de pretensões messiânicas (ver p. 205, 206). Blasfêmia. Do gr. blasphemiai, “declarações injuriosas”, “calúnias”, isto é, quaisquer afirmações ofensivas. Os escribas alegavam que, ao perdoar os pecados do paralítico, Jesus, um simples homem, como eles O consideravam, havia usurpado as prerrogativas da divindade. Segundo o ritual cerimonial, o sacerdote presidia a confissão de um homem, porém não pronunciava palavras de perdão. Sua aceitação do sacrifício simplesmente simbolizava que Deus havia aceitado a confissão (ver Hb.10:1-12). Por sua recusa em reconhecer as evidências da presença e operação da divindade, os escribas estavam cometendo o próprio pecado do qual, em seu coração, acusavam a Cristo (ver Mt.12:22-32). A penalidade levítica para a blasfêmia era morte por apedrejamento (Lv.24:16), embora os judeus no tempo de Jesus geralmente não tivessem liberdade para executá-la. Quem pode perdoar [...]? Quanto a sua teologia, os escribas tinham razão, pois o AT claramente salientava que Deus é o único que perdoa pecados (Is.43:25; Je.31:34; cf. Jo.10:33). Seu erro consistia em não reconhecer que o Homem que estava diante deles era Deus (ver p. 205, 206). |
Mc.2:8 | 8. E Jesus, percebendo logo por seu espírito que eles assim arrazoavam, disse-lhes: Por que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração? Percebendo. Do gr. epiginosko, “saber exatamente”, “reconhecer”. Jesus lia os pensamentos dos homens (Mc.12:15; Lc.6:8; Lc.9:47; Lc.11:17; cf. Jo.4:16-19; Jo.8:7-9), e isso os deixava furiosos. |
Mc.2:9 | 9. Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda? Qual é mais fácil? Aparentemente, os escribas estavam pensando: “É fácil dizer que os pecados de uma pessoa estão perdoados, pois ninguém realmente pode saber se estão.” Jesus imediatamente aceitou seu desafio não pronunciado e lhes perguntou: “O que vocês acham mais fácil: perdoar os pecados de um homem ou curá-lo de paralisia?” A resposta era óbvia. |
Mc.2:10 | 10. Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados - disse ao paralítico: Para que saibais. Jesus realizou um milagre que todos puderam ver como evidência da realidade de um milagre muito maior que eles não podiam ver (cf. Rm.1:20). O Filho do Homem. Neste relato, pela primeira vez, os três autores dos sinóticos usam este título distintivo (Mt.9:6; Mc.2:10; Lc.5:24). Esta era a forma com a qual Cristo Se referia a Si mesmo, encontrada cerca de 80 vezes nos evangelhos. Ninguém, entretanto, se dirigia a Ele por este título, nem qualquer dos autores dos evangelhos se refere a Ele deste modo. Este título era entendido, pelo menos entre alguns judeus, como um nome para o rei messiânico do novo reino a ser estabelecido. Exceto sob juramento (Mt.26:63-64; Mc.14:61-62) e em particular àqueles que estavam dispostos a crer nEle como o Cristo (Mt.16:16-17; Jo.3:13-16; Jo.4:25-26; Jo.16:30-31), Jesus não afirmou diretamente Seu caráter messiânico. Era Seu objetivo que os homens reconhecessem através de Sua vida, de Suas palavras e obras, as evidências de que as profecias a respeito do Messias haviam se cumprido nEle (ver p. 205, 206). Jesus era literalmente “o Filho do homem”, tanto num sentido puramente histórico (ver Lc.1:31-35; Rm.1:3-4; Gl.4:4) como em um sentido mais elevado. O título, Filho do Homem, designa Jesus como o Cristo encarnado (ver Jo.1:14; Fp.2:6-8). Indica o milagre através do qual o Criador e a criatura Se uniram em uma pessoa divino-humana. Testifica da verdade de que os filhos dos homens podem realmente se tornar filhos de Deus (Jo.1:12; Gl.4:3-7; 1Jo.3:1-2). A divindade Se identificou com a humanidade de modo que a humanidade pudesse ser recriada segundo a imagem da divindade (DTN, 25; sobre Jesus como o Filho de Deus, ver Lc.1:35; Jo.1:1-3; e como Filho do homem, ver Lc.2:49; Lc.2:52; Jo.1:14; ver Nota Adicional a João 1; Jo.1:51). Autoridade. Do gr. exousia. A palavra grega usual para “poder”, no sentido de “força”, é dynamis. Operar um milagre requeria poder, mas o perdão de pecados era uma questão de autoridade. Neste versículo, a palavra exousia ocorre no início da frase, o que salienta a autoridade de Cristo para perdoar pecados. Os líderes judeus desafiaram tal autoridade muitas vezes (ver Mc.11:28). Perdoar pecados. A causa da doença precisava ser removida antes que o sofredor pudesse ser libertado da doença da qual sofria (ver com. de Mc.2:5). Curar o corpo sem curar o espírito poderia resultar em uma repetição da conduta que havia provocado a enfermidade do jovem. Assim, Cristo, que deu ao homem um novo corpo, primeiro lhe proporcionou um novo coração. Disse. A declaração entre parênteses (na ARC) está inserida no meio do pronunciamento de Jesus para indicar que nesse ponto Ele deixou de Se dirigir aos escribas e falou ao paralítico. Ela ocorre na mesma posição nas três versões do relato (ver Mt.9:6; Lc.5:24). Exemplos semelhantes de linguagem idêntica podem ser encontrados em Mc.1:16 e Mt.4:18; Mc.5:28 e Mt.9:21; Mc.14:2 e Mt.26:5; Mc.15:10 e Mt.27:18 (ver p. 164-166; cf. p. 311-313). |
Mc.2:11 | 11. Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa. Eu te mando. Do gr. soi lego, “a ti Eu digo”. A ordem das palavras em grego realça a quem Jesus estava falando. Ele dirigiu as palavras do v. Mc.2:10 aos escribas incrédulos; então, como uma prova para eles, Ele Se voltou para o paralítico e disse: “A ti Eu digo, levanta-te.” O poder para curar fisicamente era uma confirmação da autoridade para curar espiritualmente. Toma o teu leito. O sofredor havia sido carregado até Jesus em seu leito; por fim ele se retira da presença de Jesus carregando seu leito - uma evidência da grande transformação que havia ocorrido. |
Mc.2:12 | 12. Então, ele se levantou e, no mesmo instante, tomando o leito, retirou-se à vista de todos, a ponto de se admirarem todos e darem glória a Deus, dizendo: Jamais vimos coisa assim! Jamais vimos coisa assim! O homem que fora à presença de Jesus com um profundo senso de necessidade, partiu com uma alegria triunfante, enquanto aqueles que se aproximaram com presunção, orgulho e malícia, foram embora “mudos de espanto e esmagados pela derrota” (DTN, 270). O espírito com o qual os homens vão a Jesus determina se encontrarão nEle uma escada para o Céu ou uma pedra de tropeço para a destruição (ver Mt.21:44; Lc.2:34; 1Pe.2:8). |
Mc.2:13 | 13. De novo, saiu Jesus para junto do mar, e toda a multidão vinha ao seu encontro, e ele os ensinava. De novo, saiu Jesus. [A vocação de Levi, Mc.2:13-14 = Mt.9:9 = Lc.5:27-28. Comentário principal: Mc. Ver mapa, p. 215; gráfico, p. 228]. Aparentemente esta foi uma viagem breve pelas redondezas de Cafarnaum, e não uma viagem importante de pregação pela Galileia. A segunda viagem, que foi precedida pela nomeação dos doze e o Sermão do Monte, só começou um pouco mais tarde. |
Mc.2:14 | 14. Quando ia passando, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu. Viu. Ver com. de Lc.5:27. Levi. Lucas também usa este nome (Lc.5:27), mas Mateus na mesma história prefere o nome Mateus (Mt.9:9). Os dois nomes se referem ao mesmo homem, pois Mateus também é chamado “o publicano [coletor de impostos]” (Mt.10:3) e porque em suas listas dos doze, os outros evangelhos citam Mateus e não Levi (Mc.3:18; Lc.6:15; cf. At.1:13). Era comum para os judeus ter mais de um nome, como no caso de Simão Pedro e de João Marcos (ver Mc.3:14). Filho de Alfeu. Alguns têm identificado “Levi o filho de Alfeu” com “Tiago, filho de Alfeu” (Mc.3:18). Entretanto, em vista da evidência dada acima para identificar Levi com Mateus, fica claro que Levi e Tiago eram pessoas diferentes; se eram irmãos é impossível dizer (ver com. de Mc.3:18). Coletoria. Isto é, a repartição onde se pagavam os impostos. Este lugar aparentemente ficava “junto do mar” (Mc.2:13) e era provavelmente uma repartição em que Herodes Antipas cobrava impostos de caravanas e viajantes que passavam ao longo da estrada principal que vinha de Damasco e do oriente rumo a Ptolemaida (Aco), junto ao Mediterrâneo (ver com. de Is.9:1), ou de um lado a outro do Mar da Galileia, procedentes do território de Herodes Filipe (quanto à localização estratégica e comercial de Cafarnaum, ver com. de Mt.4:13; Lc.4:31). Na opinião popular, os publicanos eram considerados de má reputação. Com frequência eram não apenas instrumentos da opressão romana, mas extorquiam por sua própria conta, aproveitando-se de sua autoridade oficial para oprimir e defraudar as pessoas. Eram odiados e desprezados por todos, como proscritos sociais e religiosos (ver p. 53, 54; ver com. de Lc.3:12). Segue-Me! Linguagem costumeira que Cristo usava ao estender Seu convite para o discipulado (ver Mt.4:19; Jo.1:43). Convidado a tomar a grande decisão de sua vida em um instante, Mateus estava pronto. Tal decisão pressupõe que ele previamente tivera contato com Jesus. Em seu coração já devia existir um desejo de seguir o Mestre. Porém, como conhecia muito bem a atitude dos rabis para com os publicanos, sem dúvida não lhe ocorria que este grande Rabi Se dignaria a aceitá-lo como um de Seus discípulos. Lc.5:28 acrescenta que Mateus “deixou tudo” (NTLH) para seguir a Jesus; ele abandonou uma ocupação lucrativa para servir sem nenhuma remuneração. |
Mc.2:15 | 15. Achando-se Jesus à mesa na casa de Levi, estavam juntamente com ele e com seus discípulos muitos publicanos e pecadores; porque estes eram em grande número e também o seguiam. Sentado (ARC). [Jesus come com pecadores, Mc.2:15-17 = Mt.9:10-13 = Lc.5:29-32. Comentário principal: Mc. Ver mapa, p. 216; gráfico, p. 228]. Do gr. katakeimai, “recostar-se”. Embora nos tempos do AT o costume judaico habitual era se assentar para comer, no tempo de Jesus, pelo menos nas casas mais luxuosas, as pessoas geralmente se reclinavam para comer numa plataforma baixa ou sofá, ficando inclinadas em relação à mesa. Eles se assentavam em almofadas e se apoiavam no braço esquerdo. A mesa habitual era equipada em três lados com essas plataformas inclinadas, sendo que o quarto lado era mantido aberto para que os criados servissem o alimento. O fato de a casa de Mateus ser equipada com esse tipo de mesa sugere que ele era um homem de posses e cultura. O banquete na casa de Mateus teve lugar algumas semanas, talvez meses, após seu chamado (ver DTN, 342; ver com. de Mc.5:21). Está registrado aqui provavelmente para completar, em um só contexto, o relato das experiências de Mateus. A mesa. Esta expressão foi acrescentada pelos tradutores para completar a ideia implícita no contexto (cf. Mc.2:16). Casa de Levi. O contexto deixa claro que esta era a casa de Mateus e que Jesus era o convidado de honra (ver também Lc.5:29; cf. DTN, 274). Publicanos. Do gr. telonai, “cobradores de impostos”, “fiscais da receita” (ver com. de Mc.2:14; Lc.3:12). Pecadores. Ver com. de Mc.2:17. Relacionamentos como este, que poderiam parecer infrutíferos, na ocasião, sem dúvida contribuíram para produzir a colheita daqueles que se colocaram ao lado dos seguidores de Jesus e se tornaram testemunhas da verdade, quando o Espírito Santo foi derramado sobre os crentes no Pentecostes (ver DTN, 274, 275). Estes. Isto é, os que aceitaram os Seus ensinos. Alguns, além de Mateus, evidentemente se decidiram a favor de Jesus nesse momento; outros, sem dúvida, o fizeram mais tarde, especialmente após a ressurreição (ver DTN, 275). |
Mc.2:16 | 16. Os escribas dos fariseus, vendo-o comer em companhia dos pecadores e publicanos, perguntavam aos discípulos dele: Por que come [e bebe] ele com os publicanos e pecadores? Escribas e fariseus (ARC). Evidências textuais (cf. p. 136) apoiam a variante “escribas dos fariseus” (ARA), isto é, escribas que eram fariseus. Embora alguns dos escribas fossem saduceus, a maioria deles era fariseu, pois eram estes últimos que tinham um interesse especial nas minúcias da lei (ver p. 39, 40, 43). Podemos considerá-los mais como “escribas fariseus” do que como “escribas saduceus”. Discípulos. Do gr. mathetai, “aprendizes”, “alunos”. Nos evangelhos esta palavra é geralmente usada para identificar o grupo que acompanhava Jesus e O auxiliava em Seu ministério. Os discípulos eram mathetai; Cristo era seu didaskalos, “mestre” ou “professor” (ver com. de Jo.3:2). Ao reclamarem aos discípulos, os escribas esperavam diminuir o respeito que tinham por Seu Mestre. Lucas diz que os escribas “murmuravam” contra os discípulos (Lc.5:30), evidentemente, percebendo que um ataque direto contra Jesus não os ajudaria em nada, assim como haviam se provado infrutíferas outras tentativas para silenciá-Lo (ver Mc.2:6-11; Jo.2:18-20; Jo.5:16-47). Come [e bebe]. Comer e beber com gentios era uma transgressão da lei cerimonial e envolvia contaminação cerimonial (At.11:3). Por motivos práticos os publicanos eram classificados como gentios e, portanto, contados entre os rejeitados socialmente (ver Mc.2:14; Lc.3:12-13). |
Mc.2:17 | 17. Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores. Os sãos. Do gr. hoi ischuontes, “os que têm vigor”. Lucas usa a expressão hoi hugiainontes, “os que são sadios”. A expressão de Lucas é um termo mais exato, derivado de hugies, a palavra grega habitual para “saúde”. Paulo repetidas vezes usa a mesma palavra, a exemplo de Lucas, e a aplica à “sã” doutrina (1Tm.1:10), às “sãs” palavras (2Tm.1:13) e a ser “sadios” na fé (Tt.1:13). Não vim. Ao declarar a profunda verdade do objetivo de Sua missão na Terra, Cristo revelou a hipocrisia e o raciocínio capcioso dos fariseus e sua atitude diante do relacionamento de Cristo com os publicanos. Se esses homens eram tão pecadores como os fariseus alegavam, deviam estar em maior necessidade do que as outras pessoas. Não deveriam ser eles, então, precisamente aqueles aos quais Cristo dedicaria Seus melhores esforços? Ele viera para “salvar” o povo (Mt.1:21), mas se Ele pudesse salvar apenas os que já eram justos, não poderia ser um verdadeiro Salvador. A prova de Sua missão como Salvador do mundo dependia do que Ele podia fazer pelos pecadores. Justos. Os fariseus pretendiam ser capazes de alcançar a justiça mediante estrita observância das exigências da lei cerimonial. Posteriormente, Jesus esclareceu que esse tipo de “justiça” era uma falsificação e não tinha valor no reino que Ele viera proclamar (Mt.5:20; cf. Mt.23:1-33). Porém, nessa ocasião, devido às circunstâncias, Ele aceitou sua suposta justiça própria (Mc.2:16-17), porque assim procedendo pôde deixar clara a razão pela qual devia ministrar às necessidades espirituais dos publicanos. Em realidade, às vezes, os fariseus eram culpados dos mesmos pecados que eles tão implacavelmente detestavam nos cobradores de impostos. Jesus declarou que eles devoravam “as casas das viúvas” (Mt.23:14) e absolviam a um filho avarento que não cuidava de seus pais idosos (ver Mc.7:11), se desta maneira pudessem se enriquecer. Assim sendo, os fariseus, ao colocarem ênfase na retidão legal, com demasiada frequência agiam como hipócritas. Por outro lado, os publicanos, que não faziam alarde de respeitar as leis cerimoniais e, apesar de seus pecados, às vezes, estavam em melhor condição de aceitar os ensinos de Jesus (ver com. de Lc.18:9-14). |
Mc.2:18 | 18. Ora, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando. Vieram alguns e lhe perguntaram: Por que motivo jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam? Os discípulos de João. [Do jejum, Mc.2:18-22 = Mt.9:14-17 = Lc.5:33-39. Comentário principal: Mc. Ver mapa, p. 216; sobre as parábolas, ver p. 197-204]. Estavam jejuando. Sem dúvida, os discípulos de João partilhavam, ao menos até certo ponto, do seu estilo de vida abstêmio (ver Mt.3:4), como é evidenciado aqui por seu jejum. Parece claro que eles estavam jejuando no momento em que formularam sua pergunta a Jesus. Uma antiga obra judaica sobre o jejum, datada do primeiro século d.C., intitulada Megillath Taanith, menciona os judeus que naquele tempo jejuavam regularmente no segundo e quinto dias da semana, isto é, na segunda e na quinta-feira (ver Lc.18:12). A tradição judaica atribui este costume à lenda de que Moisés iniciou o jejum de 40 dias no monte Sinai (ver Ex.34:28) numa quinta-feira e o concluiu numa segunda-feira. Contudo, é provável que a observância desses dois dias para jejuar tenha surgido do desejo de manter os dias de jejum o mais longe possível do sábado e, ao mesmo tempo, o mais distante possível um do outro. Strack e Billerbeck, principais autoridades em judaísmo antigo, indicam que os motivos reais por trás desses jejuns bissemanais não são totalmente claros, mas parece provável que tenham surgido graças ao desejo de pessoas especialmente zelosas que procuravam fazer expiação pelo mundanismo da nação, que, segundo eles, estava provocando rapidamente sua destruição. Em geral, entre os antigos judeus, o jejum era praticado pelos indivíduos para compensar um delito ou para assegurar uma resposta favorável a uma oração ou cumprimento de um desejo. Certamente que muitos jejuavam porque acreditavam que esse ato conquistava um mérito especial perante Deus. Essas práticas de jejuar se baseavam, logicamente, num conceito errôneo do caráter de Deus e da natureza da justificação. Com frequência o jejum se degenerava num meio de justificação pelas obras, mediante as quais as pessoas esperavam aplacar um Deus austero e obter Seu favor, independentemente da condição de seu coração. Séculos antes da época de Jesus, os profetas haviam denunciado essas ideias, ao declarar que Deus passara a abominar os jejuns e outros ritos religiosos de Israel (Is.58:3-5; Zc.7:5-6). Há ocasiões em que o cristão necessita de agudeza de espírito e discernimento; ele pode ter importantes decisões a tomar, ou pode precisar discernir mais claramente a vontade de Deus. Sob tais circunstâncias o jejum pode se provar uma bênção. Tal jejum não significa necessariamente completa abstinência de alimento, mas uma dieta limitada ao que é essencial para manter a saúde e o vigor. O cristão pode, como Daniel, se abster de usar “manjar desejável” (Dn.10:3). Deus não é honrado e a experiência cristã de uma pessoa não é promovida por qualquer prática que enfraqueça o corpo ou prejudique a saúde (ver Mt.6:16). Vieram alguns e Lhe perguntaram. As pessoas mencionadas aqui não são claramente identificadas, e o evangelho de Lucas também não é mais claro a este respeito (ver Lc.5:33). Entretanto, Mateus afirma com toda certeza que foram os discípulos de João Batista que importunaram a Jesus com a pergunta concernente ao jejum (Mt.9:14). Segundo a cronologia experimental adotada neste Comentário, João havia sido aprisionado no começo da primavera daquele ano, 29 d.C. e, provavelmente, tenha sido executado pouco antes da Páscoa de 30 d.C. (ver Mt.4:12; Mc.6:14-29; Lc.3:19-20). Seus discípulos levantaram a questão do jejum provavelmente não mais do que alguns poucos meses antes de ele ter morrido. Teus discípulos não jejuam. Assim, os escribas aparentemente esperavam afastar de seu Mestre o crescente grupo de discípulos. |
Mc.2:19 | 19. Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Durante o tempo em que estiver presente o noivo, não podem jejuar. Convidados. A comparação que Jesus usou aqui tem suas raízes na profecia do AT, em que o relacionamento de Yahweh com o Seu povo é retratado como o do noivo com a noiva (Is.62:5; cf. Os.1:2). João Batista já havia usado a mesma figura para explicar a identificação de Cristo com o Messias (Jo.3:25-30), na ocasião em que os líderes judaicos haviam procurado introduzir uma ponta de rivalidade entre ele e Jesus, provavelmente um ano antes dessa ocasião. Parece significativo, portanto, que Jesus tivesse usado essa breve figura na presença dos discípulos de João Batista. Jesus não Se desviou em nenhum detalhe dos requisitos religiosos que Ele próprio havia ordenado mediante Moisés. A contenda entre Ele e os fariseus girava em torno das tradições dos anciãos, dos “fardos pesados” que eram “difíceis de carregar” (Mt.23:4). Esses requisitos tradicionais haviam sido alçados a uma posição de tanta honra e importância que, às vezes, permitia-se que eles anulassem o verdadeiro espírito da lei de Moisés (Mc.15:3-6; cf. DTN, 395). Assim, a forma de religião que os escribas e fariseus procuravam impor aos demais tornava sua adoração a Deus “vã” e sem sentido (Mc.7:7; ver com. de Mt.23:2-3). A seguir, o que Jesus demonstrou, em três breves figuras, foi a incompatibilidade de Seus ensinos com os dos escribas. Os discípulos de João, embora aceitassem Cristo como o Messias (ver Jo.1:35-37), praticavam pelo menos alguns dos regulamentos cerimoniais impostos pelos escribas e fariseus (Mc.2:18). Na parábola dos convidados para o casamento, “os filhos das bodas”, Cristo defendeu Seus discípulos contra a acusação de que eles também não se sujeitavam à tradição. Ele quis dizer que as práticas cerimoniais deveriam estar subordinadas a questões de maior importância. Então, através dos exemplos do vinho novo (Mc.2:22) e da veste velha (Mc.2:21), Jesus explicou melhor o princípio fundamental envolvido: a diferença irreconciliável entre os novos ensinos e os velhos. Aqui Ele explicou por que considerava como inúteis as observâncias cerimoniais rabínicas. Em conjunto, essas três parábolas tinham por objetivo esclarecer aos discípulos de João Batista que, se eles verdadeiramente cressem nos ensinos de seu mestre, eles também aceitariam os de Jesus. Não podem jejuar. Seria considerado um insulto aos noivos se os convidados do casamento ficassem pesarosos e tristes e se recusassem a participar da festa. |
Mc.2:20 | 20. Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo; e, nesse tempo, jejuarão. Dias virão. Aqui, pela primeira vez, Cristo, de maneira pública, deu a entender que finalmente seria tirado de Seus discípulos, assim como o noivo é retirado à força das festividades nupciais. Mais de um ano antes Ele havia dito a Nicodemos em particular que seria “levantado” (Jo.3:14). Tirado. Do gr. apairo, “erguer”, “levar embora”. Nesse contexto, a palavra pode significar separação forçada e dolorosa, o que realmente aconteceu com a morte violenta de Jesus. Ele “foi tirado” deles na cruz e lhes foi devolvido depois da ressurreição. |
Mc.2:21 | 21. Ninguém costura remendo de pano novo em veste velha; porque o remendo novo tira parte da veste velha, e fica maior a rotura. Ninguém costura. Ver com. de Lc.5:36. Nesta metáfora ampliada, ou breve parábola, Cristo destaca a insensatez de tentar remendar o velho manto do judaísmo com o tecido novo de Seus ensinos. Remendo. Os ensinos de Jesus não eram simplesmente um remendo a ser colocado no velho sistema religioso judaico. Novo. Do gr. agnaphos, “sem cardar”, consequentemente, “novo” aqui significa “sem branquear” ou “sem encolher”. Veste velha. Aqui o judaísmo é comparado a um manto gasto, que se tornou inútil e está a ponto de ser descartado. O espírito original da religião judaica havia se perdido muito tempo antes pela maioria daqueles que haviam aderido a ela, e em seu lugar se desenvolvera um sistema formal. Através desta figura, Cristo procurou esclarecer aos discípulos de João Batista a futilidade de tentar entrelaçar as boas novas do reino do Céu com as desgastadas observâncias da tradição judaica. Fica maior a rotura. Isto é, quando a roupa é molhada após a aplicação do remendo. O que se pretende melhorar no velho manto apenas serve para tornar seus defeitos ainda mais evidentes. |
Mc.2:22 | 22. Ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho romperá os odres; e tanto se perde o vinho como os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos. Vinho novo. Ver com. de Lc.5:39. “Vinho novo” é o vinho no qual os elementos da fermentação ainda não começaram a agir, ou no qual a ação já começou, mas ainda não foi completada. A comparação do evangelho com “vinho novo” e sua ação pelo processo de fermentação se assemelha, em essência, à parábola do fermento, mas destaca um resultado diferente (ver com. de Mt.13:33). O vinho novo representa a verdade essencial de Deus operando no coração dos homens. Odres. Na Antiguidade, esses recipientes eram feitos de couro de ovelhas ou bodes, sendo o couro das pernas costurado, e o gargalo, servindo como boca da vasilha. Os “odres velhos” perdiam sua elasticidade original e se tornavam secos e duros. Esta era a condição do judaísmo no tempo de Cristo. Romperá os odres. Os ensinos revolucionários de Jesus não podiam se harmonizar com os dogmas reacionários do judaísmo. Seria inútil qualquer esforço para acomodar o cristianismo dentro do formalismo morto do judaísmo, isto é, unir os dois forçando o cristianismo a tomar a forma e se harmonizar com ele. Jesus ensinava que os princípios do reino do Céu aplicados ao coração dos homens conduziriam à prática desses princípios na vida através de uma religião ativa e radiante (ver com. de Mt.5:2). Tanto se perde o vinho. A tentativa de unir o novo com o velho resultaria numa dupla destruição. O “vinho” do evangelho seria “entornado” e os “odres” do judaísmo se “estragariam”. Odres novos. Provavelmente, uma referência às pessoas prontas para receber o evangelho, ou a um novo tipo de organização eclesiástica através da qual o evangelho deveria ser promovido. |
Mc.2:23 | 23. Ora, aconteceu atravessar Jesus, em dia de sábado, as searas, e os discípulos, ao passarem, colhiam espigas. Aconteceu. [Jesus é senhor do sábado, Mc 2:23-28 = Mt.12:1-8 = Lc 6:1-5. Comentário principal: Mc. Ver mapa, p. 215]. É provável que esse episódio tenha ocorrido num dia de sábado no fim da primavera do ano 29 d.C., pois está narrado junto com os eventos daquele período de tempo. Atravessar [...] as searas. Ou, “ao lado das lavouras de cereal”. Sem dúvida, os discípulos não estavam caminhando entre os cereais pisoteando-os, mas por uma trilha que cruzava os campos. Em dia de sábado. Visto que os fariseus não fizeram objeção quanto a distância percorrida, a impressão é que esta não excedia a jornada de um sábado (At.1:12), isto é, mais ou menos um quilômetro (ver p. 38). Searas. Literalmente, “de cereal”; nesse caso é quase certo que se tratava de trigo ou cevada. Lc.6:1 acrescenta que os discípulos começaram a debulhar a cevada ou o trigo com as mãos, a fim de tirar as cascas. |
Mc.2:24 | 24. Advertiram-no os fariseus: Vê! Por que fazem o que não é lícito aos sábados? Advertiram-No os fariseus. Esse foi o quarto encontro de Cristo com os escribas e fariseus que se registra desde o início de Seu ministério na Galileia (ver Mc.2:6; Mc.2:16; Mc.2:18; com. de Lc.6:6). Não é lícito. O ato dos discípulos não teria sido contestado em nenhum outro dia da semana, exceto no sábado. A lei do AT estipulava especificamente que uma pessoa faminta podia comer do fruto ou cereal de um campo ao passar por ele (ver Dt.23:24-25). O consentimento de Cristo ao que os discípulos fizeram, assim como Seus próprios milagres de cura no sábado, são frequentemente mal compreendidos por intérpretes modernos. Argumentam que o próprio Jesus não observava nem ensinava Seus discípulos a observar as leis e regulamentos do AT com relação à observância do sábado. Alguns até afirmam que a posição que Cristo tomou com relação a esses assuntos deve ser interpretada como Sua rejeição ao quarto mandamento. A realidade é que Jesus pessoalmente respeitava os requisitos da lei de Moisés e do decálogo em todos os aspectos e ensinou Seus seguidores a fazer o mesmo. Ele afirmou a natureza eterna da vigência da lei moral (ver com. de Mt.5:17-18; Jo.15:10) e reconheceu também a validade da lei cerimonial de Moisés como aplicável aos judeus daquele tempo (ver Mt.23:3). Durante todo o Seu ministério, Cristo esteve em conflito com os líderes judaicos no tocante à validade das leis e tradições humanas (ver com. de Mc.7:2-3; Mc.7:8). Cristo assumiu uma atitude de inflexível oposição (ver com. de Mc.2:19) com relação a esses requisitos, que muitos dos Seus contemporâneos haviam passado a considerar até mesmo como mais importantes para a piedade do que as leis de Moisés e do decálogo. O exame mais superficial de muitos desses requisitos torna evidente seu caráter absurdo. No entanto, os fariseus ensinavam rigorosamente que a salvação só poderia ser obtida mediante a estrita observância de todas essas regras. A vida de um judeu piedoso tendia a se tornar um infindável e inútil esforço para evitar a contaminação cerimonial, em que se incorria quando o mínimo detalhe desses requisitos puramente humanos tivesse sido inadvertidamente desobedecido. Esse sistema de justiça pelas obras estava em conflito mortal com a justiça pela fé. Mishnah enumera 39 tipos principais de trabalho proibidos no sábado. Os primeiros onze eram etapas prévias à produção e preparo do pão: plantar, arar, colher, amarrar os molhos, debulhar, limpar, escolher (separando o que era adequado como alimento daquilo que não era), moer, peneirar, amassar e cozer. Os doze seguintes se aplicam a etapas semelhantes no preparo de roupas, desde a tosquia das ovelhas até a costura das vestes. Estes são seguidos por sete passos no preparo da carcaça de um veado para uso como alimento ou confecção de couro. Os itens restantes enumerados têm a ver com escrever, construir, acender ou apagar fogo, e com o transporte de utensílios de um lugar para outro. Esses requisitos gerais eram explicados com minuciosos detalhes. Além desses regulamentos principais, havia outras incontáveis cláusulas concernentes à observância do sábado. A mais conhecida, talvez, é a assim chamada “jornada de um dia de sábado” (At.1:12) de 2000 cúbitos ou cerca de um quilômetro (ver p. 38). Também era considerada transgressão do sábado o olhar para um espelho pendurado na parede, ou mesmo acender uma vela. No entanto, os mesmos regulamentos permitiam vender a um gentio um ovo posto no sábado e contratar um gentio para acender uma vela ou fogo. Não era lícito cuspir no chão, pois uma folha de grama poderia assim ser irrigada. Não era permitido carregar um lenço no sábado, a menos que uma ponta dele estivesse costurada à roupa, o que nesse caso não mais era um lenço, tecnicamente, mas uma parte da roupa. Semelhantemente, o regulamento quanto à distância que alguém poderia caminhar no sábado podia ser contornado escondendo-se porções de alimento em intervalos apropriados ao longo do trajeto planejado. Dessa maneira, o lugar em que esse alimento havia sido colocado poderia ser considerado como outra “casa” do dono. Assim, de cada esconderijo de alimento seria possível perfazer mais uma jornada de sábado até o seguinte esconderijo. Esses eram apenas alguns dos “fardos pesados e difíceis de carregar” (Mt.23:4) que haviam sido colocados sobre os judeus piedosos dos dias de Cristo. Desta maneira, ao coarem um mosquito e engolirem um camelo, os fariseus utilizavam a letra de regulamentos humanos para destruir o espírito da lei de Deus. O sábado, originalmente designado para oferecer ao homem uma oportunidade de conhecer seu Criador através do estudo das obras criadas, e refletir sobre Seu amor e bondade, tornou-se, em vez disso, um lembrete do caráter egoísta e arbitrário dos escribas e fariseus. Ele passou efetivamente a representar mal o caráter de Deus, retratando-O como um tirano. A natureza declara a sabedoria, o poder e o amor de Deus. No princípio, o sábado se referia a essas coisas para que o homem se ocupasse delas, a fim de que não ficasse tão absorto em suas próprias atividades e se esquecesse dAquele que o criou e que constantemente exercia poder divino para a sua felicidade e bem-estar. O problema que alguns cristãos atuais encontram para decidir o que pode ou não ser apropriado como atividade sabática é prontamente resolvido quando se tem um conceito claro do propósito do sábado. A verdadeira observância do sábado consiste em fazer tudo aquilo que nos aproxime mais de Deus, nos ajude a entender melhor Sua vontade para conosco e a forma que Ele nos trata, e nos induza a cooperar mais eficazmente com Ele em nossa vida e a contribuir para a felicidade e bem-estar dos outros (ver com. de Is.58:13; Mc.2:27-28). |
Mc.2:25 | 25. Mas ele lhes respondeu: Nunca lestes o que fez Davi, quando se viu em necessidade e teve fome, ele e os seus companheiros? Nunca lestes [...]. Jesus deu a entender que, ao estudarem as Escrituras, eles não compreenderam a lição implícita no incidente que Ele mencionaria a seguir. Quando se viu em necessidade. As leis sagradas e as coisas pertinentes ao santuário haviam sido ordenadas para o bem do ser humano e, se alguma vez estivessem em conflito com os seus melhores interesses, deveriam estar subordinadas àquilo que lhe era mais necessário. |
Mc.2:26 | 26. Como entrou na Casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição, os quais não é lícito comer, senão aos sacerdotes, e deu também aos que estavam com ele? Casa de Deus. O templo ainda não havia sido construído por ocasião do episódio referido aqui. A “casa de Deus” ainda consistia apenas do tabernáculo, que naquele tempo estava localizado em Nobe. Abiatar. Abiatar era o filho de Aimeleque, que era o sumo sacerdote titular quando este episódio ocorreu (ver 1Sm.21:1; 1Sm.21:6). As palavras de Jesus parecem sugerir que Abiatar representava seu idoso pai, de maneira que, em realidade, executava pelo menos algumas das funções do ofício sacerdotal, mesmo enquanto ainda vivia Aimeleque, e sob a sua supervisão. Quando Aimeleque foi morto, Abiatar fugiu para Davi, levando consigo a estola sagrada, símbolo do ofício sumo sacerdotal (ver 1Sm.22:20). Uma situação análoga ocorreu nos dias de Cristo, quando Caifás era sumo sacerdote, mas Anás era reconhecido por todos como sendo um tipo de sumo sacerdote emérito (ver At.4:6; ver com. de Lc.3:2). Pães da Proposição. Ver com. de Ex.25:30. Regras minuciosas para o preparo e uso do “pão da proposição” o separavam como santo. O pão velho, removido da mesa da proposição no lugar santo, devia ser comido pelos sacerdotes dentro do recinto sagrado do santuário (ver com. de Lv.24:5; Lv.24:8). Não é lícito comer. Somente os sacerdotes podiam comer o pão consagrado (ver Lv.24:9). |
Mc.2:27 | 27. E acrescentou: O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado Sábado. Ver com. de Gn.2:1-3; Ex.20:8-11. Homem. Do gr. anthropos, literalmente, “uma pessoa”, um termo genérico que inclui homens, mulheres e crianças (ver com. de Mc.6:44). “Humanidade” refletiria mais acuradamente o significado de anthropos. O sábado foi planejado e estabelecido por um amoroso Criador, para o bem-estar da humanidade. Seria preciso forçar até o extremo o raciocínio para uma pessoa poder considerar o sábado “contra” o homem em algum sentido (ver com. de Cl.2:14). Não o homem por causa do sábado. Deus não criou o homem porque Ele tinha um sábado e precisava de alguém para guardá-lo. Mais apropriadamente, um Criador onisciente sabia que o homem, a criatura de Suas mãos, necessitava de uma oportunidade para crescimento moral e espiritual e para desenvolver o caráter. Ele precisava de um tempo no qual os seus próprios interesses e ocupações estivessem subordinados ao estudo do caráter e da vontade de Deus, revelados na natureza e, mais tarde, por meio da revelação bíblica. O sábado do sétimo dia foi determinado por Deus para preencher essa necessidade. Alterar de alguma maneira as especificações do Criador com relação a quando e como o dia deve ser observado é a mesma coisa que negar que Deus sabe o que é melhor para as Suas criaturas. Deus queria que o sábado fosse uma bênção, não um fardo, e que sua observância fosse para o bem do ser humano e não para o seu mal. Foi planejado para aumentar sua felicidade, e não para lhe trazer sofrimento. A guarda do sábado não consiste essencialmente na observância mesquinha de certas formalidades e na abstenção de certas atividades. Pensar dessa maneira é compreender mal o verdadeiro espírito e propósitos da observância do sábado e envolver-se na busca de justificação baseada em obras. Devemos nos abster de certas tarefas, de certos assuntos e conversas, não porque ao assim fazermos pretendamos obter o favor divino. Devemos nos abster dessas coisas a fim de dedicar nosso tempo, energias e pensamentos para outros propósitos que aumentem nossa compreensão de Deus, a apreciação por Sua bondade, a capacidade para cooperar com Ele e a habilidade para servi-Lo e ao nosso próximo mais eficazmente. A guarda do sábado que consiste apenas, ou meramente, no aspecto negativo de não fazer certas coisas, de nenhuma maneira é observância do sábado. Somente quando se pratica o aspecto positivo da guarda do sábado, é que se pode esperar obter de sua observância o benefício planejado por um sábio e amoroso Criador (ver com. de Is.58:13). Os inumeráveis requisitos dos rabinos relativos à meticulosa observância do sábado se baseavam no conceito de que, à vista de Deus, o sábado era mais importante do que o próprio homem. De acordo com o raciocínio desses cegos expositores da lei divina, o homem fora feito para o sábado - feito para guardá-lo mecanicamente. Os rabinos reduziram o sábado a um absurdo por sua distinção rígida e insensata quanto ao que podia e o que não podia ser feito nesse dia (ver Mc.2:24). Eles enfatizavam o aspecto negativo da observância do sábado, isto é, de se abster de certas coisas. As formas da religião eram mostradas como sendo a sua essência. |
Mc.2:28 | 28. de sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado. De sorte que. Depois de destacar o propósito do sábado (Mc.2:27), Cristo dirige a atenção ao seu Autor e, dessa maneira, ao Seu próprio direito de decidir qual a melhor forma de cumprir esse propósito. Filho do Homem. Ver com. de Mt.1:1; Mc.2:20; ver Nota Adicional a João 1; Jo.1:51. Também. Ou, “até”. A linha completa de raciocínio que Cristo desenvolveu perante os capciosos fariseus é mais claramente apresentada no relato feito por Mateus, da seguinte maneira: (1) A necessidade humana é mais importante do que os requisitos cerimoniais ou tradições humanas (ver Mt.12:3-4). (2) O trabalho que se realizava em conexão com o serviço do templo estava de acordo com os requisitos da observância do sábado (ver v. Mc.2:5). (3) Cristo é maior do que o templo (ver v. Mc.2:6) e do que o sábado (ver v. Mc.2:8). |
Mc.3:1 | 1. De novo, entrou Jesus na sinagoga e estava ali um homem que tinha ressequida uma das mãos. De novo, entrou. [O homem da mão ressequida, Mc.3:1-6 = Mt.12:9-14 = Lc.6:6-11. Comentário principal: Mc e Lc. Ver mapa, p. 215; sobre milagres, p. 204-210]. Esse sábado não deve ser o mesmo que o mencionado em Mc.2:23. É citado aqui como outro exemplo no qual os escribas e fariseus fizeram objeção à atitude de Jesus com respeito ao sábado. Ressequida uma das mãos. Ou, “uma das mãos atrofiada” (NVI). O grego indica que a mão ressequida era devido a acidente ou ao resultado de doença e não a um defeito congênito. |
Mc.3:2 | 2. E estavam observando a Jesus para ver se o curaria em dia de sábado, a fim de o acusarem. Estavam observando. Ver com. de Lc.6:7. Está claro aqui o que os fariseus pretendiam (ver Mc.3:6). |
Mc.3:3 | 3. E disse Jesus ao homem da mão ressequida: Vem para o meio! Sem comentário para este versículo. |
Mc.3:4 | 4. Então, lhes perguntou: É lícito nos sábados fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou tirá-la? Mas eles ficaram em silêncio. Vida. Do gr. psuche (ver com. de Mt.10:28). Ficaram em silêncio. Seu silêncio raivoso foi um reconhecimento de derrota. Encontros anteriores com Jesus lhes havia mostrado que nada poderiam obter ao desafiá-Lo publicamente, pois Ele sempre conseguia voltar contra eles seus próprios argumentos, de uma forma que revelava a verdade e tornava evidente ao povo que a posição dos rabinos era insustentável. |
Mc.3:5 | 5. Olhando-os ao redor, indignado e condoído com a dureza do seu coração, disse ao homem: Estende a mão. Estendeu-a, e a mão lhe foi restaurada. Indignado. Frequentemente se diz que a única ira que não implica pecado é a ira contra o pecado. Deus odeia o pecado, porém ama o pecador. Os falíveis mortais, com demasiada frequência cometem o erro de odiar o pecador e amar o pecado. A ira contra o mal por ser mal, sem maus desejos ou maus propósitos contra os outros, certamente se pode considerar um traço louvável de caráter. Condoído. Somente Marcos registra os sentimentos pessoais de Jesus. Ele ficou “condoído” porque os líderes judaicos utilizavam seus elevados cargos para desfigurar o caráter e os requisitos divinos. Ele certamente também ficou condoído por causa dos resultados que isso teria sobre esses mesmos líderes e sobre aqueles que seguiam suas ideias enganosas. O texto grego implica que a indignação inicial de Jesus foi momentânea, mas permaneceu Sua preocupação por esses filhos ignorantes da verdade, alienados de seu Pai celestial e que interpretavam mal Seu amor por eles. |
Mc.3:6 | 6. Retirando-se os fariseus, conspiravam logo com os herodianos, contra ele, em como lhe tirariam a vida. Logo. Desta expressão, talvez se possa concluir que os fariseus se retiraram da sinagoga imediatamente, mesmo antes do encerramento da reunião. Herodianos. Os herodianos eram um partido político judaico que favorecia a casa de Herodes (ver p. 42). Normalmente, os fariseus odiavam Herodes e tudo aquilo que ele representava (ver p. 27, 29). O fato de que eles agora buscavam ajuda de seu inimigo declarado, demonstra que estavam fora de si para encontrar uma maneira de silenciar a Jesus (ver Mt.22:16). Talvez os obstinados fariseus esperassem que Herodes estivesse disposto a prender Jesus, como havia feito com João Batista alguns meses antes (ver Mt.4:12; Lc.3:20). Alguns têm sugerido que esse episódio ocorreu na cidade de Séforis, a capital de Herodes, cerca de 6 km ao norte de Nazaré. |
Mc.3:7 | 7. Retirou-se Jesus com os seus discípulos para os lados do mar. Seguia-o da Galiléia uma grande multidão. Também da Judéia, Retirou-Se. [Jesus Se retira. A cura de muitos à beira-mar, Mc.3:7-12 = Mt.12:15-21. Comentário principal: Mc]. Marcos destaca diversas vezes que Jesus Se mudava de um lugar para outro, para evitar uma popularidade inconveniente ou oposição indevida (ver Mc.1:45; Mc.7:24; etc.). Evidentemente, neste caso, Seu retiro foi motivado pelo desejo de evitar mais conflitos com as autoridades religiosas e, talvez, também políticas. Por isso, Marcos interrompe seu relato da série de episódios de conflito, a fim de comentar acerca da crescente popularidade de Jesus, que era acompanhada proporcionalmente pelo ódio crescente e oposição dos líderes judaicos (ver com. de Mt.12:15). Para os lados do mar. Parece que a cura do homem da mão ressequida ocorreu numa cidade do interior da Galileia, possivelmente Séforis (ver com. do v. Mc.3:6). Os relatos paralelos quase iguais dos autores dos sinóticos sugerem, além disso, que quando Jesus saiu do interior da Galileia Ele foi “para o mar” da Galileia, possivelmente nos arredores da planície de Genesaré, ao sul de Cafarnaum. Sem dúvida, Ele encontrou uma extensão costeira relativamente retirada, longe das cidades (ver com. de Lc.5:1). Uma grande multidão. Ver com. de Mt.5:1. Dois dos três autores dos sinóticos dão destaque à grande multidão que seguia a Jesus nessa ocasião. A situação demonstrava a necessidade de uma organização mais eficiente e de mais testemunhas que dedicassem todo o seu tempo para atender às demandas que as multidões impunham a Jesus. É significativo que dois dos três autores dos evangelhos chamam a atenção para a “grande multidão” que seguia a Jesus e a Ele se apegava, pouco antes da nomeação dos doze e do Sermão do Monte (ver com. de Mt.5:1; Lc.6:17). |
Mc.3:8 | 8. de Jerusalém, da Iduméia, dalém do Jordão e dos arredores de Tiro e de Sidom uma grande multidão, sabendo quantas coisas Jesus fazia, veio ter com ele. Idumeia. Isto é, a terra de Edom. A palavra “Idumeia” ocorre apenas aqui, no NT. Josefo (Antiguidades, xiii.9.1 [257, 258]) diz que a Idumeia foi conquistada por João Hircano mais de um século antes do tempo de Cristo, e seu povo foi obrigado a aceitar, pelo menos nominalmente, os ritos e as práticas da religião judaica (ver p. 18, 21). Tiro e de Sidom. Ver vol. 1, 107; vol. 2, 52, 53; ver com. de Gn.10:15. Somente ressalta-se a ausência de Samaria da lista feita aqui das várias regiões da Palestina e suas proximidades. |
Mc.3:9 | 9. Então, recomendou a seus discípulos que sempre lhe tivessem pronto um barquinho, por causa da multidão, a fim de não o comprimirem. Sempre Lhe tivessem pronto. Isto é, à Sua disposição para qualquer momento em que precisasse utilizá-lo. Um barquinho. Ou, “bote”. Somente Marcos registra este detalhe da narrativa evangélica. Parece que durante os meses restantes do ministério na Galileia o barquinho que Jesus pediu esteve sempre à disposição para quando precisasse dele (ver Mc.4:35-36. Multidão. Pela terceira vez em três versículos consecutivos Marcos destaca a presença de multidões que seguiam a Cristo aonde quer que fosse (ver Mc.3:7-8). |
Mc.3:10 | 10. Pois curava a muitos, de modo que todos os que padeciam de qualquer enfermidade se arrojavam a ele para o tocar. Todos [...] se arrojavam. As pessoas não eram hostis, mas estavam ansiosas, para ter suas necessidades atendidas. Para O tocar. Evidentemente, os que estavam doentes ou endemoniados acreditavam que havia um poder mágico neste ato (ver com. de Mc.5:23; Mc.5:28). Qualquer enfermidade. Literalmente, “flagelos”. Talvez esses “flagelos” fossem comparáveis às epidemias ou a outras doenças graves. |
Mc.3:11 | 11. Também os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e exclamavam: Tu és o Filho de Deus! Espíritos imundos. Ver com. de Mc.1:23. Quando O viam. O texto grego diz que “O viam”, “prostravam-se” e “exclamavam”. O uso do pretérito imperfeito indica ações contínuas e repetidas com frequência. Prostravam-se. Alguns consideram a possibilidade de que os demônios com essa atitude desejavam dar a impressão de que reconheciam a Jesus como seu líder, o que significaria que Ele estava associado a eles. Nesse caso, o fato de Cristo recusar o testemunho deles se torna significativo. Filho de Deus. Ver Nota Adicional a João 1; Jo.1:51; com. de Lc.1:35; Jo.1:1-3. |
Mc.3:12 | 12. Mas Jesus lhes advertia severamente que o não expusessem à publicidade. Advertia severamente. Isto é, “energicamente”, “intensamente”, ou “estritamente”. Que. Ou melhor, “a fim de que”. Não O expusessem. Nesta altura do relato, Mateus menciona em acréscimo, uma citação profética do AT sobre o ministério de Jesus às necessidades da humanidade (ver com. de Mt.12:20). |
Mc.3:13 | 13. Depois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele. Subiu ao monte. [A escolha dos doze apóstolos. Os seus nomes, Mc.3:13-19 = Mt.10:1-4 = Lc.6:12-16. Comentário principal: Mc. Ver mapa, p. 215; gráfico, p. 228]. Ele estava na região montanhosa a oeste do mar da Galileia (ver com. de Mc.1:45). Deixando Seus seguidores para que passassem a noite no sopé do monte (ver DTN, 292), o próprio Jesus passou a noite em oração em algum local retirado nos montes (Lc.6:12). Devia ser o fim do verão do ano 29 d.C. (ver com. de Mt.5:1). Com frequência Jesus dedicava toda a noite para orar. (ver DTN, 419). Geralmente esses exemplos mencionados pelos escritores dos evangelhos precediam momentos de decisão ou crises na vida ou no ministério do Salvador (ver com. de Mc.1:35). Ele procurava meditar e orar no início de Seu ministério (ver com. de Mt.4:1). A oração assinalou também o início de Seu ministério na Galileia e imediatamente precedeu a Sua primeira viagem missionária pelos povoados e vilas da Galileia (ver com. de Mc.1:35). Nessa ocasião, a noite que Ele passou em oração, precedeu a ordenação dos doze, o Sermão do Monte e o início da segunda viagem pela Galileia. Outra vez se menciona especificamente que Ele orou em relação com a grande crise na Galileia (ver Mt.14:22-23; cf. Jo.6:15, 66). O mesmo aconteceu na transfiguração, quando Jesus apresentou a três dos Seus discípulos o tema dos Seus sofrimentos e morte (Lc.9:28-31). Dedicou à oração a noite inteira que se seguiu à Sua entrada triunfal (ver DTN, 581). A oração mais extensa de Jesus que se tem registrado precedeu a Sua entrada no Jardim do Getsêmani (ver Jo.17). E apenas algumas horas antes da crucifixão, Jesus ofereceu a Sua oração mais fervorosa e agonizante no horto (ver Mt.26:36-44). Chamou. Havia um grupo maior de seguidores, dentre os quais os doze foram escolhidos. Nenhum dos doze foi escolhido devido à sua perfeição de caráter ou mesmo de capacidade. Cristo escolheu homens que estavam dispostos a aprender, eram capazes para isso e cujo caráter poderia ser transformado. Todos tinham graves defeitos ao serem chamados. Porém, pela graça de Cristo, esses defeitos foram removidos (exceto no caso de Judas) e, em seu lugar, Jesus plantou as preciosas sementes do caráter divino, que germinaram, cresceram até amadurecer e, mais tarde, produziram o fruto de um caráter semelhante ao de Cristo (Gl.5:22-23). Cristo aceita as pessoas onde elas estão e, se estiverem dispostas e forem submissas, Ele as transforma naquilo que deseja se tornar. Ele designa homens e mulheres para cargos de responsabilidade, não porque os considere totalmente preparados para as demandas que esses cargos exigem deles, mas porque, ao ler seu coração, discerne habilidades latentes que, sob a orientação divina, podem ser incentivadas e desenvolvidas para a glória de Deus e para o avanço de Seu reino. Os que Ele mesmo quis. O chamado não se baseou tanto no desejo deles, mas no Seu. Posteriormente, Ele lembrou aos doze: “Não fostes vós que Me escolhestes a Mim; pelo contrário, Eu vos escolhi a vós outros” (Jo.15:16). Para junto dEle. Isso ocorreu quando os convocou para se encontrarem com Ele, ao amanhecer (ver DTN, 292; MDC, 4), na encosta de algum dos montes com vista para as aprazíveis águas do mar da Galileia. |
Mc.3:14 | 14. Então, designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar Designou. Do gr. poieo, literalmente, “constituir”, neste caso, “nomear”. Embora seja verdade que Jesus “ordenou” os doze nessa ocasião (ver DTN, 296), este significado não está implícito no verbo gr. poieo. Doze. A evidência textual se inclina (cf. p. 136) para acrescentar a expressão de Lc.6:13, “aos quais deu também o nome de apóstolos”. Nenhuma razão específica é dada para explicar por que foram escolhidos doze — não mais, nem menos. Entretanto, isto faz pensar imediatamente nos doze filhos de Jacó, originadores das doze tribos de Israel. Cinco dos homens agora convocados haviam sido discípulos de Jesus desde o início de Seu ministério, cerca de dois anos antes; estes eram João, André, Pedro, Filipe, e Natanael, ou Bartolomeu (ver Jo.1:40-49). Os três primeiros deste grupo, juntamente com Tiago, irmão de João, haviam aceitado o chamado junto ao mar alguns meses antes desta ocasião (ver com. de Lc.5:11). Antes, Mateus havia se unido ao grupo. A nomeação e a ordenação dos doze foi um evento de grande importância na missão de Jesus. João Batista havia proclamado o iminente estabelecimento do “reino dos Céus” (Mt.3:2) e Jesus havia repetido esta mensagem no início de Seu ministério (ver Mt.4:17), especialmente durante a primeira viagem pela Galileia, recentemente completada (MDC, 2, 3). O reino que Cristo estabeleceu em Seu primeiro advento foi o reino da graça divina (ver com. de Mt.3:2; Mt.5:2), cujo Rei era Ele mesmo. Seus súditos eram aqueles que O receberam e creram no Seu nome (ver Jo.1:12). Seu domínio era o coração deles (ver com. de Lc.17:21). A escolha dos doze pode muito bem ser considerada como a inauguração formal do reino da graça que Cristo havia vindo estabelecer. O Sermão do Monte, que Ele pronunciou em seguida, pode ser visto como o discurso inaugural de Cristo como Rei do reino da graça e também como a carta constitucional do novo reino. Logo depois de pregar este sermão, Cristo e os doze, partiram para a segunda viagem pela Galileia, durante a qual Jesus demonstrou, por preceito e exemplo, a natureza do reino e o alcance de seu valor para o ser humano. São fornecidas quatro listas dos doze, uma por Mateus (Mt.10:2-4), uma por Marcos e duas por Lucas, uma em seu evangelho (Lc.6:14-16) e outra em Atos (At.1:13), as quais são dadas a seguir. O método mais natural de agrupar os doze é dividi-los em grupos de dois. Quando Jesus os enviou na terceira viagem pela Galileia, Ele os enviou de dois em dois (ver Mc.6:7), irmão com irmão, e amigo com amigo (DTN, 350). A lista de Mateus provavelmente se baseou nesse agrupamento, pois depois de nomear os dois pares de irmãos, Pedro e André, Tiago e João, ele enumera os restantes dos doze em grupos de dois, cada dupla unida pela palavra “e”. Assim, Filipe está junto com Bartolomeu (ver Jo.1:45), Tomé, com Mateus, Tiago (filho de Alfeu), com Tadeu, e Simão (o cananita), com Judas Iscariotes. Além disso, a lista de Mateus é dada em relação com o envio dos doze. Outra forma natural de agrupá-los ocorre quando cada uma das quatro listas se divide em três grupos de quatro. Embora a ordem dos doze varie ligeiramente de uma lista para a outra, os membros de cada um desses grupos estão em todas as quatro listas (exceto no terceiro grupo em At.1:13, no qual falta Judas Iscariotes). Do ponto de vista humano os doze homens nomeados e ordenados nessa ocasião eram pobres e iletrados, um grupo de rudes e simples galileus. O desdém com que os líderes judaicos consideravam os seguidores de Jesus em geral, provavelmente levou o Mestre, algumas semanas depois disto, a contar a parábola do fermento (ver Mt.13:33; PJ, 95). O fermento da transformadora graça de Deus já havia começado sua obra no coração desses doze homens comuns e pouco promissores. Ao concluírem o período de seu discipulado, eles não mais eram rudes, incultos ou iletrados (ver Lc.5:11). Três deles se tornaram hábeis escritores. João era um profundo teólogo. Tanto quanto se saiba, nenhum dos doze havia se graduado nas escolas rabínicas; aparentemente nenhum deles era membro da aristocracia judaica. Porém, como resultado de sua união com o Mestre, eles foram libertos dos preconceitos que quase sempre cegavam os escribas e fariseus às reivindicações de Jesus. Estarem com Ele. Isto é, para serem Seus discípulos, ou alunos em Sua escola e ajudá-Lo em Sua obra. Havia outros “discípulos”, a quem Ele, pelo menos nessa ocasião, não nomeou nem ordenou para serem “apóstolos” (ver com. do v. Mc.3:13). Como “discípulos” os homens iam a Cristo para aprender dEle; Ele os enviava como “apóstolos”, para ensinar a outros. A palavra “apóstolo” é derivada do grego apóstolos, que vem de duas palavras: apo, “de”, e stello, “despachar”, ou “enviar”. Um “apóstolo” é, portanto, um “enviado” (ver com. de Mt.10:2). O termo “apóstolos” a partir de então distinguiu os doze dos “discípulos” em geral, não porque os doze tivessem deixado de ser discípulos, mas porque também se tornaram apóstolos. Num sentido mais amplo, com frequência, Paulo se refere a si mesmo como “apóstolo” (1Co.4:9; Gl.1:1; cf. Hb.3:1). É evidente, porém, que Paulo baseava seu direito ao apostolado, no fato de que Cristo lhe havia aparecido (1Co.15:8) e lhe havia dado instruções (Gl.1:11-12). Contudo, ele falava de si mesmo como “o menor dos apóstolos” (1Co.15:9), e declarava “em nada ter sido inferior a esses tais apóstolos” (2Co.11:5). Noutra parte, ele harmoniza esses dois pensamentos aparentemente excludentes (ver 2Co.12:11). Num sentido ainda mais amplo, homens como Barnabé, Timóteo e Silas também foram chamados apóstolos (At.14:14; 1Ts.1:1; 1Ts.2:6, ARC). Possivelmente o termo também se aplicava a qualquer delegado ou mensageiro enviado por uma igreja cristã como seu representante (2Co.8:23; Fp.2:25). Pregar. Aqui e no v. Mc.3:15 se apresentam os dois aspectos principais do ministério pessoal de Cristo como também os propósitos dos doze: pregar e curar, para promover tanto a cura espiritual como a física. Jesus mesmo dedicou mais tempo para ministrar às necessidades físicas da humanidade do que para pregar, e os doze, sem dúvida, seguiram o Seu exemplo. |
Mc.3:15 | 15. e a exercer a autoridade de expelir demônios. Autoridade. Do gr. exousia, “poder” (ARC; ver com. de Mc.2:10; Lc.1:35). Expelir demônios. A capacidade de libertar os homens de possessão demoníaca, geralmente considerada incurável, implicava poder sobre outros males menores (ver Nota Adicional a Marcos 1; Mc.1:45). |
Mc.3:16 | 16. Eis os doze que designou: Simão, a quem acrescentou o nome de Pedro Pedro. Este apóstolo ocupa o primeiro lugar em todas as quatro listas dos doze no NT (ver p. 646). Com frequência assumia o papel de porta-voz do grupo (Mt.14:28; Mt.16:16; Mt.17:24; Mt.26:35). Logo após o batismo de Jesus, André levou seu irmão Pedro perante o Mestre. O primeiro cristão converso resultou do que poderia se chamar de esforço leigo (ver Jo.1:40-42). Nessa ocasião, Pedro havia respondido ao convite para reconhecer a Jesus como o Messias e havia se associado ao Senhor em Seu ministério. Cerca de dois anos mais tarde, provavelmente no fim da primavera ou no início do verão do ano 29 d.C. (ver Mt.4:12; Mc.4:18-19), Cristo o chamou para que fosse seu discípulo, junto com seu irmão André e seus companheiros de profissão, Tiago e João (Lc.5:1-11; ver com. de Mc.3:7). Possivelmente por acordo mútuo, Pedro atuava como administrador do trabalho pesqueiro que ele conduzia em sociedade com os outros. De qualquer modo, seu ardor, impetuosidade, dedicação, coragem, lealdade, vigor e capacidade de organização, sem dúvida o destacaram para a liderança entre os discípulos desde o início. Pedro era notadamente um homem de ação; sua entusiástica disposição era o seu traço de caráter predominante. Era um homem que ia aos extremos e, de sua forte personalidade, nasciam virtudes marcantes e graves defeitos. Lado a lado, existiam nele diversos e contraditórios traços de caráter. Ele parecia ser sempre impaciente, ardente, amável, generoso, arrojado, destemido e corajoso, porém, com demasiada frequência, impulsivo, incoerente, inconstante, precipitado, inseguro, arrogante, com excesso de autoconfiança e, até mesmo, negligente. Em um momento de crise, ele poderia ser fraco, covarde e vacilante, e ninguém seria capaz de prever que aspecto de seu caráter e personalidade prevaleceria em determinada situação. Pedro era natural de Betsaida (Jo.1:44), na margem nordeste do mar da Galileia, em frente a Cafarnaum, cidade para onde ele provavelmente se mudou mais tarde (ver com. de Mc.1:29). Pedro e seus companheiros de pesca, André, Tiago e João, parecem ter sido discípulos de João Batista (Jo.1:35-42; DTN, 138). |
Mc.3:17 | 17. Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer: filhos do trovão Tiago. Do gr. Iakobos, do heb. Yaaqob, o nome do patriarca Jacó (ver com. de Gn.25:26-27). Tiago é geralmente mencionado antes de seu irmão João, quando os dois são citados juntos, o que indica que João era o mais moço dos dois (cf. DTN, 292). Tiago foi o primeiro dos doze que morreu como mártir, aproximadamente no ano 44 d.C. (ver com. de At.12:1-2), enquanto seu irmão João foi o último dos doze a morrer, aproximadamente no ano 96 d.C. O fato de que Tiago foi considerado suficientemente importante para ser escolhido por Herodes Agripa para ser martirizado tão cedo, indica que ele era um dos destacados líderes da igreja de Jerusalém. O registro do NT apresenta, inicialmente, Tiago como tendo sido um homem um tanto egoísta, ambicioso e franco (Mc.10:35-41), mas, depois, mostra-o como um líder sereno e capaz. Muitos têm identificado a mãe de Tiago e João, e esposa de Zebedeu, como Salomé (cf. Mt.27:56; Mc.15:40). Há também a possibilidade, embora remota, de que Salomé seja identificada como a irmã de Maria, mãe de Jesus, se em Jo.19:25 são mencionadas quatro mulheres em vez de três (ver com. de Jo.19:25). João. Este era um homem de profundo discernimento espiritual, que se desenvolveu ao contemplar em Jesus aquele que é “totalmente desejável”. João não apenas amava seu Mestre, mas era também o discípulo “a quem Jesus amava” (Jo.20:2; Jo.21:7; Jo.21:20). Por natureza, ele era orgulhoso, arrogante, ambicioso de honras, impetuoso, ofendia-se facilmente e sempre estava pronto a se vingar (ver Mc.10:35-41; AA, 540, 541), João se rendeu mais do que qualquer outro ao poder transformador da perfeita vida de Jesus e chegou a refletir a semelhança do Salvador mais plenamente do que qualquer dos outros discípulos. Tiago foi o primeiro dos doze a dar a sua vida como mártir do evangelho; e João foi o último a morrer. Jesus teve razão quando chamou Tiago e João de “filhos do trovão” (Mc.3:17; ver com. de Lc.9:54). Segundo uma antiga tradição cristã, João serviu como pastor da igreja de Éfeso e supervisor das igrejas da província romana da Ásia durante os últimos anos de sua vida. Boanerges. Provavelmente, a transliteração de uma expressão aramaica que significa “filhos do tumulto”, ou “filhos da ira” e traduzida como “filhos do trovão”. O temperamento veemente e colérico de Tiago e João foi manifestado numa ocasião (Lc.9:49; Lc.9:52-56). |
Mc.3:18 | 18. André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o Zelote, André. Do gr. Andreas, que significa “varonil”, um nome grego derivado de aner, “um homem”. Embora fosse um dos primeiros seguidores de Jesus (Jo.1:35-40), André não fazia parte do círculo íntimo (DTN, 292) e é raramente mencionado no relato evangélico. A maior parte do que sabemos dele provém de João (Jo.1:40-41; Jo.1:44; Jo.6:8; Jo.12:22). Mateus e Lucas situam André como o segundo dos doze discípulos, provavelmente para relacioná-lo com seu irmão Pedro. Os antecedentes familiares de André podem ser vistos no com. de Mc.3:16. André parece ter sido um obreiro diligente, embora talvez não tão bem dotado de qualidades de liderança como seu irmão. Segundo a tradição, ele foi martirizado na Grécia, numa cruz com o formato da letra “X”. Em consequência disso, uma cruz com este formato é conhecida popularmente como a cruz de Santo André. Filipe. Do gr. Philippos, “aficionado por cavalos”, um genuíno nome grego, como André. Filipe era natural de Betsaida (Jo.1:44), perto do extremo norte do mar da Galileia. A maior parte do que sabemos sobre Filipe antes da ascensão de Cristo nos vem pelo relato do evangelho de João (Jo.1:43-48; Jo.6:5-7; Jo.12:21-22; Jo.14:8-9). Ele foi o primeiro a quem Jesus disse: “Segue-Me” (Jo.1:43). Ele se caracteriza como um sincero indagador da verdade, mas, aparentemente, foi mais vagaroso do que os outros para reconhecer a Jesus como o Messias e perceber o significado de Sua missão na Terra (Jo.6:7; Jo.14:8-9). Parece que, às vezes, ele parecia indeciso quanto ao caminho a seguir (Jo.12:21-22). Contudo, ele era fervoroso e, quando achou o Messias, imediatamente começou a trazer outros a Ele (Jo.1:45). Bartolomeu. Literalmente, “filho de Talmai” (cf. Nm.13:22; 2Sm.3:3; 2Sm.13:37). Natanael era seu nome pessoal. Os evangelhos sinóticos não mencionam Natanael, e o evangelho de João não diz nada de Bartolomeu. João menciona a Natanael junto com os outros doze num ambiente em que parece que ninguém mais além dos discípulos do círculo íntimo dos doze estava presente (Jo.21:2). Portanto, não há nenhuma razão válida para se duvidar de que os dois nomes, Bartolomeu e Natanael, se referem à mesma pessoa. Foi Filipe quem apresentou seu amigo Natanael a Jesus (Jo.1:45); aparentemente, os dois eram amigos íntimos (cf. DTN, 293). Mateus. Marcos e Lucas se referem a Mateus como Levi (ver com. de Mc.2:14). Parece improvável que Alfeu, pai de Mateus, deva ser identificado com Alfeu que era o pai de Tiago. Os dois discípulos nunca são apresentados juntos nos evangelhos como se fossem irmãos, como é o caso de Pedro com André e Tiago com João. Mateus demonstrou ser um obreiro capaz. Segundo a tradição, após a ressurreição ele dedicou suas energias para trabalhar em favor de seus compatriotas, e pode ter trabalhado na Etiópia ou na região do Mar Negro. Tomé. Também chamado Dídimo (Jo.11:16; Jo.20:24; Jo.21:2). Ambos os nomes significam “gêmeo”. A tradição afirma que seu primeiro nome era Judas (nome comum entre os hebreus). Tudo o que se sabe de Tomé está registrado no evangelho de João (Jo.11:16; Jo.14:5; Jo.20:24-29; Jo.21:2). Embora ele, às vezes, tenha se mostrado indeciso e egoísta (ver Jo.20:24-25), em outras ocasiões, foi corajoso e leal (Jo.11:16). É-nos dito que ele trabalhou na Partia e na Pérsia. Uma tradição menos confiável apresenta Tomé como missionário na Índia e na China. No sul da Índia, há um grupo de cristãos nativos que são conhecidos há séculos como cristãos de São Tomé. Eles possuem uma versão dos evangelhos que, segundo dizem, lhes foi entregue pelo apóstolo Tomé. Afirmam que Tomé foi martirizado no alto de um monte conhecido como monte de São Tomé, perto de Madras. Também houve um missionário judeu com o nome de Tomé, o qual trabalhou na China, e cujo retrato foi preservado em pedra, junto com uma inscrição que, numa tradução livre, diz: “Tomé veio e trabalhou com sinceridade de coração e grande zelo. Se todo o bem que ele fez fosse registrado, seria necessário molhar a pena no Lago Tungting (um grande lago na China) até que o lago secasse [de modo a ter água suficiente para formar a quantidade necessária de tinta].” Esse interessante quadro de Tomé possui características judaicas inconfundíveis, mas provavelmente não se trata de Tomé o apóstolo. Tiago. Deve-se distinguir entre Tiago filho de Zebedeu e Tiago filho de Alfeu. Parece haver boas razões para se crer que ele é o Tiago mencionado em Mt.27:56; Mc.15:40; Mc.16:1; Lc.24:10. A expressão “Tiago, o menor”, ou, literalmente, “Tiago, o pequeno” (Mc.15:40), provavelmente se refira a ele no sentido de “Tiago, o mais jovem” (ver com. de Sl.115:13), ou, talvez, a expressão tenha sido usada por ser ele de pequena estatura. Alguns têm procurado identificar Tiago, o filho de Alfeu, com Tiago, o irmão de nosso Senhor, (Mt 13:55), porém esta opinião é tão improvável que quase não merece ser considerada. Tiago, o discípulo, foi um seguidor de Cristo, pelo menos a partir do momento em que os doze foram escolhidos, por volta do verão de 29 d.C. Porém, uns seis meses antes da crucifixão, os irmãos de Jesus não haviam crido nEle (Jo.7:5). Também o cenário de Mt.13:55 e Mc.6:3 implica que o episódio ali referido ocorreu por ocasião da terceira viagem pela Galileia, certamente após a escolha dos doze (ver com. de At.12:17). Tadeu. Identificado por Mateus como “Lebeu” (Mt.10:3, ARC). Uma antiga tradição, contra a qual não se apresentaram provas, equipara Tadeu com Judas, filho de Tiago (ver Lc.6:16; At.1:13). É bastante claro, com base em outros exemplos, que este Judas não era o irmão, mas o filho de um homem chamado Tiago, embora o texto em grego de Lc.6:16 registre apenas “Judas de Tiago”. É quase certo que este Tiago, pai de Tadeu ou Judas, não deve ser identificado com qualquer outro Tiago do NT, pois o nome era muito comum (ver Mc.3:17). Quando João (Jo.14:22) se refere a este Judas, ele claramente o distingue de Judas Iscariotes. Tadeu não se destaca tanto nos registros do NT como a maioria dos outros apóstolos. Simão. Chamado “o cananeu” (AA, ACF), para distingui-lo de Simão Pedro (sobre o nome Simão, ver com. do v. Mc.3:16). A designação “cananeu” não indica necessariamente que Simão fosse descendente de alguma das nações cananeias que habitavam na Palestina antes da chegada dos hebreus (ver com. de Gn.10:6). Muitos outros manuscritos antigos se referem a ele como “o zelote”, isto é, membro de um partido judaico nacionalista (ver Lc.6:15; p. 42; cf. DTN, 296). |
Mc.3:19 | 19. e Judas Iscariotes, que foi quem o traiu. Judas Iscariotes. O nome Judas no NT é equivalente a Judá no AT (ver com. de Gn.29:35; Mt.1:2). Muitas explicações têm sido dadas sobre o nome Iscariotes, sendo que a mais provável é que ele seja proveniente do heb. ish Qeriyyoth, que significa “homem de Queriote”, uma aldeia ao sul da Judeia, perto da Idumeia (Js.15:25; ver com. de Mc.3:8). Se esta identificação do nome Iscariotes for correta, Judas foi, provavelmente, o único dos doze que não nasceu na Galileia. Ele era filho de um homem chamado Simão (ver com. de Jo.6:71). Jesus não havia convidado Judas para que se unisse ao grupo de discípulos dentre os quais Ele selecionou os doze (ver com. de Mc.3:13), porém Judas se uniu a eles e pediu um lugar. Sem dúvida, Judas acreditava que Jesus era o Messias, como os outros discípulos, em termos do conceito popular judaico de um libertador político do jugo romano, e desejou ser admitido como membro no círculo íntimo dos discípulos a fim de assegurar um elevado cargo no “reino” a ser estabelecido em breve. Talvez ele tenha se oferecido voluntariamente para o cargo de tesoureiro, esperando ser nomeado para esse posto no novo reino. Entretanto, Jesus percebeu desde o início que Judas não possuía as características básicas que o qualificariam para se tornar um apóstolo do reino que seria estabelecido. Apesar de todo o mal latente no coração de Judas, ele era em muitos aspectos mais promissor do que os outros que Jesus chamou. Ao ser admitido como membro entre os doze, havia esperança para Judas. Se ele cultivasse certos traços desejáveis de caráter, e eliminasse os maus traços, permitindo que Jesus transformasse seu coração, poderia ter sido um obreiro aceitável na causa do reino. Mas, ao contrário de João (ver com. do v. Mc.3:17), Judas manteve o coração insensível aos preceitos e ao exemplo de Jesus. Apesar disso, Jesus lhe deu todo o incentivo e oportunidades possíveis para que ele desenvolvesse um caráter celestial. Jesus não esmagaria “a cana quebrada” do caráter de Judas, nem apagaria “a torcida que fumega” das suas boas intenções (ver com. de Is.12:20). Quem O traiu. Ver com. de Lc.6:16. |
Mc.3:20 | 20. Então, ele foi para casa. Não obstante, a multidão afluiu de novo, de tal modo que nem podiam comer. Então, Ele foi para casa. [A blasfêmia dos escribas, Mc.3:20-30 = Mt.12:22-45 = Lc.11:14-32. Comentário principal: Mt.11]. Provavelmente a casa de Pedro em Cafarnaum (ver com. de Mc.1:29). Alguns têm observado que o evangelho de Marcos aborda principalmente o que Jesus fez, e não Seus ensinos. Diferente de Mateus, que dedica três capítulos ao Sermão do Monte, Marcos o omite por completo, nem mesmo menciona que depois da ordenação dos doze, Jesus pronunciou esse sermão (ver Mt.5:1). Quase no fim do dia, Jesus e Seus discípulos voltaram para Cafarnaum. A multidão afluía. Marcos não menciona a cura do endemoniado cego e mudo, mas apenas registra a acusação dos escribas de que Jesus expulsava demônios pelo poder do príncipe dos demônios, e Sua resposta a eles (ver v. Mc.3:22; DTN, 321; com respeito ao lugar deste episódio na sequência cronológica e a correlação do registro do acontecimento nos vários evangelhos, ver com. de Mt.12:22). Deve-se notar que Marcos situa o fato registrado nos v. 20 a 35 na sequência cronológica, entre a escolha dos doze (Mc.3:14-19) e o sermão à beira-mar (Mc.4). |
Mc.3:21 | 21. E, quando os parentes de Jesus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si. Os parentes. Do gr. hoi par autou, literalmente, “os de Seu lado”. Embora esta expressão possa indicar apenas que as pessoas mencionadas eram amigos íntimos de Jesus, os antigos papiros gregos provam que estas palavras podem se referir a parentes. Assim, é provável que a declaração de Mc.3:21 anteceda o episódio dos v. Mc.3:31-35. Fora de Si. Isto é, “mentalmente desequilibrado”. A estreita semelhança entre este temor da parte dos familiares de Jesus e a acusação feita pelos escribas de que Jesus tinha pacto com o demônio (v. Mc.3:22) pode explicar a afirmação de Marcos 3:21 como uma introdução da acusação de que Jesus agia como representante de Belzebu (v. Mc.3:22-30). |
Mc.3:22 | 22. Os escribas, que haviam descido de Jerusalém, diziam: Ele está possesso de Belzebu. E: É pelo maioral dos demônios que expele os demônios. Os escribas. Ver p. 43. Que haviam descido de Jerusalém. Ver Lc.5:17. Estes eram provavelmente alguns dos espias que seguiram os passos de Jesus, durante todo o Seu ministério na Galileia, em obediência às ordens do Sinédrio (ver com. de Mc.2:6). Possesso de Belzebu. Ver com. de Mt.12:24. |
Mc.3:23 | 23. Então, convocando-os Jesus, lhes disse, por meio de parábolas: Como pode Satanás expelir a Satanás? Sem comentário para este versículo. |
Mc.3:24 | 24. Se um reino estiver dividido contra si mesmo, tal reino não pode subsistir Sem comentário para este versículo. |
Mc.3:25 | 25. se uma casa estiver dividida contra si mesma, tal casa não poderá subsistir. Sem comentário para este versículo. |
Mc.3:26 | 26. Se, pois, Satanás se levantou contra si mesmo e está dividido, não pode subsistir, mas perece. Sem comentário para este versículo. |
Mc.3:27 | 27. Ninguém pode entrar na casa do valente para roubar-lhe os bens, sem primeiro amarrá-lo; e só então lhe saqueará a casa. Sem comentário para este versículo. |
Mc.3:28 | 28. Em verdade vos digo que tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e as blasfêmias que proferirem. Sem comentário para este versículo. |
Mc.3:29 | 29. Mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo não tem perdão para sempre, visto que é réu de pecado eterno. Blasfemar. Ver com. de Mt.12:31. Eterno juízo (ABC). A evidência textual (cf. p. 136) favorece a versão “pecado eterno” (ARA). |
Mc.3:30 | 30. Isto, porque diziam: Está possesso de um espírito imundo. Sem comentário para este versículo. |
Mc.3:31 | 31. Nisto, chegaram sua mãe e seus irmãos e, tendo ficado do lado de fora, mandaram chamá-lo. Sua mãe e Seus irmãos. [A família de Jesus, Mc.3:31-35 = Mt.12:46-50 = Lc.8:19-21. Comentário principal: Mt]. Com respeito à posição cronológica deste fato e sua relação com os diversos relatos que os sinóticos fazem dele, ver com. de Mt.12:22 e Mt.12:46. |
Mc.3:32 | 32. Muita gente estava assentada ao redor dele e lhe disseram: Olha, tua mãe, teus irmãos e irmãs estão lá fora à tua procura. Sem comentário para este versículo. |
Mc.3:33 | 33. Então, ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? Sem comentário para este versículo. |
Mc.3:34 | 34. E, correndo o olhar pelos que estavam assentados ao redor, disse: Eis minha mãe e meus irmãos. Sem comentário para este versículo. |
Mc.3:35 | 35. Portanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe. Sem comentário para este versículo. |
Mc.4:1 | 1. Voltou Jesus a ensinar à beira-mar. E reuniu-se numerosa multidão a ele, de modo que entrou num barco, onde se assentou, afastando-se da praia. E todo o povo estava à beira-mar, na praia. À beira-mar. [O sermão junto ao mar. A parábola do semeador; Mc.4:1-34 = Mt.13:1-52 = Lc.8:4-18 = Lc.13:18-21. Comentário principal: Mt. Sobre as parábolas, ver p. 197-204]. |
Mc.4:2 | 2. Assim, lhes ensinava muitas coisas por parábolas, no decorrer do seu doutrinamento. Sua doutrina (ARC). Literalmente, “Seus ensinos”. |
Mc.4:3 | 3. Ouvi: Eis que saiu o semeador a semear. Sem comentário para este versículo. |
Mc.4:4 | 4. E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram. Sem comentário para este versículo. |
Mc.4:5 | 5. Outra caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. Sem comentário para este versículo. |
Mc.4:6 | 6. Saindo, porém, o sol, a queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se. Sem comentário para este versículo. |
Mc.4:7 | 7. Outra parte caiu entre os espinhos; e os espinhos cresceram e a sufocaram, e não deu fruto. Sem comentário para este versículo. |
Mc.4:8 | 8. Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto, que vingou e cresceu, produzindo a trinta, a sessenta e a cem por um. Sem comentário para este versículo. |
Mc.4:9 | 9. E acrescentou: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Sem comentário para este versículo. |
Mc.4:10 | 10. Quando Jesus ficou só, os que estavam junto dele com os doze o interrogaram a respeito das parábolas. Sem comentário para este versículo. |
Mc.4:11 | 11. Ele lhes respondeu: A vós outros vos é dado conhecer o mistério do reino de Deus; mas, aos de fora, tudo se ensina por meio de parábolas, Sem comentário para este versículo. |
Mc.4:12 | 12. para que, vendo, vejam e não percebam; e, ouvindo, ouçam e não entendam; para que não venham a converter-se, e haja perdão para eles. Sem comentário para este versículo. |
Mc.4:13 | 13. Então, lhes perguntou: Não entendeis esta parábola e como compreendereis todas as parábolas? Como compreendereis [...]? A parábola do semeador, da semente e dos solo será a mais simples das parábolas. Seu significado deveria ter ficado claro para os discípulos. Se eles haviam tido dificuldade com esta, o que fariam com as outras? |
Mc.4:14 | 14. O semeador semeia a palavra. Sem comentário para este versículo. |
Mc.4:15 | 15. São estes os da beira do caminho, onde a palavra é semeada; e, enquanto a ouvem, logo vem Satanás e tira a palavra semeada neles. Sem comentário para este versículo. |
Mc.4:16 | 16. Semelhantemente, são estes os semeados em solo rochoso, os quais, ouvindo a palavra, logo a recebem com alegria. Sem comentário para este versículo. |
Mc.4:17 | 17. Mas eles não têm raiz em si mesmos, sendo, antes, de pouca duração; em lhes chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam. Sem comentário para este versículo. |
Mc.4:18 | 18. Os outros, os semeados entre os espinhos, são os que ouvem a palavra, Sem comentário para este versículo. |
Mc.4:19 | 19. mas os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as demais ambições, concorrendo, sufocam a palavra, ficando ela infrutífera. Ambições. Do gr. epithumia, “desejo ardente”, “anelo”, “anseio”. Foi “com desejo [gr. epithumia]” que Jesus desejou celebrar a última Páscoa com os doze (Lc.22:15). Esse desejo é errado apenas quando é dirigido às coisas más. Aqui se trata de interesses mundanos, tais como o desejo de riquezas, que torna o “desejo” um mal. |
Mc.4:20 | 20. Os que foram semeados em boa terra são aqueles que ouvem a palavra e a recebem, frutificando a trinta, a sessenta e a cem por um. Sem comentário para este versículo. |
Mc.4:21 | 21. Também lhes disse: Vem, porventura, a candeia para ser posta debaixo do alqueire ou da cama? Não vem, antes, para ser colocada no velador? Candeia. [A parábola da candeia, Mc.4:21-25 = Lc.8:16-18]. Do gr. luchnos, “lamparina”. Cristo repetiu a parábola da candeia de maneiras diferentes em diversas ocasiões, para ensinar várias verdades. Quando Ele a contou como parte do Sermão do Monte (Mt.5:14-16), utilizou-a para ilustrar a responsabilidade dos cristãos fiéis em ser um exemplo para o mundo e deixar brilhar sua luz individual. Neste caso, é uma ilustração da luz da verdade revelada nos próprios ensinos de Jesus, especialmente mediante o uso de parábolas. Em Lc.11:33-36 ela ilustra a forma em que os indivíduos percebem e recebem a verdade. Alqueire. Do gr. modios. Uma medida de capacidade para secos, de aproximadamente 9 litros (ver p. 38). A “candeia”, o “alqueire” e a “cama” eram peças do mobiliário encontradas em cada casa, tornando assim a ilustração bastante vívida. Velador. Literalmente, “suporte de lâmpada” (ver com. de Mt.5:15). |
Mc.4:22 | 22. Pois nada está oculto, senão para ser manifesto; e nada se faz escondido, senão para ser revelado. Nada está oculto. Ver com. de Lc.8:17. |
Mc.4:23 | 23. Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça. Ouvidos para ouvir. Ver com. de Mt.11:15. |
Mc.4:24 | 24. Então, lhes disse: Atentai no que ouvis. Com a medida com que tiverdes medido vos medirão também, e ainda se vos acrescentará. No que ouvis. Lucas diz “como ouvis” (Lc.8:18). Há certas coisas que é melhor o cristão não ver nem ouvir; há outras coisas que é sábio “ouvir”. Com a medida com que. Ver com. de Mt.7:2. |
Mc.4:25 | 25. Pois ao que tem se lhe dará; e, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. Sem comentário para este versículo. |
Mc.4:26 | 26. Disse ainda: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra O reino de Deus. [A parábola da semente, Mc.6:26-29]. Ver com. de Mt.3:2; Mt.4:17; Mt.5:2; Lc.4:19. Lançasse a semente. Somente Marcos registra a parábola da semente. Ela ilustra a mesma verdade dita a Nicodemos com respeito à operação do Espírito Santo (Jo.3:8). Nesta parábola, Cristo diz que se for dada uma oportunidade na vida para a semente do reino, ela produzirá uma boa colheita. Os homens podem não ser capazes de explicar como se dá o processo de crescimento cristão e transformação do caráter, mas ele ocorre assim mesmo. |
Mc.4:27 | 27. depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como. Dormisse e se levantasse. Tendo plantado a semente, o agricultor se ocupará de outros afazeres. Porém, o processo de crescimento prossegue independentemente de sua presença ou ausência, quer ele durma ou fique acordado. Ele pode cultivar e irrigar a semente enquanto ela cresce até ficar madura, mas não pode fazê-la crescer. |
Mc.4:28 | 28. A terra por si mesma frutifica: primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga. A terra. A planta cresce da terra e a terra contribui para o seu crescimento, mas é a própria planta que produz fruto. Por si mesma. Do gr. automate, “movida por seu próprio impulso”; de onde se deriva a nossa palavra “automático”. Depois, a espiga. Isto é, a espiga de grãos quando ela começa a se formar, em contraste com a espiga madura. Grão. Ver com. de Lv.2:14. |
Mc.4:29 | 29. E, quando o fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa. O fruto já está maduro. Isto é, quando o grão está maduro. Mete a foice. Do gr. apostello, “enviar”, de onde se origina a palavra “apóstolo”, que significa “enviado” (ver com. de Mc.3:14). Em outra passagem, a obra dos apóstolos é comparada à dos ceifeiros (Jo.4:35-38). |
Mc.4:30 | 30. Disse mais: A que assemelharemos o reino de Deus? Ou com que parábola o apresentaremos? A que. [A parábola do grão de mostarda, Mc.6:30-34 = Mt.13:31-35 = Lc.13:18-19]. Ver com. de Mt.13:3. Reino de Deus. Ver com. de Mt.3:2; Mt.4:17; Mt.5:2; Lc.4:19. Com que parábola [...]? Cristo consulta os Seus ouvintes, por assim dizer. Sua audiência foi convidada a participar na busca da verdade. |
Mc.4:31 | 31. É como um grão de mostarda, que, quando semeado, é a menor de todas as sementes sobre a terra Grão de mostarda. Ver com. de Mt.13:31-32. |
Mc.4:32 | 32. mas, uma vez semeada, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças e deita grandes ramos, a ponto de as aves do céu poderem aninhar-se à sua sombra. Sem comentário para este versículo. |
Mc.4:33 | 33. E com muitas parábolas semelhantes lhes expunha a palavra, conforme o permitia a capacidade dos ouvintes. Muitas parábolas semelhantes. Marcos provavelmente se refere apenas às parábolas pronunciadas nessa ocasião, embora o mesmo também fosse verdade sobre todas as parábolas de Cristo. Segundo o que podiam compreender (ARC). Cristo não falava por parábolas para ocultar a verdade, mas para revelá-la. |
Mc.4:34 | 34. E sem parábolas não lhes falava; tudo, porém, explicava em particular aos seus próprios discípulos. Sem parábolas. Até aqui Cristo havia usado poucas parábolas em Seus ensinos. O sermão junto ao mar assinala o início de Seus ensinos por parábolas como um método habitual de proclamar o evangelho (ver p. 197-200). |
Mc.4:35 | 35. Naquele dia, sendo já tarde, disse-lhes Jesus: Passemos para a outra margem. Naquele dia. [Jesus acalma uma tempestade, Mc.4:35-41 = Mt.8:23-27 = Lc.8:22-25. Comentário principal: Mt]. Aquele havia sido um dia cheio de acontecimentos na vida de Jesus (ver com. de Mt.8:18). O relato de Marcos sobre a tempestade no mar inclui alguns detalhes dramáticos do ocorrido que não são mencionados nem por Mateus nem por Lucas. |
Mc.4:36 | 36. E eles, despedindo a multidão, o levaram assim como estava, no barco; e outros barcos o seguiam. Outros barcos. Estes estavam lotados de pessoas que ainda seguiam ansiosamente a Jesus (cf. DTN, 334). |
Mc.4:37 | 37. Ora, levantou-se grande temporal de vento, e as ondas se arremessavam contra o barco, de modo que o mesmo já estava a encher-se de água. Sem comentário para este versículo. |
Mc.4:38 | 38. E Jesus estava na popa, dormindo sobre o travesseiro; eles o despertaram e lhe disseram: Mestre, não te importa que pereçamos? Travesseiro. Provavelmente esta era uma peça comum do equipamento do barco, pois se tratava de uma almofada rústica de couro para o timoneiro, que se assentava na popa do barco. Mestre. Literalmente, “Professor”. Não Te importa [...]? A súplica deles reflete uma impaciência que chegava ao limite do desespero. |
Mc.4:39 | 39. E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Acalma-te, emudece! O vento se aquietou, e fez-se grande bonança. Acalma-te. Literalmente, “cala-te”. Emudece. Os elementos deveriam não apenas silenciar, mas permanecer assim. Alguns têm sugerido que Jesus aqui repreendeu os elementos como se eles fossem monstros furiosos. |
Mc.4:40 | 40. Então, lhes disse: Por que sois assim tímidos?! Como é que não tendes fé? Sem comentário para este versículo. |
Mc.4:41 | 41. E eles, possuídos de grande temor, diziam uns aos outros: Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem? Cheios de medo (BLH). Literalmente, “possuídos de grande temor” (ARA). |
Mc.5:1 | 1. Entrementes, chegaram à outra margem do mar, à terra dos gerasenos. A outra margem. [A cura do endemoninhado geraseno, Mc.5:1-20 = Mt.8:28-34 = Lc.8:26-39. Comentário principal: Mc. Ver mapa, p. 216; gráfico, p. 228; sobre milagres, ver p. 204-210]. Dos três relatos deste milagre, o de Marcos é o mais vívido e o de Mateus, o mais resumido. “A outra margem” do lago da Galileia se aplica ao lado oriental, na região de Decápolis (ver p. 33, 34; ver com. de Mt.4:25). No dia anterior, Jesus havia pregado o sermão junto ao mar, que consistiu principalmente de parábolas (ver Mt.13), em algum ponto ao longo da margem do mar da Galileia fronteiriça à planície de Genesaré (ver com. de Mt.13:1). A distância através do lago neste ponto era de mais ou menos 11 km. Foi nessa travessia que Jesus acalmou a tempestade (ver com. de Mt.8:18). Ao atravessar para a margem oriental, com uma população menos densa, o objetivo era usufruir uma breve pausa das multidões que O pressionavam a ponto de Ele nem poder comer ou dormir (ver Mc.3:20). Gadarenos (ARC). Evidências textuais favorecem (cf. p. 136) a variante “gerasenos” (ARA). Em Mt.8:28, as evidências favorecem “gadarenos”, mas também podem ser citados como “gergesenos” e “gerasenos”. Os esforços de copistas e editores para harmonizar os nomes nos três relatos são úteis. O consenso das evidências favorece a versão “gerasenos”, embora haja evidências para as outras duas. Embora não haja uma prova conclusiva, geralmente se pensa que o encontro de Cristo com o endemoniado gadareno ocorreu a uma curta distância abaixo do que é hoje a vila de Kursi, identificada com a antiga Gergesa. Gadara era uma cidade 19 km ao sul deste lugar e a 10 km da extremidade sul do lago da Galileia. Fora anteriormente a capital de Decápolis (ver com. de Mt.4:25; Mc.5:20). Provavelmente, nessa ocasião, ela era a principal cidade do distrito e, possivelmente, deu esse nome ao distrito. A cidade de Gerasa, 56 km a sudeste do lago da Galileia, dificilmente poderia ser o lugar descrito no relato deste milagre. Também pode ser que tivesse havido uma vila com o mesmo nome perto de Gergesa, ou que tanto Gerasa como Gergesa se refiram à mesma vila, hoje chamada Kursi. |
Mc.5:2 | 2. Ao desembarcar, logo veio dos sepulcros, ao seu encontro, um homem possesso de espírito imundo, Ao desembarcar. Bem próximo ao sul da vila de Kursi (ver no v. Mc.5:1) há uma costa íngreme que desce abruptamente para uma praia estreita (ver no v. Mc.5:13). Jesus e os discípulos podem muito bem ter desembarcado ao sul desse penhasco, onde a praia se alarga e os montes recuam do lago. Sepulcros. Os morros de pedra calcária na região de Kursi são abundantes em cavernas e cavidades cortadas nas rochas. Escavadas na pedra calcária relativamente mole, cavidades como essas eram geralmente usadas como sepulcros na antiga Palestina. Um homem. Mateus fala de dois homens (Mt.8:28). Aparentemente, um deles era muito violento. De modo semelhante, Mateus fala de dois cegos em Jericó (Mt.20:30) enquanto Marcos (Mc.10:46) e Lucas (Lc.18:35) mencionam apenas um, provavelmente pela mesma razão. É digno de nota que Mateus, sem dúvida, uma testemunha ocular dos dois eventos, mencione dois homens em cada caso (sobre as diferenças entre as narrativas dos mesmos incidentes nos evangelhos, ver Nota Adicional 2 a Mateus 3; Mt.3:17; comparar com Mc.10:46; Lc.5:2; Lc.7:3; ver Nota Adicional a Lucas 7; Lc.7:50). Espírito imundo. Com relação à possessão demoníaca, ver Nota Adicional a Marcos 1; Mc.1:45. |
Mc.5:3 | 3. o qual vivia nos sepulcros, e nem mesmo com cadeias alguém podia prendê-lo Sepulcros. Ver com. do v. Mc.5:2. Segundo a lei levítica, um cadáver era imundo (ver com. de Lv.21:2) e essa impureza se estendia ao sepulcro. Obviamente os endemoniados não tinham essa preocupação. Nem mesmo com cadeias. A declaração de Mateus de que “ninguém podia passar por aquele caminho” (Mt.8:28) dá a entender que o lugar frequentado por esse endemoniado não era longe de uma via pública, provavelmente a que conduzia à margem oriental do lago (cf. DTN, 338). Cadeias. Do gr. halusis, “cadeias” ou “grilhões”, usado para designar algemas. |
Mc.5:4 | 4. porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram quebradas por ele, e os grilhões, despedaçados. E ninguém podia subjugá-lo. Grilhões. Do gr. pede, “cadeia para os pés”, provém de uma palavra que significa “pé” ou “dorso do pé”. Eram cadeias de ferro terminadas por duas argolas largas com que se prendiam os condenados pelas pernas. |
Mc.5:5 | 5. Andava sempre, de noite e de dia, clamando por entre os sepulcros e pelos montes, ferindo-se com pedras. Ferindo-se. Com fúria, ele muitas vezes feria o corpo, sendo provavelmente cheio de cicatrizes e feridas. |
Mc.5:6 | 6. Quando, de longe, viu Jesus, correu e o adorou, Quando, de longe, viu Jesus. Ele poderia estar numa parte mais baixa da encosta do monte que se precipitava abruptamente para o mar e, assim, podia observar os barcos se aproximando. Correu. Talvez com a intenção de atacar Jesus e quem O acompanhava, gritando de maneira selvagem enquanto se dirigia para a praia. Adorou. Quando o endemoniado chegou onde Jesus estava, os discípulos fugiram aterrorizados. No entanto, o Salvador ficou sozinho com o possesso (DTN, 337). Ele deve ter percebido que ali estava um amigo, não um inimigo (ver DTN, 337, 338), e se prostrou aos pés de Jesus. A presença de Jesus parecia impressionar mesmo os piores inimigos (ver Mt.21:12-13; Jo.2:15). |
Mc.5:7 | 7. exclamando com alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes! Que tenho eu contigo [...J? O desafio à autoridade de Jesus (ver Mc.1:27; ver com. de Mc.2:10) realmente significava: “Que direito tens Tu de interferir em mim?” (ver com. de Jo.2:4). Filho. Ver com. de Lc.1:35; Jo.1:1-3. Deus Altíssimo. Ver At.16:17; ver com. de Gn.14:18; Gn.14:22. Parece que os espíritos falavam diretamente a Jesus por meio do endemoniado, pois Jesus Se dirigiu ao “espírito imundo” e não ao homem (ver Mc.5:8). Portanto, o reconhecimento de Jesus como o “Filho do Deus Altíssimo” vem dos espíritos, não do endemoniado. Conjuro-Te. Do gr. horkizo, “fazer um juramento a”. Em Lucas, a palavra é menos vívida: “Rogo-Te” (Lc.8:28). Atormentes. Do gr. basanizo, que originalmente significa “testar [metais] por meio de pedra de toque”. No NT, a palavra é usada no sentido de infligir dor ou tortura. |
Mc.5:8 | 8. Porque Jesus lhe dissera: Espírito imundo, sai desse homem! Jesus lhe dissera. Ou, “estava lhe dizendo”. Enquanto Jesus ordenava ao espírito para sair do homem, o espírito ousadamente O interrompeu e desafiou. |
Mc.5:9 | 9. E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião é o meu nome, porque somos muitos. Qual é o teu nome? Não se sabe por que Cristo perguntou o nome do espírito que possuía o homem, ou do porta-voz da legião. Tem sido sugerido que isto foi para benefício dos discípulos, de modo que pudessem avaliar a magnitude do milagre e compreender a natureza e o poder das forças contra as quais eles precisariam lutar. Legião. Divisão do exército romano, cujo número consistia de cerca de 6 mil soldados de infantaria e 700 de cavalaria, 6,7 mil homens. Geralmente, porém, como nos exércitos atuais, a legião não era mantida em sua capacidade máxima. Embora o nome Legião, usado pelo demônio, possa ser interpretado literalmente, não há como determinar o número exato. A expressão é melhor compreendida no sentido geral de que havia muitos demônios (ver Lc.8:30). |
Mc.5:10 | 10. E rogou-lhe encarecidamente que os não mandasse para fora do país. Rogou-Lhe encarecidamente. O demônio assumiu então a atitude de um suplicante por misericórdia. É possível que temesse por sua vida (ver com. de Mc.1:24). Para fora do país. Lucas diz “sair para o abismo” (Lc.8:31). A palavra grega traduzida por “abismo” é abussos (ver com. de Ap.20:1). Na LXX, em Gn.1:2 e Gn.7:11, abussos equivale ao heb. tehom, traduzido em português como “abismo” (ver com. de Gn.1:2). Na LXX, em Jó.28:14, o termo equivale a “mar”, e em Dt.8:7 (ARC) e Sl.71:20, a “abismos” da terra. Em Rm.10:7, “abismo” é utilizado para descrever o lugar dos “mortos”, especialmente em referência à morte de Cristo. Em Ap.9:2; Ap.9:11; Ap.11:7; Ap.17:8; Ap.20:1 e Ap.20:3, abussos é traduzido como “poço do abismo” ou, simplesmente, “abismo”. Usado como adjetivo no grego clássico, a palavra significa “sem fundo” ou “infinito”. Quando usada com referência a seres inteligentes, abussos parece significar isolamento de outros seres e a incapacidade de escapar da situação, como a de um ser humano na morte ou confinado a uma cela solitária. |
Mc.5:11 | 11. Ora, pastava ali pelo monte uma grande manada de porcos. Ali pelo monte. Isto é, no declive do monte, a certa distância da praia, onde Cristo e o endemoniado estavam (ver Mt.8:30). Sempre que estavam naquela região, os porqueiros ficavam de sobreaviso quanto ao endemoniado e, assim, eles o viram quando correu em direção a Cristo, ouviram seus guinchos sinistros e testemunharam a gloriosa transformação ocorrida nele. Porcos. Embora alguns judeus criassem porcos por lucro, não há evidência de que os donos desta manada fossem judeus. Com certeza, porém, eles estavam absortos em negócios e lucros, alheios às coisas espirituais. |
Mc.5:12 | 12. E os espíritos imundos rogaram a Jesus, dizendo: Manda-nos para os porcos, para que entremos neles. Os espíritos imundos rogaram. Ver com. do v. Mc.5:10. Manda-nos. O objetivo de Satanás era fazer com que o povo da região se voltasse contra o Salvador, dando a impressão de que Ele era responsável pela destruição de suas propriedades. O resultado imediato pareceu justificar as expectativas malignas. Mas o ministério do homem transformado, que antes era conhecido por todo o distrito como endemoniado, juntamente com a notícia da manada de porcos que pereceu no mar para confirmar sua história, foi útil como nada o poderia ter sido em levar o povo da região a se voltar para Jesus (ver com. dos v. Mc.5:19-20). |
Mc.5:13 | 13. Jesus o permitiu. Então, saindo os espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada, que era cerca de dois mil, precipitou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do mar, onde se afogaram. Jesus o permitiu. Comparar com a experiência de Jó (Jó.1:12; Jó.2:6). A proposta que levou prejuízo a Jó foi feita pelo diabo, e Deus consentiu com ela, mas fez com que a mesma resultasse em benefício e encorajamento para os cristãos ao longo dos séculos. Despenhadeiro abaixo. Literalmente, “precipício abaixo”. A uma curta distância da vila de Kursi, que se imagina ter sido a antiga Gergesa (ver com. do v. Mc.5:1), há uma costa escarpada onde os montes se precipitam abaixo até perto da água, o único lugar em toda a costa onde isso ocorre. O declive é tão acentuado que poderia ser considerado um penhasco, embora não uma saliência. Ao sopé deste precipício, a praia é tão estreita que os porcos não conseguiriam deter a sua corrida desenfreada. |
Mc.5:14 | 14. Os porqueiros fugiram e o anunciaram na cidade e pelos campos. Então, saiu o povo para ver o que sucedera. Campos. Literalmente, “nas lavouras”, em contraste com “cidade” (ver Mc.5:10). No caminho para a vila de Gergesa, provavelmente a curta distância para o norte do precipício (ver com. do Mc.5:13), seria de esperar que os porqueiros contassem a todos que encontrassem o que havia acontecido. Estão. [Os gerasenos rejeitam a Jesus, Mc.5:14-20 = Mt.8:34 = Lc.8:35-39]. |
Mc.5:15 | 15. Indo ter com Jesus, viram o endemoninhado, o que tivera a legião, assentado, vestido, em perfeito juízo; e temeram. Assentado. O homem estava calmo, tranquilo e descansando, um contraste com o estado agitado em que vivera antes. Vestido. O princípio conhecido como “a economia do milagre” indica que Deus em geral não opera milagres em que o resultado pode ser conseguido por meios naturais nem faz o que pode ser realizado através do esforço humano. Em harmonia com esse princípio, é improvável que as vestes que o homem então usava tivessem sido providenciadas miraculosamente. É mais provável que os discípulos tivessem compartilhado roupas com o homem. Em perfeito juízo. Nos casos de possessão demoníaca registrados no NT, a mente da pessoa atormentada havia ficado enlouquecida (ver Nota Adicional a Marcos 1; Mc.1:45). Temeram. O problema da perda dos porcos dominou, nessas circunstâncias, a mente das pessoas daquela região. Sem dúvida, eles se preocuparam acerca do que poderia resultar de mais uma demonstração de poder sobrenatural e, aparentemente, temeram prejuízos materiais ainda maiores. |
Mc.5:16 | 16. Os que haviam presenciado os fatos contaram-lhes o que acontecera ao endemoninhado e acerca dos porcos. Os que haviam presenciado. Estes seriam os porqueiros, que já haviam contado sua versão do incidente (ver v. Mc.5:14), e os discípulos. Estes últimos também contaram a experiência de como a tempestade no lago foi aquietada na noite anterior, mas o povo não os quis ouvir (ver DTN, 339). |
Mc.5:17 | 17. E entraram a rogar-lhe que se retirasse da terra deles. Rogar. Ou, “suplicar”, “implorar”. Que Se retirasse. A escolha deles foi feita com base em considerações materiais. Eles se privaram de quaisquer bênçãos possíveis como as derramadas sobre o endemoniado curado, com receio de que sofressem novas perdas de propriedade. Em harmonia com o conselho que logo daria aos doze, ao enviá-los a pregar e curar (ver Mt.10:14; Mt.10:23), Jesus não protestou, mas simplesmente Se moveu para deixar o lugar. Muitos ainda hoje seguem o exemplo do povo de Gadara, temerosos de que a presença do Salvador possa contrariar seus planos. Terra. Do gr. horia, “território”, “região”. |
Mc.5:18 | 18. Ao entrar Jesus no barco, suplicava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele. Ao entrar. Quando Jesus estava entrando no barco, o homem curado suplicava para ir com eles. Que fora endemoninhado. O curto espaço de tempo que o homem passou com Jesus deve ter sido para ele a maior emoção da vida. Ao ver Jesus entrar no barco para sair, ele sentiu que estava se separando dAquele que lhe havia restaurado a saúde mental. No momento, ele deve ter temido que Sua ausência pudesse provocar o retorno dos demônios, o que seria algo terrível. Assim, ele queria permanecer com Jesus. Suplicava. Ver com. do v. Mc.5:17. |
Mc.5:19 | 19. Jesus, porém, não lho permitiu, mas ordenou-lhe: Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti. Não lho permitiu. Jesus fez o que era melhor para todos os envolvidos. Os habitantes de Decápolis precisavam do ministério daquele homem. Além disso, havia a probabilidade de que ele, como gentio (ver Mt.4:25; cf. DTN, 339), se tornasse um obstáculo para a obra de Jesus na Galileia. Para os teus. Isto é, aos familiares dele. Anuncia-lhes. As razões de Jesus em advertir alguns que eram curados a não relatar o que havia sido feito por eles (ver com. de Mc.1:44-45), não se aplicavam à situação em Decápolis. Provavelmente havia poucos escribas e fariseus em Decápolis que pudessem dar um falso relatório das atividades de Jesus. Além disso, Ele não pretendia permanecer na região e não haveria um levante popular em Seu favor que ameaçasse Sua obra. E mais, um milagre como este provavelmente não criaria ali falsas esperanças em relação ao Messias (ver com. de Mt.3:2; Mt.4:17; Mt.5:2). |
Mc.5:20 | 20. Então, ele foi e começou a proclamar em Decápolis tudo o que Jesus lhe fizera; e todos se admiravam. Proclamar. Do gr. kerusso, literalmente “anunciar”, “divulgar”. Grandes coisas ocorreram no intervalo de mais ou menos uma hora, em que Jesus havia permanecido com os dois homens. Eles tinham uma história inspiradora para contar; e, antes que as pessoas saíssem da cidade, Jesus sem dúvida os instruiu nas verdades fundamentais do evangelho. Quando eles passaram a proclamar a mensagem por toda a região de Decápolis, o que ele dizia era confirmado pela narrativa dos porqueiros, a qual deve ter se espalhado rapidamente por toda a vizinhança de Gergesa (ver com. do v. Mc.5:1). Pessoas por toda parte devem ter ouvido com grande interesse quando este, que fora alcançado pelo milagre, surgiu com a mensagem do evangelho. Sua própria reputação anterior como louco também era, com certeza, amplamente conhecida (ver Mt.8:28). Decápolis. Ver p. 34. As várias cidades de Decápolis haviam sido helenísticas desde o tempo de Alexandre, o Grande, mas foram conquistadas pelos judeus durante a revolta dos macabeus. Elas foram libertadas do domínio judaico pelo general romano Pompeu, o qual distribuiu a terra entre os veteranos de seu exército. Todos se admiravam. Quando o homem, então sob o controle do Espírito de Deus, contou sua história, o povo da região ouviu com surpresa e espanto. Os resultados do ministério dele devem levar grande incentivo aos que pensam que sua própria capacidade seja insuficiente para um efetivo testemunho em favor de Cristo. Os que amam sinceramente a Cristo e cuja vida foi transformada pelo Seu poder precisam simplesmente contar a outros “quão grandes coisas o Senhor fez” por eles (v. Mc.5:19), e pessoas serão ganhas para Cristo. Este evento deve ter ocorrido no fim do outono do ano 29 d.C. (ver com. de Lc.8:1). Quando Jesus voltou a Decápolis, nove ou dez meses depois (ver em Mt.15:32), milhares afluíram para vê-Lo e ouvi-Lo (cf. DTN, 340, 341). Os que foram ouvir Jesus nessa ocasião posterior eram quase todos gentios. |
Mc.5:21 | 21. Tendo Jesus voltado no barco, para o outro lado, afluiu para ele grande multidão; e ele estava junto do mar. Tendo Jesus voltado. [O pedido de Jairo, Mc.5:21-24 = Mt.9:18-19 = Lc.8:40-42. Comentário principal: Mc. Ver mapa, p. 216; gráfico, p. 228; sobre milagres, ver p. 204-210]. A cura da mulher enferma e a ressurreição da filha de Jairo ocorreram logo após a cura do endemoniado (ver com. de Mt.8:18; Mt.12:22; Mt.13:1). A travessia do lago referida aqui foi da vizinhança de Gergesa, do lado oriental (ver com. de Mc.5:1), para Cafarnaum, 8,5 km a noroeste. Afluiu para Ele grande multidão. Isso ocorria onde quer que Jesus fosse durante este período de Seu ministério (ver Mc.3:7; Mc.3:20; Mc.3:32; Mc.4:1). Junto ao mar. Uma multidão começou a se ajuntar na praia logo que o povo reconheceu Jesus Se aproximando em um dos barcos. Por algum tempo, Ele ficou perto de onde havia ancorado, ensinando e curando, como era Seu costume quando o povo se reunia. Então, juntamente com alguns dos discípulos, Jesus foi para a casa de Levi Mateus, a fim de participar de uma festa oferecida em Sua homenagem (ver com. de Mc.2:15-17). Foi ali que Jairo encontrou Jesus (ver Mt.9:10; Mt.9:14; Mt.9:18; DTN, 342). |
Mc.5:22 | 22. Eis que se chegou a ele um dos principais da sinagoga, chamado Jairo, e, vendo-o, prostrou-se a seus pés Um dos principais. O chefe de uma sinagoga era o encarregado da adoração pública (ver p. 44). Não se sabe se Marcos quis dizer que Jairo era um dos vários chefes dessa sinagoga específica, ou um integrante de uma classe conhecida por esse nome, sendo um para cada sinagoga. Jairo. Deve ser derivado do heb. Yair, o Jair do AT (ver Nm.32:41). Prostrou-se a Seus pés. Como se procedia diante de um príncipe ou de alguém de grande autoridade (ver com. de Et.3:2; cf. com. de Mt.2:11; Mt.8:2). Se assim ele pudesse salvar a única filha, este orgulhoso doutor da lei estava disposto a se humilhar diante de Jesus e ser desprezado e odiado pela maioria dos membros de sua classe. |
Mc.5:23 | 23. e insistentemente lhe suplicou: Minha filhinha está à morte; vem, impõe as mãos sobre ela, para que seja salva, e viverá. Suplicou. Ou, “rogou” (ver com. do v. Mc.5:17). Filhinha. Dos três evangelhos que narram este incidente, apenas Marcos registra a idade exata da menina (ver v. 42) e, por isso, ele usa aqui a forma diminutiva da palavra “filha”. À morte. A doença, não identificada pelos evangelhos, estava em fase terminal. A morte seria certa, a menos que Jesus interviesse. Rogo-Te (ARC). Estas palavras não ocorrem no original grego. Impõe as mãos. O toque pessoal de Jesus parece ter sido uma característica de Seu interesse pessoal pelos sofredores (ver com. de Mc.1:31). E viverá. Na mente do pai, não havia dúvida de que Jesus tinha o poder de restaurar a saúde da menina. Certamente havia um grande número, talvez centenas de pessoas em Cafarnaum e nas redondezas, cujas vidas podiam testemunhar do poder de Jesus. Dentre estas, estavam o filho de um oficial do rei (Jo.4:46-54) e o servo de um centurião (Lc.7:1-10). |
Mc.5:24 | 24. Jesus foi com ele. Grande multidão o seguia, comprimindo-o. Comprimindo-O. Do gr. sunthilibõ, “comprimir” ou “comprimir de todos os lados”. Lucas usa uma palavra mais descritiva, sunpnigo, “sufocar”. No caminho para a casa de Jairo, Jesus estava cercado de uma multidão tão compactada que a Sua marcha era literalmente “sufocada”. Ele mal podia Se mover. Multidão. [A cura de uma mulher enferma, Mc.5:24-34 = Mt.9:20-22 = Lc.8:43-48. Comentário principal: Mc]. |
Mc.5:25 | 25. Aconteceu que certa mulher, que, havia doze anos, vinha sofrendo de uma hemorragia Certa mulher. Sobre o contexto deste milagre, ver com. do v. Mc.5:21. Este é um dos poucos milagres registrados pelos três evangelhos sinóticos. O relato de Marcos é mais vívido e detalhado do que os de Mateus e Lucas. |
Mc.5:26 | 26. e muito padecera à mão de vários médicos, tendo despendido tudo quanto possuía, sem, contudo, nada aproveitar, antes, pelo contrário, indo a pior, Indo a pior. À medida que a situação crônica da doença se tornava mais e mais visível, com o passar do tempo, e os recursos se esgotaram na vã tentativa de obter alívio, a mulher ficava mais e mais desesperançada. |
Mc.5:27 | 27. tendo ouvido a fama de Jesus, vindo por trás dele, por entre a multidão, tocou-lhe a veste. De Jesus. Evidências textuais (cf. p. 136) favorecem a variante “as coisas concernentes a Jesus”, isto é, “os relatos sobre Ele”. Como era de se esperar, a notícia havia se espalhado rapidamente (ver com. de Mc.1:28; Lc.7:17-18; Lc.4:14). Por entre a multidão. A mulher deve ter planejado durante algum tempo ir a Jesus, mas a ausência dEle na segunda viagem pela Galileia parece ter tornado isso impossível, naquele momento. Quando soube que Jesus havia voltado a Cafarnaum, ela foi apressadamente para a margem do lago, onde Ele estava ensinando e curando (ver com. do v. Mc.5:21). A procura, porém, foi infrutífera. Posteriormente, ela soube que Ele estava na casa de Mateus (ver com. do v. Mc.5:21) e se encaminhou para lá na esperança de encontrá-Lo, mas novamente chegou tarde (ver DTN, 343). Então, ao Jesus marchar vagarosamente na direção da casa de Jairo, ela finalmente O alcançou. Mas a sua enfermidade havia reduzido a quantidade necessária de sangue em seu corpo, e ela, além de estar muito fraca fisicamente, estava também desanimada com as muitas tentativas frustradas de conseguir a cura por meio de médicos. Além disso, a natureza dessa doença, juntamente com a contaminação cerimonial envolvida, era constrangedora. Pode ser que ela hesitasse em apresentar seu pedido a Jesus, especialmente na presença de tantos estranhos, com receio de que Ele indagasse a respeito da natureza de seu mal, o que Ele fez algumas vezes (cf. Mc.10:51). Tocou-Lhe a veste. Segundo Lucas, a mulher tocou “na orla” da veste de Jesus (ver Lc.8:44). Muitos que tocaram apenas “a orla” da veste de Jesus “ficaram sãos” (Mt.14:36; cf. At.5:15; At.19:12). |
Mc.5:28 | 28. Porque, dizia: Se eu apenas lhe tocar as vestes, ficarei curada. Tocar. O toque que trouxe cura à mulher, segundo os doutores da lei teria ocasionado contaminação cerimonial sobre Cristo. Curada. Literalmente, “salva”, isto é, curada de sua enfermidade. |
Mc.5:29 | 29. E logo se lhe estancou a hemorragia, e sentiu no corpo estar curada do seu flagelo. Logo. Isto é, “imediatamente”. Sentiu. Literalmente, “soube”. A mulher percebeu a corrente de poder (ver com. do v. Mc.5:30) que fluiu de Cristo para ela no momento em que tocou as vestes dEle e teve certeza de que esse poder havia entrado em seu débil corpo e a curara. Flagelo. Do gr. mastix, “açoite”, “castigo” ou “praga”. Tormentos incuráveis eram normalmente considerados como castigos divinos pelos pecados cometidos (ver com. de Mc.1:40; Jo.9:2). |
Mc.5:30 | 30. Jesus, reconhecendo imediatamente que dele saíra poder, virando-se no meio da multidão, perguntou: Quem me tocou nas vestes? Reconhecendo. Do gr. epiginosko, “conhecer plenamente”, “reconhecer” ou “perceber”. Jesus estava ciente do que havia acontecido no momento em que a mulher tocou Suas vestes. O relato não diz se Jesus sabia de antemão que a mulher iria tocá-Lo. A vontade do Pai atendeu ao não pronunciado rogo da mulher através dEle. Deve-se lembrar que todos os milagres de Cristo foram “operados pelo poder de Deus através do ministério dos anjos” (DTN, 143). Poder. Do gr. dynamis, literalmente, “poder” (ver com. de Mc.2:10; Lc.1:35). Dynamis é muitas vezes traduzido como “milagre” (Mc.9:39), “maravilhas” (Mc.6:2) e “forças miraculosas” (Mc.6:14; sobre os diferentes termos usados no NT para se referir a milagres, ver p. 204, 205). Quem Me tocou nas vestes? Mais tarde, possivelmente como resultado desse incidente, muitos tocavam “na orla da Sua veste; e quantos a tocavam saíam curados” (Mc.6:56). |
Mc.5:31 | 31. Responderam-lhe seus discípulos: Vês que a multidão te aperta e dizes: Quem me tocou? Aperta. Do gr. sunthlibo (ver com. do v. Mc.5:24). |
Mc.5:32 | 32. Ele, porém, olhava ao redor para ver quem fizera isto. Olhava ao redor. Ou, “continuou olhando”. Jesus pode não ter visto logo a mulher, provavelmente para lhe dar a oportunidade de falar primeiro. Várias razões podem ser sugeridas para Jesus não deixar a mulher sair quietamente, sem ninguém notar: (1) A exemplo da fé do centurião (ver com. de Lc.7:9), Jesus queria que a fé desta mulher fosse um modelo que outros pudessem imitar. (2) Ele desejava que ela levasse consigo a alegria de saber que fora pessoalmente notada e reconhecida por Jesus. (3) Ele queria apagar da mente da mulher a ideia supersticiosa de que a cura fora resultado de um simples toque (ver com. de Mc.5:34). (4) Para o próprio benefício dela, Ele desejava que reconhecesse a bênção recebida. Ser “curada” (ver com. do v. Mc.5:28) da doença, sem ser “curada” da doença do pecado, seria apenas um benefício temporário. |
Mc.5:33 | 33. Então, a mulher, atemorizada e tremendo, cônscia do que nela se operara, veio, prostrou-se diante dele e declarou-lhe toda a verdade. Tremendo. Provavelmente ela então concluiu que seus temores anteriores tinham razão de ser. |
Mc.5:34 | 34. E ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz e fica livre do teu mal. Tua fé. Jesus queria fazer a mulher entender que a fé é que havia promovido a cura a seu torturado corpo e não o toque secreto. Jesus sabia que se as pessoas alimentassem um temor supersticioso acerca dos milagres, isso seria um obstáculo ao propósito dos mesmos (ver com. de Mc.1:38). Uma afirmação pública por parte de Jesus de que fora a fé que levara a cura evitaria eficazmente os rumores de que o milagre podia ser conseguido por meio de mágica. Por mais imperfeita que fosse a fé da mulher, ainda assim era uma fé genuína, proporcional a seus limitados conhecimento e compreensão da vontade e dos caminhos de Deus. Vai-te em paz. Ver com. de Je.6:14. A mulher deveria partir em “paz” de corpo e alma (ver com. de Mc.2:5; Mc.2:10), na alegria de ser aceita por Deus conforme testificado por sua recente recuperação. Fica livre. Isto é, “continue sã”. Não se deve supor que a cura tenha ocorrido nesse momento, como alguns concluem, pois a mulher já sabia que estava curada (ver v. Mc.5:29), e Jesus já havia sentido que o poder curador saíra dEle (ver v. Mc.5:30). |
Mc.5:35 | 35. Falava ele ainda, quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: Tua filha já morreu; por que ainda incomodas o Mestre? Falava Ele ainda. [A ressurreição da filha de Jairo, Mc.5:35-43 = Mt.9:23-26 = Lc.8:49-56]. Aqui Marcos retoma a narrativa da ressurreição da filha de Jairo, interrompida pela história da mulher enferma (v. Mc.5:25-34; sobre o cenário da narrativa, ver com. do v. Mc.5:21). Tua filha já morreu. Se a filha de Jairo já estava morta, como se pode deduzir de Mt.9:18, não haveria necessidade de mensageiros para informá-lo do fato (ver com. de Mt.9:18). Aparentemente Marcos dá a entender que a notícia trágica foi dada em voz baixa a Jairo na presença da multidão (ver com. de Mc.5:24). |
Mc.5:36 | 36. Mas Jesus, sem acudir a tais palavras, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente. Sem acudir. Evidências textuais (cf. p. 136) favorecem a variante “tendo ouvido” (ARC). As palavras faladas em voz baixa a Jairo “foram ouvidas por Jesus” (DTN, 343). Não temas. Onde há temor há pouca fé. A fé expulsa o temor. Jairo havia sido suficientemente forte na fé, de modo que não teve dificuldade em acreditar que Jesus podia curar sua filha (ver com. do v. Mc.5:23). Então, ele foi obrigado a exercer uma fé ainda maior, a de que as garras da própria morte poderiam ser quebradas. Quando o temor nos alcança e a fé parece débil, devemos fazer o que Jesus ordenou a Jairo: “Crê somente”, pois “tudo é possível ao que crê” (Mc.9:23). |
Mc.5:37 | 37. Contudo, não permitiu que alguém o acompanhasse, senão Pedro e os irmãos Tiago e João. Não permitiu que alguém. Ver com. de Mt.19:14. Além dos três discípulos aqui mencionados, só os pais da menina acompanharam Jesus ao quarto onde ela jazia (ver Mc.5:40). O tumulto dos pranteadores (ver com. do v. Mc.5:38-39) e a incredulidade da multidão reunida na casa (ver v. Mc.5:40) seriam um obstáculo à solene majestade do poder divino que estava para se manifestar por meio dAquele que tinha “vida em Si mesmo” (Jo.5:26; cf. Jo.1:4). Pedro e os irmãos Tiago e João. Literalmente, “o Pedro e Tiago e João”. O uso do artigo definido no grego mostra que os três discípulos são aqui tratados como uma unidade. Este é o primeiro exemplo em que estes três foram selecionados dentre os doze para participar com Jesus de algumas das mais poderosas experiências de Sua vida na Terra (ver com. de Mt.17:1). Pode ser também que o quarto fosse pequeno demais para acomodar os doze. |
Mc.5:38 | 38. Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus o alvoroço, os que choravam e os que pranteavam muito. Alvoroço. Mateus menciona os flautistas (do gr. aulêtai, traduzido como “instrumentistas” [ARC]; ver Mt.9:23), os quais ainda hoje comparecem aos funerais orientais e tocam suas tristes melodias, que eram e ainda são consideradas essenciais. O famoso rabi Judá indicou o dever de um israelita nestas palavras: “Mesmo o homem mais pobre em Israel [para o funeral de sua esposa] deve providenciar no mínimo duas flautas e uma pranteadora”. Choravam. Isto se refere ao pranto monótono dos pranteadores contratados, os quais seriam numerosos se a família fosse rica, como provavelmente era o caso aqui. |
Mc.5:39 | 39. Ao entrar, lhes disse: Por que estais em alvoroço e chorais? A criança não está morta, mas dorme. Alvoroço. Do gr. thorubeo, “fazer barulho”, “perturbar”, “lançarem confusão” ou “prantear tumultuosamente”. Em At.17:5, thorubeo é traduzido como “alvoroçaram”. Dorme. Nenhuma comparação é mais apropriada para a morte do que o sono, que muitas vezes significa libertação de cansaço, labuta, desapontamento e dor. Os olhos de uma criança cansada se fecham para o sono da noite, assim também os olhos daqueles que amam a Deus e esperam confiantes o dia em que Sua voz os despertará para a vida imortal se fecham para o sono da morte (ver 1Co.15:51-55; 1Ts.4:16-17). A metáfora confortadora em que o “sono” significa “morte” parece ter sido a maneira predileta de Cristo Se referir a essa experiência (ver com. de Jo.11:11-15). A morte é um sono, mas é um sono profundo do qual unicamente o grande Doador da vida pode nos despertar, pois somente Ele tem as chaves da morte (ver Ap.1:18; cf. Jo.3:16; Rm.6:23). |
Mc.5:40 | 40. E riam-se dele. Tendo ele, porém, mandado sair a todos, tomou o pai e a mãe da criança e os que vieram com ele e entrou onde ela estava. Riam-se. Do gr. katagelao, “escarnecer”. Foi mais do que um simples riso. Não é de admirar que Jesus os fez sair do quarto antes de despertar a menina do sono da morte. Os que vieram com Ele. Isto é, Pedro, Tiago e João (ver com. do v. Mc.5:37). |
Mc.5:41 | 41. Tomando-a pela mão, disse: Talitá cumi!, que quer dizer: Menina, eu te mando, levanta-te! Talitá cumi! Estas palavras em aramaico devem ser as mesmas que Cristo proferiu nesta ocasião. O uso delas testifica que Jesus falava o aramaico. Jesus usou outras expressões em aramaico, como “Efatá” (Mc.7:34) e “Eloí, Eloí, lamá sabactâni” (Mc.15:34). |
Mc.5:42 | 42. Imediatamente, a menina se levantou e pôs-se a andar; pois tinha doze anos. Então, ficaram todos sobremaneira admirados. Imediatamente. Ver com. de Mc.1:10. A menina se levantou. Este é o único caso de ressurreição relatado nos três evangelhos sinóticos. A ressurreição do jovem da cidade de Naim é narrada apenas por Lucas (ver Lc.7:11-15), e a de Lázaro, apenas em João (ver Jo.11:1-45). Nos três casos, a restauração foi imediata e completa. Doze anos. Detalhe registrado apenas por Marcos. Assombraram-se com grande espanto (ARC). Isto reflete um método de expressão hebraico (e aramaico) usado para intensificar o verbo. Neste caso, significa simplesmente “admiraram-se (ou maravilharam-se) sobremaneira” (ver ARA). |
Mc.5:43 | 43. Mas Jesus ordenou-lhes expressamente que ninguém o soubesse; e mandou que dessem de comer à menina. Ordenou-lhes expressamente. Isto é, deu-lhes ordens rigorosas (cf. Mc.1:43). Não é muito clara a razão pela qual Jesus impôs silêncio aos pais. A ordem, porém, estava em harmonia com as tentativas de Cristo, a essa altura de Seu ministério, de evitar publicidade indevida (ver com. de Mc.1:43-44; cf. Mt.8:4; Mt.9:30). Que dessem de comer à menina. Uma evidência do zelo de Jesus. Esta ordem significa também que a menina estivera sofrendo de uma doença que exauria sua força física. Possivelmente, ela não havia se alimentado durante alguns dias. |
Mc.6:1 | 1. Tendo Jesus partido dali, foi para a sua terra, e os seus discípulos o acompanharam. Tendo Jesus partido dali. [Jesus prega em Nazaré. É rejeitado pelos Seus, Mc.6:1-6 = Mt.13:53-58 = Lc.4:16-30. Comentário principal: Mc. Ver mapa, p. 217; ver gráfico, p. 218]. De acordo com Mateus, a segunda rejeição de Jesus pelo povo de Nazaré ocorreu após o sermão junto ao mar, embora não seja indicado quanto tempo depois (ver Mt.13:53-54; cf. DTN, 241). Mateus liga estreitamente a segunda rejeição em Nazaré com a morte de João Batista (ver Mt.13:53-14:12). Marcos a apresenta em conexão com os eventos da terceira viagem pela Galileia e com a morte de João Batista (ver Mc.6:1-30; cf. DTN, 360). A morte de João Batista deve ter ocorrido pouco antes ou pouco depois do início da viagem, pois foi o trabalho dos doze durante a terceira viagem pela Galileia que levou Herodes a pensar que João Batista tinha ressuscitado (ver com. do v. Mc.6:14). Assim, é provável que esta última visita a Nazaré (ver DTN, 241) tenha ocorrido no inverno de 30/31 d.C. Sua terra. Para uma discussão sobre a provável data da primeira visita de Jesus à Nazaré, durante o período de Seu ministério na Galileia, ver Nota Adicional a Lucas 4; Lc.4:44. Aparentemente, o único meio para que o registro do evangelho esteja harmonizado é ter como base duas visitas. Mateus e Marcos não mencionam Nazaré pelo nome em relação a isto (a segunda visita), mas não pode haver dúvida de que Nazaré é, aqui, apropriadamente chamada de “Sua terra”, em virtude do fato de Ele ter crescido ali (ver Lc.4:16; Lc.2:51), por estar morando lá na época em que assumiu Seu ministério (ver Mc.1:9) e de estar na casa de Seus pais (cf. Lc.2:1-5). Depois de deixar Nazaré para assumir o ministério, Jesus não voltou ali até iniciar o ministério pela Galileia. O tempo decorrido foi de cerca de 18 meses (ver com. de Lc.4:16), provavelmente, a partir do outono de 27 d.C. até a primavera de 29 d.C. (ver com. de Mt.4:12). O ministério pela Galileia como um todo continuou da primavera de 29 d.C. até a primavera de 30 d.C. Desse modo, foi próximo ao fim desse período que ocorreu a segunda e última visita a Nazaré (cf. DTN, 241). |
Mc.6:2 | 2. Chegando o sábado, passou a ensinar na sinagoga; e muitos, ouvindo-o, se maravilhavam, dizendo: Donde vêm a este estas coisas? Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos? Sábado. Como na visita anterior (Lc.4:16). Na sinagoga. Como na ocasião anterior (ver com. de Lc.4:16; para uma descrição de uma sinagoga e de seu culto, ver p. 44, 45). Maravilhavam. Evidentemente parecia inacreditável para os habitantes de Nazaré que Aquele que vivera entre eles poderia ser o Filho de Deus. Este homem (NTLH). Literalmente, este [companheiro], uma expressão que, muitas vezes, denota desprezo. Que sabedoria é esta [...]? Ver com. de Is.11:2-3; Is.50:4. Nem os líderes judeus, nem os habitantes de Nazaré devem ter pensado em negar a superioridade infinita da inteligência, do entendimento e da sabedoria de Jesus. Isso era muito evidente; na verdade, foi isso que os perturbou. Tais maravilhas. Ver p. 204, 205. O povo de Nazaré não podia negar os grandes milagres que Jesus realizava como não podia negar Sua sabedoria. Se Ele ensinava e operava milagres, o povo seria obrigado a admitir que “tudo Ele tem feito esplendidamente bem” (Mc.7:37). |
Mc.6:3 | 3. Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E não vivem aqui entre nós suas irmãs? E escandalizavam-se nele. O carpinteiro. Mateus diz: “o filho do carpinteiro” (Mt.13:55). Mesmo sendo uma expressão idiomática em hebraico e aramaico, “filho do carpinteiro” pode ser apenas uma perífrase para “o carpinteiro”; e parece não haver razão para se duvidar de que José tenha sido um carpinteiro por profissão, e que, antes de iniciar Sua missão, Jesus teve essa profissão (cf. DTN, 109). Essa, aliás, é uma das poucas informações registradas no NT sobre a vida de Cristo entre a visita ao templo quando era um juvenil e a época de Seu batismo (ver com. de Lc.2:51-52). Filho de Maria. O fato de o povo se referir a Jesus, aqui, como o “filho de Maria” e não “filho de José” sugere que José havia morrido (cf. DTN, 109; a respeito de José como o “pai” de Jesus, ver com. de Mt.1:21; Lc.2:33). Irmão de Tiago. Quanto aos irmãos de Jesus, ver com. de Mt.1:18; Mt.1:25; Mt.12:46. Muitos confundem este Tiago com o Tiago filho de Alfeu, geralmente por causa dos registros ilegíveis dos pais da igreja, ou por suas próprias conclusões baseadas em Gl.1:19 e Gl.2:9. A única menção incontestável deste Tiago, após a conversão dos irmãos de Jesus (ver At.1:14; cf. Jo.7:5), está em Gl.1:19, possivelmente, também em Jd.1:1. Tiago, “o irmão do Senhor”, não deve ser confundido com Tiago filho de Alfeu (ver com. de Mc.3:18). Judas. Provavelmente o autor da epístola de Judas, pois ele é identificado como “irmão” de Tiago, o único indivíduo no NT chamado Judas, cuja identificação é segura (ver Jd.1:1; ver com. de Mc.3:18). Suas irmãs. O plural indica pelo menos duas e abre a possibilidade de mais. Escandalizavam-se nEle. Do gr. skandalizo, literalmente, “tropeçavam” (ver com. de Mt.5:29). |
Mc.6:4 | 4. Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra, senão na sua terra, entre os seus parentes e na sua casa. Profeta. Ver com. de Gn.20:7; Dt.18:15. Sem honra. A declaração de Cristo devia ser um provérbio conhecido. Se os próprios irmãos de Jesus não acreditavam que Ele era o Messias (ver Jo.7:5), como esperar que os antigos vizinhos acreditassem? Sua terra. O povo de Nazaré O conhecia bem (ver com. de Lc.2:52). A convivência diária com eles testemunhava de Sua perfeição de caráter, e eles se ressentiram porque isso os colocava em condição desfavorável. Em Seu caráter exemplar eles nada viam que particularmente os atraísse, nada que apreciassem ou considerassem de valor no alcance dos objetivos de sua vida. Seus parentes. Mesmo um ano depois, Seus irmãos não acreditavam nEle (ver com. de Jo.7:5), entretanto, eles foram convertidos após Sua morte e ressurreição (ver com. de At.1:14). |
Mc.6:5 | 5. Não pôde fazer ali nenhum milagre, senão curar uns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. Nenhum milagre. Jesus deixou de fazer milagres ali não por falta de poder, mas devido à incredulidade das pessoas envolvidas (ver Mt.13:58). Uns poucos enfermos. Alguns foram curados de males menores. Mas não houve milagres notáveis, como Jesus havia feito em outros lugares. |
Mc.6:6 | 6. Admirou-se da incredulidade deles. Contudo, percorria as aldeias circunvizinhas, a ensinar. Admirou-Se. Poucos meses antes, Jesus ficara “maravilhado” com a fé de um centurião (ver Mt.8:10). Percorria. Provavelmente enquanto os doze faziam o percurso pelas cidades e aldeias da Galileia. Marcos registra as atividades evangelísticas pessoais de Jesus antes de mencionar as deles (ver v. Mc.6:7), enquanto Mateus segue a ordem inversa (ver Mt.11:1). |
Mc.6:7 | 7. Chamou Jesus os doze e passou a enviá-los de dois a dois, dando-lhes autoridade sobre os espíritos imundos. Chamou Jesus os doze. [As instruções para os doze, Mc 6:7-13 = Mt.10:5-15 = Lc.9:1-6. Comentário principal: Mt]. Sobre o chamado original e a nomeação dos doze, ver com. de Mc.3:13-19. De dois a dois. Ver com. de Mc.3:14. Autoridade. Do gr. exousia, “poder” (ver com. de Mc.2:10; Lc.1:35). |
Mc.6:8 | 8. Ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, exceto um bordão; nem pão, nem alforje, nem dinheiro Cinto (ARC). Literalmente, “cinturão” (ver com. de Mt.10:9). |
Mc.6:9 | 9. que fossem calçados de sandálias e não usassem duas túnicas. Túnicas. Ou, “camisas” (ver com. de Mt.10:10). |
Mc.6:10 | 10. E recomendou-lhes: Quando entrardes nalguma casa, permanecei aí até vos retirardes do lugar. Sem comentário para este versículo. |
Mc.6:11 | 11. Se nalgum lugar não vos receberem nem vos ouvirem, ao sairdes dali, sacudi o pó dos pés, em testemunho contra eles. Em verdade (ARC). Ver com. de Mt.5:18. Evidências textuais favorecem (cf. p. 136) a omissão do restante do v. 11, como o faz a ARA. |
Mc.6:12 | 12. Então, saindo eles, pregavam ao povo que se arrependesse Que se arrependesse. A mesma mensagem que João e Jesus pregavam (ver Mt.3:2; Mc.1:15). Os doze ofereciam tanto cura espiritual como física. |
Mc.6:13 | 13. expeliam muitos demônios e curavam numerosos enfermos, ungindo-os com óleo. Ungindo-os com óleo. O azeite de oliva era comumente ministrado como medicação na antiga Palestina (cf. Lc.10:34); era usado interna e externamente. O uso literal do azeite como medicamento pode ter sido a base para seu uso simbólico aqui e, mais tarde, na igreja cristã. A unção com óleo como um ato de fé é mencionada somente aqui e em Tg.5:14. |
Mc.6:14 | 14. Chegou isto aos ouvidos do rei Herodes, porque o nome de Jesus já se tornara notório; e alguns diziam: João Batista ressuscitou dentre os mortos, e, por isso, nele operam forças miraculosas. Chegou isto aos ouvidos. [A morte de João Batista, Mc.6:14-29 = Mt.14:1-12 = Lc.9:7-9. Comentário principal: Mc. Ver gráfico, p. 228]. O extensivo trabalho dos doze durante o transcurso da terceira viagem pela Galileia foi suficiente para chamar a atenção geral para Jesus e Sua obra, bem como para atemorizar Herodes de que Jesus fosse João ressuscitado dos mortos. Enquanto nas duas expedições evangelísticas anteriores houve um grupo indo de vila em vila, desta vez eram sete. Os relatos chegaram a Herodes de todas as regiões, revelando uma rápida expansão do evangelho. Antes Jesus pode ter sido considerado pelas autoridades como apenas um pregador itinerante e isolado, acompanhado por um grupo heterogêneo de seguidores, mas então se tornou evidente que Ele representava um movimento bem maior. Herodes não podia mais ignorá-Lo. Herodes. Mateus menciona Herodes Antipas, filho de Herodes, o Grande, e governador da Galileia e Pereia, sob jurisdição de Roma (ver com. de Mt.2:22; Lc.3:1). Tanto Mateus (Mt.14:1) quanto Lucas se referem a Herodes Antipas por seu título oficial, “tetrarca” (ver com. de Lc.3:1). Ele era o “rei” apenas por nomeação romana, e o título de “rei” era permitido só como uma cortesia. Ele governou seu território a partir da morte do pai, Herodes, o Grande, desde 4 a.C., até 39 d.C. Sua mãe era Maltace, uma samaritana, que também foi a mãe de Arquelau (ver com. de Mt.2:22). Sua residência oficial era, provavelmente, em Tiberíades, cidade que ele construiu na costa sudoeste do lago da Galileia e que a nomeou assim em homenagem ao então imperador César Tibério (ver p. 51, 52; e gráficos, p. 28, 231). João Batista ressuscitou. Provavelmente uma superstição associada à consciência culpada foram os motivos que levaram Herodes a esta conclusão. Forças miraculosas. Ver p. 204, 205. João não tinha realizado milagres (Jo.10:41). |
Mc.6:15 | 15. Outros diziam: É Elias; ainda outros: É profeta como um dos profetas. Outros diziam. Ver Mc.8:27-28; Lc.9:19. Elias. Isto é, o profeta Elias (a respeito das profecias do AT sobre o retorno de Elias, ver com. de Is.40:3-5; Ml.3:1; Ml.4:5-6). Profeta como um dos profetas. De acordo com os boatos, Jesus era um dos antigos profetas ressuscitados ou era como um deles. Apesar de João não ter realizado milagres (Jo.10:41), mesmo os líderes em Jerusalém, sem mencionar o povo em geral (ver com. de Mt.14:5; Mt.21:26), haviam cogitado que Ele fosse um profeta (ver com. de Jo.1:19-27). |
Mc.6:16 | 16. Herodes, porém, ouvindo isto, disse: É João, a quem eu mandei decapitar, que ressurgiu. É João. Ver com. do v. Mc.6:14. |
Mc.6:17 | 17. Porque o mesmo Herodes, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe (porquanto Herodes se casara com ela), mandara prender a João e atá-lo no cárcere. Herodias. Ver com. de Lc.3:19. A princípio casada com Filipe, ela se divorciara dele para se casar com Herodes Antipas. Herodes, por sua vez, havia se divorciado da filha de Aretas, rei da Arábia. Assim, Herodes e Herodias tinham ex-cônjuges vivos. Como resultado de Herodes se divorciar, seu ex-sogro, Aretas, fez guerra contra Herodes e o derrotou. Esta derrota foi encarada pelos judeus como um juízo divino sobre Herodes por causa de sua aliança indesculpável com Herodias. Mulher de seu irmão Filipe. Não Filipe, o tetrarca (ver com. de Lc.3:1; Lc.3:19), mas um outro filho de Herodes, o Grande, com Mariamne II. Herodes Antipas, era filho de Herodes, o Grande, com Maltace e, portanto, um meio-irmão de Filipe. Herodias era neta de Herodes, o Grande, por meio do filho de Mariamne I, outra mulher de Herodes, o Grande. Herodias se casara, anteriormente, com Filipe, meio-irmão de seu pai, em seguida, tornou-se esposa de Antipas, outro meio-irmão de seu pai; portanto, dois tios dela (ver gráfico, p. 28). Atá-lo no cárcere. Ver com. de Lc.3:19-20. João, provavelmente, tinha sido preso na fortaleza de Macaeros (ver com. de Lc.3:20) antes da Páscoa de 29 d.C. até o inverno seguinte, pouco menos de um ano (ver Nota Adicional a Lucas 4; Lc.4:44). |
Mc.6:18 | 18. Pois João lhe dizia: Não te é lícito possuir a mulher de teu irmão. João lhe dizia. Sem dúvida, Herodes ouvira a pregação de João pessoalmente e, por um momento, pareceu que cederia (ou: atenderia) ao apelo por arrependimento (ver v. Mc.6:20; DTN, 214). Não te é lícito. A lei mosaica proibia estritamente casamentos como o de Herodes e Herodias (Lv.18:16; Lv.20:21) e, de acordo com Josefo, os judeus desaprovavam completamente essa união (Antiguidades, xviii.5.4). |
Mc.6:19 | 19. E Herodias o odiava, querendo matá-lo, e não podia. Herodias o odiava. A NTLH diz: “estava furiosa com João”. Herodias odiava João e esperava o momento oportuno para matá-lo. Sabendo da influência que João exercia sobre Herodes Antipas (ver com. do v. Mc.6:20), Herodias, provavelmente, temia que o tetrarca pudesse se divorciar dela, como João o havia aconselhado (cf. DTN, 214). |
Mc.6:20 | 20. Porque Herodes temia a João, sabendo que era homem justo e santo, e o tinha em segurança. E, quando o ouvia, ficava perplexo, escutando-o de boa mente. Homem justo. João era como seus pais: “ambos eram justos diante de Deus” (ver com. de Lc.1:6). E o tinha em segurança. Do gr. suntereo, “preservar [para não perecer]”. Herodes impedia Herodias de realizar seu intento de matar o profeta (ver v. Mc.6:19). Ele tinha intenção de libertá-lo, quando sentisse que era conveniente fazê-lo (ver DTN, 220, 221). Ficava perplexo. Evidências textuais favorecem (cf. p. 136) a leitura: “ele ficava muito perplexo”, que se assemelha à declaração em Lc.9:7. De boa mente. A mensagem de João carregava as credenciais divinas e, exceto pela influência de Herodias, Herodes teria se pronunciado abertamente em favor de João. |
Mc.6:21 | 21. E, chegando um dia favorável, em que Herodes no seu aniversário natalício dera um banquete aos seus dignitários, aos oficiais militares e aos principais da Galiléia, Um dia favorável. Isto é, “um momento oportuno” para a vingativa Herodias frustrar a intenção de Herodes de proteger João e, finalmente, libertá-lo (ver com. do Mc.6:20). Os planos de Herodias, sem dúvida, estavam bem definidos. Dera um banquete. No palácio ou próximo à fortaleza de Macaeros (ver com. do Mc.6:17; Mc.6:27). Dignitários. Estes eram altos funcionários do governo civil. Oficiais militares. Do gr. chiliarchoi, “comandantes de milhares”, isto é, os “oficiais” das forças militares de Herodes. Além de líderes civis e militares, sem dúvida, Herodes convidou pessoas de destaque social e econômico, os “dirigentes da Galileia”. |
Mc.6:22 | 22. entrou a filha de Herodias e, dançando, agradou a Herodes e aos seus convivas. Então, disse o rei à jovem: Pede-me o que quiseres, e eu to darei. Filha. Esta era Salomé, filha de Herodias, de um casamento anterior (ver com. do Mc.6:17). De Herodias. Literalmente, “da própria Herodias”. Marcos enfatiza aqui o fato de que Herodias mandou a própria filha dançar, em vez de uma dançarina profissional. Mesmo para os padrões da corte de Herodes, nenhuma jovem mulher respeitável teria empreendido uma dança voluptuosa como essa. De qualquer ponto de vista, essa ação ultrapassou os limites da decência. Salomé nada mais era do que um fantoche no esquema de sua mãe para matar João. Dançando. Herodias calculou exatamente que a beleza sedutora de Salomé fascinaria Herodes e seus convidados. Aos seus convivas. Isto é, os convidados (ver com. do Mc.6:21). |
Mc.6:23 | 23. E jurou-lhe: Se pedires mesmo que seja a metade do meu reino, eu ta darei. E jurou-lhe. O enfático juramento de Herodes foi feito na presença de todos os convidados. Herodes estava fora de si diante da honra sem precedentes de ter uma nobre princesa dançando para o prazer dele e dos convidados. Por meio de Herodias e Mariamne I (ver com. do v. Mc.6:17; ver p. 51, 52), Salomé era descendente direta da casa real dos hasmoneus, linhagem ilustre de sacerdotes e príncipes judeus. Metade do meu reino. Isto representava, em figura hiperbólica, o auge da generosidade (ver Et.5:3; Et.7:2). |
Mc.6:24 | 24. Saindo ela, perguntou a sua mãe: Que pedirei? Esta respondeu: A cabeça de João Batista. Saindo ela. A afirmação de que Salomé foi “instruída previamente por sua mãe” (Mt.14:8, ARC) indica antes que ela pedisse, não antes que dançasse. Salomé nada sabia sobre o plano da mãe no momento em que ela estava dançando diante de Herodes e dos convidados. Ela simplesmente se tornou um instrumento nas mãos ímpias da mãe. Que pedirei? Ou, “o que devo pedir para mim?” Não haveria nenhum propósito nesta pergunta se Salomé soubesse antes o que deveria pedir; tampouco seria necessário que ela saísse da presença do rei. |
Mc.6:25 | 25. No mesmo instante, voltando apressadamente para junto do rei, disse: Quero que, sem demora, me dês num prato a cabeça de João Batista. No mesmo instante. Instigada por Herodias, Salomé não perdeu tempo em apresentar a exigência a Herodes a fim de que, mesmo em seu estado de embriaguez, ele não refletisse sobre a inconsequente promessa e mudasse de ideia. A insistência de Herodias na ação imediata pode implicar que Herodes tendesse a vacilar ou que sua grande admiração por João fosse conhecida. Sem demora. Do gr. exautes, “de uma vez”, “imediatamente”. Num prato. Isto é, “uma escudela” (ou, prato de madeira). |
Mc.6:26 | 26. Entristeceu-se profundamente o rei; mas, por causa do juramento e dos que estavam com ele à mesa, não lha quis negar. Entristeceu-se. Mesmo embriagado, Herodes sentiu o peso da responsabilidade para com João (ver com. do Mc.6:20), mas Herodias o apanhara em um momento de fraqueza resultante da bebida e ele se sentiu impotente para agir em harmonia com o que sabia ser o certo. Não fosse pelo vinho, Herodes, provavelmente, teria se recusado a ordenar a execução (ver com. de Mt.4:3). Por causa [...] dos que estavam com ele. O juramento (ver com. do Mc.6:23) feito diante dos convidados de honra (ver com. do Mc.6:21) pareceu a Herodes impossível de ser quebrado. Não lha quis negar. Ou seja, rejeitar o pedido dela. |
Mc.6:27 | 27. E, enviando logo o executor, mandou que lhe trouxessem a cabeça de João. Ele foi, e o decapitou no cárcere, Logo. De acordo com Josefo (Antiguidades, xviii.5.2), João fora preso na fortaleza de Macaeros (ver com. de Lc.3:19; 20). A prontidão com que João foi decapitado estabelece como quase certo que a festa de aniversário foi realizada perto da prisão. Decapitou. Herodes temia João (Mc.6:20), temia o povo (Mt.14:5) e temia Herodias. Era um escravo de seus temores, mesmo que fossem contraditórios. Supersticiosamente, Herodes continuou a temer João quando este estava morto tanto quanto antes (ver Mc.6:14; Mc.6:16; Mc.6:20). |
Mc.6:28 | 28. e, trazendo a cabeça num prato, a entregou à jovem, e esta, por sua vez, a sua mãe. Entregou [...] a sua mãe. Salomé não tinha utilidade para o presente macabro. Mas nada poderia ter sido mais gratificante para a mãe sanguinária. Josefo diz que, cerca de nove anos depois, em 39 d.C., Herodes Antipas, acompanhado por Herodias, foi exilado por aspirantes às honras reais. |
Mc.6:29 | 29. Os discípulos de João, logo que souberam disto, vieram, levaram-lhe o corpo e o depositaram no túmulo. Os discípulos de João [...] souberam. Eles não estavam com João na fortaleza, embora, provavelmente, estivessem nas imediações de onde podiam vê-lo de vez em quando e auxiliá-lo oportunamente. Depois disso, os discípulos de João foram a Jesus com o relatório do que havia ocorrido (ver Mt.14:12), provavelmente, pouco antes ou durante o percurso da terceira viagem pela Galileia (ver com. de Mc.6:1). |
Mc.6:30 | 30. Voltaram os apóstolos à presença de Jesus e lhe relataram tudo quanto haviam feito e ensinado. Voltaram. [A primeira multiplicação de pães e peixes, Mc.6:30-44 = Mt.14:13-21 = Lc.9:10-17 = Jo.6:1-15. Comentário principal: Mc e Jo. Ver mapa, p. 217; e gráfico, p. 228; sobre os milagres, p. 204-210]. “Voltaram”, isto é, da terceira viagem pela Galileia (ver com. de Mt.9:36). Eles, provavelmente, estiveram separados por algumas semanas, durante o inverno de 29-30 d.C. e, então, era o início da primavera de 30 d.C., não muito tempo antes da Páscoa (Jo.6:4; cf. DTN, 364, 388). Houve então uma “reunião” (NVI), em momento e lugar predeterminados. Apóstolos. Esta é a única vez que Marcos emprega a palavra “apóstolos” (ver com. de Mt.10:2; Mc.3:14). Talvez Marcos e Lucas (ver Lc.9:10), pelo uso da palavra “apóstolos”, neste ponto da narrativa, pretendessem enfatizar a nova responsabilidade deles, em virtude de serem enviados para ensinar e curar. E Lhe relataram tudo. Jesus enviara os doze em duplas, para terem a oportunidade de pôr em prática os princípios observados anteriormente em Seu ministério. Ao retornar, eles prestaram um relatório completo do que havia ocorrido durante o itinerário percorrido. |
Mc.6:31 | 31. E ele lhes disse: Vinde repousar um pouco, à parte, num lugar deserto; porque eles não tinham tempo nem para comer, visto serem numerosos os que iam e vinham. Vinde [...] à parte. Os doze, individualmente, necessitavam de descanso e instrução. Até mesmo Jesus sentia necessidade de alívio das multidões que O procuravam e assediavam onde quer que Ele fosse, desde a madrugada até a noite. O isolamento dos discípulos com Jesus na vizinhança de Betsaida e a alimentação milagrosa dos 5 mil são os únicos incidentes da vida de Jesus entre o batismo e a entrada triunfal relatados pelos quatro evangelhos. Repousar um pouco. Seja qual for a ocupação, uma mudança ocasional não apenas produz descanso, mas concede novo vigor. Num lugar deserto. Ou seja, um lugar isolado, solitário ou remoto (ver com. de Mt.3:1; Lc.1:80). O local escolhido para este afastamento das estradas movimentadas da Galileia ficava na vizinhança de Betsaida (ver Lc.9:10), no extremo norte do lago da Galileia, a leste do ponto onde o Jordão deságua no lago e, portanto, dentro do território de Herodes Filipe (ver com. de Mt.11:21). A pequena planície em que se encontra Betsaida é El Batiha, local tradicional da alimentação dos 5 mil. Não tinham tempo nem para comer. Tal como ocorrera havia vários meses (ver Mc.3:20). |
Mc.6:32 | 32. Então, foram sós no barco para um lugar solitário. Foram sós. Eles se esforçaram para escapar de Cafarnaum sem serem notados. Um lugar solitário. Ver com. do v. Mc.6:31. |
Mc.6:33 | 33. Muitos, porém, os viram partir e, reconhecendo-os, correram para lá, a pé, de todas as cidades, e chegaram antes deles. Muitos, porém, os viram. Apesar das precauções, algumas pessoas perceberam a partida deles e observaram a direção para a qual se dirigiram ao atravessarem o lago. Correram para lá, a pé. A distância de Cafarnaum até a planície conhecida como El Batiha, em que se situava Betsaida (ver com. do v. Mc.6:31), seria de 6,4 km. A rota direta pelo lago seria de cerca de 5 km. |
Mc.6:34 | 34. Ao desembarcar, viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E passou a ensinar-lhes muitas coisas. Ao desembarcar, viu Jesus. Os que foram a pé sabiam do local aproximado onde o barco atracaria na costa. Jesus ficou a sós com os discípulos por um tempo na encosta (ver Jo.6:3; cf. v. Mc.6:5). Eles conversaram sobre os problemas encontrados em seu roteiro pelas cidades e aldeias da Galileia, e Jesus lhes deu os conselhos necessários para corrigir erros e prepará-los para um ministério mais eficaz nas ocasiões seguintes (ver DTN, 361, 364). Compadeceu-Se deles. Jesus deixou o local isolado na encosta no qual Ele e os discípulos haviam passado algum tempo e, amavelmente, saudou a multidão (cf. Lc.9:11). Passou a ensinar-lhes. De acordo com o grego, Jesus continuou a ensinar o povo. |
Mc.6:35 | 35. Em declinando a tarde, vieram os discípulos a Jesus e lhe disseram: É deserto este lugar, e já avançada a hora Em declinando a tarde. Lucas diz que “o dia começava a declinar” (Lc.9:12), literalmente, “curvar-se” (ver com. do v. Mc.6:12). Isso seria entre três horas da tarde e o pôr do sol. O registro sugere que Jesus, os discípulos e as pessoas ficaram sem alimento ou descanso durante o dia inteiro. E deserto este lugar. Ver com. do v. Mc.6:31. Já avançada a hora. O texto grego aqui é praticamente idêntico ao início do versículo, traduzido como “em declinando a tarde” (Mc.6:35). |
Mc.6:36 | 36. despede-os para que, passando pelos campos ao redor e pelas aldeias, comprem para si o que comer. Despede-os. Os discípulos não viam solução alguma para o problema, a não ser despedir as pessoas. Mas a “compaixão” de Jesus (ver v. Mc.6:34) previa tanto o bem-estar físico das pessoas quanto o espiritual. O que comer. Ou seja, alimentos em geral, qualquer coisa comestível. Não têm o que comer (ARC). Evidências textuais favorecem (cf. p. 136) a omissão destas palavras (como na ARA), que estão, contudo, implícitas no contexto. |
Mc.6:37 | 37. Porém ele lhes respondeu: Dai-lhes vós mesmos de comer. Disseram-lhe: Iremos comprar duzentos denários de pão para lhes dar de comer? Dai-lhes vós mesmos de comer. Em grego, o pronome “vós” é enfático, como se Jesus dissesse: “Dai vós de comer a eles.” Todas as ordens de Deus contêm o poder necessário para executá-las. De um ponto de vista humano, era absurdo pensar em encontrar pão, a uma curta distância e antes do anoitecer, para satisfazer as necessidades de tal multidão. A exigência feita por Jesus aos discípulos, aparentemente, era tão ilógica quanto Sua ordem anterior de pescar nas águas claras do lago durante o dia (ver com. de Lc.5:5). Essa experiência anterior pode ter vindo à mente deles, e refletiram sobre a lição que Jesus, então, pretendia que eles aprendessem. Deus sempre trabalha com os seres humanos para satisfazer as necessidades físicas e espirituais de seus semelhantes. Este princípio é fundamental para a comissão evangélica. Duzentos denários. Ou seja, 200 denários romanos (ver p. 37). Mesmo nos tempos atuais, o salário médio diário de um trabalhador comum (200 denários) seria considerado suficiente apenas para comprar comida o bastante para uma refeição escassa a uma multidão com essa dimensão. |
Mc.6:38 | 38. E ele lhes disse: Quantos pães tendes? Ide ver! E, sabendo-o eles, responderam: Cinco pães e dois peixes. Quantos pães tendes? Jesus já havia falado a Filipe a respeito de prover alimento para a multidão (ver Jo.6:5-6; Jo.1:43-44). Da mesma forma que Pedro e André, Filipe era natural de Betsaida, e como a cidade estava a curta distância de onde os eventos desse dia memorável aconteceram, Filipe devia saber onde adquirir alimento. Ele era sincero, mas tardio para crer, como ficou evidente mais de uma vez em sua estada com Cristo como discípulo (ver Jo.14:8-12; cf. DTN, 292). Foi, sem dúvida, para dar a Filipe a oportunidade de fortalecer a fé que Cristo lhe dirigiu a pergunta (ver com. de Jo.6:5-6). Foi Filipe, na verdade, que afirmou que 200 denários romanos não seriam suficientes para alimentar tanta gente (ver Jo.6:7). No entanto, deve ter sido André, talvez mais prático e predisposto, que acreditou no que Cristo disse e partiu para descobrir que alimento estava disponível (ver Jo.6:8-9). A hesitação de Filipe e a prontidão de André para dar um passo de fé se contrastam notavelmente. Ide ver. Jesus “sabia bem o que estava para fazer” (ver Jo.6:6) desde o princípio. Mas, enquanto os enviava, Ele levou os próprios doze a analisar o problema e a descobrir uma solução. Responderam. André foi quem descobriu acerca do modesto almoço que um rapaz levara para si e transmitiu o relatório a Jesus (ver Jo.6:8-9). Cinco pães e dois peixes. Os cinco “pães” eram feitos de farinha de cevada (Jo.6:9) e, provavelmente, tinham forma redonda e achatada. A cevada era bem mais barata do que o trigo, sendo o principal alimento dos pobres. Os peixes deviam estar desidratados e prontos para se comer, como ainda é costume nas regiões orientais. Eram comidos com pão, como uma espécie de iguaria. |
Mc.6:39 | 39. Então, Jesus lhes ordenou que todos se assentassem, em grupos, sobre a relva verde. Todos se assentassem. Do gr. anaklino, “deitar-se” ou “reclinar-se”. Esta era a posição habitual à mesa, pelo menos por pessoas de classes superiores (ver com. de Mc.2:15). Em grupos. O fato de as pessoas terem se reclinado em grupos pode sugerir que Cristo lhes pediu para ficar como o fariam ao redor de uma mesa em suas respectivas casas, com um espaço para permitir que os discípulos entrassem no círculo e servissem cada grupo, como um servo o faria em uma casa. Relva verde. Esta informação é registrada apenas por Marcos. Devido ao fato de as chuvas serem escassas na Palestina, de maio a setembro (ver vol. 2, p. 94), a grama estaria verde somente no inverno ou na primavera. Isto ocorreu, então, apenas poucos dias antes da Páscoa de 30 d.C., e a grama, portanto, estaria na sua melhor forma (ver Jo.6:4). Assim, o relato de Marcos é complementado perfeitamente pelo de João (ver Nota Adicional a Mateus 15; Mt.15:39). |
Mc.6:40 | 40. E o fizeram, repartindo-se em grupos de cem em cem e de cinqüenta em cinqüenta. Em grupos. O v. Mc.6:39 se refere à organização das pessoas “em grupos”, enquanto aqui a referência é ao arranjo ordenado dos grupos entre si. A ordem era aparente tanto na disposição dos indivíduos em cada grupo como no arranjo dos grupos. De cem em cem e de cinquenta em cinquenta. O arranjo ordenado de tão grande multidão, provavelmente, fora necessário a fim de que todos pudessem testemunhar o milagre, apreciar sua importância e ser alcançados com o “pão do céu” que eles estavam prestes a receber. |
Mc.6:41 | 41. Tomando ele os cinco pães e os dois peixes, erguendo os olhos ao céu, os abençoou; e, partindo os pães, deu-os aos discípulos para que os distribuíssem; e por todos repartiu também os dois peixes. Ele [...] os abençoou. Do gr. eulogeo, “louvar” ou “invocar bênçãos”. João usa a palavra eucharisteo, “ser grato”, “dar graças” (cf. Jo.6:11). Parece que havia algo característico na maneira como Cristo dava graças (ver Mt.15:36; Mt.26:26), algo que os discípulos sem dúvida testemunhavam diariamente enquanto estavam com Ele. Em Emaús, Jesus “fora por eles reconhecido no partir do pão” (Lc.24:35). Nota-se também que, em cada caso, Jesus tomava o pão em Suas mãos antes de dar graças. Mas a parte essencial da “bênção” consistia no reconhecimento de que a comida é um dom de Deus e deve se dar graças por isso. Partindo. Literalmente, “para quebrar completamente”, ou “partir em pedaços”. Pães. Ver com. do v. Mc.6:38. Deu-os. Literalmente, “continuou a entregar”. O contexto sugere que o milagre ocorria enquanto o pão estava nas mãos de Jesus, entre o ato de parti-lo e o de entregá-lo aos discípulos. Jesus só realizou milagres para atender a uma necessidade genuína (ver p. 205, 206). Enquanto havia a necessidade de alimento, Ele continuou a multiplicá-lo em Suas mãos (cf. 1Rs.17:16; 2Rs.4:4-6). Para que os distribuíssem. Uma expressão comum ao servir uma refeição. Cada um dos doze carregava os pães do milagre em sua própria cesta (ver com. do v. Mc.6:43) e servia a certo número de grupos organizados “em filas” (ACF), sobre a relva (ver com. do v. Mc.6:40). Com os cestos vazios, os discípulos voltavam a Cristo para buscar mais e, cada vez que voltavam, Ele continuava dando-lhes mais pães e peixes. O arranjo ordenado dos grupos, o serviço dos discípulos e o suprimento inesgotável de pães e peixes proporcionou aos homens, mulheres e crianças tudo o que podiam comer, em pouco tempo. Dois peixes. Ver com. do v. Mc.6:38. |
Mc.6:42 | 42. Todos comeram e se fartaram Todos comeram. Entre os judeus, as alegrias do reino messiânico eram, frequentemente, retratadas sob a figura de um banquete (ver com. de Lc.13:29; Lc.14:15). Naturalmente, como a multidão foi alimentada milagrosamente, alguns voltaram seus pensamentos para as perspectivas messiânicas. No mesmo dia em que comeram os pães e os peixes, as pessoas concluíram que Jesus era “o profeta” (ver com. de Jo.6:14; cf. Dt.18:15; Mt.11:3; Jo.4:25) que havia de vir ao mundo. O milagre as levou à conclusão de que Jesus devia ser aquele predito por todos os profetas (ver Lc.24:27; Jo.1:45), o Rei que viria para Israel (ver Is.9:6-7; ver com. de Lc.1:32-33). Assim, tentaram coroá-Lo rei imediatamente (ver Jo.6:15). Aquele que podia ressuscitar os mortos, curar os doentes e fornecer alimento para as multidões, obviamente, possuía poder para libertar Israel da sujeição a Roma. Sob Sua liderança, os exércitos de Israel seriam invencíveis, e as mais acariciadas expectativas dos que esperavam um messias político seriam concretizadas (ver com. de Mt.3:2; Mt.4:17; Mt.5:2; Lc.4:19). A alimentação de 5 mil pessoas foi o milagre culminante do ministério pela Galileia, testemunhado por vasta multidão, e que não pôde ser explicado por céticos do tempo de Cristo nem pelos de hoje. Como resultado desse milagre, o ministério pela Galileia chegou repentinamente a um clímax (ver com. de Lc.2:49). A cura do homem no tanque de Betesda, um ano antes (ver com. de Jo.5), levara o ministério da Judeia a uma conclusão prematura. E se fartaram. O pão multiplicado milagrosamente, evidenciando a autenticidade do milagre, foi distribuído a cada pessoa da vasta multidão, não em quantidade pequena, mas o suficiente para satisfazer o apetite. Esta abundância comprovou o poder ilimitado de Jesus. Somente quando as necessidades de todos foram plenamente satisfeitas, o fornecimento foi interrompido. Jesus estava tão atento às necessidades físicas dos que foram a Ele como às necessidades espirituais. No entanto, a provisão assim feita para as necessidades físicas devia direcionar as pessoas às suas muito mais importantes necessidades espirituais e ao “pão da vida”, como o meio para satisfazê-las (ver Jo.6:26-51). O tipo de alimento fornecido era a comida simples de pescadores e camponeses e testemunhou contra a ostentação. A maneira em que foi fornecido provou o poder de Deus capaz de suprir todas as necessidades humanas. A abundância testificou a respeito dos recursos infinitos de Deus e de Sua capacidade de prover “infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos” (Ef.3:20). A coleta das sobras testemunhou que nenhuma das bênçãos de Deus deve ser desperdiçada. A participação dos discípulos na distribuição dos alimentos comprovou que as bênçãos do Céu são disponibilizadas por meio da atividade dos que estão dispostos a cooperar com o Onipotente. Os discípulos eram, simplesmente, canais de bênçãos, eles deviam receber antes que pudessem dar. O fato de a alimentação dos 5 mil ser o único milagre registrado pelos quatro evangelistas o caracteriza como de grande importância (para uma comparação deste milagre com o da alimentação dos 4 mil, ver a Nota Adicional a Mateus 15; Mt.15:39). |
Mc.6:43 | 43. e ainda recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe. Cestos. Do gr. kophinos, geralmente uma pequena cesta de vime, como a que um judeu levaria consigo ao empreender uma viagem por regiões nas quais os alimentos não seriam obtidos facilmente e, especialmente, para evitar a compra de alimentos dos gentios (ver com. do v. Mc.6:41). O tipo de cesta a qual se faz alusão em Mc.8:8 (gr. spuris) é um grande cesto de vime usado para transportar vários tipos de cargas, como provisões para um grupo de pessoas, um conjunto de ferramentas de operário, etc. Paulo foi transportado por cima do muro de Damasco, em um spuris. Mais tarde, Jesus distinguiu cuidadosamente (em grego) entre o tipo de cesta, do gr. kophinos, usada na ocasião em que os 5 mil foram alimentados (ver Mt.16:9; Mc.8:19), e o tipo de cesta, gr. spuris, usada quando foram alimentados 4 mil (ver Mt.16:10; Mc.8:20). Pedaços. Do gr. klasma, literalmente, “o que está partido”; consequentemente, “um fragmento” ou “um bocado”. O contexto deixa claro que esses “pedaços” não eram restos parcialmente comidos, mas as porções originalmente deixadas com os grupos que estavam além das necessidades do grupo (ver com. do v. Mc.6:41) e, por isso, não haviam sido utilizadas. São “pedaços” no sentido de que foram “partidas” dos cinco pães originais (ver com. do v. Mc.6:41). |
Mc.6:44 | 44. Os que comeram dos pães eram cinco mil homens. Homens. Do gr. andres, “homens adultos”, em contraste com as mulheres, em vez do gr. anthropoi, “seres humanos”, isto é, “pessoas”, em contraste com os animais (ver com. de Mc.2:27). Assim, fica claro que havia 5 mil homens presentes, “além de mulheres e crianças” (ver Mt.14:21). Pode-se fazer uma estimativa de que um número igual de 4 mulheres e crianças estaria presente, aumentando o total para mais de 10 mil pessoas. |
Mc.6:45 | 45. Logo a seguir, compeliu Jesus os seus discípulos a embarcar e passar adiante para o outro lado, a Betsaida, enquanto ele despedia a multidão. Logo. [Jesus anda por sobre o mar, Mc.6:45-52 = Mt.14:22-33 = Jo.6:16-21. Comentário principal: Mt e Jo]. A Betsaida. Isto é, “adiante dEle a Betsaida”. |
Mc.6:46 | 46. E, tendo-os despedido, subiu ao monte para orar. Tendo-os despedido. Ou, “despediu-Se deles”. A expressão grega era comum para uma despedida cortês. |
Mc.6:47 | 47. Ao cair da tarde, estava o barco no meio do mar, e ele, sozinho em terra. Ao cair da tarde. Ver com. de Mt.14:23. |
Mc.6:48 | 48. E, vendo-os em dificuldade a remar, porque o vento lhes era contrário, por volta da quarta vigília da noite, veio ter com eles, andando por sobre o mar; e queria tomar-lhes a dianteira. Sem comentário para este versículo. |
Mc.6:49 | 49. Eles, porém, vendo-o andar sobre o mar, pensaram tratar-se de um fantasma e gritaram. Sem comentário para este versículo. |
Mc.6:50 | 50. Pois todos ficaram aterrados à vista dele. Mas logo lhes falou e disse: Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais! Sem comentário para este versículo. |
Mc.6:51 | 51. E subiu para o barco para estar com eles, e o vento cessou. Ficaram entre si atônitos, Atônitos. Isto é, muito admirados. |
Mc.6:52 | 52. porque não haviam compreendido o milagre dos pães; antes, o seu coração estava endurecido. Não haviam compreendido. Sua atenção não estava no milagre que tinham acabado de presenciar, mas na própria desilusão por Jesus não Se permitir ser coroado rei (ver com. do v. Mc.6:42). Endurecido. Ver com. de Ex.4:21. O coração dos discípulos estava “endurecido” no sentido de que não entenderam o significado do milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. Estado. [Jesus em Genesaré, Mc.6:53-56 = Mt.14:34-36]. |
Mc.6:53 | 53. Estando já no outro lado, chegaram a terra, em Genesaré, onde aportaram. Sem comentário para este versículo. |
Mc.6:54 | 54. Saindo eles do barco, logo o povo reconheceu Jesus Sem comentário para este versículo. |
Mc.6:55 | 55. e, percorrendo toda aquela região, traziam em leitos os enfermos, para onde ouviam que ele estava. Leitos. Ver com. de Mc.2:4. |
Mc.6:56 | 56. Onde quer que ele entrasse nas aldeias, cidades ou campos, punham os enfermos nas praças, rogando-lhe que os deixasse tocar ao menos na orla da sua veste; e quantos a tocavam saíam curados. Onde quer que Ele entrasse. Esta declaração parece sugerir a passagem de um período; também pode ser um resumo das experiências durante as semanas precedentes ou do que aconteceu por vários dias ou semanas após a alimentação dos 5 mil. O milagre que alimentou os 5 mil ocorreu pouco antes da Páscoa (ver Jo.6:4; cf. DTN, 364, 388). Então, é mais provável que esta passagem se refira ao ministério de Jesus entre a ocasião desse milagre e Sua partida para a Siro-Fenícia. Praças. Literalmente, “lugares de comércio”, que ficavam nas ruas das cidades e vilas (ver com. de Mt.11:16). |
Mc.7:1 | 1. Ora, reuniram-se a Jesus os fariseus e alguns escribas, vindos de Jerusalém. Ora, reuniram-se. [Jesus e a tradição dos anciãos. O que contamina o homem, Mc.7:1-23 = Mt.15:1-20. Comentário principal: Mc. Ver mapa, p. 217; cf. p. 3, 4, 83-87]. Neste ponto da narrativa, tanto Mateus como Marcos passam por alto o incidente significativo na sinagoga de Cafarnaum, quando, no final do discurso sobre o “Pão da Vida”, a opinião popular na Galileia se voltou contra Jesus (ver Jo.6:25-7:1; ver com. de Mt.15:21). Contrariamente ao costume, Jesus permaneceu na Galileia durante a época da Pascoa (ver Jo.7:1; cf. DTN, 395), sem dúvida, atendendo as necessidades das pessoas discretamente (ver com. de Mc.6:56). Logo após a festa, provavelmente durante a última parte de abril ou início de maio, ocorreu o encontro com os escribas e fariseus, que haviam pouco tinham voltado de Jerusalém. Fariseus. Ver p. 39, 40. Escribas. Ver p. 43; ver com. de Mc.1:22. De Jerusalém. Os líderes judeus ficaram alarmados com a rápida expansão do evangelho evidenciada pela então recente terceira viagem pela Galileia (ver com. de Mt.15:21; Mc.6:14). As pessoas aqui referidas eram, sem dúvida, membros de uma delegação mais ou menos oficial do Sinédrio, enviadas com a finalidade específica de obter uma alegação para levar o ministério de Jesus ao fim (cf. DTN, 395). |
Mc.7:2 | 2. E, vendo que alguns dos discípulos dele comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar E, vendo. Os fariseus e os escribas sabiam que os discípulos estavam simplesmente seguindo o costume de Jesus (cf. com. de Lc.11:38). Indiretamente, esta foi uma provocação pessoal a Jesus. Os escribas e os fariseus pretendiam atribuir a Ele a negligência em relação às suas leis. Ao proceder de forma indireta, provavelmente, eles também evitariam ofender aqueles que pensavam bem de Jesus. Os líderes em Jerusalém olhavam para as pessoas analfabetas e simples da Galileia com desprezo e, geralmente, se referiam a elas como ainme haarets, literalmente, “as pessoas da terra” (ver p. 43). E foi na companhia de uma multidão desses sinceros galileus que este encontro ocorreu. Pão. Literalmente, “pães”, mas aqui provavelmente indique “comida” em geral. Impuras. Do gr. koinos, originalmente significa “comum”, isto é, compartilhado por muitas pessoas. Mais tarde, passou a significar “vulgar” ou “profano” e é neste sentido que Marcos usa a palavra aqui (cf. com. de At.10:14). Por lavar. Como escrevia para não judeus (ver p. 611, 612), que poderiam não compreender a natureza da provocação que os espiões apresentavam, Marcos descreveu o que ele queria dizer com “impuras”. Mateus, provavelmente, escrevendo principalmente para os judeus (ver p. 272, 275), não faz tal declaração explicativa. A purificação aqui referida era estritamente ritual, não sanitária. Este rito consistia em verter uma pequena quantidade de água sobre a palma de uma mão, depois na outra, com a mão em tal posição que a água passasse da palma da mão para o punho, mas não mais além, cuidando-se o tempo todo para que a água corresse de volta para a palma da mão e, depois, alternadamente esfregando as duas mãos. A quantidade mínima de água prescrita era a que caberia em uma casca e meia de ovo. No entanto, onde não houvesse água disponível, uma ablução a seco era permitida, na qual uma pessoa poderia simplesmente simular o lavar das mãos da forma prescrita. |
Mc.7:3 | 3. (pois os fariseus e todos os judeus, observando a tradição dos anciãos, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos Tradição. Do gr. paradosis, literalmente, “uma entrega”, ou “uma transferência”, por isso, “uma tradição”, que é transferida a outros oralmente ou por escrito. Como usado nos evangelhos, paradosis se refere ao pesado fardo de regras orais rabínicas que haviam se desenvolvido em torno da Torah (ver com. de Dt.31:9; Pv.3:1). As tradições dos doutores da lei eram o alvo específico dos ataques de Jesus sobre o sistema religioso judaico de Sua época. Em português, a palavra “tradição” significa “transmissão oral [...] de geração em geração”. Com o tempo, essa tradição oral, originalmente destinada a proteger a lei escrita do AT, chegou a ser considerada mais sagrada do que a própria lei (ver DTN, 395). Por uma obediência mecânica às exigências da tradição oral, a pessoa automaticamente estaria guardando a lei escrita, incluindo os dez mandamentos. Em outras palavras, se uma pessoa cumprisse com o sentido exato da interpretação tradicional da lei, ela não precisaria se preocupar com o espírito da lei escrita. Esse sistema legalista reduziu a religião a uma questão de forma e baniu o espírito da verdadeira adoração e obediência, sem a qual a pessoa serve a Deus em vão (ver Jo.4:23-24; cf. Mc.7:7). Um sistema de justiça obtido por meio das “obras” da lei substituiu o plano da salvação, por intermédio do qual Deus desejava que as pessoas alcançassem a justiça que é pela fé (cf. Rm.9:31-32; Rm.10:3). Cristo procurou restaurar todas as instruções de Deus reveladas ao seu lugar de direito no pensamento e na vida de Seu povo. Ele procurou conferir às palavras de Deus prioridade sobre as palavras humanas. Ele tentou acabar com meras formas exteriores da religião e cultivar o verdadeiro espírito da religião no coração. Anciãos. Isto é, os rabis mais velhos ou intérpretes da lei. Não comem sem lavar. Ver com. do v. Mc.7:2. Cuidadosamente. Do gr. pugme, literalmente, “punho”, sob a forma usada aqui, “com o punho”. Sugere-se que pugme significa aqui “um punho cheio [de água]”. Evidência textual também pode ser citada (cf. p. 136) para a leitura pukna, significando “vigorosamente”, “diligentemente”, ou “habitualmente”. |
Mc.7:4 | 4. quando voltam da praça, não comem sem se aspergirem; e há muitas outras coisas que receberam para observar, como a lavagem de copos, jarros e vasos de metal [e camas]), Praça. Ou seja, o mercado em plena rua, onde o produto era comprado e vendido (ver com. de Mt.11:16). O pensamento rabínico considerava inevitável que uma pessoa, ao se misturar com a multidão no mercado, entrasse em contato com pessoas ou coisas que estivessem impuras e, assim, “se contaminasse”. Aspergirem. Evidências textuais também favorecem (cf. p. 136) a leitura “purificar”. Outras coisas. Talvez incluindo vasilhas, roupas (ver Lv.11:32), mãos e pés (cf. Ex.30:19-21). Receberam para observar. A tradição é “transmitida” por uma geração e “recebida” para ser mantida pela seguinte. É dada pelo instrutor e recebida pelo discípulo. Copos. Do gr. xestai, singular xestes, uma medida romana (sextarius), contendo cerca de meio litro (ver p. 38). Xestes é uma das diversas palavras de derivação latina encontradas no evangelho de Marcos. Metal. Literalmente, “bronze” ou “cobre”. Camas. Literalmente, “sofás” ou “leitos”. Entretanto, a evidência textual se divide (cf. p. 136) entre manter ou excluir a expressão. |
Mc.7:5 | 5. interpelaram-no os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos de conformidade com a tradição dos anciãos, mas comem com as mãos por lavar? Andam. Em sentido figurado, “viver”. Comparar com o “andar” de Enoque com Deus (ver Gn.5:24). Era o modo de vida dos discípulos, ou a maneira de viver, que perturbava fariseus e escribas. |
Mc.7:6 | 6. Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Profetizou Isaías. Ver com. de Is.29:13. As palavras de Isaías descreviam o Israel de seus dias, como o contexto deixa claro, mas eram igualmente verdadeiras a respeito dos judeus nos dias de Cristo (ver com. de Dt.18:15). Assim, quando Cristo disse: “Profetizou Isaías a respeito de vós”, Ele não quis dizer que Isaías profetizou algo verdadeiro particularmente e exclusivamente a respeito dos judeus do tempo de Cristo, mas que a descrição que Isaías fizera de Israel em seus dias também se aplicava às pessoas dos dias de Cristo (ver Mc.7:6). Hipócritas. Ver com. de Mt.6:2. Honra-Me. Aparentemente obedecendo a vontade de Deus, na realidade, os “anciãos” (v. Mc.7:3) estavam “ensinando doutrinas que são preceitos de homens” (v. Mc.7:7). Era uma questão de salvação pela fé ou pelas obras. Jesus afirmou que aqueles que adoram a Deus devem fazê-lo “em espírito e em verdade” (ver Jo.4:23-24). A ênfase sobre essa verdade levou Cristo a um amargo conflito com os líderes judeus. O perigo de se exaltarem preceitos humanos e mesmo interpretações humanas das exigências divinas acima dos “preceitos mais importantes da Lei” (Mt.23:23) não é menor hoje do que naqueles dias. |
Mc.7:7 | 7. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. Ensinando doutrinas. Literalmente, “preceito [por] preceito”. |
Mc.7:8 | 8. Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens. Mandamento de Deus. A forma singular, usada aqui, se refere a tudo o que Deus ordenou, toda a vontade divina revelada (ver com. de Mt.22:37-39). O “mandamento” de Deus “é ilimitado” (Sl.119:96); isto abrange “o dever de todo homem” (Ec.12:13). O ideal apresentado aqui é o de ser “perfeito”, assim como “perfeito” é o Pai celeste (ver com. de Mt.5:48). Tradição. A “tradição dos homens” se mostra em claro contraste com o “mandamento de Deus”. O lavar (ARC). Evidências textuais favorecem (cf. p. 136) a omissão do restante do v. Mc.7:8, começando com estas palavras, como o faz a ARA. De todo modo, a declaração é inquestionavelmente verdadeira, pois o mesmo pensamento é expresso nos v. Mc.7:4; Mc.7:13. |
Mc.7:9 | 9. E disse-lhes ainda: Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa própria tradição. Jeitosamente. Nota-se uma ironia implícita nas palavras de Cristo. |
Mc.7:10 | 10. Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe seja punido de morte. Moisés disse. A primeira parte da citação de Cristo vem do quinto mandamento, e a segunda, das leis do código civil (ver Ex.21:17). Seja punido de morte. Esta expressão grega é um reflexo da forma hebraica que significa “certamente morrerás” que seria, literalmente, “morrer você morrerá” (ver com. de Gn.2:17). Em outras palavras, a morte devia ser a pena inevitável pela violação do quinto mandamento. |
Mc.7:11 | 11. Vós, porém, dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta para o Senhor, Vós, porém, dizeis. Jesus então dá uma ilustração específica do que Ele quis dizer com a expressão: “Vocês estão sempre encontrando uma boa maneira para pôr de lado os mandamentos de Deus, a fim de obedecer às suas tradições” (v. Mc.7:9, NVI). Com isso, Jesus esclarece que os judeus estavam adorando a Deus em vão (ver v. Mc.7:7). Eles acusaram Cristo de revogar a lei, mas Ele deixou claro que, por meio da interpretação tradicional da lei, de fato, eles faziam a mesma coisa de que O acusavam falsamente (ver com. de Mt.5:17-19; Mt.5:21-22). Corbã. Do gr. korban, que provém do heb. qorban, “uma dádiva”, “uma oferta”, literalmente, “o que é levado para perto”. Nas regiões orientais, ninguém pensaria em abordar um superior ou “aproximar-se” sem apresentar um “presente”. Qualquer coisa sobre a qual uma pessoa pronunciasse as palavras “é corbã” era dedicada a Deus e ao templo. Oferta. Escrevendo, principalmente, para leitores não judeus (ver p. 611, 612), Marcos interpreta aqui uma palavra que tinha pouco ou nenhum significado para eles. |
Mc.7:12 | 12. então, o dispensais de fazer qualquer coisa em favor de seu pai ou de sua mãe, Dispensais. Ou, “consentir” (ver com. de Mt.19:14). Fazer qualquer coisa. Uma pessoa poderia, assim, enganar seus pais, em nome da religião, com a aprovação dos sacerdotes e sob o pretexto de que Deus exigia isso dela. Qualquer coisa sobre a qual a palavra “Corbã” fosse pronunciada seria, desse modo, dedicada a uso sagrado, ou seja, do templo (ver com. do v. Mc.7:11). Os pais não tinham permissão para tocar qualquer coisa assim “consagrada”, mas o filho desleal era autorizado a fazer uso dela enquanto vivesse. Ele se eximia de seu dever filial por uma profissão de devoção superior. Por esse procedimento desonesto, os sacerdotes eram complacentes com seus paroquianos, a fim de aliviar estes últimos da obrigação solene de sustentar os pais. |
Mc.7:13 | 13. invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós mesmos transmitistes; e fazeis muitas outras coisas semelhantes. Invalidando. Isto é, para todos os efeitos práticos, eles anulavam o quinto mandamento. Jesus estava diante da multidão reunida como o defensor de seus direitos, enquanto os escribas e fariseus eram expostos como verdadeiros hipócritas (ver v. Mc.7:6) e inimigos de Deus e de seus semelhantes. Muitas outras coisas semelhantes. O exemplo que Cristo citou não era um caso isolado, como os escribas e fariseus bem sabiam. |
Mc.7:14 | 14. Convocando ele, de novo, a multidão, disse-lhes: Ouvi-me, todos, e entendei. De novo. Do gr. panta. Entretanto, evidências textuais favorecem (cf. p. 136) a leitura palin, “mais uma vez”. Esta leitura implicaria que Jesus se dirigia à multidão quando os escribas e fariseus O interromperam com sua queixa (ver Mc.7:2). Assim que silenciou os críticos, Jesus novamente Se dirigiu ao povo com o objetivo de deixar clara a verdadeira natureza do problema envolvido no conflito sobre a tradição (ver Mc.7:3). Ouvi-Me. As pessoas deviam prestar atenção diligente a fim de perceber a hipocrisia daqueles líderes religiosos. |
Mc.7:15 | 15. Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai do homem é o que o contamina. Nada há fora do homem. Os comentaristas geralmente se desviam do ponto principal, nos v. Mc.7:15 a Mc.7:23, aplicando a discussão ao problema dos alimentos cárneos puros e impuros diferenciados em Lv.11. O contexto deixa claro que Jesus não estava colocando em dúvida qualquer preceito do AT, mas negando a validade da tradição oral (ver com. de Mc.7:3). Aqui, especificamente, trata-se da tradição que declarava que o alimento ingerido com as mãos não devidamente lavadas, no sentido ritualístico, tornava-se a causa da contaminação, (ver com. do Mc.7:2). Era sempre, e exclusivamente, contra “os preceitos de homens” (v. Mc.7:7) que Jesus protestava, em nítida distinção do “mandamento de Deus” (v. Mc.7:8), conforme estabelecido nas Escrituras. Aplicar os v. Mc.7:15 a Mc.7:23 à questão de carnes puras e impuras é ignorar completamente o contexto. Se Jesus, nesse momento, eliminasse a distinção entre alimentos puros e impuros é evidente que Pedro, mais tarde, não teria reagido à ideia de comer alimentos cárneos imundos como o fez (ver com. de At.10:9-18; At.10:34; At.11:5-18). Deve-se ressaltar que o problema em discussão entre Jesus e os fariseus nada tinha a ver com o tipo de alimento a ser consumido, mas apenas com o modo com que era ingerido, se com ou sem o ritual da purificação das mãos (ver com. dos v. Mc.7:2-3). Segundo os regulamentos judaicos, a carne, mesmo que limpa de acordo com Lv.11, ainda poderia ser considerada contaminada pelo contato com pessoas impuras (ver com. de Mc.6:43). O que sai. Para obter uma lista das “coisas” às quais Cristo se refere, ver os v. Mc.7:21-23. Cristo afirma então que a corrupção moral de quebrar “o mandamento de Deus” é mais importante do que a impureza ritual, especialmente quando a última se baseia na “tradição dos homens” (ver com. dos v. Mc.7:7-8). A profanação da alma, Jesus diz, é uma questão muito mais grave do que a corrupção ritual do corpo, ocasionada pelo contato com pessoas ou coisas impuras. Que o contamina. Ver v. Mc.7:21-23. Mesmo no AT, Deus afirma especificamente que Ele não Se agrada com as meras formas de adoração cerimonial (ver Is.1:11-13; Mq.6:6-8), praticadas como um fim em si mesmas. |
Mc.7:16 | 16. [Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.] Tem ouvidos. A evidência textual permanece dividida (cf. p. 136) quanto a incluir ou eliminar o v. Mc.7:16. No entanto, Cristo usou frequentemente esta expressão (ver Mt 11:15) e, certamente, é apropriada para o contexto em questão. |
Mc.7:17 | 17. Quando entrou em casa, deixando a multidão, os seus discípulos o interrogaram acerca da parábola. Em casa. “Uma casa”, possivelmente a casa de Pedro, em Cafarnaum (ver com. de Mc.1:29; Mc.2:1). O restante deste discurso foi dirigido aos discípulos, em particular (Mc.7:17-23). Seus discípulos. De acordo com Mateus, foi Pedro, como de costume, que atuou como porta-voz do grupo (ver com. de Mt.14:28). Parábola. Ver p. 197-204. Uma parábola pode ser apenas uma declaração expressiva, porém breve. Aqui, refere-se à figura empregada no v. Mc.7:15, sobre as coisas que entram e as que saem pela boca. Se esta “parábola” provou ser um mistério mesmo para os discípulos, a multidão dificilmente poderia ter compreendido seu significado pleno (ver com. do v. Mc.7:14). |
Mc.7:18 | 18. Então, lhes disse: Assim vós também não entendeis? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar, Também não endendeis? Isto é, assim como a multidão a quem a “parábola” fora contada. Era razoável esperar que os discípulos estivessem à frente das pessoas comuns quando se tratava de compreender as verdades da salvação. |
Mc.7:19 | 19. porque não lhe entra no coração, mas no ventre, e sai para lugar escuso? E, assim, considerou ele puros todos os alimentos. No coração. Ou seja, a mente (ver com. de Mt.5:8). Em outras palavras, comer sem lavar as mãos não teria qualquer efeito moral sobre o ser humano. No ventre. Alimentos cerimonialmente imundos (ver com. do v. Mc.7:15) iriam para o estômago, e não havia nenhum meio pelo qual a impureza cerimonial supostamente atribuída a eles pudesse ser absorvida pelo corpo. Lugar escuso. Do gr. aphedron, “uma latrina” ou “uma privada”. O termo não se refere, como frequentemente se supõe, a uma parte do corpo humano. Puros todos os alimentos. Literalmente, “julgar limpos todos os alimentos”, do gr. bromata (ver com. de Lc.3:11). Na ARC, esta declaração é uma parte da instrução de Cristo, sugerindo que o processo de digestão e eliminação implicaria purificação em relação ao que se ingeriu. No grego, no entanto, está claro que estas não são palavras de Cristo, mas, sim, de Marcos, e que constituem seu comentário sobre o significado das palavras de Cristo. Jesus teria declarado “puros” todos os alimentos, em relação ao tema discutido que tinha que ver com o ritual de purificação (ver com. do v. Mc.7:2). Deve-se notar que a palavra gr. bromata, traduzida como “alimentos”, significa simplesmente “o que é comido” e inclui qualquer comida; mas nunca denota a carne de animais como distinguida de outros tipos de alimentos. Limitar as palavras “puros todos os alimentos” para alimentos cárneos e concluir que Cristo, aqui, aboliu a distinção entre carnes puras e impuras utilizadas como alimento (ver Lv.11) é ignorar o sentido do texto. Além disso, o contexto (v. Mc.7:1-14; Mc.7:20-23) não trata da impureza biológica, mas da impureza cerimonial à qual, supostamente, as pessoas se expunham a partir da omissão da lavagem ritual (ver com. do v. Mc.7:15). O tipo de comida que os discípulos ingeriam (v. Mc.7:2; Mc.7:5) não é referido, mas apenas a forma como eles o faziam (ver com. dos v. Mc.7:2; Mc.7:5; Mc.7:15). Do começo ao fim, Cristo lida com a difícil questão do contraste entre o “mandamento de Deus” e a “tradição dos homens” (ver com. dos v. Mc.7:5-15; Mc.7:19; ver também com. dos v. Mc.7:21-23). |
Mc.7:20 | 20. E dizia: O que sai do homem, isso é o que o contamina. |
Mc.7:21 | 21. Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, De dentro. Jesus conclui a questão com uma declaração das coisas que “contaminam o homem” (v. Mc.7:23). A corrupção, segundo Ele, é moral, não cerimonial (ver com. do v. Mc.7:15). Afeta a alma, não o corpo. Maus desígnios. Jesus enumera 13 coisas diferentes que “contaminam” (comparar a lista dada aqui com a de Rm.1:29-31 e Cl.5:19-21). Prostituição. Do gr. porneiai, um termo que inclui todas as formas de relações sexuais ilícitas. |
Mc.7:22 | 22. a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Avareza. Do gr. pleonexiai, significando “desejos gananciosos de ter mais”, portanto, “cobiça”, “avidez” ou “avareza”. O desejo de ter mais e mais é uma obsessão entre pessoas desta natureza. Malícias. Do gr. poneriai, maldade em geral, também, mas especificamente, como provavelmente é o caso aqui, “malignidade”. Lascívia. Ou, “licenciosidade”. Inveja. Tradução grega de uma expressão idiomática hebraica (ver Dt.15:9), provavelmente com o sentido de “cobiça”, que significa “ciumento” ou de “espírito rancoroso”. Blasfêmia. Do gr. blasphemia, que significa “irreverência” a Deus, mas “calúnia” quando dirigida contra os semelhantes, como aqui (sobre o uso desta palavra no sentido de “blasfêmia”, ver com. de Mt.12:31). Loucura. Isto é, a qualidade da pessoa “sem juízo”. “Insensatez” seria outra possibilidade de tradução. |
Mc.7:23 | 23. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem. Estes males. Ver com. dos v. Mc.7:2-4; Mc.7:15; Mc.7:19; sobre os traços positivos de caráter com os quais o cristão pode substituir esses traços negativos, ver Gl.5:22-23; 2Pe.1:4-8; sobre o perigo de tentar remover os maus traços sem cultivar os bons em seu lugar, ver com. de Mt.12:43-45. |
Mc.7:24 | 24. Levantando-se, partiu dali para as terras de Tiro [e Sidom]. Tendo entrado numa casa, queria que ninguém o soubesse; no entanto, não pôde ocultar-se, Levantando-se, partiu dali. [A mulher siro-fenícia, Mc.7:24-30 = Mt.15:21-28. Comentário principal: Mt]. |
Mc.7:25 | 25. porque uma mulher, cuja filhinha estava possessa de espírito imundo, tendo ouvido a respeito dele, veio e prostrou-se-lhe aos pés. Sem comentário para este versículo. |
Mc.7:26 | 26. Esta mulher era grega, de origem siro-fenícia, e rogava-lhe que expelisse de sua filha o demônio. Grega. Isto é, “uma gentílica”, não necessariamente uma pessoa grega por descendência ou nascimento (cf. Rm.1:16; DTN, 399). |
Mc.7:27 | 27. Mas Jesus lhe disse: Deixa primeiro que se fartem os filhos, porque não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. Sem comentário para este versículo. |
Mc.7:28 | 28. Ela, porém, lhe respondeu: Sim, Senhor; mas os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem das migalhas das crianças. Sem comentário para este versículo. |
Mc.7:29 | 29. Então, lhe disse: Por causa desta palavra, podes ir; o demônio já saiu de tua filha. Sem comentário para este versículo. |
Mc.7:30 | 30. Voltando ela para casa, achou a menina sobre a cama, pois o demônio a deixara. Sem comentário para este versículo. |
Mc.7:31 | 31. De novo, se retirou das terras de Tiro e foi por Sidom até ao mar da Galiléia, através do território de Decápolis. De novo, Se retirou. [A cura de um surdo e gago, Mc.7:31-37. Ver mapa, p. 218; gráfico, p. 228; sobre milagres, p. 204-210]. A respeito da região à qual Marcos se refere, da qual Cristo, “Se retirou”, ver com. de Mt.15:21. Mateus não diz nada sobre a rota seguida por Jesus na viagem de regresso da Fenícia. Terras. Literalmente, “fronteiras”; aqui, significa “território”. Sidom. Evidências textuais favorecem (cf. p. 136) a leitura “através de Sidom”, o que significa que, a partir da vizinhança de Tiro, Jesus foi mais longe em direção ao norte, antes de Se dirigir a leste e ao sul na direção de Decápolis (cf. DTN, 404). Mar da Galileia. Provavelmente prosseguindo para o sul ao longo da costa oriental do lago. Decápolis. Ver p. 34; ver com. de Mt.4:25. |
Mc.7:32 | 32. Então, lhe trouxeram um surdo e gago e lhe suplicaram que impusesse as mãos sobre ele. Então, Lhe trouxeram. O homem afligido não deve ter ido por sua própria vontade, uma vez que não tinha ouvido falar de Cristo. Pela fé de seus amigos ele fora conduzido a Jesus. Decápolis era a região em que Cristo curara os endemoniados de Gadara, que haviam cumprido fiel e zelosamente sua comissão de contar aos vizinhos pagãos a respeito de Jesus (ver com. de Mc.5:19-20). Possivelmente, como resultado do trabalho desses outrora endemoniados é que os amigos do surdo decidiram levá-lo a Cristo. Surdo. Do gr. kophos, literalmente, “insensível”, “mouco”; usado aqui em referência ao sentido da audição (ver com. de Lc.1:22). Gago. Este homem não era absolutamente mudo, pois, quando curado, “falava desembaraçadamente” (v. Mc.7:35). Isso sugere que antes de ser curado ele podia falar, embora não perfeitamente. Sua incapacidade de falar com nitidez pode ter resultado de sua surdez. |
Mc.7:33 | 33. Jesus, tirando-o da multidão, à parte, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e lhe tocou a língua com saliva Tirando-o [...] à parte. Assim como fez, mais tarde, com o cego de Betsaida (ver Mc.8:22-26). Ambos os distritos eram basicamente povoados por pagãos (ver com. de Mt.4:25) e, por isso, parece provável que esse homem também fosse um gentio. Talvez Jesus tenha levado o surdo à parte pelo fato de o procedimento seguido na cura ser incomum, o que poderia ser mal compreendido pela multidão precipitada e interpretado como uma forma de mágica semelhante aos encantamentos de mágicos pagãos. Pôs-lhe os dedos. Literalmente, “introduziu os dedos” nos ouvidos do homem. Tem-se sugerido que, por este gesto, Jesus procurou transmitir ao homem aflito a ideia de que Ele estava interessado em sua desventurada condição. Tocou a língua. O homem não era apenas surdo, mas, por consequência, também gago (ver com. do v. Mc.7:32). Assim, Cristo tocou ambos os órgãos que tinham necessidade de cura. Saliva. A literatura antiga preserva exemplos do uso de saliva por médicos e curandeiros que acreditavam que isso era capaz de transmitir cura, de seus corpos para os de seus pacientes, como se possuísse propriedades curativas. Mas não há uma razão por que Jesus aqui escolheu curar dessa maneira incomum. Alguns acham que esse gesto tenha sido simplesmente uma concessão à ignorância e ao embotamento da percepção do homem. Mas, independente de qual tenha sido o motivo, o procedimento seguido se assemelha ao da cura do cego de Betsaida (ver Mc.8:22-26). |
Mc.7:34 | 34. depois, erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse: Efatá!, que quer dizer: Abre-te! Erguendo os olhos ao céu. Esta é a única ocasião de cura em que Jesus ergueu o olhar ao céu. Ele fizera isto na alimentação dos 5 mil, quando abençoou os pães e os peixes (ver Mc.6:41), na ressurreição de Lázaro (ver Jo.11:41) e no momento da oração intercessória por Seus discípulos (cf. Jo.17:1). Aparentemente, na ocasião desta cura, o objetivo do gesto era dirigir os pensamentos do surdo a Deus e ao céu, a fim de tornar claro que a cura viria somente pelo poder divino. Suspirou. Do gr. stenazo, “suspirar” ou “gemer”. Isto não foi parte da comunicação com o homem afligido, mas uma expressão da reação do próprio Jesus como ser humano ao sofrimento e fraqueza das pessoas (ver com. de Jo.1:14). Na surdez do homem, Ele viu uma imagem enternecedora da surdez dos corações humanos à mensagem que Ele transmitia; e, na fraqueza daquela pessoa, Ele viu outras que levavam vidas sem sentido. Efatá! Uma expressão aramaica preservada por Marcos (ver com. de Mc.5:41), sem dúvida, a própria palavra que Jesus usou na ocasião. Abre-te. Referindo-se, naturalmente, aos ouvidos do homem e à restauração de sua audição. Marcos traduz a expressão aramaica para benefício de seus leitores. |
Mc.7:35 | 35. Abriram-se-lhe os ouvidos, e logo se lhe soltou o empecilho da língua, e falava desembaraçadamente. Empecilho. Do gr. desmos, “amarra” ou “atadura”. Isso não significa, necessariamente, um defeito no órgão da fala do homem, embora isso não seja descartado. Desembaraçadamente. Do gr. orthos, “continuamente”, “perfeitamente” ou “corretamente”. Isto implica que o homem era capaz de falar, mas de forma embaraçada, a ponto de ser compreendido apenas com dificuldade. |
Mc.7:36 | 36. Mas lhes ordenou que a ninguém o dissessem; contudo, quanto mais recomendava, tanto mais eles o divulgavam. A ninguém o dissessem. Jesus ordenou isso muitas vezes àqueles a quem foram realizados milagres incomuns de cura (ver Mt.8:4; Mt.9:30; Mt.12:16; Mt.17:9; Mc.5:43; ver com. de Mc.1:44). Nesta região predominantemente gentílica a razão para o silêncio pode ter sido o desejo de evitar despertar a expectativa popular de que o ministério do qual, até então, muito tinham ouvido, seria repetido ali de forma ampla. Os pagãos também não estavam preparados para compreender a verdadeira natureza da mensagem de Cristo. Mas, onde encontrou gentios que deram provas de grande fé, Jesus os honrou. Quanto mais. O contraste entre o pedido de Jesus e a reação das pessoas mostra a profunda impressão causada pelos milagres. Certamente seria muito difícil para eles manter silêncio a respeito desses grandes eventos testemunhados na história de Israel. Esses eventos evidenciavam a divindade de Cristo. |
Mc.7:37 | 37. Maravilhavam-se sobremaneira, dizendo: Tudo ele tem feito esplendidamente bem; não somente faz ouvir os surdos, como falar os mudos. Tudo Ele tem feito esplendidamente bem. Este foi o veredito dos pagãos que aprenderam algo sobre Jesus por intermédio dos dois ex-endemoniados de Gadara (ver com. de Mc.5:20). Como as pessoas comuns da Galileia, os pagãos O “ouvia[m] com prazer” (ver com. de Mc.12:37). |
Mc.8:1 | 1. Naqueles dias, quando outra vez se reuniu grande multidão, e não tendo eles o que comer, chamou Jesus os discípulos e lhes disse: Naqueles dias. [A segunda multiplicação de pães e peixes, Mc.8:1-10 = Mt.15:32-39. Comentário principal: Mt]. Outra vez. Evidências textuais favorecem (cf. p. 136) a variante “de novo”. Isto sugere que aqui se faz referência, indiretamente, à alimentação dos 5 mil (ver com. de Mt.15:32). |
Mc.8:2 | 2. Tenho compaixão desta gente, porque há três dias que permanecem comigo e não têm o que comer. Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:3 | 3. Se eu os despedir para suas casas, em jejum, desfalecerão pelo caminho; e alguns deles vieram de longe. Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:4 | 4. Mas os seus discípulos lhe responderam: Donde poderá alguém fartá-los de pão neste deserto? Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:5 | 5. E Jesus lhes perguntou: Quantos pães tendes? Responderam eles: Sete. Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:6 | 6. Ordenou ao povo que se assentasse no chão. E, tomando os sete pães, partiu-os, após ter dado graças, e os deu a seus discípulos, para que estes os distribuíssem, repartindo entre o povo. Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:7 | 7. Tinham também alguns peixinhos; e, abençoando-os, mandou que estes igualmente fossem distribuídos. Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:8 | 8. Comeram e se fartaram; e dos pedaços restantes recolheram sete cestos. Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:9 | 9. Eram cerca de quatro mil homens. Então, Jesus os despediu. Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:10 | 10. Logo a seguir, tendo embarcado juntamente com seus discípulos, partiu para as regiões de Dalmanuta. Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:11 | 11. E, saindo os fariseus, puseram-se a discutir com ele; e, tentando-o, pediram-lhe um sinal do céu. Saindo os fariseus. [Os fariseus pedem um sinal do céu, Mc.8:11-13 = Mt.16:1-4. Comentário principal: Mt]. |
Mc.8:12 | 12. Jesus, porém, arrancou do íntimo do seu espírito um gemido e disse: Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo que a esta geração não se lhe dará sinal algum. Suspirando profundamente (ARC). Um detalhe mencionado apenas por Marcos. Jesus estava decepcionado com a lentidão do povo para compreender a verdade espiritual (ver com. de Mt.16:9; Mc.7:34). |
Mc.8:13 | 13. E, deixando-os, tornou a embarcar e foi para o outro lado. Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:14 | 14. Ora, aconteceu que eles se esqueceram de levar pães e, no barco, não tinham consigo senão um só. Um só. [O fermento dos fariseus e o de Herodes, Mc.8:14-21 = Mt.16:5-12). Outro detalhe mencionado apenas por Marcos. |
Mc.8:15 | 15. Preveniu-os Jesus, dizendo: Vede, guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes. Fermento de Herodes. Ou seja, a má influência de Herodes, particularmente seu mundanismo e caráter irresoluto (ver com. de Mt.13:33; Mt.16:6). A passagem paralela em Mt.16:6 menciona os saduceus em vez de Herodes. Uma vez que os saduceus procuravam o favor do poder dominante e eram apegados às coisas mundanas (ver p. 40), seus principais interesses estavam estreitamente identificados com os de Herodes, e eles transmitiam as diretrizes dele para a nação judaica. Portanto, como se fala a respeito da influência, as informações usadas em Mateus e Marcos são intercambiáveis. |
Mc.8:16 | 16. E eles discorriam entre si: É que não temos pão. Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:17 | 17. Jesus, percebendo-o, lhes perguntou: Por que discorreis sobre o não terdes pão? Ainda não considerastes, nem compreendestes? Tendes o coração endurecido? Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:18 | 18. Tendo olhos, não vedes? E, tendo ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:19 | 19. de quando parti os cinco pães para os cinco mil, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes? Responderam eles: Doze! Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:20 | 20. E de quando parti os sete pães para os quatro mil, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes? Responderam: Sete! Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:21 | 21. Ao que lhes disse Jesus: Não compreendeis ainda? Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:22 | 22. Então, chegaram a Betsaida; e lhe trouxeram um cego, rogando-lhe que o tocasse. Então, chegaram. [A cura de um cego em Betsaida, Mc.8:22-26. Ver mapa, p. 218; e gráfico, p. 228; sobre os milagres, ver p. 204-210]. Jesus e os discípulos tinham acabado de chegar de Magdala (ver com. de Mt.16:1; Mt.16:5) e, depois deste incidente, continuaram o caminho rumo a Cesareia de Filipe (ver Mc.8:27; ver com. de Mt.16:13). Para chegar a Betsaida (ver com. de Mt.11:21), mais uma vez, Jesus deixou a Galileia, pelos mesmos motivos que levaram a Sua retirada para a Fenícia algumas semanas antes (ver com. de Mt.15:21; Mt.16:13). O milagre realizado nesta ocasião se assemelha em muitos aspectos ao operado em favor do surdo em Decápolis, não muito tempo antes (ver com. de Mc.7:31-37). E Lhe trouxeram. Como também no caso do surdo de Decápolis (ver com. de Mc.7:32). |
Mc.8:23 | 23. Jesus, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia e, aplicando-lhe saliva aos olhos e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: Vês alguma coisa? Levou-o para fora. Provavelmente havia pelo menos duas razões para isto: (1) evitar a publicidade (ver com. do v. Mc.8:26) e (2) ajudar o cego a se concentrar e compreender o que Cristo estava prestes a fazer por ele (cf. com. de Mc.5:37; Mc.5:40; Mc.7:33). Jesus parece ter realizado comparativamente poucos milagres durante Seu ministério público e, na maioria dos casos, Ele estava cercado por pessoas, em grande medida, pagãs. Vês alguma coisa? Esta é a única ocasião registrada em que Jesus fez esta pergunta que deve ter sido feita com o objetivo de fortalecer a fé do homem (ver com. do v. Mc.8:24). |
Mc.8:24 | 24. Este, recobrando a vista, respondeu: Vejo os homens, porque como árvores os vejo, andando. Os homens [...] como árvores. Este é o único caso registrado em que Jesus realizou a cura em duas etapas. Não há uma razão evidente para o uso deste método. No entanto, deve-se notar que, quando a visão foi parcialmente restaurada ao homem, sua fé aumentou e ele estava pronto a acreditar que Jesus poderia curá-lo completamente (ver com. do v. Mc.8:23). |
Mc.8:25 | 25. Então, novamente lhe pôs as mãos nos olhos, e ele, passando a ver claramente, ficou restabelecido; e tudo distinguia de modo perfeito. Novamente lhe pôs as mãos. Ver com. de Mc.7:33; Mc.8:23. Claramente. Do gr. telaugos, literalmente, “muito brilhante”, isto é, “à distância e claramente”. Evidências textuais favorecem (cf. p. 136) a leitura delaugos, “radiante” ou “em plena luz”. Tudo. Ou, “a todos” (ARC). |
Mc.8:26 | 26. E mandou-o Jesus embora para casa, recomendando-lhe: Não entres na aldeia. Na aldeia. Ou seja, Betsaida (ver com. do v. Mc.8:22). Aparentemente, a casa do homem não era nesta cidade, na qual Jesus lhe disse para não entrar. Essa restrição se destinava a impedir que a notícia do milagre se espalhasse e, assim, auxiliaria Jesus em Sua intenção de garantir a discrição (ver com. do v. Mc.8:22). |
Mc.8:27 | 27. Então, Jesus e os seus discípulos partiram para as aldeias de Cesaréia de Filipe; e, no caminho, perguntou-lhes: Quem dizem os homens que sou eu? Jesus e os Seus discípulos partiram. [A confissão de Pedro, Mc.8:27-30 = Mt.16:13-20 = Lc.9:18-21]. Comentário principal: Mt. |
Mc.8:28 | 28. E responderam: João Batista; outros: Elias; mas outros: Algum dos profetas. Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:29 | 29. Então, lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Respondendo, Pedro lhe disse: Tu és o Cristo. Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:30 | 30. Advertiu-os Jesus de que a ninguém dissessem tal coisa a seu respeito. Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:31 | 31. Então, começou ele a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do Homem sofresse muitas coisas, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, fosse morto e que, depois de três dias, ressuscitasse. Começou Ele a ensinar-lhes. [Jesus prediz Sua morte e ressurreição, Mc.8:31-33 = Mt.16:21-23 = Lc.9:22]. Ver com. de Mt.16:21. |
Mc.8:32 | 32. E isto ele expunha claramente. Mas Pedro, chamando-o à parte, começou a reprová-lo. Claramente. Isto é, “abertamente” ou “sem reservas”. Marcos não quis dizer que Jesus fez um anúncio público do ensinamento que, naquele momento, apresentou aos discípulos, mas que discutiu o assunto com eles abertamente. |
Mc.8:33 | 33. Jesus, porém, voltou-se e, fitando os seus discípulos, repreendeu a Pedro e disse: Arreda, Satanás! Porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens. Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:34 | 34. Então, convocando a multidão e juntamente os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Multidão. [O discípulo de Jesus deve levar a sua cruz, Mc.8:34-9:1 = Mt.16:24-28 = Lc.9:23-27]. Devia haver outros com Jesus, além dos discípulos regulares, talvez judeus moradores da região que tinham ouvido falar dEle (ver com. de Mt.16:24). |
Mc.8:35 | 35. Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á. Evangelho. Ver com. de Mc.1:1. Apenas Marcos relata este detalhe da história. Aqui, Jesus Se identifica com Sua mensagem (ver Jo.6:51; Jo.6:63). |
Mc.8:36 | 36. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:37 | 37. Que daria um homem em troca de sua alma? Sem comentário para este versículo. |
Mc.8:38 | 38. Porque qualquer que, nesta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos. Geração adúltera e pecadora. Ver com. de Mt.11:16; Mt.12:39. Outro detalhe desta ocasião mencionado apenas por Marcos (ver com. do v. Mc.8:35). Qualquer que [...] se envergonhar. Ver com. de Mt.10:32; Rm.1:16. Na glória. Uma referência à segunda vinda de Cristo (ver com. de Mt.25:31), da qual o evento seguinte, a transfiguração, foi uma demonstração em miniatura (ver com. de Mt.16:28). |
Mc.9:1 | 1. Dizia-lhes ainda: Em verdade vos afirmo que, dos que aqui se encontram, alguns há que, de maneira nenhuma, passarão pela morte até que vejam ter chegado com poder o reino de Deus. Alguns. Este primeiro versículo pertence, mais propriamente, ao final do cap. Mc.8 (cf. Mt.16:28; Lc.9:27). |
Mc.9:2 | 2. Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, Tiago e João e levou-os sós, à parte, a um alto monte. Foi transfigurado diante deles Seis dias depois. [A transfiguração, Mc.9:2-13 = Mt.17:1-13 = Lc.9:28-36. Comentário principal: Mt]. |
Mc.9:3 | 3. as suas vestes tornaram-se resplandecentes e sobremodo brancas, como nenhum lavandeiro na terra as poderia alvejar. Como a neve (ARC). Evidências textuais favorecem (cf. p. 136) a omissão destas palavras, como o faz a ARA. Alvejar. Ou, “branquear”. |
Mc.9:4 | 4. Apareceu-lhes Elias com Moisés, e estavam falando com Jesus. Sem comentário para este versículo. |
Mc.9:5 | 5. Então, Pedro, tomando a palavra, disse: Mestre, bom é estarmos aqui e que façamos três tendas: uma será tua, outra, para Moisés, e outra, para Elias. Sem comentário para este versículo. |
Mc.9:6 | 6. Pois não sabia o que dizer, por estarem eles aterrados. Sem comentário para este versículo. |
Mc.9:7 | 7. A seguir, veio uma nuvem que os envolveu; e dela uma voz dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi. Sem comentário para este versículo. |
Mc.9:8 | 8. E, de relance, olhando ao redor, a ninguém mais viram com eles, senão Jesus. Sem comentário para este versículo. |
Mc.9:9 | 9. Ao descerem do monte, ordenou-lhes Jesus que não divulgassem as coisas que tinham visto, até o dia em que o Filho do Homem ressuscitasse dentre os mortos. Ao descerem. [A vinda de Elias, Mc.9:9-13 = Mt.17:9-13]. |
Mc.9:10 | 10. Eles guardaram a recomendação, perguntando uns aos outros que seria o ressuscitar dentre os mortos. Guardaram a recomendação. Apesar de eles perderem muito do que poderiam ter aprendido com aquela experiência, os discípulos ficaram impressionados com a declaração de Cristo de que ressuscitaria dos mortos. No entanto, eles não podiam compreender a ideia de um Messias sofredor. Ainda estavam cegos pelo conceito popular do Messias como poderoso conquistador (ver com. de Lc.4:19). Ressuscitar dentre os mortos. Os discípulos estavam confusos quanto à relação que tal evento poderia ter com Aquele a quem eles consideravam ser o Messias. |
Mc.9:11 | 11. E interrogaram-no, dizendo: Por que dizem os escribas ser necessário que Elias venha primeiro? Sem comentário para este versículo. |
Mc.9:12 | 12. Então, ele lhes disse: Elias, vindo primeiro, restaurará todas as coisas; como, pois, está escrito sobre o Filho do Homem que sofrerá muito e será aviltado? Está escrito. Ver Sl.22; Is.53; ver com. de Lc.24:26. Filho do Homem. Jesus usa aqui a designação familiar pela qual Ele frequentemente Se referia a Si mesmo (ver com. de Mt.1:1; Mc.2:10). Aviltado. Ou, “tratado com escárnio”. |
Mc.9:13 | 13. Eu, porém, vos digo que Elias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, como a seu respeito está escrito. Sem comentário para este versículo. |
Mc.9:14 | 14. Quando eles se aproximaram dos discípulos, viram numerosa multidão ao redor e que os escribas discutiam com eles. Quando eles se aproximaram. [A cura de um jovem possesso, Mc.9:14-29 = Mt.17:14-21 = Lc.9:37-43. Comentário principal: Mc. Ver mapa, p. 218; gráfico, p. 228; sobre os milagres, ver p. 204-210]. No dia seguinte à transfiguração, Jesus e os três discípulos desceram do monte até a planície logo abaixo, onde os outros nove os aguardavam (ver Lc.9:37; cf. DTN, 426). Qualquer uma das duas “planícies” galileias mencionadas na Bíblia, a planície de Genesaré (ver com. de Lc.5:1) ou o vale de Esdraelom, é considerada uma área provável como adjacente ao monte da transfiguração. Provavelmente esse monte, cujo nome não é mencionado, não ficava longe de uma ou de outra dessas “planícies” (ver com. de Mt.17:1). Escribas. Ver p. 43. Discutiam com eles. Ou seja, eles os interrogavam, como o contexto deixa claro. A atitude dos escribas era hostil. Este detalhe é mencionado apenas por Marcos. Os escribas podem ter sido alguns dos que “vieram de Jerusalém” com o objetivo de desviar a atenção das pessoas de Jesus e apresentar um relatório sobre o que Ele dizia e fazia (ver com. de Mc.7:1; Mt.16:1). Como em outras ocasiões, eles atacavam Jesus por meio de Seus discípulos (ver Mc.2:16; Mc.2:18; Mc.2:24; Mc.7:5). Nesta ocasião, eles procuravam expor Jesus e os discípulos como impostores, explorando o fato de que ali estava um demônio diante do qual os discípulos eram impotentes (cf. DTN, 427). |
Mc.9:15 | 15. E logo toda a multidão, ao ver Jesus, tomada de surpresa, correu para ele e o saudava. Tomada de surpresa. A razão da surpresa com a aproximação de Jesus, possivelmente, seja melhor explicada como a reação da multidão diante dos traços de glória que sem dúvida permaneceram na face dos que testemunharam a transfiguração (cf. Ex.34:29-35; DTN, 427). |
Mc.9:16 | 16. Então, ele interpelou os escribas: Que é que discutíeis com eles? Ele interpelou os escribas. Os escribas podem ter ficado em silêncio ao Jesus Se aproximar. Sem dúvida, o clima tenso que prevalecia e que era derivado da própria presença dos escribas tornou evidente que eles estiveram ridicularizando os nove discípulos. |
Mc.9:17 | 17. E um, dentre a multidão, respondeu: Mestre, trouxe-te o meu filho, possesso de um espírito mudo Um, dentre a multidão. Uma vez que eles foram silenciados e contrariados por Jesus quando se esforçaram por desacreditá-Lo anteriormente, os escribas se retiraram do debate (ver com. de Mc.2:19; Mc.7:11-13; Mt.16:1-4; cf. DTN, 427). Isso deu ao pai do pobre rapaz endemoniado a oportunidade de apresentar seu pedido pessoalmente. Trouxe-Te. Lc.9:38 diz que o pai pediu a Jesus para “ver” seu filho. No grego, esta era uma expressão comum para um exame médico. Um espírito mudo. Sobre a possessão demoníaca, ver Nota Adicional a Marcos 1; Mc.1:45. |
Mc.9:18 | 18. e este, onde quer que o apanha, lança-o por terra, e ele espuma, rilha os dentes e vai definhando. Roguei a teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam. Vai definhando. Do gr. xeraino, “secar” ou “debilitar”. Em Tg.1:11, xeraino é usado para a grama seca. Talvez o pai, aqui, estivesse descrevendo a piora progressiva da condição física do rapaz, ou um estágio da doença em que o corpo do rapaz ficava enrijecido. Eles não puderam. A evidência textual apoia (cf. p. 136) o acréscimo das palavras “expulsá-lo” (comparar a experiência dos discípulos com a de Geazi, em 2Rs.4:31). |
Mc.9:19 | 19. Então, Jesus lhes disse: Ó geração incrédula, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-mo. Incrédula. Isto é, “sem fé” ou “descrente” (comparar com a avaliação de Deus sobre Israel no tempo de Moisés, ver Nm.14:27; Hb.3:17-19). Não é provável que Jesus Se referisse ao pai do menino possuído pelo demônio quando disse estas palavras, pois a fé do pai não era o único obstáculo no caminho da cura de seu filho. Uma vez que os próprios discípulos, principalmente, estavam em falta (ver com. de Mc.9:29), pode ser que o Salvador os tivesse em mente. Mas Ele não desejava censurá-los em público, portanto, não faria deles o objeto imediato de Suas observações. No entanto, se os discípulos estavam “descrentes”, quanto mais a multidão! Até quando [...]? Estas palavras sugerem que Jesus, aqui, fala como um ser divino, que, temporariamente, estava em meio à condição humana. Sofrerei. Literalmente, “suportar” ou “tolerar”. Moisés teve a mesma experiência com Israel no deserto (ver Nm.20:10). |
Mc.9:20 | 20. E trouxeram-lho; quando ele viu a Jesus, o espírito imediatamente o agitou com violência, e, caindo ele por terra, revolvia-se espumando. Revolvia-se. Ou, “rolava-se”. O rapaz estava em situação lamentável. |
Mc.9:21 | 21. Perguntou Jesus ao pai do menino: Há quanto tempo isto lhe sucede? Desde a infância, respondeu Perguntou Jesus ao pai do menino. Detalhe registrado apenas por Marcos. Há quanto tempo [...]? Este é o único caso registrado em que Jesus fez uma pergunta específica sobre os antecedentes de alguém que Ele curou. Suas razões para fazer isto não são claras. Possivelmente, Ele tenha recorrido ao pai para uma descrição da doença e seus efeitos, a fim de que os observadores fossem pelo menos sensíveis à grave condição do menino (ver com. do v. Mc.9:18). Pode ter sido por essa razão que Cristo permitiu que o espírito convulsionasse o menino quando saiu dele (ver com. do v. Mc.9:26). |
Mc.9:22 | 22. e muitas vezes o tem lançado no fogo e na água, para o matar; mas, se tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. Para o matar. O caso era crônico e, por essa razão, do ponto de vista humano, era mais difícil de lidar. No texto grego, a expressão “sofre muito” (ver Mt.17:15) era geralmente usada para descrever doenças que a habilidade humana era incapaz de aliviar. Se Tu podes alguma coisa. Ver com. de Mc.1:40. Ajuda-nos. O pai faz do caso do filho o seu próprio (cf. Mt.15:22; Mt.15:25). |
Mc.9:23 | 23. Ao que lhe respondeu Jesus: Se podes! Tudo é possível ao que crê. Sem comentário para este versículo. |
Mc.9:24 | 24. E imediatamente o pai do menino exclamou [com lágrimas]: Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé! Minha falta de fé. O pai não teria levado o filho se já não possuísse certa medida de fé (cf. com. de Jo.4:43-54). |
Mc.9:25 | 25. Vendo Jesus que a multidão concorria, repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai deste jovem e nunca mais tornes a ele. Multidão. Este incidente provavelmente ocorreu durante o período de encerramento do ministério público, durante o qual Jesus procurou Se desvencilhar da publicidade e evitar despertar o entusiasmo ao qual Ele não pretendia satisfazer (ver com. de Mt.15:21). Jesus, portanto, passou a efetuar a cura sem demora. Repreendeu o espírito imundo. O demônio tinha causado a limitação física do garoto. A consequência desapareceria com a causa (ver Lc.9:42). |
Mc.9:26 | 26. E ele, clamando e agitando-o muito, saiu, deixando-o como se estivesse morto, a ponto de muitos dizerem: Morreu. Agitando-o muito. Isto é, “o convulsionou” ou “agitou-o intensamente”. Jesus pode ter permitido a manifestação final do poder do demônio para que o contraste entre a condição lamentável do menino e a condição de libertado ficasse ainda mais evidente. Como se estivesse morto. O menino estava completamente exausto pela violência do espasmo que se manifestara nele. |
Mc.9:27 | 27. Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou. Jesus, tomando-o. O demônio o tinha deixado e, então, o toque de Jesus restabeleceu a força do jovem (ver com. de Mc.5:27). |
Mc.9:28 | 28. Quando entrou em casa, os seus discípulos lhe perguntaram em particular: Por que não pudemos nós expulsá-lo? Em casa. Esta expressão em português indica que esta era uma casa particular que Cristo considerava como Sua, possivelmente, a casa de Pedro, em Cafarnaum (ver com. de Mc.1:29; Mc.2:1), um lar temporário para Jesus durante o restante de Sua estada na Galileia (cf. DTN, 432). Por que não pudemos [...]? Os doze haviam expulsado demônios durante a terceira viagem pela Galileia (ver Mc.6:13). Eles não entendiam por que o poder que Jesus lhes concedera tinha sido tirado deles. |
Mc.9:29 | 29. Respondeu-lhes: Esta casta não pode sair senão por meio de oração [e jejum]. Esta casta. Os escribas tinham atribuído o desamparo dos nove discípulos a um suposto poder superior daquele demônio, afirmando que a autoridade de Jesus estava limitada a demônios menos poderosos (cf. DTN, 427). O verdadeiro problema, porém, não estava no poder do demônio, mas na impotência espiritual dos discípulos. Senão por meio de oração. Cristo não se referia à oração feita em relação à expulsão de demônios. Ele não estava falando da oração momentânea, mas de uma vida impulsionada pela oração. Durante a transfiguração, os nove discípulos haviam dado lugar a desânimos e queixas pessoais, com espírito de ciúmes devido ao favor mostrado a seus companheiros ausentes (Pedro, Tiago e João; ver DTN, 431). A condição mental e espiritual deles tornou impossível que Deus operasse por seu intermédio. E jejum. A evidência textual favorece a omissão (cf. p. 136) desta palavra, entre colchetes na ARA (ver com. de Mt.6:16; Mc.2:18). |
Mc.9:30 | 30. E, tendo partido dali, passavam pela Galiléia, e não queria que ninguém o soubesse E tendo partido dali. [De novo Jesus prediz a Sua morte e ressurreição, Mc.9:30-32 = Mt.17:22-23 = Lc.9:43-45. Comentário principal: Mc. Ver mapa, p. 218]. Ou seja, a partir da planície ao lado do monte da transfiguração, onde Jesus curou o menino (ver com. do v. Mc.9:14). Passavam pela Galileia. Talvez por um caminho sinuoso que levava até Cafarnaum (ver com. de Mt.17:24). Esta jornada secreta pela Galileia, provavelmente, tenha tomado vários dias durante a última parte do verão de 30 d.C., cerca de sete ou oito meses antes da crucifixão. Não queria. Se Jesus permanecesse por muito tempo numa localidade, a notícia logo se espalharia, e uma multidão se reuniria. Assim, a chegada dela interromperia a importante instrução que Ele procurava transmitir aos discípulos. Por essa razão, Jesus pode ter passado de um lugar para outro na Galileia, provavelmente, evitando cidades e aldeias que tinham testemunhado Seus milagres meses antes. Contornando cidades e vilas, seria uma forma eficaz de evitar que as pessoas soubessem de Seu paradeiro. Mesmo os discípulos não conseguiriam aproveitar integralmente a instrução que Ele tinha para eles e, se o círculo de fiéis estivesse necessitado de percepção espiritual, as pessoas comuns não se beneficiariam com o que Cristo tinha para dizer naquele momento. |
Mc.9:31 | 31. porque ensinava os seus discípulos e lhes dizia: O Filho do Homem será entregue nas mãos dos homens, e o matarão; mas, três dias depois da sua morte, ressuscitará. Ensinava. Literalmente, “Ele estava ensinando”, isto é, Ele continuou a ensinar. Esta é a segunda, de pelo menos três ocasiões específicas, em que Jesus falou aos discípulos claramente acerca dos sofrimentos e da morte iminentes (cf. com. de Mt.16:21; Mt.20:17-19). Não havia dúvida sobre outras ocasiões, quando Jesus lhes dera instrução semelhante, conforme indicado em Mt.16:21. A intenção de estar a sós com os discípulos, a fim de transmitir essas mensagens, aparentemente explica o sigilo com que Jesus então andava para lá e para cá na Galileia (ver com. de Mc.9:30; cf. DTN, 432). Filho do Homem. Ver com. de Mt.1:1; Mc.2:10. Três dias depois. Ver com. p. 246-248. |
Mc.9:32 | 32. Eles, contudo, não compreendiam isto e temiam interrogá-lo. Eles [...] não compreendiam. Apesar de tudo que Jesus tinha dito, era linguagem simples (ver com. do v. Mc.9:31), os discípulos ainda não compreendiam (ver com. de Lc.9:45). A principal razão pela qual não conseguiam entender é que eles não queriam aceitar ser necessário que o Messias sofresse e morresse (ver com. de Mt.16:22-23). Essa ideia era um desafio às suas opiniões preconcebidas sobre o Messias (ver com. de Lc.4:19). Eles esperavam que, afinal, Cristo reinaria como um príncipe temporal e não estavam dispostos a abandonar as expectativas entusiásticas da honra que eles esperavam compartilhar com Ele quando o tempo chegasse (cf. DTN, 415, 417; ver com. de Lc.4:19). Temiam interrogá-Lo. Cientes de que compartilhavam do ponto de vista havia pouco apresentado por Pedro e de que, se falassem naquele momento, seria apenas para expressar os mesmos pensamentos (ver com. de Mt.16:22-23), permaneceram em silêncio. De acordo com Mt.17:23, eles estavam “muito tristes” (NTLH), isto é, “muito angustiados”. |
Mc.9:33 | 33. Tendo eles partido para Cafarnaum, estando ele em casa, interrogou os discípulos: De que é que discorríeis pelo caminho? Partido para Cafarnaum. [O maior no reino dos céus, Mc.9:33-37 = Mt.18:1-5 = Lc.9:46-48. Comentário principal: Mt e Mc. Ver mapa, p. 218; e gráfico, p. 228]. Sobre as circunstâncias em que este regresso a Cafarnaum ocorreu e para uma comparação entre os relatos de Marcos e de Mateus sobre o discurso, ver com. de Mt.18:1. |
Mc.9:34 | 34. Mas eles guardaram silêncio; porque, pelo caminho, haviam discutido entre si sobre quem era o maior. Eles guardaram silêncio. Literalmente, “eles permaneceram em silêncio”, ou “eles continuaram em silêncio”. Persistentemente eles se recusavam a responder à pergunta de Jesus (v. Mc.9:33). Discutido. Do gr. dialegomai, “debater” ou “disputar”. |
Mc.9:35 | 35. E ele, assentando-se, chamou os doze e lhes disse: Se alguém quer ser o primeiro, será o último e servo de todos. Quer ser o primeiro. Aqui, Jesus chega ao centro do problema, cada um dos doze desejava ser o “primeiro” no reino. Todos esperavam prontamente que o Senhor assumisse o poder (ver com. de Mt.18:1). Esqueceram-se de que a verdadeira grandeza consiste na renúncia ao poder como um objetivo de vida. No momento em que uma pessoa se propõe a ser grande, dá provas de pequenez espiritual (comparar com Mt.23:8-12; Mc.10:43-44; Lc.22:24-26). Servo. Do gr. diakonos, do qual se origina a palavra portuguesa “diácono” (ver Fp.1:1; 1Tm.3:8; 1Tm.3:12). Um diakonos é aquele que atende às necessidades dos outros e pode ser um “escravo” ou uma pessoa livre, embora a palavra implique serviço prestado voluntariamente. Outra palavra grega comumente traduzida como “servo”, doulos, significa um “escravo”, no sentido comum da palavra. No NT, diakonos é comumente usado para um “ministro” do evangelho (ver 1Co.3:5; Ef.3:7; 1Ts.3:2). O reino dos céus é essencialmente uma questão de se prestar serviço a Deus e aos semelhantes, não de receber isso deles. O verdadeiro amor consiste em dar amor e não em exigi-lo (ver com. de Mt.5:43). O maior é aquele que ama mais a Deus e aos semelhantes e que melhor os serve. |
Mc.9:36 | 36. Trazendo uma criança, colocou-a no meio deles e, tomando-a nos braços, disse-lhes: Sem comentário para este versículo. |
Mc.9:37 | 37. Qualquer que receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que a mim me receber, não recebe a mim, mas ao que me enviou. Não recebe a Mim. Ver com. de Jo.12:44-45. |
Mc.9:38 | 38. Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que, em teu nome, expelia demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não seguia conosco. Disse-Lhe João. [Jesus ensina a tolerância e caridade, Mc.9:38-41 = Lc.9:49-50]. Não no sentido de “responder” (ARC) a uma pergunta específica de Jesus, mas de comentar observações anteriores. Essas observações levaram João a considerar como inapropriada a repreensão que ele e seu irmão Tiago tinham dirigido a alguém que agia em nome de Jesus (cf. DTN, 437). Vimos um. O fato de o incidente aqui referido envolver apenas João e Tiago sugere a possibilidade de que tenha ocorrido durante a terceira viagem pela Galileia, quando os dois irmãos haviam saído juntos (ver com. de Mt.10:05; Mc.3:14). O qual não nos segue. Não se tratava de um dos discípulos regulares, reconhecidos por Jesus. E nós Iho proibimos. Ou, “nós o impedimos”. Tiago e João tomaram semelhante atitude de intolerância em outra ocasião, pouco depois disto (ver com. de Lc.9:54). Na ocasião aqui relatada, eles justificaram sua conduta com base na preocupação deles com a honra de seu Mestre; na realidade, a preocupação com sua própria honra havia motivado a ação (ver DTN, 437). Eles repreenderam o homem por fazer o que eles julgavam ter o direito exclusivo de fazer (ver com. de Mt.10:8). Mas, apesar de Tiago e João serem discípulos e terem as “chaves” do reino em suas mãos (ver com. de Mt.16:19; Mt.18:18), eles não tinham direito à soberania sobre os outros. A comissão dada a eles era positiva em vez de negativa. Eles eram zelosos no cumprimento das ordens que lhes foram dadas, mas não tinham o direito de dar ordens aos outros. É a maldade que leva líderes religiosos a pensar que é seu dever coagir outros ao padrão de conduta e crença que eles entendem como o correto. |
Mc.9:39 | 39. Mas Jesus respondeu: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e, logo a seguir, possa falar mal de mim. Não lho proibais. Isto é, deixem de impedi-lo. Não temos o direito de forçar as pessoas a estar de acordo com as nossas ideias e opiniões, ou a seguir os nossos métodos de trabalho (ver DTN, 438; cf. Nm.11:27-29). Milagre. Do gr. dynamis (ver p. 204, 205). Em Meu nome. Pedro (ver At.3:6-8), Paulo (ver At.16:16-18) e, provavelmente, todos os outros discípulos, quando realizavam milagres, o faziam em “nome” de Jesus. Logo a seguir. Do gr. tachu, “logo”, “rapidamente”, “imediatamente” ou “sem demora”. Ao realizar algo em nome de Jesus, a pessoa reconhece Seu poder e autoridade. Aquele que fez um milagre em nome de Cristo não contestaria, imediatamente, o próprio poder do qual dependeu para o desempenho do milagre. |
Mc.9:40 | 40. Pois quem não é contra nós é por nós. Não é contra nós. Há uma declaração oposta à mesma verdade em Mateus (ver com. de Mc.12:30). As duas não são excludentes, mas complementares. Obviamente, uma pessoa não pode estar a favor e contra Jesus ao mesmo tempo. Se o homem que Tiago e João repreenderam fora encontrado fazendo o mesmo trabalho que Jesus fazia, e realizava isso em nome de Jesus, era por que Deus trabalhava com e por meio dele. Por nós. Isto é, ao nosso lado. |
Mc.9:41 | 41. Porquanto, aquele que vos der de beber um copo de água, em meu nome, porque sois de Cristo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão. Um copo. Ver com. de Mt.10:42. Porque sois. Ver com. de Mt.5:11; Mt.10:18; Mt.10:42. O caráter da ação é determinado pelo motivo que a determina. Em verdade. Do gr. amen (ver com. de Mt.5:18). De modo algum perderá o seu galardão. Ver com. de Mt.5:12; Mt.19:29. |
Mc.9:42 | 42. E quem fizer tropeçar a um destes pequeninos crentes, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse lançado no mar. Quem fizer tropeçar. [Os tropeços, Mc.9:42-48 = Mt.18:6-9 = Lc.17:1-2]. Ver com. de Mt.18:6. |
Mc.9:43 | 43. E, se tua mão te faz tropeçar, corta-a; pois é melhor entrares maneta na vida do que, tendo as duas mãos, ires para o inferno, para o fogo inextinguível Se a tua mão te faz tropeçar. Ver com. de Mt.5:29-30; Mt.18:8. Inextinguível. Ver com. de Is.66:24; Mt.3:12. “O fogo inextinguível” é equivalente ao “fogo eterno”, na passagem paralela em Mateus (Mt.18:8; ver com. de Mc.5:22). |
Mc.9:44 | 44. [onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga]. Não lhes morre o verme. A evidência textual apoia (cf. p. 136) a omissão dos v. 44 e Mc.9:46, como tendo sido inseridos em repetição ao v. Mc.9:48 (ver com. ali). |
Mc.9:45 | 45. E, se teu pé te faz tropeçar, corta-o; é melhor entrares na vida aleijado do que, tendo os dois pés, seres lançado no inferno Se o teu pé te faz tropeçar. Ver com. de Mt.5:29-30; Mt.18:8. |
Mc.9:46 | 46. [onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga]. |
Mc.9:47 | 47. E, se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o; é melhor entrares no reino de Deus com um só dos teus olhos do que, tendo os dois seres lançado no inferno, Se um dos teus olhos te faz tropeçar. Ver com. de Mt.5:29-30; Mt.18:8-9. Reino de Deus. Ver com. de Mt.3:2; Mt.4:17; Mt.5:3; Lc.4:19. |
Mc.9:48 | 48. onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga. Verme. Do gr. skolex, “larva” ou “verme”. A ilustração de “o verme não morrer não é indicação de uma alma que não pode ser aniquilada, mas é símbolo da corrupção que não pode ser removida”. No v. Mc.9:43, “vida” é mostrada em contraste com “o fogo que nunca se apaga”. Em muitas passagens das Escrituras, “vida eterna” se contrasta com a “morte” (ver Rm.6:23). Em Jo.3:16, o contraste é entre “vida eterna” e “perecer”. É óbvio que Jesus pretendia, aqui, o mesmo contraste. “O fogo nunca se apaga” (ARC) está em paralelo a “seu verme não morre” (NVI), sendo uma expressão equivalente. Contudo, parece incoerente que as larvas continuassem seu trabalho na presença do fogo. Mas não há nada na palavra skolex, “verme”, que, mesmo remotamente, justifique a explicação que compara o “verme” à “alma” (ver com. de Is.66:24), abordagem defendida por muitos comentaristas, ao refletir sua própria compreensão sobre o estado da morte. |
Mc.9:49 | 49. Porque cada um será salgado com fogo. Salgado com fogo. [Os discípulos, o sal da terra, Mc.9:49-50 = Mt.5:13 = Lc.14:34-35]. O sal é agente de preservação (ver com. de Mt.5:13). O fogo pode ser considerado como agente purificador ou como símbolo do juízo final (ver com. de Mt.3:10). O significado desta misteriosa declaração não está claro e depende do contexto imediato para ser explicado satisfatoriamente. Ser “salgado com fogo”, provavelmente, signifique que “cada um” passará pelo fogo da aflição e da purificação nesta vida (ver com. de Jó.23:10) ou pelo fogo do último dia. O fogo removerá as impurezas da vida presente ou destruirá a própria vida no último dia. O sal preservará o que é bom (ver com. de Mc.9:50). Cada sacrifício (ARC). No ritual do antigo santuário, o sal era adicionado a todos os sacrifícios (ver com. de Lv.2:13). Seu uso significava que somente a justiça de Cristo pode tornar a oferta aceitável a Deus (cf. DTN, 439). |
Mc.9:50 | 50. Bom é o sal; mas, se o sal vier a tornar-se insípido, como lhe restaurar o sabor? Tende sal em vós mesmos e paz uns com os outros. Bom é o sal. Ver com. de Mt.5:13. Tende sal em vós mesmos. Se os discípulos tivessem o “sal da aliança” (Lv.2:13), este reprimiria as tendências impróprias que os levaram à discutir sobre quem seria o maior no reino dos Céus. Paz. Um clímax apropriado para o discurso, uma admoestação para reprimir outro argumento sobre o assunto e uma advertência contra a inveja e o espírito de rivalidade. |
Mc.10:1 | 1. Levantando-se Jesus, foi dali para o território da Judéia, além do Jordão. E outra vez as multidões se reuniram junto a ele, e, de novo, ele as ensinava, segundo o seu costume. Foi dali. [Jesus atravessa o Jordão, Mc.10:1 = Mt.19:1-2 = Lc.9:51-56. Comentário principal: Mt e Lc]. Isto é, partindo de Cafarnaum (ver com. de Mc.9:33). Além do Jordão. Ou seja, Pereia (ver com. de Mt.19:1). Segundo o Seu costume. Ele estava acostumado a fazer isso durante Seu ministério na Galileia. |
Mc.10:2 | 2. E, aproximando-se alguns fariseus, o experimentaram, perguntando-lhe: É lícito ao marido repudiar sua mulher? Fariseus. [A questão do divórcio, Mc.10:2-12 = Mt.19:3-12 = Lc.16:18. Comentário principal: Mt]. |
Mc.10:3 | 3. Ele lhes respondeu: Que vos ordenou Moisés? Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:4 | 4. Tornaram eles: Moisés permitiu lavrar carta de divórcio e repudiar. Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:5 | 5. Mas Jesus lhes disse: Por causa da dureza do vosso coração, ele vos deixou escrito esse mandamento Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:6 | 6. porém, desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher. Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:7 | 7. Por isso, deixará o homem a seu pai e mãe [e unir-se-á a sua mulher], Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:8 | 8. e, com sua mulher, serão os dois uma só carne. De modo que já não são dois, mas uma só carne. Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:9 | 9. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem. Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:10 | 10. Em casa, voltaram os discípulos a interrogá-lo sobre este assunto. Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:11 | 11. E ele lhes disse: Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra aquela. Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:12 | 12. E, se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério. Se ela repudiar seu marido. A lei mosaica não fazia nenhuma provisão para uma mulher se divorciar do marido. A antiga literatura judaica, no entanto, revela que algumas mulheres judias fizeram isso. Na sociedade romana, esse procedimento era comum. |
Mc.10:13 | 13. Então, lhe trouxeram algumas crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam. Crianças. [Jesus abençoa as crianças, Mc.10:13-16 = Mt.19:13-15 = Lc.18:15-17. Comentário principal: Mt]. |
Mc.10:14 | 14. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus. Indignou-Se. Do gr. aganakteo, “muito indignado”. |
Mc.10:15 | 15. Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele. Em verdade. Ver com. de Mt.5:18. Receber o reino. Ver com. de Mt.18:3. Jesus apresenta uma criança como modelo para os adultos. A confiança e a amorosa obediência de uma criança representam traços de caráter de grande valor no reino dos Céus. Jesus chama de “pequenas” as crianças que ainda não aprenderam do exemplo negativo dos adultos os pecados da dúvida e da desobediência. |
Mc.10:16 | 16. Então, tomando-as nos braços e impondo-lhes as mãos, as abençoava. Tomando-as nos braços. Ele chamou as crianças para junto de Si, como uma repreensão silenciosa aos discípulos que tentavam mantê-las longe dEle. Este gesto carinhoso revela o cálido interesse pessoal que Jesus sentia pelos pequeninos (Mt.18:2; Lc.9:47). |
Mc.10:17 | 17. E, pondo-se Jesus a caminho, correu um homem ao seu encontro e, ajoelhando-se, perguntou-lhe: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Correu um homem. [O jovem rico, Mc.10:17-22 = Mt.19:16-22 = Lc.18:18-23. Comentário principal: Mt]. |
Mc.10:18 | 18. Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus. Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:19 | 19. Sabes os mandamentos: Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, não defraudarás ninguém, honra a teu pai e tua mãe. Não defraudarás. Apenas Marcos menciona isto. |
Mc.10:20 | 20. Então, ele respondeu: Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude. Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:21 | 21. E Jesus, fitando-o, o amou e disse: Só uma coisa te falta: Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me. Toma a tua cruz (ACF). Evidência textual favorece a omissão desta frase (cf. p. 136), como o faz a ARA. |
Mc.10:22 | 22. Ele, porém, contrariado com esta palavra, retirou-se triste, porque era dono de muitas propriedades. Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:23 | 23. Então, Jesus, olhando ao redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! Olhando ao redor. [O perigo das riquezas, Mc.10:23-31 = Mt.19:23-30 = Lc.18:24-30. Comentário principal: Mt]. Um quadro vívido descrito por Marcos. Jesus deve ter olhado para os discípulos um após o outro para ver como reagiram à decisão do jovem rico. |
Mc.10:24 | 24. Os discípulos estranharam estas palavras; mas Jesus insistiu em dizer-lhes: Filhos, quão difícil é [para os que confiam nas riquezas] entrar no reino de Deus! Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:25 | 25. É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus. Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:26 | 26. Eles ficaram sobremodo maravilhados, dizendo entre si: Então, quem pode ser salvo? Dizendo entre si. A evidência textual se divide (cf. p. 136) entre esta variante e “dizendo a Ele”. |
Mc.10:27 | 27. Jesus, porém, fitando neles o olhar, disse: Para os homens é impossível; contudo, não para Deus, porque para Deus tudo é possível. Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:28 | 28. Então, Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós tudo deixamos e te seguimos. Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:29 | 29. Tornou Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do evangelho, Mulher (ARC). Evidências textuais favorecem a omissão desta palavra (cf. p. 136), como na ARA. |
Mc.10:30 | 30. que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna. Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:31 | 31. Porém muitos primeiros serão últimos; e os últimos, primeiros. Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:32 | 32. Estavam de caminho, subindo para Jerusalém, e Jesus ia adiante dos seus discípulos. Estes se admiravam e o seguiam tomados de apreensões. E Jesus, tornando a levar à parte os doze, passou a revelar-lhes as coisas que lhe deviam sobrevir, dizendo: Subindo para Jerusalém. [Jesus ainda outra vez prediz Sua morte e ressurreição, Mc.10:32-34 = Mt.20:17-19 = Lc.18:31-34. Comentário principal: Mt]. Ia adiante dos Seus discípulos. A solenidade desta aproximação final de Jerusalém se refletiu na atitude de Jesus. Contrariamente ao Seu costume, Ele caminhou deliberadamente adiante dos discípulos, porque certamente queria estar sozinho. Estes se admiravam. O comportamento de Jesus surpreendeu os discípulos e encheu de ansiedade, o coração deles (cf. DTN, 547). Tornando a levar à parte os doze. Os doze sabiam dos planos em andamento para tirar a vida do Mestre (ver com. de Lc.13:31; Jo.11:7-8), mas não acreditavam que, por fim, esses esforços teriam êxito (ver Lc.18:34). Mateus e Marcos têm pouco a dizer sobre o fato de os doze não captarem a importância da explicação de Jesus, porém, em vez disso, registram um incidente que mostra quão pouco entendiam do assunto (Mt.20:20-28; Mc.10:35-45). |
Mc.10:33 | 33. Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas; condená-lo-ão à morte e o entregarão aos gentios Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:34 | 34. hão de escarnecê-lo, cuspir nele, açoitá-lo e matá-lo; mas, depois de três dias, ressuscitará. Depois de três dias. Importante evidência textual (cf. p. 136) favorece esta variante (ver p. 246-248). As versões ARC e ACF dizem “ao terceiro dia”. |
Mc.10:35 | 35. Então, se aproximaram dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo-lhe: Mestre, queremos que nos concedas o que te vamos pedir. Tiago e João. [O pedido de Tiago e João, Mc.10:35-45 = Mt.20:20-28. Comentário principal: Mt]. |
Mc.10:36 | 36. E ele lhes perguntou: Que quereis que vos faça? Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:37 | 37. Responderam-lhe: Permite-nos que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda. Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:38 | 38. Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu bebo ou receber o batismo com que eu sou batizado? Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:39 | 39. Disseram-lhe: Podemos. Tornou-lhes Jesus: Bebereis o cálice que eu bebo e recebereis o batismo com que eu sou batizado Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:40 | 40. quanto, porém, ao assentar-se à minha direita ou à minha esquerda, não me compete concedê-lo; porque é para aqueles a quem está preparado. Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:41 | 41. Ouvindo isto, indignaram-se os dez contra Tiago e João. Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:42 | 42. Mas Jesus, chamando-os para junto de si, disse-lhes: Sabeis que os que são considerados governadores dos povos têm-nos sob seu domínio, e sobre eles os seus maiorais exercem autoridade. Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:43 | 43. Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva Será esse o que vos sirva. Do gr. diakonos (ver com. de Mc.9:35). |
Mc.10:44 | 44. e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos. Servo. Do gr. doulos (ver com. de Mc.9:35). |
Mc.10:45 | 45. Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:46 | 46. E foram para Jericó. Quando ele saía de Jericó, juntamente com os discípulos e numerosa multidão, Bartimeu, cego mendigo, filho de Timeu, estava assentado à beira do caminho E foram para Jericó. [A cura do cego de Jericó, Mc.10:46-52 = Mt.20:29-34 = Lc.18:35-43. Comentário principal: Mc. Ver mapa, p. 220; e gráfico, p. 228; sobre os milagres, ver p. 204-210]. Eles chegaram a Jericó, uma das últimas etapas da viagem da Pereia a Jerusalém, a fim de assistir à Páscoa (ver com. de Mt.20:17; Mt.21:1). Alguns incidentes ocorreram ao longo do caminho imediatamente antes da chegada a Jericó (ver com. de Mt.20:17-28). Um dos importantes vaus para cruzar o rio Jordão está a 9,5 km a leste de Jericó. A cidade propriamente está localizada na borda ocidental do vale do Jordão, perto das colinas, no sopé das montanhas que se elevam a oeste (ver com. de Lc.10:30). A cidade de Jericó do NT estava situada mais ou menos 1,6 km ao sul das ruínas da cidade de Jericó do AT. Herodes, o Grande, havia embelezado a cidade e tinha um palácio de inverno lá. Jericó ficou conhecida por suas fontes termais, para onde Herodes, o Grande, se dirigiu na esperança de obter cura durante o período de sua enfermidade fatal. Embora esta seja a única visita de Jesus a Jericó registrada, há razões suficientes para se supor que o Mestre havia visitado a cidade em viagens anteriores a Jerusalém para assistir às festas e, provavelmente, passou por ela quando saiu da Pereia, para ressuscitar Lázaro. Quando Ele saía de Jericó. Mt.20:29 e Marcos concordam que este episódio ocorreu quando Jesus e os doze estavam saindo da cidade, enquanto Lucas diz que eles estavam se aproximando de Jericó (Lc.18:35). Várias opiniões têm sido dadas na tentativa de harmonizar essa aparente discrepância. Alguns têm dito que o significado comum das palavras gregas traduzidas como “ao aproximar-se” (Lc.18:35) seria “aproximar-se” ou “se aproximar de”, mas que seria possível que Lucas quisesse dizer que Jesus estava nas proximidades de Jericó no momento do evento. É também possível Jesus ter encontrado os mendigos na estrada entre a nova e a antiga Jericó, situada 1,6 km ao norte, a caminho de Jerusalém. No entanto, há pelo menos duas dificuldades principais com esta explicação. Primeiramente, a antiga cidade de Jericó estava em ruínas nesta ocasião, e não é provável que Lucas chamaria de “Jericó” a um monte de ruínas nem que ignoraria a cidade existente com esse nome tão perto dali. Além disso, o caminho da cidade de Jericó do NT a Jerusalém não passava pela Jericó do AT, mas sim pelas colinas ao pé das montanhas a oeste, de onde seguia pelo Wadi Qelt até as montanhas (ver com. de Lc.10:30). Talvez a explicação mais provável seja que Lucas registrou o evento a respeito de Zaqueu imediatamente depois de narrar a cura de Bartimeu (cf. Lc.18:35-19:10). Aparentemente, Zaqueu e Bartimeu viviam em Jericó, e Jesus encontrou um deles não muito tempo depois do outro. De acordo com a ordem da narrativa de Lucas, Jesus esteve como convidado na casa do cobrador de impostos, depois de curar os cegos. Muito provavelmente, devido à dificuldade de Zaqueu de enxergar a Jesus nas ruas da cidade, ele se viu obrigado a correr à frente da multidão a fim de encontrar uma árvore adequada para subir, talvez nos arredores da cidade (ver com. de Lc.19:4), onde aguardou a chegada de Jesus. De acordo com Lc.19:1, “atravessava Jesus a cidade” antes de Se encontrar com Zaqueu. Quando Se encontrou com ele, Jesus regressou com Zaqueu para passar o resto do dia em sua casa, e pode muito bem ter ocorrido que os cegos conseguiram chamar a atenção de Jesus em Seu caminho de volta para a cidade. Nessas circunstâncias, Lucas teria razão em dizer que Jesus estava entrando na cidade, e Mateus e Marcos também estariam corretos em afirmar que ele estava saindo. Numerosa multidão. Poucos dias antes da Páscoa, havia uma multidão nas estradas que conduziam a Jerusalém. Bartimeu. O nome vem do aramaico Bar-Timai, que Marcos traduz para seus leitores. Mateus fala de dois cegos (ver Mt.20:30). A razão pela qual Marcos menciona apenas um deles pode ser que algum fato relativo a um dos cegos o impressionou, sendo de interesse especial para seus leitores (ver com. de Mc.5:2). Possivelmente, mais tarde, Bartimeu tenha se convertido em um dos mais conhecidos seguidores de Jesus (ver Nota Adicional 2 a Mateus 3; Mt.3:17). Caminho. Do gr. hodos, “estrada” (ver com. de Mc.11:4). É provável que os mendigos estivessem assentados fora do portão da cidade, onde esperavam despertar a compaixão dos transeuntes. |
Mc.10:47 | 47. e, ouvindo que era Jesus, o Nazareno, pôs-se a clamar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim! Ouvindo que era Jesus. Multidões passavam constantemente ao longo da estrada para Jerusalém. Os mendigos, sem dúvida, ouviram dizer que Jesus estava nesse grupo particular. Filho de Davi. O uso deste título estritamente messiânico implica algum grau de reconhecimento de Jesus como o Messias prometido (ver com. de Mt.1:1; Mt.9:27). |
Mc.10:48 | 48. E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele cada vez gritava mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim! E muitos o repreendiam. Ou, “o reprovavam”. Provavelmente, eles procuravam evitar algum incidente público, que as autoridades judaicas ou romanas poderiam aproveitar como pretexto para prender o Mestre (ver com. de Mt.19:1; Mt.19:3; Mt.20:18). Para que se calasse. Literalmente, “ficasse quieto”. Gritava mais. Bartimeu compreendeu que aquela poderia ser sua única oportunidade de ser curado por Jesus. Sua persistência era um testemunho de sua fé no poder de Jesus. |
Mc.10:49 | 49. Parou Jesus e disse: Chamai-o. Chamaram, então, o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, ele te chama. Sem comentário para este versículo. |
Mc.10:50 | 50. Lançando de si a capa, levantou-se de um salto e foi ter com Jesus. Capa. Do gr. himation, “manto”, isto é, uma vestimenta externa (ver com. de Mt.5:40). Levantou-se. A evidência textual favorece a leitura “saltou” (cf. p. 136). |
Mc.10:51 | 51. Perguntou-lhe Jesus: Que queres que eu te faça? Respondeu o cego: Mestre, que eu torne a ver. Que queres que Eu te faça? Era óbvio que o cego procurava recobrar a visão. No entanto, como era Seu costume, Jesus desejava que o suplicante apresentasse um pedido específico, como reconhecimento de sua necessidade e como demonstração de fé. Não foi somente a Bartimeu que Jesus fez esta pergunta. Ele queria que todos os que testemunhavam o evento entendessem o significado do milagre (ver com. de Mc.5:32; Mc.5:34). Que eu torne a ver. Literalmente, “recuperar a minha visão”. O texto grego deixa claro que Bartimeu não nasceu cego, mas que se tornou um. |
Mc.10:52 | 52. Então, Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E imediatamente tornou a ver e seguia a Jesus estrada fora. A tua fé. Ver com. de Mc.5:34; Lc.7:50. Seguia a Jesus. Era natural que os que haviam sido curados por Jesus desejassem permanecer com Ele. O mesmo pedido foi feito pelos endemoniados gadarenos (ver com. de Mc.5:18-20). Pode ser que Jesus estivesse a caminho da casa de Zaqueu (ver com. de Mc.10:46) ou de Jerusalém. |
Mc.11:1 | 1. Quando se aproximavam de Jerusalém, de Betfagé e Betânia, junto ao monte das Oliveiras, enviou Jesus dois dos seus discípulos Quando se aproximavam. [A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, Mc.11:1-11 = Mt.21:1-17 = Lc.19:28-40 = Jo.12:12-19. Comentário principal: Mt]. |
Mc.11:2 | 2. e disse-lhes: Ide à aldeia que aí está diante de vós e, logo ao entrar, achareis preso um jumentinho, o qual ainda ninguém montou; desprendei-o e trazei-o. Ninguém montou. Era considerada uma qualidade essencial que as coisas destinadas a uso sagrado ou real fossem novas (ver Ex.13:2; Ex.23:19; Lv.21:13-14; Nm.19:2; 1Sm.6:7). |
Mc.11:3 | 3. Se alguém vos perguntar: Por que fazeis isso? Respondei: O Senhor precisa dele e logo o mandará de volta para aqui. Sem comentário para este versículo. |
Mc.11:4 | 4. Então, foram e acharam o jumentinho preso, junto ao portão, do lado de fora, na rua, e o desprenderam. Do lado de fora. Muitas habitações orientais eram construídas em forma quadrangular, com um pátio aberto no centro. A partir desse pátio havia uma passagem para a rua. De acordo com o costume, o asno e o jumentinho estariam amarrados no pátio em vez de no portão da rua. Na rua. Ou, “entre dois caminhos” (ARC). A palavra grega amphodon, “um caminho em volta”, ou “um grupo de casas”, é de significado incerto aqui. Ela consta de duas partes: amphi, “de ambos os lados”, e hodos, “caminho”. Alguns têm sugerido que amphodon pode se referir aqui a uma estrada lateral, ou talvez a uma estrada sinuosa (ver mapa, 221). |
Mc.11:5 | 5. Alguns dos que ali estavam reclamaram: Que fazeis, soltando o jumentinho? Sem comentário para este versículo. |
Mc.11:6 | 6. Eles, porém, responderam conforme as instruções de Jesus; então, os deixaram ir. Sem comentário para este versículo. |
Mc.11:7 | 7. Levaram o jumentinho, sobre o qual puseram as suas vestes, e Jesus o montou. Sem comentário para este versículo. |
Mc.11:8 | 8. E muitos estendiam as suas vestes no caminho, e outros, ramos que haviam cortado dos campos. Sem comentário para este versículo. |
Mc.11:9 | 9. Tanto os que iam adiante dele como os que vinham depois clamavam: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Sem comentário para este versículo. |
Mc.11:10 | 10. Bendito o reino que vem, o reino de Davi, nosso pai! Hosana, nas maiores alturas! Sem comentário para este versículo. |
Mc.11:11 | 11. E, quando entrou em Jerusalém, no templo, tendo observado tudo, como fosse já tarde, saiu para Betânia com os doze. No templo. Este era o centro da vida nacional e religiosa judaica, o lugar natural para o Messias-Rei ser coroado; o primeiro lugar onde Sua autoridade deveria ser reconhecida e de onde deveria sair a convocação oficial para que o povo reconhecesse a Sua soberania (ver vol. 4, p. 14-17). Os sacerdotes e anciãos de Israel deveriam ter sido os primeiros a reconhecer a autoridade do Messias. No entanto, é dito que Ele “veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam” (ver com. de Jo.1:11). Tendo observado tudo. Como o templo era Sua casa, Jesus andou por seus átrios, inspecionando o que era Seu por direito. Porém, aqueles a quem o templo fora confiado, tinham se apropriado dele para seus próprios fins egoístas (ver Mt.21:33-39). Saiu para Betânia. Quando a multidão finalmente chegou a Jerusalém já era demasiado tarde e, em vão, procurou a Jesus para que pudesse coroá-Lo como rei (ver DTN, 581). Porém, assim como em ocasiões anteriores, quando Sua missão foi confrontada com uma crise, Jesus passou a noite inteira em oração (ver com. de Mc.3:13; cf. DTN, 581). |
Mc.11:12 | 12. No dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome. No dia seguinte. [A figueira sem fruto; O poder da fé Mc.11:12-14, Mc.11:20-26 = Mt.21:18-22. Comentário principal: Mc. Ver mapa, p. 221; e gráfico, p. 230; sobre os milagres, ver p. 204-210]. Este foi “o dia seguinte”, depois da entrada triunfal (ver v. Mc.11:1-11), portanto, uma manhã de segunda-feira. Seguindo uma ordem estritamente cronológica, Marcos registra a purificação do templo (v. Mc.11:15-19) entre a maldição da figueira (v. Mc.11:12-14) e a descoberta de que ela havia secado (v. Mc.11:20-26). Mateus, que frequentemente segue uma ordem temática em vez de cronológica (ver p. 276), narra todo o episódio da figueira estéril como uma unidade, sem mencionar que se passaram umas 24 horas entre a maldição e a descoberta de que a árvore havia secado. Saíram de Betânia. Onde Ele tinha passado a noite (ver com. do v. Mc.11:11). Teve fome. Talvez as circunstâncias desde a entrada triunfal (ver com. do v. Mc.11:11) impediram Jesus de fazer pelo menos uma refeição. O fato de não se mencionar que os discípulos também estariam famintos sugere que eles não estavam. |
Mc.11:13 | 13. E, vendo de longe uma figueira com folhas, foi ver se nela, porventura, acharia alguma coisa. Aproximando-se dela, nada achou, senão folhas; porque não era tempo de figos. Vendo de longe uma figueira. Jesus viu a árvore antes de Se aproximar dela. Aparentemente a árvore crescera perto da estrada (ver com. de Mt.21:19). Como na ocasião da entrada triunfal no dia anterior, Jesus provavelmente seguiu uma rota mais ou menos direta de Betânia a Jerusalém. Eles subiram a encosta branda ao leste do monte das Oliveiras, desceram a inclinação ocidental relativamente acentuada e cruzaram o vale de Cedrom, a fim de entrar em Jerusalém (ver com. de Mt.21:1; Lc.19:41). A figueira chamava a atenção por ser a única das árvores do pomar totalmente cheia de folhas (cf. DTN, 581). Com folhas. Uma figueira frondosa prometia frutos bem desenvolvidos, embora não necessariamente maduros. Por outro lado, as árvores sem folhas, como era o caso de outras do pomar, não levantavam falsas expectativas de frutos, portanto não causavam decepção. Nesta parábola viva (ver com. do v. Mc.11:14), a figueira frondosa representava a nação judaica, e as outras árvores, as nações gentílicas. É verdade que os gentios não produziam frutos, porém nada se esperava deles, pois não tinham a pretensão de produzi-los (ver vol. 4, p. 13, 14). Essa figueira precoce, no entanto, tinha folhas que indicavam figos. Senão folhas. Era uma promessa sem cumprimento. De todos os defeitos não havia um mais ofensivo a Jesus do que a hipocrisia (ver com. de Mt.6:2; Mt.23:13). Como a figueira estéril, a religião judaica estava destituída de frutos. Ela estava repleta de forma e cerimônias, mas lhe faltava a verdadeira piedade (ver com. de Mc.7:2-3; ver vol. 4, p. 17-20). Não era tempo de figos. No clima da Palestina, a primeira colheita de figos geralmente amadurece em junho, e a última, em setembro. O incidente ocorreu perto da Páscoa, provavelmente em abril, portanto, apenas algumas semanas antes da primeira colheita. Embora fosse incomum esperar figos tão prematuros, no entanto, uma árvore cheia de folhas poderia ter frutos a ponto de amadurecer. Deve-se também considerar que nas regiões orientais se apreciam frutos verdes ou por amadurecer (ver com. de Is.28:4). |
Mc.11:14 | 14. Então, lhe disse Jesus: Nunca jamais coma alguém fruto de ti! E seus discípulos ouviram isto. Então, lhe disse Jesus. Ele personifica a planta, que na circunstância representava a nação judaica. Nunca jamais. No texto grego, o duplo negativo torna a maldição ainda mais enfática. A esterilidade da árvore representava a improdutividade de Israel, e a maldição, o juízo que Jesus pronunciaria no dia seguinte: “Eis que a vossa casa vos ficará deserta” (ver com. de Mt.23:38). Foi também no dia seguinte que Jesus censurou severamente os escribas e fariseus por suas pretensões hipócritas (ver Mt.23:13-33). O propósito da parábola era preparar os discípulos para as cenas dos dias seguintes, quando os líderes judeus confirmariam a rejeição a Jesus. Com frequência, esse tipo de parábola induz as pessoas a pensar de forma mais eficaz do que meras palavras podem fazer. Há outras parábolas transformadas em realidade (ver Is.20:2-6; Ez.4:1-5:17). |
Mc.11:15 | 15. E foram para Jerusalém. Entrando ele no templo, passou a expulsar os que ali vendiam e compravam; derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. E foram para Jerusalém. [A purificação do templo, Mc.11:15-19 = Mt.21:12-17 = Lc.19:45-48. Comentário principal: Mt]. |
Mc.11:16 | 16. Não permitia que alguém conduzisse qualquer utensílio pelo templo Pelo templo. Ou seja, através dos átrios do templo. A palavra usada aqui para templo é hieron, que se refere a todos os átrios e edifícios dentro da área do templo, e não o vocábulo naos, que é templo ou santuário propriamente dito. Ao entrar nos recintos sagrados do templo, as pessoas deviam deixar de lado, como um sinal de reverência, qualquer carga que estivessem conduzindo. Aparentemente, os que levavam cargas estavam usando os átrios do templo como um atalho para evitar um trajeto mais longo. |
Mc.11:17 | 17. também os ensinava e dizia: Não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Vós, porém, a tendes transformado em covil de salteadores. Casa [...] para todas as nações. Jesus provavelmente Se encontrava na parte do templo reservada aos gentios que criam no verdadeiro Deus. Os funcionários do templo haviam transformado esse recinto em uma espécie de mercado. Salteadores. Isto é, assaltantes organizados, e não apenas ladrões. |
Mc.11:18 | 18. E os principais sacerdotes e escribas ouviam estas coisas e procuravam um modo de lhe tirar a vida; pois o temiam, porque toda a multidão se maravilhava de sua doutrina. Pois O temiam. Especialmente devido à grande influência que Ele exercia sobre o povo, que havia se manifestado de maneira impressionante na entrada triunfal no dia anterior. Doutrina. Literalmente, “ensino” (ver com. de Mt.7:28). |
Mc.11:19 | 19. Em vindo a tarde, saíram da cidade. Sem comentário para este versículo. |
Mc.11:20 | 20. E, passando eles pela manhã, viram que a figueira secara desde a raiz. Pela manhã. Ou seja, na manhã de terça-feira, um dia depois da purificação do templo. Desde a manhã de segunda-feira, os discípulos puderam novamente testemunhar a animosidade dos líderes judeus contra Jesus. Eles ainda veriam muito mais, antes do anoitecer. Para Jesus e os doze, o primeiro acontecimento desse dia sinistro foi constatar que a figueira havia secado. Desde a raiz. Um detalhe observado apenas por Marcos. Este é único milagre de Jesus que se pode dizer ter causado algum dano. Alguns críticos sugerem que Jesus pronunciou a maldição com ira sobre a figueira estéril. No entanto, em toda a vida terrena de Jesus, Ele nunca provocou por maldade algum dano ou sofrimento a pessoas, animais ou outras criaturas, obra de Suas mãos, nem procedeu movido por motivos indignos. As circunstâncias em que Jesus fez secar a figueira mostram uma explicação satisfatória de Seu propósito. Nesse mesmo dia, os líderes da nação confirmariam sua decisão de rejeitar a Jesus como o Messias, que, por Sua vez, anunciaria que o Céu os havia rejeitado (ver com. de Mt.23:38). Os discípulos não compreendiam bem essas coisas, e foi, sem dúvida, com o objetivo de prepará-los para o acontecimento trágico que Jesus fez a figueira secar. |
Mc.11:21 | 21. Então, Pedro, lembrando-se, falou: Mestre, eis que a figueira que amaldiçoaste secou. Pedro [...] falou. Apenas Marcos identifica Pedro aqui como o porta-voz do grupo (ver com. de Mt.14:28). Secou. O processo de secamento ocorreu durante as 24 horas anteriores e foi tão completo que era perceptível desde as raízes (ver v. Mc.11:20). |
Mc.11:22 | 22. Ao que Jesus lhes disse: Tende fé em Deus Tende fé em Deus. Como se poderia esperar, a reação dos discípulos foi de surpresa diante da natureza sobrenatural dessa parábola viva. Eles pareciam não perceber ainda a sua importância. Enquanto a atenção deles estava concentrada no milagre em si e não em seu significado, Jesus aproveitou o interesse deles para destacar a dimensão que a verdadeira fé pode alcançar (v. 22-24). Acrescentou ainda uma advertência em relação a um pré-requisito importante para que as orações sejam respondidas (Mc.11:25; ver com. de Mt.17:20). |
Mc.11:23 | 23. porque em verdade vos afirmo que, se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele. Em verdade. Ver com. de Mt.5:18. Este monte. Nesse momento, Jesus e os discípulos estavam na encosta do monte das Oliveiras. Exceto o vale de Cedrom, o monte das Oliveiras ocupava a maior parte da área entre Jerusalém e Betânia (ver com. de Mt.21:1; ver mapas, p. 221, 589). Ergue-te e lança-te no mar. Ver com. de Mt.17:20. Jesus mesmo nunca moveu montanhas literais, nem pretendia que Seus seguidores vissem qualquer necessidade de fazê-lo. Aqui as montanhas são metáforas das dificuldades. Duvidar. Do gr. diakrino, “separar [um do outro]”, “discriminar”, ou “distinguir”. O verbo diakrino é traduzido também como “duvidar”, no sentido de “vacilar” (ver Tg.1:6; ver com. de Tg.1:6-8). |
Mc.11:24 | 24. Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco. Crede. Ver com. de Mt.7:7. |
Mc.11:25 | 25. E, quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas. Quando estiverdes orando. Quanto à postura adequada na oração, ver com. de Lc.18:11. Talvez se faça referência a estar “de pé” (BJ, KJV) nos átrios do templo na hora da oração matutina ou vespertina. Perdoai. Ver com. de Mt.6:14-15. |
Mc.11:26 | 26. [Mas, se não perdoardes, também vosso Pai celestial não vos perdoará as vossas ofensas.] Se não perdoardes. A evidência textual (cf. p. 136) favorece a omissão do v. 26, embora a maioria dos manuscritos apresente o mesmo pensamento em Mt.18:35. A falta de vontade de perdoar faz com que Deus não ouça e atenda as orações. |
Mc.11:27 | 27. Então, regressaram para Jerusalém. E, andando ele pelo templo, vieram ao seu encontro os principais sacerdotes, os escribas e os anciãos Regressaram para Jerusalém. [A autoridade de Jesus e o batismo de João, Mc.11:27-33 = Mt.21:23-27 = Lc.20:1-8. Comentário principal: Mt]. |
Mc.11:28 | 28. e lhe perguntaram: Com que autoridade fazes estas coisas? Ou quem te deu tal autoridade para as fazeres? Sem comentário para este versículo. |
Mc.11:29 | 29. Jesus lhes respondeu: Eu vos farei uma pergunta; respondei-me, e eu vos direi com que autoridade faço estas coisas. Respondei-Me. Apenas Marcos registra a pergunta como uma resposta nestas palavras diretas (ver com. de Mt.21:24). |
Mc.11:30 | 30. O batismo de João era do céu ou dos homens? Respondei! Sem comentário para este versículo. |
Mc.11:31 | 31. E eles discorriam entre si: Se dissermos: Do céu, dirá: Então, por que não acreditastes nele? Sem comentário para este versículo. |
Mc.11:32 | 32. Se, porém, dissermos: dos homens, é de temer o povo. Porque todos consideravam a João como profeta. Sem comentário para este versículo. |
Mc.11:33 | 33. Então, responderam a Jesus: Não sabemos. E Jesus, por sua vez, lhes disse: Nem eu tampouco vos digo com que autoridade faço estas coisas. Sem comentário para este versículo. |
Mc.12:1 | 1. Depois, entrou Jesus a falar-lhes por parábola: Um homem plantou uma vinha, cercou-a de uma sebe, construiu um lagar, edificou uma torre, arrendou-a a uns lavradores e ausentou-se do país. Entrou Jesus a falar-lhes. [A parábola dos lavradores maus, Mc.12:1-12 = Mt.21:33-46 = Lc.20:9-18. Comentário principal: Mt]. Marcos omite as parábolas dos dois filhos e a das bodas. Ambas se encontram em Mateus e Lucas neste contexto. Aparentemente, Marcos escolheu o que mais o impressionou como uma representação das verdades que Cristo procurava ilustrar nessas parábolas finais. Lagar. Do gr. hupolenion, a vasilha ou o recipiente sobre o qual se espremia o suco das uvas (ver com. de Mt.21:33). |
Mc.12:2 | 2. No tempo da colheita, enviou um servo aos lavradores para que recebesse deles dos frutos da vinha Dos frutos. Literalmente, “a parte dos frutos” (BJ), isto é, alguns dos frutos (ver com. de Mt.21:34). |
Mc.12:3 | 3. eles, porém, o agarraram, espancaram e o despacharam vazio. Eles [...] o agarraram. Há variações desta parábola nos relatos dos evangelhos, acerca dos servos enviados e do tratamento dado a eles (ver com. de Mt.21:35). |
Mc.12:4 | 4. De novo, lhes enviou outro servo, e eles o esbordoaram na cabeça e o insultaram. Apedrejando-o (ARC). A evidência textual (cf. p. 136) favorece a omissão destas palavras e também de “e o mandaram embora” (ARC). A versão ARA diz: “e eles o esbordoaram e o insultaram”. |
Mc.12:5 | 5. Ainda outro lhes mandou, e a este mataram. Muitos outros lhes enviou, dos quais espancaram uns e mataram outros. Sem comentário para este versículo. |
Mc.12:6 | 6. Restava-lhe ainda um, seu filho amado; a este lhes enviou, por fim, dizendo: Respeitarão a meu filho. Seu filho amado. É provável que Jesus pensasse nas palavras do Pai por ocasião do Seu batismo (ver com. de Mt.3:17). |
Mc.12:7 | 7. Mas os tais lavradores disseram entre si: Este é o herdeiro; ora, vamos, matemo-lo, e a herança será nossa. Sem comentário para este versículo. |
Mc.12:8 | 8. E, agarrando-o, mataram-no e o atiraram para fora da vinha. Sem comentário para este versículo. |
Mc.12:9 | 9. Que fará, pois, o dono da vinha? Virá, exterminará aqueles lavradores e passará a vinha a outros. Sem comentário para este versículo. |
Mc.12:10 | 10. Ainda não lestes esta Escritura: A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular Sem comentário para este versículo. |
Mc.12:11 | 11. isto procede do Senhor, e é maravilhoso aos nossos olhos? Sem comentário para este versículo. |
Mc.12:12 | 12. E procuravam prendê-lo, mas temiam o povo; porque compreenderam que contra eles proferira esta parábola. Então, desistindo, retiraram-se. Desistindo, retiraram-se. Ver Mt.22:15. Isto é, depois de Jesus ter apresentado a parábola do homem sem a veste nupcial. |
Mc.12:13 | 13. E enviaram-lhe alguns dos fariseus e dos herodianos, para que o apanhassem em alguma palavra. Enviaram-Lhe. [A questão do tributo, Mc.12:13-17 = Mt.22:15-22 = Lc.20:19-26. Comentário principal: Mt]. Para que O apanhassem. Do gr. agreuo, “pegar”, isto é, “caçar”. Provém de agra, “aquilo que se caça ou pesca”. |
Mc.12:14 | 14. Chegando, disseram-lhe: Mestre, sabemos que és verdadeiro e não te importas com quem quer que seja, porque não olhas a aparência dos homens; antes, segundo a verdade, ensinas o caminho de Deus; é lícito pagar tributo a César ou não? Devemos ou não devemos pagar? Sem comentário para este versículo. |
Mc.12:15 | 15. Mas Jesus, percebendo-lhes a hipocrisia, respondeu: Por que me experimentais? Trazei-me um denário para que eu o veja. Sem comentário para este versículo. |
Mc.12:16 | 16. E eles lho trouxeram. Perguntou-lhes: De quem é esta efígie e inscrição? Responderam: De César. Sem comentário para este versículo. |
Mc.12:17 | 17. Disse-lhes, então, Jesus: Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. E muito se admiraram dele. Sem comentário para este versículo. |
Mc.12:18 | 18. Então, os saduceus, que dizem não haver ressurreição, aproximaram-se dele e lhe perguntaram, dizendo: Os saduceus. [Os saduceus e a ressurreição, Mc.12:18-27 = Mt.22:23-33 = Lc.20:27-40. Comentário principal: Mt]. |
Mc.12:19 | 19. Mestre, Moisés nos deixou escrito que, se morrer o irmão de alguém e deixar mulher sem filhos, seu irmão a tome como esposa e suscite descendência a seu irmão. Sem comentário para este versículo. |
Mc.12:20 | 20. Ora, havia sete irmãos; o primeiro casou e morreu sem deixar descendência Sem comentário para este versículo. |
Mc.12:21 | 21. o segundo desposou a viúva e morreu, também sem deixar descendência; e o terceiro, da mesma forma. Sem comentário para este versículo. |
Mc.12:22 | 22. E, assim, os sete não deixaram descendência. Por fim, depois de todos, morreu também a mulher. Sem comentário para este versículo. |
Mc.12:23 | 23. Na ressurreição, quando eles ressuscitarem, de qual deles será ela a esposa? Porque os sete a desposaram. Quando eles ressuscitarem. A evidência textual se divide (cf. p. 136) entre manter e omitir estas palavras. |
Mc.12:24 | 24. Respondeu-lhes Jesus: Não provém o vosso erro de não conhecerdes as Escrituras, nem o poder de Deus? Não provém o vosso erro [...]? A forma interrogativa em grego significa que Jesus esperava uma resposta afirmativa. |
Mc.12:25 | 25. Pois, quando ressuscitarem de entre os mortos, nem casarão, nem se darão em casamento; porém, são como os anjos nos céus. Sem comentário para este versículo. |
Mc.12:26 | 26. Quanto à ressurreição dos mortos, não tendes lido no Livro de Moisés, no trecho referente à sarça, como Deus lhe falou: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Dos mortos. Isto é, quanto a sua ressurreição dentre os mortos. |
Mc.12:27 | 27. Ora, ele não é Deus de mortos, e sim de vivos. Laborais em grande erro. Laborais em grande erro. Esta declaração enfática ocorre nesta forma vigorosa apenas em Marcos. |
Mc.12:28 | 28. Chegando um dos escribas, tendo ouvido a discussão entre eles, vendo como Jesus lhes houvera respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o principal de todos os mandamentos? Um dos escribas. [O grande mandamento, Mc.12:28-34 = Mt.22:34-40 = Lc.10:25-28. Comentário principal: Mc]. Vendo. O escriba escolhido para este complô final dos fariseus a fim de prender Jesus (ver com. de Mt.22:34-35) parecia ser de coração sincero. Ele foi justo em reconhecer que “Jesus lhes houvera respondido bem”. |
Mc.12:29 | 29. Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor!. Ver com. de Dt.6:4. A passagem das Escrituras aqui citada tem sido a senha sagrada de Israel através de sua extensa história. Ela reflete a crença distintiva dos judeus no Deus único e verdadeiro, em contraste com os múltiplos deuses das outras nações. Estas palavras eram pronunciadas para iniciar o serviço de oração pela manhã e à tarde no templo, e são uma parte regular das reuniões nas sinagogas até o dia de hoje. |
Mc.12:30 | 30. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. Sem comentário para este versículo. |
Mc.12:31 | 31. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. Sem comentário para este versículo. |
Mc.12:32 | 32. Disse-lhe o escriba: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que ele é o único, e não há outro senão ele, Muito bem, Mestre. Isto é, “Você falou bem, Mestre”, ou “muito bem, Mestre; tens razão ao dizer” (BJ), ou ainda “Você está certo, Mestre” (RSV). Com verdade disseste. O escriba reconheceu que as respostas de Jesus eram precisas e adequadas (ver com. do v. Mc.12:28) e, então, honestamente elogia a Jesus. |
Mc.12:33 | 33. e que amar a Deus de todo o coração e de todo o entendimento e de toda a força, e amar ao próximo como a si mesmo excede a todos os holocaustos e sacrifícios. Holocaustos. Comparar com 1Sm.15:22. Esta admissão voluntária por parte do escriba demonstra sua percepção da importância relativa e do significado do ritual do templo. |
Mc.12:34 | 34. Vendo Jesus que ele havia respondido sabiamente, declarou-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E já ninguém mais ousava interrogá-lo. Sabiamente. Do gr. nounechos, “com entendimento”, isto é, “com sensatez” (BJ). Do reino. O escriba discernia a verdade (ver v. Mc.12:33) e sinceramente a reconhecia como verdade (ver v. Mc.12:32). Ele estava no limiar do reino (comparar com a reação de Jesus ante o jovem rico, em Mc.10:20-21; ver também com. de Mt.19:20-21). |
Mc.12:35 | 35. Jesus, ensinando no templo, perguntou: Como dizem os escribas que o Cristo é filho de Davi? Ensinando no templo. [O Cristo, filho de Davi, Mc.12:35-37 = Mt.22:41-46 = Lc.20:41-44. Comentário principal: Mt]. Somente Marcos assinala que Jesus ainda estava ensinando no templo. Como dizem os escribas [...]? Outro detalhe que se encontra apenas em Marcos. Jesus adverte que os escribas proclamavam o Messias como o Filho de Davi, como algo preliminar para chamar mais uma vez a atenção para o fato de Ele mesmo ser o verdadeiro Messias. |
Mc.12:36 | 36. O próprio Davi falou, pelo Espírito Santo: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés. Sem comentário para este versículo. |
Mc.12:37 | 37. O mesmo Davi chama-lhe Senhor; como, pois, é ele seu filho? E a grande multidão o ouvia com prazer. A grande multidão. Ou seja, a grande massa do povo, ou a multidão em geral. Este é outro detalhe observado apenas por Marcos. |
Mc.12:38 | 38. E, ao ensinar, dizia ele: Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes talares e das saudações nas praças Ao ensinar. [Jesus censura os escribas, Mc.12:38-40 = Mt.23:1-7; Mt.23:14 = Lc.20:45-47. Comentário principal: Mt]. Literalmente “em seu ensino”, “instrução” (BJ; ver com. de Mt.7:28). Guardai-vos dos escribas. Marcos apresenta somente um resumo do que foi um discurso bastante longo sobre a hipocrisia dos escribas e dos fariseus (ver Mt.23). No Sermão do Monte (ver Mt.5-7) e no sermão junto ao mar da Galileia (ver Mt.13), Mateus registra os discursos de Jesus mais extensamente do que os outros evangelhos. Vestes talares. Estas vestes longas chegavam até os pés e faziam parte da vestimenta geralmente usada pelos doutores da lei como uma identificação de sua profissão. Saudações. Ver com de Mt.23:7. Praças. Ver com. de Mt.11:16. |
Mc.12:39 | 39. e das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos primeiros lugares nos banquetes Primeiras cadeiras. Ver com. de Mt.23:6. |
Mc.12:40 | 40. os quais devoram as casas das viúvas e, para o justificar, fazem longas orações; estes sofrerão juízo muito mais severo. Devoram as casas das viúvas. Ver com. de Mt.23:14. |
Mc.12:41 | 41. Assentado diante do gazofilácio, observava Jesus como o povo lançava ali o dinheiro. Ora, muitos ricos depositavam grandes quantias. Assentado. [A oferta da viúva pobre, Mc.12:41-44 = Lc.21:1-4. Comentário principal: Mc]. Este incidente provavelmente tenha ocorrido ao entardecer da terça-feira (ver com. de Mt.23:1; Mt.23:38-39; gráfico 9, p. 230). Jesus tinha acabado de Se sair vitorioso de um longo e amargo conflito com líderes da nação e estava prestes a deixar os recintos sagrados do templo. Diante. Jesus Se encontrava numa posição em que podia observar os adoradores lançarem suas contribuições. Gazofilácio. Marcos não se refere aqui ao quarto forte onde o tesouro do templo era armazenado e guardado, mas às arcas das ofertas que se encontravam no amplo átrio das mulheres. Lançava ali. Possivelmente, um rico após o outro passava e depositava a oferta. |
Mc.12:42 | 42. Vindo, porém, uma viúva pobre, depositou duas pequenas moedas correspondentes a um quadrante. Viúva pobre. Do gr. ptochos, “mendigo” ou “indigente”. Lucas usa penichros, uma forma poética tardia de penes, que indica aquele que vive apenas com o essencial e que precisa trabalhar cada dia a fim de ter alimento para o dia seguinte (cf. Lc.21:2). Penes deriva do verbo penomai, “trabalhar para viver”. Talvez Jesus quisesse destacar o espírito desta viúva em nítido contraste com a atitude dos fariseus para com as viúvas. A pobreza dela poderia ser devida, em parte, à avareza de escribas e fariseus presentes nessa ocasião (ver com. de Mt.23:14). Cristo disse que eles “devoram as casas das viúvas” (Mc.12:40). Porém, ali estava uma viúva que, com seu coração transbordante de amor a Deus “deu tudo quanto possuía, todo o seu sustento” (v. Mc.12:44). Moedas. Do gr. lepton, uma moeda de cobre que pesava menos de um grama e valia poucos centavos (ver p. 37). O lepton era a menor moeda judaica de cobre em circulação. Quadrante. Do gr. kodrantes, que equivale a dois lepta, ou “moedas” (ver p. 37), e que equivalia a 1/64 de um denário romano, o salário de um dia no tempo de Cristo (ver com. de Mt.20:2). Com frequência se tem dado ênfase à pequenez intrínseca da oferta da viúva, mas se deveria dar mais ênfase à comparativa grandeza de seu sacrifício (ver com. do v. Mc.12:44). |
Mc.12:43 | 43. E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais do que o fizeram todos os ofertantes. Seus discípulos. Ver com. de Mt.24:1. Em verdade. Ou, “verdadeiramente” (ver com. de Mt.5:18; Jo.1:51). Mais do que [...] todos. Significa que ela deu mais do que todos os doadores ricos juntos. Em realidade, à vista de Deus não é realmente a extensão da dádiva que conta, e sim o motivo que a impulsiona. Deus está interessado na magnitude do amor e da consagração que a dádiva representa, não em seu valor monetário. Esta é a única base que Deus emprega para recompensar as pessoas, como Jesus ilustrou na parábola dos trabalhadores na vinha (ver com. de Mt.20:15). O louvor de Jesus a essa viúva estava baseado no espírito que impulsionou sua oferta. |
Mc.12:44 | 44. Porque todos eles ofertaram do que lhes sobrava; ela, porém, da sua pobreza deu tudo quanto possuía, todo o seu sustento. Sobrava. Do gr. perisseuma, que significa “abundância”, mas também “o que sobra” ou “o excesso”. Os ricos tinham dinheiro de sobra; tinham mais do que necessitavam. Eles deram de seu excedente, e isso não lhes custava nada. O valor de suas ofertas em termos de amor e consagração era pequeno ou nada, porque elas não representavam abnegação. Pobreza. Do gr. husteresis, “deficiência”, “indigência”, “miséria”. Tudo quanto possuía. Uma evidência do máximo amor possível e da consagração a Deus. Sustento. Do gr. bios, “subsistência”, não zoe, que significa “vida” em si mesma. Com toda segurança, a viúva não sabia de onde proviria sua próxima refeição. |
Mc.13:1 | 1. Ao sair Jesus do templo, disse-lhe um de seus discípulos: Mestre! Que pedras, que construções! Ao sair. [O sermão profético; A destruição do templo, Mc.13:1-37 = Mt.24:1-51 = Lc.21:5-38. Comentário principal: Mt]. |
Mc.13:2 | 2. Mas Jesus lhe disse: Vês estas grandes construções? Não ficará pedra sobre pedra, que não seja derribada. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:3 | 3. No monte das Oliveiras, defronte do templo, achava-se Jesus assentado, quando Pedro, Tiago, João e André lhe perguntaram em particular: Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:4 | 4. Dize-nos quando sucederão estas coisas, e que sinal haverá quando todas elas estiverem para cumprir-se. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:5 | 5. Então, Jesus passou a dizer-lhes: Vede que ninguém vos engane. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:6 | 6. Muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e enganarão a muitos. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:7 | 7. Quando, porém, ouvirdes falar de guerras e rumores de guerras, não vos assusteis; é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:8 | 8. Porque se levantará nação contra nação, e reino, contra reino. Haverá terremotos em vários lugares e também fomes. Estas coisas são o princípio das dores. Tribulações (ACF). A evidência textual (cf. p. 136) favorece a omissão desta palavra. |
Mc.13:9 | 9. Estai vós de sobreaviso, porque vos entregarão aos tribunais e às sinagogas; sereis açoitados, e vos farão comparecer à presença de governadores e reis, por minha causa, para lhes servir de testemunho. Estai vós de sobreaviso. Mateus 24 omite esta parte do discurso de Jesus registrado em Mc.13:9-12, provavelmente por que ele já havia relatado praticamente as mesmas coisas no discurso anterior (ver com. de Mt.10:17-21). Tribunais. Sem dúvida, uma referência ao sinédrio judaico local, ou tribunais, que se reuniam nas diversas sinagogas (ver p. 44). Governadores e reis. Principalmente, uma referência aos governantes gentios. Para lhes servir de testemunho. Ou, “testemunho diante deles” (ver com. de Mt.10:18). |
Mc.13:10 | 10. Mas é necessário que primeiro o evangelho seja pregado a todas as nações. Pregado. Do gr. kerusso, “proclamar” ou “anunciar”, portanto, “pregar”. |
Mc.13:11 | 11. Quando, pois, vos levarem e vos entregarem, não vos preocupeis com o que haveis de dizer, mas o que vos for concedido naquela hora, isso falai; porque não sois vós os que falais, mas o Espírito Santo. Quando, pois, vos levarem. Como sentido de que eles seriam “levados ante tribunais, a um magistrado, ou para serem punidos” (ver Mt.10:18; Lc.21:12; Lc.22:54; At.25:17). Não vos preocupeis. Isto é, “não andeis ansiosos” (ver com. de Mt.6:25; Mt.10:19). Nem premediteis (ACF). Ver com. de Mt.10:19-20. A evidência textual permite (cf. p. 136) a omissão destas palavras. |
Mc.13:12 | 12. Um irmão entregará à morte outro irmão, e o pai, ao filho; filhos haverá que se levantarão contra os progenitores e os matarão. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:13 | 13. Sereis odiados de todos por causa do meu nome; aquele, porém, que perseverar até ao fim, esse será salvo. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:14 | 14. Quando, pois, virdes o abominável da desolação situado onde não deve estar (quem lê entenda), então, os que estiverem na Judéia fujam para os montes Situado onde não deve estar. Ou, “erigido onde não deve” (BJ). |
Mc.13:15 | 15. quem estiver em cima, no eirado, não desça nem entre para tirar da sua casa alguma coisa Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:16 | 16. e o que estiver no campo não volte atrás para buscar a sua capa. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:17 | 17. Ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias! Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:18 | 18. Orai para que isso não suceda no inverno. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:19 | 19. Porque aqueles dias serão de tamanha tribulação como nunca houve desde o princípio do mundo, que Deus criou, até agora e nunca jamais haverá. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:20 | 20. Não tivesse o Senhor abreviado aqueles dias, e ninguém se salvaria; mas, por causa dos eleitos que ele escolheu, abreviou tais dias. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:21 | 21. Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis Cristo. Literalmente, o Messias. A palavra é usada aqui como um título e não como um nome pessoal (ver com. de Mt.1:1). |
Mc.13:22 | 22. pois surgirão falsos cristos e falsos profetas, operando sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:23 | 23. Estai vós de sobreaviso; tudo vos tenho predito. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:24 | 24. Mas, naqueles dias, após a referida tribulação, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, Naqueles dias. Marcos é ainda mais preciso do que Mateus quanto à localização desses sinais nos céus (ver com. de Mt.24:29). |
Mc.13:25 | 25. as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão abalados. Cairão. Ver com. de Mt.24:29. O texto grego ressalta o sentido de continuidade, como de uma chuva de estrelas cadentes (ver com. de Ap.6:13). |
Mc.13:26 | 26. Então, verão o Filho do Homem vir nas nuvens, com grande poder e glória. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:27 | 27. E ele enviará os anjos e reunirá os seus escolhidos dos quatro ventos, da extremidade da terra até à extremidade do céu. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:28 | 28. Aprendei, pois, a parábola da figueira: quando já os seus ramos se renovam, e as folhas brotam, sabeis que está próximo o verão. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:29 | 29. Assim, também vós: quando virdes acontecer estas coisas, sabei que está próximo, às portas. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:30 | 30. Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:31 | 31. Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:32 | 32. Mas a respeito daquele dia ou da hora ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o Pai. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:33 | 33. Estai de sobreaviso, vigiai [e orai]; porque não sabeis quando será o tempo. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:34 | 34. É como um homem que, ausentando-se do país, deixa a sua casa, dá autoridade aos seus servos, a cada um a sua obrigação, e ao porteiro ordena que vigie. Ausentando-se do país. Marcos aqui omite a maior parte do discurso registrado em Mt.24:37-25:46. |
Mc.13:35 | 35. Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã Não sabeis. Ver com. de Mt.24:36; Mt.24:44. Esta é a razão para ficar vigilante ou alerta. À tarde. Os quatro termos aqui utilizados se referem às quatro vigílias da noite, de acordo com o sistema romano que se empregava na Palestina. |
Mc.13:36 | 36. para que, vindo ele inesperadamente, não vos ache dormindo. Sem comentário para este versículo. |
Mc.13:37 | 37. O que, porém, vos digo, digo a todos: vigiai! Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:1 | 1. Dali a dois dias, era a Páscoa e a Festa dos Pães Asmos; e os principais sacerdotes e os escribas procuravam como o prenderiam, à traição, e o matariam. Dali a dois dias. [O plano para tirar a vida de Jesus, Mc.14:1, 2, 10, 11 = Mt.26:1-5; Mt.26:14-16 = Lc.22:1-6. Comentário principal: Mt]. |
Mc.14:2 | 2. Pois diziam: Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:3 | 3. Estando ele em Betânia, reclinado à mesa, em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher trazendo um vaso de alabastro com preciosíssimo perfume de nardo puro; e, quebrando o alabastro, derramou o bálsamo sobre a cabeça de Jesus. Estando Ele em Betânia. [Jesus ungido em Betânia, Mc.14:3-9 = Mt.26:6-13 = Lc.7:36-50 = Jo.12:1-8. Comentário principal: Mt e Lc]. |
Mc.14:4 | 4. Indignaram-se alguns entre si e diziam: Para que este desperdício de bálsamo? Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:5 | 5. Porque este perfume poderia ser vendido por mais de trezentos denários e dar-se aos pobres. E murmuravam contra ela. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:6 | 6. Mas Jesus disse: Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou boa ação para comigo. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:7 | 7. Porque os pobres, sempre os tendes convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem, mas a mim nem sempre me tendes. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:8 | 8. Ela fez o que pôde: antecipou-se a ungir-me para a sepultura. Ela fez o que pôde. Ou seja, a mulher fez o melhor uso possível do que tinha nas mãos. Isso é o que Deus espera de todos, nada mais e nada menos. |
Mc.14:9 | 9. Em verdade vos digo: onde for pregado em todo o mundo o evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:10 | 10. E Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principais sacerdotes, para lhes entregar Jesus. Judas. [O pacto da traição, Mc.14:10-11 = Mt.26:14-16 = Lc.22:3-6]. |
Mc.14:11 | 11. Eles, ouvindo-o, alegraram-se e lhe prometeram dinheiro; nesse meio tempo, buscava ele uma boa ocasião para o entregar. Eles [...] alegraram-se. Talvez o oferecimento de Judas tenha ocorrido justo no momento em que eles estavam prestes a desistir de colocar em prática seus planos (ver com. de Mt.26:15). |
Mc.14:12 | 12. E, no primeiro dia da Festa dos Pães Asmos, quando se fazia o sacrifício do cordeiro pascal, disseram-lhe seus discípulos: Onde queres que vamos fazer os preparativos para comeres a Páscoa? Sacrifício do cordeiro pascal. [Os discípulos preparam a Páscoa, Mc.14:12-16 = Mt.26:17-19 = Lc.22:7-13. Comentário principal: Mt]. |
Mc.14:13 | 13. Então, enviou dois dos seus discípulos, dizendo-lhes: Ide à cidade, e vos sairá ao encontro um homem trazendo um cântaro de água Um homem. Aparentemente, um servo, e não o dono da casa (ver v. Mc.14:14). Era incomum a um homem carregar água em um “cântaro” ou em outro recipiente de barro; geralmente isso era feito por mulheres. Os homens geralmente transportavam água em odres. |
Mc.14:14 | 14. segui-o e dizei ao dono da casa onde ele entrar que o Mestre pergunta: Onde é o meu aposento no qual hei de comer a Páscoa com os meus discípulos? Dono da casa. Do gr. despotes (ver com. de Lc.2:29). Aposento. Do gr. kataluma, palavra utilizada nos papiros para descrever qualquer local de hospedagem (ver com. de Lc.2:7). |
Mc.14:15 | 15. E ele vos mostrará um espaçoso cenáculo mobilado e pronto; ali fazei os preparativos. Um espaçoso cenáculo. Do gr. anagaion, literalmente, qualquer quarto acima do nível do solo, portanto, um quarto na parte superior da casa. Outro termo grego, huperoon significa estritamente “sala superior” (cf. At.1:13; sobre a identificação desta sala, ver com. de Mt.26:18). Mobilado. Literalmente “espalhado”. Aqui, a referência deve ser à disposição dos sofás ou almofadas na sala (ver com. de Mc.2:15). Pronto. Talvez em antecipação da Páscoa. |
Mc.14:16 | 16. Saíram, pois, os discípulos, foram à cidade e, achando tudo como Jesus lhes tinha dito, prepararam a Páscoa. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:17 | 17. Ao cair da tarde, foi com os doze. Ao cair da tarde. [O traidor é indicado, Mc.14:17-21 = Mt.26:20-25. Comentário principal: Mt]. Isto é, à noite do “primeiro dia da Festa dos Pães Asmos” (v. Mc.14:12; sobre a cronologia da Última Ceia, ver Nota Adicional 2 a Mateus 26; Mt.26:75; ver com. de Jo.13:21-30). |
Mc.14:18 | 18. Quando estavam à mesa e comiam, disse Jesus: Em verdade vos digo que um dentre vós, o que come comigo, me trairá. Quando estavam à mesa. Ou, “assentados a comer” (ARC; ver com. de Mc.2:15). |
Mc.14:19 | 19. E eles começaram a entristecer-se e a dizer-lhe, um após outro: Porventura, sou eu? Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:20 | 20. Respondeu-lhes: É um dos doze, o que mete comigo a mão no prato. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:21 | 21. Pois o Filho do Homem vai, como está escrito a seu respeito; mas ai daquele por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo traído! Melhor lhe fora não haver nascido! Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:22 | 22. E, enquanto comiam, tomou Jesus um pão e, abençoando-o, o partiu e lhes deu, dizendo: Tomai, isto é o meu corpo. Enquanto comiam. [A Ceia do Senhor, Mc.14:22-26 = Mt.26:26-30 = Lc.22:19-23 = 1Co.11:23-25. Comentário principal: Mt]. |
Mc.14:23 | 23. A seguir, tomou Jesus um cálice e, tendo dado graças, o deu aos seus discípulos; e todos beberam dele. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:24 | 24. Então, lhes disse: Isto é o meu sangue, o sangue da [nova] aliança, derramado em favor de muitos. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:25 | 25. Em verdade vos digo que jamais beberei do fruto da videira, até àquele dia em que o hei de beber, novo, no reino de Deus. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:26 | 26. Tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras. Tendo cantado um hino. Ver com. de Mt.26:30. |
Mc.14:27 | 27. Então, lhes disse Jesus: Todos vós vos escandalizareis, porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas. Todos vós vos escandalizareis. [Pedro é avisado, Mc.14:27-31 = Mt.26:31-35 = Lc.22:31-34 = Jo.13:36-38. Comentário principal: Mt]. Em mim (ARC). A evidência textual favorece a omissão (cf. p. 136) destas palavras, porém as estabelece em Mt.26:31. |
Mc.14:28 | 28. Mas, depois da minha ressurreição, irei adiante de vós para a Galiléia. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:29 | 29. Disse-lhe Pedro: Ainda que todos se escandalizem, eu, jamais! Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:30 | 30. Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que duas vezes cante o galo, tu me negarás três vezes. Hoje. Segundo o computo judaico, ao pôr do sol já havia começado o sexto dia da semana, e o julgamento e a crucifixão ocorreriam antes do pôr do sol seguinte. Duas vezes. Apenas Marcos observa este detalhe. |
Mc.14:31 | 31. Mas ele insistia com mais veemência: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei. Assim disseram todos. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:32 | 32. Então, foram a um lugar chamado Getsêmani; ali chegados, disse Jesus a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou orar. Então, foram. [Jesus no Getsêmani, Mc.14:32-42 = Mt.26:36-56 = Lc.22:39-46. Comentário principal: Mt]. |
Mc.14:33 | 33. E, levando consigo a Pedro, Tiago e João, começou a sentir-se tomado de pavor e de angústia. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:34 | 34. E lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:35 | 35. E, adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se possível, lhe fosse poupada aquela hora. Aquela hora. Ou seja, os eventos daquela hora. |
Mc.14:36 | 36. E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:37 | 37. Voltando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, tu dormes? Não pudeste vigiar nem uma hora? Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:38 | 38. Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:39 | 39. Retirando-se de novo, orou repetindo as mesmas palavras. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:40 | 40. Voltando, achou-os outra vez dormindo, porque os seus olhos estavam pesados; e não sabiam o que lhe responder. Não sabiam. Detalhe observado apenas por Marcos. Há outra situação semelhante em que os discípulos ficaram sem palavras (ver Mc.9:6). |
Mc.14:41 | 41. E veio pela terceira vez e disse-lhes: Ainda dormis e repousais! Basta! Chegou a hora; o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. Basta! Nos papiros, a palavra grega assim traduzida ocorre em recibos para indicar que o pagamento integral fora efetuado (ver com. de Mt.6:2). Jesus quis dizer que os discípulos haviam dormido o suficiente ou que o debate desse assunto específico estava terminado. |
Mc.14:42 | 42. Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:43 | 43. E logo, falava ele ainda, quando chegou Judas, um dos doze, e com ele, vinda da parte dos principais sacerdotes, escribas e anciãos, uma turba com espadas e porretes. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:44 | 44. Ora, o traidor tinha-lhes dado esta senha: Aquele a quem eu beijar, é esse; prendei-o e levai-o com segurança. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:45 | 45. E, logo que chegou, aproximando-se, disse-lhe: Mestre! E o beijou. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:46 | 46. Então, lhe deitaram as mãos e o prenderam. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:47 | 47. Nisto, um dos circunstantes, sacando da espada, feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe a orelha. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:48 | 48. Disse-lhes Jesus: Saístes com espadas e porretes para prender-me, como a um salteador? Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:49 | 49. Todos os dias eu estava convosco no templo, ensinando, e não me prendestes; contudo, é para que se cumpram as Escrituras. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:50 | 50. Então, deixando-o, todos fugiram. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:51 | 51. Seguia-o um jovem, coberto unicamente com um lençol, e lançaram-lhe a mão. Um jovem. [Jesus, seguido por um jovem, Mc.14:51-52]. Este incidente aparentemente trivial não parece ter relação com os acontecimentos da noite, contudo deve haver algum motivo para sua inclusão na narrativa. Alguns sugerem que o autor do evangelho, João Marcos (ver At.12:12), aqui se refere enigmaticamente à sua própria ligação com a prisão de Jesus. Esse “jovem” dificilmente pode ter sido um dos discípulos, pois todos eles já haviam abandonado Jesus e fugido (Mc.14:50). Deve-se salientar, no entanto, que qualquer sugestão sobre a identidade do jovem é apenas uma conjectura, mesmo que pareça plausível. Por parte de João, houve uma omissão intencional de sua identidade (ver Jo.21:20-24). |
Mc.14:52 | 52. Mas ele, largando o lençol, fugiu desnudo. Desnudo. O mais provável é que ele estivesse vestido apenas com a roupa de baixo, ou túnica (ver com. de Mt.5:40; Jo.21:7). |
Mc.14:53 | 53. E levaram Jesus ao sumo sacerdote, e reuniram-se todos os principais sacerdotes, os anciãos e os escribas. Levaram Jesus. [Jesus perante o Sinédrio, Mc.14:53-65 = Mt.26:57-68 = Lc.22:63-71. Comentário principal: Mt]. |
Mc.14:54 | 54. Pedro seguira-o de longe até ao interior do pátio do sumo sacerdote e estava assentado entre os serventuários, aquentando-se ao fogo. Fogo. Literalmente, “luz”. Foi, sem dúvida, a luz do fogo, que revelou Pedro. |
Mc.14:55 | 55. E os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho contra Jesus para o condenar à morte e não achavam. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:56 | 56. Pois muitos testemunhavam falsamente contra Jesus, mas os depoimentos não eram coerentes. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:57 | 57. E, levantando-se alguns, testificavam falsamente, dizendo: Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:58 | 58. Nós o ouvimos declarar: Eu destruirei este santuário edificado por mãos humanas e, em três dias, construirei outro, não por mãos humanas. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:59 | 59. Nem assim o testemunho deles era coerente. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:60 | 60. Levantando-se o sumo sacerdote, no meio, perguntou a Jesus: Nada respondes ao que estes depõem contra ti? Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:61 | 61. Ele, porém, guardou silêncio e nada respondeu. Tornou a interrogá-lo o sumo sacerdote e lhe disse: És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito? Bendito. Uma forma de designar a Divindade, a fim de evitar o uso do sagrado nome de Yahweh (ver vol. 1, p. 149, 150). |
Mc.14:62 | 62. Jesus respondeu: Eu sou, e vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo com as nuvens do céu. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:63 | 63. Então, o sumo sacerdote rasgou as suas vestes e disse: Que mais necessidade temos de testemunhas? Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:64 | 64. Ouvistes a blasfêmia; que vos parece? E todos o julgaram réu de morte. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:65 | 65. Puseram-se alguns a cuspir nele, a cobrir-lhe o rosto, a dar-lhe murros e a dizer-lhe: Profetiza! E os guardas o tomaram a bofetadas. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:66 | 66. Estando Pedro embaixo no pátio, veio uma das criadas do sumo sacerdote Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:67 | 67. e, vendo a Pedro, que se aquentava, fixou-o e disse: Tu também estavas com Jesus, o Nazareno. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:68 | 68. Mas ele o negou, dizendo: Não o conheço, nem compreendo o que dizes. E saiu para o alpendre. [E o galo cantou.] Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:69 | 69. E a criada, vendo-o, tornou a dizer aos circunstantes: Este é um deles. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:70 | 70. Mas ele outra vez o negou. E, pouco depois, os que ali estavam disseram a Pedro: Verdadeiramente, és um deles, porque também tu és galileu. Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:71 | 71. Ele, porém, começou a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem de quem falais! Sem comentário para este versículo. |
Mc.14:72 | 72. E logo cantou o galo pela segunda vez. Então, Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: Antes que duas vezes cante o galo, tu me negarás três vezes. E, caindo em si, desatou a chorar. Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:1 | 1. Logo pela manhã, entraram em conselho os principais sacerdotes com os anciãos, os escribas e todo o Sinédrio; e, amarrando a Jesus, levaram-no e o entregaram a Pilatos. Logo pela manhã. [Jesus perante Pilatos, Mc.15:1-15 = Mt.27:1-2; Mt.27:11-26 = Lc.23:1-7; Lc.23:13-25 = Jo.18:28-19:16. Comentário principal: Lc]. |
Mc.15:2 | 2. Pilatos o interrogou: És tu o rei dos judeus? Respondeu Jesus: Tu o dizes. Pilatos O interrogou. Ver com. de Lc.23:1-5. |
Mc.15:3 | 3. Então, os principais sacerdotes o acusavam de muitas coisas. Ele nada respondia (ARC). A evidência textual favorece a omissão (cf. p. 136) destas palavras, como na ARA. |
Mc.15:4 | 4. Tornou Pilatos a interrogá-lo: Nada respondes? Vê quantas acusações te fazem! Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:5 | 5. Jesus, porém, não respondeu palavra, a ponto de Pilatos muito se admirar. Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:6 | 6. Ora, por ocasião da festa, era costume soltar ao povo um dos presos, qualquer que eles pedissem. Por ocasião da festa. Ver com. de Mt.27:1-2; Mt.27:11-31. Era costume soltar. Era prática habitual. |
Mc.15:7 | 7. Havia um, chamado Barrabás, preso com amotinadores, os quais em um tumulto haviam cometido homicídio. Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:8 | 8. Vindo a multidão, começou a pedir que lhes fizesse como de costume. Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:9 | 9. E Pilatos lhes respondeu, dizendo: Quereis que eu vos solte o rei dos judeus? Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:10 | 10. Pois ele bem percebia que por inveja os principais sacerdotes lho haviam entregado. Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:11 | 11. Mas estes incitaram a multidão no sentido de que lhes soltasse, de preferência, Barrabás. Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:12 | 12. Mas Pilatos lhes perguntou: Que farei, então, deste a quem chamais o rei dos judeus? Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:13 | 13. Eles, porém, clamavam: Crucifica-o! Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:14 | 14. Mas Pilatos lhes disse: Que mal fez ele? E eles gritavam cada vez mais: Crucifica-o! Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:15 | 15. Então, Pilatos, querendo contentar a multidão, soltou-lhes Barrabás; e, após mandar açoitar a Jesus, entregou-o para ser crucificado. Querendo contentar a multidão. Era mais do que um simples desejo de Pilatos; ele estava ansioso de agradar o povo, se possível, para que as descontroladas paixões da turba não desencadeassem uma revolta. |
Mc.15:16 | 16. Então, os soldados o levaram para dentro do palácio, que é o pretório, e reuniram todo o destacamento. Então, os soldados. [Jesus entregue aos soldados, Mc.15:16-20 = Mt.27:27-31]. |
Mc.15:17 | 17. Vestiram-no de púrpura e, tecendo uma coroa de espinhos, lha puseram na cabeça. Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:18 | 18. E o saudavam, dizendo: Salve, rei dos judeus! Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:19 | 19. Davam-lhe na cabeça com um caniço, cuspiam nele e, pondo-se de joelhos, o adoravam. Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:20 | 20. Depois de o terem escarnecido, despiram-lhe a púrpura e o vestiram com as suas próprias vestes. Então, conduziram Jesus para fora, com o fim de o crucificarem. Conduziram Jesus para fora. [A crucifixão, Mc.15:20-41 = Mt.27:31-56 = Lc.23:26-49 = Jo.19:17-37. Comentário principal: Mt e Jo]. |
Mc.15:21 | 21. E obrigaram a Simão Cireneu, que passava, vindo do campo, pai de Alexandre e de Rufo, a carregar-lhe a cruz. Pai de Alexandre e de Rufo. [Simão leva a cruz de Jesus, Mc.15:21 = Mt.27:32 = Lc.23:26]. Apenas Marcos registra isto. |
Mc.15:22 | 22. E levaram Jesus para o Gólgota, que quer dizer Lugar da Caveira. Gólgota. [A crucifixão, Mc.15:22-41 = Mt.27:33-49 = Lc.23:33-49 = Jo.19:17-30. Comentário principal: Mt e Jo.] |
Mc.15:23 | 23. Deram-lhe a beber vinho com mirra; ele, porém, não tomou. Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:24 | 24. Então, o crucificaram e repartiram entre si as vestes dele, lançando-lhes sorte, para ver o que levaria cada um. Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:25 | 25. Era a hora terceira quando o crucificaram. Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:26 | 26. E, por cima, estava, em epígrafe, a sua acusação: O REI DOS JUDEUS. Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:27 | 27. Com ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita, e outro à sua esquerda. Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:28 | 28. [E cumpriu-se a Escritura que diz: Com malfeitores foi contado.] A Escritura. Uma citação de Is.53:12. A evidência textual (cf. p. 136) tende a omitir esta citação de Isaías, que, no entanto, é confirmada em Lc.22:37. |
Mc.15:29 | 29. Os que iam passando, blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Ah! Tu que destróis o santuário e, em três dias, o reedificas! Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:30 | 30. Salva-te a ti mesmo, descendo da cruz! Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:31 | 31. De igual modo, os principais sacerdotes com os escribas, escarnecendo, entre si diziam: Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:32 | 32. desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos. Também os que com ele foram crucificados o insultavam. Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:33 | 33. Chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra até a hora nona. Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:34 | 34. À hora nona, clamou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? Que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:35 | 35. Alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Vede, chama por Elias! Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:36 | 36. E um deles correu a embeber uma esponja em vinagre e, pondo-a na ponta de um caniço, deu-lhe de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias vem tirá-lo! Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:37 | 37. Mas Jesus, dando um grande brado, expirou. Expirou. Ver com. de Mt.27:50. |
Mc.15:38 | 38. E o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo. Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:39 | 39. O centurião que estava em frente dele, vendo que assim expirara, disse: Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus. Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:40 | 40. Estavam também ali algumas mulheres, observando de longe; entre elas, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé Maria, mãe. Nada mais se sabe a respeito desta Maria, a não ser a menção feita a ela pelos evangelistas em relação com a morte, o sepultamento e a ressurreição de Jesus. Alguns têm identificado esta Maria com a esposa de Cleopas (ou Clopas; ver com. de Jo.19:25; cf. com. de Mc.3:18). Salomé. Uma comparação com Mt.27:56 indica que Salomé era, possivelmente, a mãe de Tiago e João, filhos de Zebedeu. Também tem-se sugerido que ela era irmã de Maria, mãe de Jesus (ver com. de Jo.19:25). |
Mc.15:41 | 41. as quais, quando Jesus estava na Galiléia, o acompanhavam e serviam; e, além destas, muitas outras que haviam subido com ele para Jerusalém. Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:42 | 42. Ao cair da tarde, por ser o dia da preparação, isto é, a véspera do sábado, Preparação. [O sepultamento de Jesus, Mc.15:42-47 = Mt.27:57-61 = Lc.23:50-56 = Jo.19:38-42. Comentário principal: Mt e Mc; ver mapa, p. 222; e gráficos 8 e 9, p. 229, 230]. Do gr. paraskeue, “preparação”, palavra cujo uso no NT deve se aplicar tanto ao dia anterior a um sábado quanto ao dia que precedia a um dia de festa (ver p. 93, 94). Véspera do sábado. Era o sábado semanal (ver Nota Adicional 1 a Mateus 26; Mt.26:75). A precisa afirmação de Marcos, juntamente com a sequência de dias em Lc.23:54-24:1, torna claro que a sexta-feira foi o dia da crucifixão. |
Mc.15:43 | 43. vindo José de Arimatéia, ilustre membro do Sinédrio, que também esperava o reino de Deus, dirigiu-se resolutamente a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:44 | 44. Mas Pilatos admirou-se de que ele já tivesse morrido. E, tendo chamado o centurião, perguntou-lhe se havia muito que morrera. Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:45 | 45. Após certificar-se, pela informação do comandante, cedeu o corpo a José. Corpo. Do gr. ptoma, termo que só pode se referir a um corpo morto, “cadáver”. Esta é a única ocorrência de ptoma no NT. A palavra grega usual para “corpo” é soma (ver Mt.27:59; Lc.23:52; Jo.19:40). |
Mc.15:46 | 46. Este, baixando o corpo da cruz, envolveu-o em um lençol que comprara e o depositou em um túmulo que tinha sido aberto numa rocha; e rolou uma pedra para a entrada do túmulo. Sem comentário para este versículo. |
Mc.15:47 | 47. Ora, Maria Madalena e Maria, mãe de José, observaram onde ele foi posto. Observaram. No texto grego, isto significa que as mulheres observavam atentamente o sepultamento de Jesus, fazendo planos para embalsamar Seu corpo depois que as horas sagradas do sábado tivessem passado (ver Lc.23:55-24:1). |
Mc.16:1 | 1. Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem embalsamá-lo. Passado o sábado. [A ressurreição de Jesus, Mc.16:1-8 = Mt.28:1-10 = Lc.24:1-12 = Jo.20:1-10. Comentário principal: Mt e Jo]. Ou, “havia transcorrido”, isto é, entre os acontecimentos de Mc.15 e os de Marcos 16. Desse modo, fica claro que a ressurreição ocorreu no primeiro dia da semana, e não antes, como alguns têm proposto (ver com. de Mt.28:1). Maria Madalena. Ver Nota Adicional a Lucas 7; Lc.7:50. Compraram aromas. Estas especiarias devem ter sido compradas depois do pôr do sol, na noite de sábado mas que já era domingo para elas; às quais foram acrescentadas aquelas que as mulheres tinham preparado na sexta-feira (ver Lc.23:56) e as que Nicodemos proveu (ver Jo.19:39). |
Mc.16:2 | 2. E, muito cedo, no primeiro dia da semana, ao despontar do sol, foram ao túmulo. Muito cedo. Ver com. de Mt.28:1. |
Mc.16:3 | 3. Diziam umas às outras: Quem nos removerá a pedra da entrada do túmulo? Sem comentário para este versículo. |
Mc.16:4 | 4. E, olhando, viram que a pedra já estava removida; pois era muito grande. Sem comentário para este versículo. |
Mc.16:5 | 5. Entrando no túmulo, viram um jovem assentado ao lado direito, vestido de branco, e ficaram surpreendidas e atemorizadas. Sem comentário para este versículo. |
Mc.16:6 | 6. Ele, porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais a Jesus, o Nazareno, que foi crucificado; ele ressuscitou, não está mais aqui; vede o lugar onde o tinham posto. Sem comentário para este versículo. |
Mc.16:7 | 7. Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vai adiante de vós para a Galiléia; lá o vereis, como ele vos disse. Pedro. Apenas Marcos se refere a Pedro por nome aqui (cf. p. 611). O fato de Jesus o mencionar nominalmente, era uma indicação de que, apesar de seus erros, Pedro ainda era reconhecido e incluído entre os mais próximos de Jesus, porque ele havia se arrependido sinceramente (ver Mt.26:75; Mc.14:72; DTN, 713). |
Mc.16:8 | 8. E, saindo elas, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de temor e de assombro; e, de medo, nada disseram a ninguém. Nada disseram. Ou seja, eles não disseram nada para aqueles com quem se encontraram ao entrar na cidade. Alguns interpretam mal essa declaração para indicar que as mulheres não disseram nada aos discípulos, e que, portanto, Marcos aqui contradiz os outros evangelhos. Mas esta conclusão não tem fundamento. |
Mc.16:9 | 9. Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual expelira sete demônios. Havendo Ele ressuscitado. [Jesus aparece a Maria Madalena, Mc.16:9-11 = Jo.20:11-18]. A evidência textual favorece (cf. p. 136) a omissão dos v. 9 a 20, e a conclusão do evangelho de Marcos seria, portanto, no v. Mc.16:8. Os comentaristas favoráveis à omissão desses versículos mencionam alguns fatores como diferenças de estilo literário e idioma, com o uso de palavras e frases nesses versículos que não são características de Marcos, além da transição abrupta entre os v. Mc.16:8 e 9. Esses versos são chamados de “final longo” de Marcos. Em vez desse final mais longo, alguns manuscritos antigos têm o que é chamado de “final mais curto”: “Mas eles relataram brevemente a Pedro e aos que com ele estavam tudo o que tinha sido dito. E depois disso, o próprio Jesus enviou por meio deles, de leste a oeste, a proclamação sagrada e imperecível de salvação eterna” (RSV). Tomada como um todo, contudo, a evidência textual favorece o final chamado “mais longo” (ver com. do v. Mc.16:14). |
Mc.16:10 | 10. E, partindo ela, foi anunciá-lo àqueles que, tendo sido companheiros de Jesus, se achavam tristes e choravam. Sem comentário para este versículo. |
Mc.16:11 | 11. Estes, ouvindo que ele vivia e que fora visto por ela, não acreditaram. Não acreditaram. Este registro da incredulidade dos discípulos, mesmo em face de testemunhos que afirmavam a ressurreição de Cristo, constitui uma forte evidência em favor da precisão e confiabilidade do relato histórico da ressurreição, inclusive em seus mínimos detalhes. |
Mc.16:12 | 12. Depois disto, manifestou-se em outra forma a dois deles que estavam de caminho para o campo. Depois disto. [Jesus aparece a dois de Seus discípulos, Mc.16:12-13 = Lc.24:13-35. Comentário principal: Lc]. Em outra forma. Possivelmente uma referência ao corpo ressuscitado de Jesus em contraste com Seu corpo antes da ressurreição, ou ao fato de que Jesus não foi reconhecido pelos discípulos no caminho de Emaús. |
Mc.16:13 | 13. E, indo, eles o anunciaram aos demais, mas também a estes dois eles não deram crédito. Eles não deram crédito. Ver com. de Lc.24:34-35; Lc.24:41. |
Mc.16:14 | 14. Finalmente, apareceu Jesus aos onze, quando estavam à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, porque não deram crédito aos que o tinham visto já ressuscitado. Finalmente. [A ordem para a evangelização, Mc.16:14-18 = Mt.28:16-20 = Jo.20:24-29. Comentário principal: Jo]. Quanto à sequência cronológica das manifestações posteriores à ressurreição, ver Nota Adicional a Mateus 28; Mt.28:20. Aos onze. Um termo tecnicamente correto, pois o grupo de doze seguidores especiais de Jesus havia se reduzido a onze, após a traição e o suicídio de Judas. Ainda assim, eram chamados pelo termo familiar “os doze” (ver Jo.20:24). Quando estavam à mesa. Parece que os discípulos transformaram em sua habitação temporária o aposento superior em que tinham participado juntos da Última Ceia. Censurou-lhes. A incredulidade merece reprovação quando persiste apesar de haver evidências suficientes contra ela. Dureza de coração. Ver com. de Ex.4:21. Um antigo manuscrito, o Códice Freeriano (ver p. 105), também conhecido como o Washingtonense, acrescenta ao v. 14 o que, às vezes, é chamado de “Freer Logion”. Este acréscimo tem indícios inconfundíveis de ser uma interpolação posterior, e só tem interesse como uma curiosidade textual. |
Mc.16:15 | 15. E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Ide. Aqui não há nada no relato que indique uma mudança de tempo ou de lugar diferentes do v. Mc.16:14. No entanto, estes versículos são, provavelmente, um breve relato de parte das amplas instruções que Jesus deu a cerca de 500 pessoas reunidas em uma montanha na Galileia (ver com. de Mt.28:16; Mt.28:19; cf. DTN, 818, 821). “Várias vezes foram as palavras repetidas, a fim de que os discípulos lhes apreendessem o significado” (DTN, 818). Este fato pode explicar as diversas versões da comissão evangélica apresentadas pelos evangelistas. |
Mc.16:16 | 16. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado. Será salvo. Aqui se apresentam dois requisitos para os que aceitam os ensinos do evangelho: fé em Jesus e batismo. O primeiro é a aceitação íntima da salvação proporcionada pela morte vicária do Redentor do mundo; o segundo é a demonstração externa de uma mudança interior da vida (ver com. de Rm.6:3-6). Não crer. Deve-se notar que, se alguém é condenado, é por causa da incredulidade. Aqui não se faz referência ao batismo em sentido positivo ou negativo, pois a realidade interior da salvação transcende amplamente em importância ao sinal exterior. A falta do batismo simplesmente significaria uma demonstração externa de descrença interior, a qual, por si mesma, é suficiente para impedir que a pessoa desfrute as bênçãos da salvação. Talvez aqui, Jesus previa que, à semelhança do ladrão na cruz, haveria casos em que homens e mulheres verdadeiramente convertidos não poderiam receber o rito do batismo. Expelirão demônios. Ver Nota Adicional a Marcos 1; Mc.1:45. Novas línguas. Ver At.2:4; At.10:46; At.19:6; 1Co.12:28; 1Co.14:2-5. Durante o ministério de Cristo não havia sido dado o dom de línguas aos doze, pois não era necessário. Este dom lhes foi concedido quando se tornou necessário (ver com. de 1Co.14). |
Mc.16:17 | 17. Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas Sem comentário para este versículo. |
Mc.16:18 | 18. pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados. Serpentes. Ver com. de Lc.10:19. Coisa mortífera. Jesus aqui usa como ilustrações casos que normalmente resultam em danos graves ou morte e promete que os mensageiros do evangelho, em muitas ocasiões, receberão uma proteção especial, de acordo com a vontade do Pai. Impuserem as mãos. Ver com. de Mc.1:31. |
Mc.16:19 | 19. De fato, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à destra de Deus. Depois de lhes ter falado. [A ascensão de Jesus, Mc.16:19-20 = Lc.24:50-53 = At.1:6-11. Comentário principal: Lc]. Esta frase de transição sugere que a ascensão ocorreu imediatamente após a comissão dos v. Mc.16:15-18. Contudo, não parece ter sido o caso. É mais provável que aqui se faça referência a um intervalo mais prolongado (ver com. de Mc.16:15). A destra. A posição de honra e autoridade. A exaltada posição de Cristo no Céu frequentemente é o tema de vários escritores do NT (ver At.7:55; Rm.8:34; Ef.1:20; Cl.3:1; Hb.1:3; Hb.8:1; Hb.10:12; 1Pe.3:22; Ap.3:21). |
Mc.16:20 | 20. E eles, tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra por meio de sinais, que se seguiam. Eles, tendo partido. Somente em Marcos se descreve, ousadamente, os triunfos do evangelho realizados pelo Espírito Santo mediante os apóstolos, durante os primeiros anos após a ascensão de Cristo. Pregaram em toda parte. Esta foi e continua sendo a missão dos seguidores de Cristo (ver Mc.16:15). Cooperando com eles. Na providência de Deus, o poder divino sempre se unirá ao esforço humano. Confirmando a palavra. Parcialmente, mediante a evidência do poder divino manifestado pelos “sinais”, a que se faz referência nos v. Mc.16:17-18. Amém (ARC)! A evidência textual favorece (cf. p. 136) a omissão desta palavra, como na ARA. |