Capítulo e Verso | Comentário Adventista > Daniel |
Dn.1:1 | 1. No ano terceiro. Com base em sin- cronismos bíblicos que relacionam os reinados de vários reis de Judá com o de Nabucodonosor, cujos anos de reinado em Babilônia foram estabelecidos astronomica- mente, o terceiro ano de reinado de Jeoaquim durou, segundo o calendário judaico, do outono de 606 ao outono de 605 a.C. (ver vol. 2, p. 129; vol. 3, p. 80). Portanto, os eventos registrados neste e no versículo seguinte devem ter ocorrido em algum momento durante o ano civil judaico que começou no outono de 606 e terminou no outono de 605 a.C. Antes de serem compreendidos os antigos sistemas de contagem dos reinados, este versículo apresentava aos comentaristas um problema insuperável devido à aparente contradição com jeremias 25:1. Como resultado de descobertas arqueológicas modernas, todas as dificuldades históricas e cronológicas desse ponto em questão desapareceram, e as evidências apresentam um quadro completamente harmonioso (ver p. 822, 823). A integridade do registro sagrado mais uma vez foi confirmada (ver p. 822).Jeoaquim era o segundo filho de Josias. Quando josias morreu em Megido, o povo fez de joacaz, o quarto filho de Josias (ver com. de lCr 3:15), rei no lugar de seu pai. Depois de Joacaz reinar por três meses, Neco, rei do Egito, durante a campanha de verão na Mesopotâmia, o depôs e colocou jeoaquim no trono (2Rs 23:29-34). O novo governante de Judá, cujo nome foi mudado pelo rei egípcio de Eliaquim (“Meu Deus Se levanta”) para Jeoaquim (“Yahweh Se levanta”), foi forçado a pagar pesados tributos ao Egito (2Rs 23:34, 35), mas parece ter permanecido leal a seu senhor egípcio.Nabucodonosor. Doheb.Nebukadnets, a transliteração hebraica comum do babi- lônico Nabú-kudurri-utsur, que significa “Que o [deus] Nabú proteja meu filho” ou “Que Nabú proteja minha pedra de limite”. A forma Nebukadnets (Nabucodonosor)ocorre com mais frequência na Bíblia hebraica do que a ortografia mais correta Nebukadrets (ver Jr 21:2; Ez 26:7; etc.). Fontes gregas mostram a mesma troca do n e r. A LXX traz Nabouchodonosor; mas nas obras de Estrabão e como variante em josefo se lê Nabokodrosoros.A presença de Nabucodonosor na Palestina, em 605 a.C., como indica Daniel 1:1, é confirmada por meio de dois relatos babilônicos: (1) uma narrativa do historiador Beroso, cuja obra perdida foi citada por josefo, com relação a esse acontecimento, em Contra A-pion (1.19); e (2) uma parte de uma crônica babilônica até então desconhecida (D. J. Wiseman, ed., Chronicles of Chaldaean Kings, 1956), que abarca todo o reinado de Nabopolassar e os primeiros 11 anos de seu filho Nabucodonosor.Beroso, como cita Josefo, relata que Nabucodonosor recebeu a ordem de seu pai Nabopolassar para conter uma rebelião no Egito, Fenícia e Celessíria. Depois de ter completado a missão, estando ainda no oeste, ele recebeu a notícia da morte de seu pai. Deixou os cativos, entre os quais alguns judeus, nas mãos de seus generais, e voltou para Babilônia pela rota mais curta do deserto o mais rápido possível. A pressa se devia, sem dúvida, ao desejo de impedir que um usurpador lhe tomasse o trono. Beroso diz que Nabucodonosor deixou judeus cativos com seus generais quando voltou apressadamente a Babilônia. Talvez Daniel e seus amigos estivessem entre esses cativos. A declaração de Daniel 1:1 e 2 e de Beroso eram os únicos registros antigos conhecidos que falavam dessa campanha de Nabucodonosor até a descoberta dessa crônica babilônica. A crônica feita de ano a ano proveu, pela primeira vez, datas exatas da ascensão e da morte de Nabopolassar, da ascensão de Nabucodonosor e da captura de um rei de Judá, obviamente Jeoaquim, oito anos mais tarde, isso também possibilitoudatar a morte de Josias em 609 e a batalha de Carquemis em 605.Antes se datava a ascensão de Nabuco- donosor em agosto de 605, por meio do registro de datas encontradas em tabuletas de argila de documentos comerciais de Babilônia (ver vol. 3, p. 75, 76). Isso se devia ao fato de o último desses documentos, do ano 21° de Nabopolassar, corresponder a 8 de agosto, e de o primeiro do novo reinado (sem contar um atribuído antes a julho-agosto, mas depois a outubro) ter sido escrito em setembro.No entanto, a crônica dá o dia exato. Ela conta como, no 21° ano de seu pai, Nabucodonosor derrotou os egípcios em Carquemis e subjugou a terra de Hatti (Síria- Palestina). Depois, ao saber da morte de seu pai, em 8 de ab (aproximadamente 15 de agosto), apressou-se a ir a Babilônia e subiu ao trono em Io de elul (aproximadamente 7 de setembro). Mais tarde, no ano de sua ascensão e de novo no seu Io ano (que começou na primavera de 604), ele retornou ao oeste e recebeu tributos de seus reis vassalos.Isso explica como Daniel pôde ter sido levado cativo no terceiro ano de Jeoaquim, o ano que antecedeu ao 1° de Nabucodonosor (ver p. 822, 823).Rei da Babilônia. Quando Nabucodonosor investiu contra Jerusalém, no terceiro ano de Jeoaquim. Poucas semanas ou no máximo poucos meses antes da morte de seu pai, ele ainda não era rei. Mas Daniel, ao registrar os eventos, provavelmente no Io ano de Ciro (v. 21), cerca de 70 anos após os mesmos terem ocorrido, chama Nabucodonosor de “rei da Babilônia”. Quando Daniel chegou a Babilônia como um jovem cativo, Nabucodonosor já era rei. A partir de então, ele viu Nabucodonosor reinar por 43 anos. Portanto, parece bem natural que Daniel o chamasse de “rei" E possível também, mas pouco provável, que Daniel tenha sido levado durante o curto intervalo entre a morte deNabopolassar e o retorno de Nabucodonosor a Babilônia. |
Dn.1:2 | 2. Alguns dos utensílios. Sem dúvida, Nabucodonosor levou os utensílios mais valiosos e finos do templo para usar no culto a seu deus Marduque. Ele deve ter deixado apenas o necessário para o ritual diário no templo em Jerusalém. Houve três ocasiões em que os caldeus levaram utensílios sagrados a Babilônia: (1) na campanha registrada nesta passagem; (2) quando Jerusalém foi tomada no fim do reinado de Joaquim, em 597 a.C. (2Rs 24:13); e (3) no fim do reinado de Zedequias, quando, em 586 a.C. após longo cerco, Jerusalém foi tomada e destruída (2Rs 25:8-15). O saque aos tesouros de Jerusalém pelas forças babilônicas foi o cumprimento da profecia de Isaías pronunciada quase um século antes (Is 39:6; sobre o destino da arca, ver com. de Jr 37:10).Terra de Sinar. Comentaristas antigos identificavam este termo com mât Sumêri, “terra de Sumer". ou o sul de Babilônia, mas essa interpretação foi descartada. Na maioria das referências do AT, Si nar é simplesmente um termo para designar Babilônia. A origem da palavra “Sinar’’ ainda é obscura (ver com. de Gn 10:10). Porém, em Gênesis 14:1 e 9, Sinar parece ser o nome de uma área ao norte da Mesopotâmia chamada de Sanhar, em textos cuneiformes. Como em Gênesis 11:2, ísaías 1.1:11 e Zacarias 5:11, a Sinar de Daniel é definitivamente Babilônia.Seu deus. O principal deus dos babilônios era Marduque, que, desde a época da Ia dinastia, mais de mil anos antes, era chamado popularmente de Bêl, "senhor”. O templo mais importante, chamado Esag-ila, em cujo átrio ficava a grande torre do edifício, Etemenanki, estava no coração de Babilônia (ver Nota Adicional a Daniel 4; e também o mapa na p. 876).Casa do tesouro. Documentos babi- lônicos cuneiformes mencionam com frequência os tesouros de Esagila, o grandetemplo de Marduque. Não se sabe qual dos muitos edifícios auxiliares pertencentes a esse complexo do templo pode ter abrigado os tesouros. Contudo, uma casa do tesouro de natureza secular foi escavada dentro do recinto do palácio. Os escavadores chamaram essa construção de Museu do Palácio porque encontraram ali muitas esculturas e inscrições de cidades conquistadas. Como num museu moderno, objetos de diferentes partes do império também eram exibidos. Embora fosse aberto ao público, era proibida a entrada de “pessoas más”, de acordo com uma inscrição da época. Não é impossível que muitos tesouros de Jerusalém, principalmente do tesouro real, estivessem armazenados nesse museu, sendo vistos por muitos visitantes. |
Dn.1:3 | 3. Aspenaz. Este nome ocorre em textos cuneitormes de Nippur, do 5o século a.C., numa forma um pouco diferente, Ashpa- zanda, mas em textos aramaicos de encantamento, também de Nippur, na forma Aspenaz. Embora o significado ainda seja obscuro, crê-se que o nome indique origem persa. E possível que este alto oficial fosse persa. Muitos estrangeiros alcançaram cargos elevados e honra a serviço dos caldeus.Chefe dos seus eunucos. O título heb. rab-saris, “chefe dos eunucos”, também ocorre num texto aramaico, escrito em 682 a.C. Em inscrições babilônicas, encontra-se como equivalente o título rah sha reshi, literalmente, “o chefe do que está sobre a cabeça [do rei]”. O título aplicava-se ao homem de confiança do rei.Muitos discutem se o termo saris era usado para designar apenas oficiais que eram eunucos no sentido literal da palavra, isto é, castrados, ou se era usado de forma geral para designar todo oficial real. Não se pode dar uma resposta categórica à questão. Contudo, representações pictóricas assírias da vida na corte indicam com clareza, ao se demonstrar uma diferença nos traços fadais,como a ausência ou presença de barba, que o rei era rodeado por oficias que eram eunucos literais, bem como por aqueles que não eram. Elas indicam também que os eunucos literais pareciam ser a maioria. Alguns dos principais homens da história assíria pertenciam a essa classe, como, por exemplo, Daiân- Ashur, o grão-vizir de Salmaneser III, junto com muitos comandantes militares e outros altos oficiais. Isaías profetizou que alguns dos descendentes de Ezequias seriam eunucos no palácio do rei de Babilônia (Is 39:7). Alguns acham que Daniel e seus companheiros se incluíam nessa profecia. Daniel, contudo, é chamado de gebar, “homem” (Dn 5:11). A palavra é usada 17 vezes no livro, sendo que dez vezes se refere a Daniel e seus amigos, seis a outros oficiais do reino e uma a “homens mais poderosos do exército” (Dn 3:20).Israel. Depois da destruição de Samaria em 723/722 a.C., quando as dez tribos do norte deixaram cie existir como uma nação separada, o reino de judá permaneceu como o único representante dos descendentes de Jacó ou Israel. Portanto, o nome Israel é empregado com frequência durante o exílio e no período pós-exílico para designar os representantes do reino cio sul (ver Ez 14:1; 17:2; Ed 3:1, 11; etc.).Linhagem real. Quanclo tomou Jerusalém, em 605 a.C., Nabucodonosor levou reféns da casa real de Judá bem como das principais famílias da nação. Era um antigo costume dos conquistadores tomar nobres como reféns para garantir a lealdade do inimigo conquistado. A prática é relatada nos registros de Tutmés III, do Egito, que, após derrotar uma aliança entre governantes sírios e palestinos na batalha de Megido, no século 15 a.C., permitiu que os reis derrotados permanecessem em seus tronos, mas levou para o Egito um príncipe de cada um cie seus inimigos vencidos. No Egito, eles eram educados segundo o modo de vidaegípcio e, quando um dos reis da Palestina ou da Síria morria, um dos filhos do morto, educado no Egito e simpatizante do faraó, era posto no trono.Nobres. Do heb. partemim, um empréstimo do antigo termo persa fratama, que significa basicamente “principais”. Além desta passagem, partemim ocorre na Bíblia somente em Ester 1:3; e 6:9. A presença desse e de outros empréstimos da língua persa, no livro de Daniel, pode ser explicada pela razoável suposição de que o primeiro capítulo de Daniel tenha sido escrito no primeiro ano de Ciro, quando a influência persa se tornou forte (ver Dn 1:21). |
Dn.1:4 | 4. Jovens. Do heb. yeladim. Os jovens conselheiros levados com o rei Roboão são chamados de yeladim (lRs 12:8). O mesmo termo é aplicado a Benjamim, com a idade de cerca de 30 anos, pouco antes de ir ao Egito, e quando já era pai de 10 filhos (Gn 44:20; cf. Gn 46:21). Portanto, não é estranho ver a palavra que pode significar “criança” ser aplicada a jovens, dos quais pelo menos um, Daniel, tinha atingido a idade de 18 anos (T4, 570). Com relação a isso, deve-se mencionar que, numa época posterior, Xenofonte disse que nenhum jovem podia entrar no serviço dos reis persas antes dos 17 anos (Cyropaedia, i.2).Nenhum defeito. Integridade física e beleza eram indispensáveis aos oficiais de cargo elevado entre os antigos orientais, e são qualidades bastante desejadas no moderno Oriente.Caldeus. Este termo (do acadiano, Kaldii) designa os membros de urna tribo de arameus que, primeíramente, se estabeleceram na baixa Mesopotâmia e que assumiram o governo de Babilônia quando Nabopolassar fundou a dinastia neobabilônica. O termo também se aplica a uma classe de eruditos na corte babilônica que eram os principais astrônomos da época. Esses sábios também eram proficientes em ciênciasexatas, como matemática, embora incluíssem magia e astrologia em suas atividades. Comentaristas se dividem quanto à interpretação da frase “a cultura e a língua dos caldeus”. A opinião mais antiga, dos pais da igreja, interpreta essa frase como um estudo da língua e da literatura aramaica, ao passo que muitos comentaristas modernos tendem a interpretá-la como o conhecimento científico e linguístico dos caldeus. Todos os conhecidos escritos científicos dessa época foram feitos em tabletes de barro com escrita cuneiforme, na língua babilônica. Portanto, deve-se concluir que “a cultura e a língua dos caldeus” incluía um treinamento na língua e na escrita clássica do país, isto é, no idioma babilônico e na escrita cuneiforme, além do aramaico coloquial. Visto que a proficiência na escrita cuneiforme, com suas centenas de caracteres, não era fácil de se obter, uma boa bagagem educacional e habilidade natural para o aprendizado de um novo idioma eram considerados pré-requisitos desejáveis para a admissão na escola real de futuros cortesãos (ver PR, 480). |
Dn.1:5 | 5. Determinou-lhes. Como membros da escola real para cortesãos, os jovens se alimentavam da casa real. O costume é atestado no período persa posterior, de cuja época há mais registros do que do período neobabilônico.Ração [...] das finas iguarias. Do heb. pathbag, ura empréstimo do antigo termo persa patibaga, “porção” ou “manjares”. Pathbag ocorre seis vezes em Daniel (ver 1:5, 8, 13, 15, 16; 11:26; sobre tais empréstimos linguísticos, ver com. de Dn 1:3).Três anos. Isto é, pelo cálculo inclu- sivo (ver vol. 2, p. 104, 105), a partir do ano da ascensão de Nabucodonosor, quando Daniel foi levado cativo (ver com. do v. 1), ao segundo ano do reinado do monarca (ver com. do v. 18). |
Dn.1:6 | 6. Entre eles. Esta expressão mostra que outros jovens foram selecionados para otreinamento além dos quatro mencionados por nome. Sem dúvida, esses quatro foram mencionados devido a sua experiência singular. Sua lealdade inabalável a Deus lhes concedeu grandes recompensas em forma de honra secular e bênçãos espirituais (ver Dn 2:49; 3:30; 6:2; 10:11).Daniel. Isto é, “Deus é meu juiz”. No AT, este nome ocorre pela primeira vez como um dos filhos de Davi (lCr 3:1) e depois como um sacerdote no 5o século (Ed 8:2; Ne 10:6). Contudo, já era conhecido em uga- rítico (Ras Shamrá), em meados do segundo milênio a.C., como nome de um rei lendário, justo, a quem alguns eruditos erroneamente identificaram com o Daniel mencionado por Ezequiel (ver Ez 14:14; 28:3). O nome Daniel era comum entre o povo semita. Isso é evidente por ser encontrado entre os babilônios, sabeus do sul da Arábia, nabateus (os sucessores dos edomitas) e entre os palmirenes do norte da Arábia.Hananias. Ou, “Yahweh é misericordioso”. Hananias era um nome hebraico comum; pelo menos 14 pessoas com este nome são mencionadas no AT. O nome também se encontra na transliteração acadiana Hananiyama, como nome de um judeu que viveu em Nippur, no 5o século a.C. Em outro documento cuneiforme de Nippur, o nome está gravado em argila, com caracteres ara- maicos. Também é encontrado em inscrições judaicas posteriores e nos papiros aramaicos de Elefantina.Mísael. Provavelmente o significado deste nome seja “quem pertence a DeusT É o nome de vários personagens bíblicos de antes e depois do exílio (ver Ex 6:22; Ne 8:4).Azarias. Ou, “Yahweh ajuda”. O nome ocorre na Bíblia com frequência. Fora da Bíblia é encontrado inscrito em jarros de mão escavados na Palestina e também em documentos cuneiformes na forma Ázriau. |
Dn.1:7 | 7. Outros nomes. Os nomes dados aos jovens hebreus significavam sua adoçãona corte babilônica, um costume que tem muitos paralelos na história bíblica. José recebeu um nome egípcio quando iniciou sua carreira na corte do Egito (Gn 41:45). O nome de Hadassa foi mudado para Ester (Et 2:7), provavelmente ao se tornar rainha. Também se verifica esse costume entre os babilônios, em fontes antigas. O rei assírio Tiglate-Pileser III adotou o nome Pulu (o Pul bíblico) quando se tornou rei de Babilônia (ver com. de lCr 5:26; vervol. 2, p. 125, 126), e Salmaneser V parece ter usado o nome Ululai no mesmo cargo.Beltessazar. A transliteração hebraica e aramaica representa a pronunciação mas- sorética posterior de um nome babilônico. Embora eruditos tenham proposto várias identificações com formas babilônicas, nenhuma é totalmente satisfatória. Em vista do comentário de Nabucodonosor, muitos anos depois, de que o nome babilônico de Daniel foi dado “segundo o nome do meu deus” (Dn 4:8), parece que a primeira sílaba “Bel” se refira a Bel, o nome popular do principal deus de Babilônia, Marduque. Por essa razão, a identificação com Balât-sharri-utsur, “proteja a vida do rei”, ou Balâtsu-utsur, “proteja a vida dele”, deve ser rejeitada, embora ambas as interpretações encontrem apoio entre assiriólogos como o equivalente mais próximo da forma hebraica. A sugestão de R. D. Wilson de identificar Beltessazar com Bêl-lit-shar-utsur, “Bel, proteja o refém do rei”, dificilmente estaria correta, sendo pouco provável que os babilônios tenham dado tal nome a um cativo, como se deduziría dos milhares de nomes babilônicos encontrados em documentos cuneiformes. A melhor identificação parece ainda ser a dada por Franz Delitzsch que considera esse nome uma abreviação de Bêl-balâtsu-utsur, “Bel proteja a vida do rei”.Sadraque. O nome não tem significado em babilônico. Alguns eruditos conjecturam que o nome seja uma alteração de Marduque,ao passo que outros tentam explicá-lo com a ajuda de palavras do idioma sumério. Irving L. Jensen sugeriu que este era o nome do deus elamita Shutruk, mas é difícil explicar por que os babilônios teriam dado um nome elamita.Mesaque. Não há explicação satisfatória quanto à origem deste nome. Como Sadraque, Mesaque não é um nome babilônico.Abede-Nego. Em geral se concorda que este nome corresponde a 'Ebed-Nebo, “servo do deus Nabu”, um nome que se encontra num papiro aramaico encontrado no Egito. |
Dn.1:8 | 8. Não contaminar-se. Há várias razões por que um judeu piedoso evitaria comer da comida real: (1) os babilônios, como outras nações pagãs, comiam carnes imundas (ver CRA, 30); (2) os animais não eram mortos de forma apropriada segundo a lei levítica (Lv 17:14, 15); (3) uma porção dos animais era oferecida primeiramente como sacrifício a deuses pagãos (ver At 15:29); (4) o consumo abundante de alimento e bebida insalubres era contrário aos princípios de estrita temperança; e (5) Daniel e seus amigos desejavam uma alimentação isenta de carne (ver Ellen G. \\ lute. Material Suplementar sobre Dn 1:8). Os jovens hebreus se determinaram a não fazer nada que pudesse ser prejudicial ao desenvolvimento físico, mental e espiritual. |
Dn.1:9 | 9. Misericórdia. Isto lembra a experiência de José (Gn 39:4, 21), de Esdras (Ed 7:28) e de Neemias (Ne 2:8). Sem dúvida, a gentileza, cortesia e fidelidade demonstradas por esses homens ganharam o favor de seus superiores (ver PP, 217; CRA, 31). Ao mesmo tempo, eles atribuíram seu sucesso às bênçãos de Deus. O Senhor trabalha com quem coopera com Ele (ver p. 825, 826). |
Dn.1:10 | 10. Em perigo a minha cabeça. A frase, literalmente, é “tornais minha cabeça punível com o rei”. A expressão não implica a pena capital, mas simplesmente que o chefe dos eunucos seria responsabilizadose os que lhe foram confiados se enfraquecessem fisicamente. |
Dn.1:11 | 11. Cozinheiro-chefe. Do heb. meltsar, que, de acordo com registros cuneiformes babilônicos, deriva do acadiano matsaru, que significa “guardião” ou “defensor”. O artigo “o” no hebraico indica que não se trata de um nome próprio. Portanto, não se sabe o nome do oficial subalterno que foi tutor imediato dos jovens hebreus. Embora tivesse sido amigável e simpático para com Daniel, Aspenaz, contudo, hesitou em ajudar o jovem cativo. Então, Daniel procurou o oficial que era seu tutor imediato e lhe fez um pedido específico. |
Dn.1:12 | 12. Dez dias. Este parece ser um período curto para se produzir alguma mudança visível na aparência e no vigor físico. Mas, graças a hábitos de estrita temperança, Daniel e seus companheiros já tinham uma aparência saudável (ver PR, 482) resultante dos benefícios de dieta adequada. Sua recuperação dos rigores da longa marcha desde a Judeia foi, sem dúvida, mais notável do que a de outros cativos que não cultivavam hábitos saudáveis. No caso de Daniel e de seus três companheiros, o poder divino se uniu ao esforço humano, e o resultado era perceptível (cf. PP, 214). A bênção de Deus acompanhou a nobre resolução dos jovens de não se contaminar com as iguarias do rei. Eles sabiam que a indulgência para com alimentos e bebidas estimulantes os impediría de assegurar pleno desenvolvimento físico e mental. O cozinheiro-chefe “supunha que um regime de abstenção tornaria esses jovens pálidos, de aparência doentia [...], ao passo que a alimentação [...J da mesa do rei os tornaria corados e belos, dando-lhes capacidade física superior” (CRA, 31), mas se surpreendeu quando viu que os resultados eram contrários às suas suposições.Deus honrou esses jovens por causa de seu firme propósito cie fazer o que era certo. Para eles, a aprovação de Deus era mais estimada do que o favor do homem mais poderosoda terra; mais estimada mesmo que a própria vida (ver CR A, 31). Essa firme resolução não nasceu com a pressão das circunstâncias imediatas. Desde a infância, esses jovens foram treinados com hábitos de estrita temperança. Eles conheciam os efeitos degenerativos de uma dieta estimulante, e havia muito tinham se determinado a não debilitar as faculdades físicas e mentais pela indulgência no apetite. No final desse período, eles tinham aparência, habilidade física e vigor mental superiores.Daniel não recusou as iguarias do rei a fim de parecer diferente. Muitos considerariam que, sob tais circunstâncias, havia motivos plausíveis para se abandonar a adesão estrita aos princípios e que Daniel tinha mente estreita, era fanático e demasiado meticuloso. Daniel buscou viver em paz com todos e cooperar com seus superiores contanto que isso não exigisse sacrificar princípios. Estava disposto a abrir de mão de honras mundanas, poder, posição e mesmo da própria vida se estivesse em jogo a lealdade a Yahweh.Legumes. Do beb. zeróim, "alimento derivado de plantas", como cereais e vegetais. De acordo com a tradição judaica, frutas vermelhas e tâmaras também se incluíam neste termo. Visto que tâmaras são parte da dieta básica na Mesopotâmia, é provável que estivessem incluídas (ver com. do v. 8). |
Dn.1:13 | Sem comentário para este versículo |
Dn.1:14 | Sem comentário para este versículo |
Dn.1:15 | Sem comentário para este versículo |
Dn.1:16 | Sem comentário para este versículo |
Dn.1:17 | 17. Estes quatro jovens. Ver com. do v. 4.O conhecimento e a inteligência. A instrução que Daniel e seus três amigos receberam foi também um teste de fé. O saber dos caldeus estava aliado a práticas idólatras e pagãs, e misturava ciência com magia, conhecimento com superstição. Os aprendizes hebreus se mantiveram distante dessas coisas. Não se sabe como evitaram conflitos; mas, apesar das influências más, eles se apegaram à fé de seus pais, como demonstram claramente os eventos posteriores. Os quatro jovens aprenderam as habilidades e ciênciasdos caldeus sem adotar os elementos pagãos mesclados com as mesmas.Entre as razões pelas quais os hebreus preservaram a fé imaculada, podem-se notar as seguintes: (1) Firme resolução em permanecer fiéis a Deus. Eles tinham mais que desejo ou esperança de serem bons. Tinham vontade de fazer o que é correto e se desviar do mal. A vitória é possível apenas mediante o correto exercício da vontade (ver CC, 48). (2) Dependência do poder de Deus. Embora valorizassem a capacidade humana e reconhecessem a necessidade de esforço, eles sabiam que essas coisas por si só não garantiríam o êxito. Reconheciam que, além disso, deve haver humilde dependência e total confiança no poder de Deus (ver CRA,Visões e sonhos. Daniel e seus amigos foram dotados de qualidades mentais excepcionais e compartilhavam a mesma lealdade a Deus. Mas ele foi escolhido como o mensageiro especial do Céu. Eruditos modernos que negam o dom de profecia sugerem que este versículo indica que Daniel tinha um dom especial para aprender o modo cal- deu de interpretar sonhos e visões e que, em concursos sobre o tema, ele superou os colegas. Daniel não pertencia a essa classe de intérpretes de sonhos. Seu dom profético não era produto de um treinamento bem- sucedido na escola dos adivinhos, feiticeiros e magos da corte. Ele foi chamado por Deus para realizar uma obra especial e se tornouo receptor de algumas das mais importantes profecias de todos os tempos (ver Dn 7-12). |
Dn.1:18 | 18. Vencido o tempo determinado.Alguns expositores creem que, quando o rei exigiu que os sábios interpretassem seu sonho no segundo ano de seu reinado (Dn 2:1), Daniel não foi chamado porque seu treinamento ainda não estava concluído. Ele e seus amigos teríam sido condenados à mesma sorte dos sábios porque pertenciam à profissão, embora ainda não fossem membros dela. Essa hipótese, porém, não está correta. Os jovens aprendizes deveríam ser treinados por três anos a fim de assistir diante do rei (Dn 1:5); ao fim desses dias, eram levados diante do rei para serem avaliados. Então “passaram a assistir diante do rei” (ver com. do v. 19). Essa declaração indica que o período de três anos de treinamento terminou antes de o rei os examinar e os achar melhores do que os outros candidatos. Dificilmente isso podería ter acontecido depois que um deles, Daniel, já tivesse recebido altas honras e sido promovido a governador da província e supervisor de todos os sábios, e depois de os outros três terem recebido cargos importantes (Dn 2:46-49). A sequência lógica e a ordem da narrativa indicam que o curso de três anos de Daniel já havia terminado antes do sonho de Nabucodonosor, em seu segundo ano de reinado.Tudo isso leva à conclusão de que esse não era um período de 36 meses, mas que devem ser contados de forma inclusiva. Eles representam (1) o ano em que Nabucodonosor subiu ao trono (ver com. do v. 2), quando os hebreus cativos chegaram a Babilônia e começaram o treinamento; (2) o primeiro ano de Nabucodonosor, o ano calendário que começou no primeiro dia do ano novo seguinte à sua ascensão; e (3) o segundo ano de Nabucodonosor, quando Daniel terminou seu treinamento e esteve “diante do rei”, e o ano em que interpretou o sonho (ver Dn 2:1; e PR, 491).A aplicação do antigo método de cálculo inclusivo, que é atestado em vários casos como o modo comum de se contar o tempo (ver vol. 2, p. 120, 121), desfaz a alegação de alguns comentaristas modernos de que o cap. 1 contradiz cronologicamente o cap. 2. Por exemplo, Jerônimo declarou que o segundo ano de Daniel 2:1 se refere ao segundo ano após a conquista do Egito; e o erudito judeu Ibn Esdras pensava que fosse o segundo ano após a destruição de Jerusalém. Mais tarde, alguns conjectura- ram que Nabucodonosor reinou com seu pai por dois anos (ver vol. 3, p. 80). |
Dn.1:19 | 19. Falou com eles. Quando, ao final do período de t reinamento, o chefe dos eunucos apresentou seus alunos ao rei, um exame realizado pessoalmente por Nabucodonosor provou que os quatro jovens hebreus eram superiores a todos os outros. “Em força e beleza física, em vigor mental e dotes literários, não tinham rival” (PR, 485). Não se diz como foi o exame. Por meio de uma descrição posterior das habilidades de Daniel, feita pela mãe de Belsazar, que provavelmente era filha de Nabucodonosor, sabe-se que Daniel era conhecido como um homem capaz de “declaração de enigmas e solução de casos difíceis” (Dn 5:12). As perguntas feitas a eles podem ter incluído explicação de enigmas, que era diversão favorita nas cortes do antigo Oriente. O exame também pode ter incluído a solução de problemas matemáticos e astronômicos, matérias em que os babilônios eram mestres, conforme revelam os documentos, ou uma demonstração da habilidade de ler e escrever a difícil escrita cuneiforme.A sabedoria superior de Daniel e de seus companheiros não era resultado de sorte ou destino, ou mesmo de um milagre, como em geral se entende. Os jovens se aplicaram com diligência e consciência aos estudos, e Deus abençoou os esforços deles. O verdadeiro êxito em qualquer empreendimento é assegurado quando se combina esforço humanocom o divino. O esforço humano por si só de nada vale, e o poder divino não torna desnecessária a cooperação humana (ver PR, 486, 487; cf. PP, 214). ’Entre todos. Isto pode ser uma referência aos outros jovens israelitas (v. 3) levados a Babilônia com Daniel e seus amigos, mas, sem dúvida, também aos jovens nobres cativos de outras terras que receberam o mesmo treinamento que os hebreus.Passaram a assistir diante do rei. Comparar com v. 5; e 2:2. Isto é, ingressaram no serviço real. A expressão é comum no AT (ver Gn 41:46; iSm 16:21, 22; 2Cr 9:7; 10:6, 8; cf. Nm 16:9; 27:21; Dt 10:8; 2Cr 29:11). |
Dn.1:20 | 20. De sabedoria e de inteligência. Literalmente, “sabedoria de entendimento”. Como a maior parte das versões, a ARA insere um “e” entre os dois substantivos. Alguns comentaristas explicam a construção hebraica como resultado da intenção do autor de expressar a mais elevada forma de inteligência ou ciência, ou de transmitir aos leitores a ideia de que se tratava de sabedoria determinada ou regulada pela inteligência. Isto é, não havia conhecimento mágico ou ciência sobrenatural. Isso sugeriría que Daniel e seus amigos superaram os homens de sua profissão em questões de ciências exatas, como astronomia e matemática, e em estudos linguísticos. Eles tinham domínio da escrita cuneiforme, dos idiomas babilônico e aramaico e da escrita quadrada aramaica.Magos. Do heb. chartummim, palavra que ocorre apenas no Pentateuco (Gn 41:8, 24; Êx 7:11, 22; 8:7, 18) e em Daniel (aqui e em 2:2). E um empréstimo do termo egípcio cheri-dem, no qual cheri significa “chefe” ou “homem importante”, e dem, “mencionar um nome em magia”. Portanto, um cheri-dem é um “chefe dos magos” ou “mago principal”. A palavra não era usada em Babilônia e não se encontra em fontes cuneiformes. Com certeza Daniel aprendeu esse termo com a leitura do Pentateuco, e não estarianecessariamente familiarizado com termos técnicos egípcios. Daniel conhecia bem os livros de Moisés e era um estudante ávido dos escritos sagrados de seu povo (ver Dn 9:2). O uso deste termo hebraico, emprestado do egípcio, ilustra como o estilo do profeta e sua escolha das palavras eram influenciados pelo vocabulário da Bíblia hebraica então disponível.Encantadores. Do heb. ashafim, um empréstimo do acadiano ashipn, “exorcista”.Adivinhação, magia, exorcismo e astrologia eram comuns entre os povos antigos; mas, em alguns lugares como Babilônia, eram praticados por homens da ciência. Previam-se eventos futuros buscando por sinais nas entranhas de animais sacrificados ou no voo dos pássaros. Praticava-se a adivinhação inspecionando-se o fígado de animais sacrificados (hepatoscopia), e comparando- o com fígados “modelos” de argila com inscrições. Esses modelos, como os manuais modernos de quiromancia, continham explicações detalhadas das diferenças de formas e instruções para interpretação. Vários modelos de fígado de argila foram encontrados em escavações na Mesopotâmia. Antigos adivinhos tinham muitos métodos. Algumas vezes, buscavam conselho derramando óleo na água e interpretando a forma como se espalhava (lecanomancia), ou sacudindo flechas na aljava e observando a direção em que caía a primeira (belomancia; ver Ez 21:21).O adivinho interpretava sonhos e inventava fórmulas de encantamento pelas quais se acreditava ser possível afastar espíritos maus ou enfermidades. Também pedia conselho aos supostos espíritos dos mortos (necromancia). Todo governante oriental tinha muitos adivinhos e magos a seu serviço. Eles estavam disponíveis em toda ocasião e acompanhavam o rei em campanhas militares, expedições de caça e visitas de estado. Buscava-se o conselho deles para tomada de decisões, como a que rota seguir,ou a data para se atacar o inimigo. A vida do rei era, em grande parte, orientada e governada por esses homens.É um erro supor que os sábios de Babilônia eram apenas adivinhos e magos. Embora fossem habilidosos nessas artes, eram também eruditos no verdadeiro sentido da palavra. Assim como na Idade Média, a alquimia era praticada por pessoas instruídas, e a astrologia era, com frequência, praticada por astrônomos com habilidades científicas. Os encantadores e adivinhos da Antiguidade se aplicavam também a estudos estritamente científicos. Seu conhecimento astronômico tinha atingido um surpreendente nível de desenvolvimento, embora o ápice da astronomia babiíônica tenha se dado após a conquista persa. Os astrônomos eram capazes de predizer eclipses lunares e solares mediante cálculos. Sua habilidade matemática era bastante desenvolvida. Eles empregavam fórmulas cujo descobrimento em geral é atribuído erroneamente a matemáticos gregos. Além disso, eram bons arquitetos, construtores e médicos. Eles encontravam por meios empíricos a cura para muitos males. Deve ter sido nessas áreas de conhecimento e habilidade que Daniel e seus três amigos superaram os encantadores, astrólogos e eruditos babilônios. |
Dn.1:21 | 21. Até ao primeiro ano. Alguns comentaristas veem uma aparente contradição entre este versículo e a declaração deDaniel 10:1 de que o profeta recebeu uma visão no terceiro ano de Ciro. O texto, no entanto, não indica necessariamente que a vida de Daniel não se estendeu além do primeiro ano de Ciro. Daniel pode ter se referido a essa data por causa de eventos especiais ocorridos naquele ano. Alguns sugerem que o evento foi o decreto do primeiro ano do rei Ciro que marcou o fim do exílio babi- lônico (2Cr 36:22, 23; Ed 1:1-4; 6:3). Esse decreto foi o cumprimento de uma importante profecia que Daniel estudara com atenção, a saber, a profecia de Jeremias, de que o exílio duraria 70 anos (Jr 29:10; Dn 9:2). Daniel viveu no exílio desde o primeiro cativeiro, em 605 a.C. até o tempo em que o decreto foi feito por Ciro, provavelmente no verão de 537 a.C. (ver vol. 3, p. 86, 88). Daniel pode ter desejado informar seus leitores que, embora tivesse sido levado no primeiro cativeiro, ainda estava vivo na época em que o exílio terminou, cerca de 70 anos depois. Além disso, parece lógica a conclusão de que o cap. 1 e talvez alguns outros capítulos não foram escritos até o primeiro ano de Ciro. Essa data explica o uso de empréstimos do idioma persa. Daniel, outra vez, ocupava um cargo oficial, sob o domínio persa, pouco depois da queda de Babilônia (Dn 6:1, 2), e o contato com oficiais persas, sem dúvida, lhe acrescentou ao vocabulário algumas palavras persas usadas na composição de seu livro.Te, 35, 101, 151, 189, 237, 271; T4, 515, 570; T5, 448; T9, 157, 165 8-12-CS, 64; PR, 483Capítulo 2MJ, 241; PR, 485 20 - CS, 50; FEC, 247, 358, 374; MS, 276; Te, 191; T6, 220portanto, dizei-me o sonho, e saberei que me podeis dar-lhe a interpretação.seus companheiros não perecessem com o resto dos sábios da Babilônia.se fizesse saber ao rei, e para que entendesses as cogitações da tua mente.casamento, mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro.ordenou que lhe fizessem oferta de manjares e suaves perfumes. |
Dn.2:1 | 1. No segundo ano. Sobre a identificação do segundo ano do reinado de Nabucodonosor e a explicação de como os três anos do treinamento de Daniel (Dn 1:5, 18) se completaram antes do fim do segundo ano do rei, ver com. de Daniel 1:18.Sonhos (ARC). Possivelmente o plural tem o objetivo de descrever a série de incidentes no sonho. O singular ocorre nos v. 3, 4, 5, 6, etc. Os registros da antiga Mesopotâmia falam de muitos sonhos de reis. Num desses, Gudea viu um homem com uma coroa real sobre a cabeça cuja estatura ia da terra ao céu. Os antigos consideravam os sonhos com temor, tratava-os como revelações de suas divindades, e buscavam descobrir sua verdadeira interpretação.O Senhor em Sua providência deu esse sonho a Nabucodonosor. Deus tinha uma mensagem para o rei de Babilônia. Havia representantes nos palácios de Nabucodonosor por meio dos quais Deus podia comunicar o conhecimento de Si mesmo. Deus não faz acepção de pessoas, nem de nações. Seu objetivo é salvar a tantos quantos desejem, de qualquer tribo ou nação. Ele queria salvar os antigos babilônios tanto quanto desejava salvar Israel.O sonho tinha o objetivo de revelar a Nabucodonosor que o curso da história é traçado pelo Altíssimo e está sujeito à Sua vontade. Mostrou-se a Nabucodonosor seu pape1 no grande plano celestial, para que pudesse ter a oportunidade de cooperar de forma efetiva com o plano divino.As lições de história dadas a Nabucodonosor foram designadas para instruir nações e pessoas até o fim dos tempos. Outros poderes depois de Babilônia regeram os povos ao longo dos séculos. Para cada nação, Deus atribuiu um lugar especial em Seu grande plano. Quando governantes e povos não aproveitaram sua oportunidade, sua glória foi abatida até o pó. As nações hoje deveriam aprender das lições do passado. Acima da cena inconstante da diplomacia internacional, o grande Deus do Céu está em Seu trono “executando paciente e silenciosamente os conselhos de Sua própria vontade” (PR, 500). Finalmente, a estabilidade e a imutabilidade virão quando o próprio Deus, no fim dos tempos, estabelecer Seu reino, que jamais será destruído (v. 44; ver com. de Dn 4:17).Deus Se aproximou do rei Nabucodonosor por meio de um sonho porque,evidentemente, esse era o meio mais eficaz de impressionar a mente dele com a importância da mensagem transmitida, ganhar a confiança e assegurar a cooperação dele. Como todos os povos antigos, Nabucodonosor acreditava que os sonhos eram um dos meios pelos quais os deuses revelavam sua vontade às pessoas. A sabedoria divina sempre busca os seres humanos onde estão. Ao comunicar Sua vontade às pessoas, Deus pode usar meios que sejam menos espetaculares, mas que servem igualmente para cumprir Seus propósitos. Ele adapta Seu modo de trabalhar com as pessoas à capacidade de cada indivíduo e ao contexto em que vive (ver mais detalhes a esse respeito no com. de Dn 4:10).Seu espírito se perturbou. Ou, 'estava perturbado”. O verbo hebraico assim traduzido ocorre também em Gênesis 41:8 e no Salmo 77:4. O sonho impressionou sobremaneira o rei Nabucodonosor. |
Dn.2:2 | 2. Magos. Do heb. chcirtummim, um empréstimo do egípcio (ver com. de Dn 1:20).Encantadores. Do heb. ashajim, um empréstimo do acadiano (ver com. de Dn 1:20).Feiticeiros. Do heb. mekashefim, de uma raiz que significa “usar encantamentos”. Os babilônios os chamavam pela palavra cognata kashapu. O mekashefim professava ser capaz de produzir feitiços (ver com. de Ex 7:11). A lei mosaica ordenava pena de morte sobre os que praticavam magia negra (Lv 20:27; cf. lSm 28:9).Caldeus. Do heb. Kasdim (ver com. de Dn 1:4). |
Dn.2:3 | 3. Para sabê-lo. Embora o rei tivesse ficado impressionado com o sonho, quando ele se despertou percebeu que lhe era impossível recordar os detalhes (ver PR, 491). Alguns sugeriram que Nabucodonosor não se esqueceu do sonho e que estava testando a habilidade dos supostos sábios. Alas o rei parece preocupado demais em saber do sonho e de sua interpretação para usar a ocasião para testar os que pretendiam ser seus intérpretes. |
Dn.2:4 | 4. Aramaico. Do heb. aramith. A família real e a classe governante do império eram caldeus do sul da Mesopotâmia e falavam aramaico. Portanto, não é de se surpreender que os cortesãos do rei falassem com ele em aramaico e não em babilônico, a língua da população nativa de Babilônia. Os ara- meus eram um ramo importante dos povos semitas, e sua língua incluía muitos dialetos.Deste versículo em diante até o final do cap. 7, o registro está em aramaico e não em hebraico como no restante do livro (sobre as razões para isso, ver p. 824, 825).Ó rei, vive eternamente! A fórmula babilônica encontrada em inscrições da época diz mais ou menos assim: “Que Nabu e Alarduque cleem longos dias e anos eternos ao rei, meu senhor” (comparar com ISm 10:24; lRs 1:31; Ne 2:3; Dn 3:9; 5:10; 6:21). |
Dn.2:5 | 5. O assunto me tem escapado (ACF). Alguns traduzem a expressão como: “a coisa está certa comigo” ou "uma coisa é certa” (ARA). Essas traduções alternativas se baseiam na suposição de que o termo aramaico 'azcla seja um adjetivo em vez de verbo. A tradução da ACF se fundamenta na LXX e em Rashi [1040-1105, comentarista bíblico judeu], que traduz ’azdà como “foi”. Qualquer que seja o significado adotado não há dúvida sobre a incapacidade de Nabucodonosor de recordar os detalhes do sonho (ver com. do v. 3). O sonho foi tirado do rei propositada- mente, para que os sábios não lhe dessem uma falsa interpretação (ver FEC, 412).Despedaçados. Literalmente, "desmembrados”. Eles seriam cortados membro por membro (ver 2 Macabeus 1:16; josefo, Antiguidades, xv.8.4). Tal crueldade era comum no mundo antigo. Os assírios e babilônios eram famosos pela severidade e barbaridade com que tratavam seus ofensores. Assurba- nípal relata que cortava em pedaços governantes rebeldes.Monturo. Do aramaico newali, termo que, devido à semelhança com uma raizacadiana, alguns interpretam como “ruínas”. Outros dão a definição “estrumeira” ou ‘‘monte de lixo”, e interpretam a frase como indicando que as casas seriam transformadas em “latrinas” (ver 2Rs 10:27). A LXX não apoia nenhuma dessas interpretações, antes diz: “suas casas serão destruídas”. |
Dn.2:6 | Sem comentário para este versículo |
Dn.2:7 | Sem comentário para este versículo |
Dn.2:8 | 8. Ganhar tempo. Literalmente, “comprar tempo”. Os sábios estavam ganhando tempo, e seus repetidos pedidos provocaram a suspeita do rei de que estavam procurando tirar algum proveito da demora. Não se sabe se, neste ponto, ele já estava questionando seriamente a habilidade deles de lhe dar as informações que pedia. Sua fé se fundamentava na crença de que os deuses se comunicavam com as pessoas por meio de vários canais representados por esses homens. A hesitação deles em cumprir de imediato o seu pedido, em princípio, provocou a suspeita de que tinham conspirado para tomar vantagem. Se o sonho continha a informação de uma atitude a ser tomada num momento favorável, a demora resultaria em perdas trágicas. Algumas comunicações por meio de adivinhações demandavam que ações fossem tomadas num momento preciso, como acontecia numa conjunção específica de planetas. As expressões “ganhar tempo” e “até que se mude a situação” (v. 9) podem se referir a tal suposto momento oportuno. |
Dn.2:9 | 9. Uma só sentença será a vossa. Literalmente, “vossa lei é uma”. A palavra traduzida como “sentença” pode também ser “decreto” ou “penalidade”.Até que se mude a situação. Até que o rei esquecesse o assunto ou até que eles dessem alguma resposta. “Situação”, neste caso, também pode se referir ao momento favorável para levar a cabo a suposta comunicação com um deus (ver com. do v. 8). |
Dn.2:10 | 10. Não há mortal. Os caldeus se viram obrigados a reconhecer a incapacidade cie revelar o sonho. Disseram ao rei que ele estava pedindo algo além da possibilidadehumana, e que nenhum rei jamais tinha feito tal pedido irracional a seus súditos.Rei, por grande e poderoso que tivesse sido. “Grande rei ou Sumo rei” (ver 2Rs 18:28) é um antigo título babilônico. Expressões como “Grande Rei, Poderoso Rei, Rei da Assíria [ou de Babilônia]” são comuns nas inscrições. |
Dn.2:11 | 11. Deuses. Alguns veem neste termo dois tipos de deuses. Sugerem que os sábios declaravam ter comunicação com alguns deuses, como divindades subordinadas que mantinham suposto contato com os seres humanos, mas que os deuses superiores eram inacessíveis. De qualquer forma, os caldeus estavam revelando as limitações de suas práticas.Outros sugerem que o plural elahin, “deuses”, como o plural heb. elohim (ver vol. 1, p. 148, 149), podia ser usado para se referir a uma única divindade, e que, como outros politeístas, os caldeus reconheciam uma divindade suprema. De qualquer modo, os sábios foram sinceros em admitir que reconheciam uma inteligência superior, alguma mente, ou mentes mestras, que tinha sabedoria mais elevada que os seres humanos. Essa confissão de fracasso forneceu uma excelente oportunidade para Daniel revelar algo do poder de Deus ao qual servia e adorava. |
Dn.2:12 | 12. Ordenou que matassem. A severidade da sentença não estava fora dos costumes da época. Contudo, era um passo temerário da parte do rei, porque os homens cuja morte tinha ordenado pertenciam à classe instruída da sociedade.Babilônia. Possivelmente, apenas a cidade e não todo o reino de Babilônia. |
Dn.2:13 | 13. Buscaram a Daniel. O profeta e seus amigos não teriam sido procurados se ainda não fizessem parte do grupo dos “sábios”. Portanto, a opinião de que ainda estavam em treinamento não é correta (ver com. de Dn 1:18). O fato de terem concluído o treinamento havia pouco tempo é suficientepara explicar por que não foram chamados para interpretar o sonho. O monarca teria chamado apenas os de mais experiência, representantes de todo o conhecimento de sua arte. O rei e os próprios sábios não chamaram Daniel e seus três amigos, assim como médicos especialistas, diante de uma enfermidade do rei, também não consultam colegas inexperientes e recém-formados. E infundada a suposição de que o treinamento de Daniel incluísse cursos sobre exorcismo e adivinhação (ver com. de Dn 1:20). |
Dn.2:14 | 14. Prudentemente. Do aramaico téem, que também pode ser traduzido como “entendimento” ou "discrição”. Daniel demonstrou tato ao buscar seu superior. |
Dn.2:15 | 15. Severo. A LXX diz fikros, que significa "amargo” ou “áspero”. Alguns eruditos também atribuem esse significado ao aramaico, ao passo que outros insistem que o original tem a ideia básica de urgência. |
Dn.2:16 | 16. Designasse o tempo. Uma das coisas que enfureceram o rei era que os sábios estavam tentando adiar a resposta (ver com. do v. 8). Obviamente o rei ainda estava perturbado com o sonho, e pode ter ficado feliz com a perspectiva de uma solução para o mistério que lhe incomodava. Visto que Daniel não tinha sido consultado previamente, o rei deve ter julgado justo dar-lhe uma oportunidade. Em seu contato prévio com esse jovem judeu cativo, com certeza Nabucodonosor tinha ficado impressionado positivamente com a sinceridade e habilidade de Daniel. A fidelidade prévia de Daniel nas pequenas coisas abriu as portas para as maiores.Interpretação. A solicitação de Daniel diferia do pedido dos caldeus. Os sábios pediram que o rei lhes contasse o sonho. Daniel pediu apenas tempo, e assegurou ao rei que a interpretação seria dada. |
Dn.2:17 | Sem comentário para este versículo |
Dn.2:18 | 18. Para que pedissem misericórdia. Daniel e seus amigos podiam se aproximar de Deus com fé e confiança porque, até onde sabiam e podiam, eles viviam conforme Suavontade revelada (ver ljo 3:22). Tinham a consciência de estar onde Deus queria que estivessem e faziam a obra que o Céu desejava. Se na experiência anterior tivessem comprometido seus princípios e sucumbido às tentações que os rodeava na corte, não poderiam ter esperado uma intervenção divina tão direta nesta crise. A experiência deles contrastava-se com a do profeta de Judá que, por sua desobediência, perdeu a proteção divina (lRs 13:11-32; ver com. de lRs 13:24). |
Dn.2:19 | 19. Visão de noite. Do aramaico chezu, parecido ao heb. chazon (ver com. de ISm 3:1).Daniel bendisse. Ao receber a revelação divina, a primeira atitude de Daniel foi louvar o Revelador de segredos, um exemplo digno para todos que recebem bênçãos do Senhor (sobre o significado da expressão “bendisse o Deus”, ver com. do SI 63:4). |
Dn.2:20 | 20. O nome de Deus. A expressão é usada com frequência para denotar o ser, o poder e a atividade de Deus. Na Bíblia, com frequência se usa o termo “nome” como sinônimo de “caráter”.Sabedoria. Aqueles que têm falta de sabedoria podem recebê-la de sua verdadeira fonte, em resposta à oração com fé (Tg 1:5). As jactanciosas pretensões dos babilônios de que suas divindades possuíam sabedoria e discernimento se demonstraram falsas. Divindades pagãs continuamente desapontam seus fiéis. |
Dn.2:21 | 21. E Ele. O pronome é enfático no aramaico. O efeito pode ser mostrado no português com a tradução “é Ele quem muda”.O tempo e as estações. As duas palavras são quase sinônimas. A última pode se referir a um ponto mais específico no tempo, e a primeira parece enfatizar mais a ideia de um período.Remove reis. Aqui se retrata a verdadeira filosofia da história. Reis e governantes estão sob a direção e o controle de umPoder todo-poderoso (ver Ed, 173; ver com. do v. 1; 4:17).Aos sábios. O Senhor Se alegra em conceder sabedoria àqueles que a usarão com prudência. Ele fez isso com Daniel, e o faz a todo que confia plenamente nEIe. |
Dn.2:22 | 22. Ele revela. Deus Se revela na natureza (SI 19), na experiência pessoal, por meio do dom profético e de outros dons do Espírito (iCo 12), assim como de Sua palavra escrita.Profundo. Coisas além da compreensão até que sejam reveladas.Trevas. Aquilo que o ser humano é incapaz de ver não está oculto à vista de Deus (ver SI 139:12; ljo 1:5). |
Dn.2:23 | 23. Eu Te rendo graças. O pronome é enfático no aramaico. O original diz: “A Ti, ó Deus de meus pais, dou graças.'’O que Te pedimos. Embora o sonho tenha sido revelado a Daniel, ele não toma todo o mérito para si, mas inclui seus companheiros que oraram com ele. |
Dn.2:24 | 24. Não mates os sábios. A primeira preocupação de Daniel foi rogar pelos sábios de Babilônia, para que a sentença de morte sobre eles fosse anulada. Eles não tinham feito nada para ganhar o indulto, mas foram salvos por causa da presença de um justo em seu meio. Isso acontece com frequência. Os justos são "o sal da terra”. Eles têm a qualidade de preservar. Devido à presença de Paulo no navio, os marinheiros e todos a bordo foram salvos (At 27:24). Os ímpios não sabem o quanto devem, aos justos. Contudo, com frequência os ímpios ridicularizam e perseguem aqueles a quem deveríam agradecer pela preservação de sua vida. |
Dn.2:25 | 25. Depressa. Possivelmente, devido à alegria pelo fato de o segredo ter sido revelado. Ele seria poupado da sangrenta tarefa de executar os sábios, missão para a qual sem dúvida não tinha animo.Achei. Arioque parece atribuir a si mérito indevido, pois sua declaração indica que, por meio de grandes esforços de suaparte, ele tinha descoberto alguém que podería interpretar o sonho. Porém, Arioque talvez não soubesse da entrevista de Daniel com o rei (v. 16). Neste caso, sua declaração seria a forma natural de anunciar a descoberta. |
Dn.2:26 | 26. Beltessazar. Sobre o significado deste nome e a razão por que foi dado a Daniel ver com. de Daniel 1:7. Na presença de Nabucodonosor, Daniel naturalmente assumiu seu nome babilônico. |
Dn.2:27 | 27. Nem encantadores. Daniel não queria se exaltar acima dos sábios. Em vez disso, seu objetivo era fazer com que o rei percebesse a futilidade cie confiar no conselho e na ajuda desses sábios. Ele esperava chamar a atenção cio rei para o grande Deus dos céus, o Deus a quem Daniel adorava, o Deus dos hebreus, cujo povo tinha sido conquistado pelo rei.Nem magos. Ver com. de Dn 1:20.Nem astrólogos. Do aramaico gazerin, de uma raiz que significa “cortar”, “determinar”. Portanto, o significado geralmente aceito é "os que decidem” ou “os que determinam [o destino]”. Esses astrólogos adivinhos acreditavam que podiam determinar o futuro por meio da posição das estrelas, de vários artifícios de cálculos e adivinhação (ver com. de Dn 1:20). |
Dn.2:28 | 28. Últimos dias. Ver com. de Is 2:2. A mensagem do sonho era para instruir Nabucodonosor bem como os governantes e o povo acerca do fim dos tempos (ver com. do v. 1). O esboço da profecia nos conduz desde os dias de Nabucodonosor (ver com. do v. 29) até a segunda vinda cie Cristo e o fim do mundo (ver com. dos v. 44, 45). Nabucodonosor anelava conhecer o futuro (ver San, 34). Deus lhe revelou o que havia de acontecer, não para satisfazer sua curiosidade, mas para despertar em sua mente um sentido de responsabilidade pessoal para com o plano celestial. |
Dn.2:29 | 29. Do que há de ser. No sonho, são descritos acontecimentos futuros que começamno tempo de Daniel e Nabucodonosor e se estendem até o fim de todas as coisas. |
Dn.2:30 | 30. Para que. Literalmente., “para que façam saber ao rei a interpretação”. A LXX dá um significado simples à passagem: “mas para que a interpretação fosse dada ao rei, para que tu possas saber os pensamentos de teu coração”. |
Dn.2:31 | 31. Estátua. Do aramaico tselem, “uma estátua”, que corresponde ao heb. tselem, que também pode ser traduzido como "estátua”. A ARA traduz o heb. tselem como "imagem” 12 vezes (como no SI 73:20), "imitações” duas vezes (como em ISm 6:11) e uma vez como “sombra" (Sl 39:6), embora “estátua” seja uma tradução adequada em vários casos (como 2lis 11:18; 2Cr 23:17; Am 5:26).De extraordinário esplendor. Ou, como na LXX, “cuja aparência era extraordinária”.Terrível. A palavra ocorre novamente em Daniel 7:7 e 19. |
Dn.2:32 | 32. Fino ouro. Isto é, “ouro puro”.Bronze. Ou, "cobre" (ver com. de 2Sm |
Dn.2:33 | 33. Pernas. A palavra assim traduzida parece se referir à parte inferior das pernas. A palavra traduzida como “coxas” (v. 32, ARC) refere-se à parte superior dos quadris. Com estas palavras não é possível saber com precisão em que parte da perna se faz a transição de bronze para ferro.Barro. Do aramaico chasaf. A partir de um exame dos idiomas cognatos, chasaf parece designar um vaso ou pedaço de barro, em vez de o barro em si do qual se formam esses objetos. A palavra para “barro”, do aramaico tin, ocorre nos v. 41 e 43, em relação a chasaf, e é traduzido como “barro de lodo”. Portanto, parece melhor traduzir chasaf no v. 33 como “barro de oleiro”' ou “cerâmica”, em vez de simplesmente “barro”. |
Dn.2:34 | 34. Cortada. Ou, “tirada de uma pedreira” ou "extraída”.Sem auxílio de mãos. Isto é, sem a participação de agente humano. |
Dn.2:35 | 35. Palha. Para a descrição de como se fazia a trilha nas antigas terras orientais, ver com. de Rt 3:2; e Mt 3:12. Visto que não se atribui um significado particular à “palha” e ao “vento” que a leva embora (ver com. de Mt 13:3), é melhor considerá-los como simples detalhes acrescentados para completar a cena (sobre a palha como ilustração comum, ver com. do Sl 1:4; cf. Mt 13:3; ver vol. 3, p. 1140). |
Dn.2:36 | 36. Diremos. O plural pode indicar que Daniel incluiu seus companheiros consigo. Eles se uniram a Daniel em oração fervorosa para que a interpretação fosse revelada, e Daniel pode ter desejado reconhecer a participação deles (v. 17, 18). |
Dn.2:37 | 37. Rei de reis. Este mesmo título é encontrado na inscrição do rei persa Aria- ramnes, contemporâneo de Nabucodonosor.O Deus do céu conferiu. Em suas inscrições, Nabucodonosor atribui seu êxito como rei a seu deus Marduque; mas Daniel, de forma cortês, corrige esse erro. Ele afirma que é o Deus dos céus quem concedeu esse poder a ele.O reino. O território que Nabucodonosor governava tinha uma história longa e diversificada e estava sob domínio de diferentes povos e reinos. Em Gênesis, a cidade de Babilônia fazia parte do reino fundado por iNinrode, o bisneto de Noé (Gn 10:8-10). Existiram várias cidades-estados nos vales do Tigre e do Eufrates em época muito antiga. Mais tarde, alguns povos foram reunidos e formaram reinos sumérios. Depois do primeiro período de dominação de Sumer, surgiu o reino de Acade, com seus grandes reis semitas, Sargão e Naram-Sin. Porém, esses semitas foram substituídos por diferentes nações, como os guti, elamitas e sumérios. Eles, por sua vez, tiveram que dar lugar aos semitas que fundaram o antigo império babi- lônico, o qual floresceu na época dos últimos patriarcas. Esse império amorreu, do qual Hamurábi foi o rei mais importante,chegou a incluir toda a Mesopotâmia e a se expandir até a Síria, como o império aca- diano de Sargão. Mais tarde, a Mesopotâmia foi tomada pelos hurritas e cassitas, e Babilônia se tornou menos importante do que os poderosos impérios heteu e egípcio. Então, ao norte da Mesopotâmia surgiu outra potência, o império assírio, que outra vez uniu a Mesopotâmia e a Ásia Ocidental ao Mediterrâneo. Após um período de domínio assírio, Babilônia se tornou novamente independente sob o domínio caldeu e voltou a assumir a liderança do mundo. Nabopolassar (626-605 a.C.) foi o fundador do chamado império caldeu ou neobabi- lônico, que teve seu período áureo nos dias de Nabucodonosor (605-562 a.C.) e durou até a conquista de Babilônia pelos medos e persas, em 539 (ver vol. 2, p. 77-79; vol. 3, p. 30-35). |
Dn.2:38 | 38. Animais do campo. Ver Jr 27:6; 28:14 cf. Gn 1:26. Uma representação adequada do domínio babilônico na época de Nabucodonosor. O modo como antigos reis incluíam o mundo animal em sua esfera de domínio é ilustrado por uma declaração de Salmaneser III: “Ninurta e Palil, que amam meu sacerdócio, me deram todos os animais do campo.'’A seguinte passagem da chamada inscrição da “East índia House” (Casa da índia Oriental) é típica da evidência arqueológica que confirma a descrição de Daniel sobre as conquistas de Nabucodonosor:“Em seu [de Marduque] excelso serviço, percorri países distantes, montanhas remotas desde o mar Superior [Mediterrâneo] até o mar Inferior [golfo Pérsico], sendas íngremes, caminhos obstruídos, por onde não se pode passar, [onde] não há lugar para pôr o pé, [também] rotas não traçadas, [e] caminhos desérticos. Subjuguei o desobediente; capturei os inimigos, estabelecí justiça na terra; exaltei o povo; bani para longe do meu povo os maus. ’Tu és a cabeça. Nabucodonosor era a personificação do império neobabilônico. As conquistas militares e o esplendor arquitetônico de Babilônia se deviam, em grande parte, a suas proezas.De ouro. Usou-se ouro em abundância para embelezar Babilônia. Eleródoto descreve com profusão de termos o resplendor do ouro nos templos sagrados da cidade. A imagem do seu deus, seu trono, a mesa e o altar eram feitos de ouro (Heródoto, i. 181, 183; iii.1-7). O profeta Jeremias compara Babilônia a uma taça de ouro (Jr 51:7). Plínio diz que as vestes dos sacerdotes eram entrelaçadas com ouro.Nabucodonosor se destacava entre os reis da Antiguidade. Ele deixou a seus sucessores um reino grande e próspero, como se pode notar pela seguinte inscrição:“[Desde] o mar Superior [até] o mar Inferior [uma linha destruída] [...] que Marduque, meu senhor, confiou a mim, fiz [...] da cidade de Babilônia a principal entre todos os povos e todas as habitações humanas; seu nome [fiz ou elevei] ao [mais digno] louvor entre as cidades sagradas. [...] Os santuários dos meus senhores Nebo e Marduque (como um) sábio (governante) [...] sempre.’’“Nesse tempo, o Líbano (La-ab-na-a-nn), a montanha [de cedro], a frondosa floresta cie Marduque, cujo cheiro é doce, cujos altos cedros, [seus] pro[dutos], outro deus [não desejou, que] outro rei não derru[bou] [...] meu nâbú Marduque |tinha desejado] como enfeite adequado para o palácio do governante do céu e da terra, (esse Líbano) sobre o qual um inimigo estrangeiro estava governando e roubando sua riquezas - seu povo foi espalhado, tinha fugido para uma distante (região). (Confiando) no poder dos meus senhores Nebo e Marduque, organizei [meu exército] para u[ma expedição] ao Líbano. Tornei feliz esse país ao erradicar seus inimigos de todas as partes (literalmente, abaixo e acima). Todos seus habitantes espalhados conduzí de volta a seus lugares (literalmente,reuní e reinstalei). O que nenhum rei anterior fez (eu consegui): cortei íngremes montanhas, parti rochas, abrí passagens e (assim) construí uma estrada reta para o (transporte de) cedros. Fiz com que o Arahtu flutu[asse] e levasse a Marduque, meu rei, cedros poderosos, altos e fortes, de preciosa beleza e excelente qualidade, a produção abundante do Líbano, como (se fossem) caules de canas (levados) pelo rio. Em Babilônia [armazenei] madeira de amoreira. Fiz os habitantes do Líbano viverem em segurança juntos e não deixei que ninguém os perturbasse. A fim de que ninguém [lhes] fizesse dano, erigi [ali] uma esteia (mostrando) a mim (como) eterno rei" (Ancient Near Eastern Texts, p. 307). |
Dn.2:39 | 39. Outro reino, inferior. Como a prata é inferior ao ouro, o império medo- persa seria inferior ao neobabilônico.Alguns comentaristas explicam que o termo "inferior” significa “mais abaixo na imagem” ou "abaixo”. A expressão significa corretamente “para baixo”, “para a terra”, mas, neste versículo, Daniel fala, não da posição relativa dos metais, mas de nações. Ao se comparar os dois reinos, observa-se que embora o segundo incluísse mais território, foi certamente inferior em luxo e magnificência. Os conquistadores medos e persas adotaram a cultura da complexa civilização babilônica, pois a deles era bem menos desenvolvida.Esse segundo reino da profecia de Daniel é chamado, às vezes, de império medo- persa porque começou como uma coligação da Média e da Pérsia. Ele incluía o mais antigo império medo e as novas aquisições do conquistador persa Ciro. O segundo reino não pode ser o império medo apenas, como defendem alguns, para a Pérsia ser o terceiro. O império medo era contemporâneo do neobabilônico, não seu sucessor. A Média foi conquistada por Ciro, o persa, antes da queda de Babilônia. O fato de que, após a morte de Belsazar, Dario, o medo,“foi constituído rei sobre o reino dos caldeus” (Dn 9:1) não significa que havia um império medo independente depois do babilônico e antes de os persas assumirem o domínio (ver vol. 3, p. 33-41, 84-87). Dario, o medo, governou Babilônia com permissão do verdadeiro conquistador, Ciro (ver Nota Adicional a Daniel 6), como já sabia Daniel. O profeta se refere repetidas vezes à nação que conquistou Babilônia, a qual Dario representava, como os “medos e persas” (ver com. de Dn 5:28; 6:8, 28), e descreve esse duplo império em outros lugares pelo uso de um só animal (ver com. de Dn 8:3, 4).A origem dos medos e persas não é clara, mas acredita-se que, por volta do ano 2000 a.C., várias tribos arianas, conduzidas pelos madai (medos) começaram a migrar do que é o atual sul da Rússia para o que, mais tarde, tornou-se o norte da Pérsia, onde surgiram, pela primeira vez na história, no 9o século (ver com. de Gn 10:2; ver vol. 3, p. 35, 36). Entre esses arianos estavam também os persas, que se estabeleceram nas montanhas Zagros, na fronteira com Elão, mais tarde, no 9o século a.C. Provavelmente por volta de 675 a.C., seu governante se estabeleceu como rei da cidade de Ansan. Ali, ele e seus descendentes governaram em relativa obscuridade. No começo do 6o século, eles eram vassalos do rei medo, e governavam um estado fronteiriço relativamente insignificante no grande império medo, que se estendia desde a parte oriental da Ásia Menor pelo norte e leste do império babilônico (ver mapa na p. 448; ver vol. 3, p. 35, 36).Em 553 ou 550 a.C., Ciro, que tinha se tornado rei da Pérsia como vassalo do império medo, derrotou Astíages, da Média. Assim os outrora subordinados persas se tornaram o poder dominante no que havia sido o império medo. Visto que eram o poder dominante desde o tempo de Ciro, os persas são mencionados como império persa. Mas o antigo prestígio da Média refletiu-sena frase “medos e persas”, aplicada aos conquistadores de Babilônia nos dias de Daniel e mesmo depois (Et 1:19; etc.). A posição honrosa de Dario, o medo, após a conquista de Babilônia, demonstra o respeito de Ciro para com os medos, mesmo quando ele próprio tinha realmente o poder (ver vol. 3, p. 36-38, 85, 86).Anos antes, sob inspiração divina, o profeta Isaías descreveu a obra de Ciro (Is 45:1). Esse conquistador logo derrotou as tribos vizinhas e governou desde Ararate, ao norte, até o sudeste de Babilônia e o golfo Pérsico, no sul. Para completar seu império, ele derrotou o rico Creso, de Lídia, em 547 a.C., e tomou Babilônia por meio de uma estratégia, em 539 a.C. (ver vol. 3, p. 36-40). Ciro reconheceu que o Senhor tinha lhe dado todos esses reinos (2Cr 36:23; Ed 1:2; sobre profecias a respeito desse império, ver com. de Dn 7:5; 8:3-7; 11:2).Um terceiro reino. O sucessor do império medo-persa foi o império “grego” (mais propriamente macedônio ou helenís- tico), de Alexandre e seus sucessores (ver Dn 8:20, 21).A palavra hebraica para Grécia é Yawan (javã), que é o nome de um dos filhos de Jafé. Javã é mencionado na genealogia imediatamente depois de Madai, o progenitor dos medos (ver com. de Gn 10:2), Por volta da época em que os israelitas estavam se estabelecendo em Canaã, essas tribos indo- europeias, mais tarde chamadas de gregos, estavam migrando em ondas sucessivas para a região do mar Egeu (a Grécia continental, as ilhas e costas ocidentais da Ásia Menor), conquistando ou expulsando os habitantes mediterrâneos anteriores. Esses deslocamentos estavam relacionados à migração dos povos do mar (que incluíam os filisteus) à costa oriental do Mediterrâneo (ver vol. 2, p. 10, 16, 17). Os gregos jônicos se encontravam no Egito, na época de Psamético (663- 610 a.C.), e em Babilônia, durante o reinado deNabucodonosor (605-562 a.C.), como confirmam registros escritos.A Grécia estava dividida em pequenas cidades-estados com um idioma comum, mas com pouca ação unificada. Quando se pensa na Grécia antiga visualiza-se principalmente a era áurea da civilização grega, sob a liderança de Atenas, no 5o século a.C. Esse florescimento da cultura grega aconteceu após o período de maior esforço unido das cidades-estados autônomas: a exitosa defesa da Grécia contra a Pérsia por volta da época da rainha Ester (sobre as guerras persas, ver com. de Dn 11:2; ver também vol. 3, p. 44-47).“Grécia” (Dn 8:21) não se refere às cidades-estados autônomas da Grécia clássica, mas ao reino macedônico posterior que conquistou a Pérsia. A Macedônia, uma nação consanguínea situada ao norte da Grécia propriamente dita, conquistou as cidades gregas e as incorporou pela primeira vez a um estado forte e unificado. Alexandre o Grande, depois de ter herdado de seu pai o recém-expandido reino greco- macedônico, se pôs em marcha para estender o domínio macedônico e a cultura grega em direção ao Oriente, e venceu o império persa. A profecia representa o reino da Grécia como vindo depois do da Pérsia, porque a Grécia nunca se uniu para formar um reino até a fundação do império macedônico, que substituiu a Pérsia como o principal poder mundial daquela época (sobre profecias paralelas, ver com. de Dn 7:6; 8:5-8, 21, 22; 11:2-4).O último rei do império persa foi Dario III (Codomano), que foi derrotado por Alexandre nas batalhas de Grânico (334 a.C.), Isso (333 a.C.) e Arbela ou Gaugamela (331 a.C.; sobre o período de Alexandre e as monarquias helenís- ticas, ver com. de Dn 7:6; ver também o artigo “O Período Intertestamentário”, no vol. 5).Bronze. Ver com. de 2Sm 8:8. Os soldados gregos se distinguiam por suas armadurasde. bronze. Seus capacetes, escudos e machadinhas eram feitos de bronze. Heródoto conta que Psamético, do Egito, viu nos piratas invasores gregos o cumprimento de um orácuio que predisse ‘'homens de bronze que vêm do mar” (Heródoto, i. 152, 154).Terá domínio sobre toda a terra. A história registra que o poder de Alexandre se estendeu sobre a Macedônia, Grécia e o império persa, incluiu o Egito e se expandiu pelo Oriente até a índia. Foi o império mais extenso do mundo antigo até aquela época. Seu domínio era “sobre toda a terra” no sentido de que nenhum poder na terra se igualava a ele, e não porque incluísse todo o mundo, ou mesmo o mundo que se conhecia até então. Um “poder mundial” pode ser definido como aquele que está acima de todos os demais, não necessariamente porque governe o mundo todo. Declarações superlativas eram usadas comumente por governantes da Antiguidade. Ciro se autodenominava "rei do mundo, [...] rei dos quatro cantos do mundo". Xerxes se autodenominava “o grande rei, o rei dos reis, [...] o rei desse grande e vasto mundo”. |
Dn.2:40 | 40. O quarto reino. Esta não é a etapa posterior quando o império de Alexandre se dividiu, mas o império seguinte, que conquistou o mundo macedônico. Daniel representa as monarquias helenísticas, as divisões do império de Alexandre, por meio dos quatro chifres do bode que simboliza a Grécia (Dn 8:22), não por um animal separado (comparar com as quatro cabeças do leopardo; ver com. de Dn 7:6).Naturalmente, o reino que sucedeu as divisões do império macedônico de Alexandre foi o que Edward Gibbon apropriadamente chamou de “monarquia de ferro” de Roma, embora não fosse unia monarquia no tempo em que se tornou o principal poder do mundo. Roma foi fundada muito antes da data tradicional de 753 a.C., por tribos latinas que chegaram à Itália emondas sucessivas por volta da época em que outras tribos indoeuropeias se estabeleceram na Grécia. Desde cerca do 8o até o 5o século, a cidade-estado latina foi governada por reis etruscos vizinhos. A civilização romana recebeu forte influência dos etruscos, que foram à Itália no 10° século, e principalmente dos gregos, que chegaram dois séculos depois.Em cerca de 500 a.C., o estado romano se tornou uma república e permaneceu assim por aproximadamente 500 anos. Por volta de 265 a.C., toda a Itália estava sob controle romano. Por volta do ano 200 a.C., Roma saiu vitoriosa da batalha com seu poderoso rival norte-africano Cartago (original- mente uma colônia fenícia). Desde então, Roma dominou o mediterrâneo ocidental e se tornou mais poderosa do que qualquer um dos estados do Oriente, embora ainda não os tivesse enfrentado. Daí em diante, Roma primeiro dominou e depois absorveu, um após outro, os três reinos que restaram dos sucessores de Alexandre (ver com. de Dn 7:6) e, assim, tornou-se o poder mundial seguinte, depois do império de Alexandre. Esse quarto império foi o que mais durou e o mais extenso dos quatro, sendo que, no 2o século da era cristã, estendia-se desde a Grã- Bretanha até o Eufrates (sobre uma profecia paralela, ver com. de Dn 7:7).Esmiúça. Tudo o que foi possível reconstruir da história romana confirma essa descrição. Roma conquistou seu território pela força ou pelo medo que inspirava seu poder armado. Em princípio, interveio em questões internacionais numa luta por sua sobrevivência contra seu rival, Cartago, e se viu envolvida em guerra após guerra. Depois, esmagando um oponente após outro, finalmente, tornou-se um conquistador agressivo e invencível do mundo mediterrâneo e da Europa Ocidental. No início da era cristã e pouco depois, o poder de ferro das legiões romanas respaldava a Pax Romana (paz romana). Roma era o maiore mais forte império que o mundo havia conhecido até então. |
Dn.2:41 | 41. Artelhos. Embora mencione os dedos dos pés, Daniel não chama atenção específ ica para seu número. Ele diz que o reino seria dividido (ver Tl, 361). Muitos comentaristas defendem que os dedos dos pés, dos quais se presume que havia dez, correspondem aos dez chifres do quarto animal do cap. 7 (ver com. de Dn 7:7).Barro de lodo. Ver com. do v. 33. No 5o século d.C., Roma tinha perdido sua força e tenacidade de ferro, e seus sucessores eram fracos, como a mistura de barro com ferro. |
Dn.2:42 | 42. Por uma parte, o reino será forte. Esses reinos bárbaros diferiam grandemente em proeza militar, como declara Edward Gibbon quando se refere às “poderosas monarquias dos francos e visigodos, e os reinos dependentes dos suevos e burgúndios”.Frágil. Literalmente, “quebradiço”. |
Dn.2:43 | 43. Misturar-se-ão com semente humana (ARC). Muitos comentaristas aplicam isso aos matrimônios entre membros da realeza, embora o significado da declaração possa ser mais amplo (ver ARA). A palavra para humana é enash, “humanidade”. “Semente” significa descendentes. Portanto, pode também se tratar de uma indicação geral de migrações de população, mas que mantêm fortes vínculos com o nacionalismo. A LXX têm muitas variações do texto mas- sorético. Os v. 42 e 43 dizem: “Os dedos dos pés certa parte de ferro e certa parte de barro, certa parte do reino será forte e certa parte será quebrada. E como viste o lerro misturado com o barro, haverá mistura entre nações [ou entre gerações] de homens, mas eles não concordarão [literalmente, ‘não pensarão o mesmo'], nem serão amigáveis uns com os outros, assim como é impossível misturar ferro com barro.” A tradução que Teodócio faz de Daniel, que praticamente suplantou a LXX, é mais parecida com o texto massorético; no entanto, mesmo essamostra variações: “Os dedos dos pés certa parte de ferro e certa parte de barro, certa parte do reino será forte e desta [uma parte] será quebrada. Porque viste o ferro misturado com o barro, haverá mistura na semente dos homens, e não se fundirão este com aquele, assim como ferro não se mistura com barro.”E difícil avaliar a autoridade da LXX; por isso é impossível saber até que ponto as traduções acima preservaram as palavras originais de Daniel. Porém, os Papiros de Chester Beatty, na seção de Daniel que data do início do 3° século d.C., contêm a versão LXX em vez da tradução de Teodócio.Não se ligarão. A profecia de Daniel sobreviveu e sobreviverá à prova do tempo. Alguns poderes mundiais têm sido fracos, outros fortes. O nacionalismo continua com vigor. Tentativas de unir em um grande império as diferentes nações que surgiram do quarto poder fracassaram. Temporariamente, algumas partes se uniram, mas a união não se provou pacífica ou permanente.Também têm havido muitas alianças políticas entre as nações. Estadistas visionários procuram de diversas formas construir uma federação de nações que trabalhem com êxito, mas todas essas tentativas têm sido frustradas.A profecia não declara especificamente que não poderia haver uma união temporária de diferentes elementos, por meio da força das armas ou dominação política. Porém, declara que as nações constituintes, caso se realizasse tal união, não se fundiríam de forma orgânica e permaneceríam mutuamente receosas e hostis. Uma federação criada sobre tal fundamento está destinada à ruína. O êxito temporário de algum ditador ou nação deve, portanto, não ser rotulado como uma falha da profecia de Daniel. No final, Satanás conseguirá uma união temporária de todas as nações (Ap 17:12-18; cf. Àp 16:14; GC, 624), mas esta será breve, e num curto período oselementos que a compõem se voltarão um contra o outro (GC, 656; PE, 290). |
Dn.2:44 | 44. Suscitará um reino. Muitos comentaristas têm tentado fazer deste detalhe da profecia uma previsão do primeiro advento de Cristo e a conquista subsequente do mundo pelo evangelho. Este “reino”, porém, não existiría ao mesmo tempo em que qualquer um dos demais reinos; ele sucedería a fase ferro e barro, que ainda não tinha chegado quando Cristo estava na Terra. O reino de Deus ainda estava no futuro, como afirmou claramente a Seus discípu los na última Ceia (Mt 26:29). Será estabelecido quando Cristo vier no dia final para julgar os vivos e os mortos (2Tm 4:1; cf. Ml 25:31-34). |
Dn.2:45 | 45. Pedra. Do aramaico eben, idêntico ao heb. eben, “uma só pedra”, termo usado para se referir a lascas de pedras, pedras para se atirar com fundas, pedras talhadas, vasilhas de pedra, pedras preciosas. A palavra “rocha”, com frequência usada em referência a Deus (Dt 32:4, 18; ISm 2:2; etc.), vem do heb. tsur, em vez de eben. Não se pode afirmar que exista uma relação entre o símbolo de Daniel para o reino de Deus e a figura de uma rocha ou pedra usada em outra Escritura. A interpretação oferecida por Daniel é suficiente para identificar o símbolo.Sem auxílio de mãos. Esse reino tem origem sobre-humana. Será fundado pela poderosa mão de Deus, e não pelas mãos engenhosas do ser humano. |
Dn.2:46 | 46. O rei [...] se inclinou. Do aramaico segad, palavra que normalmente parece indicar adoração verdadeira. Pela ordem do texto original, o rei já estava prostrado com o rosto em terra; então deve significar mais que incli- nar-se. Segad é usado no cap. 3 para descrever a adoração à imagem de ouro exigida pelo rei, mas recusada pelos hebreus. As palavras hebraicas para “oferta de manjares” e “suaves perfumes”, combinadas com a palavra para “oferta”, também indicam claramente adoração. Não se diz se Daniel permitiu essesatos sem protestar. O registro diz apenas que Nabucodonosor ordenou que se oferecessem a Daniel oferta de manjares e suaves perfumes, mas não diz que isso foi realizado. Daniel pode ter, com tato, chamado atenção ao que ele já tinha afirmado, que a revelação viera do Deus dos céus e que ele não a tinha recebido por ser superior em sabedoria (ver com. do v. 30).Prostrou rosto em terra. Atitude de respeito e reverência. Tais expressões de respeito são observadas com frequência no AT (Gn 17:3; 2Sm 9:6; 14:4).À luz da recusa de Pedro à adoração de Cornélio (At 10:25, 26), da rejeição de Paulo e Barnabé da adoração dos homens de Listra (At 14:11-18) e da reprovação do anjo a João quando este se prostrou a seus pés para adorá-lo (Ap 19:10), é improvável que Daniel tenha permitido que o rei o adorasse. Outros imaginam que, tendo em vista que Deus aceita a sinceridade da motivação quando as pessoas seguem a maior luz que têm, Daniel pode ter sido induzido a não interferir na questão nesse momento. Muitos comentaristas seguem a sugestão de Jerônimo de que Nabucodonosor não estava adorando Daniel, mas por meio de Daniel adorava o Deus deste. Também chamam atenção para o registro de Josefo de como Alexandre, o Grande se ajoelhou diante do sumo sacerdote judeu, e quando Parmênio, o general do rei, perguntou sobre o significado desse ato, Alexandre respondeu: “Eu não o adorei, mas ao Deus que o honrou com Seu sumo sacerdócio” (.Antiguidades, xi.8.5). Contudo, uma leitura atenta do segundo mandamento do decálogo desaprova todos esses atos.Nabucodonosor ainda sabia pouco do verdadeiro Deus, e menos ainda de como adorá-Lo. Até então, seu conhecimento de Deus estava limitado àquilo que tinha visto do caráter divino refletido na vida de Daniel e do que Daniel tinha lhe falado de Deus.E possível que, de fato, Nabucodonosor, ao ver em Daniel o representante vivo de Deus, cuja morada não é com os homens (v. 11), teve a intenção de que os atos de adoração dispostos a Daniel fossem em honra ao Deus de Daniel. Com seu conhecimento limitado do Deus verdadeiro, Nabucodonosor, sem dúvida, estava fazendo o melhor que sabia no momento para expressar sua gratidão e para honrar Aquele cuja sabedoria e poder tinham sido demonstrados de forma tão impressionante.Oferta de manjares. A palavra hebraica que corresponde à palavra aramaica usada aqui, em geral, denota oferta sem derramamento de sangue (ver com. de Dn 9:21).Suaves perfumes. Isto é, incenso. |
Dn.2:47 | 47. Vosso Deus é o Deus dos deuses. Ou, “vosso Deus é Deus de deuses". A expressão está no superlativo. Nabucodonosor, que chamava seu principal deus, Marduque, de “senhor dos deuses”, reconhece que o Deus de Daniel é infinitamente superior a qualquer dos deuses babilônicos.O Senhor dos reis. E evidente que Nabucodonosor sabia que esse era um título aplicado a Marduque, na história babilô- nica da criação. O rei, ano a ano, recebia novamente seu reinado de Marduque no festival de ano novo. Além disso, seu nome era inspirado em Nabu, o filho deMarduque, o escriba que escreveu as Tábuas do Destino.Nabucodonosor era um homem de inteligência e sabedoria superiores, como revelam sua iniciativa de treinamento profissional para oficiais da corte (Dn 1:3, 4) e sua habilidade de avaliar a “sabedoria e inteligência” (v. 18-20). Embora fosse imperfeito o conceito de Nabucodonosor sobre o verdadeiro Deus, ele teve prova irrefutável de que o Deus de Daniel era infinitamente mais sábio do que todos os sábios e deuses de Babilônia. Experiências posteriores convenceriam o rei Nabucodonosor com respeito a outros atributos do Deus dos céus (ver com. de Dn 3:28, 29; 4:34, 37; ver também p. 826, 827). |
Dn.2:48 | 48. Governador. Ou, “principal prefeito”. Daniel não interpretou o sonho com o objetivo de obter qualquer recompensa do rei. Seu único propósito era exaltar a Deus diante do rei e de todo o povo de Babilônia. |
Dn.2:49 | 49. A pedido de Daniel. Daniel não se iludiu com as grandes honras que lhe foram conferidas. Ele se lembrou de seus companheiros. Eles tinham compartilhado seus momentos de oração (v. 18), e também compartilhariam a recompensa.Na corte do rei. Lugar onde se assentavam os reis do Oriente para julgar e onde se reuniam com os conselheiros (ver com. de Gn 19:1).PR, 491-502; T7, 151 1, 2-FEC, 410 1-4 — PR, 491 1-5 - San, 34San, 36; T6, 220Capítulo 3Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, ordenou que se acendesse a fornalha sete vezes mais do que se costumava. |
Dn.3:1 | 1. Nabucodonosor. Não se dá nenhuma data para os acontecimentos deste capítulo. O nome do rei é a única indicação de quando ocorreram. A LXX e a tradução grega de Teodócio datam os eventos no 18° ano de Nabucodonosor. Alguns eruditos consideram isso como uma interpolação. Eles concluem que os tradutores acreditavam que a imagem colossal foi erigida para marcar a conquista final de Jerusalém. No entanto, essa cidade não foi destruída no 18° ano de Nabucodonosor, mas no 19° (2Rs 25:8- 10). A data 580 a.C., sugerida por alguns, deriva da cronologia de Ussher (ver vol. 1, p. 158, 175) e não tem base histórica adequada. Alguns comentaristas colocam esta narrativa no período seguinte à loucura deNabucodonosor descrita no cap. 4, mas essa posição é infundada, como se demonstrará.E certo cjue os eventos narrados neste capítulo ocorreram depois daqueles do cap. 2, porque Daniel 3:12 e 30 se refere ao texto de 2:49. Além disso, uma comparação das declarações de louvor de Nabucodonosor (Dn 3:28, 29; 4:34-37) indica que a loucura do rei foi um evento posterior. A história secular não ajuda a datar este evento, visto que registros da época não mencionam o incidente. Contudo, um almanaque da corte, escrito em 570/569 a.C., exclui esse ano como possível data e torna improvável que o evento tivesse ocorrido havia pouco tempo. O almanaque dá uma lista de todos os principais oficiais do governo que exerceram algum cargonaquele ano. Daniel e seus três amigos não são mencionados. Visto que o evento descrito no cap. 3 resultou numa promoção dos três hebreus, e, sendo improvável que tivessem sido removidos do ofício logo após a promoção, pelo menos os três, um tempo considerável pode ter passado entre a experiência narrada no cap. 3 e a data do almanaque da corte.A influência do sonho (Dn 2) sobre os eventos do cap. 3 (ver PR, 504, 505) implica que os eventos do cap. 3 não podem ser datados na última parte do reinado de Nabucodonosor. Alguns sugerem a data 594/593, pela seguinte razão: essa data coincide com o quarto ano de Zedequias, que nesse ano viajou a Babilônia (Jr 51:59). E possível que a viagem tenha sido feita em resposta à convocação de Nabucodonosor a todos seus governadores e vassalos, “todos os oficiais das províncias” (Dn 3:2), para estar em Babilônia para homenagear a imagem que o rei tinha erigido. Como Zedequias era de caráter fraco e vacilante, dificilmente era de se esperar que tivesse zelo religioso como o que impossibilitou Sadraque, Mesaque e Abede-Nego de obedecer à ordem do rei. Porém, datar o evento na época da visita de Zedequias não passa de uma possibilidade (ver San, 27).O porquê de não se mencionar Daniel na narrativa é uma pergunta sem resposta. Não é possível saber se ele estava enfermo ou ausente, por causa de importante missão. Alguns conjecturam que, envergonhado por ter rejeitado a mensagem do sonho, o rei teria feito arranjos para enviar Daniel para longe, a fim de tratar de questões importantes. Porém, há certeza de que, se fosse provado, Daniel teria se mantido tão leal quanto seus companheiros.Imagem de ouro. A imagem do cap. 2 representava o reino de Nabucodonosor com a cabeça de ouro (v. 38). Não satisfeito com esse símbolo, o rei idealizou uma imagem feita de ouro da cabeça aos pés, por meio daqual desejava simbolizar a glória perpétua e universal de seu império, e um reino que não seria sucedido por nenhum outro.Sessenta covados de altura. As medidas da imagem testemunham do uso do sistema sexagesimal (um sistema baseado no número 60) em Babilônia, uso confirmado também por fontes cuneiformes. O sistema sexagesimal de cálculo foi uma invenção dos babilônios. Esse sistema tem algumas vantagens sobre o decimal. Por exemplo, 60 é divisível por 12 fatores, ao passo que 100 é divisível por apenas nove fatores. O sistema ainda é usado para algumas medidas, como segundos, minutos, horas, dúzias. Portanto, era natural que os babilônios construíssem essa imagem de acordo com medidas do sistema sexagesimal. A menção deste detalhe confere um verdadeiro tom babilônico à narrativa.Críticos apontam as proporções da imagem, 60 x 6 côvados, cerca de 27 x 3 m, como evidência do caráter lendário da história, porque as proporções da figura humana são inferiores a 5 x 1. No entanto, não se sabe a aparência da imagem. E bem possível que a parte da imagem em si medisse menos que a metade da altura total e ficasse num pedestal de 30 côvados de altura ou mais, de forma que toda a estrutura, pedestal e imagem, tivesse 60 côvados de altura. A Estátua da Liberdade, em Nova York, tem uma altura total de 92 m, e metade disso é o pedestal; a imagem tem 46 m cios pés ao topo da cabeça. ]. A. Montgomery observa que a palavra aramaica tselem, traduzida como “imagem”, é usada numa inscrição aramaica do 7o século encontrada em Nerab, próximo a Alepo, para descrever uma esteia que está esculpida parcialmente. Apenas a parte superior está decorada com o relevo do busto de um corpo humano. Portanto, tselem, “imagem”, não se limita à descrição de uma figura humana ou outra representação, mas pode incluir também o pedestal.Na história, há paralelos dessa enorme imagem. Pausânias (geógrafo grego, c. 115- 180 d.C.) descreve o Apoio Amicleano, uma coluna estreita, com cabeça, braços e pés na forma humana. Os Colossos de Memnon, da antiga Tebas, no alto Egito, foram construídos de pedra e eram representações do rei Amenhotep 1II. As ruínas ainda permanecem, com cerca de 20 m de altura. O melhor paralelo antigo talvez seja o Colosso de Rodes que representa o deus Hélios. Foi construído do material de guerra deixado para trás quando Demétrio Poliorcetes levantou seu inútil cerco da ilha em 305-304 a.C. O Colosso levou 12 anos para ser construído. Era feito de folhas de metal que cobriam uma estrutura, e chegava à altura de 70 côva- dos, 10 côvados a mais que a imagem de Nabucodonosor. Por volta de 225 a.C., um terremoto demoliu o Colosso. Ele ficou em ruínas por aproximadamente 900 anos, até que os sarracenos o venderam como sucata.No campo de Dura. O nome desta planície sobrevive no nome de um afluente do Eufrates, chamado Nahr Dura, que desemboca no Eufrates oito quilômetros abaixo de Hilla. Alguns montes vizinhos também 1 levam o nome de Dura. Segundo tradição corrente entre os habitantes do atual Iraque, os eventos descritos em Daniel 3 aconteceram em Kirkuk, que hoje é o centro dos campos de petróleo iraquianos. A tradição pode ter se originado porque antes havia gases de ignição que escapavam de fissuras no solo em vários lugares nessa região, e também porque havia ali grande quantidade de material combustível como petróleo e asfalto. A tradição, é claro, deve ser rejeitada. O incidente ocorreu próximo a Babilônia. Dura fica “na província da Babilônia”. |
Dn.3:2 | 2. Sátrapas. O termo aramaico achashdarpan, “príncipe” ou “sátrapa”, era antigamente considerado de origem persa. Essa opinião foi abandonada, pois fontes cuneiformes mostram que na formasatarpanu a palavra era usada desde a época de Sargão 11 (722-705 a.C.). A origem deve ser hurrita. E evidente que os persas importaram esse título oficial do Ocidente. Portanto, o uso do título na época de Nabucodonosor não está fora de lugar (ver mais sobre isso no com. de Et 3:12).No período dos persas, o título designava oficiais que regiam satrapias, as maiores divisões do império.Prefeitos. A palavra aramaica segan pode ser traduzida como “prefeitos” ou “governadores”. Ela vem do acadiano shaknu, que tem o mesmo significado. Esses oficiais administravam as províncias, seções nas quais as satrapias estavam divididas.Governadores. Do aramaico pechah, um sinônimo de signin (ver com. anterior sobre “prefeitos”).Juizes. A palavra aramaica adargazar, “juizes”, é encontrada apenas na forma persa do período médio andarzaghar, que significa “conselheiro”. O fato de não ter siclo atestada em textos anteriores não prova que não existia antes do período persa, porque praticamente toda descoberta de uma nova inscrição revela que palavras antes desconhecidas existiam havia tempo.Tesoureiros. Ainda não se determinou a origem da palavra aramaica gedavar.Magistrados. A palavra aramaica detha- var, literalmente, significa “legislador”, portanto, “juiz”. Ela se encontra em fontes cuneiformes na forma cognata daiavari.Conselheiros. Do aramaico tiftay, “xerife” ou “policial”. A palavra é encontrada na mesma forma e com o mesmo significado no papiro aramaico de Elefantina (sobre esses papiros, ver vol. 3, p. 65-71).Oficiais. O aramaico shilton, “governador”, do qual deriva o título sultão. O termo designa todos os oficiais subalternos de importância. |
Dn.3:3 | 3. Então, se ajuntaram os sátrapas.A repetição de todos os títulos, característicada retórica semita, como a lista subsequente dos instrumentos musicais (v. 5, 7, 10, 15), não se encontra na LXX, possivelmente porque tais repetições não eram bem vistas na época. Porém, a tradução grega posterior de Teodócio preserva a repetição. |
Dn.3:4 | 4. Arauto. Do aramaico karoz, em geral considerada de origem grega (cf. o gr. kerux). Há algum tempo, críticos usavam esta palavra como prova para a origem posterior do livro de Daniel. Porém, H. H. Schaeder demonstrou que a palavra é de origem iraniana (Iranische Beitrãge I [Halle, 1930], p. 56). |
Dn.3:5 | 5. Trombeta. Sobre os instrumentos musicais hebreus, vervol. 3, p. 14-27. Neste caso, contudo, descreve-se uma orquestra babilônica, na qual vários instrumentos diferem daqueles usados entre os antigos hebreus.Pífaro. Do aramaico mashroqi, que designa a flauta, assim como a mesma palavra em siríaco e mandeano.Harpa. Do aramaico qithros. Em geral, considera-se que qithros provém cio grego kitharis ou kithara, “citara”, inscrições antigas não têm provido evidência de derivação acadiana ou iraniana. No entanto, não seria estranho encontrar empréstimos de palavras gregas num livro escrito em Babilônia. Sabe-se a partir de textos cuneiformes, da época de Nabucodonosor, que jônios e lídios estavam entre os muitos estrangeiros que trabalhavam nas construções. Esses carpinteiros e artesãos podem ter compartilhado com os babilônios alguns instrumentos musicais antes desconhecidos ali. Seria natural que, com sua aceitação pelos babilônios, os nomes f gregos desses instrumentos fossem adotados. Dessa forma, pode-se explicar facilmente a existência de nomes gregos para alguns instrumentos musicais.Sambuca (ARC). Uma transliteração equivocada do aramaico saheka’ (nos v. 7, 10, 15, saheka), provavelmente pela semelhançade sons. A palavra em português denota uma versão antiga do trombone. O saheka’ (“citara”, ARA) era um instrumento triangular de quatro cordas e um tom. Embora o nome apareça em grego como sambukê e em latim como sambuca, não tem origem ocidental, como demonstrou Lidzbarski. Os gregos e romanos adotaram o nome dos fenícios, junto com os instrumentos musicais, fato confirmado também por Estrabão, que diz que a palavra é de origem “bárbara’’ (Geografia, x.3.17).Saltério. Do aramaico pesanterin. A palavra “saltério” deriva do grego por meio do latim. O psalterion era um instrumento de corda triangular, com o diapasão acima das cordas.Gaita de foles. Do aramaico sumpo- neyah. A palavra ocorre no grego {sumpho- nia) como um termo musical e como nome de um instrumento, uma gaita de foles. A primeira referência a este instrumento na literatura fora de Daniel encontra-se em Políbio (xxvi.10; xxxi.4), que descreve a sumphonia como um instrumento que figurava em anedotas do rei Antíoco IV. Porém, o instrumento é representado num relevo heteu de Eyuk, uma cidade cerca de 30 km ao norte de Boghazkoi, na Anatólia central, de meados do 2o milênio a.C. O relevo parece indicar que, como em épocas posteriores, a gaita de foles era feita de pele de cachorro.Adorareis a imagem de ouro. Até aqui, a narrativa não menciona que se exígiria a adoração da imagem. O convite enviado a todos os oficiais do reino de Nabucodonosor para se reunirem na planície de Dura, segu ndo o registro, fala apenas da dedicação da imagem (v. 2), embora os povos da época, acostumados a práticas idólatras, podem não ter tido dúvida quanto à razão pela qual fora erigida a imagem. Prestar homenagem à imagem daria prova de sujeição ao poder do rei, mas, ao mesmo tempo, mostraria o reconhecimento de que os deuses de Babilônia, ou osdeuses do império, eram superiores a todos os deuses locais. |
Dn.3:6 | 6. Qualquer que se não prostrar.O rei e seus conselheiros, que aparentemente esperavam que alguns não obedecessem à ordem, ameaçaram com a punição mais cruel todo aquele que se recusasse a se prostrar. Além dos judeus, cujas convicções religiosas os proibiam de se ajoelhar diante de imagens (Ex 20:5), os povos antigos não tinham objeção quanto a adorar ídolos. Portanto, a recusa de se ajoelhar diante da imagem de Nabucodonosor seria considerada como prova de hostilidade para com o rei e seu governo. Não se sabe se o rei previa a difícil situação em que colocaria seus leais servos judeus. Pode ser que tenha enviado Daniel para longe a fim de poupá-lo da situação (ver com. do v. 1). Por seus contatos com Daniel, o rei deve ter sabido que um judeu fiel se recusaria a adorar a imagem, e que tal recusa não poderia ser interpretada como sinal de deslealdade.Fornalha de fogo ardente. Embora não haja muitos exemplos antigos deste tipo de pena de morte, alguns são confirmados. Um vem do 2° milênio a.C., no qual servos recebem esta punição. E digno de nota que a mesma palavra que Daniel usou para fornalha Çattun) também se encontra em textos babilônicos cuneiformes (iitü- num). O segundo exemplo vem do genro de Nabucodonosor, Nergal-sharusur. Numa de suas inscrições, ele diz ter ‘queimado até a morte adversários e desobedientes” (comparar com Jr 29:22).E provável que a fornalha ardente fosse um forno para queimar tijolos. Visto que todos os edifícios eram construídos de tijolos, muitos, de tijolos queimados, esses fornos eram abundantes nos arredores da antiga Babilônia. Escavações mostram que antigos fornos de tijolos eram semelhantes aos atuais, que se encontram naquela área em grande número. Esses fornos são estruturassimples em forma de cone, construídas de tijolos. No seu interior são colocados os tijolos para serem queimados. Uma abertura de um lado do muro permite que o combustível seja jogado no interior. O combustível consiste de uma mistura de óleo cru e palha. Assim se produz um enorme calor, e pela abertura o observador pode ver os tijolos queimados. |
Dn.3:7 | Sem comentário para este versículo |
Dn.3:8 | 8. Alguns homens caldeus. Obviamente, membros da casta de magos-cientistas e astrólogos-astrônomos e não membros da nação caldeia, em contraste com cidadãos da nação judaica (ver com. de Dn 1:4). Não se tratava tanto de antagonismo racial ou nacional, mas de inveja e ciúmes profissional. Os acusadores eram membros da mesma casta à qual pertenciam os três judeus.Acusaram. Do aramaico akalu qart- sehon, uma expressão pitoresca, traduzida de forma prosaica como “acusaram”. Uma tradução literal seria: “eles comeram os pedaços de”; e daí, figurativamente, 'caluniaram” ou "acusaram”. A expressão aramaica, de significado similar, também se encontra em acadiano, ugarítico e outros idiomas semíticos. |
Dn.3:9 | 9. O rei, vive eternamente! Ver com. de Dn 2:4. |
Dn.3:10 | Sem comentário para este versículo |
Dn.3:11 | Sem comentário para este versículo |
Dn.3:12 | 12. Tu constituíste. Uma clara referência à promoção registrada no final do capítulo anterior (Dn 2:49). A menção do elevado cargo desses judeus tinha o propósito de enfatizar o perigo resultante da desobediência desses homens e também de chamar atenção para a seriedade de sua ingratidão para com seu benfeitor. Por outro lado, o fato de os caldeus darem importância à posição oficial a qual esses judeus tinham sido promovidos pelo rei sugere que a denúncia foi motivada por ciúmes. Suas palavras também continham insinuações ocultas contra o rei, e o acusavam de falta de visão política ao indicar para um alto cargo administrativo prisioneiros de guerra estrangeiros dequem, naturalmente, não se pocleria esperar lealdade para com o rei de Babilônia e seus deuses. O rei deveria ter previsto isso, insinuavam. |
Dn.3:13 | Sem comentário para este versículo |
Dn.3:14 | 14. Nem adorais [...]? A pergunta introdutória de Nabucodonosor se baseou na primeira parte da acusação dos caldeus. Certamente todos sabiam que esses oficiais judeus não adoravam os ídolos babilônicos. Mas, uma vez que o próprio rei reconhecera o Deus que serviam como “o Deus dos deuses, e o Senhor dos reis” (Dn 2:47), não havia até então nenhuma razão válida para acusar esses homens de atos subversivos. Porém, uma ordem direta havia sido negligenciada, e mesmo desprezada, e a nítida recusa de cumprir a ordem real de adorar a imagem, provavelmente, foi interpretada como se a tolerância do rei para com esses subverso- res os estivesse levando à desobediência e rebelião. Isso explicaria o ódio e a fúria de Nabucodonosor. |
Dn.3:15 | 15. Quem é o deus [...]? Esta pergunta não deve ser considerada uma blasfêmia direta contra Deus. No entanto, era um desafio dirigido a Yahweh com espírito insolente e um altivo senso de superioridade. Alguns comparam estas palavras com as ditas pelo rei assírio Senaqueribe: ‘‘Não te engane o teu Deus, em quem confias” (Is 37:10). No entanto, o caso de Nabucodonosor era diferente. Senaquer ibe elevou seu deus acima de Yahweh, o Deus dos judeus. Nabucodonosor declarou que o livramento da fornalha ardente era algo que nenhum deus poderia dar. Ao afirmar isso, ele comparou indiretamente o Deus dos judeus aos seus deuses, cuja impotência nesses casos conhecia bem. |
Dn.3:16 | 16. Não necessitamos. Do aramaico chashach, Ter necessidade de”. Alguns interpretam esta resposta como bastante arrogante, e apontam a semelhança da reação de alguns mártires para com seus perseguidores. Contudo, ]. A. Montgomery mostrou que o termo "responder” deve ser interpretadonum sentido legal. Em idiomas semelhantes e em outros diferentes se encontram analogias que mostram que o sentido é 'apresentar uma defesa” ou “apologia”. Visto que os acusados não negaram a verdade da acusação, não sentiram necessidade de se defender. O caso deles estava nas mãos de Deus (ver v. 17), e deram sua resposta como completa submissão à Sua vontade, qualquer que fosse o resultado da prova. Pode-se notar, pela declaração final, que eles não tinham certeza de que sairiam vivos daquela experiência (v. 18). Se tivessem certeza do livramento, sua resposta poderia ser interpretada como arrogância espiritual. Nesse caso, a atitude mostrou a firme convicção de que seu proceder era o único factível, que não necessitava defesa, nem mais explicações. |
Dn.3:17 | 17. Se. A frase introdutória deste versículo tem sido tema de debates entre os comentaristas. As versões bíblicas concordam com o sentido de: "Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, Ele nos livrará” (ARA); ou: “Se assim for, o nosso Deus a quem servimos, pode livrar-nos’’ (TB). No entanto, alguns comentaristas interpretam a passagem de forma literal: “Se o nosso Deus, a quem servimos, é capaz de nos livrar.” Esta última tradução não condiz com a fé dos três judeus acusados. As duas primeiras versões refletem de forma fiel a firme fé desses homens na onipotência de Deus e em Sua sabedoria inescrutável. Deus poderia salvá-los se isso fosse o melhor para eles e para a glória de Seu nome. O “se” não deve ser considerado como sinal de dúvida no poder de Deus para salvar, mas como sinal de incerteza se Deus os salvaria ou não.A LXX não tem o “se”, e a frase toda é uma declaração positiva (v. 16-18): “Pois o Deus do céu é nosso único Senhor, a quem tememos, e que é capaz de nos livrar da fornalha ardente; e das tuas mãos, ó rei.” Contudo, os eruditos em geral preferem o texto massorético (ver com. do v. 16). |
Dn.3:18 | Sem comentário para este versículo |
Dn.3:19 | 19. Sete vezes mais. O aramaico chadshib‘ah, literalmente, “um sete”, cujo significado é “sete vezes”, é uma construção incomum, mas usa-se a mesma forma numa carta em aramaico do 5° século a.C., de Elefantina. Alguns gramáticos creem que seja a abreviação de uma expressão aramaica comum, enquanto outros, como Montgomery, entendem que “pode provir das reminiscências da recitação das tabelas de multiplicação”. O intenso calor da fornalha era, provavelmente, produzido por um extraordinário suprimento de palha e petróleo. O petróleo era obtido dos vários poços da Mesopotâmia, que há muito tempo proporcionam esse produto em abundância, hoje usado nos fornos de tijolos modernos dessa região (ver com. do v. 6). O propósito desta ordem furiosa talvez não fosse aumentar a punição. Um aumento do calor na fornalha não teria aumentado a tortura das vítimas. O rei queria impedir qualquer possibilidade de intervenção (ver Ellen G. White, Material Suplementar, sobre este versículo). |
Dn.3:20 | 20. Homens mais poderosos. Ou, “alguns homens fortes” ou “soldados mais fortes do seu exército” (NVI). Talvez a escolha de militares de força extraordinária fosse outra medida para eliminar a possibilidade de intervenção divina. |
Dn.3:21 | 21. Mantos. As palavras em aramaico que descrevem os “mantos” e as “túnicas” ainda não são plenamente compreendidas. Lexicógrafos concordam que esta versão está correta.Chapéus. Do aramaico karvelah, palavra de origem acadiana, conforme mostram textos cuneiformes, em que ocorre como kar- vallatu, "boné”. Na inscrição de Dario !, em Naqsh-i-Rustam, o termo designa o elmo, mas em textos babilônicos posteriores está como “chapéus”. A menção dos artigos de vestimenta, de material facilmente inflamável, sem dúvida, tem o propósito de enfatizar o milagre que se seguiu (ver v. 27). |
Dn.3:22 | Sem comentário para este versículo |
Dn.3:23 | 23. Fornalha sobremaneira acessa.Em continuidade ao v. 23, manuscritos das mais antigas traduções de Daniel, a LXX e a de Teodócio, contêm um longo acréscimo apócrifo de 68 versículos, chamado “A Canção dos Três Jovens Santos”. A canção consiste de três partes: (1) oração de Azarias (Abede-Nego), composta de confissão e súplica (v. 24-45); (2) um interlúdio em prosa, descrevendo o calor do fogo e a descida do anjo do Senhor para esfriar as chamas (v. 46-50); e (3) a bênção dos três (v. 51-91). Embora reconhecido por Jerônimo como ilegítimo, esse acréscimo apócrifo foi inserido nas Bíblias católico-romanas como canônico. Eruditos discutem se a canção é de origem cristã ou judaica. Vários deles creem que a obra foi produzida por volta de 100 a.C. (ver p. 819, 820). |
Dn.3:24 | 24. E se levantou depressa. Evidentemente, o rei tinha ido ao lugar de execução, sem dúvida, para ter certeza de que sua ordem seria cumprida. E provável que, sentado, observava as vítimas ao serem lançadas no fogo. |
Dn.3:25 | 25. Semelhante a um filho dos deuses.Ou, “ao Filho de Deus” (ACF). Comentaristas têm interpretado de diferentes formas a exclamação do atônito Nabucodonosor com respeito ao quarto indivíduo na fornalha. Eruditos judeus sempre o identificaram simplesmente como um anjo. Essa opinião se reflete na LXX, que traduz a frase “como um anjo de Deus”. Antigos intérpretes cristãos (Hipólito, Crisóstomo e outros), por outro lado, viram neste quarto personagem a segunda pessoa da Divindade. A maioria dos cristãos conservadores defende essa opinião, embora comentaristas críticos a descartem, bem como diversas versões (ver ARC, NVI, NTLH).O problema está na gramática do aramaico e na interpretação. A palavra aramaica 'elahin, “deuses”, é o plural de elah, “deus”. Em alguns casos em que se usa 'elahin, faz-sereferência a deuses pagãos (Dn 2:11,47; 5:4, 23). Porém, há duas passagens, além da que está em discussão, em que 'elahin pode ser interpretado como se referindo ao verdadeiro Deus (Dn 5:11, 14). Portanto, a tradução ‘'Deus” (ACF, KJV) para elahin se justifica quando se estabelece que Nabucodonosor estava empregando o termo como um nome próprio. Do ponto de vista gramatical, ambas as traduções “semelhante ao Filho de Deus”, e, “semelhante a um filho dos deuses”, estão corretas.O contexto mostra que Nabucodonosor reconheceu a superioridade do Deus Altíssimo de Israel (ver Dn 3:26, 28, 29; 4:2). Nessas declarações, o rei não estava se referindo a deuses em geral, mas a Deus especificamente. Por essa razão, intérpretes conservadores preferem a tradução da ACF e da KJV e podem defender com base linguística sua preferência (ver PR, 509; Pwhlems in Bihle Translation, p. 170-173). |
Dn.3:26 | 26. Deus Altíssimo. O reconhecimento de Nabucodonosor de que o Deus dos hebreus era o “Deus Altíssimo” não implica necessariamente que o rei tinha abandonado seus conceitos politeístas. Para ele, o Deus de Sadraque, iVIesaque e Abede-Nego não era o único Deus verdadeiro, mas simplesmente o Deus Altíssimo, o principal de todos os deuses, da mesma forma que os gregos chamavam Zeus de ho hupsistos theos, "o deus maior”. Confirmou-se o uso deste termo na Fenícia e, mais tarde, em inscrições de Pai mira. |
Dn.3:27 | 27. Os sátrapas. Sobre os oficiais mencionados aqui, ver com. do v. 2.Mantos. Ver com. do v. 21. |
Dn.3:28 | 28. Bendito seja o Deus. O livramento miraculoso dos três homens impressionou o rei de forma profunda e mudou sua opinião anterior e equivocada (v. 15) sobre o Deus dos hebreus. Nabucodonosor louva o poder desse Deus, anuncia publicamente que esse Deus salvou Seus adoradores e decreta que quem desonrá-Lo será punido com a morte (v. 29). Esse reconhecimento revelou progresso em seu conceito sobre Deus (ver Dn 2:47; p. 826, 827). |
Dn.3:29 | 29. Faço um decreto. Dessa forma incomum, muitos que de outro modo jamais ouviríam falar do Deus dos hebreus foram apresentados a Ele. Contudo, Nabucodonosor se excedeu em suas prerrogativas quando buscou pela força fazer com que as pessoas honrassem o Deus dos hebreus (PR, 511).Despedaçado. Sobre os castigos mencionados nesta passagem, ver com. de Dn 2:5. |
Dn.3:30 | 30. Fez prosperar. A forma verbal assim traduzida significa, basicamente, “fazer prosperar” e, num sentido mais amplo, “promover ”. Não se diz como se realizou esta promoção. Os três hebreus podem ter recebido dinheiro, ou mais influência e poder na administração da província, ou títulos mais elevados. Pela lealdade em face da morte, os três demonstraram qualidades de caráter que tornaram evidente que podiam ter mais responsabilidades do que anteriormente.San, 38; T3, 47; 14. 212Capítulo 4i Nabucodonosor reconhece o domínio de Deus e 4 revela seus sonhos, os quais os magos não podem interpretar. 8 Daniel ouve o sonho.e as aves do céu faziam morada nos seus ramos, e todos os seres viventes se mantinham dela.debaixo da qual os animais do campo achavam sombra, e em cujos ramos as aves do céu faziam morada,o meu grandioso poder e para glória da minha majestade? |
Dn.4:1 | 1. A todos os povos. Os eventos no cap. 4 estão narrados na forma de uma proclamação real. Por não encontrarem outros casos de conversões desse tipo, eruditosmodernos declaram que tal edito é historicamente absurdo. Os argumentos do silêncio, porém, nunca são conclusivos. Por outro lado, a conversão de um rei a uma novareligião ou deus é confirmada em outros escritos. Por exemplo, o rei Amenhotep IV, do Egito, abandonou a religião politeísta de seus ancestrais e da nação e fez esforços para introduzir uma nova religião mono- teísta no reino. Ele construiu uma nova capital, mudou o próprio nome, fechou os antigos templos, renunciou os deuses anteriores, erigiu novos templos ao seu deus e fez tudo o que estava ao seu alcance para promover a nova religião.Além disso, pouco se sabe da história de Nabucodonosor de fontes seculares. Portanto, é impossível verificar todos os eventos do reinado desse monarca a partir de fontes da época. De fato, não há fontes seculares contemporâneas para a destruição de Jerusalém por Nabucodonosor, ou mesmo de sua longa campanha contra Tiro, embora a historicidade desses eventos não seja discutida. Portanto, não é estranho não encontrar referência em registros babilôni- cos para a enfermidade mental do rei. Tais registros, naturalmente, omitem informações que tratam das desgraças de um herói nacional. A mudança neste capítulo da primeira para a terceira pessoa e de volta para a primeira (ver v. 2-27; cf. v. 28-33; 34-37) tem sido explicada supondo-se que Daniel escreveu o edito sob ordem de Nabucodonosor ou que, como conselheiro- chefe do rei, Daniel tenha acrescentado algumas partes ao edito escrito pelo próprio rei. O edito refletia os sentimentos do rei quando sua plena faculdade mental foi restabelecida. “O outrora orgulhoso rei tinha-se tornado um humilde filho de Deus” (PR, 521; cf. Eflen G. White, Material Suplementar sobre Dn 4:37).Paz vos seja multiplicada! A introdução da proclamação contém urna expressão de bons votos. Os editos, promulgados mais tarde pelos reis persas, eram semelhantes na forma (ver Ed 4:17; 7:12). Uma fórmula típica nas cartas em aramaico, de Elefantina,do 5° século a.C., é: ‘A saúde de____que oDeus do céu busque.” |
Dn.4:2 | Sem comentário para este versículo |
Dn.4:3 | 3. Seu reino. A doxologia da segunda parte do v. 3 ocorre novamente com variações no v. 34 (cf. Dn 7:14, 18). |
Dn.4:4 | 4. Tranquilo. Esta frase indica que o rei governava seu reino tranquilamente. Portanto, os eventos deste capítulo pertencem à última parte de seu reinado de 42 anos. O rei estava “feliz” em seu palácio em Babilônia (ver a Nota Adicional a Daniel 4); e, como o rico insensato da parábola, cujos campos tinham produzido abundantemente (Lc 12:16-21), ele se esqueceu de sua responsabilidade para com Aquele a quem devia sua grandeza. |
Dn.4:5 | 5. Espantou. A forma abrupta como se apresenta o evento ilustra como foi inesperado (ver Dn 2:1). |
Dn.4:6 | 6. Decreto. Ver Dn 3:29. Como no sonho do cap. 2, os sábios foram chamados. Porém, neste caso, o rei não tinha esquecido o sonho. A ordem do rei para que se interpretasse o sonho, portanto, foi bem diferente da descrita em 2:5. |
Dn.4:7 | 7. Magos. Dos quatro grupos de sábios alistados neste versículo, os magos e os astrólogos foram apresentados em Daniel 1:20 (ver com. ali), a terceira classe, os caldeus, em 2:2 (ver com. de Dn 1:4), e a quarta classe, os encantadores, em 2:27 (ver com. ali).Não me fizeram saber. Alguns sugerem que, uma vez que os sábios de Babilônia eram especialistas em interpretação de sonhos e sinais sobrenaturais, talvez tenham oferecido algum tipo de interpretação. De fato, o sonho era tão explícito que o próprio rei pressentiu que contivesse alguma mensagem ruim para si mesmo (ver PR, 516). Foi isso que o alarmou. Contudo, antigos cortesãos costumavam adular seus soberanos e evitavam dizer-lhe diretamente qualquer coisa desagradável. Portanto, mesmo que entendessem parte do sonho e tivessem uma ideia do significado, eles não teriamtido coragem de dar as conclusões. Caso tenham dado alguma explicação, ela se provou insatisfatória para o rei. Eles certamente não poderíam dar a interpretação exata e detalhada como Daniel o fez mais tarde (ver PR, 517, 518). Em vez de ‘'não me fizeram saber” a NVÍ diz ‘‘não puderam ínterpretá- 4 Io". E verdade que "nenhum dos sábios pôde interpretá-lo” (PR, 516). |
Dn.4:8 | 8. Beltessazar. A narrativa introduz Daniel primeiramente com o nome judeu, pelo qual era conhecido por seus conterrâneos, e então pelo nome babilônico, dado a ele em honra ao principal deus de Nabucodonosor (ver com. de Dn 1:7).Não se sabe por que Daniel foi mantido em segundo plano por tanto tempo, embora fosse considerado “o chefe dos magos” (v. 9). Alguns sugerem que Nabucodonosor queria saber o que os caldeus tinham a dizer sobre este sonho perturbador, antes de ouvir toda a verdade, a qual suspeitava ser desfavorável (comparar com o caso do rei Acabe, lRs 22:8). Somente depois de a outra casta de sábios que se ocupava das ciências ocultas se mostrar incapaz de satisfazer o rei, foi que este mandou chamar o homem que tinha anteriormente demonstrado habilidade e sabedoria superior para interpretar sonhos (Dn 2; cf. 1:17, 20).Dos deuses santos. Ou, “do Deus santo” (ver RSV margem); e ainda “o santo espírito de Deus” (versão de Teodócio). A LXX omite os v. 5b a 10b. O termo ara- maico para “deuses” é elahin, usado com frequência para designar deuses falsos (ver Jr 10:11; Dn 2:11, 47; 3:12; 5:4), mas que também pode ser aplicado ao verdadeiro Deus (ver com. de Dn 3:25; cf. 5:11, 14). A expressão revela o que inspirou a confiança do rei no poder e entendimento superior de Daniel. Também revela que Nabucodonosor possuía um conceito da natureza dessa Divindade a quem Daniel devia tal poder e sabedoria. Sem hesitação, Daniel e seus companheirosderam testemunho do Deus a quem adoravam. A expressão, repetida nos v. 9 e 18 deste capítulo, mostra claramente que Nabucodonosor não tinha se esquecido do que aprendeu anteriormente com respeito ao sublime dom profético desse judeu e de seu relacionamento com o único Deus verdadeiro. |
Dn.4:9 | 9. Chefe dos magos. Este termo usado pelo rei é, provavelmente, sinônimo do usado em Daniel 2:48: “governador de toda a província da Babilônia, como também o fez chefe supremo de todos os sábios da Babilônia’. A palavra “chefe” (Dn 2:48; 4:9) vem da mesma palavra aramaica, rav.Dize-me as visões (ARC). O rei parece ordenar a Daniel que lhe diga o sonho e sua interpretação, mas ao mesmo tempo passa a narrar o sonho (v. 10). A LXX não tem este versículo nos manuscritos existentes. Ela contém o relato dos v. 1 a 9 de forma abreviada. Alguns comentaristas consideram a versão grega de Teodócio (“ouve a visão do sonho que tive, e dize-me sua interpretação”) como a melhor solução. Outros ainda, como Montgomery, argumentam que a palavra aramaica chzwy (originalmente sem pontos vocálicos), traduzida como “dize-me” (ARC), era originalmente chzy, “eis aqui”, como demonstra o papiro aramaico de Elefantina. Assim, o texto então seria: “eis as visões do sonho que eu tive; dize-me a sua interpretação” (ARA). |
Dn.4:10 | 10. Vi uma árvore. A sabedoria divina com frequência emprega parábolas e metáforas como veículos de transmissão da verdade. Esse método impressiona. Os símbolos ajudam a pessoa a reter a mensagem e seu conteúdo na memória por mais tempo do que se a mensagem tivesse sido comunicada de outra forma (ver a metáfora de Ez 31:3-14).Os antigos estavam acostumados a ver um significado em todo sonho incomum. Talvez seja por isso que Deus empregou o sonho nesta ocasião. |
Dn.4:11 | Sem comentário para este versículo |
Dn.4:12 | Sem comentário para este versículo |
Dn.4:13 | 13. Um vigilante. Do aramaico 'ir, derivado do verbo ‘ur, “vigiar”, e corresponde ao hebraico er, que não significa “manter vigilante’, mas “ser vigilante” ou “o que está desperto”, conforme explica a nota sobre a palavra no Códice Alexandrino. A LXX traduz a palavra por aggelos, “anjo”. Mas íeodócio, em vez de traduzi-la, simplesmente la/ a transliteração ir. Os tradutores judeus Aquila e Símaco a traduzem como egrêgoros, “o vigilante”, termo encontrado no livro de Enoque e outros escritos judaicos apócrifos para designar os anjos superiores, bons ou maus, que vigiam e não dormem. Como designação para anjos, o termo "vigilante” ocorre exclusivamente nesta passagem no AT. Sugere-se que os caldeus podem ter conhecido os anjos com este termo, embora não se tenha evidência disso. O atributo “santo” e a frase “que descia do céu” mostram que o vigilante é um mensageiro celestial. E evidente que se reconhecia o vigilante como portador das credencias do Deus do céu (ver PR, 518). |
Dn.4:14 | Sem comentário para este versículo |
Dn.4:15 | 15. Mas a cepa [...] deixai. Comparar com jó 14:8; Is 11:1. Os futuros brotos deste tronco (ver Jó 14:7-9) tipificavam, segundo se vê pela comparação dos v. 26 e 36, a restauração de Nabucodonosor de sua enfermidade, e não a continuidade da supremacia de sua dinastia, como alguns comentaristas entendem. Toda a passagem obviamente designa um indivíduo e não uma nação.Com cadeias. Muitos comentaristas veem nesta declaração uma referência a cadeias de metal presas ao redor de um tronco, talvez para impedi-lo de se rachar ou partir, embora tal prática não possa ser demonstrada por meio de fontes antigas. A LXX não faz menção dessas cadeias. De acordo com essa versão, o v. 15 diz: “E assim disse ele: deixai uma de suas raízes na terra, a fim de que, com os animais da terra nas montanhas de pasto, ele se alimente como um boi.” 'íeodócio defende o texto massorético.Visto que a interpretação do sonho não chama atenção para as cadeias, apenas conjectura-se a seu respeito. Nos v. 15 e 16, há uma mudança de “cepa, com as raízes” para o que isso representava. Alguns, como jerônimo, fazem a transição na frase considerada e veem cadeias literais no ato de atar, como as que se necessitariam para prender o rei enlouquecido, ou cadeias figuradas, representando as restrições postas sobre o monarca como resultado de sua insanidade. Contudo, parece mais natural aplicar as cadeias à cepa e considerá-las indicativas do cuidado que seria exercido para preservá-la. |
Dn.4:16 | 16. O coração. Fez-se claramente a transição da metáfora da árvore para o objeto real simbolizado por ela (ver com. do v. 15). O termo “coração”, neste caso, parece indicar natureza. O rei assumiría a natureza de um animal.Sete tempos. A maioria dos intérpretes, antigos e modernos, explicam o aramaico ‘iddan, “tempo”, neste caso (também no v. 23, 25, 32; 7:25; 12:7) como “ano”. A LXX diz “sete anos”. Entre os comentaristas mais antigos que defendem essa opinião, figuram Josefo (Antiguidades, x.10.6), Jerônimo, Rashi, lbn Esdras e jefé. Comentaristas modernos também concordam com essa opinião. |
Dn.4:17 | 17. Vigilantes. Ver com. do v. 13.0 plural pressupõe a existência de um conselho ou uma assembléia celestial (ver Jó 1:6-12; 2:1-6).Os viventes. Esta frase revela o propósito divino de executar a ordem. A maneira de Deus lidar com Babilônia e seu rei deve mostrar a outras nações e seus reis os resultados de se aceitar ou rejeitar o plano divino para as nações.Que o Altíssimo tem domínio. Nosassuntos das nações, Deus está sempre “a executar, silenciosamente, pacientemente, os conselhos de Sua própria vontade” (Ed, 173).Às vezes, assim como com o chamado de Abraão, Ele ordena uma série de eventos designados a demonstrar a sabedoria de Seus caminhos. Outras vezes, como no mundo antediluviano, Ele permite que o mal siga seu curso e demonstra a tolice de se opor aos princípios corretos. Mas, ao final, como no livramento dos hebreus do Egito, Ele intervém para que as forças do mal não vençam os instrumentos que Ele dispõe para a salvação do mundo. Se Deus ordena, permite ou intervém, ‘‘o com- plicado jogo dos eventos humanos está sob divino controle e “um divino e soberano propósito tem manifestamente estado a operar através dos séculos” (PR, 536, 535; ver Ed, 174; Rm 13:1).“A cada nação [...] tem Deus designado um lugar em Seu grande plano” e provê oportunidade para que cumpra o propósito do "Vigia e Santo” (Ed, 178, 177). Segundo os desígnios divinos, a função do governo é proteger e manter a nação, dar ao povo a oportunidade de alcançar o propósito do Criador e permitir que outras nações façam o mesmo (Ed, 175), a fim de que todos busquem “a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós” (At 17:27).A força de uma nação é proporcional à fidelidade com que cumpre o propósito de Deus; seu êxito depende do uso do poder que lhe é confiado; sua conformidade com os princípios divinos é sempre a medida de sua prosperidade; e seu destino é determinado pelas escolhas que seus líderes e povo fazem com respeito a esses princípios (Ed, 175, 174, 177, 178; PP, 536). Deus dá sabedoria e poder que fortalece as nações fiéis a Ele, mas abandona as que atribuem a glória a conquistas humanas e agem de forma independente dEle (PR, 501).Os seres humanos “que se recusam a sujeitar-se ao governo de Deus, são de todo inaptos para governar a si próprios” (GC, 584).Quando, em vez de proteger as pessoas, a nação se torna um opressor altivo e cruel, sua queda é inevitável (Ed, 176). Ouando rejeitam os princípios divinos, a glória e o poder das nações desaparecem, e seu lugar é ocupado por outras (Ed, 177). “Todos estão pela sua própria escolha decidindo seu destino”, e ao rejeitar os princípios divinos provocam sua própria ruína (Ed, 178, 177). “O complicado jogo dos acontecimentos humanos acha-se sob a direção divina. Por entre as contendas e tumultos das nações, Aquele que Se assenta acima dos querubins dirige os negócios da Terra” e governa “acima de tudo para o cumprimento de Seu propósito” (Ed, 178; ver com. de Dn 10:13).Ao mais humilde. Do aramaico shejal, “baixo”, “humilde”. O verbo é traduzido como “humilhar” (4:37) e “humilhaste” (Dn 5:22). |
Dn.4:18 | 18. Saber a interpretação. Ver com. do v. 7.Dos deuses santos. Ver com. do v. 8. |
Dn.4:19 | 19. Atônito. Do aramaico shemam, que, na forma encontrada aqui, significa “pálido”, “perplexo” ou “perturbado”. O último significado talvez seja o mais apropriado neste caso. Ao entender o sonho de imediato e suas implicações, Daniel deve ter se sentido extremamente perturbado com a responsabilidade de revelar o terrível significado ao rei (ver Dn 2:5).Por algum tempo. Do aramaico shaah. E impossível definir o período indicado por shaah; pode ser breve ou longo (ver o uso de shaah em Dn 3:6, 15; 4:33; 5:5). Deve ter passado tempo suficiente para que Daniel revelasse a seu patrono real que “seus pensamentos o turbavam [ou o alarmavam]”. Sem dúvida, Daniel estava procurando palavras e expressões adequadas para contar ao rei as terríveis notícias com respeito a seu futuro.Então, íhe falou o rei. O fato de Nabucodonosor passar a falar em terceira pessoa não justifica a conclusão de que outro falava dele, e que, portanto, o documentonão é genuíno, ou que o versículo inclua um dado histórico interpolado no documento. Mudanças similares da primeira para a terceira pessoa e vice-versa se encontram em outros livros bíblicos (ver Ed 7:13-15; Et 8:7, 8) e seculares, antigos e modernos (ver com. de Ed 7:28).O rei viu a consternação na face de Daniel. Pela natureza do sonho, dificilmente poderia esperar ouvir algo agradável. Contudo, ele encorajou seu fiel cortesão a lhe dizer toda a verdade sem temor de ficar sujeito a reprovação.Os que te têm ódio. Embora Daniel tivesse sido feito cativo pelo rei e sido deportado de sua pátria para servir a estrangeiros, os opressores de seu povo, ele não abrigava maus sentimentos para com Nabucodonosor. De fato, suas palavras testemunham que era leal ao rei, provavelmente em contraste com muitos dos judeus de sua época. Por outro lado, as palavras de Daniel não devem ser interpretadas necessariamente como maldade para com os inimigos do rei. A resposta exibe simplesmente uma reação de um cortesão oriental. |
Dn.4:20 | Sem comentário para este versículo |
Dn.4:21 | Sem comentário para este versículo |
Dn.4:22 | 22. Es tu. Sem deixar o rei esperar por muito tempo, Daniel claramente lhe anunciou, embora o monarca, sem dúvida, já suspeitasse, que a árvore representava a si próprio.Até ao céu. Para alguns, os termos pelos quais o proleta descreveu a grandeza de Nabucodonosor podem parecer exagerados, mas deve-se ter em mente que Daniel usava linguagem e expressões de um cortesão oriental, com as quais ele e o rei estavam acostumados. Esses termos são similares à altiva linguagem de Nabucodonosor, exibida em várias de suas inscrições descobertas por arqueólogos. Eles também se parecem com as palavras empregadas pelos predecessores assírios de Nabucodonosor e outros monarcas orientais. |
Dn.4:23 | Sem comentário para este versículo |
Dn.4:24 | Sem comentário para este versículo |
Dn.4:25 | 25. Com os animais. Embora as palavras do mensageiro celestial claramenteindicassem uma calamidade, os magos foram incapazes de determinar a natureza da punição. Não se declara o motivo para a expulsão do rei da sociedade, embora seja provável que ele o tenha compreendido. Pode-se concluir que a punição foi a insanidade, não apenas pelas observações gerais deste versículo, que descreve seu futuro, mas também pela declaração de que sua razão foi restabelecida (v. 34). Não tem fundamento a afirmação de que o rei foi expulso devido a descontentamentos, ou como resultado de uma revolução. |
Dn.4:26 | 26. Tomará a ser teu. Muitos imaginam por que o rei insano não foi morto, ou por que seus súditos e ministros de estado não colocaram outra pessoa no trono durante o tempo em que esteve incapacitado. Têm-se as seguintes explicações: Os supersticiosos daquela época criam que todos os distúrbios mentais eram causados por espíritos malignos que assumiam controle de suas vítimas. Se alguém matasse o insano, o espírito se apoderava do assassino ou instigador do crime; e se sua propriedade fosse confiscada ou seu cargo ocupado por outro, uma terrível vingança recairia sobre os responsáveis pela injustiça. Por isso, pessoas insanas eram removidas da sociedade e não eram incomodadas (ver iSm 21:12—22:1). |
Dn.4:27 | 27. Põe termo [...] em teus pecados. Um princípio divino é comunicado ao monarca arrogante. Os juízos de Deus podem ser evitados mediante arrependimento e confissão (ver Is 38:1, 2, 5; Jr 18:7-10; Jn 3:1-10). Por essa razão, Deus anunciou o juízo iminente sobre Nabucodonosor, mas lhe deu um ano inteiro para se arrepender, e assim evitar a calamidade (ver Dn 4:29). Porém, o rei não mudou seu modo de vida e, como resultado, atraiu sobre si a execução do juízo. Em contraste, os ninivitas, que tiveram 40 dias para se arrepender, aproveitaram a oportunidade; assim, eles e a cidade foram poupados (Jn 3:4-10). “Certamente,o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o Seu segredo aos Seus servos, os profetas” (Am 3:7). Deus avisa povos e nações da destruição iminente. Ele envia uma mensagem ao mundo hoje, advertindo que o fim rapidamente se aproxima. Pode ser que poucos deem ouvidos a essa advertência, mas pelo fato de terem sido devidamente avisados, não terão desculpas no dia da calamidade.Usando de misericórdia. O rei foiadvertido a ser justo para com seus súditos e a exercer misericórdia para com oprimidos, miseráveis e pobres (ver Mq 6:8). Com frequência, alistam-se essas virtudes em conjunto (ver SI 72:3, 4; Is 11:4). |
Dn.4:28 | Sem comentário para este versículo |
Dn.4:29 | 29. Sobre o palácio. Não se sabe de que palácio Nabucodonosor contemplava a cidade. Possivelmente foi do alto dos famosos jardins suspensos, cujos muros largos e fortes foram escavados, ou do palácio de verão na parte norte da nova cidade, que é agora um monte de ruínas conhecido como Babil (sobre Babilônia, ver Nota Adicional a Daniel 4). |
Dn.4:30 | 30. Que eu edifiquei. Estudiosos da história antiga de Babilônia recordam estas palavras arrogantes ao lerem as declarações do rei nas inscrições preservadas em meio ao pó e aos escombros das ruínas de Babilônia. Numa dessas inscrições, o orgulhoso rei proclama: “Então, eu construí o palácio, o assento de minha realeza, o vínculo da raça humana, a morada de júbilo e regozijo” (E. Schrader, Keilinschriftliche Bibliothek, vol. 3, parte 2, p. 39). Em outro texto, ele diz: “Na Babilônia, cidade que eu prefiro, que amo, está o palácio, a admiração do povo, o vínculo do país, o palácio brilhante, a morada da majestade no solo de Babilônia” (Ibid, p. 25). As escavações de R. Koldewey mostraram que Nabucodonosor tinha razões humanas para se orgulhar de sua criação, embora não tenham confirmado em todos os detalhes as declaraçõesexageradas de autores clássicos sobre o tamanho da Babilônia antiga (ver Nota Adicional a Daniel 4).A declaração de Nabucodonosor de ter edificado a cidade de Babilônia não deve ser interpretada como referência à fundação da cidade, que aconteceu de fato pouco depois do dilúvio (Gn 11:1-9; cf. Gn 10:10). A referência é ao grande trabalho de reconstrução que seu pai Nabopolassar começou, e que Nabucodonosor completou. As atividades de Nabucodonosor como construtor foram tão extensas que ofuscaram todos os feitos prévios. Diz-se que se podia ver pouco do que não tinha sido erigido na sua época. Isso era verdade quanto aos palácios, templos, muros e mesmo às residências. O tamanho da cidade foi mais que duplicado com o acréscimo de novas áreas à antiga Babilônia, como subúrbios em ambas as margens do rio Eufrates. |
Dn.4:31 | 31. Desceu uma voz. Comparar com Isaías 9:8, em que “desceu” é, literalmente, “caiu”. As arrogantes declarações do rei foram imediatamente seguidas de sua humilhação. Não se declara se esta voz foi ouvida apenas pelo rei ou se também por seu séquito . |
Dn.4:32 | Sem comentário para este versículo |
Dn.4:33 | 33. No mesmo instante, se cumpriu.Muitos comentaristas identificam a enfermidade de Nabucodonosor com uma forma de insanidade em que a pessoa se vê como animal e imita seu modo de vida.Encontrou-se um exemplo antigo dessa enfermidade mental. Uma tabuleta cunei- forme não publicada, do Museu Britânico, menciona um homem que comia pasto como uma vaca (F. M. Th. de Liagre Bõhl, Opera Minora [1953], p. 527). Não é necessário identificar com precisão a enfermidade de Nabucodonosor ou igualá-la a algo conhecido pela medicina atual. A experiência pode ter sido única. A narrativa é breve, e um diagnóstico preciso feito com tão pouca informação seria inválido.Penas da águia. A palavra “penas” foi acrescentada. O cabelo, quando não cuidado e exposto por muito tempo às influências do clima e aos raios de sol, fica crespo e rebelde. |
Dn.4:34 | 34. Ao fim daqueles dias. Isto é, ao fim dos “sete tempos” ou sete anos, preditos para a duração da loucura de Nabucodonosor (ver com. do v. 16).Levantei os olhos. E importante notar que o restabelecimento da razão ocorreu quando o rei reconheceu o verdadeiro Deus. Quando em oração olhou para os céus, o humilhado rei foi elevado da condição de um animal bruto à de um ser que tem a imagem de Deus. Aquele que por anos tinha estado no solo, impotente e rebaixado, foi mais uma vez elevado à dignidade humana que Deus concedeu às Suas criaturas formadas segundo Sua imagem. A característica essencial do milagre que aconteceu no caso de Nabucodonosor ainda se repete, embora de uma forma menos espetacular, na conversão de cada pecador.Bendisse o Altíssimo. O primeiro desejo do outrora altivo rei, após sua terrível experiência, foi agradecer a Deus, louvá-lo como o Eterno e reconhecer a perpetuidade de Seu reino. |
Dn.4:35 | 35. Reputados em nada. Comparar com Is 40:17. A segunda parte deste versículo tem um paralelo estreito com Isaías 43:13. Alguns sugerem a possibilidade de que, em sua associação com Daniel, o rei tenha conhecido as palavras de Isaías, e que essas então lhe vieram à mente. A confissão foi maravilhosa, vinda da boca de um monarca outrora altivo. E o testemunho de um converso penitente, uma declaraçãodo coração de um homem que aprendeu com sua experiência a conhecer e a reverenciar a Deus. |
Dn.4:36 | 36. Tornou-me a vir. Com a restauração de sua consciência, Nabucodonosor também reconquistou a dignidade real e o trono. A fim de mostrar a estreita relação entre o restabelecimento da razão e a restauração da soberania, este versículo repete (ver v. 34) o primeiro elemento da recuperação. O segundo vem imediatamente, no modo semita simples de narrar. Um narrador ocidental teria dito: “Quando meu entendimento retornou, também retornaram minha posição e glória reais.”Buscaram-me. A palavra “buscaram” não indica necessariamente que, durante o período de insanidade, permitiu-se que o rei vagasse pelos campos e pelo deserto sem supervisão, mas a busca de alguém tendo em conta seu posto oficial. Quando se tornou conhecido que o rei tinha recuperado a razão, os regentes do estado o levaram de volta com todo respeito devido, a fim de lhe restaurar o governo. Durante a insanidade do rei, esses homens tinham se encarregado das questões do governo. |
Dn.4:37 | 37. Louvo, exalço. Esta é a conclusão da proclamação de Nabucodonosor, na qual, como pecador convertido, ele reconhece a justiça de Deus. A confissão de que Deus é “Rei do céu” expressou sua reverência para com o Deus que acabava de receber. O monarca curado aprendeu bem a lição (ver PR, 521; Ellen G. White, Material Suplementar, sobre este versículo). Nabucodonosor teve compreensão progressiva sobre Deus (ver Dn 2:47; 3:28; p. 826).Importantes escavações foram realizadas em Babilônia, desde 1899 até 1917, sob a direção de Robert Koldewey, que trabalhou para a Deutsche Orient-Gesellschaft (Sociedade Orienta] Alemã). Descobriram-se algumas das mais importantes áreas do grande sítio deruínas da antiga Babilônia, embora grandes áreas não tenham sido tocadas nessas escavações. Babilônia foi uma cidade importante da Mesopotâmia desde o despontar da história (Gn 11). hlamurábi tinha feito dela a capital de sua dinastia. Como sede do santuário do famoso deus Marduque, foi um centro religioso mesmo durante períodos quando não desfrutava de supremacia política, como, por exemplo, durante o tempo em que a Assíria era o principal poder regional. Quando Nabopolassar reconquistou a independência de Babilônia, a cidade se tornou mais uma vez a metrópole do Oriental Médio. No entanto, foi principalmente sob o governo de Nabucodonosor, o grande edificador do império neobabi- lônico, que Babilônia se tornou “a joia dos reinos, glória e orgulho dos caldeus” (Is 13:19).Foi a cidade de Nabucodonosor que Koldewey desenterrou, durante os 18 anos de escavações alemãs. Não se encontrou praticamente nada dos estágios anteriores da cidade. Para isso atribuíram-se duas razões: (1) a mudança do curso do rio Eufrates elevou o nível da água, de modo que os estratos da cidade antiga estão agora abaixo do nível da água; e (2) a destruição de Babilônia pelo rei assírio Senaqueribe, em 689 a.C., foi tão completa que restou pouco da antiga cidade que pudesse ser descoberto por gerações posteriores. Por isso, todas as ruínas atuais visíveis datam do império neobabilônico e de épocas posteriores. Mesmo essas mostram desolação e confusão incomuns, por duas razões: (1) grande parte da cidade foi destruída pelo rei Xerxes, da Pérsia, após duas revoltas babi- lônicas contra seu governo; e (2) as ruínas de Babilônia foram usadas por Seleuco para construir Seleucia, por volta de 300 a.C. A maior parte das edificações das vilas vizinhas e da cidade de Hilla, bem como a grande represa do rio Hindiya, foram construídas com tijolos de Babilônia.A despeito dessas desvantagens, os escavadores tiveram êxito em esclarecer boa parte do desenho da Babilônia de Nabucodonosor. Nisso, eles tiveram ajuda de antigos documentos cuneiformes encontrados durante as escavações. Esses documentos contêm descrições detalhadas da cidade, de seus principais edifícios, muros e bairros, de modo que se conhece mais da planta da Babilônia de Nabucodonosor do que de muitas cidades medievais europeias. Portanto, há muita informação disponível quanto a cidade em cujas ruas Daniel caminhou e a respeito da qual Nabucodonosor proferiu as palavras registradas em Daniel 4:30.A extensão da antiga Babilônia — Antes que as escavações revelassem a verdadeira dimensão da Babilônia de Nabucodonosor e da mais antiga, eruditos se baseavam na descrição de Heródoto. Esse historiador declara ter visitado a Mesopotâmia em meados do 5o século a.C.; e suas declarações, portanto, são com frequência consideradas as de uma testemunha ocular. Ele afirma que (i. 178, 179) Babilônia tinha a forma de um grande quadrado, de 22 km de lado. Essas medidas dariam aos muros da cidade uma extensão total de 88 km, e à cidade em si uma área de quase 490 quilômetros quadrados. Ele também afirma que os muros tinham a espessura de 30 m e altura de 104 metros.Antes que as escavações modernas revelassem o tamanho da antiga Babilônia, os estudiosos tentavam harmonizar as afirmações de Heródoto com as ruínas visíveis. O assirio- logista francês Jules Oppert, por exemplo, procurou explicar a declaração de Heródoto estendendo a área da cidade de Babilônia até incluir a Birs Nimmd, 19 km a sudoeste das ruínas de Babilônia, ou a Tell el-Oheimir, 13 km ao leste. Essa explicação é insatisfatória. Já nos dias de Oppert, sabia-se que Birs Nimmd é o sítio da antiga Borsipa, e Tell el-Oheimir, o de Kish; ambas cidades famosas e independentes com muros de proteção separados.Visto que jamais se encontrou um muro que rodeasse tanto Babilônia como também Borsipa ou Kish, e uma vez que tal muro não é mencionado em nenhum dos documentos contemporâneos que descreve a cidade antiga, o cálculo de Oppert, baseado na declaração de Heródoto a respeito da extensão dos muros de Babilônia, mão pode ser aceito.As escavações revelaram que, antes da época de Nabucodonosor, a cidade era quase quadrada, com muros de 1,5 km de extensão de cada lado: a cidade interna, no mapa da p. 876. Os palácios e prédios administrativos estavam na parte noroeste da cidade, e ao sul deles ficava o principal conjunto de templos chamado Esagila, dedicado a Marduque, principal deus de Babilônia. O rio Eufrates fluía ao longo do muro ocidental de Babilônia.Quando Babilônia foi capital do vasto império, no tempo de Nabopolassar e Nabucodonosor, precisou ser aumentada. Construiu-se uma nova área às margens ocidentais do Eulrates. A extensão é conhecida, mas poucas escavações foram realizadas nessa parte. O que se sabe de seus templos e ruas foi reunido a partir de documentos cuneiformes que descrevem essa área. Ela estava ligada à cidade antiga por uma ponte que ficava sobre oito pilares, como revelaram as escavações.Nabucodonosor também construiu um novo palácio distante e ao norte da antiga cidade, o famoso palácio de verão. Construiu-se um grande muro externo para envolver o palácio. O novo muro ampliou muito a área da cidade. Não existe evidência de um muro ao longo do rio desde o palácio de verão até a antiga área do palácio. Portanto, conclui-se que o rio em si era considerado uma proteção suficientemente forte.Os muros, que ainda podem ser vistos como monturos grandes e altos, estendíam-se por aproximadamente 20 km. Essa é a extensão total dos muros de ambas as cidades, interna e externa. A circunferência da cidade de Nabucodonosor, incluindo as áreas ribeirinhas, desde o palácio de verão até o setor do antigo palácio, tinha cerca de 15 km.Escavações modernas mostram que a descrição de Heródoto quanto às dimensões dos muros precisa ser modificada. As fortificações que rodeavam a cidade interna consistiam de muros duplos: o interno, com 6,5 m de espessura, e o externo, com 3,7 m de espessura. O sistema de fortificações externas também era duplo, com um preenchimento de cascalho entre ambos os muros e um caminho na parte superior, de acordo com Heródoto. A espessura de cada um deles era a seguinte: muro interno, 7,1 m; espaço para preencher, 11,2 m; muro externo, 7,8 m, com uma espécie de reforço na base, de 3,3 m de espessura. Portanto, o total da espessura dessa fortificação externa era de 29,4 m. Das suas muitas torres, 15 foram escavadas.As escavações nada dizem sobre a altura dos muros, visto que restam apenas as bases, e em nenhuma parte têm mais que 12 m, como na porta de Ishtar. Parece inconcebível que mesmo um muro duplo, com a espessura de base de 29 m, possa ter tido 104 m de altura. Não se conhece nenhum tipo de muro de cidade, antiga ou moderna, com essas proporções. Portanto, a declaração de Heródoto com respeito à altura do muro de Babilônia não deve ser considerada literalmente.Quais as razões para essas inconsistências? E dada a seguinte explicação: Quando Heródoto visitou Babilônia, em grande parte a cidade jazia em ruínas, tendo sido destruída por Xerxes após duas revoltas contra seu governo. Templos, palácios e todas as fortificações foram totalmente demolidos. Na época de sua visita, Heródoto precisou depender de informações orais com respeito às dimensões das antigas construções, a aparência dos edifícios e o tamanho da cidade e dos muros. Visto que não falava a língua dos babilônicos,(6° séc. a.C.)*De acordo com Eckhard Unger {Babylon: Die Heilige Stadt).. .¦ ¦. 0 5 10 15 20 kmeo ; 'éi l| HsBabilKishCanais de irrigação atuais. - Babilôniaatuai, tenao seu antigo curso alteradopróximo a Babilônia e Borsipa.V p , .As linhas que se estendem do rio são^DOTSipd / 1 • ^(Birs NimriicU ]canais de irrigação modernos quesem dúvida são similares aos antigosA - Templo do festival de Ano Novo¦ l~ilB-Templo de NinmechC - Templo de Bei D - Templo de Adad; ífa/E -Templo de Shamash F - Templo de Ishtar de Acade: t - Etemenanki (torre do templo)lwH - Templo de Marduque¦ 1 ll ¦I - Templo de uulaaJ -Templo oe Ninurta¦ ftudadelar7i/| Norte feAmas dependia de um guia de fala grega, ele pode, devido a dificuldades de tradução, ter recebido informação inexata. Algumas de suas declarações errôneas podem dever-se a lapsos de memória.O assíriologista F. M. Th. de Liagre Bõhl apresentou outra explicação. Ele sugere que Heródoto pode ter considerado toda a fortaleza de Babilônia, incluindo as áreas que ficavam dentro da região que podia ser inundada em tempos de perigo. Bõhl destaca que é extremamente difícil a um leigo distinguir entre os diques de canais secos e o restante de muros de cidades antigas. A única diferença é a ausência de fragmentos de cerâmica nos diques. Há fragmentos de cerâmica em abundância próximos aos antigos muros da cidade. Portanto, deve-se considerar possível que Heródoto tenha tomado por restos dos muros da cidade alguns dos muitos diques (ver Ex Oriente Lux, n. 10, 1945-48, p. 498, n. 28).Embora a antiga Babilônia não tivesse o tamanho fantástico que Heródoto lhe atribuiu, ela era enorme numa época em que as cidades eram pequenas para os padrões modernos. Seu perímetro de 17,5 km suplantava o de 12,5 km de Nínive, a capital do império assírio; o dos muros da Roma imperial, de 10 km; e os 6,5 km dos muros de Atenas na época do apogeu dessa cidade, no 5o século a.C. Essa comparação com outras cidades famosas da Antiguidade mostra que Babilônia era, com a possível exceção da antiga Tebas, no Egito, então em ruínas, a maior de todas as capitais antigas, embora fosse bem menor do que os escritores clássicos a retratam. E compreensível que Nabucodonosor se sentisse no direito de se vangloriar por ter edificado “a grande Babilônia” com o seu “grandioso poder” (Dn 4:30).Uma cidade de templos e palácios — Pelo fato de Babilônia abrigar o santuário do deus Alarduque, considerado o senhor do céu e da terra, o principal de todos os deuses, os antigos babilônicos consideravam sua cidade o “umbigo” do mundo. Por isso, Babilônia era um centro religioso sem comparação. Um tablete cuneiforme do tempo de Nabucodonosor alista 53 templos dedicados a deuses importantes, 955 pequenos santuários e 384 altares de rua, todos dentro dos limites da cidade. Em comparação, Assur, uma das principais cidades da Assíria, com seus 34 templos e capelas, fazia uma impressão relativamente pobre. Pode-se entender bem por que os babilônios se orgulhavam da cidade, dizendo: “Babilônia é a origem e o centro de todas as terras”. Seu orgulho se reflete nas famosas palavras de Nabucodonosor citadas no com. de Daniel 4:30 e também numa antiga canção de louvor (como a de E. Ebeling, Keilschrifttexte aus Assur religiosen ínhalts, Parte I [Leipzig, 1915], N. 8):O Babilônia, quem te contempla se enche de regozijo,Quem habita em Babilônia vive mais,Quem fala mal de Babilônia é como aquele que mata a própria mãe.Babilônia é como uma doce tamareira, cujo fruto é agradável ao olhar.”O centro da glória de Babilônia era a famosa torre-templo Etemenanki, “a pedra fundamental do céu e da terra”, com uma base quadrada de 90 m de cada lado e, provavelmente, 91,4 m de altura. Esse edifício foi superado em altura nos tempos antigos apenas pelas duas grandes pirâmides de Gizé, no Egito. A torre deve ter sido construída no local onde estava a torre de Babel. A estrutura de tijolos consistia de sete níveis, dos quais o menor e mais elevado era um santuário dedicado a Alarduque, o principal deus de Babilônia (ver mais detalhes, no com. de Gn 11:9).Um grande conjunto de templos, chamado Esagila, literalmente, “o que levanta a cabeça", rodeava a torre Etemenanki. Seus átrios e edifícios foram o cenário de muitas cerimônias religiosas realizadas em honra a Alarduque. Grandes e coloridas procissões terminavamnesse lugar. Com exceção do grande templo de Amon, em Karnak, Esagila- foi o maior e mais famoso de todos os templos do Oriente antigo. Na época em que Nabucodonosor subiu ao trono, ele já tinha uma longa e gloriosa história, e o novo rei reconstruiu inteiramente e embelezou grandes espaços do conjunto de templos, incluindo a torre Etemenanki.Tanto em número como em tamanho, os palácios de Babilônia revelavam ostentação inco- mum. Durante seu longo reinado de 43 anos, Nabucodonosor construiu três grandes castelos ou palácios. Um deles ficava dentro da cidade interna, os outros, fora. Um era o palácio de verão, na parte mais ao norte do novo quarteirão oriental. O monturo que cobre suas ruínas é o mais alto entre todas as ruínas da antiga Babilônia, e é o único lugar que ainda leva o antigo nome Babil. Contudo, a completa destruição desse palácio na Antiguidade e o subsequente saque de tijolos de sua estrutura não deixaram muito para os arqueólogos descobrirem. Por isso, sabe-se pouco sobre o palácio.Outro grande palácio, que os escavadores chamam de palácio central estava imediatamente fora do muro norte da cidade interna. Esse também foi construído por Nabucodonosor. Os arqueólogos encontraram essa grande construção também num estado sumamente desolado, com exceção de uma parte, o museu de antiguidades. Ali, objetos valiosos do passado glorioso da história babilônica, como estátuas antigas, inscrições e troféus de guerra, foram reunidos e exibidos “para que os homens contemplem”, como expressou Nabucodonosor em uma das inscrições.O palácio do sul ficava no canto noroeste da cidade interna e continha, entre outros edifícios, os famosos jardins suspensos, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Um grande edifício abobadado tinha em seu topo um jardim irrigado por um sistema de canos por meio dos quais se bombeava água. Segundo Diodoro, Nabucodonosor construiu esse maravilhoso edifício para que sua esposa meda [da Média] encontrasse, na Babilônia plana e sem árvores, um substituto das colinas arborizadas de sua pátria, da qual sentia falta. Nas abóbadas abaixo dos jardins suspensos armazenavam-se provisões de cereais, azeite, frutas e especiarias para as necessidades da corte e de seus dependentes. Escavadores encontraram, nessas salas, documentos administrativos, alguns dos quais mencionam que o rei Joaquim, de judá, recebia rações reais.Junto aos jardins suspensos ficava um extenso conjunto de edifícios, salas e quartos que tinham substituído o palácio menor de Nabopolassar, pai de Nabucodonosor. Esse palácio do sul era considerado a residência oficial do rei, lugar de todas as cerimônias do estado. Ao centro ficava a grande sala do trono, com 17 por 52 m e, possivelmente, 38 m de altura. Essa imensa sala pode ter sido onde Belsazar promoveu o banquete de sua última noite de vida, pois nenhuma outra sala do palácio era grande o suficiente para acomodar mil convidados (ver Dn 5:1).Uma das estruturas coloridas dessa cidade era a famosa porta de Ishtar, junto ao palácio do sul, que formava uma das entradas pelo norte da cidade interna. Essa era a mais bela das portas de Babilônia, pois por ela passava o “caminho da procissão”, que levava dos diferentes palácios reais ao templo Esagila. Felizmente, essa porta não foi tão completamente destruída como os demais edifícios de Babilônia e é a mais impressionante de todas as ruínas da cidade. Tem altura de aproximadamente 12 m.As estruturas interiores dos muros e portas da cidade, dos palácios e templos eram de tijolos crus. As coberturas externas consistiam de tijolos queimados e, em alguns casos, esmaltados. Os tijolos externos dos muros da cidade eram amarelos; os da porta, azuis; os dos palácios, rosa; e os dos templos, brancos. A porta Ishtar era uma estrutura dupla, por causa dos muros duplos. Tinha 50 m de extensão e consistia de quatro estruturas semelhantes a torres de espessuras e alturas variadas. Os muros eram de tijolos cujas superfícies esmaltadas formavamfiguras de animais em relevo. Havia pelo menos 575 deles, incluindo bois amarelos, com listras decorativas de pelo azul, e patas e chifres verdes. Eles se alternavam com animais mitológicos amarelos, chamados sirrush, que tinham cabeças e caudas de serpentes, corpos com escamas e pés de águia e gato (ver ilustração na p. 951, e em Dicionário Bíblico Adventista, fig. 137).O acesso à porta de Ishtar (ver ilustração na p. 951) tinha muros de defesa de ambos os lados da rua. Nesses muros havia leões feitos com tijolos esmaltados e em relevo, brancos com jubas amarelas ou amarelos com jubas vermelhas (que com o tempo ficaram verdes), num fundo azul.Assim era a cidade colorida e poderosa que o rei Nabucodonosor construiu: a joia das nações. Seu orgulho por eia se reflete nas inscrições que deixou para a posteridade. Uma delas, no Museu de Berlim, diz:“Fiz de Babilônia, a cidade santa, a glória dos grandes deuses, mais destacada que antes, e promovi sua reconstrução. Fiz com que o santuário dos deuses e deusas fosse iluminado como o dia. Nenhum rei entre todos os reis jamais criou, nenhum rei anterior jamais construiu, o que construí magnificamente para Marduque. Promovi ao máximo o complexo cie Esagila, e a renovação de Babilônia mais do que se fez antes. Todas minhas obras valiosas, o embelezamento dos santuários dos grandes deuses, que eu empreendí mais do que meus ancestrais reais, escrevi num documento para gerações futuras. Iodos os meus feitos, que escreví neste documento, lerão os que saibam ler e lembrarão a glória dos grandes deuses. Oue minha vida seja longa, que me regozije em meus descendentes; que minha descendência governe sobre o povo de cabeça negra por toda a eternidade, e que a menção do meu nome seja proclamado para o bem em todas as épocas futuras.”Capítulo 5I O banquete de Belsazar. 5 Uma escritura, desconhecida -para os magos, perturba o rei. 10 Por recomendação da rainha, Daniel se apresenta. 17 Ele reprova o rei por seu orgulho e idolatria, 25 lê e interpreta a escritura.templo, que estava em Jerusalém, para que neles bebessem o rei e os seus grandes, as suas mulheres e concubinas.se acharam neste Daniel, a quem o rei pusera o nome de Beltessazar; chame-se, pois, a Daniel, e ele dará a interpretação.Mene, Mim . Tequel e Parsim. |
Dn.5:1 | 1. O rei. Quando Nabonido estava no Líbano se recuperando de uma enfermidade, pouco antes de sair para uma campanha contra Tema, na Arábia ocidental, chamou seu filho mais velho (Belsazar), e “lhe confiou o reino” (ver Nota Adicional a Daniel 5). Isso foi no “terceiro ano”. Se ocorreu no terceiro ano de reinado, isso foi no inverno de 553/552 a.C. Alguns eruditos creem que esse ano foi o terceiro depois da conclusão do templo em Harã. Se assim foi, a indicação de Belsazar como corre- gente ocorreu dois ou três anos mais tarde da data indicada, mas algum tempo antes do sétimo ano de reinado de Nabonido, quando estava era Tema. Dessa época em diante, Belsazar controlou os assuntos de Babilônia como corregente com seu pai, enquanto Nabonido residiu em Tema por muitos anos. De acordo com o "Relato em Verso de Nabonido”, Belsazar tinha o “reinado”. Portanto, Daniel não cometeu erro algum quando chamou Belsazar de “rei”, embora críticos anteriormente declarassem que Daniel tinha errado.Belsazar. O nome babilônico Bêl-shar- utsur significa "Bel, proteja o rei!” Belsazar era o primogênito de Nabonido, o último reido império neobabilônico (ver Nota Adicional a Daniel 5).Um grande banquete. Pode-se concluir cios v. 28 e 30 que o banquete ocorreu durante a noite em que Babilônia caiu diante dos exércitos de Ciro. Xenolonte preservou a tradição de que, na época da queda de Babilônia, “ocorreu um banquete em Babilônia, durante o qual toda Babilônia bebeu e se divertiu a noite toda” (Cyropaedia, vii.5.15). E inexplicável que Belsazar tenha dado um banquete imediatamente depois da queda de Sipar, e apenas alguns dias depois da batalha perdida em Opis (ver vol. 3, p. 34). Ao que parece, ele se sentia completamente seguro em sua capital, protegido por fortes muros e um sistema de canais que poderíam, em caso de perigo, inundar a região circundante, e assim dificultar a um invasor o acesso à cidade (ver PR, 523).E fato conhecido que era comum antigos monarcas darem banquetes para seus cortesãos. Uma esteia descoberta em Nimrud, a antiga Calá, menciona o fato de que o rei Assurnasirpal II deu uma grande lesta na inauguração de um novo palácio. Declara-se que serviu alimento, vinho e proveu alojamento a 69.574 pessoas, por 10 dias. O historiadorgrego Ctésias declara que os reis persas alimentavam 15 mil pessoas todos os dias, e que Alexandre, o Grande, teve 10 mil convidados na sua festa de casamento. Festa semelhante também é descrita em Ester 1:3 a 12.Na presença dos mil. A ênfase dada ao fato de Belsazar beber diante de seus convidados parece indicar que em Babilônia existia o mesmo costume da corte persa, onde o rei geralmente comia numa sala separada, e apenas em ocasiões excepcionais, com seus convidados. O banquete de Belsazar parece ter sido uma ocasião assim. O banquete deve ter ocorrido no maior salão do palácio (ver p. 877, 878). |
Dn.5:2 | 2. Apreciava o vinho. Alguns creem que estas palavras indicam que Belsazar estava bêbado quando deu a ordem de trazer os utensílios sagrados de Jerusalém. Outros explicam que a frase significa que a ordem foi dada após a refeição, no momento que o vinho começou a ser servido. Recorrem a declarações gregas clássicas que dizem que os persas tinham o costume de beber vinho após a refeição. Contudo, era incomum para um oriental profanar objetos sagrados de outras religiões. Portanto, não seria natural que Belsazar ordenasse isso enquanto estivesse no controle de sua razão (ver PR, 523).Utensílios. Os utensílios do templo foram levados de Jerusalém em três ocasiões: (1) uma parte deles na época em que Nabucodonosor levou cativos de Jerusalém, em 605 a.C, (Dn 1:1, 2); (2) a maioria dos utensílios restantes de metais preciosos quando o rei Joaquim foi levado cativo, em 597 (2Rs 24:12, 13); e (3) o restante dos objetos, a maioria de bronze, quando o templo foi destruído, em 586 (2Rs 25:13-17).Seu pai. Parece que Belsazar era neto do grande rei (ver PR, 522); sua mãe era provavelmente filha de Nabucodonosor (ver p. 886-888). A palavra “pai” deve ser interpretada como “avô” ou “ancestral”, como em muitas outras passagens da Bíblia (ver com.de lCr 2:7; sobre a ascendência de Belsazar desde Nabucodonosor, ver Nota Adicional a Daniel 5). Por si só, a expressão “seu pai” poderia também ser entendida no sentido de ‘‘seu predecessor”. Um exemplo desse emprego se encontra numa inscrição assíria que chama o rei israelita, Jeú, “filho de Onri”, embora os dois não fossem consan- guíneos. Na verdade, Jeú exterminou toda a casa de Onri (2Rs 9; 10).Suas mulheres e concubinas. As duas palavras aramaicas traduzidas como “mulheres” e “concubinas” são sinônimas, e ambas significam “concubinas”. Uma pode representar uma classe superior. Sugere-se que a classe de concubinas pode ter consistido de mulheres de lares respeitáveis, ou mesmo da nobreza; e a outra classe seria de mulheres levadas por dinheiro ou capturadas em guerra. Embora as mulheres participassem do banquete, como diz esta passagem, parece que a “rainha'’ não se encontrava entre os que bebiam vinho. Sua entrada na sala de banquete é descrita depois que se vê a escritura na parede (v. 10). A LXX não faz referência à participação de mulheres no banquete. Alguns creem que seja porque, de acordo com o costume dos gregos, as esposas não participavam de tais festas. |
Dn.5:3 | Sem comentário para este versículo |
Dn.5:4 | 4. Deram louvores aos deuses. Os louvores dos pagãos bêbados eram em honra aos deuses habilônicos, cujas imagens enfeitavam os vários templos da cidade. |
Dn.5:5 | 5. Na caiadura da parede. Se a grande sala do trono escavada por Koldewey, no palácio do sul da Babilônia de Nabucodonosor (ver p. 877, 878), foi o cenário deste banquete, não é difícil imaginar o que aconteceu no momento fatal descrito aqui. A sala tinha 17 por 52 m. No centro de um dos lados, oposto à entrada, havia um vão, onde devia estar o trono. As paredes eram cobertas de gesso branco e fino. Pode-se imaginar que o candelabro, ou candeeiro, estava próximo ao trono do rei. Naquela época se usavamcandeeiros com várias lâmpadas de azeite. Diante do candeeiro, do outro lado da sala, surgiu a misteriosa mão e escreveu no gesso, de forma que Belsazar a viu. Não se explica se a escritura tinha a forma de letras pintadas ou se foi talhada no gesso.Via os dedos. Não se declara quanto da mão era visível. A palavra aramaica pas, traduzida como “parte” (ARC), algumas vezes é interpretada como “palma”, e outras para designar a mão até o punho, em contraste com o antebraço. |
Dn.5:6 | 6. As juntas [...] se relaxaram. Comparar com Is 21:3. A consciência acusada suscitou o terror, que encheu o rei de terríveis pressentimentos. Seus pensamentos devem ter se aprofundado em trevas ao perceber o perigo mortal ao qual o império tinha sido exposto devido a erros políticos do passado, por sua própria vida e atos imorais, pela recente e desastrosa derrota de seu exército e pelos atos sacrílegos. Não é de se surpreender que “seus pensamentos o turbaram”. |
Dn.5:7 | 7. Encantadores. Ver com. de Dn 1:20.Caldeus. Ver com. de Dn 1:4.Feiticeiros. Ver com. de Dn 2:27.Púrpura. Do aramaico argewan. Antigamente, a púrpura real tinha uma cor vinho escuro, próximo ao carmesim. Evidências documentais do tempo dos persas (Et 8:15; Xenofonte, Anabasis, i.5.8), dos medos (Xeno- fonte, Cyropaedia, i.3.2; íi.4.6) e de períodos posteriores confirmam que púrpura era a cor da realeza na Antiguidade. Daniel confirma esse costume no período neobabilônico, que precedeu ao persa.Cadeia de ouro. O costume de honrar os favoritos entre os servidores públicos da coroa concedendo-lhes cadeias de ouro, condecorações ou colares já existia no Egito muitos séculos antes (ver com. de Gn 41:42). Isso era comum entre as nações antigas.O terceiro no meu reino. Antes que se compreendesse plenamente o lugar de Belsazar no reino e sua relação com Nabonido(ver Nota Adicional a Daniel 5), comentaristas podiam apenas conjecturar quanto à identidade do segundo governante do reino. A existência de tal governante estava implícita na promessa de tornar o leitor da misteriosa escritura na parede “o terceiro” no reino. A rainha-mãe, a esposa de Belsazar, ou um filho foram apontados. Pensou-se, é claro, que o próprio Belsazar fosse o primeiro governante do império. Vias, uma vez que se soube que ele era apenas um corre- gente com seu pai, e, portanto, o segundo no reino, ficou claro por que ele não podia conferir posição mais elevada no reino do que “o terceiro”. |
Dn.5:8 | 8. Então, entraram todos os sábios.Alguns viram uma contradição entre esta declaração e o relato do versículo anterior que registra palavras do rei dirigidas aos sábios. A explicação mais natural é que as palavras do rei registradas no v. 7 foram ditas aos sábios que já estavam presentes no banquete quando a escritura apareceu na parede. O v. 8, então, se aplica a “todos os sábios do rei”, incluindo aqueles que foram à sala de banquetes em resposta à ordem de Belsazar.Não puderam ler. Não se declara a razão, e qualquer explicação que se ofereça não passa de conjectura. Aparentemente, as palavras estavam em aramaico (ver com. dos v. 26-28), mas eram tão poucas e misteriosas que mesmo o conhecimento de cada uma não revelaria a mensagem contida nelas. Não se diz se o rei não conseguiu lê-las devido a ter bebido vinho demais, ou se as letras não podiam ser distinguidas devido a seu deslumbrante brilho (ver Ellen G. White, Material Suplementar, sobre os v. 5-9), ou se a escritura era singular, decifrável somente por meio de iluminação divina. A conjectura de que os caracteres estavam em hebraico antigo, sendo ilegíveis para os babilônios, não parece plausível. E extrema mente improvável que os sábios de Babilônia não pudessem ler esses antigos caracteres semitas, quetinham sido usados não só pelos hebreus, mas também pelos fenícios e outros povos da Ásia Ocidental. |
Dn.5:9 | Sem comentário para este versículo |
Dn.5:10 | 10. A rainha-mãe. Desde a época de Josefo (.Antiguidades, x.11.2), comentaristas consideram esta “rainha’’ como a tnãe ou avó do rei (ver PR, 527). De acordo com o costume oriental, ninguém a não ser a mãe de um monarca ousaria entrar na presença do rei sem ser chamada. Mesmo sua esposa colocaria a própria vida em risco se fizesse isso (ver Et 4:11, 16). Cartas cuneiformes babilônicas escritas por alguns reis às suas mães mostram um notável tom respeitoso e revelam claramente a posição elevada que ocupavam as mães reais. Essa elevada posição de rainha-mãe também pode ser deduzida do fato de que quando, em 547 a.C., a mãe de Nabonido, avó de Belsazar, morreu em Diir Karâshu, no Eufrates, acima de Sipar, houve um prolongado luto oficial na corte. O fato de que ela morrera antes dos eventos descritos neste capítulo era desconhecido aos comentaristas que identificavam a ''rainha’’ como a avó de Belsazar.O rei, vive eternamente! Ver com. de Dn 2:4 sobre esta saudação comum. |
Dn.5:11 | 11. Há no teu reino um homem. Não é estranho que Daniel não estivesse entre o grupo de sábios chamados pelo rei. Seu período de serviço público tinha, sem dúvida, terminado algum tempo antes, talvez com a morte de Nabucodonosor, ou ainda antes (ver p. 821, 822). Contudo, devia ser bem conhecido pelos representantes da geração anterior, à qual pertencia a mãe do rei (sobre as possíveis razões de sua aposentadoria, ver com. do v. 13).O espírito dos deuses santos. Comparar com a declaração de Nabucodonosor (Dn 4:8, 9). A semelhança apoia a probabilidade, sugerida também por outra evidência, de que a rainha era parente próximo de Nabucodonosor, provavelmente sua filha (ver p. 886-888). A informação que ela dá arespeito do distinto serviço de Daniel no passado e sobre a elevada posição do profeta no governo de Nabucodonosor é aparentemente nova para Belsazar. Isso sugere que Daniel não tinha assumido nenhum cargo nesse reinado, antes do evento narrado aqui. Por isso, talvez poucos o conhecessem, ou mesmo ninguém, no séquito cio rei.Nabucodonosor, sim teu pai. Ver com. do v. 2.Magos. Ver com. de Dn 1:20; cf. 2:2, 27. |
Dn.5:12 | 12. Casos difíceis. Do aramaico qitrin, literalmente, “nó’’. A palavra foi mais tarde usada como um termo mágico na Síria e na Arábia. Neste caso, o significado parece ser “tarefas difíceis” ou 'problemas”. |
Dn.5:13 | 13. És tu aquele Daniel [...]? Esta frase também pode ser traduzida como: “Tu és aquele Daniel”. Se fosse essa a tradução correta, a saudação sugeriría que Belsazar conhecia a origem de Daniel, mas que não tinha tido nenhuma relação direta com ele. Daniel não era mais o chefe dos magos na corte (Dn 2:48, 49).Parece que, com a morte de Nabucodonosor, a política que Daniel defendia tinha se tornado desfavorável na corte de Babilônia, e que, como resultado, ele fora retirado do serviço público. E evidente que Belsazar e seus predecessores sabiam tudo sobre o modo como Deus lidara com Nabucodonosor (Dn 5:22), mas tinham rejeitado abertamente a política deste último de reconhecer o verdadeiro Deus e cooperar com Sua vontade (Dn 4:28-37; 5:23). O fato de Daniel Ler, mais tarde, entrado para o serviço da Pérsia (Dn 6:1-3) indica que sua aposentadoria durante os últimos anos do império babilô- nico não se deveu a problemas de saúde ou idade avançada. A severa reprovação a Belsazar (Dn 5:22, 23) evidencia a hostilidade do rei contra os princípios e a pol ítica cie governo que Daniel representava. Sua desaprovação da política oficial babilônica pode ter sido um dos fatores que levou os primeirosgovernantes do império persa a favorecê-lo. |
Dn.5:14 | 14. Espírito dos deuses. Em contraste com as palavras da rainha (v. 11) e de Nabucodonosor (Dn 4:8), Belsazar omite o adjetivo 'santo” em relação a “'deuses”. |
Dn.5:15 | Sem comentário para este versículo |
Dn.5:16 | Sem comentário para este versículo |
Dn.5:17 | 17. Fiquem contigo. Alguns imaginam que como um vidente divinamente iluminado, Daniel recusou a distinção e o lugar de honra prometido ao intérprete, a fim de evitar qualquer aparência de interesse próprio na presença do rei. Isso pode ser verdade. Também é possível que Daniel, sabendo que o reino de Belsazar estava prestes a findar, não tinha interesse em receber quaisquer favores do homem que naquela mesma noite, por atos e palavras, tinha blasfemado do Deus dos céus e da terra. Mesmo nesse tempo, na velhice, Daniel não se oporia em princípio a aceitar uma posição no governo, como demonstra o fato de que, pouco tempo depois, ele ocupou mais uma vez um cargo oficial (Dn 6:21). Sem dúvida, o cargo foi aceito porque Daniel sentiu que poderia exercer influência positiva sobre o rei e ser um instrumento nas mãos de Deus para libertar seu povo do exílio. No entanto, talvez Daniel tenha sentido que aceitar honra ou dignidade de Belsazar não só seria inútil, mas poderia até ser prejudicial e perigoso. |
Dn.5:18 | 18. Nabucodonosor. Antes que Daniel lesse e interpretasse a escritura, relembrou ao rei a experiência de Nabucodonosor como resultado de sua recusa em cumprir o destino divino com respeito a si mesmo e à sua nação. Além disso, Nabucodonosor tinha sido mais poderoso e prudente do que Belsazar. O profeta mostrou a Belsazar como ele, o neto, tinha agido impiamente para com Deus, Senhor de sua vida, e nada tinha aprendido com a experiência de Nabucodonosor. |
Dn.5:19 | Sem comentário para este versículo |
Dn.5:20 | Sem comentário para este versículo |
Dn.5:21 | Sem comentário para este versículo |
Dn.5:22 | Sem comentário para este versículo |
Dn.5:23 | Sem comentário para este versículo |
Dn.5:24 | 24. Então. Referência ao momento então recente de embriaguez e orgia, quando Belsazar louvou seus deuses e bebeu vinho nos utensílios sagrados do templo de Jerusalém, conforme descrito no v. 23.Aquela mão. Ver com. do v. 5.Esta escritura. A inscrição ainda era visível na parede. |
Dn.5:25 | 25. Esta, pois, é a escritura. Daniel leu as palavras escritas na parede, aparentemente quatro palavras em aramaico. E inútil especular sobre a natureza da escritura e sua relação com alguma escrita conhecida (ver com. do v. 8). Alas, mesmo depois de lidas, as palavras não poderiam ser compreendidas a não ser mediante iluminação divina. Uma verdade estava expressa em cada palavra-chave, daí a necessidade de interpretação. |
Dn.5:26 | 26. Mene. O termo aramaico mene’ é um particípio passivo do verbo "enumerar’’ ou ‘contar” e, sozinho, significa, simplesmente, "enumerado” ou "contado”. Por meio de iluminação divina, Daniel extraiu desta palavra a interpretação: "Contou Deus o teu reino, e deu cabo dele.” |
Dn.5:27 | 27. Teoljel. Os eruditos judeus, chamados massoretas, que em algum período do 7° ao 9° século da era cristã adicionaram sons vocálicos aos manuscritos bíblicos (ver vol. 1, p. 12, 13), apontaram o termo aramaico teqel como um substantivo. Da mesma forma que mene (ver com. do v. 26), deveria obviamente ser apontado como um particípio passivo (teqil). A forma teqel, provavelmente, foi escolhida pelos massoretas devido à sua semelhança de som com mene. Teqil é o verbo 'pesar”, Daniel informou de imediato ao rei o ato divino. Belsazar foi achado em falta de dignidade moral. 27. Achado em falta. Estas terríveis palavras de condenação, dirigidas ao disso- luto rei de Babilônia, condenam todos que, como Belsazar, negligenciam as oportunidades que Deus provê. No juízo investigativo que está em andamento (ver com. de Dn 7:10), os seres humanos são pesados nas balanças do santuário para ver se seu caráter moral e estado espiritual correspondem aos benefícios e bênçãos que Deus lhes tem conferido.Não há como apelar das decisões desse tribunal. Tendo em vista a solenidade deste tempo, todos devem vigiar para que o momento decisivo, que determina para sempre o destino de cada um, não os encontre despreparados e “em falta” (ver 2Co 5:10; Ap 22:11, 12). |
Dn.5:28 | 28. Peres. Esta palavra não é um par- ticípio passivo como as duas mene e teqil, embora a vocalização indique que os mas- soretas a consideraram como uma forma verbal. É um substantivo, neste caso no singular. A forma plural apareceu na inscrição (v. 25). Ali também está ligada às palavras anteriores pela conjunção ire, “e”. Owe aparece como u na palavra upharsin. Isso se deve à diferença entre upharsin e peres. Peres significa “parte” ou “porção” e, se a forma plural upharsin (v. 25) é adotada, pode ser traduzida como “pedaços”. A interpretação de Daniel: “dividido foi o teu reino”, também podería ser traduzida como: “teu reino está quebrado em pedaços". O significado não é que o reino seria dividido em duas partes, uma aos medos e outra aos persas. O reino seria d ividido em pedaços, destruído e dissolvido. Isso se daria por meio dos medos e persas. E interessante que a forma aramaica peres contenha as consonantes das palavras ara- maieas (ver voi. 1, p. 1, 2) para Pérsia e persas, que estavam naquele momento às portas de Babilônia. |
Dn.5:29 | 29. Então, mandou Belsazar. O reicumpriu a promessa feita a Daniel, embora Daniel tenha indicado claramente que não estava interessado nas honras oferecidas. Por causa da embriaguez de Belsazar, pode não ter sido possível deter sua atitude. Alguns alegam que não foi possível exaltar a Daniel como o terceiro, porque, de acordo com o v. 30, Belsazar foi morto naquela mesma noite. Isso se baseia na suposição de que a proclamação foi feita em público nas ruas da cidade. Mas as palavras do rei não apoiam tal suposição. A proclamação pode ter sido feita apenas diante dos príncipes reunidosno palácio, e não se tornado eletiva devido aos eventos que se sucederam. |
Dn.5:30 | 30. Naquela mesma noite. Embora Belsazar não seja mencionado em fontes cuneiformes que descrevem a queda de Babilônia, Xenofonte declara que “o rei ímpio” de Babilônia, cujo nome não se menciona no relato, foi morto quando o comandante do exército de Ciro, Gobrias, entrou no palácio (Cyropaedia, vii.5.30). Embora se deva reconhecer que a narrativa de Xenofonte não é historicamente confiável em todos os detalhes, muitas de suas declarações se baseiam em fatos. De acordo com fontes cuneiformes, Nabonido estava ausente de Babilônia na época de sua queda. Quando Nabonido se rendeu, Ciro o enviou à distante Carma- nia. Portanto, o rei que foi morto durante a tomada de Babilônia só podería ter sido Belsazar. Há um resumo da história de Belsazar na Nota Adicional a Daniel 5. |
Dn.5:31 | "31. Dario, o medo. O governante mencionado neste versículo e no cap. 6 é uma figura obscura para a história secular. A Nota Adicional a Daniel 6 apresenta uma pesquisa breve das várias identificações propostas por comentaristas, bem como uma possível solução para os vários problemas históricos envolvidos.A conjunção “e”, com a qual o versículo se inicia, mostra que o autor do livro relacionou estreitamente a morte de Belsazar, registrada no versículo anterior, com a ascensão de “Dario, o medo”, ao trono. Nas edições impressas da Bíblia Hebraica, este versículo é o primeiro do cap. 6. Contudo, a maioria das versões modernas, seguindo a LXX, unem o v. 31 ao cap. 5. Isso é preferível.Não há diferença entre a grafia do nome de Dario, mencionado aqui e a de “Dario, rei da Pérsia”, em Esdras 4:24 (ver com. ali) e a grafia registrada em outras partes. Não há diferença em aramaico, nem em hebraico, tampouco em português.Sessenta e dois anos. A avançadaidade de Dario foi talvez responsável pela brevidade de seu reinado. O livro de Daniel menciona apenas o primeiro ano de reinadode Dario (Dn 9:1, 2; 11:1). A morte do rei ocorreu “cerca de dois anos após a queda de Babilônia” (PR, 556, 557).
NOTA ADICIONAL AO CAPITULO
Um dos maiores enigmas para os comentaristas bíblicos através dos séculos tem sido a identidade de Belsazar. Até 1861, não se havia descoberto nenhuma referência a esse rei nos registros antigos. O nome Belsazar era conhecido apenas pelo livro de Daniel e por obras que tomaram o nome emprestado de Daniel, como, por exemplo, o livro apócrifo de Baruque e os escritos de Josefo. Houve muitas tentativas de harmonizar a história secular com os registros bíblicos. A dificuldade se acentuou pelo fato de que várias fontes antigas alistavam os reis de Babilônia até o final da história dessa nação, e todas mencionavam Nabonido, escrito de formas diferentes, como o último rei antes de Ciro, que foi o primeiro rei da Pérsia. Uma vez que Ciro conquistou Babilônia e sucedeu seu último rei, parecia não haver lugar para Belsazar na linhagem real. O livro de Daniel, contudo, coloca os eventos que ímediatamente precederam a queda de Babilônia durante o reinado de Belsazar, um “filho” de Nabucodonosor (ver com. de Dn 5:2), que perdeu sua vida durante a noite da conquista de Babilônia pelos invasores medos e persas (Dn 5:30).Das várias tentativas de se explicar as aparentes discrepâncias entre o registro bíblico e outras fontes antigas alistam-se as seguintes (segundo Raymond P. Dougherty, Nabonidus and Belsazar, p. 13, 14):Belsazar é (1) outro nome do filho de Nabucodonosor conhecido como Evil-Merodaque; (2) irmão de Evil-Merodaque; (3) filho de Evil-Merodaque, portanto, neto de Nabucodonosor; (4) outro nome para Nergal-shar-usur, genro de Nabucodonosor; (5) outro nome para Labashi- Marduque, filho de Nergal-shar-usur; (6) outro nome para Nabonido; e (7) filho de Nabonido e de uma filha de Nabucodonosor.De acordo com outra opinião, defendida pela maioria dos eruditos críticos antes da descoberta do nome de Belsazar em fontes cuneiformes no final do século 19, o nome Belsazar era uma invenção do autor do livro de Daniel, que, como afirmam esses críticos, viveu na época dos macabeus, no 2o século a.C.Essa lista de opiniões divergentes demonstra a natureza e extensão dos problemas históricos que confrontaram os intérpretes do livro de Daniel, que parece apresentar mais dificuldades do que qualquer outro livro do AT. Uma das grandes vitórias da arqueologia bíblica do século 19 é que a identidade e o cargo de Belsazar foram completamente estabelecidos a partir de documentos da época, confirmando assim a confiabilidade de Daniel 5. A extrema importância dessa conquista demanda breve revisão do tema.Em 1861, H. F. Talbot publicou alguns textos encontrados no templo da lua, em Ur, no Journal of the Royal Asiatic Society (vol. 19, p. 195). Os textos continham uma oração de Nabonido em favor de Bel-sliar-iitsur, seu filho mais velho. Vários escritores, entre os quais George Rawlinson, irmão do famoso decifrador de escrita cuneiforme, identificou esse Bel- shar-utsur com o Belsazar da Bíblia. Outros rejeitaram essa identificação, entre os quais o próprio Talbot, que em 1875 publicou urna lista de seus argumentos junto com uma novatradução do texto, mencionando Belsazar (Records ofthe Past, vol. 5, p. 143-148). Sete anos mais tarde (1882), Theophilus G. Pincbes publicou um texto encontrado no ano anterior, que agora é chamado de Crônica de Nabonido. Esse texto descreve a tomada de Babilônia por Ciro, e afirma também que Nabonido ficou em Tema por muitos anos enquanto seu filho estava em Babilônia. Embora, na época, Pinches não tenha compreendido por completo o texto, e tenha identificado Tema incorretamente, que fica no oeste da Arábia, ele fez várias deduções acuradas sobre Belsazar. Ele observou, por exemplo, que Belsazar “parece ter sido comandante-em-chefe do exército, provavelmente tinha mais influência no reino do que seu pai e, portanto, era considerado rei” (Transactions ofthe Society of Bihlical Archaeology, vol. 7 [1882], p. 150).Nos anos seguintes, se descobriram mais textos que lançaram luz sobre as várias funções e importantes funções que Belsazar, filho de Nabonido, desempenhou antes e durante o reinado do pai. Porém, nenhum desses textos chamava Belsazar de rei como o faz a Bíblia. Contudo, vários eruditos, com base nas evidências cumulativas, sugeriam o que, mais tarde provou-se correto, que os dois reis deviam ter sido corregentes. Em 1916, Pinches publicou um texto em que Nabonido e Belsazar foram invocados juntos num juramento. Ele afirmou que textos como esses indicavam que Belsazar deve ter tido “uma posição de vice-rei”, embora tenha declarado que “ainda temos que descobrir qual a posição exata de Belsazar em Babilônia” (Proceedings ofthe Society of Bihlical Archaeology, vol. 38 [1916], p. 30).A confirmação de que havia uma corregência entre Nabonido e Belsazar finalmente ocorreu em 1924, quando Sidney Smith publicou o chamado “Relato em Verso de Nabonido”, do Museu Britânico, no qual se faz a clara declaração de que Nabonido “confiou o reinado” a seu filho mais velho (Bahilonians Historical Texts [London, 1924], p. 88; ver tradução de Oppenheim em Ancient Near Eastern Texts, Ed. por Pritchard [Princeton, 1950], p. 313). Esse texto eliminou todas as dúvidas de que Belsazar tinha sido rei e foi um golpe severo contra os eruditos da Alta Crítica que afirmavam que o livro de Daniel tinha sido escrito no 2o século a.C. O dilema deles se reflete nas palavras de R. H. Pfeiffer, da Universidade de Harvard, que declara:“Presume-se que jamais saberemos como nosso autor soube [...] que Belsazar, mencionado apenas nos registros babilônicos, em Daniel, e em Baruque 1:11, que é baseado em Daniel, atuava como rei quando Ciro conquistou Babilônia” (Introduction to the 01 d Testament [New York, 1941], p. 758, 759).A descoberta de tantos textos cuneiformes que esclarecem a respeito do reinado de Nabonido e Belsazar levaram Raymond P. Dougherty, da Universidade de Yale, a reunir todo o material, cuneiforme e clássico, em uma monografia, que foi publicada em 1929, com o título Nabonidus and Belsazar (New Haven, 1929, 216 p.).Inscrições cuneiformes indicam que Nabonido era filho do príncipe de Elarã, Nahú-halâtsu- iqbi, e da sacerdotisa do templo da lua, em Harã. Depois de os medos e os babilônios terem conquistado Harã, em 610 a.C., a mãe de Nabonido foi, possivelmente, levada como uma distinta prisioneira ao harém de Nabucodonosor, de forma que Nabonido cresceu na corte sob as vistas do grande rei. E muito provável que ele seja o “Labineto” de Heródoto (:i.74), que atuava como mediador da paz entre os lídios e os persas, em 585 a.C. Isso parece evidente a partir das seguintes observações: Heródoto chama o rei de Babilônia que reinava na época da queda de Sardes, em 546, de Labineto (i.77). Mais tarde, ele identifica o pai do governante de Babilônia, na época de sua queda em 539, com o mesmo nome (i. 188). Sabe-se que Nabonido era rei deBabilônia, em 546, e também que ele era pai de Belsazar. O fato de, em 585, Nabonido ter sido escolhido para atuar como representante diplomático de Nabucodonosor era uma elevada honra, e mostra que o jovem deve ter sido um favorito do rei naquela época. É possível, como imagina Dougherty, que sua esposa Nitocris, a qual Heródoto descreve como uma mulher sábia (í.185, 188), fosse filha de Nabucodonosor com uma princesa egípcia.Porém, a relação familiar entre Belsazar, filho de Nabonido, e Nabucodonosor ainda não está definitivamente estabelecida a partir de registros da época.Devido à falta de informações mais completas, é impossível, no presente, determinar com precisão como devem ser entendidas as repetidas declarações de Daniel 5, de que Nabucodonosor era pai de Belsazar. De acordo com o emprego na Bíblia, “pai” pode significar também “avô” ou ""ancestral” (ver com. de lCr 2:7). Sugerem-se três interpretações: (1) Nabonido era genro de Nabucodonosor, e Belsazar era neto de Nabucodonosor por parte de mãe. (2) Nabonido foi chamado de filho porque sua mãe pertencia ao harém de Nabucodonosor e, portanto, era seu. enteado. (3) Belsazar era filho apenas no sentido análogo de Jeú, rei de Israel, a quem as inscrições assírias da época chamam de ""filho de Onri"".Registros cuneiformes lançaram muita luz sobre Belsazar, seu posto e suas atividades durante os anos em que foi corregente com seu pai. Depois de conferir o reinado a Belsazar, em 553/552 a.C., ou pouco depois (ver com. de Dn 5:1), Nabonido conduziu uma expedição exitosa contra Tema, e residiu ali por muitos anos. Durante esse período, Belsazar atuou como rei em Babilônia e comandante-em-chefe do exército. Embora documentos legais continuassem a ser datados segundo os anos de reinado de Nabonido, o fato de os nomes de pai e filho terem sido pronunciados juntos em juramentos, ao passo que, no reinado de outros reis, usava-se apenas um nome, revela claramente o reinado em conjunto de Nabonido e Belsazar.Informações de fontes seculares, brevemente esboçadas, confirmam a exatidão histórica de Daniel 5. Na conclusão de sua monografia sobre Belsazar e Nabonido, Dougherty expressou sua convicção:“De todos os registros não babílônicos que tratam da situação no fim do império neoba- bilônico, o quinto capítulo de Daniel segue com precisão a literatura cuneiforme quanto ao que se refere aos notáveis eventos. O relato das Escrituras pode ser interpretado como superior, pois emprega o nome Belsazar, porque lhe atribui poder real e porque reconhece a existência de um governo duplo no reino. Documentos cuneiformes babílônicos do 6o século a.C. proporcionam uma clara evidência da exatidão desses três pontos históricos básicos contidos na narrativa bíblica que trata da queda de Babilônia. Os textos cuneiformes escritos sob influência persa no 6o século a.C. não preservaram o nome de Belsazar, mas seu papel como príncipe herdeiro com poder real durante a permanência de Nabonido na Arábia é descrito de forma convincente. Dois famosos historiadores gregos do 5° e 4o séculos a.C. não mencionam Belsazar pelo nome e apenas insinuam vagamente a verdadeira situação política que existia na época de Nabonido. Anais gregos do início do 3o século a.C. até o ]° século a.C. não dizem nada a respeito de Belsazar e da importância que teve durante o último reinado do império neobabilônico. Toda a informação encontrada nos documentos disponíveis com data posterior aos textos cuneiformes do 6o século a.C. e anteriores aos escritos de Josefo do 1° século d.C. não puderam fornecer material necessário para o contexto histórico do 5° capítulo de Daniel” (op. cit., p, 199, 200).T8, 14, 247 27-31 - Te, 49 30 - PJ, 259; PR, 531 «Capítulo 6" |
Dn.6:1 | 1. Sátrapas. Do aramaico achashdar- pan (ver com. de Dn 3:2). Os vários detalhes da administração da província do império persa antes da reorganização de Dario I ainda são obscuros. Heródoto (iíi.89) declara que Dario I criou 20 satrapias como principais divisões do império. Cada satrapia foi dividida em províncias. As inscrições de Dario dão diferentes totais de satrapias(21, 23, 29), indicando que o rei, provavelmente, mudou os números bem como o tamanho das satrapias durante seu reinado. Alguns historiadores gregos usam o termo “sátrapa” para designar oficias inferiores, como fez Daniel, aparentemente, quando usou o termo para designar governadores de províncias (comparar com as 127 províncias de Et 1:1, na época de Xerxes). |
Dn.6:2 | 2. Três presidentes. Este corpo administrativo não é mencionado em fontes seculares. Há uma completa falta de evidência documentária contemporânea quanto à organização do império persa antes do reinado de Dario I.Daniel era um. O profeta avançado em idade logo se distinguiu pelo serviço consciencioso.Não sofresse dano. A razão para a complicada organização da administração civil na Pérsia é descrita em cores vividas. Precauções eram tomadas pelo sistema imperial para evitar perdas em arrecadação de impostos e outros danos (ver Ed 4:13-16). |
Dn.6:3 | 3. Espírito excelente. Esta não foi a primeira vez que observadores reais tinham notado um “espírito" singular em Daniel. Nabucodonosor tinha testemunhado que Daniel possuía o "espírito dos deuses santos" (Dn 4:8). A rainha mãe repetiu a expressão na entrevista com Belsazar na última noite deste (5:11). Na mesma ocasião, ela chamou atenção para o “espírito excelente” observado em Daniel (5:12). Sem dúvida, esse espírito se manifestou, não apenas na solução de “casos difíceis" (5:12), mas também na sua integridade, fidelidade inabalável, lealdade ao dever e sinceridade de palavras e atos, qualidades raramente vistas em servidores civis daquela época. Uma breve convivência com esse estadista ancião, sobrevivente da era áurea do império neobabiiônico, foi suficiente para convencer Dario de que Daniel seria uma escolha sábia como chefe administrador do novo império e conselheiro da coroa. |
Dn.6:4 | 4. Acusar a Daniel. Em seu plano para elevar Daniel ao posto civil mais alto do governo, sem dúvida, o rei agiu de acordo com os interesses da coroa e do império. Porém, não levou em consideração os ciúmes que naturalmente surgiríam entre os dignitários medos e persas quando um judeu, ex-ministro dos babilônios, ocupasse umaposição que, de acordo com suas expectativas, deveria ser deles.Nenhum erro. A despeito de sua idade avançada, então com cerca de 80 anos, Daniel era capaz de cumprir seus deveres de estado de forma tal que nenhum erro ou falta pudesse ser encontrado nele. Isso se devia à sua integridade e à confiança na direção infalível de seu Pai celestial. Amar e servir a Deus era para ele mais importante que a própria vida. A adesão estrita às leis de saúde desde a juventude, sem dúvida, lhe deu vigor bem acima do que era comum em homens de sua idade. |
Dn.6:5 | 5. Na lei do seu Deus. Um exame atento aos hábitos de Daniel, uma observação minuciosa de seu trato com companheiros e subordinados e cuidadosa verificação dos registros não revelaram irregularidades que dessem, motivos a queixas ou acusações. Contudo, os inimigos de Daniel descobriram que ele jamais adorava em nenhum dos templos de Babilônia, nem participava de qualquer cerimônia religiosa pagã. Sem dúvida, notaram que todos os sábados, o dia de descanso prescrito na “lei do seu Deus", ele se ausentava de seu escritório. Certamente, imaginaram que seus momentos de oração interferiam no cumprimento de seus deveres oficiais. |
Dn.6:6 | 6. Estes presidentes e sátrapas. Nãohá necessidade de se supor que todos os governadores do império tenham se reunido diante do rei para tratar dessa questão. Sem dúvida, apareceram apenas aqueles que tinham ciúmes da posição de Daniel. Se todos tivessem sido chamados para a ocasião, o rei teria suspeitado, principalmente, se Daniel não estivesse entre eles. Os maqui- nadores talvez tenham calculado que, se apenas alguns se aproximassem do rei com o pedido, as chances de envolver o monarca seriam maiores do que se esperassem até que todos os governadores de todo o império pudessem se reunir para estar diante dele.Vive eternamente! Ver com. de Dn 2:4. |
Dn.6:7 | 7. Todos. Sem dúvida, uma mentira, pois é duvidoso que todos tivessem sido consultados.Todo homem que [...] fizer petição.Um decreto desta natureza teria sido totalmente estranho aos persas, que tinham a reputação de ser tolerantes quanto a questões religiosas. E impensável que um homem como Ciro teria assinado tal decreto. Porém, Dario, o medo, evidentemente tinha uma formação diferente. Sabe-se pouco sobre o que os medos pensavam com respeito à tolerância religiosa. Ciro, o rei persa, reconstruiu templos de nações destruídas pelos babilônios, e mostrou assim espírito de tolerância para com as práticas e os sentimentos religiosos de outros povos. Por outro lado, Dario I declarou que o falso Esmérdis, seu prede- cessor, um mago da Média que governou por cerca de meio ano, em 522 a.C., mostrou seu espírito de intolerância ao destruir templos. Embora generalizações sejam passíveis de erro, deve-se contar com a possibilidade de os medos, ou ao menos alguns de seus governantes, terem menos tolerância religiosa do que os persas.Também se observou que a ordem de orar por um mês a ninguém senão ao rei, embora nesse caso se dirigisse em específico a Daniel, pode ter sido sugerida por um costume religioso nacional mais antigo entre os medos, segundo o qual se rendiam honras divinas ao rei. Heródoto (i. 199) observa que Deioces, um dos primeiros reis conhecidos dos medos, tez de si mesmo objeto de reverente pavor aos olhos de seus súditos, ao se retirar da presença dos homens comuns, para convencer o povo que era diferente deles. E evidente que mesmo os reis persas estiveram, ocasionalmente, dispostos a aceitar honras divinas, pelo fato de que, no Egito, permitiam que atributos divinos fossem acrescentados aos seus nomes. Inscrições em hieróglifos se referem a Cambises comoo “filho de Re”, o deus-sol, e a Dario como “o filho de deus”. Portanto, não é necessário recorrer aos imperadores romanos para encontrar os primeiros paralelos históricos com a ordem mencionada em Daniel 6:7, como fazem alguns eruditos críticos.Cova dos leões. A literatura e as obras de arte daquela época com frequência retratam reis da Antiguidade, como os do Egito, Assíria e Pérsia, envolvidos na caça a animais selvagens. Em geral, se caçavam leões, mas também panteras, touros selvagens e elefantes. Há relatos de reis vassalos que enviaram animais selvagens capturados para seus senhores reais, na Mesopotâmia, como tributo. Eles eram expostos como símbolos do poder imperial do monarca e para diversão do rei e de seus amigos. Embora não se tenha conhecimento, a partir de registros da época dos persas, de exemplos de punição do culpado, lançando-o às feras, essas fontes falam de formas extraordinariamente bárbaras de se aplicar pena de morte por parte de reis persas. |
Dn.6:8 | 8. Para que não seja mudada. A imutabilidade da lei dos “medos e persas” era conhecida (ver Et 1:19; 8:8). Escritores gregos também confirmam essa característica. Por exemplo, Diodoro de Sicília (xvii.30) descreve a atitude de Dario II para com a sentença de morte sobre Charidemos. Ele afirma que o rei, depois de pronunciar a sentença de morte, se arrependeu e se culpou por ter cometido um grave erro no julgamento; contudo, era impossível desfazer o que tinha sido feito pela autoridade real.Dos medos e dos persas. Eruditos da Alta Crítica com frequência apontam a presença desta expressão no livro de Daniel, usada num tempo em que os persas tinham, na verdade, mais controle do antigo império do que os medos, como prova da suposta autoria tardia do livro. Alegavam que o termo seria usado apenas numa época em que o povo já tivesse se esquecido da realsituação política. Documentos da época provaram que essa opinião é incorreta. Esses documentos se referem aos persas como “medos”, e aos “medos e persas”, como o faz a Bíblia. Os documentos cuneifor- mes também mencionam vários reis persas pelo título “rei dos medos”, bem como pelo título costumeiro “rei da Pérsia”. Visto que Dario era medo, é natural que qualquer cortesão que se referisse, em sua presença, à lei do país falasse da “lei dos medos e dos persas”. |
Dn.6:9 | Sem comentário para este versículo |
Dn.6:10 | 10. Sua casa. A casa de Daniel, provavelmente, tinha um teto plano, como a maioria das casas tanto antigas quanto atuais, na Mesopotâmia. Em geral, num canto há um cômodo elevado acima do teto plano que contém janelas em treliça para ventilação. Tais cômodos eram lugares ideais para recolhimento.Janelas abertas. Uma expressão ara- maica idêntica é usada num papiro de Ele- fantina. O papiro descreve uma casa com “janelas abertas” na parte baixa e acima (Cowley, n. 25, linha 6). Outro papiro fala de uma casa cuja “única janela se abre a dois compartimentos” (Kraeling, n. 12, linha 21). As janelas abertas da casa de Daniel estavam na direção de Jerusalém, a cidade que tinha deixado quando rapaz e provavelmente nunca mais viu. Daniel tinha o costume judaico de se voltar em direção a Jerusalém para orar (ver IRs 8:33, 35; SI 5:7; 28:2).Três vezes por dia. Na tradição judaica posterior, orar três vezes ao dia ocorria na terceira, sexta e nona horas do dia (contadas a partir do nascer do sol). A terceira e a nona horas correspondiam ao momento dos sacrifícios da manhã e da tarde. O salmista seguia a mesma prática (SI 55:17). Mais tarde, orar três vezes ao dia se tornou costume de todo judeu ortodoxo que vive de acordo com as regras rabínicas (Berakoth, iv.l). Este costume também parece ter sido adotado pela igreja cristã primitiva (Didaquê, 8).De joelhos. A Bíblia apresenta diferentes posições para oração. Houve servos de Deus que oraram sentados, como Davi (2Sm 7:18); inclinando-se, como Eliézer (Gn 24:26) e Elias (IRs 18:42); e, em vários casos, em pé, como Ana (ISm 1:26). A mais comum é a posição ajoelhada, da qual se têm os seguintes exemplos: Esdras (Ed 9:5), Jesus (Lc 22:41), Estevão (At 7:60; ver mais a esse respeito em PR, 48; OE, 178). |
Dn.6:11 | 11. Tendo achado a Daniel a orar. Os maquinadores não tiveram que esperar muito para ver Daniel descumprir a proibição do rei. Com ou sem decreto, o homem de Deus sentia que deveria continuar seus hábitos de oração. Para ele, Deus era a fonte de toda sabedoria e êxito. O favor do Céu era mais importante que a própria vida. Sua conduta era o resultado natural da confiança em Deus. |
Dn.6:12 | Sem comentário para este versículo |
Dn.6:13 | 13. Dos exilados. A forma da acusação revela todo o ódio e menosprezo que esses homens sentiam por Daniel. Eles não se referiram à dignidade de seu posto, mas o caracterizaram meramente como um estrangeiro, um exilado judeu. Sem dúvida, esperavam com isso colocar sua conduta sob suspeita de ser um ato de rebelião contra a autoridade. De fato, questionaram como poderia um homem a quem o rei tinha honrado tanto e que tinha todos os motivos para demonstrar gratidão por meio de estrita obediência aos decretos reais, ser tão insolente de modo a desafiar abertamente as ordens reais? As palavras deles foram planejadas de modo a levar Dario a considerar Daniel como ingrato, ou mesmo traidor. |
Dn.6:14 | 14. Livrar a Daniel. O monarca viu a armadilha que lhe tinham preparado. Quando lhe propuseram o decreto, os homens tinham recorrido a lisonjas, e o velho rei tinha concordado sem perceber o com- plô por trás do plano dos homens em cujo julgamento estava acostumado a confiar. De repente, percebeu que a origem detoda a questão não era como havia imaginado: trazer honra ao seu reino e à sua pessoa, mas privá-lo de um amigo verdadeiro e servo público de confiança. A despeito de seus esforços quase frenéticos, o rei não pôde encontrar uma desculpa legal para salvar Daniel e, ao mesmo tempo, preservar o conceito básico da inviolabilidade da lei dos medos e dos persas. |
Dn.6:15 | 15. Foram juntos. Pela segunda vez, naquele dia, os inimigos de Daniel foram ao rei, então ao entardecer. Esperaram por várias horas a execução do veredito; quando nada ocorreu, voltaram a procurar o rei e insolentemente reivindicaram sua presa. Sabiam que tinham direito legal de ordenar a execução de Daniel, pois não havia brecha na lei pela qual pudesse escapar. |
Dn.6:16 | 16. Que Ele te livre. Observa-se o notável contraste entre as palavras do rei com as de Nabucodonosor ditas em ocasião similar (Dn 3:15). Dario devia conhecer os milagres que Deus tinha realizado nos dias de Nabucodonosor e Relsazar. |
Dn.6:17 | 17. Foi trazida uma pedra. Ainda não se escavou nenhuma cova de leões; por isso, é impossível reconstruir um quadro exato de tal lugar.Selou-a. O selamento oficial por parte do rei e de seus grandes tinha um duplo propósito. Servia como garantia ao rei de que Daniel não seria morto por nenhum outro meio, no caso de não ser atacado pelos leões. Pelo fato de Dario ter a esperança de que o Deus de Daniel o salvasse dos leões, naturalmente, ele tomaria precauções contra qualquer interferência da parte dos homens que estavam determinados a tirar a vida de Daniel. Por outro lado, o selamento garantia aos inimigos de Daniel que nenhum esforço poderia ser feito para salvá- lo, no caso de ele não ser imediatamente despedaçado pelos animais. Os conselheiros de Dario podiam desconfiar de que os amigos de Daniel ou o rei tentassem salvá-loda cova dos leões tão logo todos se retirassem do local da execução. Por isso, foi selada tanto por eles quanto pelo rei para assegurar que a pedra não seria tocada durante a noite.Tumbas egípcias seladas podem servir para ilustrar a técnica de selamento de uma entrada. Depois que a porta era fechada pela última vez, era coberta de reboco, e então era selada toda a superfície ou se passava um selo em forma de rolo. Talvez tenham seguido procedimento semel hante ao fechar a cova dos leões. E provável que o selamento tenha sido feito mediante selos cilíndricos, comuns entre os assírios, babilônios e persas. Escavações na Mesopotâmia mostraram vários exemplos desses selos. |
Dn.6:18 | 18. Instrumentos de música. Do ara- maico dachawan. A palavra é obscura. Na Bíblia ocorre apenas nesta passagem. Para o comentarista med ieval judeu Rashi, o significado desta palavra é "mesas”. Ibn Esclras, outro erudito judeu, interpretou a palavra como “instrumentos musicais”. Sua interpretação pode ter influenciado alguns tradutores. Entre as muitas interpretações encontradas em traduções e comentários, todas baseadas em conjecturas, podem-se alistar as seguintes: “alimentos”, "músicos”, "dançarinas”, “perfumes”, "recepcionistas" e “concubinas”. A tradução da NVI, “divertimento”, busca uma leitura não comprometedora. |
Dn.6:19 | 19. Pela manhã, ao romper do dia.Do aramaico shefarpar, “amanhecer”. O significado da passagem é claramente revelado na tradução de Keil: “O rei, tão logo se levantou, ao amanhecer, foi depressa com a primeira luz.” |
Dn.6:20 | 20. Triste. Do aramaico ‘atsib, “triste”, “sofrido”, “cheio de ansiedade’’. A voz é um reflexo das emoções. E difícil às pessoas esconder seus sentimentos mais íntimos. O rei tinha passado pela dura prova de ver seu servo mais fiel jogado aos leões. Essa terrívelexperiência foi seguida de uma noite longa e insone. Não é de surpreender que a voz revelasse seu remorso, inquietação e ansiedade.Servo do Deus vivo. As palavras de Dario revelam o quanto conhecia do Deus e da religião de Daniel. O fato de o rei chamar o Deus de Daniel de “o Deus vivo” sugere que Daniel tinha lhe falado sobre a natureza e o poder do verdadeiro Deus. |
Dn.6:21 | 21. Ó rei, vive eternamente. Sobre esta saudação, ver com. de Dn 2:4. |
Dn.6:22 | 22. Fechou a boca aos leões. O escritor da epístola aos Hebreus cita essa experiência de Daniel e atribui o livramento do profeta ao poder da fé (Hb 13:33).Foi achada em mim inocência. Supõe-se que Daniel não se defendeu antes de ser lançado aos leões. Qualquer palavra dita naquele momento poderia ter sido interpretada por seus inimigos como fraqueza ou sinal de medo. Porém, depois que Deus considerou conveniente salvar sua vida, Daniel declarou sua inocência. |
Dn.6:23 | 23. Tirar a Daniel da cova. Cumpriram- se as exigências do decreto real. Esse decreto não tinha exigido a execução do transgressor, mas apenas que fosse “lançado na cova dos leões” (v. 7). E claro que não havia dúvidas de que essas palavras indicavam pena de morte. Daniel tinha sido lançado na cova dos leões e não havia restrições legais que impedissem o rei de tirá- lo dali. |
Dn.6:24 | 24. Foram lançados na cova dos leões. Irado, o rei agiu da forma típica dos déspotas de sua época. A história antiga dá muitos exemplos de atos assim. Alguns comentaristas questionam esta narrativa como não histórica afirmando que a covaonde os leões eram mantidos não poderia ser ampla o suficiente para receber 122 homens com suas famílias. Além disso, não poderia haver leões suficientes em Babilônia para devorar tantas vítimas. No entanto, a Bíblia não declara que esse tenha sido o número dos condenados à morte. Esses eruditos críticos tiram a conclusão de que os 120 príncipes e os dois presidentes dos v. 1 e 2 estavam envolvidos no caso. No entanto, o número de pessoas envolvidas é apenas uma especulação.Seus filhos. Tanto Heródoto (iii.119) quanto Amiano Marcelino (xxiii.6, 81) testificam que condenar à morte esposas e filhos, com um réu, era costume na Pérsia. |
Dn.6:25 | Sem comentário para este versículo |
Dn.6:26 | 26. Faço um decreto. Após o livramento dos amigos de Daniel da fornalha ardente, Nabucodonosor tinha promulgado um edito a todas as nações de seu reino, proibindo-as, sob pena de morte, de dizer qualquer coisa contra o Deus desses hebreus (Dn 3:29). De modo semelhante, como resultado do livramento de Daniel da cova dos leões, Dario promulgou um edito que ordenava todas as nações de seu reino a temer e reverenciar o Deus de Daniel. Não se deve concluir disso que o rei tenha abandonado o politeísmo dos medos. Dario reconheceu o Deus de Daniel como o Deus vivo, cujo reino e domínio são eternos, mas não se afirma que O reconheceu como o único e verdadeiro Deus (ver p. 826, 827). |
Dn.6:27 | Sem comentário para este versículo |
Dn.6:28 | "28. No reinado. A repetição destas palavras não indica uma separação do reino persa em relação ao medo, mas apenas uma distinção de governantes, sendo ura medo e outro persa. A construção da frase permite interpretar que Ciro foi corregente com Dario ou seu sucessor.As diferentes opiniões defendidas quanto à identidade de Dario, o medo, merecem consideração. Antes dos achados arqueológicos, desde por volta da metade do século 19,o livro de Daniel apresentava vários problemas históricos,.,a maioria dos quais foi solucionada de forma satisfatória (ver Introdução, p. 822, 823). Dos problemas que restaram, o que se refere à pessoa e ao cargo de Da rio é o maior. No entanto, a maneira como outras declarações históricas da Bíblia têm sido confirmadas justifica a expectativa de que esse problema também o poderá ser.Eruditos da Alta Crítica ofereceram a explicação simples, porém inaceitável, de que as seções históricas de Daniel são lendárias e que Dario é um personagem fictício criado pelo autor, no 2o século a.C. O fato de não haver confirmação secular de certas declarações bíblicas não é razão para se questionar a confiabilidade e exatidão histórica das Escrituras Sagradas. Muitas declarações bíblicas, outrora colocadas em dúvida por eruditos críticos, provaram estar em total harmonia com os fatos da história antiga, conforme revelados pela arqueologia.As declarações bíblicas referentes a Dario podem ser resumidas assim:
1. Dario descendia dos medos (Dn 5:31; 9:1; 11:1).
2. Era “filho cie Assuero” (Dn 9:1).
3. Foi “constituído rei sobre o reino dos caldeus” (Dn 9:1), portanto, ""se apoderou do reino"" (5:31).
4. linha “cerca de” 62 anos na época em que Babilônia foi conquistada (Dn 5:30, 31).
5. Apenas seu primeiro ano de reinado é mencionado (Dn 9:1; 11:1).
6. Designou “cento e vinte sátrapas” sobre todo o reino, com “três presidentes"" como seus superiores (Dn 6:1, 2).
7. Ciro sucedeu Dario ou reinou com ele ao mesmo tempo (Dn 6:28).
A partir dessas evidências, se deduz que, após a queda de Babilônia, o império babilô- nico foi governado por Dario, talvez durante a primeira parte do reinado de Ciro, segundo o computo de Babilônia. Dario, filho de Assuero (em grego, Nerxes), é chamado de “medo"", em contraste com Ciro, que é chamado de “persa"" (Dn 6:28). Ele já estava com 62 anos quando Babilônia foi conquistada, c supõe-se que morreu pouco tempo depois.Nenhuma fonte não bíblica conhecida, exceto as que se baseiam em Daniel (como Josefo), menciona um Dario como governante do império babilônico antes de Dario I (522- 486 a.C.). Esperam-se descobertas que lancem luz à figura de Dario, o medo. Enquanto isso, intérpretes bíblicos buscam identificar Dario, o medo, com algum dos personagens históricos da época de Ciro conhecidos por outro nome. josefo declara que o Dario do livro de Daniel “tinha outro nome entre os gregos"" (Antiguidades, x.11.4). Várias identificações são propostas:
1. Dario, o medo, foi Astíages, o último governante do reino da Média antes de Ciro se apoderar do império. Astíages era filho de Ciáxares I, cujo nome, afirma-se, pode ser identificado linguisticamente com o de Assuero de Daniel 9:1, embora em outra parte Assuero seja mencionado como Xerxes (ver com. de Et 1:1). Visto que Astíages começou a reinar por volta de 585 a.C., ele teria idade avançada na época da queda de Babilônia, em 539 a.C., como se diz a respeito de Dario (Dn 5:31). Esse fato confere certa plausibilidade à identificação sugerida.Há objeções a essa identificação. Segundo fontes gregas, Astíages era avô de Ciro. Quando Ciro era jovem, Astíages tentou matá-lo várias vezes. Mais tarde, quando era rei vassalo sobre tribos persas, Ciro se rebelou contra seu senhor e depôs Astíages, em 553/552 ou 550 a.C., constituindo-o governador de Hircânia, ao sul do mar Cáspio. Nem mesmo documentosgregos insinuam que Astíages tenha se associado a Ciro para conquistar Babilônia, em 539. Além disso, é duvidoso que Astíages, contemporâneo de Nabucodonosor e cunhado do grande rei babilônio, ainda estivesse vivo naquela época. Portanto, é bem improvável que os dois sejam a mesma pessoa.
2. Dario, o medo, era Cambises, filho de Ciro. Cambises é mencionado em vários tabletes cuneiformes com o título de rei de Babilônia, corregente com seu pai Ciro, a quem esses tabletes chamam de “rei das terras”. Porém, a corregência com seu pai é o único fator a favor da identificação de Cambises com o Dario de Daniel. Em todos os outros aspectos, Cambises não se ajusta ao quadro apresentado na Bíblia. Ele não poderia ter 62 anos, em 539 a.C. Ele não era um medo, mas persa como seu pai. E ele não era filho de Assuero. Devido a essas dificuldades, a identificação de Cambises como Dario deve ser rejeitada.
3. Dario, o medo, era Gobrias (a opinião mais defendida). Segundo Xenofonte (Giropedia, vii), Gobrias foi um general ancião que tomou Babilônia para Ciro. A Crônica de Nabonido, um importante documento cuneiforme que descreve a queda de Babilônia, o menciona. Ali, diz que “Ugbaru, o governador de Gutium, e o exército de Ciro entraram em Babilônia sem batalha”, no dia 16 de tisri. Após descrever a entrada de Ciro em Babilônia, também menciona um certo “Gubaru, seu governador”, que “nomeou [sub-]governadores em Babilônia”. Além disso, depois de narrar como os deuses levados por Nabonido a Babilônia foram devolvidos a suas respectivas cidades, o tablete declara que “no mês de arahshamnu, na noite do dia 11, Ugbaru morreu”. A frase seguinte está incompleta, e os eruditos discordam quanto a se ela se refere à morte de Ugbaru ou à morte de um personagem da realeza. A frase seguinte menciona que houve luto oficial em todo o país por sete dias.Alguns consideram Ugbaru e Gubaru como diferentes grafias do mesmo nome que representam Gobrias das fontes gregas. Porém, Ugbaru morreu no mês de arahshamnu, no ano da queda de Babilônia ou no seguinte, ao passo que houve outro Gubaru, que viveu por muitos anos como governador sobre as satrapias de Babilônia e da grande Síria, e que, mais tarde, tornou- se sogro de Dario I, o grande, como confirmam documentos da época. De acordo com essa opinião, Ugbaru e Gubaru da Crônica de Nabonido devem ser pessoas diferentes. O primeiro morreu logo depois de tomar Babilônia. O último foi por muito tempo governador de Babilônia.Os que identificam Dario, o medo, com Gobrias e igualam Ugbaru a Gubaru indicam que Gobrias é apresentado como o que tomou Babilônia, e que, na prática, tornou-se seu governante. Portanto, poderia ter sido chamado de “rei”, embora registros da época o chamem apenas de governador. O fato de ele, segundo a Crônica de Nabonido, ser mencionado constituindo governadores sobre Babilônia, parece corroborar com o que diz Daniel 6:1 e 2, em que essa tarefa é atribuída a Dario, o medo. Explica-se que o nome Gubaru é de origem persa, e sua antiga posição como governador de Gutium, uma província que faz divisa com a Média, parece admitir a possibilidade de que fosse medo.Embora essa identificação de Dario com Ugbaru (Gobrias) tenha mais a seu favor do que as duas mencionadas previamente, existem objeções a essa opinião. Gobrias é chamado de governador, não de rei. Visto que viveu muitos anos após a queda de Babilônia, devia estar com bem menos de 62 anos em 539 a.C.Uma alternativa à teoria de Gobrias, baseada numa reinterpretação da Crônica cie Nabonido, propõe que Dario, o medo, não foi Gubaru, o último governador segundo as tabuletas, mas Ugbaru/Gubaru da Crônica de Nabonido, governador de Gutium que tomou Babilônia para Ciro e morreu em arahshamnu, não três semanas, mas um ano e três semanasdepois. Isso daria tempo para que ocorresse o evento narrado em Daniel 6 durante seu governo “sobre o reino dos caldeus” (Dn 9:1). Aplicado a Ugbaru/Gubaru, o termo rei seria apenas um título de cortesia. Ciro, que já era rei da Pérsia, Média e Lídia antes de conquistar Babilônia, era o governante defacto de todo o império.
4. Dario, o medo, era Ciáxares II, filho de Astíages. Ellen G. White diz que Ciro era sobrinho e general de Dario (PR, 523, 556, 557). Por sua vez, Xenofonte afirma: (1) que Ciro, neto de Astíages por sua mãe Mandana, tinha conhecido seu tio Ciáxares durante os anos que Ciro passou na corte de seu avô medo (Cyropaedia, i.3.1; 4.1, 6-9, 20-22; 5.2); (2) que Ciáxares sucedeu seu pai no trono como rei da Média, após a morte deste (i.5.2); (3) que, ao conquistar Babilônia, Ciro visitou seu tio com presentes e lhe ofereceu um palácio em Babilônia; Ciáxares aceitou os presentes e deu a Ciro sua filha, bem como o reino (viii.5.17-20).Embora não se possam aceitar os detalhes da história conforme fornecidos por Xenofonte, é possível que o escritor grego preserve corretamente a tradição de que Ciáxares foi o último governante médio, e que era sogro de Ciro bem como amigo íntimo do grande comandante persa. Se esses pontos podem ser aceitos como fatos históricos, pode-se presumir que Ciro, depois de se rebelar contra Astíages, permitiu que Ciáxares governasse como rei nominal para satisfazer os medos. Ao mesmo tempo, todos no reino sabiam que o verdadeiro soberano era Ciro, e que Ciáxares era uma figura decorativa. Nesse caso, Dario, o medo, pode ser identificado com Ciáxares II, que, presumivelmente, tinha ido a Babilônia a convite de Ciro para atuar como rei.Supondo-se que Xenofonte estivesse correto, é possível demonstrar que Ciáxares II era avançado em idade na época da queda de Babilônia com base no seguinte: Ciáxares II era sogro de Ciro. O próprio Ciro, provavelmente, tinha pelo menos 40 anos na época, e isso é evidente pelo fato de que seu filho, Cambises, era maduro o suficiente para representá-lo oficialmente durante as atividades do dia de ano novo. Portanto, Ciáxares II poderia ter tido 62 anos por ocasião da queda de Babilônia, idade que Daniel atribuiu a Dario, o medo. Sua idade relativamente avançada, numa época em que a maioria das pessoas morria cedo, pode ter sido responsável pelo fato de ele não ter sobrevivido à queda de Babilônia por muito tempo. Isso explicaria por que Daniel menciona apenas seu primeiro ano de reinado. Xenofonte não informa mais nada sobre Ciáxares pouco depois da conquista de Babilônia.A declaração de Daniel de que Dario era ''filho” de Assuero, provavelmente, deve ser entendida como sendo “neto” de Assuero. Há muitas demonstrações de que a palavra hebraica para “filho” pode significar ""neto” ou até mesmo um descendente mais remoto (ver com. de 2Rs 8:26). A palavra ""Assuero' vem do heb. Achashwerosh, que pode ser uma tradução de Uvaxshtrah, a antiga grafia persa de Ciáxares I, mas não de Astíages.Se após sua chegada a Babilônia, Dario se tornou um amigo especial de Daniel, é compreensível que o profeta datasse as visões recebidas durante esse breve reinado com base nos anos de reinado de Dario (Dn 9:1; 11:1), em vez de nos anos de reinado de Ciro. Porém, após o ano creditado a Dario, Daniel datou os eventos com base nos anos de reinado de Ciro (Dn 1:21; 10:]).Evidências da época que poderíam esclarecer essa reconstrução da história de Ciáxares II são ambíguas e escassas. Existe uma possível referência a Ciáxares na Crônica de Nabonido. Visto que é certo que Gubaru viveu por muitos anos após a conquista de Babilônia, ao passo que Ugbaru morreu logo, e houve luto nacional por alguém importante durante o mesmomês, é possível ver Ciáxares II como o Ugbaru da Crônica de Nabonido. Ou, o nome de Ciáxares podia estar na linha incompleta que fala da morte de alguém importante para o qual se decretou luto nacional. Contudo, parece haver um erro na primeira menção de Ugbaru na Crônica de Nabonido. O nome Ugbaru é erro de um escriba que o confundiu com Gubaru, ou o título “governador de Gutium” foi por engano transferido pelo autor do tablete de Gubaru para Ugbaru,Outra evidência possível da época pode estar na menção dupla de um Ciáxares na grande inscrição de Behistun, de Dario I (sobre essa inscrição, ver vol. 1, p. 79, 90). Entre os vários pretendentes ao trono, contra os quais Dario 1 lutou, estavam dois que afirmavam ser da família de Ciáxares. O Ciáxares em questão pode ter sido tanto Ciáxares I, pai de Astíages, ou, possivelmente, Ciáxares 11, sogro de Ciro, e último rei nominal da Média.Este resumo torna claro que ainda existem muitos fatores obscuros na solução da identidade de Dario, o medo, a partir de fontes históricas e arqueológicas. Contudo, considerando todas as possibilidades, este Comentário favorece a quarta proposta.
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Dn.7:1 | 1. No primeiro ano de Belsazar. Deve-se observar que Daniel não apresenta as informações de seu livro numa ordem cronológica estrita. Os eventos dos cap. 5 e 6 aconteceram depois dos registrados no cap. 7. Mas, sem dúvida, por razões de continuidade, a narrativa histórica se completa nos cap. 1 a 6 (sobre a identidade e papel de Belsazar na história, ver Nota Adicional a Daniel 5).Teve Daniel um sonho. Literalmente, “viu um sonho”. Num sonho, o Senhor deu a Daniel uma visão da futura história do mundo.A profecia de Daniel 7 abrange essencial - mente o mesmo período histórico do sonho do cap. 2; e ambos abrangem desde os dias do profeta até o estabelecimento do reino de Deus. Nabucodonosor viu os poderes mundiais representados por uma grande estátua de metal; Daniel os viu como animais e chifres, e também viu aspectos da história relacionados à experiência do povo de Deus e ao cumprimento do plano divino. A profecia de Daniel 2 trata de questões políticas, em grande parte. Em primeiro lugar, ela foi dada para instruir Nabucodonosor e assegurar sua cooperação no plano divino (ver com. de Dn 2:1). A visão não tem como tema a relação do povo de Deus com mudanças políticas. A profecia de Daniel 7, como as do restante do livro, foram dadas em especial para o povo de Deus a fim de que pudesse entender seu papel no plano divino. A profecia inspirada dos eventos futuros foi apresentada tendo como pano de fundo o contexto do grande conflito entre Cristo e Satanás. Os esforços do arqui- ínimigo para destruir “os santos'’ foram desmascarados, e a vitória final da verdade é assegurada.Escreveu. A fim de que se preservasse para gerações futuras.A suma de todas as coisas. As palavras aramaicas assim traduzidas são difíceis de se verter para o português. A palavra para “suma” é resh, que significa ‘cabeça” ou “começo”. A versão original grega diz: eis kephalaia logõn, que pode ser interpretado como “um resumo”. E evidente que o significado da expressão é que Daniel anotou e relatou o conteúdo principal do sonho. Alguns traduzem a frase como “os detalhes importantes”. |
Dn.7:2 | 2. Ventos. Do aramaico ruach, equivalente ao heb. ruach, que tem uma variedade de significados, como ar e “vento" (Êx 10:13; Jr 2:24), “hálito” (Jó 19:17), “espírito” humano (SI 32:2) e “Espírito” divino (SI 51:12, KJ V). Num sentido metafórico, a palavra também é usada para falar de coisas vãs e vazias (Jr 5:13). Quando empregada numa visão simbólica, como neste caso, a palavra parece indicar atividade ou alguma forma de energia, determinada exatamente pelo contexto. Por exemplo, o “vento” da visão simbólica de Ezequiel, que fez reviver os ossos secos, representava a energia divina revivendo a inerte nação de Israel (Ez 37:9-14). Os “ventos” de Daniel, que agitavam o grande mar, fazendo com que emergissem quatro animais, ou impérios, representavam esses movimentos diplomáticos, bélicos, políticos ou de outra natureza, que moveríam a história desse período.Os “quatro ventos”, dos quatro pontos cardeais, sem dúvida, representam a atividade política em várias partes da Terra (Jr 49:36; cf. Dn 8:8; 11:4; Zc 2:6; 6:5).Agitavam. Do aramaico guach. A forma do verbo sugere ação continuada.Mar Grande. Não se especifica nenhum corpo de d água, como o Mar Mediterrâneo. O mar simboliza as nações do mundo - o “grande mar’’ da humanidade em todas as eras (ver Ap 17:15; cf. Is 17:12; Jr 46:7). |
Dn.7:3 | 3. Quatro animais. A aplicação do símbolo não é deixada à especulação. De acordo com o v. 17, os quatro animais representam “quatro reis, que se levantarão da terra”. Em vez de “reis”, a LXX, Teodócio e a Vulgata trazem “reinos”. O quarto animal é especificamente chamado de “quarto reino” (v. 23). Em geral, se aceita que esses quatro animais representam os mesmos quatro poderes simbolizados pela estátua de Daniel 2.Diferentes. Esta diversidade é ilustrada pelos metais, em Daniel 2:38 a 40.Subiam. Os poderes representados não são contemporâneos, mas sucessivos. |
Dn.7:4 | 4. Leão [...] asas de águia. Um símbolo apropriado para Babilônia. O leão alado é encontrado em objetos de arte babilônicos. A combinação de leão e águia era comum. Via-se com frequência um leão com asas de águia, às vezes, com garras ou bico. Uma combinação semelhante era de águia com cabeça de leão. O leão alado é uma das formas deste animal que, com frequência, é representado em combate junto a Marcluque, o padroeiro da cidade de Babilônia (sobre essa combinação de leão e águia, ver S. H. Langdon, Semitic Mythology; The Mythology ofAll Races, vol. 13; p. 118, 277-282; ver também, na mesma obra, Fig. 51, na p. 106, o leão alado; e p. 116, 117, a águia com cabeça de leão; ver ainda ilustrações da combinação de vários animais babilônicos e assírios em L. E. Froom, Prophetic Faith of Our Fathers, vol. 1, p. 50, 52).Outros profetas se relerem ao rei Nabucodonosor com figuras semelhantes (Jr 4:7; 50:17, 44; Lm 4:19; Ez 17:3, 12; Hc 1:8). O leão, como rei dos animais, e a águia, como rainha das aves, representavamadequadamente o império babilônico no auge de sua glória. O leão é notável por sua força, enquanto a águia é famosa pelo poder e alcance de seu voo. O poder de Nabucodo- nosor foi sentido não apenas em Babilônia, mas do Mediterrâneo até o golfo Pérsico, e da Ásia Menor ao Egito. Assim, é adequado representar o alcance do poder de Babilônia por um leão com asas de águia.Arrancadas. O leão já não podia voar como a águia sobre sua presa. Sem dúvida, isso se refere ao período em que governantes menos poderosos sucederam Nabucodonosor no reino de Babilônia, quando o poder dos caldeus perdeu sua glória. Alguns sugerem u ma possível referência também à experiência de Nabucodonosor, quando por sete anos foi privado não só de seu trono, mas também de sua razão (Dn 4:31-33).Levantado. Um leão que se levanta como homem indica a perda das características de leão.Mente de homem. O apelido do rei Ricardo, Coração de Leão, representava sua coragem e ousadia incomuns. Em contrapartida, um leão com “mente de homem” indicaria covardia e timidez. Nos seus anos de declínio, Babilônia se enfraqueceu pela arrogância e luxúria, e caiu como presa dos medos e persas.Alguns veem na expressão “mente de homem” o desaparecimento da característica animal de voracidade e ferocidade e a humanização do rei de Babilônia. Isso pode- ria ser aplicado a Nabucodonosor após sua experiência humilhante, mas não seria uma representação adequada do reino nos seus últimos anos. |
Dn.7:5 | 5. Um urso. O império persa, ou medo- persa, correspondente à prata da estátua (ver com. de Dn 2:39). Como a prata é inferior ao ouro, assim, ao menos em alguns aspectos, o urso é inferior ao leão. Contudo, o urso é cruel e voraz, características atribuídas aos medos (Is 1.3:17, 18).Sobre um dos seus lados. O intérprete (v. 16) não explica esta característica da visão. Porém, uma comparação com Daniel 8:7 e 20 sugere que o reino era composto de duas partes: os medos e os persas, sendo que os últimos se tornaram o poder dominante poucos anos antes do império duplo conquistar Babilônia (ver com. de Dn 2:39).Três costelas. Estas não são mencionadas na interpretação (v. 17-27); no entanto, muitos comentaristas as consideram um símbolo dos três poderes principais conquistados pelo império medo-persa: Lídia, Babilônia e Egito (ver com. de Is 41:6).E lhe diziam. Não se identifica quem fala. O sujeito deve ser considerado de forma impessoal: “foi dito”. |
Dn.7:6 | 6. Semelhante a um leopardo. O leopardo é um animal feroz e carnívoro, notável por sua velocidade e agilidade (ver Hc 1:8; cf. Os 13:7).O poder que sucedería o império persa é identificado em Daniel 8:21 como “Grécia”. Essa “Grécia”, porém, não deve ser confundida com a Grécia do período clássico, visto que este período precedeu a queda da Pérsia. A “Grécia” apresentada em Daniel é o império semigrego macedônico de Alexandre, o Grande (ver com. de Dn 2:39), que inaugurou o que é chamado de período helenís- tico. Antes de Alexandre, não se podia fazer referência ao “primeiro rei” (Dn 8:21) de um império grego que fosse “um rei poderoso” com “grande domínio” (Dn 11:3).Em 336 a.C., Alexandre assumiu o trono da Macedônia, um estado semigrego na fronteira norte da Grécia. O pai de Alexandre, Felipe, já tinha unido a maioria das cida- des-estados da Grécia sob seu domínio, por volta de 338 a.C. Alexandre provou sua índole subjugando revoltas na Grécia e Trácia. Após a ordem ter sido restaurada em seu próprio reino, Alexandre se lançou à tarefa de conquistar o império persa, uma ambição que herdou de seu pai. Entre osfatores que impulsionavam o jovem rei a levar avante seus planos estavam a ambição pessoal, a necessidade de expansão econômica, o desejo de difundir a cultura grega e uma animosidade natural contra os persas, devido a conflitos anteriores com seus compatriotas.Em 334 a.C., Alexandre cruzou o Helesponto e entrou no território persa com apenas 35 mil homens, a insignificante soma de 70 talentos e provisões para apenas um mês. A campanha rendeu uma série de vitórias. A primeira delas foi alcançada em Grânico, a segunda em Isso, no ano seguinte, e outra em Tiro, um ano depois. Ao passar pela Palestina, Alexandre conquistou Gaza e, então, entrou no Egito praticamente sem enfrentar oposição. Ali, em 331 a.C., ele fundou a cidade de Alexandria. Declarou-se sucessor dos faraós, e suas tropas o aclamaram como um deus. Quando novamente, nesse ano, iniciou sua jornada, ele dirigiu seus exércitos para a iVlesopotâmia, o coração do império persa. Os persas se posicionaram perto de Arbela, ao leste da junção dos rios Tigre e Grande Zab, mas as forças persas foram derrotadas e fugiram. As fabulosas riquezas do maior império do mundo estavam à disposição do jovem rei, com 25 anos.Após uma organização preliminar de seu império, Alexandre prosseguiu em suas conquistas em direção ao norte e ao leste. Por volta de 329 a.C., ele já havia tomado Maracanda, atual Samarcanda, no Uzbequistão. Dois anos mais tarde, invadiu o noroeste da índia. Porém, pouco depois de cruzar o rio Indo, suas tropas se recusaram a ir além, e ele se viu obrigado a ceder. Ao retornar à Pérsia e Mesopotâmia, Alexandre foi confrontado com a grandiosa tarefa de organizar a administração de seus territórios. Em 323 a.C., ele estabeleceu sua capital em Babilônia, cidade que ainda preservava resquícios da glória dos tempos de Nabuco- i donosor. No mesmo ano, depois de se exceder na bebida, Alexandre adoeceu e morreude ‘'febre do pântano”, o que se imagina ser o nome antigo da malária, ou de enfermidade semelhante.Quatro asas de ave. Embora o leopardo seja um animal veloz, sua agilidade natural parece inadequada para descrever a surpreendente velocidade das conquistas de Alexandre. A visão mostrava o animal com asas que lhe foram acrescentadas, não duas, mas quatro, indicando velocidade superlativa. O símbolo descreve adequadamente a rapidez fulminante com que Alexandre e os macedônios, em menos de uma década, chegaram a se apoderar do maior império do mundo até então. Na Antiguidade, não existiu outro exemplo de movimentos tão rápidos de tropas em escala tão extensa e bem-sucedida.Quatro cabeças. Obviamente, equivalem aos quatro chifres do bode, que representava os quatro reinos (mais tarde reduzidos a três) que ocuparam o território conquistado por Alexandre (ver com. de Dn 8:8, 20-22). No entanto, por alguns anos, os generais macedônios de Alexandre tentaram preservar, em teoria se não na prática, a unidade do vasto império. Alexandre morreu sem planejar a sucessão de seu trono. Primeiramente, seu meio-irmão Felipe, deficiente mental, e depois seu filho póstumo Alexandre foram os governantes titulares sob a regência de um ou outro dos generais; então, o império foi dividido num grande número de províncias, as mais importantes das quais eram controladas por cerca de seis generais que atuavam como sátrapas (ver p. 908, mapa A).Mas a autoridade central, isto é, a regência dos dois reis marionetes, nunca foi forte o suf iciente para unir o vasto império. Depois de 12 anos de lutas internas, durante os quais o controle de diversas partes do território mudou repetidamente, ambos os reis foram mortos. Então, Antígono surgiu como o último dos pretendentes ao poder central sobre todo o império. Ele encontrou oposiçãoda coalizão de quatro poderosos líderes: Cassandro, Lisímaco, Seleuco e Ptolomeu, que tinham a intenção de dividir o território entre eles. Em 306, juntamente com seu filho Demétrio, Antígono se declarou rei de todo o império e sucessor de Alexandre. Diante disso, os quatro aliados abandonaram seus títulos de sátrapas e se declararam reis de seus respectivos territórios (ver p. 824, mapa B).A longa luta de vida ou morte entre os defensores da unidade, sob o governo de Antígono e Demétrio, e os partidários da divisão do império entre os quatro generais foi decidida na batalha de Ipso, em 301 a.C. Antígono foi morto, Demétrio fugiu, e o território foi dividido. Isso deixou, com exceção de pequenos fragmentos, quatro reinos independentes (ver p. 909, mapa C) no lugar do imenso império que Alexandre tinha conquistado, mas não fora capaz de consolidar. Ptolomeu tinha o Egito, a Palestina e parte da Síria; Cassandro tinha Macedônia, com soberania nominal sobre a Grécia; Lisímaco ficou com a Trácia e grande parte da Ásia Menor; e Seleuco ficou com a maior parte do que fora o império persa: parte da Ásia Menor, norte da Síria, Mesopotâmia e regiões ao oriente. Demétrio, reduzido ao controle de uma frota e de algumas cidades costeiras, não tinha reino. No entanto, mais tarde, ele deslocou os herdeiros de Cassandro e fundou a dinastia dos Antígonas, na Macedônia.Cerca de 20 anos depois da divisão, os quatro reinos foram reduzidos a três, pois Lisímaco foi eliminado (ver p. 909, mapa D). Grande parte de seu território foi tomado pelo império selêucida, mas parte foi invadida pelos gauleses, ou se desintegrou em pequenos estados independentes, sendo Pérgamo o mais importante deles. Contudo, a Macedônia, o Egito e o império selêucida (às vezes, conhecido como Síria, pois a parte oriental logo se perdeu) continuaram como as três principais divisões do antigo impériode Alexandre, até serem anexados, um a um, pelo império romano.Muitos historiadores, principalmente autores de livros escolares, que precisam eliminar detalhes para dar uma visão global, passam por alto a divisão em quatro e só mencionam a posterior e permanente divisão em três reinos principais que mantiveram sua identidade até a época do império romano.Alguns tentam encontrar a continuação dos quatro reinos até o período romano, contando Pérgamo como sucessor do breve reino de Lisímaco. Mas, quando se fala de três reinos principais e do reino bem menor de Pérgamo, ou de três reinos mais um grupo de estados menores, é notável que, no momento crítico, quando fracassou a última esperança de unificar o império de Alexandre, e a divisão foi inevitável, todo o território, com exceção de fragmentos menores, se dividiu em quatro reinos (ver p. 909, mapa C), conforme especificado pela profecia (Dn 8:22).O império de Alexandre, mesmo em sua fase dividida, ainda era uma continuação e realização do ideal de seu fundador: um mundo greco-macedônico-asiático de povos diversos unidos pelo idioma, pensamento e pela civilização dos gregos. Exceto pela centralização política, o mundo helenístico constituía uma unidade como fora sob o domínio de Alexandre, e em certos aspectos mais do que fora antes. Esse império foi representado adequadamente por um único animal com várias cabeças (ou em Dn 8, com vários chifres; sobre o helenismo e o surgimento de Roma, ver artigo sobre o período intertesta- mentário no vol. 5). |
Dn.7:7 | 7. O quarto animal. Comparar com o v. 19. Talvez não houvesse na natureza nenhuma semelhança pela qual se pudesse designar essa entidade horrenda, pois não se faz nenhuma comparação como ocorre com os três primeiros animais. Porém, não há dúvida de que representa o mesmo poderretratado pelas pernas de ferro da grande estátua (ver com. de Dn 2:40).A história mostra claramente que o poder mundial que sucedeu o terceiro império dessa profecia é Roma. No entanto, a transição foi gradual, de modo que é impossível apontar para um evento específico que indique o momento da mudança. Como foi visto, o império de Alexandre foi dividido depois de 301 em quatro (depois três) reinos helenísti- cos (ver com. de Dn 8:8), e sua substituição pelo império romano foi um processo gradual de várias etapas importantes. Escritores divergem quanto à data que indica a hegemonia do império romano.Por volta de 200 a.C., quando Cartago já não era mais uma rival (embora fosse destruída apenas meio século depois), Roma dominava o Mediterrâneo ocidental e tinha começado a se relacionar com o Oriente, onde se tornaria dominante também. Em 197 a.C., Roma derrotou a Macedônia e colocou os estados gregos sob sua proteção. Em 190, Roma derrotou Antíoco III e tomou o território selêucida pelo leste até os montes Tauros. Em 168, na batalha de Pidna, Roma acabou com a monarquia na Macedônia, dividindo-a em quatro confederações; e, provavelmente no mesmo ano, advertiu Antíoco IV a abandonar a ideia de atacar o Egito. Em 146, Roma anexou a Macedônia como província e pôs a maioria das cidades gregas sob o governador da Macedônia.Se a dominação romana do Oriente for contada desde a data em que os monarcas dos três reinos helenísticos foram eliminados pelo poder romano, o ano 168 pode ser considerado como o primeiro passo no processo. Porém, os reis selêucidas e ptolomaicos permaneceram em seus tronos até muito depois, até o ano 63, na Síria, e 30, no Egito. Se as datas da anexação desses três reinos como províncias romanas forem escolhidas, essas datas seriam 146, 64 e 30 a.C., respectivamente. Alguns historiadores enfatizam 168porque, por volta desse ano, Roma tinha conquistado a Macedônia e salvado o Egito de cair nas mãos do reino selêucida, ao proibir a invasão de Antíoco IV. Isso demonstra que Roma, na prática, já controlava os três reinos, embora tivesse conquistado apenas um deles.Não se pode dar uma data única para um processo gradual. A despeito da escolha da data ou das datas mais importantes, a mudança do poder para Roma é clara, e a absorção do território de Alexandre desde a Macedônia até o Eufrates se completou em 30 a.C. (ver artigo sobre o período intertes- tamentário no vol. 5).Grandes dentes de ferro. Estes enormes dentes metálicos retratam crueldade e força. Assim como o animal devorava e fazia em pedaços sua presa com esses dentes grotescos, também Roma devorou nações e povos em suas conquistas. Algumas vezes, cidades inteiras foram destruídas, como no caso de Corinto, em 146 a.C., outras vezes reinos, como a Macedônia e os domínios selêucidas, que foram divididos e convertidos em províncias.Pisava aos pés o que sobejava. Quando não destruía ou subjugava um povo, Roma o empregava como escravo ou o vendia como tal. Na intensidade de seu poder destruidor, Roma superou os reinos que antes governaram o mundo.Dez chifres. Explicado como “dez reis” (v. 24). Se os “quatro reis” do v. 17 representam reinos (ver com. do v. 3) paralelos aos quatro impérios do cap. 2, então há razão para entender esses “dez reis” também como reinos, assim como os quatro chifres do bode são “quatro reinos” (Dn 8:22). As sucessivas invasões do império romano por parte de várias tribos germânicas e a substituição dele por vários estados separados ou monarquias são fatos bem comprovados pela história. Devido ao fato de que pelo menos 20 tribos bárbaras invadiram o império romano, comentaristas compilaram várias listas dereinos fundados no território do império. A seguinte é uma delas: ostrogodos, visigo- dos, francos, vândalos, suevos, alamanos, anglo-saxões, hérulos, lombardos e bur- gúndios. Alguns preferem alistar os hunos no lugar dos alamanos. Contudo, os hunos desapareceram cedo sem deixar um reino estabelecido. O período foi de grandes transtornos, confusão e mudança, durante o qual um grande número de estados assegurou a independência. |
Dn.7:8 | 8. Outro pequeno. Literalmente, “outro chifre, um pequeno”. Embora pequeno no início, este chifre é descrito, mais tarde, como “mais robusto do que os seus companheiros”, literal mente, “maior que seus companheiros”. Ele simboliza a continuação do poder romano por meio da igreja romana.“Das ruínas da Roma política, surgiu o grande império moral na ‘forma gigante' da igreja romana” (A. C. Flick, The Rise of the Medieval Church [1900], p. 150; ver também o com. dos v. 24, 25).“Sob o império romano, os papas não tinham poderes seculares. Mas, quando o império romano se desintegrou e seu lugar foi ocupado por vários reinos bárbaros, a igreja católica romana não só se tornou independente desses estados em assuntos religiosos, mas também dominou as questões seculares. Algumas vezes, sob governadores como Carlos Magno (768-814 d.C.), Otto, o Grande (936-973) e Henrique III (1039- 1056), o poder civil controlou a igreja até certo ponto. Mas, em geral, sob o fraco sistema político do feudalismo, a igreja bem organizada, unificada e centralizada, tendo o papa como o cabeça, não era apenas independente em questões eclesiásticas, mas também controlava questões civis” (Carl Conrad Eckhardt, The Papacy and! World- Affairs [1937], p. 1).Diante. Do aramaico qodham, palavra que aparece com frequência em Daniel, significando “antes”, no que se refere a tempo,Imediatamente após a morte de Alexandre, em 323 a.C., seus generais repartiram entre si as províncias do império. Eles as governaram nominalmente sob a autoridade da regência dos dois reis-fantoches, o meio irmão de Alexandre, Felipe, deficiente mental, e o bebê Alexandre, nascido após a morte do pai. Antípater estava no comando na Europa; na Ásia, Pérdicas tinha controle dos reis. Outros líderes comandavam as principais províncias. As do oriente permaneceramcomo na época de Alexandre. Logo irrompeu entre os líderes uma luta pela supremacia, na qual Pérdicas e outros foram eliminados, enquanto vários generais usavam manobras para alcançar o poder. Em 321 a.C. os exércitos se encontraram para a última distribuição formal. Surgiram novos nomes, como Seleuco, para sátrapa de Babilônia. O novo regente, Antípater, permaneceu apenas dois anos, e a luta pelo domínio continuou por muito tempo entre os principais generais.A trégua de 3 I 1 a.C. pôs fim a uma guerra de impasse, da qual Antígono emergiu como o mais forte dos cinco líderes principais, embora suas tentativas de controlar todo o império tenham sido obstruídas pelos outros quatro. A guerra começou logo após o assassinato de Felipe (317). Antígono expulsou Seleuco de Babilônia (316) e reivindicou autoridade de regente sobre os outros sátrapas. A luta principal foi entre Antígono e a coalizão deCassandro (filho de Antípater), Lisímaco e Ptolomeu, com os quais Seleuco buscou refúgio, mas envolveu outros líderes de menos importância. Houve vários conflitos na Grécia, nas ilhas e em toda parte, e as fronteiras se alteravam repetidamente. Seleuco retomou Babilônia (312) e, em seguida, consolidou as províncias orientais. Não muito depois da trégua, o segundo herdeiro de Alexandre foi morto, e a luta pelo poder continuou.Em 301 a.C. estabeleceu-se a questão da unificação ou divisão do império de Alexandre. A (ase final do longo conflito começou quando Antígono se declarou rei de todo o império em 306 a.C. (junto com seu filho Demétrio). Então, os quatro aliados, Cassandro, Lisímaco, Seleuco e Ptolomeu assumiram o título real nos seus respectivos territórios. A questão de um reino ou quatro foi decidida na batalha de Ipso, em 301 a.C. Antígono foi morto, eseu território, dividido por Lisímaco e Seleuco. Demétrio ficou sem reino, com apenas uma frota, algumas cidades costeiras e um ponto de apoio na Grécia. Desse momento em diante, não havia esperança de um império unificado. Portanto, surgiram quatro reinos principais (mais fragmentos menores). Essa repartição decisiva do império de Alexandre não (oi permanente. Mais tarde, um dos quatro reinos foi eliminado.Depois de Seleuco ter derrotado e matado Lisíma- eo, em 281 a.C., três grandes reinos helenísticos dominaram os antigos territórios do império grego: Macedônia, o império selêucida (Síria) e o Egito. A Macedônia, anteriormenie assumida por Lisímaco, não ficou com Seleuco, que morreu em 280, antes de assumi-la. Em seguida, ela ficou com Antígono, filho de Demétrio, e daí em diante passou à dinastia dos antígonas. Por alguns anos, grandes áreas da Ásia Menor foram governadas pelosreis selêucidas, embora quase imediatamenle após a morte de Lisímaco os gauleses invasores tomaram parte dela, e outros fragmentos desapareceram (o território de Lisímaco íinalmente se tornou um agrupamento de pequenos estados, incluindo Pérgamo). Mais tarde, os selêucidas perderam tudo, exceto a Síria. Antes do tempo de Cristo, os três reinos helenísticos — Macedônia, Síria e Egito - tornaram-se províncias romanas.ou “na presença de”. A frase “diante do qual” pode ser i nterpretada como “dar lugar a ele”.Três dos primeiros chifres. O “chifre pequeno’’ é um símbolo da Roma papal. Portanto, arrancar os três chifres simboliza a destruição de três das nações bárbaras. Entre os principais obstáculos para o surgimento da Roma papal, como poder político, estavam os hérulos, os vândalos e os ostrogo- dos. Os três apoiavam o arianismo, que foi o maior rival do catolicismo na época.Os hérulos foram a primeira das tribos bárbaras a governar Roma. Eles constituíam tropas auxiliares alemãs de Roma que se revoltaram e, em 476 d.C., depuseram o jovem Rômulo Augusto, último imperador do Ocidente. A frente dos hérulos e de outras tribos mercenárias estava Odoacro que se declarou rei de Roma. Odovacar, um ariano, embora tolerante para com os católicos, era odiado pelos italianos. Por sugestão do imperador Zeno, do Oriente, Teodorico, líder dos ostrogodos, foi o seguinte a invadir a Itália. Ele chegou ali em 489, e em 493 assegurou a rendição de Odovacar para, logo depois, o matar (ver Thomas Hodgkin, Italy and Her Invaders, vol, 3, p. 180-213).No que se refere à igreja romana, a chegada de Teodorico não teve nenhuma alteração para melhor, só uma mudança de líderes. Teodorico era ariano tanto quanto seu pre- decessor no trono da Itália. Embora ele fosse tolerante para com as diferentes religiões de ó seu reino, as ambições desmedidas do pontífice romano não podiam se concretizar sob um sistema que conferia apenas tolerância.Enquanto isso, os vândalos, liderados por Genserico, tinham se estabelecido no norte da África, e tomado Cartago, em 439 d.C. Como eram arianos fanáticos e guerreiros, constituíam uma ameaça à supremacia da igreja católica no Ocidente. Eles eram intolerantes para com os católicos, os quais chamavam de hereges. Para auxiliar a causa dos católicos no Ocidente, o imperador Justiniano,que governava a metade oriental do império romano em Constantinopla, enviou Belisário, o mais hábil de seus generais. Belisário venceu por completo os vândalos em 534.Essa vitória fez dos ostrogodos o único poder ariano sobrevivente na Itália que pudesse perturbar a hegemonia do papado no Ocidente (ver Hodgkin, op. cit., vol. 3, cap. 15). Depois de ter eliminado os vândalos, em 534 d.C., Belisário começou sua campanha contra os ostrogodos na Itália. Embora essa campanha tenha durado 20 anos até os exércitos imperiais obterem a vitória completa (ver Hodgkin, op. cit., vol. 5, p. 3-66), a ação decisiva ocorreu no início dela. Os ostrogodos, que foram expulsos de Roma, voltaram e a sitiaram em 537. O cerco durou um ano; mas, em 538, Justiniano enviou outro exército à Itália e, em março, os ostrogodos abandonaram o cerco (ver Hodgkin, op. cit., vol. 4, p. 73-113, 210-252; Charles Diehl, “Justinian”, em Gambridge Medieval History, vol. 2, p. 15). E verdade que eles voltaram a entrar na cidade em 540, mas sua ocupação foi breve. A retirada de Roma, em 538, marcou o verdadeiro fim do poder ostrogodo, embora não da nação dos ostrogodos. Assim, foi “arrancado” o último dos três chifres que ficavam no caminho do “chifre pequeno”.Justiniano foi notável não apenas pelo êxito em reunir temporariamente a Itália e algumas regiões do Ocidente com a metade oriental do que tinha sido o império romano, mas também pela organização das leis existentes no império, incluindo novos editos do próprio Justiniano, num código unificado. Incorporadas a esse código imperial estavam duas cartas oficiais de Justiniano, que tinham toda força de edito real, nas quais ele legalmente confirmava o bispo de Roma como “cabeça de todas as igrejas santas” e “cabeça de todos os sacerdotes santos de Deus” (Código de Justiniano, livro 1, título 1). Na última carta, ele também aprovou as atividades do papa como punidor de hereges.Embora esse reconhecimento legal da supremacia eclesiástica do papa tenha ocorrido em 533 d.C., é óbvio que o edito imperial não podia se efetivar enquanto o reino ariano dos ostrogodos estivesse no controle de Roma e da maior parte da Itália. Só depois que o domínio dos ostrogodos fosse quebran- tado é que o papado estaria livre para exercer o seu poder. Em 538, pela primeira vez desde o fim da linhagem imperial do Ocidente, a cidade de Roma ficou livre da dominação do reino ariano. Naquele ano, o reino ostro- godo foi ferido de morte (embora os ostrogodos tenham sobrevivido mais alguns anos como povo). E por isso que 538 é uma data mais importante que 533.Resumindo: (1) Antes de 533 d.C., o papa já tinha sido reconhecido de forma ampla, embora não universal, como bispo supremo das igrejas do Ocidente, e tinha exercido influência política considerável, de tempos em tempos, sob o patrocínio dos imperadores ocidentais. (2) Em 533, Justiniano reconheceu a supremacia eclesiástica do papa como "cabeça de todas as igrejas santas” tanto no Oriente como no Ocidente, e esse reconhecimento legal foi incorporado ao código de leis imperiais, em 534. (3) Em 538, o papado ficou efetivamente livre do domínio dos reinos arianos que sucederam os imperadores ocidentais no controle de Roma e da Itália. Daí em diante, o papado pôde ampliar seu poder eclesiástico. Os outros reinos se tornaram católicos, um a um; e, visto que os distantes imperadores do Oriente não retiveram o controle da Itália, o papa se projetava, com frequência, como figura principal no Ocidente nos turbulentos acontecimentos que se seguiram. O papado adquiriu governo territorial e, finalmente, alcançou o apogeu do domínio político, bem como religioso na Europa (ver Nota Adicional a Daniel 7). Embora esse domínio tenha se dado bem depois, pôde-se encontrar o ponto decisivo no período de justiniano.Alguns consideram significativo que Virgílio, o papa que ocupava o cargo em 538, tivesse substituído, no ano anterior, um papa que tinha estado sob influência gótica. O novo papa devia seu cargo à imperatriz Teodora, e foi considerado por justiniano como o meio para unir todas as igrejas, no Oriente e no Ocidente, sob seu próprio domínio imperial. Ressalta-se que, a partir de Virgílio, os papas foram se tornando mais e mais estadistas do que eclesiásticos e, com frequência, chegaram a ser governantes de estados (Charles Bemont e G. lVIonod, Medieval Europe, p. 121).Neste chifre. Visto que os dez chifres representam o império romano dividido após sua queda (ver com. do v. 7), o chifre pequeno deve representar algum poder que viria a existir entre eles e substituir alguns desses reinos (ver citação no com. de Dn 8:23).Olhos. Em geral, símbolo de inteligência. Em contraste com os bárbaros, que eram em grande parte iletrados, o poder representado pelo 'chifre pequeno” era notável por sua inteligência, perspicácia e previsão.Que falava com insolência. Ver com. do v. 25. |
Dn.7:9 | 9. Foram postos. Do aramaico remah, palavra que significa “colocar” ou “estabelecer”, embora também possa significar “lançar” (Dn 3:20; 6:16, 24). A LXX traz tithêmi, que é definido como “estabelecer”, “colocar” ou “erigir”. A tradução “foram postos” parece se basear numa interpretação que considerou os tronos como pertencentes aos animais. Aqui se mostra uma representação simbólica do grande juízo final, que determina o destino de homens e nações.O Ancião de Dias. A expressão é descritiva, não um título. O original aramaico não tem o artigo definido, que é acrescentado aqui e usado nos v. 13 e 22 como um artigo de referência, isto é, com a função de se referir ao Ser descrito antes. Deus, o Pai, é representado.Sua veste. Deve-se ter cautela ao interpretar as visões simbólicas. “Ninguém jamais viu a Deus" (Jo 1:18). Daniel viu apenas uma representação da Divindade. Não se pode saber até que ponto a representação reflete a realidade. Na visão, a Divindade é representada de várias formas, e a forma que assume em geral tem a ver com o objetivo didático da visão. Numa visão do segundo advento, João viu Jesus sentado num cavalo branco, com vestes tingidas de sangue e com uma espada que saía de Sua boca (Ap 19:11-15). Obviamente, não se espera ver o Salvador vestido assim, armado e montado a cavalo, quando voltar. No entanto, cada um desses elementos tem valor ilustrativo (ver com. de Ap 19:11-15). Na visão de Daniel, pode-se ver na veste branca um símbolo cie pureza e no cabelo branco um sinal de antiguidade, mas ir além do simbolismo e especular sobre a aparência dAquele que habita “em luz inacessível, a quem homem algum jamais viu" (iTm 6:16) é entrar no campo da especulação (ver T8, 279). Não se pode negar que Deus é um Ser pessoal. “Deus é espírito; não obstante é um Ser pessoal, pois o homem foi criado à Sua imagem" (T8, 263). “Ninguém deve alimentar a especulação a respeito da natureza divina. Nesse assunto, o silêncio é eloquência” (T8, 279; sobre a interpretação de visões simbólicas, ver com. de Ez 1:10). |
Dn.7:10 | 10. Milhares de milhares. Estes representam os anjos celestiais que ministram diante do Senhor e cumprem sempre Sua vontade. Os anjos desempenham uma parte importante no juízo. Eles são tanto ministros quanto testemunhas (GC, 479).Assentou-se. Ou, “começou a se assentar". Daniel viu o juízo final em suas duas fases, investigativa e executiva.No juízo investigativo, serão avaliados os registros de todos que alguma vez professaram lealdade a Cristo. A investigação não é conduzida com fins de informar a Deus ou a Cristo, mas para a informação de todo o universo,a fim de que Deus possa ser vindicado ao aceitar alguns e rejeitar outros. Satanás reivindica todos os seres humanos como seus súditos. Aqueles pelos quais Jesus intercede em juízo, Satanás acusa diante de Deus; mas Jesus alega a fé e o arrependimento deles. Como resultado do juízo, se obterá um registro daqueles que serão cidadãos do futuro reino de Cristo. Esse registro inclui nomes de homens e mulheres de toda nação, tribo, língua e povo. João fala dos remidos na no\n Terra como “as nações" dos salvos (Ap 21:24).E se abriram os livros. Comparar com Ap 20:12. Os seguintes registros são considerados: (1) o livro da vida, no qual está registrado o nome daqueles que aceitaram servir a Deus; (2) o livro da memória, um registro das boas obras dos santos; e (3) um memorial dos pecados (cf. GC, 480, 481). Ao comentar uma visão da fase executiva do juízo, no final dos mil anos, Elien G. White faz a seguinte classificação: (1) o livro da vida, que registra as boas obras dos santos; (2) o livro da morte, com o registro das más obras dos impeniten- tes, (3) o livro dos estatutos, a Bíblia, segundo cujas normas todos são julgados (PE, 52). |
Dn.7:11 | 11. Estive olhando. Na visão profética, Daniel viu que um evento seguia rapidamente a outro. Nota-se a repetição das frases “estive olhando” e “vi" em toda a narrativa das visões. Estas frases introduzem a transição de uma cena à seguinte.Insolentes palavras. Ver com. do v. 25.Foi morto. Isto representa o fim do sistema ou da organização, simbolizado pelo chifre. Paulo apresenta o mesmo poder com o título “homem da iniquidade", “filho da perdição”, “o iníquo", e fala de sua destruição na segunda vinda de Cristo (2Ts 2:3-8; cf. Ap 19:19-21). |
Dn.7:12 | 12. Foi-lhes tirado o domínio. O território de Babilônia foi dominado pela Pérsia, mas os súditos de Babilônia não foram aniquilados. Da mesma forma, quando a Macedônia conquistou a Pérsia e quandoRoma conquistou a Macedônia, os habitantes dos países conquistados não íoram destruídos. Contudo, com a destruição final do poder do "chifre pequeno”, o mundo todo será despovoado (ver com. do v. 11). |
Dn.7:13 | 13. Como o Filho do Homem. Do ara- maico kevar enash. De acordo com o uso no aramaico, a frase poderia ser traduzida por “como um homem” (Hans Rauer e Pontus Leander, Gmmmatikdes Biblisch-Aramaischen [Halle, 1927], p. 315d). A LXX traduz como hõs huios anthrõpou, q ue também é, literal - mente, “como um filho de homem”.Muitas versões seguem essa tradução literal (ver AA, TB, NV1, etc.). Alguns creem que essa tradução diminui a majestade do Redentor. De fato, em português, a frase "filho de homem” é, sem dúvida, indefinida. Contudo, a frase correspondente no aramaico é repleta de significado. O aramaico, bem como outros idiomas antigos, omite o artigo quando a ênfase principal está na qualidade, e o usa quando a ênfase é na identidade. Na ordem normal da narrativa profética, primeiramente o profeta descreve o que viu, e depois se ocupa da identidade. Dados proféticos são introduzidos normalmente sem o artigo. Quando mencionados subsequentemente, emprega-se o artigo (ver com. do v. 9). Por isso, havia “quatro animais, grandes” (v. 3), não “os quatro animais, grandes”, mas, depois, “todos os animais” (v. 7). O Ancião de Dias é apresentado como “um ancião de dias” (AA; ver com. do v. 9), mas, depois, é mencionado como "o Ancião de Dias” (v. 13, 22; ver com. do v. 9). Daniel registra também “um carneiro” e "o carneiro”, “dois chifres” e “os dois chifres”, “um bode” e "o bode” (Dn 8:3-8), etc. Em harmonia com essa regra, o Filho de Deus é apresentado, literalmente, como “Um, de forma humana”. Ele não é .mencionado novamente por essa expressão na profecia. Caso fosse, é provável que o artigo definido fosse utilizado. No NT, a expressão “Filho do Homem”, que,segundo a maioria dos comentaristas, é baseada em Daniel 7:13, ocorre quase sempre com o artigo definido.Em vez de a tradução “Filho do Homem” a tradução "Um, humano em forma” representaria de maneira mais adequada o frase no aramaico. Deus escolheu apresentar Seu Filho na visão profética com ênfase especial em Sua humanidade (ver MDC, 14).Na encarnação, o Filho de Deus tomou sobre Si a forma humana (Jo 1:1-4, 12, 14; Fp 2:7; Hb 2:14; etc.) e Se tornou o “Filho do Homem” (ver com. de Mc 2:10), unindo, desse modo, a Divindade com a humanidade por um laço que jamais será quebrado (DTN, 25). Assim, os pecadores arrependidos têm como representante diante do Pai "Um como” eles mesmos, Um que foi tentado em todas as coisas como eles o são e que Se compadece de suas fraquezas (Hb 4:15).Dirigiu-se ao Ancião de Dias. Isto não pode representar a segunda vinda de Cristo à Terra, pois Cristo vai ao “Ancião de Dias”. Aqui se representa a ida de Cristo ao lugar santíssimo para a purificação do santuário (CG, 426, 480). |
Dn.7:14 | 14. Foi-lhe dado domínio. Em Lucas 19:12 a 15, Cristo é representado como um nobre que viajou a um país distante para receber um reino e, então, voltar. Ao final de Seu ministério sacerdotal no santuário, ainda no Céu, Cristo, então, recebe cie fato o reino de Seu Pai e, então, retorna à 'Ferra para buscar Seus santos (ver GC, 428; PE, 55, 280). |
Dn.7:15 | 15. Alarmado. Do aramaico kerah, “estar afligido”. |
Dn.7:16 | 16. Um dos que. Este ser não é identificado. Daniel ainda está em visão, e o ser a quem se dirige é provavelmente um dos que ajudam no juízo. Sempre que buscamos com sinceridade melhor entendimento espiritual, o Senhor tem alguém pronto para nos ajudar. Os anjos anseiam comunicar verdade aos seres humanos. Eles são espíritos minis- tradores (Hb 1:14), comissionados por Deuspara trazer mensagens do Céu à Terra (At 7:53; Hb 2:2; Ap 1:1). |
Dn.7:17 | 17. Quatro reis. Ver com. dos v. 3-7. |
Dn.7:18 | 18. Receberão o reino. Todos os reis e governos terrenos desaparecerão, mas o reino do Altíssimo permanecerá para sempre. A usurpação e o mau governo dos ímpios podem durar um tempo, mas logo terão fim. Então, esta ferra será restaurada ao Seu dono por direito, que a compartilhará com os santos. Aqueles que, há muito, sofrem desprezo, logo serão honrados e exaltados por Deus.Para todo o sempre. A repetição da frase enfatiza a ideia de perpetuidade. Não há nada de transitório na ocupação da terra restaurada. O contrato de aluguel nunca expirará, e os habitantes viverão seguros em suas próprias moradas. “Não edificarão para que outros habitem”, “não plantarão para que outros comam”, pois os “eleitos desfrutarão de todas as obras de suas próprias mãos'' (Is 65:22). |
Dn.7:19 | 19. Conhecer a verdade. Comparar com o v. 7. Daniel repete as especificações descritas anteriormente. Ele está interessado especialmente no quarto animal, muito diferente dos anteriores em aparência e atividade. Sua indagação concentra atenção de forma dramática no grande poder perseguidor (ver com. dos v. 24, 25). |
Dn.7:20 | 20. Robusto. Do aramaico rab, “grande”. A frase diz, literalmente: “cuja aparência era maior do que a de seus companheiros”. Embora pequeno no início, este “chifre pequeno” cresceu até se tornar maior do que todos os outros. Este poder ganharia superioridade sobre todos os outros poderes terrenos (ver com. dos v. 24, 25). |
Dn.7:21 | 21. Fazia guerra contra os santos. O “chifre pequeno” representa um poder perseguidor que conduziría uma campanha de extermínio contra o povo de Deus (ver com. do v. 25).Prevalecia contra eles. Por longos séculos (ver com. do v. 25), os santos pareceram indefesos contra essa força destrutiva. |
Dn.7:22 | 22. Veio o Ancião de Dias. Daniel relata os eventos à medida que lhe aparecem em visão. Com a vinda do Ancião de Dias, ele se refere ao surgimento desse Ser na cena profética (sobre o significado dos eventos, ver com. dos v. 9-14),Fez justiça. O juízo não será apenas em favor dos santos, mas, segundo Paulo (iCo 6:2, |
Dn.7:23 | 23. Devorará. Ver com. do v. 7. |
Dn.7:24 | 24. Os dez chifres. Sobre as divisões do império romano, ver com. do v. 7.Dos primeiros. Ou, “dos [chifres] anteriores”. Os primeiros representavam reinos políticos. O poder representado pelo singular “chifre pequeno” era de natureza político-religiosa.O papado seria um reino eclesiástico governado por um pontífice; os outros reinos seriam poderes políticos governados por reis. |
Dn.7:25 | 25. Palavras. Do aramaico millin (singular, millah), simplesmente, “palavras”. As expressões “grandes coisas” (v. 8, AA, ACF) e “grandiosamente” (v. 8, 20, ARC) são traduções do aramaico rabreban. Millah é traduzida como “coisa” em Daniel 2:10 e II: r “caso” em 2:23; e “palavra” em 3:28; 7:11 e 25.Contra. Do aramaico letsad. Tsad, literalmente, significa “lado”. Letsad pode ser interpretado como “contra”, indicando que, ao se opor contra o Altíssimo, o “chifre pequeno” pretendería ser igual a Deus (ver com. de 2Ts 2:4; cf. Is 14:12-14).A literatura eclesiástica está repleta de exemplos de declarações arrogantes e blasfemas do papado. Alguns exemplos típicos são encontrados numa grande obra enciclopédica escrita por um teólogo católico romano do século 18:“O Papa é de tão grande dignidade e tão excelso que não é um simples homem, mas como se fosse Deus, e o vicário de Deus.[...] O Papa está coroado de uma coroa tríplice, como rei dos céus e da Perra e das regiões inferiores. [...] O Papa é como sefosse Deus na Terra, único soberano dos fiéis de Cristo, chefe de reis, com plenitude de poder, a quem foi conferida pelo Deus onipotente a direção não só do reino terreno, mas também do celestial. [...] O Papa tem tamanha autoridade e tanto poder que pode modificar, explicar ou interpretar até as leis divinas. [...] O Papa pode mudar a lei divina, visto que seu poder não é de homem, mas de Deus, e ele atua como vice-regente de Deus na Terra com amplo poder de atar e soltar suas ovelhas. [...] Qualquer coisa que se diga que faz o próprio Senhor Deus, e o Redentor, isso faz Seu vicário, contanto que não faça nada contrário à fé” (traduzido de Lucius Ferraris, "Papa II”, Prompta Bihliotheca, vol. 6, p. 25-29).Magoará. Este fato é descrito anteriormente nas palavras: “este chifre fazia guerra contra os santos e prevalecia contra eles” (v. 21). A frase retrata perseguição contínua e implacável. O papado reconhece que perseguiu e defende esse fato como um exercício legítimo de poder supostamente dado a ele por Cristo. A Catholic Encyclopedia diz: “Na bula ‘Ad exstirpanda' (1252), ínocêncio IV diz: ‘quando aqueles condenados como culpados de heresia forem entregues ao poder civil pelo bispo ou seu representante, ou a Inquisição, o magistrado-chefe da cidade deve levá-los imediatamente e, dentro de cinco dias no máximo, executar as leis contra eles.’ [...] Não pode restar nenhuma dúvida quanto a quais regulamentos civis se indicam, pois as passagens que ordenam queimar os hereges impeniten- tes foram inseridas nos decretos papais das constituições imperiais ‘Com mis si s nobis’ e ‘Inconsutibilem tunicam’. A bula mencionada ‘Ad exstirpanda’ permaneceu dali em diante como documento fundamental da Inquisição, renovada ou reforçada por vários papas, como Alexandre IV (1254- 1261), Clemente IV (1265-1268), Nicolau I V (1288-1292), Bonifácio VIII (1294-1303)e outros. As autoridades civis, portanto, eram obrigadas pelos papas, sob pena de excomunhão, a executar as sentenças legais que condenavam hereges impenitentes à fogueira” (José Blõtzer, art. “Inquisition”, vol. 8, p. 34).Cuidará. Do aramaico sebar, “esforçar- se”, “tentar” (NVI). Indica-se tentativa deliberada (ver GC, 446).Tempos. Do aramaico zimnin (singular, zeman), um termo que denota tempo fixo, como em Daniel 3:7, 8; 4:36; 6:10 e 13, ou um período de tempo, como em 2:16; e 7:12. Em Daniel 2:21, há uma sugestão quanto ao significado da expressão “mudar os tempos”, em que se usam juntas outra vez as mesmas palavras aramaicas para “mudança” e “tempos". Porém, Daniel ali atribui a Deus a prerrogativa de “mudar tempos”. Só Deus tem o destino das nações sob Seu controle. E Ele que “remove reis e estabelece reis" (Dn 2:21). “Em cima, e em toda a marcha e contramarcha dos interesses, poderio e paixões humanas, [está] a força de um Ser todo misericordioso, a executar, silenciosamente, pacientemente, os conselhos de Sua própria vontade” (Ed, 173). E Deus que também determina o “tempo” (aramaico zeman) quando os santos possuirão o reino (Dn 7:22). O esforço do chifre pequeno para mudar os “tempos” indicaria uma tentativa deliberada de exercer a prerrogativa de Deus de dirigir o curso da história humana.Lei. Do aramaico dath, termo empregado para se referir tanto à lei humana (Dn 2:9,nas Escrituras Sagradas. A mudança mais audaciosa tem que ver com o dia semanal de adoração. A igreja romana admite abertamente a responsabilidade de introduzir a adoração no domingo, afirmando que tem o direito de fazer tais mudanças (ver GC, 446). Um catecismo autorizado para sacerdotes diz: “Mas a Igreja de Deus [isto é, a igreja romana] em sua sabedoria ordenou que a celebração do sábado deve ser transferida para o ‘dia do Senhor"’ (Catechisni of the Coimcil of Trent, tradução de Donovan, 1829 ed,, p. 358). Esse catecismo foi escrito por ordem do Concilio de Trento e publicado sob o pontificado de Pio V.Na época do NT, os cristãos observavam o sábado, o sétimo dia da semana (ver com. de At 17:2). A transição do sábado para o domingo foi um processo gradual que começou antes de 150 d.C. e continuou por cerca de três séculos. As primeiras referências históricas à observância do domingo por cristãos professos ocorrem na Epístola cie Barnabé (cap. 15) e na obra de Justino Mártir (First Apology, cap. 67), que datam de cerca de 150 d.C. Ambas condenam a observância do sábado e instam a que se observe o domingo. As primeiras referências autênticas ao domingo como o “dia do Senhor" vêm do livro apócrifo Evangelho Segundo Pedro e de Clemente de Alexandria (Miscelânias, v. 14) do tim do 2o século.Antes da revolta judaica, sob a liderança de Bar Kokhba, 132-135 d.C., o império romano reconhecia o judaísmo como uma religião legal, e o cristianismo, como uma seita judaica. Mas, como resultado dessa revolta, os judeus e o judaísmo foram desacreditados. Para evitar a perseguição que se seguiu a partir de então, os cristãos buscaram por todos os meios possíveis deixar claro que não eram judeus. Repetidas referências de escritores cristãos dos três séculos seguintes à observância do sábado como uma prática “ judaizante”, juntamente com o fato de nãohaver nenhuma referência histórica à observância cristã do domingo como dia sagrado antes da revolta judaica, apontam o período de 135 a 150 d.C. como o tempo quando os cristãos começaram a atribuir a santidade do sábado ao primeiro dia da semana.Porém, a observância do domingo não substituiu de imediato a do sábado, mas a acompanhou e a complementou. Por vários séculos, os cristãos observaram ambos os dias. No começo do 3o século, por exemplo, Tertuliano observou que Cristo não invalidou o sábado. Pouco depois, no livro apócrifo Epístola dos Apóstolos (ii, 36), advertiam-se os cristãos a “observarem o sábado e a festa do dia do Senhor”.No início do 4° século, o domingo tinha alcançado uma clara preferência oficial sobre o sábado. Em seu Comrnentary on Psaltn 92, Eusébio, principal historiador da igreja desse período, escreveu: “tudo o que era dever fazer no sábado foi transferido para o dia do Senhor, como mais propriamente pertencente a ele, porque esse dia tem primazia e é mais honroso que o sábado judaico."A primeira ação oficial da Igreja Católica que expressa preferência pelo domingo foi tomada no Concilio de Laodiceia, no 4o século. O cânon 29 desse concilio estipula que os "cristãos não devem judaizar e ficar sem trabalhar no sábado; mas devem honrar o dia do Senhor [domingo] de forma especial e, sendo cristãos, devem, se possível, não fazer nenhuma obra nesse dia; contudo, se forem encontrados judaizando, serão excluídos de Cristo ”. Esse concilio dispôs que houvesse culto no dia de sábado, mas designou que esse dia fosse um dia de trabalho. E digno de nota que esta, a primeira lei eclesiástica que ordena a observância do domingo, especifique o “judaizar” como a razão de se evitar a observância do sábado. Além disso, a rígida proibição da observância do sábado é evidência de que muitos ainda estavam “judaizando” nesse dia. De fato,escritores do 4o e 5o séculos repetidamente advertem seus companheiros cristãos contra essa prática. Por exemplo, por volta do ano 400, Crisóstomo observou que muitos ainda observavam o sábado da forma judaica, e, portanto, “judaizavam”.Registros da época também revelam que as igrejas em Alexandria e Roma foram as principais responsáveis por promover a observância do domingo. Por volta de 440 d.C., o historiador da igreja Sócrates escreveu que "embora quase todas as igrejas do mundo celebrem os mistérios sagrados no sábado, toda semana, os cristãos de Alexandria e de Roma, devido a uma antiga tradição, pararam de fazer isso” (Ecclesiastical History, v. 22). Por volta da mesma época, Sozomeno escreveu que “o povo de Constantinopla, e de quase todo lugar, se reúne aos sábados, bem como no primeiro dia da semana, costume que nunca se observa era Roma ou Alexandria”.Três fatos estão claros: (1) O conceito da santidade do domingo entre os cristãos se originou, basicamente, na tentativa de se evitar práticas que tenderiam a identificá- los com os judeus e, assim, atrair perseguição. (2) A igreja em Roma logo desenvolveu uma preferência pelo domingo; e a importância cada vez maior dada ao domingo na igreja primitiva, em detrimento do sábado, seguiu muito de perto o crescimento gradual do poder de Roma. (3) Finalmente, a influência romana prevaleceu para fazer da observância do domingo uma lei da igreja, como fez com muitas outras práticas, como a adoração a Maria, a veneração de santos e anjos, o uso de imagens e oração pelos mortos. A alegada santidade do domingo está sobre a mesma base dessas outras práticas não bíblicas introduzidas na igreja pelo bispo de Roma,Um tempo, dois tempos e metade deum tempo. O termo aramaico 'iddan, aqui traduzido como "tempo”, ocorre também emDaniel 4:16, 23, 25 e 32, em que a palavra, sem dúvida, significa "um ano” (ver com. de 13n 4:16). A palavra traduzida como “tempos”, também de ‘iddan, era apontada pelos massoretas como plural, mas eruditos concordam que deveria ser apontada como dual, indicando assim “dois tempos”. A palavra mais traduzida como "metade”, pelag, também pode ser traduzida como "meio’’ (NVI).Ao se comparar essa passagem com outras profecias paralelas que se referem ao mesmo período, mas que o designam de outra maneira, pode-se calcular o total de tempo compreendido. Em Apocalipse 12:14, o período é denominado como “um tempo, tempos e metade de um tempo”. Um pouco antes, faz-se menção ao mesmo período com a designação “mil duzentos e sessenta dias” (Ap 12:6). Em Apocalipse 11:2 e 3, a expressão “mil duzentos e sessenta dias” corresponde a "quarenta e dois meses”. Assim, fica claro que um período de três tempos e meio equivale a 42 meses, que, por sua vez, equivalem a 1.260 d ias, e que um “tempo" representa 12 meses ou 360 dias, período que corresponde a um ano profético. Contudo, um ano profético de 360 dias, ou 12 meses de 30 dias, não deve ser confundido com um ano judaico, que era um ano lunar de extensão variável (com meses de 29 dias e de 30 dias) nem com o calendário solar de 365 dias (ver vol. 2, p. 96, 97). Um ano profético significa 360 dias proféticos, mas um dia profético representa um ano solar.Essa distinção deve ser explicada da seguinte forma: um ano profético de 360 dias não é literal, mas simbólico; portanto, seus 360 dias são proféticos, não dias literais. Pelo princípio dia-ano, conforme ilustrado em Números 14:34 e Ezequiel 4:6, um dia na profecia simbólica significa um ano literal. Assim, um ano profético, ou "tempo", representa 360 anos literais e naturais. Da mesma forma, um período de 1.260 ou 2.300 dias ou qualquer outro número de dias proféticossignifica a mesma quantidade de anos literais e reais (isto é, anos solares completos marcados pelas estações, controladas pelo sol). Embora o número de dias em cada ano lunar variasse, o calendário judaico era corrigido pela adição ocasional de um mês extra (ver vol, 2, p. 89), de modo que, para os escritores bíblicos, uma longa série cie anos sempre era igual ao mesmo número de anos solares naturais (sobre a aplicação histórica do princípio dia-ano, ver p. 26-64).A validade do princípio dia-ano tem sido demonstrada pelo cumprimento preciso de várias profecias calculadas por meio desse método, principalmente os 1.260 dias e as 70 semanas. Um período de três anos e meio literais seria insuficiente para o cumprimento do requisito das profecias de 1.260 dias com respeito ao papado. Mas, quando pelo princípio dia-ano o período se estende a 1.260 anos, a profecia tem um cumprimento singular.Em julho de 1790, trinta bispos católicos romanos compareceram diante dos líderes do governo revolucionário da França para protestar pela legislação que tornava independentes os clérigos franceses da jurisdição do papa e os fazia responsáveis diretos perante o governo. Perguntaram se os líderes da revolução deixariam todas as religiões livres 'com exceção daquela que uma vez foi suprema, que foi mantida pela piedade de nossos pais e por todas as leis do Estado, e que tem sido por mil e duzentos anos a religião nacional?” (A. Aulard, Christianity and the French P\evolution, p. 70).O período profético do “chifre pequeno” começou em 538 d.C., quando os ostro- godos abandonaram o cerco a Roma, e o bispo de Roma, liberto do controle ariano, ficou livre para exercer as prerrogativas do decreto de Justiniano, de 533, e a partir de então aumentar a autoridade da “Santa Sé” (ver com. do v. 8). Exatamente 1.260 anos depois (1798), as vitórias espetaculares doexército de Napoleão, na Itália, colocaram o papa à mercê do governo revolucionário francês, que então o advertiu de que a religião romana seria sempre inimiga irrecon- ciliável da República; e acrescentou: “existe uma coisa ainda mais essencial para alcançar o fim desejado, e essa é destruir, se possível, o centro da unidade da igreja romana; e depende de vossa senhoria, que reúne em sua pessoa as qualidades mais distintas do general e do hábil político, alcançar essa meta se a considera factível” (ibid., p. 158). Em resposta a essas instruções, e por ordem de Napoleão, o General M. Berthier invadiu Roma com um exército francês, proclamou que o governo político do papado chegara ao fim, e levou o papa prisioneiro para a França, onde morreu no exílio.A derrota do papado, em 1798, marcou o clímax de uma longa série de eventos relacionada com seu declínio progressivo, e foi também a conclusão do período profético de 1.260 anos (ver Nota Adicional a Daniel 7). |
Dn.7:26 | 26. Depois, se assentará o tribunal.Ver com. dos v. 9-11. O \credito será sentença de morte para o papado. Esse poder continuará sua guerra contra os santos até o fim e, então, seu domínio será retirado para sempre, e será consumido. |
Dn.7:27 | 27. Serão dados. Eis um vislumbre consolador do resultado final de toda a turbu lência e perseguição pelas quais terão passado os santos. Esta é uma bendita promessa. Cristo em breve voltará para buscar Seus santos e os levar para que desfrutem seu reino eterno e sua recompensa.Todos os domínios. Na Terra restaurada, morada dos justos, não haverá discórdia nem descontentamento. Todo o universo pulsará em completa harmonia. Todos os salvos obedecerão voluntariamente a Deus e habitarão na Sua presença para sempre. |
Dn.7:28 | 28. Meus pensamentos muito me perturbaram. Ou, “me assustaram”.Rosto. Do aramaico ziw, que de acordo com alguns eruditos significa “semblante”, e segundo outros, “brilho”, provavelmente nosentido de “aparência”. A revelação da história futura dos santos surpreendeu e entristeceu sobremaneira o profeta.O desenvolvimento da grande apostasia que culminou com o papado foi um processo gradual ao longo de séculos. O mesmo se deu com o declínio desse poder.Com respeito ao futuro, Jesus advertiu Seus discípulos: “Vede que ninguém vos engane”, pois “levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos”, “operando grandes sinais e prodígios” para recomendar suas pretensões más, a fim de “enganar, se possível, os próprios eleitos” (Mt 24:4, 11, 24).Paulo declarou que surgiríam “homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles” (At 20:30). O resultado seria uma “apostasia” durante a qual se revelaria o poder ao qual se refere como “homem da iniquidade” e “mistério da iniquidade”, e se oporia à verdade, se exaltaria sobre Deus e usurparia a autoridade de Deus sobre a igreja (2Ts 2:3, 4). Essa entidade, que segundo a advertência de Paulo já estava operando de forma limitada (v. 7), operaria “segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira” (v. 9). Seu crescimento sutil seria camuflado de forma tão astuta que somente os que sinceramente cressem e amassem a verdade estariam seguros frente a suas declarações enganosas (v. 10-12).Antes do fim do Io século, o apóstolo João escreveu que “muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora” (IJo 4:1); e, um pouco mais tarde, ele disse que “muitos enganadores têm saído pelo mundo fora” (2Jo 7). isso, disse ele, é o “espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo” (ljo 4:3).Essas previsões advertiam sobre a presença de forças sinistras já operantes na igreja, forças que pressagiavam heresia, cisma e apostasia de grandes proporções. Pretendendo possuir privi légios e autoridade que pertencem apenas a Deus, porém, operando mediante princípios satânicos e por meio de métodos satânicos, esse instrumento, ao final, enganaria a maioria dos cristãos para que aceitassem sua liderança e, assim, controlaria a igreja (ver At 20:29, 30; 2Ts 2:3-12).Nos tempos apostólicos, cada congregação local escolhia seus próprios oficiais e regulava sua própria conduta. Contudo, a igreja universal era “um corpo” em virtude da operação invisível do Espírito Santo, e da direção dos apóstolos, que unia crentes em todos os lugares em "um só Senhor, uma só fé, um só batismo” (ver Ef 4:3-6). Líderes das igrejas locais deveríam ser homens “cheios do Espírito” (At 6:3), escolhidos, qualificados e dirigidos pelo Espírito Santo (ver At 13:2), apontados (At 6:5) e ordenados pela igreja (At 13:3).No entanto, à medida que a igreja abandonou seu “primeiro amor” (Ap 2:4), perdeu sua pureza de doutrina, seus elevados padrões de conduta pessoal e o laço invisível de união provido pelo Espírito Santo. Na adoração, o formalismo assumiu o lugar da simplicidade. A popularidade e o poder pessoal passaram a determinar cada vez mais as escolhas dos líderes, que assumiram mais autoridade sobre a igreja local e, depois, buscaram estender sua autoridade sobre as igrejas vizinhas.A administração da igreja local sob a direção do Espírito Santo, finalmente, foi substituída pelo autoritarismo eclesiástico nas mãos de um único oficial, o bispo, a quem cadamembro da igreja estava sujeito pessoalmente e pelo qual tinha acesso à salvação. Daí em diante, a liderança pensou apenas em governar a igreja em vez de servi-la, e o “maior” já não se considerava “servo de todos”. Assim, gradualmente se desenvolveu o conceito de uma hierarquia sacerdotal que se interpôs entre o cristão, como indivíduo, e o Senhor.De acordo com escritos atribuídos a Inácio de Antioquia, que morreu por volta de 117 d.C., a presença do bispo era essencial à celebração de ritos religiosos e à direção de questões da igreja. Irineu, falecido por volta do ano 200, catalogava os bispos das diferentes igrejas de acordo com a idade e importância das igrejas que presidiam. Dava honra especial às igrejas fundadas pelos apóstolos e defendia que todas as outras deveriam concordar com a igreja de Roma quanto a questões de fé e doutrina. Tertuliano, falecido em 225, ensinava a supremacia do bispo sobre os presbíteros, anciãos escolhidos pela igreja local.Cipriano, que morreu por volta de 258, é considerado o fundador da hierarquia católica romana. Ele defendia a teoria de que há apenas uma igreja verdadeira e que, fora dela, não há salvação. Defendeu a ideia de que Pedro tinha fundado a igreja em Roma e de que o bispo da igreja de Roma deveria, portanto, ser honrado sobre os outros bispos, e suas opiniões e decisões deveriam prevalecer sempre. Enfatizou a importância da sucessão apostólica direta, afirmou que o sacerdócio do clero era literal e que nenhuma igreja deveria celebrar ritos religiosos ou conduzir suas questões sem a presença e o consentimento do bispo.Fatores que contribuíram para a ascensão e, finalmente, a supremacia do bispo de Roma foram: (1) Como capital do império e metrópole do mundo civilizado, Roma era o lugar natural para a sede da igreja universal. (2) A igreja de Roma era a única no Ocidente que afirmava ter origem apostólica, o que, naquele tempo, fazia parecer natural que o bispo de Roma tivesse prioridade sobre os demais. Roma ocupava uma posição bastante honrosa mesmo antes do ano 100 d.C. (3) A mudança da capital política de Roma para Constantinopla, por Constantino (330), deixou o bispo de Roma relativamente livre do controle imperial; e, a partir de então, o imperador quase sempre apoiou as reivindicações do bispo de Roma contra as dos outros bispos. (4) Em parte, o imperador Justiniano apoiou fortemente o bispo de Roma e fez avançar seus interesses por meio de um edito imperial que reconhecia sua supremacia sobre as igrejas do Oriente e do Ocidente, edito que não pôde se tornar plenamente efetivo até o declínio do domínio ostrogodo sobre Roma, em 538. (5) O êxito da igreja de Roma em resistir a vários movimentos chamados éticos, em especial o gnosticismo e montanismo, lhe rendeu grande reputação de ortodoxia. Certas facções que em outras partes estavam em contendas, com frequência, apelavam ao bispo de Roma para que fosse o árbitro de suas diferenças. (6) Controvérsias teológicas, que dividiram e enfraqueceram a igreja no Oriente, deixaram a igreja de Roma livre para se dedicar a problemas mais práticos e para tirar vantagem de oportunidades que surgiram para estender sua autoridade. (7) Repetidos casos de êxito em evitar ou mitigar ataques bárbaros contra Roma aumentaram o prestígio político do papado e, com frequência, na ausência de liderança civil, o papa cumpriu na cidade as funções essenciais de um governo secular. (8) Invasões islâmicas constituíram um obstáculo para a igreja no Oriente, eliminando o único rival importante de Roma. (9) Os invasores bárbaros do Ocidente já estavam, em sua maioria, nominalmente convertidos ao cristianismo, e essas invasões livravam o papa do controle imperial. (10) Com a conversão de Clóvis (496), rei dos francos, o papado fundou um exército forte para defender seus interesses e ajudar efetivamente a converter outras tribos bárbaras.Professando o cristianismo, Constantino, o Grande (que morreu por volta de 337), vinculou a igreja ao estado, subordinando a igreja ao poder civil, e fez da igreja um instrumentoda política do estado. Sua reorganização da administração política do império romano se tornou o padrão para a administração eclesiástica da igreja romana, e assim da hierarquia católica romana. Por volta de 343, o Concilio de Sárdica atribuiu ao bispo de Roma jurisdição sobre os bispos metropolitanos ou arcebispos. O papa Inocêncio I (que morreu por volta de 417) reivindicava jurisdição suprema sobre todo o mundo cristão, mas não foi capaz de exercer esse poder.Agostinho (que morreu por volta de 430), um dos grandes pais da igreja e fundador da teologia medieval, defendia que Roma sempre tivera supremacia sobre as igrejas. Sua obra clássica A Cidade de Deus ressalta o ideal católico de uma igreja universal que controlasse um estado universal, e isso forneceu a base teórica para o papado na Idade Média.Leão 1, o Grande, cjue morreu em 461, foi o primeiro bispo de Roma a proclamar que Pedro tinha sido o primeiro papa, a afirmar a sucessão do papado a partir de Pedro, a sustentar que a primazia havia sido legada diretamente por Jesus Cristo e a obter êxito em aplicar esses princípios à administração papal. Leão I conferiu à teoria do poder papal sua forma definitiva e fez desse poder uma realidade. Foi ele que obteve um edito do imperador declarando que as decisões papais teriam força de lei. Com o apoio imperial, ele se colocou acima dos concíiios da igreja, assumindo o direito de definir doutrinas e ditar decisões. Seu êxito em persuadir Atila a não entrar em Roma (452) e sua tentativa de deter Genserieo (455) aumentaram seu prestígio e o do papado. Leão 1, o Grande, foi definitivamente um líder secular bem como espiritual para o povo cristão. Pretensões ao poder papal feitas por papas posteriores se basearam em grande parte na suposta autoridade de documentos falsificados conhecidos como “fraudes piedosas", como a chamada Doação de Constantino.A conversão de Clóvis, líder dos francos, à fé romana, por volta do ano 496, quando a maioria dos invasores bárbaros ainda era ariana, deu ao papa um forte aliado político disposto a lutar as batalhas da igreja. Por mais de 12 séculos, a espada da França, a "filha mais velha” do papado, foi uma agente eficaz para a conversão de homens à igreja de Roma e para manter a autoridade papal.O pontificado do papa Gregório 1, o Grande (que morreu em 604), o primeiro dos prelados medievais da igreja, marca a transição dos tempos antigos para os medievais. Gregório ousadamente assumiu o papel, embora não o título, de imperador no Ocidente. Ele lançou as bases para o poder papal na Idade Média, e é de sua administração em particular que datam posteriores reivindicações absolutistas do papado. Grandes esforços missionários iniciados por Gregório, o Grande, ampliaram em muito a influência e a autoridade de Roma.Quando, mais de um século depois, os lombardos ameaçaram invadir a Itália, o papa apelou a Pepino, rei dos francos, para auxiliá-lo. Respondendo ao pedido, Pepino derrotou por completo os lombardos e, em 756, entregou ao papa o território que tinha tirado deles. Essa dádiva, comumente conhecida como Doação de Pepino, marca a origem dos estados papais e o início formal do governo temporal do papado.No 7° e no 8o séculos, em termos gerais, o poder papal esteve em baixa. O grande papa seguinte e um dos maiores foi Gregório VII (que morreu em 1085). Ele proclamou que a igreja romana jamais tinha errado e jamais poderia errar, que o papa é juiz supremo, que não pode ser julgado por ninguém, que não há apelo à sua decisão, que ele somente tem direito à homenagem de todos os príncipes e que apenas ele pode depor reis e imperadores.Por dois séculos, houve uma luta constante entre papa e imperador pela supremacia. As vezes um, às vezes outro alcançou êxito temporário. O pontificado de Inocêncio 111 (que morreu em 1216) encontrou o papado no apogeu de seu poder, e durante o século seguinteesteve no zênite de sua glória. Afirmando ser o vicário de Cristo, Inocêncio III exerceu todas as prerrogativas reivindicadas por Gregório mais de um século antes.Um século depois de Inocêncio III, o papa medieval ideal Bonifácio VIII (que morreu em 1303) tentou governar como seus ilustres predecessores tinham feito, porém não obteve o mesmo êxito. Ele foi o último papa a tentar exercer autoridade universal conforme instituída por Gregório VII e mantida por Inocêncio III. A decadência do poder do papado se tornou completamente evidente durante o chamado cativeiro babilônico (1309- 1377), quando os franceses transferiram à força a sede do papado de Roma para Avignon, na França. Logo depois do retorno a Roma, começou o que se conhece como o Grande Cisma (1378-1417). Durante esse tempo, houve ao menos dois e, às vezes, três papas rivais, cada um denunciando e excomungando seus rivais e afirmando ser o verdadeiro papa. Como resultado, o papado sofreu perda irreparável de prestígio aos olhos da Europa. Bem antes da época da Reforma, se levantaram muitas vozes dentro e fora da Igreja Católica criticando suas declarações arrogantes e seus muitos abusos de poder tanto secular quanto espiritual. Além disso, o renascimento cultural (Renascença), na Europa Ocidental, a era da descoberta, o crescimento de estados nacionais fortes, a invenção da imprensa e vários outros fatores contribuíram para a perda gradativa do poder papal. Por volta da época de Martinho Lutero, muito havia sido feito para minar a autoridade do bispo de Roma.Durante a Reforma, que se entende ter começado em 1517, com a divulgação das Noventa e Cinco Teses, o poder papal foi expulso de grandes regiões da Europa do norte. Esforços do papado para combater a Reforma resultaram na criação da Inquisição, do Index e na organização da ordem jesuíta. Os jesuítas se tornaram o exército intelectual e espiritual da igreja para extermínio do protestantismo. Por aproximadamente três séculos, a igreja de Roma travou uma luta vigorosa que gradualmente se enfraqueceu diante das forças que batalhavam pela liberdade civil e religiosa.Finalmente, durante a Revolução Francesa, a Igreja Católica foi proscrita da França, a primeira nação da Europa a patrocinar a causa católica. Por mais de 12 séculos, a França havia defendido as declarações e lutado nas batalhas da igreja. Foi a nação onde os princípios papais tinham sido testados de forma mais plena do que em qualquer outro lugar, e achados em falta. Em 1798, o governo francês ordenou que o exército que estava na Itália, sob o comando do general Berthier, levasse o papa prisioneiro. Embora o papado tivesse continuado, seu poder foi tirado e, desde então, nunca mais exerceu o mesmo tipo ou medida de poder que teve outrora. Em 1870, os estados papais foram completamente absorvidos ao reino unido da Itália, e o poder temporal que o papado tinha exercido por mais de mil anos chegara ao fim. O papa tonou-se voluntariamente “prisioneiro do Vaticano” até que seu poder temporal foi restaurado, em 1929 (ver com. de Dn 7:25).Esse breve resumo demonstra que a ascensão do poder papal foi um processo gradual que se alongou por séculos. O mesmo se deu com seu declínio. E possível dizer que o primeiro processo se desenvolveu desde cerca de 100 d.C. a 756; o segundo, de cerca de 1303 a 1870 d.C. O papado esteve no auge de seu poder desde a época de Gregório VII (1073- 1085) até Bonifácio VIII (1294-1303). Está claro que não é possível dar datas que marquem uma transição precisa da irrelevância à supremacia, ou entre a supremacia e a relativa irrelevância. Da mesma forma, como se dá em todos os processos históricos, o surgimento e a queda do papado foram acontecimentos graduais.Porém, por volta de 538 d.C. o papado estava completamente formado e operante em diversos aspectos e, em cerca de 1798 - 1.260 anos depois, ele tinha perdido praticamente todo o poder que acumulou ao longo de séculos. A profecia atribuiu 1.260 anos ao papado para uma demonstração de seus princípios, políticas e objetivos. Desse modo, essas duas datas deveríam ser consideradas como marco do início e do final do período profético do poder papal. |
Dn.8:1 | 1. No ano terceiro. Ver com. sobre o reinado de Belsazar, na Nota Adicional a Daniel 5. Começando com o cap. 8, o autor volta a usar o hebraico (ver p. 824, 825), que ele emprega deste ponto até o final do livro.A princípio. Sem dúvida, uma referência à visão do cap. 7. |
Dn.8:2 | 2. Estar eu na cidadela de Susã. E discutido se o profeta Daniel esteve fisicamente em Susã ou se apenas em visão. O conte.xto não implica necessariamente presença corporal. A frase “quando a visão me veio’’ deve ser entendida como algo para introduzir uma série de eventos contemplados em visão, sem que necessariamente haja presença real. Há outros exemplos de profetastransportados em visão, mas não transportados de fato, como a "visita’’ de Ezequiel a 7 Jerusalém (ver com. de Ez 8:3) e a cie João ao deserto (Ap 17:3). Também se podem mencionar as experiências de EUen G. YVhíte (ver PE, 32, 39). Por outro lado, não se pode provar que Daniel não esteve fisicamente em Susã, nessa ocasião. Não é difícil imaginar que, em suas viagens a negócios oficiais ou por outra razão, ele fosse à antiga capital de Elão. Na época da visão, se for considerado 553 como o 1° ano de Belsazar, Elão ainda era, provavelmente, uma província babilônica, embora tenha passado para as mãos de Ciro algum tempo antes de este tomar Babilônia. Josefo afirma que o profetaesteve de fato em Susã na época da visão (.Antiguidades, x.11.7).Cidadela. Do heb. birah, “cidadela” ou “acrópole”. No hebraico, o termo acompanha a palavra Susã. A frase pode ser traduzida como "Susã, a praça forte" (BJ), segundo a forma do nome mais familiar nos tempos modernos. Segundo o historiador grego Xenofonte, reis persas, posteriormente, usaram a cidade como residência de inverno, e passavam o restante do ano em Babilônia ou em Ecbátana (para mais informações sobre Susã, ver Et 1:2).Ulaí. Do assírio Ula, um rio não identificado. Escritores clássicos localizam Susã em Eulaeo (Karun) ou em Choaspes (Kerkha). Alguns eruditos a consideram como um canal entre os rios Joaspes e Coprates. |
Dn.8:3 | 3. Um carneiro, o qual tinha dois chifres. O anjo mais adiante identifica esse símbolo como representante dos reis da Média e da Pérsia (v. 20).Mais alto do que o outro. Embora tenha se levantado depois da Média, a Pérsia se tornou o poder dominante quando Ciro derrotou Astíages, da Média, em 553 ou 550. Contudo, os medos não eram tratados como inferiores ou um povo subjugado, mas sim como confederados (ver com. de Dn 2:39). |
Dn.8:4 | 4. Dava marradas para o ocidente. Ciro conquistou a Lídia, em 547 a.C., e Babilônia, em 539. Cambises estendeu as conquistas até o sul, ao Egito e à Núbia, em 525. Dario Llistaspes foi para o norte contra os escitianos, em 513 (ver vol. 3, p. 39-44).O império medo-persa abrangia um território muito maior que seu predecessor, Babilônia. Os exércitos da Pérsia tinham tanto êxito que, nos dias de Assuero (Et 1:1), o império se estendia da índia à Etiópia, as extremidades leste e sul do mundo conhecido da época. Um título comum do monarca persa era “rei de reis" ou “rei dos países".E, assim, se engrandecia. Literalmente, “fazia grandes coisas", “se fez grande”. |
Dn.8:5 | 5. Bode. Identificado pelo anjo como representante da Grécia (v. 21), isto é, o império macedônico de Alexandre (ver com. de Dn 7:6).Vinha do ocidente. A Grécia ficava a oeste do império persa.Sem tocar no chão. Esta descrição de grande rapidez descreve adequadamente a surpreendente velocidade das conquistas de Alexandre (ver com. de Dn 7:6).Chifre notável. De acordo com o v. 21 (ver também a profecia paralela, Dn 11:3, 4), esse chifre representa o primeiro grande rei grego, isto é, Alexandre o Grande (ver com. de Dn 7:6). |
Dn.8:6 | Sem comentário para este versículo |
Dn.8:7 | 7. Enfurecido. Do heb. marar, na forma encontrada aqui, “estar enfurecido”. A linguagem deste versículo retrata a totalidade da sujeição da Pérsia a Alexandre. O poder do império persa foi quebrado por completo. O país foi assolado, seus exércitos foram feitos em pedaços e espalhados, e suas cidades, saqueadas. A cidade real de Persépolis, cujas ruínas ainda permanecem como monumento de seu antigo esplendor, foi destruída pelo fogo. |
Dn.8:8 | 8. O bode se engrandeceu sobremaneira. Ou, “se magnificou sobremaneira” (ver com. dos v. 4, 9).E, na sua força. A profecia predisse a queda de Alexandre enquanto seu império estivesse no auge de seu poder. Aos 32 anos, ainda jovem, o grande líder morreu de uma febre agravada, sem dúvida, por sua própria intemperança (ver com. de Dn 7:6).Quatro chifres notáveis. Sobre os quatro reinos macedônicos (ou helenísticos) nos quais se dividiu o império de Alexandre, ver com. de Daniel 7:6; 11:3, 4. |
Dn.8:9 | 9. De um dos chifres. No hebraico, esta frase apresenta confusão de gênero. A palavra “deles” (como traduz a AA), hem, é masculina. Isso indica que, gramaticalmente, o antecedente é “ventos” (v. 8) e não "chifres”, visto que “ventos” pode ser tanto masculinocomo feminino, mas “chifres”, apenas feminino, Por outro lado, a palavra para “um”, 'achath, é feminino, sugerindo “chifres” como o antecedente. 'Achath poderia, claro, se referir à palavra para “ventos”, que ocorre com mais frequência no feminino. Mas é questionável que o escritor fosse atribuir dois gêneros diferentes ao mesmo substantivo em uma relação de contexto tão estreita. Para se ter uma concordância gramatical, achath deveria ser mudado para o masculino, fazendo com que toda a frase se referisse claramente a “ventos”; ou a palavra para “deles” deveria ser mudada para o feminino, mas nesse caso a referência seria ambígua, dado que “vento” ou “chifres” pode ser o antecedente. Vários manuscritos em hebraico têm a palavra para “deles” no feminino. Se esses manuscritos refletem o significado correto, a passagem ainda seria ambígua.Comentaristas que interpretam o “chifre pequeno”' do v. 9 como Roma não podem explicar satisfatoriamente como se poderia dizer que Roma surgiu de uma das divisões do império de Alexandre. Alas, se “deles” se refere a “ventos”, então toda dificuldade desaparece. A passagem simplesmente afirma, nesse caso, que de um dos quatro pontos cardeais surgiria outro poder. Roma surge ao oeste. Na explicação literal dos símbolos da visão, é dito que Roma surge “no fim do seu reinado” (v. 23), isto é, o “reinado” dos quatro chifres. Porém, o v. 23 se refere apenas à época quando o “chifre pequeno” surgiria e não diz nada do lugar de seu surgimento, ao passo que o v. 9 tem a ver exclusivamente com sua localização.Deve-se lembrar que o profeta dá um breve relato dos símbolos proféticos, como lhe foram apresentados. Ele ainda não está interpretando a visão. A interpretação dessa parte da visão ocorre no v. 23. Uma regra importante ao se interpretar os símbolos de uma visão é dar interpretação apenas àqueles elementos da representação destinados a ter um valorinterpretativo. Como nas parábolas, certos elementos são necessários para se completar a ilustração, mas não são em si mesmos significativos. Só uma palavra inspirada pode determinar quais desses têm valor interpretativo. Visto que, nesse caso, a palavra inspirada, isto é, o v. 23, fala apenas do tempo em que o poder representado por esse chifre surgiria, e nada diz a respeito de sua origem geográfica, não há razão para se enfatizar a frase “de um deles”.Visto que a visão de Daniel 8 é paralela aos esboços proféticos dos cap. 2 e 7, e visto que em ambos os esboços o poder que sucede a Grécia é Roma (ver com. de Dn 2:40; 7:7), a compreensão razoável, nesse caso, é que o poder do “chifre” descrito no v. 9 também se aplica a Roma. Essa interpretação se confirma pelo fato de que Roma precisamente cumpre as várias especificações da visão.Um chifre pequeno. Este “chifre pequeno” representa Roma em ambas as fases, pagã e papal. Daniel viu Roma, primeiramente, em sua fase pagã e imperial, guerreando contra o povo judeu e os cristãos primitivos e, depois, na fase papal, seguindo até o presente e o futuro, guerreando contra a igreja verdadeira (sobre essa dupla aplicação, ver com. dos v. 13, 23).Muito. Do heb. yether, que significa basicamente “restante”. Em poucos casos, como neste, o termo descreve o que está acima da medida, no sentido de deixar um resto. E traduzido como “excelente” (Gn 49:3), "lar- gueza” (SI 31:23) e “ainda maior” (Is 56:12). A palavra traduzida como “sobremaneira”, em Daniel 8:8, é meod, a palavra mais comu- mente utilizada para significar “muito” (66 vezes na ARA). No AT, meod é traduzida como “grande”, “sobremodo” e “sobremaneira” 54 vezes (Nm 22:3; Gn 15:1; I Rs 1:4; etc.). Não se pode argumentar que yether (Dn 8:9) represente um grau maior que meod. Qualquer predomínio de Roma sobre a Grécia deve se provar historicamente, não com base nestas palavras.Para o sul. O Egito foi, durante muito tempo, um protetorado não oficial de Roma. Seu destino já estava nas mãos de Roma em 168 a.C., quando se ordenou que Antíoco Epifânio, que buscava fazer guerra contra os ptolomeus, se retirasse do país. O Egito, ainda sobre a administração de seus governantes ptolomaicos, foi um peão da política romana oriental por muitos anos, antes de se tornar província romana, em 30 a.C.Para o oriente. O império selêucida perdeu suas terras mais ocidentais para Roma, em 190 a.C. e, finalmente, tornou- se a província romana da Síria, em 65 a.C. ou pouco depois.Para a terra gloriosa. Do heb. tsevi, “ornamento”, “decoração”, “glória”. Aqui, refere-se a Jerusalém ou a Palestina. Tsevi é traduzido como “gloriosa” em Daniel 11:16 e 41. A Palestina foi incorporada ao império romano em 63 a.C. |
Dn.8:10 | 10. Exército dos céus. Daniel ainda descreve o que viu em visão. Uma vez que o anjo, depois, dá a interpretação (v. 24), não se é deixado no escuro quanto ao significado do que é descrito aqui. O “exército” e as “estrelas” obviamente representam “os poderosos e o povo santo" (v. 24).E os pisou. Isto se refere à fúria com que Roma perseguiu o povo de Deus através dos séculos. No tempo dos tiranos pagãos Nero, Décio e Diocleciano e, depois, no período papal, Roma jamais hesitou em tratar com dureza aqueles a quem condenou. |
Dn.8:11 | 11. Príncipe do exército. O v. 25 fala deste mesmo poder que se levanta contra o Príncipe dos príncipes. A referência é a Cristo, que foi crucificado sob a autoridade de Roma (ver com. de Dn 9:25; 11:22).Dele. Do heb. mimmennu. O hebraico desta passagem apresenta dificuldades de tradução. Uma tradução bem diferente se encontra na versão grega de Teodócio. Ela diz: “E [isso será] até o capitão ter livrado o cativeiro: e por causa dele o sacrifício foiinterrompido, e ele prosperou; e o lugar santo ficará desolado.” Não há como determinar até que ponto essa versão reflete mais perfei- tamente o texto original de Daniel. O texto massorético refletido na ARA parece no todo ser a tradução mais natural.Sacrifício diário. Do heb. tamid, palavra que ocorre 103 vezes no AT, usada tanto como advérbio quanto como adjetivo. Indica algo “contínuo” ou que dura “continuamente”, e se aplica a vários conceitos, como emprego contínuo (Ez 39:14), sustento permanente (2Sm 9:7-13), tristeza contínua (SI 38:17), esperança contínua (SI 71:14), provocação contínua (Is 65:3), etc. E usada, com frequência, em relação ao ritual do santuário para descrever várias características de seus serviços regulares, como o “pão contínuo” que era mantido sobre a mesa da proposição (Nm 4:7), a lâmpada que devia estar acesa continuamente (Ex 27:20), o fogo que devia ser mantido acesso no altar (Lv 6:13), os holocaustos que deviam ser oferecidos dia após dia (Nm 28:3, 6) e o incenso que devia ser oferecido de manhã e à tarde (Ex 30:7, 8). A palavra em si não significa “diariamente”, mas simplesmente “contínuo” ou “regular”. Das 103 ocorrências, ela é traduzida na ARA como “diário” apenas nas cinco ocorrências em Daniel (8:11, 12, 13; 11:31; 12:11). A idéia de “diário” se derivou, evidentemente, não da palavra em si, mas daquilo com o que estava associada.Em Daniel 8:11, tamid tem o artigo definido e, portanto, é usado como adjetivo. Além disso, se apresenta independentemente, sem um substantivo. No Talmude quando tamid é usado de forma independente, como neste caso, a palavra denota o sacrifício diário. Os tradutores das versões que acrescentaram a palavra “sacrifício”, obviamente entenderam que o holocausto diário era o tema da profecia.Quanto ao significado de tamid, nesta passagem, há três pontos de vista principais: 1. O termo “diário'’ se refere exclusiva- mente aos sacrifícios oferecidos no templo em Jerusalém. Alguns eruditos que defendem esta ideia aplicam a retirada do “diário” à interrupção do serviço do templo por Antíoco Epifânio, por um período de três anos, 168-165 ou 167-164 a.C. (ver com. de Dn 11:14). Outros a aplicam à desolação do 4 templo pelos romanos, em 70 d.C. 2. O termo “diário” significa “paganismo”, em contraste com “a abominação desoladora” (Dn 11:31), ou o papado. Ambos os termos identificam poderes perseguidores. A palavra para “diário”, com o significado correto de “contínuo”, se refere à longa continuidade da oposição de Satanás à obra de Cristo por meio do paganismo. A retirada do diário e o estabelecimento da “abominação desoladora” representa a Roma papal substituindo a Roma pagã, e esse evento é o mesmo descrito em 2 Tessalonieenses 2:7 e Apocalipse 13:2. 3. O termo "diário” (“contínuo ’) se refere ao ministério sacerdotal contínuo de Cristo no santuário celestial (Hb 7:25; IJo 2:1) e à verdadeira adoração de Cristo na era do evangelho. A retirada do "diário” representa a substituição pelo papado da união voluntária de todos os crentes em Cristo pela união obrigatória com uma igreja visível, da autoridade de um cabeça visível (o papa) no lugar de Cristo, a cabeça invisível da igreja, de uma hierarquia sacerdotal no lugar do acesso direto a Cristo para todos os crentes, de um sistema de salvação por obras ordenadas pela igreja no lugar da salvação pela fé em Cristo e, mais particularmente, do confessionário e da missa no lugar da obra mediadora de Cristo como sumo sacerdote nas cortes celestiais. Esse sistema desviou por completo a atenção do ser humano de Cristo e, assim, o privou dos benefícios de Seu ministério.Além disso, visto que esse terceiro ponto de vista defende que o “chifre pequeno” é um símbolo da Roma imperial bem como da Roma papal (ver com. dos v. 9, 13), previsõescom respeito a suas atividades podem também ser compreendidas como aplicadas à Roma pagã, bem como à Roma papal. Assim, o “diário” pode também se referir ao templo terrestre e a seus serviços; e a retirada do “diário” pode apontar para a desolação do templo pelas legiões romanas, em 70 d.C. e a consequente cessação dos serviços sacrificais. Foi a esse aspecto da atividade da “abominação desoladora" que Cristo se referiu ao falar dos eventos então futuros (ver com. de Dn 11:31; cf. Mt 24:15-20; Lc 21:20).Ao comentar sobre esses três pontos de vista, pode-se dizer que o primeiro fica descartado pelo fato de Antíoco não se ajustar aos períodos de tempo ou a outras especificações da profecia (ver com. de Dn 9:25).Tanto a segunda interpretação quanto a terceira são defendidas por eruditos adven- tistas, contudo a terceira tem mais aceitação. Alguns consideram que o “diário” se refere ao paganismo, e outros que o “diário” se refere ao ministério sacerdotal do Senhor. 'Talvez essa seja uma das passagens das Escrituras acerca da qual é preciso ainda mais luz a fim de se chegar a uma conclusão definitiva. Assim como ocorre com outras passagens difíceis das Escrituras, a salvação não depende do entendimento completo do significado de Daniel 8:11 (sobre o desenvolvimento histórico do segundo e do terceiro pontos de vista, ver p. 47-52).Lugar. Do heb. makon. A palavra é usada na frase “para a Casa de Deus, para a restaurarem no seu lugar” (Ed 2:68). A referência principal, neste caso, deve ser à destruição de Jerusalém (ver Dn 9:26). |
Dn.8:12 | 12. Exército. Do heb. tsava, que geralmente significa “hoste” ou “exército” e, algumas vezes, "serviço”, como trabalho voluntário ou militar (ver Jó 7:1; 10:17; 14:14; Is 40:2). Interpretada como “hoste” ou “exército”, a previsão pode se referir às multidões que caíram sob a influência desse poder. O poder se tornaria grandioso, “mas não por sua própria força” (Dn 8:24; ver com. de Dn 10:1).Deitou por terra a verdade. O papado encheu a verdade de tradição e a obscureceu com a superstição. |
Dn.8:13 | 13. Até quando [...]? O hebraico diz, literalmente: “Àté quando a visão, o contínuo, a transgressão desoladora dar o santuário e o exército a serem pisados.’Sacrifício diário. Ver com. do v. 11.Da transgressão assoladora. Este termo aponta para ambos os sistemas pagão e papal da religião falsa em conflito com a religião de Deus (ver com. dos v. 9, 11).Santuário. Ver com. do v. 14.Exército. Ver com. do v. 10. |
Dn.8:14 | 14. Ele me disse. A LXX, Teodócio e a | Siríaca dizem “a ele".Tardes e manhãs. Do heb. ereb boqer, literalmente, "tarde manhã”, expressão que se compara à descrição dos dias da criação: “Houve tarde e manhã, o primeiro dia’’ (Cm .1:5), etc. Na LXX, a palavra "dias” vem depois da expressão "tardes e manhãs”.Na tentativa de fazer coincidir, ainda que aproximadamente, este período com os três anos da devastação do templo por parte de Antíoco IV, alguns sutilmente contaram as "2.300 tardes e manhãs” como 1.150 dias literais.A respeito disso, C. F. Keil advertiu que o período profético das 2.300 tardes e manhãs não pode ser entendido como "2.300 meio- dias nem como 1.150 dias inteiros, porque tarde e manhã na criação constituem não a metade, mas o dia inteiro”. Depois de citar essa declaração, Edvvard Young diz: "Por isso, devemos entender que a frase significa 2.300 dias” (The Prophecy of Daniel, p. 174).Comentaristas têm tentado, mas sem êxito, encontrar algum acontecimento na história que se ajuste ao período de 2.300 dias literais. Como observa Wright: "Contudo, todos os esforços para harmonizar o período, seja de 2.300 dias ou de 1.150 dias, com qualquer época histórica precisa mencionada no livro dos iVlacabeus ou emjosefo provaram-se inúteis. [...] O professor Driver tem razão ao declarar: ‘Parece impossível encontrar dois eventos separados por 2.300 dias (= 6 anos e 4 meses) que corresponda à descrição”’ (Charles H. H. Wright, Daniel anã His Prophecies, 1906, p. 186, 187). A única forma de se dar consistência a esses "dias” é computá-los no sentido profético mediante a aplicação do princípio dia-ano.O tempo mencionado aqui é específico e definido, mas, em Daniel 8, não se indica nenhuma data para seu início. Porém, no cap. 9, menciona-se essa data de forma específica (ver com. de Dn 9:25). Ela se mostrará ser 457 a.C. A partir dessa data corno início, os 2.300 dias proféticos, que representam o mesmo número de anos solares (ver com. de Dn 7:25), chegam ao ano 1844 d.C. Há evidência contextual de que Daniel 9:24 a 27 fornece uma explicação da visão de Daniel 8:13 a 14, e de que localiza o ponto de partida dos 2.300 dias ou anos (ver com. de Dn 9:21; sobre a validade da data 457 a.C., ver com. de Dn 9:25; sobre uma edição da LXX em que ocorre "2.400” em vez de “2.300”, citada com frequência há algum tempo, ver p. 58).Santuário. Visto que os 2.300 anos conduzem a uma data tardia da era cristã, este santuário não pode ser o templo em Jerusalém, destruído em 70 d.C. O santuário da nova aliança é claramente o celestial, “que o Senhor erigiu, não o homem'’ (Hb 8:2; GC, 411-417). Cristo é o sumo sacerdote desse santuário (Hb 8:1). João anteviu um tempo quando se daria atenção especial ao "santuário de Deus, o seu altar e os que naquele adoram” (Ap 11:1). Os símbolos empregados pelo revelador são notavelmente similares aos empregados em Daniel 8:11 a 13.Será purificado. Do heb. isadhacj, "ser justo”, "ser reto ”. O verbo ocorre na forma nifal apenas nesta passagem, o que sugere um significado especial ao termo. Lexicógrafos e tradutores sugerem significados diversos,como “ser posto em retidão” ou “ser posto numa condição reta”, “ser retificado”, “ser declarado reto”, “ser justificado” e “ser vin- dicado”. A tradução “será purificado” é a tradução da LXX, que aqui apresenta a forma verbal katharisthêsetai. Não se sabe se os tradutores da LXX adaptaram o significado do heb. tsadhaq ou se traduziram a partir de manuscritos empregando uma palavra hebraica diferente, talvez tahar, a palavra hebraica comum para “estar limpo”, “limpar”. A Vulgata tem a forma mundabitur, que também significa “limpo” (ver com. de Dn 9:24).Para determinar o acontecimento relacionado ao santuário celestial referido neste versículo, é útil examinar os serviços do santuário terrestre, pois os sacerdotes desse santuário ministravam “em figura e sombra das coisas celestes” (Hb 8:5). Os serviços no tabernáculo do deserto e no templo consistiam de duas divisões principais: os diários e os anuais. A ministração diária de Cristo como sumo sacerdote foi tipificada nos serviços diários. O Dia da Expiação anual tipi- í" ficava uma obra que Cristo realizaria no final dos tempos (para uma discussão detalhada dessas duas fases do ministério sacerdotal, ver com. de Lv 1:16; ver também GC, 418-432). A profecia de Daniel 8:14 anuncia o tempo para o início dessa obra especial. A purificação do santuário celestial compreende toda a obra do juízo final, que começa com a fase investigativa e termina com a fase executiva, que resulta na erradicação permanente do pecado de todo o universo.Um aspecto importante do juízo final é a vindicação do caráter de Deus perante todos os seres do universo. As acusações falsas que Satanás apresentou contra o governo de Deus serão demonstradas sem fundamento. No final, se verá que Deus foi completamente justo na escolha de determinados indivíduos para comporem Seu futuro reino, e ao impedir outros de entrarem ali. Os atos finais de Deus despertarão nas pessoas a confissão:“justos e verdadeiros são os Teus caminhos” (Ap 15:3), “Tu és justo” (Ap 16:5), e, “verdadeiros e justos são os Teus juízos” (Ap 16:7). O próprio Satanás será levado a reconhecer a justiça de Deus (ver GC, 670, 671). A palavra traduzida como “justo” é dikaios, equivalente ao termo heb. tsadhiq, derivado de tsadhaq, forma da qual se traduz “será purificado”, em Daniel 8:14. Portanto, o heb. tsadhaq pode transmitir a ideia adicional de que o caráter de Deus será completamente vindicado como o clímax da “hora do Seu juízo” (Ap 14:7), que começou em 1844 (ver Problems in Bible Translation, p. 174-177). |
Dn.8:15 | 15. Procurei entendê-la. Daniel não entendeu o significado do que tinha visto. Muitas vezes, os portadores de uma mensagem profética precisam estudar essa mensagem a fim de descobrir seu significado (lPe 1:10-12). É dever do profeta relatar fielmente o que viu e ouviu (ver Ap 1:11). |
Dn.8:16 | 16. Gabriel. No AT, o nome Gabriel ocorre apenas aqui e em Daniel 9:21. O NT relata a aparição deste ser celestial para anunciar o nascimento de João Batista (Lc 1:11-20) e, mais uma vez, para anunciar a Maria o nascimento do Messias (Lc 1:26-33). O visitante angélico declarou de si mesmo: “Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus” (Lc 1:19). Gabriel ocupa a posição da qual Satanás caiu (ver DTN, 693; cf. DTN, 99). Gabriel também foi o portador das mensagens proféticas a João (Ap 1:1; cf. DTN, 99; ver com. de Lc 1:19). |
Dn.8:17 | 17. Tempo do fim. O período revelado na visão alcança até o tempo quando o poder desolador será destruído, um evento associado à vinda de Jesus (2Ts 2:8).Ao se buscar uma interpretação dos símbolos desta visão, deve-se ter em mente o fato de que os últimos eventos representados nela serão cumpridos no fim da história do mundo. Qualquer explicação que encontre um cumprimento completo da visão num período anterior, como a época dos macabeus(ver com. de Dn 8:25) não desvenda claramente as especificações do anjo, e deve ser considerada errônea e enganosa. |
Dn.8:18 | Sem comentário para este versículo |
Dn.8:19 | 19. No último tempo da ira. Ver com.de v. 17. |
Dn.8:20 | 20. Aquele carneiro. Ver com. dos v. 3,4. |
Dn.8:21 | 21. Peludo. Do heb. sa ir, que também é usado de forma independente para descrever um bode (Gn 37:31; Lv 4:23; etc.; sobre a interpretação, ver com. de Dn 8:5).O chifre grande. Um símbolo de Alexandre, o Grande, o “primeiro rei” do império greco-macedônico que substituiría o império persa (ver com. dos v. 5-8; Dn 7:6). |
Dn.8:22 | 22. Quatro reinos. Comparar com o v. 8 e com Dn 11:4; sobre os reinos helenísticos que surgiram do império de Alexandre, ver com. de Dn 7:6. O cumprimento exato destes detalhes da visão garante que o que se segue certamente acontecerá conforme predito. |
Dn.8:23 | 23. No fim do seu reinado. Isto é, depois que as divisões do império de Alexandre tivessem existido por algum tempo. O império romano surgiu de forma gradual e conquistou a supremacia só depois que as divisões do império macedônico se enfraqueceram. A profecia se aplica a Roma em suas formas pagã e papal. Parece haver uma combinação de aplicações, com alguns elementos que se aplicam a ambas as formas, outros mais especificamente a uma ou a outra (ver com. de Dn 8:11). E fato histórico que a Roma papal foi a continuação do império romano: “Quaisquer tenham sido os elementos romanos que os bárbaros e arianos deixaram [...] foram [...] postos sob a proteção do bispo de Roma, que era a principal pessoa ali depois do desaparecimento do imperador. [... | A igreja romana, dessa forma, secretamente se colocou no lugar do império mundial romano, do qual é a continuação real; o império não pereceu, apenas passou por uma transformação. [...] isso não é mera ‘observação sagaz’, mas o reconhecimento histórico do verdadeiro estado decoisas, e a maneira mais apropriada e frutífera de descrever o caráter dessa Igreja. Ela ainda governa as nações. [...] E uma criação política, e tão imponente como um império mundial, por ser a continuidade do império romano. O papa, que se autodenomina 'Rei’ e ‘Pontífice Máximo’ é o sucessor de César” (Adolf Harnack, What Is Cristhianity? [Nova York; G. P. Putnams Sons, 1903], p. 269, 270, itálicos no original).Os prevaricadores. As versões gregas trazem “pecados”, tradução que pode ser obtida do hebraico por meio de uma mudança na pontuação massorética.Acabarem. Pode ser uma referência a várias nações, ou talvez em específico aos judeus, que encheram a taça de sua iniquidade (ver Gn 15:16; Ed, 173-177).Levantar-se-á. Isto é, assumirá poder.Feroz catadura. Provável alusão à Deu- teronômio 28:49 a 55.Intrigas. Do heb. chidhoth, “enigmas” (Nm 12:8; Jz 14:12; Ez 17:2) ou “perguntas difíceis” (lRs 10:1). Alguns creem que o significado nesta passagem seja “linguagem ambígua” ou “duplicidade”. |
Dn.8:24 | 24. Não por sua própria força. Comparar com “o exército lhe foi entregue” (v. 12). Alguns veem aqui referência ao fato de o papado reduzir o poder civil à subserviência e fazer com que a espada do estado se levantasse em favor de seus objetivos religiosos.Causará estupendas destruíções. Este poder perseguiu até à morte os que se opuseram às suas afirmações blasfemas, e teria eliminado “o povo santo” se o Senhor não tivesse intervindo. |
Dn.8:25 | 25. Astúcia. Ou, “engano”. Os métodos deste poder são a sutileza e o engano.Que vivem despreocupadamente. Isto é, enquanto muitos sentem que estão vivendo em segurança, serão destruídos inadvertidamente.Príncipe dos príncipes. E evidente que se refere ao mesmo ser designado como“príncipe do exército”, no v. II, ninguém além de Cristo. Foi um governador romano que sentenciou Cristo à morte, mãos romanas O pregaram na cruz, e uma lança romana perfurou Seu lado.Sem esforço de mãos humanas. Isto implica que o próprio Senhor, ao final, destruirá esse poder (ver Dn 2:34). O sistema eclesiástico representado por esse poder continuará até que seja destruído sem esforço de mãos humanas, na segunda vinda de Cristo (ver 2Ts 2:8).Alguns comentaristas defendem o ponto de vista de que o poder do “chifre pequeno” (em Dn 8) simboliza Antíoco Epifânio (ver com. de Dn 11:14). No entanto, um exame cuidadoso da profecia torna evidente que esse rei selêucida perseguidor não cumpre as especificações reveladas. Os quatro chifres do bode (Dn 8:8) eram reinos (v. 22), e é natural esperar que o “chifre pequeno” seja também um reino. Mas Antíoco foi apenas um rei do império selêucida, portanto, parte de um chifre. Sendo assim, ele não poderia ser outro chifre. Além disso, esse chifre se tornou muito forte para o sul, para o oriente e para a terra gloriosa da Palestina (v. 9). A entrada de Antíoco no Egito terminou em humilhação diante dos romanos. Seus êxitos na Palestina foram breves e seu avanço ao oriente foi interrompido por sua morte. Sua política de impor o helenismo fracassou por completo, e a sagacidade não lhe rendeu prosperidade notável (v. 12).Além disso, Antíoco não viveu no final (v. 23) dos reinos helenísticos divididos, mas em cerca da metade do período; seupoder dificilmente poderia ser atribuído a qualquer coisa além de sua própria força (v. 22); sua astúcia e estratégia mais fracassaram que prosperaram (v. 25); ele não se levantou contra nenhum “Príncipe dos príncipes” judeu (v. 25); ele deitou a verdade por terra (v. 12) de forma temporária e não teve êxito, pois isso levou os judeus a defenderem sua fé contra o helenismo. Muito embora tenha dito palavras arrogantes, oprimido o povo de Deus e profanado o templo, durante um breve período, e se possam alegar alguns outros pontos parcialmente verdadeiros quanto às suas atividades, é óbvio que não se encontra em Antíoco um cumprimento adequado de muitas especificações da profecia (ver mais no com. do v. 14; Dn 9:25; 11:31). |
Dn.8:26 | 26. Da tarde e da manhã. Clara referência à profecia do v. 14 (ver com. ali). Neste momento, o anjo não dá mais esclarecimentos da visão dos 2.300 dias, mas apenas enfatiza sua veracidade.Preserva. Comparar com instruções similares registradas em Daniel 12:4 (ver com. ali).A dias ainda mui distantes. O cumprimento dos vários detalhes da visão deste capítulo se estendería ao futuro distante. |
Dn.8:27 | 27. Eu, Daniel, enfraquecí. Sem dúvida, Daniel estava profundamente preocupado com os eventos revelados. Em vez de prever um fim imediato à ira, Gabriel informou ao profeta que o fim se daria num futuro distante.E não havia quem a entendesse. Mais informações foram dadas depois (ver com. de Dn 9:23).Capítulo 9I Daniel considera o tempo do cativeiro, 3 faz confissão de pecados e 16 ora pela restauração de Jerusalém. 20 Gabriel lhe informa sobre as setenta semanas.derramaram sobre nós, porque temos pecado contra Ti.eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos. |
Dn.9:1 | 1. No primeiro ano de Dario. Sobre a identidade e data de Dario, o medo, ver Nota Adicional a Daniel 6. E raro que o primeiro-ministro de um reino conquistado seja apontado como alto oficial pelo conquistador, mas isso aconteceu com Daniel. Por causa de suas habilidades e integridade, os persas não o executaram, e sim lhe deram um posto elevado. |
Dn.9:2 | 2. Entendi, pelos livros. Embora ocupado com os negócios do reino, o profeta não parou de estudar a Palavra de Deus. Daniel, obviamente, estava perplexo quanto a como relacionar o que lhe fora revelado na \ isão do cap. 8 aos eventos do futuro imediato: o retorno dos judeus no final dos 70 anos (Jr 29:10; ver com. de Dn 9:21).Setenta anos. Sobre a data destes anos, ver vol. 3, p. 86, 87. Este período estava quase expirando. Não é de surpreender que a atenção de Daniel estivesse voltada a esta profecia de tempo. Ele estava ansioso para que o Senhor libertasse Seu povo cativo. |
Dn.9:3 | 3. Para O buscar com oração. Embora o Senhor tivesse prometido libertar Seu povo no tempo indicado, Daniel sabia da naturezacondicional de muitas promessas divinas (ver Jr 18:7-10). Ele pode ter temido que a impe- nitência de seu povo pudesse adiar o cumprimento da promessa (ver San, 48). Além disso, a visão de Daniel 8 previa mais desolação do santuário e da cidade. Sua falta de entendimento da “visão da tarde e da manhã'’ (v. 26) deve tê-lo deixado profundamente perplexo. |
Dn.9:4 | 4. Orei. Os v. 4 a 19 registram uma das mais notáveis orações do AT. E uma oração em favor do povo de Deus, feita por um coração sincero.Deus grande e temível. Comparar com Ne 1:5; 9:32. A palavra traduzida como “temível” (heb. nora) significa “que inspira pavor” ou “reverenciado” (ver com. de SI 111:9).Que guardas a aliança. Daniel começa sua oração reconhecendo a fidelidade de Deus. O Senhor nunca falha em manter Suas promessas. Ele é um Deus que guarda a aliança. Ele cumprirá Sua parte no acordo. Se a aliança falhar, a culpa é do ser humano (ver Hb 8:8).Os que Te amam. O amor a Deus e a guarda de Seus mandamentos sempre andam juntos. Aqueles que amam a Deussão admoestados a demonstrarem esse amor por meio da observância de Seus mandamentos (Jo 14:15). Um requisito essencial acompanha o outro. O amor a Deus resultará na obediência feliz e voluntária. A igreja verdadeira no fim dos tempos é distinguida pela guarda dos mandamentos (Ap 12:17). |
Dn.9:5 | 5. Temos pecado. Comparar com lRs 8:47; SI 106:6. Daniel se identifica com seu povo. Não há justiça própria em sua oração. |
Dn.9:6 | 6. Os profetas. Sempre foi dever dos profetas despertar a atenção do povo para a negligência para com os preceitos divinos, bem como dar instruções em caso de emergência. No entanto, a direção divina bondosamente proposta foi ignorada quase por completo. O pecado do povo não se devia à ignorância, mas à desobediência voluntária. |
Dn.9:7 | 7. Justiça. Daniel contrasta a justiça de Deus com a injustiça de Israel. Em todo Seu trato com a humanidade em geral e com Israel, em particular, Deus sempre manifestou justiça. |
Dn.9:8 | Sem comentário para este versículo |
Dn.9:9 | 9. A misericórdia e o perdão. Literalmente, “compaixão e perdão”. Apesar da rebelião e da apostasia de Israel, Daniel permaneceu confiante no Senhor que, por causa de Sua grande misericórdia, estava pronto a perdoar aqueles que fossem a Ele com o coração contrito. Confiantemente, Daniel roga a Deus pelo povo de Israel. Ele ressalta a compaixão divina em contraste com a pecami- nosidade do povo. |
Dn.9:10 | Sem comentário para este versículo |
Dn.9:11 | 11. A maldição. Moisés tinha predito que uma maldição cairia sobre todos que voluntariamente fossem desobedientes à lei de Deus (Lv 26:14-41; Dt 28:15-68). Esse tratamento era merecido.Servo de Deus. Moisés é chamado assim (Dt 34:5; Js 1:13). |
Dn.9:12 | Sem comentário para este versículo |
Dn.9:13 | 13. Como está escrito. Ver Dt 29:21, 27. |
Dn.9:14 | 14. Cuidou. Do heb. shaqad, que significa “estar alerta”, “estar desperto”. |
Dn.9:15 | 15. Que tiraste o Teu povo. Daniel cita o grande livramento dos filhos de Israeldo cativeiro egípcio e baseia sua petição no grande ato de misericórdia do Senhor por ocasião do êxodo. |
Dn.9:16 | 16. Justiças. No hebraico, o substantivo está no plural, sugerindo, sem dúvida, os muitos atos de justiça realizados por Deus em favor de Seu povo. Daniel não apresenta seu pedido com base em alguma bondade do povo; para fundamentar sua petição, ele cita as ações bondosas do Senhor para com Israel no passado.Teu santo monte. Israel deveria ter sido luz para o mundo todo (ver com. de 2Sm 22:44, 50; lRs 8:43; 2Rs 23:27), mas, devido à rebelião obstinada, Jerusalém e Israel se tornaram objeto de escárnio entre as nações da terra. |
Dn.9:17 | 17. Santuário. A mente de Daniel estava centrada no santuário em Jerusalém. Durante os muitos anos de cativeiro, a cidade e o santuário permaneceram em ruínas, mas o tempo para a reconstrução estava próximo.Faze resplandecer o rosto. Expressão cujo significado é “olhar com favor” (ver Nm 6:25). |
Dn.9:18 | Sem comentário para este versículo |
Dn.9:19 | 19. Retardes. Do heb. 'achar, “demorar”, “hesitar”. Daniel estava ansioso para que o livramento prometido não fosse adiado. O Senhor Se alegra diante da súplica para se apressar a prometida salvação. |
Dn.9:20 | Sem comentário para este versículo |
Dn.9:21 | "21. Gabriel. Ver Dn 8:15, 16. Este é o mesmo ser que explicou as primeiras três partes da visão de Daniel 8. Ele voltou com o propósito de completar a tarefa.Alguns comentaristas não percebem a estreita conexão entre os cap. 8 e 9, nem a relação entre os 2.300 “dias” de Daniel 8:14 e as 70 “semanas” de Daniel 9:24. Contudo, o contexto requer precisamente essa relação, como demonstram os seguintes dados:
1. Todos os símbolos da visão de Daniel 8:2 a 14 são explicados plenamente nos v. 15 a 26, com exceção dos 2.300 “dias” dos v. 13 e 14 (ver GC, 325). De fato, os v. 13 e 14 são explicados nos v. 24 e 25, exceto o elemento de tempo envolvido. No v. 26, Gabriel mencionao elemento de tempo, mas interrompe a explicação antes de dizer algo sobre isso.
2. Daniel sabia que os 70 anos de cativeiro preditos pelo profeta Jeremias estavam quase no fim (Dn 9:2; ver vol. 3, p. 79-82, 83-87; ver com. de Jr 25:11).
3. Daniel não entendeu o período de 2.300 dias, a única parte da visão não explicada até então (Dn 8:26); evidentemente, ele temia que indicasse uma extensão do cativeiro e a continuidade da desolação do santuário (ver Dn 9:19). Sabia que a promessa de restauração dependia do arrependimento sincero de Israel (ver p. 21; San, 48).
4. A perspectiva de uma terrível perseguição durante o curso dos 2.300 “dias” (Dn 8:10-13, 23-25) era mais do que Daniel podia suportar e, em resultado, ele enfraqueceu e esteve enfermo alguns dias (Dn 8:27; GC, 325). Por isso, o anjo interrompeu a explicação da visão nesse momento.
5. Durante o intervalo que precedeu o retorno do anjo (Dn 9:21), Daniel se voltou para as profecias de Jeremias em busca de um claro entendimento do propósito divino no cativeiro (ver p. 18) principalmente com respeito aos 70 anos (Dn 9:2).
6. Concluindo que a transgressão de Israel como nação era a causa do que ele evidentemente considerava ser uma extensão dos 70 anos, Daniel intercedeu com mais fervor junto a Deus por perdão, pelo retorno dos exilados e pela restauração do santuário desolado em Jerusalém (ver Dn 9:3-19). Sua oração se encerra com uma reiteração do pedido para que Deus perdoasse os pecados da nação e que não postergasse a restauração prometida (v. 19).
7. A parte não explicada da visão do cap. 8 previa que “o santuário e o exército” seriam “pisados” (v. 13, 14, 24) por um período de 2.300 “dias”. Na oração, Daniel roga a Deus que o tempo determinado para o cativeiro não se estendesse (ver v. 16-19). Uma atenta comparação da oração do cap. 9 como problema do cap. 8 deixa claro, sem dúvida, que Daniel tinha o problema em mente ao orar. Ele pensava que a visão dos 2.300 “dias” de desolação do santuário e de perseguição ao povo de Deus indicava que Deus adiaria a restauração (Dn 9:19).
8. Em resposta a essa oração, Gabriel, que tinha sido enviado para explicar a visão de Daniel 8 (v. 15-19), mas que ainda não tinha concluído a explicação, saudou Daniel com o anúncio: “Agora, saí, para fazer-te entender o sentido” (Dn 9:22).
9. A explicação de Daniel 9:24 a 27 é claramente a resposta do Céu à oração de Daniel (v. 23) e a solução do problema sobre o qual ele orava. Houve uma ordem original a Gabriel para explicar a visão a Daniel (8:16) e uma renovação dessa ordem no momento da oração de Daniel (9:23). Gabriel orienta o profeta para que entenda e saiba o significado da visão (8:17, 19) e usa expressões semelhantes em Daniel 9:23.
10. Foi dito a Daniel: “considera, pois, a coisa e entende a visão” (9:23), isto é, a visão que tinha tido “ao princípio” (v. 21). Isso só pode se referir à visão de Daniel 8:2 a 14, visto que nenhuma outra visão tinha sido dada desde então. No entanto, Daniel já tinha entendido a visão, exceto os 2.300 “dias” (comparar as palavras “dá a entender a este a visão” (8:16) com “entende a visão” (9:23).
11. Sendo assim, o contexto esclarece, sem deixar dúvidas, que a explicação de Daniel 9:24 a 27 é uma continuação que completa a explicação iniciada em Daniel 8:15 a 26, e que a fala de 9:24 a 27 trata exclusivamente da parte não explicada da visão, isto é, o fator tempo, os 2.300 “dias” de Daniel 8:13 e 14. O anjo é Gabriel em ambos os casos (8:16; 9:21), o tema é idêntico, e o contexto torna evidente que a fala de Gabriel em 9:24 retoma o fio da explicação no ponto em que foi interrompida em Daniel 8:26.Rapidamente. E consolador saber que o Céu está próximo da Terra. Sempre queSeus filhos precisam de ajuda e pedem por ela, o Senhor envia um anjo para atender sem demora.E me tocou. Do heb. nagd, que pode significar simplesmente “alcançou”, ou “aproximou”. Não fica claro o significado neste caso.Sacrifício. Do heb. minchah. Na lei leví- tica, esta é a palavra comum para oferta de manjares. Uma oferta específica de flor de farinha acompanhava o sacrifício da tarde e da manhã (ver Nm 28:3-8). Daniel orava na hora em que se fazia a oferta da tarde, no templo." |
Dn.9:22 | 22. Entender. Sem dúvida, isto se refere à visão mencionada em Daniel 8:26 e 27, que “não havia quem entendesse” (8:27). Daniel não podia entender a relação entre os 70 anos de cativeiro preditos por Jeremias (Jr 29:10) e os 2.300 dias-anos que deviam se passar antes da purificação do santuário. Ele se enfraqueceu quando o anjo lhe informou que a visão se referia "a dias ainda mui distantes” (Dn 8:26). |
Dn.9:23 | 23. Entende a visão. Uma referência à “visão da tarde e da manhã” (Dn 8:26). Nas últimas palavras a Daniel, em sua visita anterior, Gabriel declarou que a visão das 2.300 tardes e manhãs era “verdadeira”. Assim, em Daniel 9:24, o instrutor divino retoma o assunto onde parou, em 8:26. |
Dn.9:24 | 24. Setenta semanas. Esta expressão parece uma introdução um tanto abrupta. Mas o anjo tinha vindo com o propósito específico de fazer com que Daniel entendesse a visão; então, de imediato, começou a explicá-la.A palavra traduzida como “semanas”, shavua.', descreve um período de sete dias consecutivos (ver Gn 29:27; Dt 16:9; Dn 10:2). No pseudoepígrafo livro dos Jubileus, bem como na Mishnah, shavua é usada para indicar um período de sete anos. Aqui, evidentemente, se trata de semanas de anos e não semanas de dias, pois, em Daniel 10:2 e 3, quando o profeta deseja especificar que as “semanas” mencionadas são semanas de sete “dias”, ele usa a expressão hebraica (shavua yamim) que significa, literalmente, “semanade dias”. Setenta semanas de anos seriam 490 anos literais, sem necessidade de aplicar o princípio dia-ano (ver com. de Dn 7:25).Estão determinadas. Do heb. chathak, palavra que ocorre só nesta passagem da Bíblia. Ela ocorre no hebraico pós-bíblico com o significado “cortar”, “separar”, “determinar”, “decretar”. A LXX diz krinõ, “decidir”, “julgar”, etc. A versão de Teodócío diz suntemnõ, “reduzir”, “abreviar”, etc., significado que se reflete na tradução da Vulgata, abbreviare. Deve-se determinar o matiz exato de significado a partir do contexto. 'Fendo em vista o fato de que Daniel 9 é uma apresentação da parte não explicada da visão de Daniel 8 (ver com. de Dn 9:3, 21-23), e visto que a parte não explicada tinha a ver com os 2.300 “dias”, é lógico concluir que as 70 semanas, ou 490 anos, seriam “cortadas” desse período mais longo. Além disso, na ausência de evidência contrária, pode-se supor que as 70 semanas seriam cortadas do início desse período.À luz dessas observações, a tradução de chathak como “cortadas” parece singularmente apropriada. Visto que os 490 anos foram especialmente atribuídos aos judeus com respeito : ao seu papel como povo escolhido de Deus, as traduções “determinar” e “decretar” também são apropriadas neste contexto.Teu povo. Os 490 anos se aplicavam em especial ao povo judeu.Para fazer cessar. Do heb. lekalle, da raiz kela, “restringir”. A passagem pode se referir ao poder restritivo que Deus exercería sobre as forças do mal durante o período determinado aos judeus. No entanto, cerca de 40 manuscritos hebraicos trazem lekalleh, forma que claramente vem de kalah, “completar”. Se kalah é a raiz, então é evidente que a passagem se refere ao fato de que, dentro desse período, os judeus completariam a medida de sua iniquidade. Deus tinha suportado os israelitas por muito tempo, dado a eles muitas oportunidades, mas eles continuamente O desapontaram (ver p. 19, 20).Para dar fim aos pecados. Esta frase pode ter um significado paralelo à que a precede, “cessar a transgressão”. Alguns eruditos observam que a palavra traduzida como “pecados” (do heb. chattaoth ou chattath, de acordo com alguns manuscritos e os mas- soretas) pode significar “pecados” ou “ofertas pelo pecado”. Das 290 ocorrências no AT, chattath significa “pecado” 155 vezes, e “oferta pelo pecado” 135 vezes. Se “ofertas pelo pecado” é o significado pretendido, sugere-se a seguinte interpretação: Quando, no calvário, Cristo Se tornou o antítipo das ofertas sacrificais do santuário, não era mais necessário que o pecador trouxesse sua oferta (ver Jo 1:29). Porém, a forma plural chattaoth quase sempre descreve pecados e, apenas uma vez, a menos que esta seja também uma exceção, indica ofertas pelo pecado (Ne 10:33).Para expiar a iniquidade. Do heb.kafar, que em geral se traduz como “fazer expiação” (ver Ex 30:10; Lv 4:20; etc.). Por meio de Seu sacrifício vicário no calvário, Cristo tornou possível a reconciliação de todos os que aceitam Seu sacrifício.Justiça eterna. Cristo não veio à Terra simplesmente para fazer com que os pecados fossem apagados, mas para reconciliar a humanidade com Deus. Ele veio para tornar possível imputar e compartilhar Sua justiça ao pecador penitente. Quando os seres humanos O aceitam, Ele lhes confere a veste de Sua justiça, e eles ficam na presença de Deus como se nunca houvessem pecado (ver CC, 62). Deus ama os arrependidos e os crentes assim como a Seu único Filho e, por amor a Cristo, os aceita em Sua família. Por meio de Sua vida, morte e ressurreição, Cristo disponibilizou a justiça eterna a todo filho de Adão que, com fé, se dispõe a aceitá-Lo.Para selar. Neste caso, evidentemente, não no sentido de “fechar”, mas de “confirmar” ou “ratificar”. O cumprimento das previsões relacionadas à primeira vinda doMessias, no tempo especificado na profecia, garante que os outros aspectos da profecia, em particular os 2.300 dias proféticos, se cumprirão com a mesma exatidão.O Santo dos Santos. Do heb. qo- desh qodashim, “algo ou alguém santíssimo”. A expressão em hebraico se aplica ao altar (Ex 29:37; 40:10), a outros utensílios e mobília do tabernáculo (Ex 30:29), ao incenso sagrado (Ex 30:36), a ofertas de manjares específicas (Lv 2:3, 10; 6:17; 10:12), à oferta pela culpa (Lv 7:1, 6), ao pão da proposição (Lv 24:5-9), a coisas consagradas (Lv 27:28), a todo o limite do templo (Nm 18:10; Ez 43:12) e ao Santo dos Santos (Ex 26:33, 34). Em nenhuma ocorrência a frase se aplica a pessoas, a menos, como sugerem alguns, que seja aplicada dessa forma no texto em questão e em 1 Crônicas 23:13. Este último texto pode ser traduzido como: “Arão foi separado para ungi-lo como pessoa santíssima”, embora também possa ser traduzido como na ARA (“para servir no Santo dos Santos”). Eruditos judeus e muitos comentaristas cristãos defendem que a referência é ao Messias.Tendo em vista que não se pode demonstrar que a frase em hebraico se refira, em outros casos, definitivamente a uma pessoa, e visto que o santuário celestial está em questão nos aspectos mais amplos da visão (ver com. de Dn 8:14), é razoável concluir que Daniel está falando da unção do santuário celestial antes do início do ministério sumo sacerdotal de Cristo. |
Dn.9:25 | 25. Desde a saída da ordem. No tempo em que a visão foi dada, Jerusalém e o templo ainda estavam em ruínas. O Céu anuncia, então, que uma ordem seria dada ^ para reconstruí-los e restaurá-los, e que, a partir dessa data, passaria um número definido de anos até o tão esperado Messias.No livro de Esdras, registram-se três decretos que tratam da repatriação dos judeus: o primeiro, no primeiro ano de Ciro,cerca de 537 a.C, (Ed 1:1-4); o segundo, no reinado de Dario I, pouco depois de 520 (Ed 6:1-12); e o terceiro, no sétimo ano de Artaxerxes, 458/457 a.C. (Ed 7:1-26; ver mais informações no vol. 3, p. 87-95).Nesses decretos, nem Ciro nem Dario dispuseram medidas efetivas para a restauração do estado civil como uma unidade completa, embora se tenha prometido uma restauração de ambos os governos religioso e civil na profecia de Daniel. O decreto do sétimo ano de Artaxerxes foi o primeiro a dar plena autonomia ao estado judeu, então sujeito ao domínio persa.Um dos papiros de data dupla encontrados na colônia judaica de Eleíantina, no Egito (ver vol. 3, p. 94-99), foi escrito no ano da ascensão de Artaxerxes, em janeiro de 464 a.C. Esse é o único documento conhecido desse ano. Comparado com outros registros antigos, pode-se deduzir que, pelo computo judaico, o “início de seu reinado” ou “ano de ascensão” (ver vol. 2, p. 121-123), começou após o ano novo judaico de 465 a.C. e terminou no ano novo seguinte, no outono de 464. Portanto, seu “primeiro ano”’ (ou primeiro ano-calendário completo) teria sido do outono de 464 ao outono de 463. O sétimo ano de Artaxerxes, então, se estenderia do outono de 458 ao outono de 457. As especificações do decreto não foram completadas até depois de Esdras ter voltado de Babilônia, o que aconteceu no último verão ou começo do outono de 457 a.C. (sobre uma discussão de Ed 7 e da exatidão histórica da data de 457 a.C. como o sétimo ano de Artaxerxes, ver vol. 3, p. 91-95; para uma discussão completa do tema, ver S. H. Horn e L. H. Wood, 'l he Chronology oj Esdras 7 [ed. rev. 1970]).Ungido. Do heb. mashiach, do verbo mashach, "ungir”. Portanto, Mashiach descreve um "ungido”, como o sumo sacerdote (Lv 4:3, 5, 16), os reis de Israel (lSm 24:6, 10; 2Sm 19:21), Giro (Is 45:1), etc. Aversão grega de Teodócio traduz Mashiach, literalmente,como Christos, palavra que vem cio verbo chriõ, “ungir”, e, portanto, significa “um ungido”. O título “Cristo” é uma translitera- ção de Christos. Na história posterior judaica, o termo mashiach foi aplicado ao esperado Libertador que viria (ver Jo 1:41; 4:25, 26).Daniel predisse que o tão esperado Príncipe Messias surgiría num tempo específico. jesus Se referiu a esse tempo quando declarou: “o tempo está cumprido” (Mc 1:15; DTN, 233). Jesus foi ungido na ocasião de Seu batismo, no outono de 27 d.C. (ver Lc 3:21, 22; At 10:38; cf. Lc 4:18).Príncipe. Ver com. de Dn 11:22.Sete semanas e sessenta e duas semanas. O método natural de se calcular estas semanas é considerá-las consecutivas, isto é, as 62 semanas começam onde terminam as sete semanas. Estas divisões compõem as 70 semanas mencionadas no v. 24 dessa forma: 7 + 62 + 1 = 70 (sobre a última semana, ver com. do v. 27).Começando com o outono de 457 a.C., quando o decreto entrou em vigor, 69 semanas proféticas, ou 483 anos, vão até o batismo de Jesus, em 27 d.C. Deve-se notar que, se os 483 anos tivessem sido computados desde o início de 457 a.C., teriam se estendido até o final de 26 d.C., pois 483 anos requerem 457 anos a.C. completos mais 26 anos d.C. completos. Visto que o período começou muitos meses depois do início de 457 a.C., ele terminaria o mesmo número de meses depois do final de 26, isto é, em 27 d.C. Isso se deve ao fato de que os historiadores (diferentemente dos astrônomos) nunca contam o ano zero (ver vol. I, p. 156). Alguns têm se perguntado como Cristo pode ter iniciado Sua obra em 27 d.C., se o registro diz que Ele tinha cerca de 30 anos quando começou seu ministério público (Lc 3:23). Isso se deve ao fato de que, quando a era cristã foi computada pela primeira vez, houve um erro de cerca de quatro anos. E evidente que Cristo não nasceu no ano 1 (um) da era cristã, vistoque, quando Ele nasceu, Herodes, o Grande, ainda era vivo, e Herodes morreu no ano 4 a.C. (ver Mt 2:13-20).Alguns eruditos modernos dão uma inter pretação total mente diferente desses períodos. O “messias” é identificado como Ciro, Zorobabel ou o sumo sacerdote Josué (ver Ed 3:2; 3:1, 3; 6:11-13). A “ordem para restaurar e para editicar” é considerada por alguns como a ordem dada por meio de jeremias de que Jerusalém deveria ser reconstruída (ver jr 29:10). Tais eruditos acreditam que essa “ordem” entrou em vigor em 586 a.C., ano da destruição de Jerusalém, e que as “sete semanas”, ou 49 anos, se estendem até aproximadamente o decreto de Ciro. Além disso, defendem que as 62 semanas, ou 434 anos, vão até a era dos macabeus. Entendem ainda a aliança da 70“ semana como a união de Antíoco com os judeus apóstatas. Traduzem “na metade da semana” (Dn 9:27) como “meia semana” (ver com. de Dn 9:27) e aplicam a “meia semana” à profanação do templo feita por Antíoco, de 168 a 165 a.C. (ver 1 Macabeus 1:54; 4:52, 53). Tradutores dessa escola de interpretação seguem outra pontuação em Daniel 9:25 para favorecer essa idéia.Como demonstrado acima, apenas uma distorção das cifras cronológicas permite que esses eruditos cheguem aos eventos que, segundo eles, cumprem os requisitos proféticos. Quando essas cifras são aplicadas a Cristo, Seu ministério e Sua morte e ao evangelho aos judeus, tem-se um perfeito sincro- nismo (ver mais detalhes no com. de Dn 8:25).Praças. Do heb. rechov, “um lugar amplo”.Circunvalações. Do heb. charuts, usado com este sentido apenas nesta passagem do AT. No hebraico da Mishnah, significa “um fosso”. No acadiano, a palavra significa “fosso da cidade”. “Muro” é a tradução da versão grega de Teodócio e da Vulgata.E [...] se reedificarão. Alguns intérpretes dão significado especial ao período das“sete semanas”, cru 49 anos, pois afirmam que representam o tempo durante o qual a construção das praças e das circunvalações estaria concluída. Porém, a informação histórica desse período é extremamente escassa. Pouco se sabe da condição de Jerusalém na época de Artaxerxes até Alexandre. O que se pode saber com base na Bíblia e em fontes históricas é fragmentário.Tempos angustiosos. Para uma breve história deste período, ver vol. 3, p. 59-65. |
Dn.9:26 | 26. Depois das sessenta e duas semanas. A morte do Messias ocorrería não dentro deste período, mas depois de sua conclusão. Esta expressão não pretende fixar o tempo exato quando ocorreríam os eventos calamitosos da morte do Messias. Isso é feito no v. 27, em que o evento é localizado “na metade da semana”.Morto. De acordo com esta declaração profética, o Messias não surgiria como os judeus O esperavam - um conquistador e emancipador glorioso. Em vez disso, Ele teria uma morte violenta; seria “tirado” (ARC; sobre o significado deste termo como “matar”, “destruir”, ver Gn 9:11).Já não estará. Literalmente, “e nada para ele”. O significado desta frase não está claro. Sugeriram-se muitos sentidos possíveis, como “e não terá nada”, “e não houve quem o ajudasse”.E o povo. A tradução “e eles [os judeus] não mais serão Seu povo”, encontrada em algumas versões, não corresponde ao hebraico.A cidade e o santuário. Prediz-se a destruição do templo e da cidade de Jerusalém. Isto se cumpriu pela mão dos romanos, em 70 d.C. Os soldados romanos tomaram tochas e as colocaram na parte de madeira no interior do templo, que foi logo demolido por completo. No lugar de “o povo de um príncipe que há de vir”, a LXX traz “o rei das nações”.Num dilúvio. Isto é, no sentido de ser esmagador (ver ís 8:7, 8).Desolações são determinadas. A passagem pode ser traduzida, literalmente, como“até o fim [haverá] guerras, uma determinação de ruínas”. |
Dn.9:27 | 27. Ele fará firme aliança com muitos. “Ele” é o Messias dos versículos anteriores. Essa interpretação do versículo faz das 70 semanas, ou 490 anos, da profecia uma unidade consistente e contínua. As declarações feitas encontram um único cumprimento no tempo do Messias. A confirmação da aliança pode ser considerada como a continuação da nação judaica como o povo escolhido de Deus no período mencionado. Por outro lado, a confirmação pode ser a da afiança eterna (ver com. de Dn 11:28).Por uma semana. Esta semana, a 70°, começou em 27 d.C., com o início do ministério público de Cristo, na ocasião de Seu batismo. Estendeu-se mais além da cruci- fixão, “na metade da semana”, na primavera de 31 d.C., até a rejeição dos judeus como povo da aliança, no outono de 34 d.C. Os 490 anos contados desde 457 a.C. terminam em 34 d.C. (ver com. do v. 25, sobre o método de computo). A “vinha” foi, então, arrendada a “outros lavradores” (Mt 21:41; cf. Is 5:1-7; GC, 328, 410). Por cerca de três anos e meio, as autoridades em Jerusalém toleraram a pregação dos apóstolos, mas, finalmente, o rancor se traduziu no ape- drejamento de Estevão, o primeiro mártir cristão, e na perseguição geral à igreja nascente. Até esse tempo, os apóstolos e outros obreiros cristãos tinham aplicado seus esforços, em grande parte, nas imediações de Jerusalém (ver At 1:8; 8:1).Visto que as 70 semanas, ou 490 anos, fazem parte de um período mais longo de 2.300 anos e, visto que os primeiros 490 anos do período se estendem até o outono de 34 d.C., é possível calcular a data final dos 2.300 anos. Ao se acrescentar ao ano 34 d.C. os 1.810 anos restantes dos 2.300 anos, chega-se ao outono de 1844, como o tempo em que o santuário celestial seria purificado (ver com. de Dn 8:14).Também se deve notar que o cumprimento das previsões da profecia com respeito às 70 semanas era para “selar a visão” (v. 24), isto é, a visão do período mais longo de 2.300 “dias” (ver com. do v. 21). O cumprimento exato dos eventos preditos para a 70° semana, que tem a ver com o ministério e a crucifixão do Senhor, fornece evidência incontestável da certeza dos eventos preditos para o final dos 2.300 dias-anos.Na metade. Do heb. chatsi, palavra que pode significar tanto “metade” (Ex 24:6; 25:10, 17; etc.) como “meio” (Ex 27:5; 38:4; etc..), sendo que o significado particular a ser atribuído em cada caso é determinado pelo contexto. Várias versões mais modernas trazem “meio”. Essa tradução se baseia na suposição de que o contexto fala de Antíoco Epifânio, que, por um período de cerca de três anos, suspendeu os serviços do templo em Jerusalém. Antíoco, porém, não se enquadra na cronologia profética. Ele não pode ser o tema dessa profecia. Como já se mostrou, os períodos proféticos vão até a época do Messias, e o cumprimento deve estar em Seus dias.A metade da semana seria a temporada da Páscoa de 31 d.C., três anos e meio depois do batismo de Cristo, no outono de 27 d.C. (sobre evidências quanto à duração do ministério público de Cristo, ver com. de Mt 4:12; para um estudo das palavras “meio” e “metade”, ver Problems in Bible Translation, p. 184-187).Cessar. Os sacrifícios rituais tiveram seu cumprimento no sacrifício de Cristo. A ruptura do véu do templo por uma mão invisível, no instante da morte de Cristo, foi o anúncio do Céu de que os sacrifícios e oblações tinham terminado sua vigência (ver Mt 27:51).Asa. O desolador é retratado de forma poética como sendo levado sobre a asa das abo- minações. Isso se refere, ao menos em parte, aos horrores e atrocidades que a nação judaica sofreu nas mãos dos romanos, em 70 d.C.Assolador. Ou, “desolador”. O próprio desolador seria, finalmente, destruído (ver com. de Mt 23:38).A destruição. Isto é, o fim do que havia de acontecer com a nação judaica. Triste é o destino daqueles que rejeitam a esperança de salvação.Capítulo 10caiu sobre eles grande temor, e fugiram e se esconderam.primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia.não me resta já força alguma, nem fôlego ficou em mim. |
Dn.10:1 | 1. No terceiro ano de Ciro. Contado a partir da queda de Babilônia, pela primavera ou outono, o terceiro ano de Ciro seria em 536/535 a.C. (ver com. de Dn 10:4; e de Ed 1:1). Ao que tudo indica, Daniel estava próximo ao fim de sua vida (ver Dn 12:13), com cerca de 88 anos, se considerado que tinha 18 quando foi levado cativo (ver 14, 570), em 605 a.C. (ver com, de Dn 1:1). Daniel 10:1 introduz a seção final do livro, e o cap. 10 apresenta as circunstâncias que rodeavam Daniel na ocasião de sua quarta grande profecia, registrada nos cap. 11 e 12. A parte principal da narrativa profética começa em 11:12 e termina em 12:4. O restante do cap. 12 é um tipo de epílogo da profecia (sobre a forma de contar os anos partindo da primavera ou do outono, ver vol. 2, p. 93-95).Rei da Pérsia. Esta é a única profecia de Daniel datada com base no reinado de Ciro, que é chamado de “rei da Pérsia”, o que sugere que todo o império era governado pelos persas, em contraste com o título mais limitado “rei sobre o reino dos caldeus”, atribuído a Dario (Dn 9:1). Após surgir de uma relativa obscuridade como príncipe do pequeno país de Ansan, localizado nas montanhas do Irã, Ciro derrotou sucessivamente, em poucos anos, os reinos da Média, Lídia eBabilônia, e os uniu sob seu governo para formar o maior império já conhecido até então. Foi com tal monarca que Daniel e seu povo tiveram que lidar, e com quem contenderam os poderes do Céu (Dn 10:13, 20).Uma palavra. Expressão singular usada por Daniel para descrever sua quarta grande profecia (Dn 10—12), que foi, aparentemente, revelada sem uma representação simbólica prévia e sem qualquer alusão a símbolos (cf. Dn 7:16-24; 8:20-26). A palavra marah, “visão”, dos v. 7, 8 e 16, se refere simplesmente à aparição dos dois seres celestiais que visitaram Daniel, mencionados nos v. 5, 6, e 10 a 12, respectivamente. Por isso, alguns têm considerado que o quarto esboço profético é uma explicação adicional, mais detalhada, de eventos retratados simbolicamente na “visão” de Daniel 8:1 a 14. Desse modo, os cap. 10 a 12 seriam interpretados com base na visão dos cap. 8 e 9. Porém, a relação entre os cap. 10 a 12 e 8 e 9, de nenhum modo, é tão clara ou certa quanto a relação entre os cap. 8 e 9 (ver com. de Dn 9:21).Beltessazar. Ver com. de Dn 1:7.Grande conflito. Do heb. tsava\ cujo significado exato, neste caso, é duvidoso. A frase traduz uma única palavra hebraica. Tsava ocorre cerca de 500 vezes no AT nosentido de “exército”, "hoste”, “guerra” e “serviço”. Sua forma plural, tsevaoth, constitui parte do título divino “Senhor, Deus dos Exércitos”. Visto que todas as outras vezes que se usa esta palavra aparentemente, têm a ver com exército ou guerra, ou serviço pesado, essas definições devam ser usadas aqui, como o fazem as versões portuguesas (a KJV traduz o termo aqui por “tempo determinado”, assim como em jó 7:1; e 14.14). Este texto de Daniel parece enfatizar uma intensidade de luta, em vez de um período de tempo extenso.Ele entendeu. Em contraste com as três outras visões (Dn 2; 7; 8-9), que foram expressas em linguagem simbólica, esta revelação final foi dada em grande parte em linguagem literal. O anjo afirmou especificamente que tinha vindo para fazer Daniel “entender o que há de suceder ao teu povo nos últimos dias” (Dn 10:14). Esse é o tema dos cap. 11 e 12. Só no final desta visão (Dn 12:8) é que Daniel tem uma revelação sobre a qual confessa: “eu ouvi, porém não entendi”. |
Dn.10:2 | 2. Pranteei. Daniel não afirma especificamente o motivo para o pranto, mas pode- se ter um indício nos eventos que estavam ocorrendo entre os judeus da Palestina nessa época. Evidentemente, foi uma crise séria que resultou nas três semanas de pranto de Daniel. Foi, provavelmente, por volta dessa época que surgiu oposição por parte dos samaritanos contra os judeus, que sob as ordens de Zorobabel, tinham recém-retor- nado do exílio (Ed 4:1-5; ver PR, 571, 572). Se os eventos deste capítulo ocorreram antes ou depois de os judeus terem de fato lançado a pedra fundamental do templo (Ed 3:8-10) depende de diferentes interpretações da cronologia desse período (ver vol. 3, p. 88), e da possibilidade de Daniel ter usado uma contagem diferente da que os judeus usavam na Palestina naquela época de transição. O período de pranto de Daniel parece ter sido concomitante com a séria ameaça de que, depois de tudo, o decreto de Cironão se cumprisse por causa dos falsos relatos enviados pelos samaritanos à corte da Pérsia, na tentativa de interromper as obras de reconstrução. O fato significativo de que, durante essas três semanas, o anjo esteve lutando para influenciar Ciro (v. 12, 13) indica que estava em jogo uma decisão vital do rei. Enquanto orava por mais esclarecimento a respeito dos temas que ainda não tinham sido explicados em visões anteriores, sem dúvida, o profeta passou a outro período de intercessão intensa (ver Dn 9:3-19) para que a obra do adversário fosse detida e as promessas divinas de restauração pudessem se cumprir em favor do povo escolhido. |
Dn.10:3 | 3. Manjar desejável. Durante o jejum de Daniel, ele comeu apenas alimento simples, o suficiente para manter sua força.Nem me ungí. O uso de óleos para suavizar a pele era muito comum entre os povos antigos, principalmente entre os que viviam em países onde o clima era muito quente e seco. Durante o período de jejum e oração, o profeta achou conveniente se abster desse luxo pessoal. |
Dn.10:4 | 4. No dia vinte e quatro. Esta é a única data no livro de Daniel em que se menciona o dia exato de um mês. E claro que nada se diz quanto a se o computo foi feito com base no calendário persa-babilô- nico (que pode ter sido usado por Ezequiel, contemporâneo de Daniel), ou de acordo com o calendário judaico (usado mais tarde por Esdras e Neemias). Se a data dada por Daniel se baseia no calendário persa-babilô- nico (em que o ano começa na primavera), o primeiro mês do terceiro ano de Ciro teria sido em março/abril de 536 a.C. Se, por outro lado, Daniel fez a contagem pelo método judaico (em que o ano se iniciava no outono), o primeiro mês do terceiro ano de Ciro teria sido 12 meses mais tarde e corresponderia a março/abril de 535 a.C. (para uma explicação das diferenças entre os calendários babilô- nico e judaico, ver vol. 2, p. 96-106).Visto que as três semanas de jejum de Daniel terminaram no dia 24 do primeiro mês, elas devem ter começado no quarto dia, e assim seu jejum se estendeu pela Páscoa. Mas não se sabe até que ponto se observava essa festa no cativeiro.Tigre. Este substantivo hebraico representa o acadiano Idiqlat e o antigo persa Tigrã, que passou para as línguas modernas como “Tigre’'. Este é o menor dos dois grandes rios da Mesopotâmia. Menciona-se um rio com o mesmo nome em Gênesis 2:14. Contudo, ali a referência é a um rio antediluviano. Não se afirma com precisão onde, no Tigre, aconteceu o evento narrado em seguida. |
Dn.10:5 | 5. Um homem. O Ser celestial apareceu em forma humana (ver Gn 18:2; Dn 7:13; Ap 1:13). A descrição se assemelha à que João fez quando Cristo Se revelou a ele. De fato, foi o mesmo Ser que apareceu a Daniel (ver San, 50; GC, 470, 471).Ufaz. Não se sabe a localização de Ufaz. O nome ocorre apenas nesta passagem e em Jeremias 10:9, em que Ufaz é novamente identificada como rica em ouro. Alguns sugerem que é o mesmo que Ofir, famosa por seu ouro (ver iRs 9:28). fsso não é impossível. Os nomes Ufaz e Ofir são semelhantes quando escritos em caracteres hebraicos. |
Dn.10:6 | 6. Berilo. Do heb. tarskish, indicando talvez o lugar no qual o produto era obtido.Tochas de fogo. Comparar com Ap 1:14.Bronze polido. Comparar com Ap 1:15. |
Dn.10:7 | 7. Só eu, Daniel, tive aquela visão. A revelação foi dada apenas ao servo escolhido do Senhor. Contudo, a presença de um ser celestial foi sentida por aqueles que estavam com o profeta (comparar com a experiência de Saulo e seus companheiros, em At 9:3-7; 22:6-9). |
Dn.10:8 | 8. Não restou força. Comparar com Ap 1:17; sobre o estado físico dos profetas em visão, ver F. D. Nichoi, Ellen G. White and Her Critics, p. 51-61. |
Dn.10:9 | 9. Sem sentidos. Do heb. radham, palavra que ocorre também em Jz 4:21; SI 76:6;Dn 8:18; Jn 1:5, 6. Aqui parece significar “estar assombrado”. |
Dn.10:10 | 10. Mão me tocou. Comparar com Ez 2:2; 3:24; Ap 1:17. E evidente que esta mão é de Gabriel (PR, 571, 572).E me pôs sobre os meus joelhos. Do heb. nua. Na forma usada aqui, nua significa, literalmente, “fazer tremer”, “cambalear”. Embora Daniel tenha sido levantado de sua prostração, a força que lhe restava não era suficiente para que não tremesse. |
Dn.10:11 | 11. Muito amado. Do heb. chamií- dhoth, traduzido como “desejável”, no v. 3. Esta foi a segunda vez que a Daniel assegurou-se o amor de Deus (ver Dn 9:23). |
Dn.10:12 | 12. Não temas. Comparar com Ap 1:17. Sem dúvida, estas palavras encorajaram o profeta pessoalmente na presença do anjo, pois ele se pôs “em pé, tremendo” (v. 11); e também reasseguraram a Daniel que, embora ele tivesse orado por três semanas sem resposta aparente, desde o princípio, Deus tinha ouvido sua súplica e enviou o anjo para lhe atender. Daniel não precisava temer por seu povo, pois Deus o tinha ouvido e estava no controle. |
Dn.10:13 | 13. Príncipe. Do heb. sar, palavra que ocorre 420 vezes no AT, mas nunca com o significado de “rei”. Ela se refere aos principais servos de um rei (Gn 40:2, traduzida como “chefe”), a governadores locais (lRs 22:26, “governador”), aos subordinados de Moisés (Ex 18:21, “chefes”), aos nobres e oficiais de Israel (lCr 22:17; Jr 34:21, “príncipes”) e, principalmente, a comandantes militares (lRs 1:25; lCr 12:21, “capitães”). Com este último sentido, ela ocorre na expressão sar hatsava, “comandante do exército” (a mesma expressão traduzida como “príncipe do exército”, em Dn 8:11), numa dos óstracos de Laquis, uma carta escrita por um oficial judeu ao seu superior, provavelmente no momento da conquista de Judá por Nabucodonosor, em 588-586 a.C., na época em que Daniel já estava em Babilônia (ver vol. 2, p. 81, 82; ver Jr 34:7).O ser celestial que apareceu a Josué, em Jerico, é chamado de “o príncipe [heb. sar] do exército do Senhor” (Js 5:14, 15). Daniel usa esta palavra com frequência para se referir a seres sobrenaturais (Dn 8:11, 25; 10:13, 21; 12:1). Com base nessas observações, alguns conjecturam que sar indica um ser sobrenatural que, naquele tempo, se opunha aos anjos de Deus e que estava tentando dirigir as resoluções do reino da Pérsia contra os interesses do povo de Deus. Satanás sempre esteve ansioso por se declarar príncipe deste mundo. A questão básica era o bem-estar do povo de Deus em luta contra seus vizinhos pagãos. Visto que Miguel é declarado como "príncipe [sar], o defensor dos filhos do teu povo” (Dn 12:1), não parece irrazoável considerar o "príncipe do reino da Pérsia” como um falso "anjo guardião” desse reino, um pertencente às hostes do adversário. Está claro que o conflito era contra os poderes das trevas: “Durante três semanas Gabriel se empenhou em luta com os poderes das trevas, procurando conter as influências em operação na mente de Ciro. [...] Tudo que o Céu podia fazer em favor do povo de Deus foi feito. A vitória foi final- mente ganha; as forças do inimigo foram contidas todos os dias de Ciro e todos os dias de seu filho Cambises” (PR, 572).Por outro lado, sar pode ser usado no sentido comum de “governante” e, nesse sentido, se referiria a Ciro, rei da Pérsia. Compreendida dessa forma, veem-se os anjos do Céu lutando com o rei, para que desse um veredito favorável aos judeus.Mas o príncipe [...] me resistiu, O profeta dá um vislumbre da grande luta entre as forças do bem e do mal. Pode-se perguntar: por que o Senhor permitiu que os poderes do mal lutassem pelo controle da mente de Ciro por 21 dias, enquanto Daniel continuava em pranto e súplica? Essa pergunta deve ser respondida tendo-se em mente o fato de que esses eventos devem ser entendidos à luz do “propósito ainda mais vasto eprofundo'' do plano da redenção, que era “reivindicar o caráter de Deus perante o universo”. E que, “perante todo o universo, [a morte de Cristo] justificaria a Deus e Seu Filho, em Seu trato com a rebelião de Satanás” (PP, 68, 69; cf. DTN, 625). “Todavia, Satanás não foi então destruído [na morte de Cristo]. Os anjos não perceberam, nem mesmo aí, tudo quanto se achava envolvido no grande conflito. Os princípios em jogo deviam ser mais plcnamentc revelados” (DTN, 761; ver com. de Dn 4:17).A fim de refutar a declaração de Satanás de que Deus é um tirano, o Pai celestial considerou conveniente reter Sua mão e permitir ao adversário uma oportunidade de demonstrar seus métodos e buscar ganhar homens para sua causa. Deus não força a vontade das pessoas. Ele permite a Satanás um grau de liberdade, enquanto, por meio de Seu Espírito e Seus anjos, insta com os seres humanos para que resistam o mal e sigam o bem. Dessa forma, Deus demonstra ao universo expectante que Ele é um Deus de amor, e não o que Satanás O acusa de ser. Foi por essa razão que a oração de Daniel não foi respondida de imediato. A resposta se demorou até que o rei da Pérsia escolheu o bem, por sua própria vontade.Aqui se revela a verdadeira filosofia da história. Deus estabeleceu o objetivo último, que certamente será alcançado. Por meio de Seu Espírito, Ele trabalha no coração do ser humano para que coopere com Ele a fim de que o objetivo seja alcançado. No entanto, a decisão sobre qual caminho deve seguir está totalmente nas mãos de cada um. Assim, os eventos da história são influenciados pela ação de agentes sobrenaturais e pela livre escolha humana. O resultado final, porém, vem de Deus. Neste capítulo, como talvez em nenhum outro na Bíblia, se descortina o véu que separa o Céu da Terra, e é revelada a luta entre os poderes da luz e das trevas.Miguel. Do heb. Mikael, literalmente, “quem [é] como Deus?" Ele é descrito comoum dos príncipes principais [heb. sarim]”. Mais tarde, Ele é descrito corno o protetor particular de Israel (Dn 12:1). Sua identidade não é definida de forma definitiva, mas uma comparação com outras passagens O identifica com Cristo, judas 9 o chama de o arcanjo". De acordo com 1 Tessalonicenses 4:16, a “voz do arcanjo" está associada à ressurreição dos santos, na segunda vinda de Jesus. Cristo declarou que os mortos se levantarão de seus túmulos quando ouvirem a voz do Filho do Homem (jo 5:28). Portanto, parece claro que Miguel é o próprio Senhor Jesus (ver PE, 164; cf. DTN, 421).Miguel, como o nome de um ser celestial, ocorre na Bíblia apenas em passagens apocalípticas (Dn 10:13, 21; 12:1; Jd 9; Ap 12:7), em casos em que Cristo está em conflito direto com Satanás. O nome em hebraico, cujo significado é “quem é como Deusr”, é tanto uma pergunta quanto um desafio. Tendo em vista que a rebelião de Satanás é basicamente uma tentativa de se colocar no trono de Deus e ser “semelhante ao Altíssimo" (Is 14:14), o nome Miguel é muito apropriado para Aquele que assum iu a tarefa de vindicar o caráter de Deus e refutar as pretensões de Satanás.Eu obtive vitória. A ARC diz “eu fiquei ali”. A LXX, seguida por Teodócio, diz: “e. eu o [Miguel] deixei ali”. Essa tradução é adotada por várias versões modernas, sem dúvida, porque não pareceu claro por que o anjo d iria que ele foi deixado (ver ARC) com os reis da Pérsia quando Miguel tinha vindo em seu auxílio. Essa tradução pode se comparar com a declaração: "Porém, Miguel veio em seu auxílio e, então, permaneceu com os reis da Pérsia” (Ellen G. VVhite, Material Suplementar sobre Dn 10:12, 13).Alguns veem outro significado possível no texto hebraico. A luta descrita era basicamente entre os anjos de Deus e “os poderes das trevas, procurando conter as influências em operação na mentede Ciro” (ver PR, 572). Quando Miguel, o Filho de Deus, entrou na luta, os poderes do Céu obtiveram vitória, e o mal foi forçado a recuar. A palavra traduzida como “fiquei" (ARC) também é usada no sentido de “permanecer” quando outros se foram ou se distanciaram. Assim, usa-se esse verbo no caso de Jacó, quando permaneceu no ribeiro de Jaboque (Gn 32:24), e dos pagãos, que Israel permitiu que permanecessem no país (1 Rs 9:20, 21). Também é a palavra usada por Elias para se referir a si mesmo quando acreditou que todos os demais tinham se desviado da adoração verdadeira a Yahweh: “e eu fiquei só" (1 Rs 19:10, 14). Na forma como o anjo usou essa palavra, poderia significar que, com a vinda de Miguel, o anjo mal foi forçado a se retirar, e o anjo de Deus ficou "ali com os reis da Pérsia”. “A vitória foi finalmente ganha; as forças do inimigo foram contidas” (PR, 572). Duas traduções que sugerem essa mesma ideia são as de Lutero: “ali ganhei a vitória com. os reis da Pérsia”, e Knox: “a ali, na corte da Pérsia, me tornei dono do campo”.Reis da Pérsia. Dois manuscritos hebraicos dizem “reino da Pérsia”. As versões antigas dizem “rei da Pérsia”. |
Dn.10:14 | 14. Nos últimos dias. Do heb. beacharith kayyamini, “na última parte [ou fim] dos dias”. Esta é uma expressão usada com frequência na profecia bíblica, que aponta para a parte final de um dado período da história ao qual o profeta se refere. Jacó usou o termo “dias vindouros" com referência à sorte final de cada uma das doze tribos na terra de Canaã (Gn 49:1); Balaão aplicou o termo ao primeiro advento de Cristo (Nm 24:14); Moisés o usou num sentido geral com respeito ao futuro distante, quando Israel sofreria tribulação (Dt 4:30). A expressão pode se referir, e com frequência o faz, diretamente aos eventos finais da história (ver com. de Is 2:2).Dias ainda distantes. No texto hebraico, não há a palavra “muito” (ARC).A palavra “dias”, neste caso, parece ter o mesmo significado que o da frase anterior. O anjo veio para dizer a Daniel o que aconteceria com os santos ao longo dos séculos, até a segunda vinda de Cristo. A ênfase desta frase final do versículo não é tanto sobre o quanto está distante o tempo em perspectiva, mas sobre o fato de que o Senhor ainda tem mais verdades a transmitir a Daniel em visão. Literalmente, este versículo diz: “e eu vim para fazer-te entender o que acontecerá a seu povo na última parte dos dias, pois ainda há uma visão para os dias”. |
Dn.10:15 | Sem comentário para este versículo |
Dn.10:16 | 16. Como semelhança. Gabriel velou seu brilho e apareceu em forma humana (ver San, 52).Da visão. Alguns comentaristas consideram que Daniel aqui se refere à visão dos cap. 8 e 9; outros creem que foi a revelação deste momento que o afligiu tanto. Em vista de que o termo “visão”, em ambos os v. 1 e 14, parece se aplicar à revelação dos cap. 10 a 12, e também porque esta declaração de Daniel é uma continuação lógica de sua reação (v. 15) à declaração do anjo sobre “a visão” (v. 14), parece razoável concluir que o profeta está falando da visão que estava tendo da glória divina. |
Dn.10:17 | Sem comentário para este versículo |
Dn.10:18 | Sem comentário para este versículo |
Dn.10:19 | 19. Muito amado. Ver com. do v. 11. |
Dn.10:20 | 20. Contra o príncipe. Pode-se entender que o anjo lutaria “ao lado’’ do príncipe da Pérsia ou que lutaria “contra” ele. As versões gregas também são ambíguas. A preposição meta, “com", que se usa em grego, pode indicar aliança (como em IJo 1:3) ou hostilidade (como em Ap 2:16). Porém, o hebraico desta passagem parece indicar claramente seu significado. O verbo lacham, “lutar”, é usado 28 vezes no AT, seguido, como aqui, pela preposição ‘im, “com”. Nesses casos, o contexto indica claramente que a palavra deve ser considerada no sentido de “contra” (ver Dt 20:4; 2Rs 13:12; Jr 41:12; Dn 11:11). Portanto, parece certo que o anjo está falando de um conflito posterior entre ele e o “príncipe dospersas”. Esdras 4:4 a 24 mostra que essa luta continuou até bem depois do tempo da visão de Daniel. “As forças do inimigo foram contidas todos os dias de Ciro, e todos os dias de seu filho Cambises, que reinou cerca de sete anos e meio” (PR, 572).Príncipe da Grécia. A palavra hebraica aqui para “príncipe”, sar, é a mesma empregada antes (ver com. do v. 13). O anjo falou a Daniel que voltaria para continuar a luta contra os poderes das trevas que contendiam pelo controle da mente do rei da Pérsia. Então, ele olhou mais adiante para o futuro e indicou que, quando finalmente pudesse se retirar da luta, haveria uma revolução nas questões do mundo. Enquanto o anjo de Deus conteve as forças do mal que buscavam dominar o governo persa, esse império se manteve. Mas, quando a influência divina se retirou e o controle dos líderes da nação foi deixado inteiramente aos poderes das trevas, logo veio a ruína do império. Liderados por Alexandre, os exércitos da Grécia arrasaram o mundo e rapidamente exterminaram o império persa.A verdade declarada pelo anjo, neste versículo, esclarece a revelação que se segue. A profecia dada em seguida, um registro de guerra após guerra, assume mais relevância quando entendida à luz do que o anjo acaba de dizer. Enquanto os seres humanos lutam entre si pelo poder terreno, por trás das cenas, e oculta aos olhos humanos, ocorre uma luta ainda maior, da qual os altos e baixos dos acontecimentos terrenos são apenas um reflexo (ver Ed, 173). Assim como se mostra que o povo de Deus é preservado ao longo de sua história turbulenta, registrada profeticamente por Daniel, é certo que, na luta maior, as legiões de luz terão vitória sobre os poderes das trevas. |
Dn.10:21 | 21. Expresso. Do heb. rasham, “inscrever”, “anotar”.Escritura. Do heb. kethav, literalmente, “uma escrita”, do verbo kathav,'escrever”. Os planos e propósitos eternos de Deus se apresentam como se estivessem registrados (ver SI 139:16; At 17:26; ver também com. de Dn 4:17).Ninguém há que esteja ao meu lado. Esta frase também pode ser traduzida como: “não há quem se esforce”. Não se pode considerar que isso signifique que ninguém se preocupava com a luta, com exceção dos dois seres celestiais mencionados aqui. “Era uma controvérsia na qual todo o Céu estavainteressado” (PR, 571). O significado provável da passagem é que Miguel e Gabriel assumiram a obra especial de contender com as hostes de Satanás, que tentavam assumir o controle dos impérios desta terra.Vosso príncipe. O fato de se falar especificamente de Miguel como vosso príncipe, O coloca em contraste marcante com o “príncipe dos persas” (v. 13, 20) e “o príncipe da Grécia” (v. 20). Miguel foi o vitorioso ao lado de Deus nesse grande conflito.Capítulo 11I A derrota da Pérsia pelo reino da Grécia. 5 Alianças e conflitos entre os reis do Stã e do Norte. 30 A invasão e a tirania dos romanos.pequeno socorro; mas muitos se ajuntarão a eles com lisonjas.S;: tempo do fim, porque se dará ainda no tempo determinado.fá-los-á reinar sobre muitos, e lhes repartirá a terra por prêmio. |
Dn.11:1 | 1. Mas eu. Este versículo é uma continuação da declaração do anjo, em Daniel 10:21. A divisão do capítulo neste ponto foi imprópria. Dá a impressão de que uma nova parte do livro começa aqui, quando a narrativa é claramente contínua. Gabriel informa a Daniel que Dario, o medo, foi honrado pelo Céu (ver PR, 556). A visão foi dada no terceiro ano de Ciro (Dn 10:1). O anjo está contando a Daniel sobre o evento ocorrido no primeiro ano de Dario. Naquele ano, Dario, o medo, foi honrado pelo Céu com uma visita do anjo Gabriel “para o animar e fortalecer” (PR, 556). |
Dn.11:2 | 2. A verdade. O conteúdo da quarta grande revelação em Daniel começa com este versículo. Tudo o que antecede, de 10:1 a 11:1, serve de pano de fundo e introdução à visão. Três reis se levantarão na Pérsia. Visto que esta visão foi dada a Daniel no terceiro ano de Ciro (Dn 10:1), a referência é, sem dúvida, aos três reis que sucederam Ciro no trono da Pérsia: Cambises (530- 522 a.C.), o falso Esmérdis (Gaumata, cujo nome babilônico era Bardiya; ver vol. 3, p. 376, 377), um usurpador (522 a.C.), e Dario 1 (522-486 a.C.). O quarto. Comentaristas em geral concordam que o contexto aponta Xerxes como “o quarto” rei, mas diferem quanto à enumeração dos vários reis referidos neste versículo. Alguns defendem que “o quarto’’ rei, assim designado, na verdade, era o último dos três que ainda se levantariam. Consideram Ciro como o primeiro dos quatro e omitem o falso Esmérdis, porque não era de linhagem legítima e ficou no trono apenas alguns meses. Outros omitem Ciro como o primeiro dos quatro e incluem o falso Esmérdis como um dos três que o seguiríam. Seja como for, Xerxes é “o quarto”. Porém, dos clois pontos de vista, o segundo parece representar melhor o sentido natural do texto. Grandes riquezas mais do que todos. Xerxes é identificado com o Assuero do livro de Ester (ver vol. 3, p. 507; ver também com. de Et 1:1). O registro diz que ele se orgulhava das “riquezas da glória do seu reino’’ (ver Et 1:4, 6, 7). lderódoto, que escreveu extensamente sobre Xerxes, fez um relato vivido e detalhado de seu poderio militar (vii.20, 21, 40, 41, 61-80). Empregará tudo. Esta passagem pode ser traduzida de duas maneiras. Em geral se interpreta que Xerxes agitaria todas as nações do mundo contra a Grécia. Esse é um fato bem conhecido da história. Na época de Xerxes, a península grega era a única área importante do Mediterrâneo oriental que não estava sob o domínio persa. Em 490 a.C., Dario, o grande, predecessor de Xerxes, enquanto tentava subjugar os gregos, foi vencido na batalha de Maratona. Com a ascensão de Xerxes, foram feitos novos planos para a conquista da Grécia. Heródoto (vii.61-80) enumera mais de 40 nações que ofereceram tropas para o exército de Xerxes. Do vasto exército, faziam parte soldados de países tão distantes como índia, Etiópia, Arábia e Armênia. Mesmo os cartagineses, aparentemente, foram induzidos a se juntarem à contenda, atacando a colônia grega de Siracusa, na Sicília. Por volta de 480 a.C., o vasto império persa estava em guerra contra os gregos. As cidades-estados gregas, que tão frequentemente guerreavam entre si, se uniram para salvar sua liberdade. Em princípio, os gregos enfrentaram uma série de obstáculos. Foram derrotados em Termópilas, e Atenas foi tomada e parcialmente incendiada pelos persas. Depois, a maré virou. A marinha grega, comandada por Temístocles, foi bloqueada por uma esquadra persa superior na baía de Salamina, na costa de Ática, próximo a de Atenas. Pouco depois de a batalha ter começado, os navios persas estavam em uma formação demasiado estreita para uma manobra efetiva. Sob os constantes ataques gregos, muitos foram afundados, e somente uma fração da frota escapou. Com essa vitória grega, as forças marítimas persas foram eliminadas na luta contra a Grécia. No ano seguinte, 479 a.C., os gregos decisivamente derrotaram as tropas persas, em Platéia, e as expulsaram de vez do solo grego. A tradução deste texto na ARC e NVI se ajusta de forma notável ao fato de que Xerxes empregou “todos contra o reino da Grécia”. No entanto, é possível traduzir a frase um tanto obscura do hebraico desta passagem de forma diferente. O problema é se a palavra hebraica eth, traduzida como “contra”, deve ser entendida como a preposição “contra” ou se ela é um sinal do complemento direto do verbo. Com outros verbos que denotam conflito e guerra, eth é, às vezes, empregada assim (ver Gn 14:2). Contudo, o verbo aqui traduzido como “empregará” ocorre mais 12 vezes no AT, seguido de eth, e em cada uma dessas passagens o contexto indica claramente que eth deve ser considerada como sinal do complemento direto do verbo. Se, neste caso, eth tem esse sentido, a passagem diria: “Levantará a todo o reino da Grécia”. Caso se prefira essa última tradução da passagem, é razoável a seguinte interpretação: partindo da vasta perspectiva da história mundial, a guerra entre os persas e os gregos constitui um dos mais decisivos fatos históricos. A história subsequente da Europa e do mundo poderia ter sido bem diferente se o resultado em Salamina e Platéia tivesse sido outro. A civilização ocidental, então limitada quase que exclusivamente à Grécia, salvou-se de ser engolida pelo despotismo do império persa. Os estados gregos tiveram um sentimento de união que não conheciam. A vitória em Salamina mostrou a Atenas a importância do poder marítimo e, logo, a cidade se estabeleceu como a cabeça de um império marítimo. Por esse prisma, a última frase de Daniel 11:2 forma um contexto apropriado para Daniel 11:3. Grécia. Do heb. Yawan, transliterado como “Javã” em Gênesis 10:2 (ver com. ali). Os gregos, ou jônios, eram descendentes de Javã (ver com. de Dn 2:39). |
Dn.11:3 | 3. Um rei poderoso. Do heb. meiek gibor, “um rei valente [guerreiro]”. Clara referência a Alexandre, o Grande (336-323 a.C.).Grande domínio. O domínio de Alexandre se estendia desde a Macedônia e a Grécia até o noroeste da índia, desde o Egito ao rio Jaxartes, ao leste do Alar Cáspio - o maior império do mundo até aquela época (ver com. de Dn 2:39; 7:6). |
Dn.11:4 | 4. No auge. Alexandre acabara de atingir o auge de seu poder quando foi quebrado. Em 323 a.C, esse rei, que governou desde o Adriático até o Indo, adoeceu repentinamente e, 11 dias depois, estava morto (ver com. de Dn 7:6).Será quebrado. Alexandre não deixou nenhum sucessor de sua família imediata que pudesse manter unidos os territórios que conquistou. Alguns dos principais generais tentaram, por vários anos, manter o império intacto em nome do meio irmão de Alexandre e de seu filho póstumo (ambos sob a tutela de regentes). Alas, em menos de 25 anos após a morte de Alexandre, uma coalizão de quatro generais tinha derrotado Antígono, o último aspirante ao controle de todo o império, e o território de Alexandre foi dividido em quatro reinos e, mais tarde, em três (sobre essa divisão, ver com. de Dn 7:7; 8:22; ver também mapas das p. 908, 909).Os quatro ventos. Representando os quatro pontos cardeais. A mesma divisão é representada pelas quatro cabeças do “leopardo” (ver com. de Dn 7:6) e pelos quatro chifres do bode (ver com. de Dn 8:8, 22).Não para a sua posteridade. O filho póstumo de Alexandre foi chamado de rei, mas foi morto ainda criança, na luta entre os generais pelo domínio do império.Dessa forma, não houve um descendente de Alexandre que pudesse governar. |
Dn.11:5 | 5. O rei do Sul. Deste versículo em diante, e em grande parte do capítulo, a profecia foca os dois reinos que surgiram do império de Alexandre com os quais os judeus, como povo de Deus, tiveram muito a ver. Esses reinos foram a Síria, governada pelos selêucidas, e o Egito, comandado pelos ptolomeus. A partir do ponto de vista geográfico da Palestina, o primeiro ficava ao norte, e o último, ao sul. A tradução grega original, de fato, traz “rei do Egito” em vez de “rei do Sul”; o v. 8 também aponta o Egito como rei do Sul. Pode-se demonstrar uma designação similar a partir de fontes históricas. Uma das inscrições mais conhecidas do sul da Arábia (Glaser n. 1155) se refere a uma guerra entre a Pérsia e o Egito e chama os respectivos reis de senhor do Norte e senhor do Sul.No momento da história ao qual se refere este versículo, o rei do Egito era Ptolomeu 1 Soter (também chamado Ptolomeu Lago, 305-283 a.C.), um dos melhores generais de Alexandre, que estabeleceu a monarquia helenística que mais perdurou.Um de seus príncipes. Evidentemente se aplica a Seleuco 1 Nicator (305-281 a.C.), outro general de Alexandre, que se tornou governador da maior parte, asiática do império. A referência a ele como “um de seus [de Ptolomeu] príncipes” (do heb. sarim, “generais”; ver com. de Dn 10:13) provavelmente deve ser entendida com base em suas relações com Ptolomeu. Em 316 a.C., Seleuco foi expulso de Babilônia, que ele havia dominado desde 321, por seu rival Antígono (ver com. de Dn 7:6). Daí em diante, Seleuco se colocou sob o comando de Ptolomeu, a quem ajudou a derrotar Demétrio, filho de Antígono, em Gaza, em 312 a.C. Pouco depois disso, Seleuco conseguiu reconquistar seus territórios na Alesopotâmia.Mais forte do que ele. Isto é, Seleuco, que num momento poderia ser consideradoum dos "príncipes” de Ptolomeu, se tornou mais forte do que o rei egípcio. Quando Seleuco morreu, em 281 a.C., seu reino se estendia do Helesponto até o norte da índia. Arriano, o principal historiador antigo desse período, declara que Seleuco foi “o maior rei dos que sucederam Alexandre, tinha mais mentalidade real e governou sobre a maior parte do território, depois de Alexandre” (.Anabasis of Alexandre, vii.22). |
Dn.11:6 | 6. Ao cabo de anos. A visão profética localiza uma crise que ocorreu 35 anos após a morte de Seleuco 1.Eles se aliarão um com o outro. Para solidificar a paz entre os dois reinos, depois de uma guerra longa e custosa, Antíoco II Theos, o divino (261-246 a.C.), neto de Seleuco I, se casou com Berenice, filha do rei egípcio, Ptolomeu II Filadelfo. Antíoco também depôs sua primeira esposa e irmã, Laodiceia, de sua posição prioritária e excluiu seus filhos da sucessão do trono.Rei do Norte. Este termo é usado pela primeira vez nesta profecia e, neste contexto, se refere aos selêucidas, cujos territórios estavam ao norte da Palestina. O então “rei do Norte” era Seleuco II Calínico (246- 226 a.C.), filho de Antíoco II e Laodiceia (sobre as expressões “rei do Norte” e “rei do Sul”, ver com. do v. 5 e de Is 41:25).Não conservará a força. Depois de nascido um filho do novo casamento, houve uma reconciliação entre Antíoco e Laodiceia.Ele não permanecerá. Antíoco morreu repentinamente, envenenado por Laodiceia, segundo a opinião popular.O seu braço. Esta também é a tradução da LXX. Devido a uma simples mudança nas vogais hebraicas, muitas versões antigas (Teodócio, Símaco, Vulgata) trazem “sua semente”. Isso se referiría ao filho de Antíoco com Berenice, a quem Laodiceia matou.Será entregue. Isto é, Berenice, que junto com seu filho, foi morta pelos partidários de Laodiceia.Os que a trouxeram. Muitas das damas de companhia egípcias de Berenice pereceram com ela.E seu pai. Do heb. yoledhah, corretamente, de acordo com a tradição massorética, “seu originador”. Isso certamente se aplicaria ao pai de Berenice, Ptolomeu II, que tinha morrido pouco antes no Egito. Contudo, não está claro por que sua morte seria mencionada aqui, visto que não tinha nenhuma relação com a vingança de Laodiceia. Várias traduções antigas trazem yaldah, “serva”, sem dúvida tendo em mente o séquito de Berenice. Uma simples mudança na pontuação vocálica permite ler “seu filho” (ver Bj). isso, é claro, se referiría ao filho morto por ordem de Laodiceia.O que a tomou por sua. Provavelmente Antíoco, marido de Berenice. |
Dn.11:7 | 7. De um renovo da linhagem dela. Ptolomeu III Evergetes, filho de Ptolomeu II e irmão de Berenice, sucedeu seu pai em 246 a.C., e invadiu a Síria em vingança pelo assassinato de sua irmã. Prevalecerá. Ptolomeu III deve ter obtido êxito em sua campanha contra Seleuco II. Avançou triunfal mente terra adentro pelo menos até a Mesopotâmia — embora se vangloriasse de ter ido até a Báctria - e estabeleceu o poderio marítimo do Egito no Mediterrâneo. |
Dn.11:8 | 8. Seus deuses. O Decreto de Canopo (239/238 a.C.) declara, em honra a Ptolomeu IIP “e as imagens sagradas levadas do país pelos persas, tendo o rei feito uma campanha estrangeira, recuperou-as ao Egito, e restaurou aos templos o que tinha sido levado de cada um deles” (tradução em j. P. Mahaffy, A History of Egypt Under the Ptolemaic Dynasty [Nova York: Charles Scribners Sons, 1899], p. 113). Jerônimo (Commen- tariormn in Danielem Liber, cap. XI, in J. P. Migne, Patrologia Latina, vol. 25, col. 561) declara que Ptolomeu III levou de volta ao Egito um imenso despojo. Egito. Esta única menção (até o v. 42) do verdadeiro nome do país do “rei do Sul” estabelece, sem dúvida, a identidade dessa nação. Ele deixará em paz. Literalmente, “ele permanecerá”, isto é, "deixará em paz” o rei do Norte. Embora seja possível traduzir o hebraico como faz a ARC (“Ele persistirá contra”), o fato de Ptolomeu III ter morrido em 222 a.C., e não dois anos após Seleuco III, faz com que essa tradução não seja significativa. Por outro lado, visto que, nos seus últimos anos, Ptolomeu não se envolveu em nenhuma guerra de importância, a tradução da ARA parece mais apropriada. |
Dn.11:9 | 9. Rei do Sul. No texto hebraico desta frase, “rei do Sul” pode ser entendido como o sujeito da frase (como o fazem a KjV, Vulgata e Siríaca), ou como o fazem a LXX, Teoclócio, ARA, ARC e NVI, em que “rei do Sul” é ligado a “reino”. A tradução “entrará no reino do rei do Sul” (ARC) parece preferível, pois segue mais naturalmente a ordem das palavras hebraicas. Caso essa tradução seja aceita, o versículo, sem dúvida, deve ser interpretado como uma referência ao fato de que, depois de Ptolomeu III ter voltado ao Egito, Seleuco reestabeleceu sua autoridade e marchou contra esse país, esperando retomar suas riquezas e reaver seu prestígio. Tornará para a sua terra. Seleuco foi derrotado e forçado a voltar para a Síria de mãos vazias (em cerca de 240 a.C.). |
Dn.11:10 | 10. Os seus filhos. Isto é, os dois filhos de Seleuco II: Seleuco III Cerauno Soter (226/225-223/222 a.C.), que foi assassinado depois de um curto reinado, e Antíoco III, o Grande (223/222-188/187 a.C.).Arrasará tudo e passará adiante. Em 219 a.C., Antíoco III iniciou sua campanha contra o sul da Síria e a Palestina, retomando Selêucia, porto de Antioquia. Depois iniciou uma campanha sistemática para conquistar a Palestina de seu rival, Ptolomeu IV Filopator (222-204 a.C.), durante a qual entrou na Transjordânia, |
Dn.11:11 | 11. Este se exasperará. Sobre esta expressão, ver com. de Dn 8:7. Em 217 a.C., Ptolomeu IV encontrou Antíoco em Ráfia, próximo à fronteira da Palestina com o Egito.Ele. Este versículo se torna mais claro quando se reconhece que a passagem está na forma de um paralelismo hebraico invertido, no qual o primeiro e o quarto elementos, e o segundo e o terceiro, são paralelos. Assim, neste versículo, as referências são: rei do sul, rei do norte, ele (rei do norte), daquele (rei do sul; ver vol. 3, p. 12).Sua multidão. Políbio, o principal historiador antigo desse período, declara que o exército de Antíoco era constituído de 62 mil soldados de infantaria, 6 mil cavaleiros e 102 elefantes (Histories, v.79). As tropas de Ptolomeu deviam ser mais ou menos equivalentes em número (comparar com a referência a “miríades”, no v. 12).Será entregue nas mãos daquele. A batalha de Ráfia (217 a.C.), entre Antíoco III e Ptolomeu IV, resultou numa derrota esmagadora para o primeiro, de quem se diz ter perdido 10 mil soldados e 300 cavaleiros, além de 4 mil prisioneiros. |
Dn.11:12 | 12. Ele. Isto é, Ptolomeu IV.Não prevalecerá. Indolente e disso- luto, Ptolomeu não soube aproveitar sua vitória em Ráfia. No meio tempo, durante os anos 212-204 a.C. Antíoco III empregou suas energias para recuperar seus territórios orientais e realizou campanhas exitosas até a fronteira da índia. A morte de Ptolomeu IV (205r a.C.) foi ocultada durante algum tempo; então um filho, de quatro ou cinco anos o sucedeu como Ptolomeu V Epifânio (204-180 a.C.). |
Dn.11:13 | 13. Tornará. A ascensão do pequeno Ptolomeu V deu a Antíoco III a oportunidade de se vingar dos egípcios. Em 201 a.C., ele invadiu outra vez a Palestina.Ao cabo de tempos. Literalmente, “no final de tempos, anos ”. A referência é, provavelmente, ao período de 16 anos (217-201 a.C.)I 1:14 COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTiSTAentre a batalha de Ráfia (ver com. do v. 11) e a segunda campanha de Antíoco contra o sul. |
Dn.11:14 | 14. Naqueles tempos. A partir deste versículo, as interpretações do restante do capítulo diferem muito. Um grupo de comentaristas considera que os v. 14 a 45 continuam a narrar a história subsequente dos reis selêucidas e ptolomaicos. Outros defendem que, a partir do v. 14, o grande império mundial seguinte, Roma, entra em cena, e que os v. 14 a 35 esboçam o curso desse império e da igreja cristã.Neste ou num ponto posterior do capítulo, muitos comentaristas encontram referências a Antíoco IV (Epifânio), que governou de 175 a 164/163 a.C., e à crise nacional que sua política de helenização acarretou aos judeus. E inegável que a tentativa de Antíoco de forçar os judeus a abandonar sua religião nacional e sua cultura e adotar em lugar delas a religião, cultura e língua dos gregos é o evento mais significativo da história judaica de todo o período intertestamentário.A ameaça de Antíoco Epifânio confrontou os judeus com uma crise comparável às crises causadas pelo faraó, por Senaqueribe, Nabucodonosor, Hamã e Tito. Durante seu breve reinado de 12 anos, Antíoco quase exterminou a religião e a cultura dos judeus. Ele tirou todos os tesouros do santuário, saqueou Jerusalém, deixou a cidade e seus muros em ruínas, matou milhares de judeus e exilou outros como escravos. Um edito real ordenava-lhes que abandonassem os rituais de sua religião e vivessem como pagãos. Eles foram forçados a erigir altares pagãos em todas as cidades da Judeia, a oferecer neles carne de porco e a entregar todas as cópias das Escrituras para serem rasgadas e queimadas. Antíoco ofereceu carne de porco diante de um ídolo pagão no templo judaico. A interrupção dos sacrifícios (em 168-165 ou 167-164 a.C., de acordo com dois métodos de computar o tempo na era selêucida; ver nota de rodapé, no vol. 5, p. 25, paginação lateral)ameaçou a sobrevivência da religião judaica e a identidade dos judeus como povo.Finalmente, os judeus se rebelaram e expulsaram da Judeia as forças de Antíoco, Eles tiveram êxito em repelir um exército enviado por Antíoco com o propósito específico de exterminá-los como nação. Livres mais uma vez do opressor, restauraram o templo, fizeram um novo altar e ofereceram sacrifícios novamente (1 Macabeus 4:36-54). Ao fazer aliança com Roma, poucos anos depois (161 a.C.), os judeus desfrutaram, por quase um século, de relativa independência e prosperidade sob a proteção romana, até a judeia se tornar uma província romana, em 63 a.C. Os que afirmam que Antíoco Epifânio é mencionado nos v. 14 e 15 consideram que os "dados à violência'’ são os judeus que se tornaram traidores de seus próprios conterrâneos e ajudaram Antíoco na execução de seus decretos e políticas cruéis e blasfemos (para um relato detalhado das amargas experiências dos judeus durante esse tempo, ver 1 Macabeus 1 e 2; Josefo, Antiguidades, xii.6, 7; Guerra dos Judeus, i.l).E possível que Daniel 11 se refira à crise provocada pelas políticas de Antíoco Epifânio, embora existam consideráveis diferenças de opinião quanto a que parte da profecia fala desse rei. Reconhecer que as atividades de Antíoco Epifânio estão mencionadas em Daniel 11 não requer que ele seja considerado o tema da profecia dos cap. 7 e 8, assim como a menção de outros reis selêucidas não requer que sejam considerados tema da profecia desses capítulos.Os dados à violência dentre teu povo. Literalmente, “os filhos dos quebran- tadores do teu povo". Caso se entenda que “os dados à violência” são do “teu povo”, a frase se aplicaria àqueles dentre os judeus que viram na luta internacional de sua época uma oportunidade de fomentar seus interesses nacionais, e que estavam dispostos a ir além dos limites da lei para alcançar seusobjetivos. Por outro lado, se a expressão for entendida de forma objetiva, a passagem significaria “aqueles que agem com violência contra teu povo”. Nesse sentido, seria uma referência aos romanos, que ao final (63 a.C.) privaram os judeus de sua independência e, mais tarde (em 70 e 135 d.C.), destruíram o templo e a cidade de Jerusalém. Foi, de fato, durante o reinado de Antíoco III (ver com. dos v. 10-13) que os romanos, a fim de proteger os interesses de seus aliados Pérgamo, Rodes, Atenas e Egito, interferiram pela primeira vez nas questões da Síria e do Egito. |
Dn.11:15 | 15. Rei do Norte. Após as observações do v. 14, que podem ser um parêntese, este versículo dá continuidade à narrativa iniciada no v. 13 acerca da segunda campanha de Antíoco na Palestina.Baluartes. Do heb. solelah, “um outeiro”, isto é, “fortes”.Cidades fortificadas. Do heb. ‘ir míbt- saroth, literalmente, “uma cidade de fortificações”. A referência é, possivelmente, a Gaza, tomada por Antíoco III, em 201 a.C., depois de longo cerco. Alguns comentaristas entendem que esta passagem se refere a Sidom, onde Antíoco cercou um exército egípcio nessa mesma guerra e, depois de um cerco, forçou-o a se render.Braços. Símbolo de força (ver v. 22, 31). |
Dn.11:16 | 16. Terra gloriosa. Isto é, Palestina (ver com. de Dn 8:9). De acordo com o ponto de vista de que os romanos são referidos no v. 14, acredita-se que a conquista descrita aqui seja a de Pompeu, que em 63 a.C., interveio numa disputa entre os irmãos Hircano e Aristóbulo, rivais na luta pelo trono da Judeia. Os defensores se fecharam atrás dos muros do templo e, por três meses, resistiram aos romanos. Foi nessa ocasião que, de acordo com josefo (Antiguidades, xiv.4.4), Pompeu levantou o véu e contemplou o santo dos santos, então vazio, pois a arca estava escondida desde o exílio (ver com. de Jr 37:10). |
Dn.11:17 | 17. Entrará em acordo. Do heb. yesha- rim. O significado desta passagem é obscuro. A frase diz, literalmente, "e os retos com ele e ele fará” (ver ARC). Algumas versões consideram yesharim equivalente a mesharim, “integridade” ou “equidade”. Emprega-se mesharim no v. 6 para se referir a um acordo justo entre os reis do norte e do sul. Se mesharim. é a interpretação correta, pode haver aqui uma referência ao fato de que, quando morreu, em 51 a.C., Ptolomeu XI Auletes colocou seus dois filhos, Cleópatra e Ptolomeu XII, sob a tutela de Roma.Uma filha das mulheres (ARC). Expressão incomum, que possivelmente enfatiza a feminilidade da mulher em questão. Alguns aplicam esta expressão a Cleópatra, filha de Ptolomeu XI. Ela foi posta sob a tutela de Roma, em 51 a.C., e três anos depois se tornou amante de Júlio César, que tinha invadido o Egito. Depois de Júlio César ter sido assassinado, Cleópatra voltou suas afeições para Marco Antônio, rival de Otaviano (mais tarde, Augusto), herdeiro de César, que derrotou as forças aliadas de Cleópatra e Marco Antônio, em Àcio (31 a.C.). No ano seguinte, o suicídio de Marco Antônio (planejado por Cleópatra, segundo a opinião de alguns) abriu o caminho para o novo vencedor. Então, Cleópatra se suicidou ao se dar conta de que não podería conquistar Otaviano.Com Cleópatra, findou a dinastia ptolo- maica do Egito e, de 30 a.C. em diante, o Egito foi uma província do império romano. A conduta desonesta de Cleópatra se ajusta bem às especificações da última frase deste versículo, pois Cleópatra não era a favor de César, mas de seus próprios interesses políticos. |
Dn.11:18 | 18. As terras do mar. Do heb. ’iyyim. Guerras em outras partes do império fizeram com que Júlio César deixasse o Egito. O partido de Pompeu foi logo derrotado nas terras costeiras da África. Na Síria e Asia Menor, César teve êxito contra Farnaces, rei de Ponto.Um príncipe. Do heb, qatsin, alguém de autoridade, em geral, um príncipe como em Isaías 1:10, ou mais especificamente um comandante militar, como em josué 10:24.Ainda. O hebraico da última frase deste versículo é obscuro. A seguinte tradução provavelmente reflete o sentido do texto: "fará tornar sobre ele o seu opróbrio” (ARC). |
Dn.11:19 | 19. Tropeçará, e cairá. Em 44 a.C., Júlio César foi assassinado em Roma. |
Dn.11:20 | 20. Um exator. Do heb. mdavir noges, literalmente, "alguém que faz passar um opressor”. O particípio noges, do verbo nagas, “oprimir”, "exigir”, é usado com relação aos feitores de Israel no Egito (Ex 3:7) e a opressores estrangeiros (is 9:4). A passagem se refere a um rei que enviaria opressores ou exatores por todo seu reino. A maioria dos comentaristas entende que a referência é a um cobrador de impostos, que, antigamente, para o homem comum era a própria personificação da opressão real. Lucas 2:1 registra que, "naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se [literalmente, "inscrever-se” ou “registrar- se”, ver com. de Lc 2:1]”. Considera-se que Augusto, sucessor de Júlio César, estabeleceu o império romano e, depois de um reinado cie mais de 40 anos, morreu em paz em seu leito, em 14 d.C. |
Dn.11:21 | 21. Um homem vil. Isto é, alguém desprezado ou pouco estimado. Augusto foi sucedido por Tibério (14-37 d.C.). Alguns historiadores defendem que houve uma tentativa deliberada por parte de Suetônio, Sêneca e Tácito para denegrir a imagem de Tibério. Sem dúvida, o quadro foi exagerado. No entanto, existem evidências suficientes que mostram que Tibério era excêntrico, mal compreendido e não amado pelo povo.Ao qual não tinham dado. Literalmente, "não deram”. Provavelmente a referência é ao fato de que Tibério não estava originalmente na linha cie sucessão ao trono,mas se tornou filho de Augusto por adoção e foi apontado como herdeiro do império apenas quando adulto.Caladamente. Quando Augusto morreu, Tibério ascendeu ao trono de forma pacífica. Ele era apenas o filho adotivo de seu predecessor, e sua ascensão deveu-se, em grande parte, às manobras de sua mãe, Lívia. |
Dn.11:22 | 22. As forças inundantes. "Forças” aqui denota poder militar (verv. 6, 15). O quadro é de exércitos que se assemelham a uma inundação (ver Dn 9:26). Tibério teve êxito ao conduzir várias campanhas militares, tanto na Alemanha quanto no Oriente, nas fronteiras da Armênia e Pártia.Príncipe da aliança. Identificado com o Príncipe que confirma a aliança em Daniel 9:25 a 27 (ver 8:11). A profecia do cap. 9 deixa claro que se trata do Messias, Jesus Cristo. Foi no reinado de Tibério (14-37 d.C.) e por ordem de seu procurador na Judeia, Pôncio Pilatos, que Jesus foi crucificado, no ano 31 d.C. |
Dn.11:23 | 23. Apesar da aliança. Alguns comentaristas sugerem que, aqui, Daniel retrocede no tempo e se refere à aliança de auxílio e amizade entre os judeus e os romanos, em 161 a.C. (ver Josefo, Antiguidades, xii.10.6). Esse ponto de vista supõe que a expressão hebraica traduzida como "tempo” no v. 24 designa um “tempo” profético de 360 anos (ver com. de Dn 7:25; 11:24). Outros, que defendem a continuidade cronológica da narrativa profética de Daniel 11, encontram uma referência à política romana de obter o que hoje seria chamado de "pacto de assistência mútua", como, por exemplo, a aliança de auxílio e amizade com os judeus. Nesses tratados, os romanos reconheciam os participantes como "aliados” e tinham o objetivo de, supostamente, proteger e promover interesses mútuos. Assim, Roma parecia amiga e protetora, apenas para astuciosamente fazer valer esses acordos em benefício próprio. Ela com frequência impunha os fardos das conquistas sobre seus "aliados”, mas, em geral, reservavaas recompensas para si. Ao final, esses “aliados” eram absorvidos pelo império romano. |
Dn.11:24 | 24. Por certo tempo. Do heb. dd-‘eth, “até um tempo”. Esta expressão indica um [ponto do] tempo quando as artimanhas do poder aqui apresentado seriam eliminadas. E provável que, neste caso, a palavra eth, “tempo”, não deva ser considerada um período específico de tempo, nem como um período de tempo profético. A palavra traduzida como "tempos” (Dn 4:16; 7:25) é do aramaico 'iddanin e do hebraico tnoadim (Dn 12:7). Ad-eth parece indicar um tempo indeterminado. O poder maligno agiria até que atingisse o limite especificado por Deus (ver Dn 11:27; cf. 12:1).Os que acreditam que aqui se indica um tempo profético veem nos eventos narrados uma referência ao período de tempo em que a cidade de Roma permanecería como sede do império. Considera-se que 31 a.C. foi a data inicial, o ano da batalha de Ácio, quando Augusto triunfou sobre Marco Antônio e Cleópatra. A contar de 31 a.C., 360 anos chegam a 330 d.C., o ano em que a sede do império foi transferida de Roma para Constantinopla.Alguns veem na declaração deste versículo uma previsão da política romana para com as regiões conquistadas pelo império. A história registra que o despojo da conquista era generosamente distribuído entre a nobreza e os comandantes do exército, e que era urna prática comum que até o soldado raso recebesse terras nas regiões conquistadas. “Por certo tempo” (um período considerável de tempo, de fato), nenhuma fortaleza foi capaz de resistir à pressão das invencíveis legiões romanas. |
Dn.11:25 | 25. Suscitará a sua força. De acordo com a explicação mencionada antes (ver com. do v. 24), este versículo se refere à luta entre Augusto e Antônio, que culminou com a batalha de Ácio e com a derrota de Antônio. |
Dn.11:26 | 26. Os que comerem. Alguns veem nesta frase uma referência aos favoritos darealeza. Desde os dias dos primeiros Césares, intrigas palacianas marcaram a ascensão e a queda dos imperadores romanos. Em anos posteriores, particularmente, quando um após outro oficial do exército ocupou o trono dos Césares, com frequência pelo preço da cabeça de seu predecessor, cumpriu-se com singular exatidão a previsão de que favoritos da realeza se levantariam e destruiríam aqueles que tinham se tornado seus amigos e, como resultado, “muitos” cairiam traspas- sados. No antigo Oriente, esperava-se que os que comiam alimento fornecido por outra pessoa se mantivessem leais a ela.Arrasado. A Siríaca e a Vulgata trazem “ser lavado” ou “ser arrastado”. De acordo com a explicação mencionada (v. 24), este versículo descreve o destino de Marco Antônio. Quando Cleópatra, temendo pelo estrondo da batalha, se retirou de Ácio, levando seus 60 navios da marinha egípcia, Marco Antônio a seguiu e, com isso concedeu vitória a Augusto. Os que apoiavam Marco Antônio passaram para o lado de Augusto. Finalmente, Marco Antônio cometeu su icídio. De acordo com os que enfatizam a continuidade cronológica do capítulo (ver com. do v. 23), é predita aqui a situação política instável que marcou os reinados de Nero e Diocleciano. |
Dn.11:27 | 27. Estes [...] se empenharão em fazer o mal. Alguns consideram que esta frase é uma referência a intrigas de Otaviano (mais tarde, Augusto) e Antônio, ambos aspirantes ao controle do império. Outros veem uma referência à luta pelo poder durante os últimos anos do reinado de Diocleciano (284-305 d.C.) e durante os anos entre a morte deste e o tempo em que Constantino, o Grande (306-337), conseguiu unir novamente o império (323 ou 324).Tempo determinado. Homens maus e suas maquinações duram apenas até quando Deus permite. A verdadeira filosofia da história se demonstra no livro de Daniel: "Segundo a Sua vontade, Ele opera com oexército do Céu e os moradores da terra; não há quem Lhe possa deter a mão’’ (Dn 4:35). |
Dn.11:28 | 28. Então, o homem vil tornará. Alguns expositores consideram que isto seja urna previsão do cerco e da destruição de Jerusalém por Tito, em 70 d.C. Outros, que defendem a continuidade cronológica da narrativa profética (ver com. do v. 23), veem uma descrição mais ampla da obra de Constantino, o Grande.Contra a santa aliança. Fala-se de Cristo como o "príncipe da aliança’’ (v. 22), e aquele que "fará firme aliança com muitos por uma semana” (Dn 9:27). Esta aliança é o plano da salvação, traçado na eternidade e confirmado pela morte de Cristo. Então, parece razoável entender o poder aqui mencionado como um que tenazmente se oporia a esse plano e a seu efeito na vida dos seres humanos. Alguns veem uma referência específica à invasão da judeia pelos romanos e à tomada e destruição de Jerusalém, em 70 d.C. Outros sugerem que Constantino seja o tema da profecia e observam que, embora professasse ter se convertido à fé cristã, Constantino estava na verdade “contra a santa aliança”, sendo que seu objetivo era fazer uso do cristianismo como um instrumento para unir o império e solidificar seu domínio. Ele fez grandes favores à igreja, mas em troca esperava que a igreja apoiasse sua política. |
Dn.11:29 | 29. Não será. De acordo com a interpretação de que aqui se esboça a carreira de Constantino, sugere-se o seguinte: a despeito de todas as tentativas de Constantino para reavivar a antiga glória e o poder do império romano, seus esforços tiveram um êxito apenas parcial.Na primeira. A passagem pode ser traduzida como: "esta vez não será corno a primeira”. Alguns creem que a referência seja à mudança da sede do império para Constantinopla. Essa mudança foi apontada como sinal da queda do império. |
Dn.11:30 | 30. Quitim. O nome de Quitim ocorre várias vezes no AT e em escritos judaicos posteriores, sendo usado de várias formas interessantes. Quitim é mencionado como filho de Javã e neto de Jafé (ver com. de Gn 10:4; cf lCr 1:7). A área ocupada pelos descendentes de Quitim foi provavelmente Chipre. A principal cidade fenícia de Chipre, na costa sudeste, era conhecida em fenício como Kt, em grego como Kition e em latim como Citium. Balaão declara na sua profecia (Nm 24:24) que ‘'homens virão das costas [direção] de Quitim em suas naus; afligirão a Assur”. Alguns aplicam essa profecia à derrota da Pérsia na Mesopotâmia por Alexandre, o Grande, que saiu das costas do Mediterrâneo (ver com. de Nm 24:24). As “terras do mar cie Chipre” (Jr 2:10; Ez 27:6), aparentemente, referem-se também às costas do Mediterrâneo.Na literatura judaica extra-bíblica, o termo ocorre em 1 Macabeus LI, ao se descrever a Macedônia. Além disso, dois dos rolos do Mar Morto contêm esse nome. As formas ktyy ’shxvr, “Quitim de Assur” (Assíria), e hktyym bmtsrym, “a Quitim no Egito”, são usadas na obra A Guerra do Filhos da Luz contra os Filhos das Trevas. As designações podem talvez se referir aos selêucidas e ao.s ptolomeus: os reis do Norte e do Sul. A associação geográfica do termo Quitim com as terras costeiras do Mediterrâneo parece ter se perdido totalmente, e Quitim passou a ser um termo genérico para designar os inimigos dos judeus. O chamado “Comentário de Habacuque”, entre os rolos do Mar Morto, também menciona Quitim. O autor dessa obra cria que as profecias de Habacuque se referiam às dificuldades dos judeus em seus próprios dias (provavelmente por volta de meados do Io século a.C.). Ele interpretou Habacuque 1:6 a 11, em que o profeta descreve os caldeus, como referência a Quitim, que estava despojando os judeus de sua época. No contexto histórico dessaobra o termo talvez se aplique aos romanos (ver vol. 1, p. 8-11).Com relação a isso, é interessante observar que na LXX, traduzida talvez no 2o século a.C., Daniel 11:30 diz “romanos” em vez de “Quitim”. Portanto, parece claro que, embora a palavra Kittim originalmente se referisse a Chipre e a seus habitantes, mais tarde, teve seu significado ampliado de modo a incluir as costas do Mediterrâneo ao oeste da Palestina e, ainda mais tarde, aplicou-se a opressores estrangeiros em geral, viessem eles do sul (Egito), do norte (Síria) ou do oeste (Macedônia e Roma).Com respeito à época em que foi escrito, o livro de Daniel está bem mais próximo das referências a Quitim de Jeremias e Ezequiel do que das referências de origem pós-bíbíica, que talvez tenham surgido como uma extensão do emprego de “Quitim” na Bíblia. Contudo, a fraseologia deste versículo relembra Números 24:24, em que se faz referência a conquistadores do ocidente (ver com. ali). Embora nem todos os estudiosos da Bíblia estejam de acordo com a referência histórica exata de “Quitim” neste versículo, parece claro que, ao interpretar esta passagem, deve-se levar em conta dois pensamentos. Primeiro, geograficamente, na época de Daniel, a palavra se referia a terras e povos do ocidente; e, segundo, a ênfase já pode ter estado no processo de mudança do significado geográfico da palavra à ideia de Quitim como invasores e destruidores procedentes de qualquer parte.Alguns veem nos “navios de Quitim'’ uma referência às hordas bárbaras que invadiram e destruíram o império romano ocidental.Aliança. Ver com. do v. 28. Alguns veem nessa indignação uma referência aos esforços de Roma para destruir a santa aliança por meio da supressão das Sagradas Escrituras e do ataque àqueles que criam nelas. |
Dn.11:31 | 31. Dele. Doheb. mimmennu. Esta palavra modifica o sujeito e não o verbo da frase:“Dele sairão forças”; isto é, forças pertencentes a esse poder surgiriam para realizar a obra de profanação descrita aqui.Sairão. Isto é, “se levantarão”.Profanarão. Do heb. chalai. Palavra hebraica que indica que algo sagrado foi tornado profano. A palavra é empregada para indicar a profanação de um altar de pedra pelo uso de uma ferramenta sobre ele (Ex 20:25) e a profanação do sábado (Ex 31:14). Também descreve os atos dos que profanaram o nome de Deus ao sacrificarem os filhos a deuses pagãos (Lv 20:3; ver com. de Lv 18:21).O santuário, a fortaleza nossa. Literalmente, “o lugar santo, o refugio”. Estas palavras estão em aposição. Alguns entendem que elas se aplicam à cidade de Roma, sede do poder no mundo antigo. Segundo essa ideia, são preditos aqui os ataques destrutivos de poderes bárbaros.Outros creem que o santuário celestial é o tema em questão. A palavra heb. mdoz, traduzida como “fortaleza”, vem do verbo ‘azaz, “ser forte”, e é usada várias vezes neste capítulo (v. 7, 10, 19, 38, 39), embora não seja traduzida uniformemente.O santuário terreno em Jerusalém era cercado de fortificações. O santuário celestial, onde Cristo pleiteia Seu sangue em favor de pecadores, é o supremo lugar de refúgio. Sendo assim, entende-se que esta passagem descreve a ação do grande poder apóstata da história cristã que substituiu o verdadeiro sacrifício de Cristo e Sua ministração como sumo sacerdote no santuário celestial por um falso sacrifício e uma falsa ministração.Sacrifício diário. Ver com. de Dn 8:11.Abominação desoladora. A obra do papado é aqui predita. Esta é a primeira vez que a expressão ocorre no livro de Daniel, embora haja palavras similares na frase “sobre a asa das abominações virá o assolador” (Dn 9:27; na LXX, essa frase diz “sobre o templo abominação de desolações”). As palavrasde Cristo sobre o “abominável da desolação” (Mt 24:15) devem ser consideradas como uma aplicação particular dessa primeira'deferência de Daniel 9:27 em vez de Daniel 11:31. Ao falar da iminente destruição de Jerusalém, que ocorreu em 70 d.C., Jesus identificou os exércitos romanos que cercariam a cidade como “o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel” (Mt 24:15; cf. Lc 21:20).Tendo em vista o fato de Daniel 9:27 fazer parte da explicação do anjo sobre o conteúdo de 8:11 a 13, a conclusão natural é que Daniel 8:11 a 13 é uma profecia dupla (similar à de Mt 24; ver DTN, 628) que se aplica tanto à destruição do templo e de Jerusalém pelos romanos como à obra do papado na era cristã.Deve-se observar também que a referência explícita de Jesus à obra do “abominável da desolação”, como ainda no futuro naquela época, torna claro que Antíoco Epifânio, de fato, não cumpre essa profecia (ver com. de Dn 8:25). |
Dn.11:32 | 32. Aliança. Ver com. do v. 28.Ele. Isto é, o papado.Lisonjas. Do heb. chalaqqoth, “coisas lisas, escorregadias” (ver Dn 8:25). O método de Satanás consiste em fazer seu caminho parecer mais fácil do que o de Deus. Através da história cristã, o povo de Deus tem se mantido fiel ao “apertado [...] caminho que conduz para a vida”, como Cristo o descreveu (Mt 7:14).E ativo. Do heb. ‘asah, “fazer”, “agir”. Como no v. 28, as expressões “ativo” e “proezas” (ARC) são acrescentadas, como se acrescenta “o que lhe aprouver”, no v. 28, ao verbo ‘asah. Sem dúvida, esta passagem se refere àqueles que, nas terras sob jurisdição de Roma e fora dela, resistiram às usurpações papais e mantiveram a fé viva, como, por exemplo, os valdenses, os albigenses e outros.A igreja verdadeira se distingue não apenas pelo fato de que o povo de Deus reage ao pecado, resistindo à tentação, mas muito mais por levar adiante um programa positivode ação em favor da vontade do Altíssimo. O cristianismo não pode ser passivo. Todo filho de Deus tem uma missão a cumprir. |
Dn.11:33 | 33. Ensinarão a muitos. A ordem de Cristo “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações” (Mt 28:19) é tão imperativa em tempos de perseguição como em períodos de paz e, com frequência, se prova mais eficaz em tempos adversos.Cairão. Durante os séculos em que o verdadeiro povo de Deus foi mais duramente perseguido, os corajosos o suficiente para permanecer e testemunhar de suas convicções se tornaram objetos particulares de perseguição.Algum tempo. O texto hebraico, a LXX e a versão de Teodócio dizem simplesmente “dias”. Contudo, existem alguns manuscritos hebraicos que trazem a palavra rabim, “muitos” (ARC). O período a que se refere aqui é claramente o mesmo dos 1.260 anos (Dn 7:25; 12:7; Ap 12:6, 14; 13:5); tempo durante o qual o poder apóstata blasfemou de Deus da forma mais desafiante, exercendo autoridade usur- padora e perseguindo os que rejeitavam essa autoridade (ver com. de Dn 7:25). |
Dn.11:34 | 34. Pequeno socorro. Embora, em Sua sabedoria, Deus nem sempre considerasse apropriado livrar Seus santos da morte, todo mártir teve a oportunidade de saber que sua vida estava “oculta juntamente com Cristo, em Deus” (Cl 3:3).Durante os amargos dias de apostasia e perseguição, descritos em Daniel 11:33, Deus repetidamente enviou a Seu povo oprimido “um pequeno socorro” por meio de líderes que falavam em meio à escuridão, apelando para o retorno aos princípios das Escrituras. Dentre os quais estavam os ministros valdenses do século 12 em diante, John Wycliffe, na Inglaterra, no século 14; e John Huss e Jerônimo de Praga, no século 15. No século 16, a grande agitação na vida política, econômica, social e religiosa da Europa, que em seu alcance espiritual tornou possível a Reforma Protestante,acrescentou muitas vozes mais fiéis às ouvidas nas gerações anteriores. |
Dn.11:35 | 35. Embranquecidos. As vezes, Deus permite que Seus filhos sofram, mesmo até a morte, para que o caráter seja purificado e preparado para o Céu. Mesmo Cristo “aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu” (Hb 5:8; compare com Ap 6:11).Tempo do fim. Do heb. eth qets. Esta expressão ocorre também em Daniel 8:17; 11:40; e 12:4 e 9. No contexto de Daniel 11:35, eth qets parece estar claramente relacionado aos 1.260 anos, marcando o fim deste período. Estas passagens das Escrituras apontam para o ano 1798 d.C. como o início do “tempo do fim” (ver DTN, 234; T5, 9, 10; GC, 356).Tempo determinado. Do heb. mded, do verbo yàad, “apontar”. Mded, uma palavra hebraica comum, se aplicava às reuniões de Israel com Deus (Ex 23:15; ver com. de Lv 23:2). A palavra era usada tanto para a data da reunião (Os 12:9) quanto para o lugar (SI 74:8). Em Daniel 11:35, tem-se a ideia de tempo. Ainda mais importante é o fato de que é um tempo determinado. “O tempo do fim’’ é um tempo determinado no programa divino dos acontecimentos. |
Dn.11:36 | 36. Este rei. Eruditos adventistas do sétimo dia defendem dois pontos de vista com relação à interpretação dos v. 36 a 39. Uma interpretação identifica o poder descrito aqui como a França revolucionária de 1789 e anos seguintes. A outra defende que este é o mesmo poder apóstata, perseguidor descrito nos versículos anteriores.Os que entendem que "este rei'' se refere ao poder francês durante a Revolução enfatizam que este deve ser um novo poder apresentado aqui, pois ele é menciondado logo depois de “tempo do fim” e, supostamente, deve cumprir certas especificações não mencionadas em relação ao poder descrito nos versículos anteriores, principalmente que sua vontade será manifesta em favor do ateísmo. E um fato histórico que o espíritoda Revolução Francesa era não apenas anti- clerical, mas também ateísta, e que essa filosofia se difundiu amplamente nos séculos 19 e 20. Além disso, essa revolução e suas consequências marcam o fim do período profético de 1.260 anos.Os que defendem que “este rei” é o mesmo poder descrito no v. 32 apontam para o fato de que, no hebraico, o artigo definido precede a palavra “rei”. Isso indicaria que o poder ao qual se refere aqui já foi mencionado antes. Alegam que a referência ao “tempo do fim”, no v. 35, pode apontar adiante e não indica necessariamente que os v. 36 a 39 devem ser colocados exclusiva- mente após o início desse tempo, em 1798 (ver com. do v. 35), especialmente visto que somente no v. 40 se diz que um evento se daria “no tempo do fim”. Eles entendem que a descrição desse poder nos v. 36 a 39 não indica o ateísmo, mas sim uma tentativa de suplantar todos os outros poderes religiosos. Os que defendem esse ponto de vista também chamam atenção para o paralelismo dos cap. 2 e 7; 8 e 9; e concluem que é possível encontrar o mesmo paralelismo no cap. 11, e que ele tem a ver com a culminação do mesmo poder apóstata descrito nas outras profecias do livro de Daniel.E se engrandecerá. De acordo com o ponto de vista de que aqui se descreve a França revolucionária, entende-se que estas palavras descrevem os excessos do ateísmo cometidos por alguns dos líderes mais radicais da Revolução. Como exemplo clisso, em 26 de novembro de 1793, a Comuna, ou corpo governante da cidade de Paris, aboliu oficialmente todas as religiões na capital da França. Embora essa ação tenha sido revertida pela Assembléia Nacional poucos dias depois, ela ilustra a influência do ateísmo durante esse período.Aqueles que entendem que estes versículos se aplicam ao grande poder apóstata da história cristã consideram esta passagemparalela a Daniel 8:11, 25; 2 Tessalonicenses 2:4; e Apocalipse 13:2, 6; e 18:7. Entendem que a profecia deste versículo se cumpre na pretensão do papa em ser o vicário de Cristo na Terra, no poder reivindicado pelo clero e no “poder das chaves”: a autoridade para abrir e fechar as portas do Céu aos seres humanos.Falará coisas incríveis. De acordo com o ponto de vista de que a França é o tema em questão, esta frase se refere às palavras arrogantes dos revolucionários que aboliram a religião e estabeleceram o culto à deusa Razão. Quando, mais tarde, se introduziu o culto ao Ser Supremo, os reacionários tornaram claro que ele não devia ser identificado com o Deus da religião cristã.Sobre o cumprimento desta passagem segundo o ponto de vista de que o papado é o tema em questão aqui, ver com. de Daniel 7:11, 25; ct. 2 Tessalonicenses 2:4; e Apocalipse 13:5 e 6. |
Dn.11:37 | 37. Desejo de mulheres. Os que acreditam que a referência é à França veem o cumprimento desta passagem na declaração dos revolucionários de que o casamento era um mero contrato civil, que sem formalidades poderia ser dissolvido pelas partes envolvidas. Já os que acreditam ser ao papado veem uma possível referência à importância que esse poder dá ao celibato e à virgindade.Nem a qualquer deus. De acordo com a primeira posição, as palavras se aplicam ao poder ateu francês revolucionário que tentou abolir a religião no país (ver com. do v. 36). Segundo a outra posição, as palavras devem ser entendidas num sentido comparativo, isto é, o poder descrito não é ateu, mas se considera porta-voz de Deus e não dá a Deus a honra devida. Ele busca de forma blasfema se colocar no lugar dEle (ver 2Ts 2:4). |
Dn.11:38 | 38. Em lugar. Do heb. ‘al-kanno, “em seu lugar", isto é, no lugar do verdadeiro Deus.Deus das fortalezas. Do heb. eloah mauzzim. Comentaristas divergem consideravelmente quanto à interpretação destaexpressão. Alguns a consideram como nome próprio, “o deus Mauzzim”. Contudo, não se conhece em parte alguma um deus com tal nome. Visto que mauzzim parece ser o plural da palavra hebraica mcioz, “refúgio”, “fortaleza", que ocorre repetidamente neste capítulo (v. 7, 10, 19, 31), parece melhor entender estas palavras como “o deus das fortalezas” ou “deus dos refúgios”.Alguns interpretam este versículo como uma referência ao culto da Razão instituído em Paris, em 1793. Ao perceberem a necessidade da religião para que a França permanecesse forte a fim de cumprir seu objetivo em difundir a revolução pela Europa, alguns dos líderes em Paris tentaram estabelecer uma nova religião, tendo a razão personificada como deusa. Isso foi seguido, mais tarde, pelo culto ao “Ser Supremo” (a natureza deificacla), que pode ser considerado como o “deus das fortalezas” ou forças.Outros entendem que se faz referência aqui às orações dirigidas à virgem Maria; e ainda outros à aliança de Roma com poderes civis e seus esforços premeditados para conseguir que as nações fizessem sua vontade.Coisas agradáveis. Do heb. chaniu- dhoth, “coisas desejáveis, preciosas”. Uma palavra similar da mesma raiz é empregada em Isaías 44:9 para descrever os custosos ornamentos com os quais os pagãos enfeitavam suas imagens. Alguns veem o cumprimento desta passagem nos presentes valiosos concedidos às imagens da Virgem e dos santos (ver Ap 17:4; 18:16). |
Dn.11:39 | 39. Agirá contra as poderosas fortalezas. Esta passagem é obscura e foi traduzida de várias formas. O verbo traduzido como “agirá”, ‘asah, significando “fazer”, “operar”, não tem objeto direto e é seguido de duas preposições, le, “a” ou "para"’, e ‘im, “com”. O verbo ‘asah, sem objeto e seguido de le, como aqui, tem o sentido de “trabalhar para [alguém]’’ (como em Gn 30:30; lSm 14:6; Ez 29:20). Seguido de ‘im, 'asahtem o sentido de '‘trabalhar com” (como em iSm 14:45). Tendo em vista esses empregos, parece razoável traduzir a passagem como: “e trabalhará para os refúgios mais fortes (mduzzim) com um deus estranho”. Visto que 'eloah mduzzim (v. 38) parece ser equivalente a “um deus que seus pais não conheceram”, é de se esperar que, neste caso, identifique- se com o “deus estranho'”.Alguns veem nesta passagem uma referência ao lugar estratégico que o ateísmo e as idéias racionalistas ocuparam entre os líderes da França durante a Revolução. Outros veem uma descrição do apoio que a igreja romana deu ao culto aos “protetores ”, os santos, às festividades realizadas em várias cidades ao redor do mundo, em honra ao sacrifício da missa e à virgem Maria.Repartirá a terra. Alguns entendem que estas palavras descrevem a divisão das grandes propriedades da nobreza da França, e à venda dessas propriedades pelo governo a pequenos proprietários. Estima-se que dois terços das propriedades rurais francesas foram confiscados pelo governo durante a Revolução.Outros acreditam que estas palavras têm seu cumprimento no domínio papal sobre governantes temporais e no frequente recebimento de rendas por parte deles. Sugeriu-se que a divisão do Novo Mundo, entre Espanha e Portugal, pelo papa Alexandre VI, em 1493, pode ser considerado um exemplo do cumprimento desta passagem. |
Dn.11:40 | 40. Tempo do fim. Aqui o rei do Norte e o rei do Sul são mencionados pela primeira vez desde os v, 14 e 15. Eruditos adventistas do sétimo dia que entendem que o tema dos v. 36 a 39 é a conduta da França durante a Revolução defendem que a Turquia é o rei do Norte dos v. 40 a 45. Os que aplicam os v. 36 a 39 ao papado encontram aqui um quadro profético do clímax de sua carreira. Alguns do último grupo identificam o papado como o rei do Norte, ao passo que outros fazem distinção entre os dois. Alguns consideramque os v. 40 a 45 têm seu cumprimento no colapso do império otomano, em 1922 (ver com. do v. 45). |
Dn.11:41 | Sem comentário para este versículo |
Dn.11:42 | Sem comentário para este versículo |
Dn.11:43 | Sem comentário para este versículo |
Dn.11:44 | Sem comentário para este versículo |
Dn.11:45 | 45. Chegará ao seu fim. Ver previsões similares nas profecias paralelas do cap. 2 (v. 34, 35, 44, 45), do cap. 7 (v. 11, 26), dos cap. 8 e 9 (8:19, 25; 9:27) e em outras passagens das Escrituras (Is 14:6; 47:11-15; Jr 50:32; l i s 5:3; Ap 18:6-8, 19, 21).Em geral, os adventistas do sétimo dia defendem que o cumprimento do v. 45 ainda está no futuro. As palavras prudentes ditas pelo pioneiro adventista Tiago VVhite, em 1877, com respeito à cautela na interpretação de profecias ainda não cumpridas, são um conselho válido ainda hoje:“Ao interpretar profecias não cumpridas, sobre as quais a história não está escrita, o estudioso deve apresentar suas suposições sem exagerado dogmatismo, do contrár io poderá se encontrar extraviado no terreno da fantasia.“Existem pessoas cjue se preocupam mais com a verdade futura do que com a presente. Veem pouca luz no caminho por onde andam, mas pensam que há grande luz adiante deles.“Posições tomadas sobre a questão do Oriente se baseiam em profecias que ainda não se cumpriram. Nesse caso, deveriamos andar com cautela e tomar posições cuidadosas, do contrário poderemos estar removendo os marcos estabelecidos firmemente no movimento adventista. Pode-se dizer que há um acordo geral sobre esse tema, e que todas as atenções estão voltadas para a presente guerra entre a Turquia e a Rússia como o cumprimento dessa parte da profecia que dará grande confirmação da fé no breve alto clamor e na conclusão de nossa mensagem. Mas é inquietante pensar qual será o resultado desse dogmatismo quanto às profecias não cumpridas se as coisas não ocorrerem como se espera tão confiada- mente” (Tiago VVhite, RH, 29 de novembro de 1877).Capítulo 12estava sobre as águas do rio, quando levantou a mão direita e a esquerda ao céu e jurou, por Aquele que vive eternamente, que isso seria depois de um tempo, dois tempos e metade de um tempo. E, quando se acabar a destruição do poder do povo santo, estas coisas todas se cumprirão. |
Dn.12:1 | 1. Nesse tempo. Do heb. bdeth hahi. Alguns defendem que estas palavras se referem à frase beeth qets, “no tempo do fim” (Dn 11:40); isto é, que os eventos a serem narrados ocorrem dentro desse período de tempo. No entanto, o contexto justifica a conclusão de que “nesse tempo” se refere ao tempo do desaparecimento do poder descrito no final do cap. 11. Deve-se observar que as palavras “nesse tempo” não especificam se os eventos previstos aqui ocorrerão de forma simultânea aos de Daniel 11:45, se os precedem ou se os seguem imediatamente. O importante é que os eventos do último versículo do cap. 11 e os do primeiro versículo do 12 estão estreitamente ligados no que se refere ao tempo. Levantará. Do heb. 'amad, a mesma palavra é usada mais adiante para descrever a atitude de Miguel em relação aos “filhos do teu povo”. O sentido claramente é que Cristo Se levanta para livrar Seu povo (ver GC, 613, 633, 641, 642, 657). Miguel. Ver com. de Dn 10:13. O Campeão divino do grande conflito age para livrar Seu povo. Príncipe. Do heb. ‘sar (ver com. de Dn 10:13). O defensor. Do heb. liaomed aí, ‘que se levanta sobre", isto é, para proteger. Tempo de angústia. Quando cessar a obra intercessória de Cristo e o Espírito de Deus for retirado da Terra, então todos os poderes das trevas que estiveram retidos descerão com indescritível fúria sobre o mundo. Haverá uma cena de conflito tal que ninguém poderá descrever (ver GC, 613, 614). Salvo. Comparar com Dn 7:18, 22, 27; 10:14. Que consolo é saber que nesse grande conflito a vitória é certa! No livro, isto é, o livro da vida (ver com. de Dn 7:10; cf. Fp 4:3; Ap 13:8; 20:15; 21:27; 22:19). |
Dn.12:2 | 2. Ressuscitarão. Uma ressurreição especial precede o segundo advento de Cristo. “Todos os que morreram na fé da mensagem do terceiro anjo" se levantarão nessa hora. Além disso, os que contemplaram com zombaria a crucifixão de Cristo e os que mais violentamente se opuseram ao povo de Deus serão levantados de seus túmulos para ver o cumprimento da promessa divina e o triunfo da verdade (ver GC, 637; Ap 1:7).Horror. Do heb. deron, palavra que ocorre apenas nesta passagem e em Isaías 66:24. Está relacionada à palavra árabe dara’, "repelir”, e tem o sentido de “aborrecimento”. Depois de testemunhar durante milênios a grande controvérsia e ver quão terrível é o pecado, os habitantes do universo sentirão por ele grande repulsa. Quando a controvérsia findar e o nome de Deus for totalmente vindicaclo, todo o universo terá horror ao pecado e a tudo o que ele contaminou.É esse sentimento que garante que a iniquidade jamais tornará a perturbar a harmonia do universo. |
Dn.12:3 | 3. Os que forem sábios. Do heb. ham- maskilim, do verbo sakal, “ser prudente”. Essa forma pode ser entendida num sentido simples, como "os que forem prudentes” ou “os que tiverem discernimento”; ou num sentido causativo, como “aqueles que fazem com que haja discernimento”, isto é, "aqueles que ensinam". A pessoa que realmente tem discernimento das coisas de Deus percebe que elas devem ser compartilhadas com outros. A sabedoria divina leva a pessoa a ser um instrutor dessa sabedoria a outros. Em Daniel 11:33, maskilhn é traduzido como “sábios”, e são apresentados como perseguidos por seus esforços fiéis. Neste versículo, eles são recompensados com a glória eterna (comparar com o v. 10). |
Dn.12:4 | 4. Encerra as palavras. Admoestação similar é dada com respeito à visão anterior de Daniel (8:26). Essa instrução não se aplica a todo o livro de Daniel, pois uma parte da mensagem foi entendida e tem sido uma bênção aos crentes por séculos. Ela se aplica à parte da profecia de Daniel que fala dos últimos dias (AA, 585; DTN, 234). A mensagem, baseada no cumprimento dessas profecias, não poderia ser proclamada antes que esse tempo chegasse (ver GC, 356; comparar com o “livrinho aberto’ na mão do anjo de Ap 10:1, 2; ver também TM, 115).Muitos o esquadrinharão. Do heb. shut, palavra que ocorre 13 vezes no AT (Nm 11:8; 2Sm 24:2, 8; 2Cr 16:9; Jó 1:7; 2:2; Jr 5:1; 49:3; Ez 27:8, 26; Dn 12:4; Am 8:12; Zc 4:10). Na maioria dessas ocorrências shut descreve o ato físico de vagar.Muitos intérpretes creem que shut é usado aqui num sentido metafórico e que descreve uma fervorosa investigação da Bíblia, resultando num aumento do conhecimento com respeito às profecias do livro de Daniel (ver cf. DTN, 234; GC, 356).Outros creem que Daniel prevê a multiplicação cie viagens e dos meios de transporte como os que marcaram o século 19.A LXX traz uma tradução bem diferente: “E tu, Daniel, cubra as ordens e sela o livro até o tempo do fim, até que muitos enlouqueçam e a terra se encherá de injustiça.” A versão de Teodócio se aproxima do texto massorético: “E tu, Daniel, fecha as palavras e sela o livro até o tempo do fim; até muitos serem instruídos, e o saber aumentará.”O saber se multiplicará. Esta frase deve ser considerada a sequencia lógica da frase que a antecede: quando o livro selado for aberto, no tempo do fim, o conhecimento das verdades contidas nessas profecias aumentará (ver PR, 547; cf. Ap 10:1, 2). No final do século 18 e início do século 19, despertou-se um novo interesse pelas profecias de Daniel e Apocalipse em diferentes lugares do mundo. O estudo dessas profecias difundiu a crença de que o segundo advento de Cristo estava próximo. Vários estudiosos na Inglaterra, joseph Wolff no Oriente Médio, Manuel Lacunza na América do Sul e Guilherme Mfilemos Estados Unidos, junto com outros estudiosos das profecias, declararam, com base no estudo das profecias de Daniel, que o segundo advento estava prestes a ocorrer. Essa convicção se tornou a força motivadora de um movimento mundial.Esta profecia também foi interpretada como indício dos estupendos avanços da ciência e do conhecimento geral no século 19, avanços que tornaram possível uma proclamação extensa da mensagem dessas profecias. |
Dn.12:5 | 5. Eu, Daniel, olhei. Os v. 5 a 13 formam um epílogo da visão dos cap. 10 a 12 e podem ser considerados, num sentido menos literal, como um epílogo de todo o livro.Outros dois. Aparecem então dois seres celestiais que se juntam ao que narra a profecia a Daniel. Alguns sugerem que talvez sejam os dois "santos” mencionados em Daniel 8:13.Do rio. Isto é, o Hidekel, ou Tigre (ver com. de Dn 10:4). |
Dn.12:6 | 6. Homem vestido de linho. Daniel tinha visto este Ser celestial no início de sua visão (ver Dn 10:5, 6).A referência de Daniel ao “rio" (v. 5) e ao “homem vestido de linho”, sem fazer uma identificação mais completa, sugere que o cap. 10, que apresenta os dois, é parte dessa mesma visão.Quando [...]? O anjo formula a pergunta que deve ter ocupado a mente de Daniel. A ânsia do profeta era pela rápida e completa restauração dos judeus (ver com. de Dn 10:2). O decreto de Ciro já tinha sido promulgado (Ed 1:1; cf. Dn 10:1), mas havia muito a ser feito. Após o longo e complexo relato das vicissitudes posteriores que o povo de Deus sofreria, o profeta naturalmente estava ansioso por saber quando ocorreríam “estas maravilhas” e quando seria cumprida a promessa “será salvo o teu povo” (Dn 12:1). Daniel não entendeu por completo a relação do que viu com o futuro. Uma porção da profecia estava selada e seria entendida apenas no “tempo do fim” (Dn 12:4). |
Dn.12:7 | 7. A mão direita e a esquerda. Ver Dt 32:40. O ato de levantar ambas as mãos indica que máxima solenidade e segurança estavam atreladas à declaração.Por Aquele que vive. Não poderia haver maior juramento (ver Hb 6:13; cf. Ap 10:5, 6).Um tempo, dois tempos e metade deum tempo. Isto é, o período de 1.260 anos, 538-1798 d.C., que ocorre primeiramente em Daniel 7:25 (ver com. ali). Ali, usa-se a palavra ‘idan, “um tempo .especificado" ou um “tempo definido”. Nesta passagem, usa-se seu equivalente hebraico, móed, palavra que enfatiza o fato de o Ser celestial falar de um “tempo determinado” (ver com. de Dn 11:25). Deus jurou cumprir Seu compromisso. |
Dn.12:8 | 8. Não entendi. No versículo introdutório desta visão (Dn 10:1), Daniel afirmaque “teve a inteligência da visão”. No decorrer da visão, o anjo assegurou ao profeta que tinha vindo para lhe fazer “entender” (Dn 10:14). A revelação que se seguiu foi ciada em linguagem literal. Depois que se introduziu o fator tempo de 1.260 anos, em resposta à pergunta “quando?”, Daniel confessou: “não entendi”. Portanto, a parte dessa visão que Daniel não entendeu deve ser o fator tempo. Ele estava orando pela rápida restauração do templo (ver com. de Dn 10:2), um problema imediato. Ele pareceu incapaz de ajustar o fator tempo à concepção de uma breve libertação de seu povo.O fim. Embora já lhe tivesse sido ordenado selar esta parte da revelação (v. 4), o profeta ainda queria saber mais de seu significado. |
Dn.12:9 | 9. Vai. Não se permitiu que o vidente e respeitável servo de Deus soubesse todo o significado das revelações comunicadas. O completo significado seria apreciado apenas por aqueles que veriam o cumprimento histórico dessas profecias, pois somente então o mundo poderia receber uma mensagem baseada no fato de que seu cumprimento tinha chegado (ver GC, 356). |
Dn.12:10 | 10. Serão purificados, embranquecidos. Ou, “se purificarão a si mesmos e se embranquecerão”, ou ainda “se mostrarão puros e brancos”. Embora não possa por si mesmo se purificar, o ser humano pode mostrar por sua vida que Deus o purificou. Isso contrasta com a frase seguinte: “mas os perversos procederão perversamente”.Entenderão. Uma garantia de que, nos últimos dias, quem estudar as profecias com afinco e inteligência entenderá a mensagem de Deus para seu tempo. |
Dn.12:11 | 11. Sacrifício diário. Ver com. de Dn 8:11.For tirado. A frase pode ser traduzida,literalmente, como “e desde o tempo da retirada do sacrifício contínuo a fim de estabelecer a abominação”. Isso indicaria que a “retirada'’ foi feita com a intenção direta deestabelecer a abominação. O foco deve estar sobre a retirada preparatória em vez de no estabelecí mento subsequente.As palavras desta passagem são semelhantes às de Daniel 8:11 e 12 e de 11:31 (ver com. ali) e devem se referir ao mesmo evento.Mil duzentos e noventa dias. Este período é mencionado em conexão com “um tempo, dois tempos e metade de um tempo” (v. 7), ou 1.260 dias, e os eventos a ocorrerem no final desse período são presumivelmente idênticos. Então, é razoável entender que esses dois períodos abrangem aproximadamente o mesmo tempo histórico. O excedente dos 1.290 sobre os 1.260 talvez deva ser entendido tendo-se em vista o fato de que o início dos 1.290 dias se relaciona com a retirada do “sacrifício diário”, preparatório ao estabelecimento da “abominação”.Os que mantêm o ponto de vista de que “diário” representa o “paganismo” (ver com de Dn 8:11) subtraem 1.290 de 1.798 e chegam à data de 508 d.C. Eles veem os eventos que cercam essa data, como a conversão de Clóvis, rei dos francos, à fé católica, e a vitória sobre os godos, como passos importantes para o estabelecimento da supremacia da Igreja Católica no Ocidente.Os que defendem o ponto de vista de que “diário” se refere ao ministério sacerdotal contínuo de Cristo no santuário celestial e ao verdadeiro culto a Cristo na era do evangelho (ver com. de Dn 8:11) não encontram explicação satisfatória para esse texto. Creem que essa é uma das passagens das Escrituras sobre as quais o futuro projetará mais luz. |
Dn.12:12 | 12. Bem-aventurado. Os períodos de tempo dos v. 7, II e 12 alcançam o “tempo do fim” a que se referem os v. 4 e 9. “Bem- aventurado” (ver com. de Mt 5:3), diz o anjo, é aquele que testemunha os eventos dramáticos das cenas finais da história da Terra. Então, as seções do livro de Daniel que foram seladas seriam entendidas (ver com.de Dn 12:4), e logo “os santos do Altíssimo” receberão “o reino, e o possuirão para todo o sempre” (Dn 7:18).Espera. Isto implica que se pode esperar que o seguinte período profético continue além do fim dos 1.290 anos. Se os 1.290 e os 1.335 anos começam ao mesmo tempo, esse segundo período chega ao ano de 1843, uma data importante com relação ao grande despertar adventista naAmérica, em geral conhecido como movimento milerita. |
Dn.12:13 | 13. Segue o teu caminho. O cumprimento das profecias de Daniel deve alcançar um futuro distante. Daniel descansaria no túmulo, mas “'no fim dos dias’, isto é, na conclusão do período da história deste mundo, lhe seria permitido outra vez estar em sua posição e em seu lugar'' (PR, 547; ver também Ellen G. White, Material Suplementar sobre este versículo).FEC, 409; GC, 356, 360: PR, 547 8-13-TM, 115 9, 10 - PR, 547 10 - Pj, 155; DTN, 234; PE, 140; T2, 184; 44.. 527;[KSiic.755-c.725 a.C.)>SidomMt. Líbano|¦ DamascoQrjr°oJeroboão II obriga as províncias da Síria a pagar tributos, antes recolhidos à Assíria, enriquecendo IsraelDamasco, silenciada pela Assíria, não pode se opor às conquistas de jeroboão. Não até os dias de Peca, meio século mais tarde, quando ataca Israel e Judá outra vezMar de Quinerete (Mar da Galiíeia) Bete-Arbel? <¦O ministério de Oseias começa quando Israel, no alto de sua prosperidade, sente-se independente de Deus, mas o orgulho e a riqueza levam o povo à idolatria, devassidão e à degradação civil e religiosaA Mt.Taboc LO Jezreel> SamariaGibeá Jerusalém ¦ Belém ®Gilgal?Bete-Arbel?• Betei (Bete-Á\|en?) ' Ramá - Jerjcó 1 20:Rabá> GilgalHebromBersebaUzias subjuga os filisteus, os árabes em Gur-Baal e os meunitas (2Cr 26:6, 7)»Gur-Baal?Durante o ministério de Oseias, Judá se encontra em um estado de menos degradação do que Israel, mas, após a conquista dos árabes, filisteus e meunitas por Uzias, a nação pensou que não precisava mais de Deus. Uzias cometeu sacrilégio, e seus descendentes, confiando em suas proezas militares, caíram diante de seus inimigos e trocaram Yahweh pelos deuses da Síria (2Cr 26:16; 28:1-25)Amorn paga tributo a Judá durante os reinados de Uzias e Jotão (2 Cr 26:8; 27:5) |