"As coisas encobertas pertencem ao nosso Deus, mas as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que observemos todas as palavras desta lei."
Deuteronômio 29:29

Capítulo e Verso Comentário Adventista > II Tessalonicenses
2Ts.1:1 1. Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em Deus, nosso Pai, e no Senhor Jesus Cristo,

Paulo, Silvano e Timóteo. Ver com. de 1Ts.1:1.

Em Deus, nosso Pai. Esta frase difere de 1Ts.1:1 apenas no uso da palavra “nosso”, que enfatiza o relacionamento íntimo e pessoal de Paulo e seus conversos com Aquele a quem adoravam. No entanto, podem-se citar evidências textuais (cf. p. xvi) para a omissão de “nosso”.

2Ts.1:2 2. graça e paz a vós outros, da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo.

Graça a vós. Bênção paulina costumeira (ver com. de Rm.1:7; 1Ts.1:1). A fórmula é variada pelo acréscimo de “misericórdia” apenas nas epístolas pastorais. O apóstolo reconhece que os dons espirituais da graça e da paz procedem somente de Deus. Graça é o amor de Deus em ação, fornecendo livremente completa salvação aos pecadores indignos por meio de Jesus Cristo, enquanto a paz, o resultado desta ação, envolve a percepção do perdão dos pecados, o reconhecimento da reconciliação com Deus.

2Ts.1:3 3. Irmãos, cumpre-nos dar sempre graças a Deus no tocante a vós outros, como é justo, pois a vossa fé cresce sobremaneira, e o vosso mútuo amor de uns para com os outros vai aumentando,

Graças a Deus. Ao ouvir as boas notícias da espiritualidade da igreja situada em Tessatônica (ver p. 266), em vez de sentir que deveria dar crédito a si mesmo, Paulo as considerou como motivo de gratidão a Deus.

No tocante a vós outros. Ou, “como é adequado” (ver com. de 1Co.16:4). Em vista do pedido anterior a respeito da situação espiritual dos tessalonicenses (1Ts.3:12), Paulo sentiu ser justo reconhecer a resposta às orações.

A vossa fé cresce sobremaneira. Paulo estivera ansioso acerca de seus conversos e orara com sinceridade por uma oportunidade de visitá-los para fortalecê-los e para edificar o que faltara na fé (ver 1Ts.3:10). Esse privilégio fora-lhe negado. E Deus, a Seu próprio modo, abençoara-lhes tanto que ocorrera abundante crescimento na fé.

Amor. Do gr. agape (ver com. de 1Co.13:1). Não apenas a fé dos tessalonicenses cresceu; o amor mútuo sobejava, por assim dizer, e também crescia. Eles tinham oportunidade constante de se ajudarem mutuamente, por causa dos perigos e privações que se erguiam nas repetidas perseguições. Esse foi um grande elogio. Contudo, Paulo não quis sugerir que não havia fraqueza na igreja. Pelo contrário, nos dois capítulos seguintes, ele apontou sérios defeitos, mas desejava que todos soubessem que confiava nos poderes espirituais deles.

2Ts.1:4 4. a tal ponto que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus, à vista da vossa constância e fé, em todas as vossas perseguições e nas tribulações que suportais,

Nós mesmos. Isto é, Paulo e seus companheiros, não os tessalonicenses, que não poderiam se orgulhar de sua história pessoal.

Gloriamos. Do gr. kauchaomai, “orgulhar-se”, “gloriar-se” (cf. com. de Rm.5:2).

Nas igrejas. Paulo não identifica as igrejas por nome nem sugere que todos os cristãos conheciam as excelentes qualidades dos tessalonicenses. É possível que esteja se referindo a grupos locais, como os de Corinto e Bereia. Mais tarde, escrevendo aos coríntios, orgulhou-se das igrejas da Macedônia e encorajou os coríntios a seguirem o exemplo dos irmãos macedônios em abrir o coração ao Espírito de Deus (ver 2Co.8).

Constância. Do gr. hupomone (ver com. de Rm.2:7; Rm.5:3).

Fé. Do gr. pistis (ver com. de Rm.3:3). Para ter valor, a constância deve estar combinada com fé; porque ninguém pode esperar ser bem-sucedido na luta contra os poderes das trevas sem o auxílio divino (Ef.6:11-16). Persistência meramente estoica não é inculcada em nenhuma parte das Escrituras, e os sofrimentos, em si mesmos, não devem ser cobiçados. O apóstolo não se gloriava nos sofrimentos dos conversos, mas na firmeza e na fé.

Perseguições. Ver com. de 2Ts.3:3.

Tribulações. Do gr. thlipseis (ver com. de Rm.2:9; Rm.5:3; ver também 1Ts.3:4).

Suportais. Do gr. anechomai, originalmente, “manter-se ereto”, assim, “sustentar”, “suportar”, “persistir”. A palavra deveria ser traduzida como “estão suportando”, indicando que os crentes já estavam sendo perseguidos.

2Ts.1:5 5. sinal evidente do reto juízo de Deus, para que sejais considerados dignos do reino de Deus, pelo qual, com efeito, estais sofrendo;

Sinal evidente. Do gr. endeigma, “evidência”, “prova”, “sinal” (cf. com. de Fp.1:28, em que a palavra relacionada, endeixis, é usada). As perseguições e tribulações não eram prova do justo julgamento de Deus, mas a atitude dos crentes diante da aflição. Mesmo sob perseguição, uma fé perseverante e corajosa como resultado da graça de Deus evidencia Seu interesse e cuidado pelos sofredores, provando que o Senhor finalmente reverterá a injustiça do mundo (cf. Ec.3:16-17).

Reto juízo de Deus. Pode-se aplicar à interposição de Deus em favor de Seu povo (v. 2Ts.1:6) e ao grande julgamento, cuja execução é retratada nos v. 2Ts.1:7-10 (ver com. de SI.73:3-24; Rm.2:5). A fortaleza dos santos perseguidos é, para os ímpios, um presságio de sua destruição vindoura (cf. com. de Fp.1:28).

Considerados dignos. O cristão, por si mesmo, não é digno do reino de Deus, nem os sofrimentos o tornam digno. Não há nada que possa fazer para merecer o reino de Deus (cf. com. de Ef.2:8), no entanto, ele é considerado digno pela graça perdoadora de Deus (cf. com. de Rm.6:23).

Do reino de Deus. A expressão, como utilizada neste versículo, é geralmente considerada sinônimo de “Céu” (cf. com. de Mt.4:17).

Estais sofrendo. Ou, “também estais sofrendo”. Paulo compreende que os apóstolos não são os únicos que sofrem e que os tessalonicenses naquele tempo enfrentavam perseguição por amor ao reino.

2Ts.1:6 6. se, de fato, é justo para com Deus que ele dê em paga tribulação aos que vos atribulam

É justo. Isto é, justo do ponto de vista de Deus, que não vê como o ser humano e é capaz de tomar decisões completamente justas, já que conhece todos os fatos e discerne os motivos no coração.

Dê em paga. Do gr. antapodidomi, literalmente, “dar de volta em retorno”, portanto, “tornar a pagar”, “retribuir”. Os princípios de justiça exigem que os homens sejam recompensados segundo suas obras. Os que desprezam a expiação do Salvador estão desprotegidos e se expõem à justa retribuição (ver com. de Rm.2:6; Gl.6:7; Ap.22:12).

Tribulação. Do gr. thlibo, “apertar forte”, “afligir”, o verbo que corresponde ao substantivo thlipsis, “aflição”, “tribulação” (ver com. do v. 2Ts.1:4). Aqueles que afligem os tessalonicenses não são identificados aqui, mas, a partir da narrativa em At.17:5-9, é evidente que os judeus foram os instigadores da perseguição.

2Ts.1:7 7. e a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder,

Alívio. Do gr. anesis, “afrouxamento”, “relaxamento”, portanto, “descanso”. Paulo contrasta as recompensas dos perseguidores e dos perseguidos. Os perseguidores receberão a tribulação que infligiram aos outros, ao passo que os perseguidos ganharão o que ansiaram, ou seja, “descanso”. O valor desse “descanso” é expandido pela informação que será apreciada em companhia dos apóstolos. Os conversos e os evangelistas triunfarão juntos. Que incentivo à constância isso deve ter sido aos perseguidos tessalonicenses!

Do céu Se manifestar. A frase pode ser traduzida literalmente: “Na revelação do Senhor Jesus”. A palavra utilizada para “revelação” (apokalupsis) significa “uma inauguração”, “descobrir” ou “revelar” (ver com. de 1Co.1:7; Ap.1:1). Paulo relaciona a segunda vinda do Senhor em glória com o descanso dos crentes. Naquele dia, a recompensa será dada aos vivos, justos e ímpios (ver Notas Adicionais a Apocalipse 20, Nota 2; Ap.20:15).

Com os anjos do Seu poder. Ver com. de Mt.25:31; Jd.1:14.

2Ts.1:8 8. em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus.

Em chama de fogo. Esta frase deveria estar unida ao v. 2Ts.1:7, como descrição adicional da vinda de Cristo. O contexto e o ensino geral da Escritura parecem apoiá-la. No grande dia do advento, o Senhor será revelado em Sua glória, com a glória do Pai e dos santos anjos (ver Lc.9:26). Essa glória aparece aos olhos mortais como fogo. Dessa forma, Moisés descreveu a glória de Deus (Ex.3:2), como também Ezequiel (Ez.1:27), Daniel (Dn.7:9-10) e João, o revelador (Ap.1:14-15).

Vingança. Do gr. ekdikesis (ver com. de Rm.12:19). A frase pode ser traduzida como “infligir castigo”.

Não conhecem a Deus. Paulo considera os que o Senhor castiga como pertencentes a duas classes: aqueles que não conhecem a Deus, e aqueles que não obedecem ao evangelho. Alguns interpretam essas classes como sendo os gentios e os judeus, respectivamente (cf. Je.10:25; Rm.10:16), no entanto, parece melhor pensar neles como duas classes de pessoas em geral. O primeiro grupo é daqueles que tiveram oportunidade de conhecer a Deus, mas recusaram o privilégio (ver SI.19:1-3; Rm.1:18-21). O segundo grupo é daqueles que conheceram a mensagem do evangelho, mas recusaram obedecer-lhe. Os motivos para se rejeitar o evangelho são demonstrados pelo próprio Senhor como sendo o amor deles pelo pecado (ver Jo.3:17-20).

2Ts.1:9 9. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder,

Eterna destruição. Do gr. olethros aionios (sobre olethros, ver com. de 1Ts.5:3; sobre aionios, ver com. de Mt.25:41). A justaposição de duas palavras descreve exatamente o destino final daqueles que rejeitaram as misericórdias do Senhor. Todos serão destruídos ao final, não temporariamente, com uma ressurreição posterior, mas com uma destruição da qual não haverá despertar. As palavras de Paulo excluem qualquer ideia de tormento eterno (ver com. de Mt.3:12; Mt.5:22).

Da face do Senhor. A frase transmite o pensamento de separação do Senhor. O auge da felicidade dos justos é habitar na presença do Senhor (Mt.5:8; Ap.22:4), assim, no outro extremo da escala, a pior parte do castigo dos ímpios será a exclusão da presença divina. Na Terra, os ímpios rejeitaram as oportunidades para conhecer o Senhor (cf. com. de 2Ts.1:8), mas, no final, quando for tarde demais, perceberão o valor dos privilégios que rejeitaram. Deve-se notar que Paulo não diferencia as vindas de Cristo antes e depois do milênio, mas abrange as duas num grande evento. A morte dos ímpios no início do milênio é seguida, mil anos depois, pela ressurreição, quando serão lançados no lago de fogo e destruídos (ver Ml.4:1-3; ver com. de Ap.20:5; Ap.20:15). Já que Paulo fala de “destruição eterna”, não é correto mencionar esta passagem como evidência de que os ímpios serão destruídos na segunda vinda de Cristo (ver com. de Ap.20:3).

Glória do Seu poder. Ou, “glória da Sua força”, isto é, a glória que emana da força de Cristo (ver com. de Jo.1:14), manifestada na salvação dos santos e na destruição dos ímpios.

2Ts.1:10 10. quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho).

Quando vier. O apóstolo identifica novamente o evento ao redor do qual seus pensamentos se baseiam, especificamente, a vinda do Senhor em glória (cf. v. 2Ts.1:7).

Glorificado nos Seus santos. A suprema vindicação dos caminhos de Cristo ocorrerá quando toda a família de Seus santos for reunida. Então, o universo verá o valor de Seu sacrifício e o sucesso da direção que Ele seguiu. Dessa forma, o Salvador será glorificado (cf. Gl.1:24; 1Ts.2:20; 2Ts.1:4). Como o artista é glorificado em sua obra-prima, assim Cristo será glorificado diante da multidão celestial pela obra de Suas mãos: os milagres de Sua graça (ver Mt.13:43; TM, 18, 49, 50). Por toda a eternidade, o Salvador receberá glória à medida que Seus santos tornarem mais plenamente conhecida a sabedoria de Deus em Seu maravilhoso plano de salvação, o qual “estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Ef.3:10-11).

Admirado. Do gr. thaumazo, “admirar”, “maravilhar de”, “assombrar”; num sentido secundário, “admirar”. Os dois sentidos se encontram no texto. Os santos têm aguardado o Libertador, alegremente esperado por Sua vinda, mas a concretização de suas expectativas supera as esperanças mais otimistas. Eles nunca pensaram que o Senhor seria tão glorioso. Quando a beleza de Sua presença irromper sobre eles, ao fascínio será acrescentada uma admiração reverente (ver Is.25:9).

Em todos. Ou, “por todos”.

Que creram. Literalmente, “que creram” ou “que solidificaram a fé”. Aqueles que solidificaram a fé antes da vinda de Cristo é que estarão salvos “naquele dia”. Aqueles que aceitaram o Senhor pela fé e persistirem até o fim é que serão salvos quando Jesus voltar (Mt.24:13). Paulo tem em mente os conversos tessalonicenses e o ato inicial de crença no evangelho, como deixado claro na expressão parentética “porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho”. Foram transformados ao aceitarem a mensagem de salvação e obtiveram a certeza de que, se fossem fiéis, também estariam entre os santos. No entanto, a frase “todos os que creram” também se aplica a todos os crentes fiéis.

Naquele dia. Ver com. de At.2:20; Fp.1:6).

Nosso testemunho. Os apóstolos testemunharam as grandes verdades do evangelho (At.1:8; At.2:32; At.8:25; 1Jo.1:1-2). Eles não pregaram discussões abstratas, teorias tendenciosas ou “fábulas engenhosamente inventadas” (2Pe.1:16). A pregação deles era originada em testemunho ocular. Conheciam essas verdades por experiência e encorajavam a aceitação do estilo de vida que praticavam. Esse tipo de pregação sempre é poderoso.

2Ts.1:11 11. Por isso, também não cessamos de orar por vós, para que o nosso Deus vos torne dignos da sua vocação e cumpra com poder todo propósito de bondade e obra de fé,

Não cessamos de orar. Ver 1Ts.1:2; 2Ts.1:3; ver com. de Fp.1:4.

Para que Deus vos torne dignos. Ver com. do v. 2Ts.1:5, no qual Paulo incentiva a resistência ante a perseguição como algo que recomenda os tessalonicenses a Deus.

Sua vocação. Melhor, “a vocação” (ver com. de Rm.8:28; Rm.8:30; 2Tm.1:9). A vocação é para uma vida santa, para sair do mundo e ser separado (2Co.6:17-18) para ser cidadão do reino celestial (Fp.3:20). Devemos perguntar: “A minha vida está em conformidade com o propósito divino? O Juiz me considerará digno?”

Com poder. Ou, “em poder”.

Propósito de bondade. Do gr. eudokia agathosunes. Eudokia quer dizer “boa vontade”, “querer”, “desejar”. Agathosune, palavra utilizada apenas por escritores bíblicos e eclesiásticos, denota integridade de coração e de vida. No entanto, a referência não é à bondade de Deus, mas a cada “bom desejo” por parte do povo de Deus. Paulo orava para que Deus “cumprisse”, isto é, enchesse plenamente ou motivasse toda aspiração por bondade sentida pelos conversos. É Deus que, por meio de Seu Espírito, coloca em nós o desejo de realizar Seu “propósito” (eudokia) e pelo mesmo Espírito nos capacita para realizar esse desejo (ver Fp.2:13; 1Ts.5:24). A bondade moral é um dos frutos do Espírito (Gl.5:22).

Obra de fé. A passagem pode ser traduzida como: “Toda boa decisão e toda boa obra inspirada pela fé.” O tipo de fé que Paulo deseja ver na vida do povo de Deus não é mera crença teórica, mas um princípio ativo, operante (cf. Tg.2:17). Ele reconhece que essa fé viva e energizante é inspirada por Deus e Seu Espírito (ver 1Ts.1:3; 1Ts.1:5). Assim, implorou sinceramente que Deus capacitasse Seu povo a superar obstáculos humanos e a aperfeiçoar neles a “obra de fé” (cf. Rm.4:20-21).

2Ts.1:12 12. a fim de que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós, e vós, nele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo.

A fim de que o nome. O propósito final da oração de Paulo era que a vida dos tessalonicenses glorificasse o nome de Jesus (sobre o significado do “nome”, ver com. de At.3:6; Fp.2:9).

Glorificado. Exaltamos o nome de Cristo quando revelamos o poder salvífico de Sua graça em nossa vida. Esta glorificação é mútua: para que O glorifiquemos Ele nos concede Sua glória para aperfeiçoar em nós o Seu caráter (ver Jo.17:10; Jo.17:22).

Graça. Novamente Paulo reconhece que o crente não pode fazer o bem de si mesmo (cf. com. de Jo.15:5; Rm.7:18) e que a bondade pode ocorrer apenas por meio da operação da graça divina na vida cristã.

Do nosso Deus e do Senhor. O grego permite a tradução: “Do nosso Deus e Senhor, Jesus Cristo” (ver com. de Rm.9:5). No entanto, em 1Ts.2:2 Paulo menciona “nosso Deus” sem se referir a Cristo; assim é possível que neste versículo ele também esteja se referindo ao Pai e ao Filho.

2Ts.2:1 1. Irmãos, no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, nós vos exortamos

No que diz respeito. Melhor, “a respeito” ou “em favor da vinda”.

Vinda. Do gr. parousia (ver com. de Mt.24:3). O raciocínio de Paulo nos v. 2Ts.2:1-12 está baseado no tema do retorno de Cristo.

Nossa reunião. Um dos mais importantes propósitos do retorno de Cristo é reunir Seus eleitos (ver com. de Mt.24:31; Jo.14:3) para estarem “para sempre com o Senhor” (1Ts.4:17). Paulo evoca a perspectiva desse evento para dirigir os pensamentos a esse tema, e expondo sua solenidade.

Nós vos exortamos. Parece que ideias errôneas a respeito do ensino de Paulo sobre a proximidade da vinda de Cristo estavam circulando na igreja em Tessalônica. Para corrigir esses conceitos errôneos, Paulo escreveu a segunda epístola. Ele maneja a questão com muito tato, tratando os leitores não como inferiores, mas como irmãos e pede-lhes que considerem a instrução que está prestes a dar. Paulo deseja encorajar e não desencorajar os medrosos.

2Ts.2:2 2. a que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor.

Demovais da vossa mente. Os tessalonicenses não deveriam ser conduzidos da convicção estabelecida e “agitados por todo vento de doutrina” (Ef.4:14). Os cristãos devem estar firmes intelectualmente.

Perturbeis. Do gr. throeo, “gritar bem alto”, “assustar”, por isso, “perturbar”. Neste versículo, a palavra se refere ao estado de agitação ou excitação nervosa. O pensamento de que a vinda do Senhor era iminente estava mantendo os tessalonicenses em estado de alarme contínuo.

Espírito. Aqui, significando o espírito de profecia (cf. com. de 1Co.7:40; 1Co.12:10).

Palavra. Isto é, ensino oral.

Epístola. Isto é, comunicação escrita.

Como se procedesse de nós. Esta frase pode ser compreendida como se aplicando aos três tipos de comunicação, em qualquer caso, todas supostamente vieram de Paulo. Muitos intérpretes consideram que Paulo se refere aqui a alguma comunicação forjada em seu nome. É possível que Paulo elaborava os escritos mentalmente e, por precaução, assinasse a epístola de próprio punho (ver com. de 2Ts.3:17). Outros creem que, se este fosse o caso, ele teria lidado mais vigorosamente com a questão. Sugerem ser mais provável que alguma declaração corrente de Paulo no ensino, no discurso formal ou na escrita da primeira epístola estava sendo mal interpretada (ver com. de 1Ts.4:15; 1Ts.4:17; 2Ts.2:1; cf. AA, 264).

Tenha chegado. Do gr. enistemi, “estar próximo”, “estar iminente”. A palavra enestos é traduzida como “presente” em Gl.1:4 (ARC). Como Jesus em Seus ensinos, Paulo enfatiza na primeira epístola que os cristãos deveriam viver em estado de prontidão para o retorno do Senhor (Mt.24:42; Mt.24:44; 1Ts.1:10; 1Ts.5:23). Deveriam vigiar e estar prontos, mas nunca estar tão imbuídos com o senso da iminência do segundo advento a ponto de viver num insensato estado de agitação.

O dia do Senhor. Ver com. de At.2:20.

2Ts.2:3 3. Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição,

Ninguém. O apóstolo reconhece que o perigo de engano é real e grave (cf. Mt.24:4). Os métodos de engano são muitos, e Paulo não tenta limitá-los aos três mencionados em 2Ts.2:2, mas leva em conta “qualquer meio”. O inimigo da igreja usará sinais e milagres aparentes para levar os ingênuos a aceitar o grande engano ou a mentira (v. 2Ts.2:9-11). Por isso, o povo de Deus deve se acautelar para não se desviar da fé, a qual deve se apoiar nas claras declarações da Palavra de Deus.

Porque isto não acontecerá. Estas palavras são aplicadas de modo válido para completar o pensamento. O que não acontecerá até a revelação do anticristo é a reunião de Cristo e Seu povo, assunto que perturbava os tessalonicenses (v. 2Ts.2:1).

A apostasia. Do gr. he apostasia, “remover o apoio”. A palavra apostasia ocorre no NT apenas aqui e em At.21:21. O artigo (he) indica que é mencionada uma apostasia definida e que esta apostasia é bem conhecida dos leitores. O próprio Paulo instruiu oralmente aos tessalonicenses a respeito da apostasia vindoura. Ao se dirigir aos anciãos da igreja em Éfeso, alguns anos mais tarde, predisse que a apostasia se deveria a homens de dentro da igreja que se levantariam “para arrastar os discípulos atrás deles” (At.20:30). Ele alertou Timóteo sobre perigos similares, acrescentando que viria um tempo quando os homens se voltariam para fábulas, fechando os ouvidos à verdade (1Tm.4:1-3; 2Tm.4:3-4). Pedro e judas criticam severamente aqueles que abandonaram o caminho certo (2Pe.2:1; 2Pe.2:12-22; Jd.1:4; Jd.1:10-13). E João testifica que, na época em que escreveu, muitos anticristos haviam surgido (1Jo.2:18). O próprio Senhor encorajou Seus seguidores a se acautelar dos falsos profetas (Mt.7:15; Mt.24:24) e predisse que muitos seriam enganados (Mt.24:10).

A forma da apostasia não é especificamente definida por Paulo nesta conjuntura, mas pode ser inferida das Escrituras mencionadas acima. No entanto, está claro: (1) A apostasia é uma questão religiosa, uma rebelião espiritual, não tendo ligação superior com a política. (2) A apostasia ainda estava no futuro na época da escrita de Paulo. (3) A apostasia não apenas precederia o segundo advento (2Ts.2:2), mas serviria como sinal da proximidade do retorno de Cristo; portanto, a vinda do Senhor não deveria ser esperada sem a prévia apostasia. A profecia a respeito da apostasia foi cumprida parcialmente nos dias de Paulo, e muito mais durante a Idade Média, mas o cumprimento pleno ocorrerá nos dias imediatamente anteriores ao retorno de Jesus (cf. Nota Adicional a Romanos 13; Rm.13:14; ver vol. 6, p. 50-53).

Revelado. Do gr. apokalupto, “descobrir”, “revelar”, “divulgar”, “tornar conhecido” (cf. com. de Ap.1:1). O mesmo verbo é repetido em 2Ts.2:6; 2Ts.2:8, usado em outras partes do NT em referência a revelações sobrenaturais (cf. Mt.16:17; Lc.10:22) e principalmente em relação ao aparecimento de Cristo (cf. Lc.17:30; a forma substantiva, apokalupsis, “revelação”, ocorre em 1Co.1:7; 2Ts.1:7; 1Pe.1:7; 1Pe.1:13; 1Pe.4:13). Isso sugere que a revelação do “homem da iniquidade” envolveria elementos sobrenaturais e que sua operação seria de caráter religioso. O “homem da iniquidade” seria “revelado”, o que indica que estaria oculto até determinado momento quando seria manifestado ao mundo, do qual até aquele momento estava oculto; ou abandonaria o disfarce e apareceria como realmente era; ou o disfarce seria rasgado e sua verdadeira natureza seria conhecida por todos os habitantes da terra.

O homem da iniquidade. Isto é, o homem cuja característica distintiva é o pecado. Evidências textuais podem ser citadas (cf. p. xvi) para a variante “o homem da anarquia” (cf. com. do v. 2Ts.2:8, em quem “o iníquo” é, literalmente, “o sem lei”). A presença do artigo definido indica que Paulo se refere a um inimigo sobre o qual já tinha falado aos tessalonicenses e que esperava que soubessem sobre quem estava escrevendo. Paulo emprega a palavra grega para “homem” (anthropos) indicando adicionalmente uma pessoa ou poder definido (sobre a identidade daquela pessoa ou poder, ver com. do v. 2Ts.2:4).

O filho da perdição. Ou, “filho da destruição”, isto é, um filho destinado à destruição. Este é outro título ou descrição do “homem da iniquidade”. Há apenas outra passagem das Escrituras em que este título é usado. É aplicado pelo Salvador a Judas (ver com. de Jo.17:12), um apóstolo, uma vez companheiro e igual aos outros discípulos, mas alguém que permitiu que Satanás entrasse em seu coração (Jo.13:2; Jo.13:27) para trair o Senhor (Mt.26:47-50).

2Ts.2:4 4. o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus.

O qual [...] se levanta. Do gr. huperairomai, “erguer-se acima”, “elevar-se sobre” algo.

Opõe. Do gr. antikeimai, “ser hostil a”, “resistir”, “opor”.

Tudo que se chama Deus. Isto inclui todas as formas de divindade, tanto as verdadeiras como as falsas, e não deve se limitar ao Deus dos cristãos.

É objeto de culto. Do gr. sebasma, “um objeto de culto”, “tudo o que seja honrado religiosamente”. As palavras de Paulo descrevem um poder arrogante que se opõe a todos os concorrentes no campo da religião e não permite rival para receber a adoração que reivindica para si.

A ponto de. Estas palavras servem para indicar o propósito das ações do poder arrogante.

Como [...] Deus. Evidências textuais importantes podem ser citadas (cf. p. xvi) para a omissão destas palavras. Tal omissão não afeta seriamente o sentido da passagem relacionada, já que o pensamento está implícito nas palavras seguintes. O poder dominador assume prerrogativas divinas com relação ao verdadeiro Deus e não apenas para com as divindades pagãs.

No. Literalmente, “para dentro”, indicando tanto a entrada deste poder no santuário de Deus como o assentar-se ali.

Santuário. Do gr. naos, o santuário interno, ou santuário, em contraste com hieron, que designa todo o complexo do templo. Alguns, com base em determinadas passagens (1Co.3:16; 2Co.6:16; Ef.2:21), creem que “santuário” aqui se refere à igreja; outros, por sua vez, acreditam que Paulo usa o termo “santuário” de modo figurado, para representar um centro de adoração religiosa. Num lugar dedicado à adoração do verdadeiro Deus, o maligno se assenta solicitando adoração para si.

Ostentando-se. Do gr. apodeiknumi, “apontar”, “exibir”, “declarar”. Tomar assento no santuário interno do templo revela que ele reivindica sentar “como Deus”, que, na verdade, “ele é Deus”. A blasfêmia não poderia ser maior. Para estudantes informados da Bíblia, as marcas de identidade enumeradas nos v. 2Ts.2:3-4 são familiares, já que são encontradas em outras partes da Palavra Inspirada. Uma comparação com a profecia de Daniel do poder blasfemo que sucedeu a Roma pagã (ver com. de Dn.7:8; Dn.7:19-26) e com a descrição de João sobre a besta semelhante a um leopardo (ver com. de Ap.13:1-18) revela muitas similaridades entre os três relatos. Isso leva à conclusão de que Daniel, Paulo e João falam do mesmo poder, a saber, o papado (GC, 49-54, 356). Muitos comentaristas aplicam o termo anticristo, “alguém que se opõe a Cristo” (cf. com. de 1Jo.2:18), ao poder aqui descrito (sobre as várias marcas de identidade, ver com. das passagens mencionadas acima, em Daniel e em Apocalipse).

Num sentido mais amplo, o poder aqui descrito pode ser identificado com Satanás, que há muito tem lutado para ser “como o Altíssimo” (ver com. de Is.14:14). “Satanás está trabalhando ao máximo para se apresentar como Deus e para destruir todos que se opõem ao seu poder. E hoje o mundo está se inclinando diante dele. Seu poder é recebido como o poder de Deus” (T6, 14). “A determinação do anticristo para realizar a rebelião que iniciou no Céu continuará a trabalhar nos filhos da desobediência” (T9, 230). “Nessa época aparecerá o anticristo, como o Cristo verdadeiro, e então a lei de Deus será anulada completamente. [...] Mas o verdadeiro líder de toda essa rebelião é Satanás, disfarçado em anjo de luz. Os homens serão iludidos e o exaltarão ao lugar de Deus, deificando-o” (TM, 62). “O último grande engano deve logo patentear-se diante de nós. O anticristo vai operar suas obras maravilhosas à nossa vista” (GC, 593).

2Ts.2:5 5. Não vos recordais de que, ainda convosco, eu costumava dizer-vos estas coisas?

Não vos recordais [...]? Nas duas epístolas aos tessalonicenses o apóstolo com frequência apela à instrução oral anterior (cf. 1Ts.2:1; 1Ts.2:9; 1Ts.2:11; 1Ts.2:13; 1Ts.3:4; 1Ts.4:1; 1Ts.5:1-2; 2Ts.2:15; 2Ts.3:10).

Eu costumava dizer-vos. É improvável que um professor tão meticuloso como Paulo falharia em instruir seus conversos sobre um assunto tão importante. Paulo lembra seus leitores sobre os ensinos, demonstrando que seu ponto de vista com relação à vinda de Cristo não sofreu alteração e que antes ele não esperava o imediato aparecimento do Senhor. Ao mesmo tempo, suas palavras escritas são cuidadosamente estruturadas, possivelmente para evitar complicações políticas, caso a carta caísse nas mãos dos oponentes.

2Ts.2:6 6. E, agora, sabeis o que o detém, para que ele seja revelado somente em ocasião própria.

E, agora, sabeis. Paulo novamente lembra os leitores de um assunto em que estavam parcialmente informados. Os leitores futuros teriam a desvantagem de não conhecer todo o conteúdo da instrução oral.

Detém. Do gr. katecho, “deter”, “retrair”, “refrear”. A expressão é, literalmente, “a coisa reprimida” ou “a coisa detida”, de gênero neutro no grego. No v. 2Ts.2:7, Paulo utiliza uma expressão similar, mas emprega o gênero masculino, “o detém” ou “que o detém”. Os comentaristas reconhecem grandes dificuldades nos v. 6 a 12 e as atribuem ao fato de Paulo se dirigir aos tessalonicenses, referindo-se a um contexto de informações previamente transmitidas, o qual não possuímos. Assim, qualquer explicação desta passagem complexa, contém um elemento de conjectura e deve ser cuidadosamente avaliada no contexto da mensagem de Paulo aos tessalonicenses. Alguns defendem que o poder restritivo seria o império romano. Perseguidores pagãos de certa forma dificultavam a adoção de costumes e crenças pagãs por parte da igreja, refreando o surgimento do papado (GC, 49).

Paulo, possivelmente, não identificou neste versículo o poder restritivo porque estava lidando com uma questão delicada em que não se atrevia a ser mais explícito, por temer causar maior perseguição sobre os conversos, caso a carta caísse em mãos inimigas. Outros veem uma ampla aplicação da expressão. Eles creem que a forma masculina “que o detém” (ver acima) se refere a Deus. Neste caso, “o que detém” seria considerado como uma referência às circunstâncias arranjadas e permitidas por Deus (cf. com. de Dn.4:17) para retardar a manifestação do anticristo, tanto no aspecto histórico como na manifestação final ainda por vir (ver com. de 2Ts.2:4; sobre a maneira como Deus retém os poderes do mal, ver com. de Ap.7:1).

Para que ele seja revelado. Embora Paulo não identifique quem seja esse “ele”, o contexto deixa claro que ainda trata do “homem da iniquidade” (v. 2Ts.2:3-4; quanto a “revelado”, ver com. do v. 2Ts.2:3).

Ocasião própria. Ou, “na sua época conveniente”, isto é, na ocasião ou época apontada por Deus, não numa época determinada pelo próprio “homem da iniquidade”. O anticristo será manifestado quando a ocasião própria vier. Quando aplicado ao papado histórico (ver com. do v. 2Ts.2:4), tem sido compreendido como o período de dominação de 1.260 anos daquele poder religioso (ver com. de Dn.7:25; Ap.12:6). Dada a aplicação ampla (ver com. de 2Ts.2:4), a passagem é vista como também se referindo ao tempo quando Satanás desempenhará um papel pessoal nos eventos dos últimos dias, apenas para que seu cuidadoso plano para a dominação do mundo seja desmascarado, e sua verdadeira natureza, evidenciada (ver com. de 2Ts.2:4; Ap.17:16).

2Ts.2:7 7. Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém;

Mistério da iniquidade. Do gr. musterion tes anomias (sobre o significado de musterion, como algo oculto, ver com. de Rm.11:25; sobre anomias, “desacato e violação da lei”, “iniquidade”, ver com. do v. 2Ts.2:3). O título se refere a um poder caracterizado pela desobediência. A referência à lei é significativa, em vista da tentativa de mudança da lei mencionada em Dn.7:25 (ver com. ali). Em última análise, esta descrição se aplica a Satanás, o autor da desobediência (TM, 365), mas o demônio geralmente camufla sua personalidade ao trabalhar por meio de agentes. Nos últimos dias, ele desempenhará um papel mais direto, levando o engano ao cúmulo de falsificar pessoalmente a vinda de Cristo (ver com. de 2Ts.2:4; 2Ts.2:9).

Opera. Do gr. energeo (ver com. de Fp.2:13). Paulo se refere a uma agência já em atividade. A apostasia iniciou nos dias de Paulo (ver com. de 2Ts.2:3). Com o passar do tempo, ela tomou a forma de pretensões papais, de modo que, de um moderno ponto de vista histórico, “o mistério da iniquidade” pode ser identificado com o poder papal (GC, 49-55). Por isso, o “homem da iniquidade” e “o mistério da iniquidade” podem ser considerados como representando o mesmo poder papal apóstata (GC, 356); e, por trás de todas as manifestações humanas de iniquidade está o próprio Satanás, que no final desempenhará um papel pessoal num esforço para levar todo o mundo cativo (ver com. dos v. 2Ts.2:4; 2Ts.2:9).

Somente. Esta palavra introduz o elemento que delimita a operação do mistério da iniquidade.

Seja afastado. Ou, “é tirado do meio”. Aqueles que defendem que o poder refreador é o império romano creem que esse poder seria afastado. Aqueles que defendem que Deus seria o refreador parafraseiam a segunda metade do versículo desta forma: Deus, Aquele que restringe e detém o mal [GC, 589, 614], continuará a restringi-lo até que venha o tempo em que o mistério da iniquidade seja “revelado” [v. 2Ts.2:8] e “afastado”. Esses comentaristas consideram a frase como uma garantia ao crente de que, a despeito da operação do poder apóstata, o mal não continuará para sempre. Deus porá fim a essas atividades no tempo determinado (ver com. de Mt.24:21-22).

Detém. Do gr. katecho (ver com. do v. 2Ts.2:6). Muitos comentaristas concordam que a construção grega pede a adição de uma expressão explicativa como “irá restringir” para completar o pensamento da sentença. Alguns creem que o império romano é mencionado aqui e no v. 2Ts.2:6; outros, que Deus é quem restringe (ver com. do v. 2Ts.2:6).

2Ts.2:8 8. então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda.

Então. Os defensores da teoria de que quem foi “afastado” (v. 2Ts.2:7) era o império romano compreendem “então” como uma referência ao tempo em que Roma papal subiu ao poder (ver com. de Dn.7:8). Os defensores de que o “afastado” representa o anticristo creem que “então” se aplica ao futuro, quando o papado experimentará um breve período de reavivamento (ver com. de Ap.13:3), e a seguir sua verdadeira natureza será exposta (ver com. de Ap.17:16-17). Ou, numa aplicação ampla, no tempo quando Satanás, o supremo anticristo, tomar parte pessoalmente nos acontecimentos dos últimos dias, apenas para que a falsidade de suas reivindicações por divindade seja exposta (ver com. de 2Ts.2:4). É importante lembrar que o apóstolo não se propõe a fazer uma exposição doutrinária completa dos eventos dos últimos dias, mas busca preparar os tessalonicenses com uma informação profética que os livre do engano quanto ao tempo do retorno do Salvador. Portanto, não devemos esperar uma cronologia completa dos eventos que precedem “o dia de Cristo”.

Revelado. Do gr. apokalupto (ver com. do v. 2Ts.2:3). Aplicado ao papado isto se referiria à aceitação do poder seguindo o declínio do império romano. A referência também poderia ser ao tempo ainda futuro quando o poder papal será trazido de volta (ver com. de Ap.13:8) e o tempo quando, depois desse breve período de reaparecimento, a verdadeira natureza do sistema será revelada ou exposta (ver com. de Ap.17:16-17). Aplicado a Satanás, o revelador se referiria a sua tentativa de falsificar a vinda de Cristo (ver com. do v. 2Ts.2:9).

O iníquo. Do gr. ho anomos, literalmente, “[alguém] destituído de lei”, portanto, “o violador da lei”, “o indisciplinado” ou “o ímpio”. A referência é ao “homem da iniquidade” (v. 2Ts.2:3) ou ao “mistério da iniquidade” (v. 2Ts.2:7). De acordo com o primeiro ponto de vista, “o indisciplinado” é o papado (ver com. do v. 2Ts.2:4; cf. GC, 356, 579). Conforme o segundo ponto de vista, não é apenas o papado, mas, mais importante, o próprio Satanás, o supremo anticristo, como ele personifica a Cristo antes do último dia (ver com. dos v. 2Ts.2:4; 2Ts.2:9).

O Senhor (ARC). As evidências textuais se dividem (cf. p. xvi) entre esta e a variante “o Senhor Jesus” (ARA), que se harmoniza com o contexto e fala do glorioso retorno de Cristo.

Matará. Do gr. analisko, “expandir”, “esgotar”, “consumir”, “destruir”. As evidências textuais se dividem (cf. p. xvi) entre analisko e a variante anaireo, “tirar”, “abolir”, “anular”, “matar”.

Sopro de Sua boca. Ver com. de Lc.8:55; Ap.19:15. Pode haver aqui uma alusão à expressão de Is.11:4.

Destruirá. Do gr. katargeo, “inutilizar”, portanto, “deixar nulo e vazio” (ver com. de Rm.3:3). Este último significado se adapta melhor no quadro do destino que aguarda o papado ou, basicamente, Satanás na segunda vinda de Cristo (cf. com. de Ap.20:1-6). O papado deixa de existir e o esquema cuidadosamente estabelecido por Satanás entra em colapso. As palavras deste versículo têm sido utilizadas algumas vezes para descrever a destruição dos ímpios na segunda vinda de Cristo. É verdade que os ímpios vivos nessa época serão mortos repentinamente, mas aqui Paulo lida com o destino “do iníquo”, não dos iníquos em geral.

Manifestação. Do gr. epiphaneia, “um aparecimento”, “uma chegada”, palavra geralmente utilizada no grego clássico para descrever o glorioso aparecimento dos deuses pagãos. No NT, é utilizada exclusivamente para os gloriosos adventos do Senhor, tanto o primeiro (2Tm.1:10) como o segundo (1Tm.6:14; 2Tm.4:1; 2Tm.4:8; Tt.2:13).

Vinda. Do gr. parousia, palavra geralmente usada para a segunda vinda de Cristo (cf. com. de 2Ts.2:1; ver com. de Mt.24:3).

2Ts.2:9 9. Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira,

Aparecimento. Do gr. parousia, a mesma palavra utilizada para a vinda de Cristo (ver com. do v. 2Ts.2:8). Devido à (1) força da semelhança técnica do termo parousia, (2) ao uso frequente do termo para descrever o segundo advento de Cristo e (3) à justaposição de parousia neste versículo com a mesma palavra no v. 2Ts.2:8, muitos concordam que o apóstolo está mencionando a espúria imitação de Satanás da vinda gloriosa do Senhor (sobre uma parousia satânica, ver GC, 593, 624, 625; T5, 698; T8, 27, 28). Devemos ser gratos porque a Palavra de Deus dá claras descrições da vinda de Cristo para que os crentes não sejam enganados. O próprio Senhor “descerá dos céus” (1Ts.4:16), “com as nuvens” (Ap.1:7), “do modo como” Seus discípulos O viram subir (At.1:11), e Sua vinda será “como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente” (Mt.24:27), portanto, “todo olho O verá” (Ap.1:7). Não será possível para Satanás falsificar exata e completamente a parousia (ver GC, 625). O povo de Deus, por diligente estudo das Escrituras e ao se lembrar dos detalhes proféticos acerca da segunda vinda genuína, conseguirá escapar do engano do maligno (ver com. de Mt.24:24).

Segundo. Do gr. kata, “de acordo com”, “em conformidade com” (cf. T8, 226).

Eficácia de Satanás. Isto é, de acordo com o método de atuação de Satanás. Poder, e sinais, e prodígios da mentira. A palavra “mentira”, literalmente, “de uma mentira”, também se aplica a “poder” e “sinais”. As mesmas palavras, “poder”, “sinais” e “prodígios”, são utilizadas para os milagres de Jesus (ver vol. 5, p. 204). No entanto, as maravilhosas obras do Senhor eram genuínas, pois eram sinais que confirmavam Sua natureza divina (ver Jo.10:25; Jo.10:37-38). Os milagres que envolvem atos criativos estão além do poder de Satanás. Registrou-se, todavia, que Satanás tem o poder de aprisionar as pessoas em enfermidades físicas (ver Lc.13:16). Então, ele tem poder para libertá-las quando isso satisfaz seus propósitos. As maravilhosas obras de cura aparente, externamente idênticas em caráter às maravilhas operadas por Cristo, serão realizadas por Satanás e seus agentes (GC, 588, 589, 593; TM, 365; T5, 698; T9, 16). Atos surpreendentes e manifestações espiritualistas de poder sobrenatural serão utilizados na tentativa final de enganar o mundo.

2Ts.2:10 10. e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos.

Todo engano de injustiça. Isto é, todo engano originado na injustiça, isto identifica ainda mais a natureza da falsificação, ao expor seu propósito (enganar) e origem (injustiça).

Aos que perecem. Literalmente, “a [ou “para”] os que perecem” ou “para eles que estão perecendo”. A mesma frase grega ocorre em 2Co.2:15; 2Co.4:3. Satanás tem êxito em enganar os não redimidos. Os eleitos não serão enganados (cf. Mt.24:23-27).

Acolheram. Do gr. dechomai, “receber com favor”, “recepcionar” (ver com. de 2Co.6:1). Paulo aponta o motivo pelo qual os descrentes serão enganados. Eles tiveram oportunidade de amar a verdade, mas recusaram o privilégio.

O amor da verdade. Os degenerados rejeitam a verdade, bem como recusam acalentar amor pela verdade, isto é, eles a odeiam. Essa atitude não diz respeito a uma verdade abstrata, mas sobre “a verdade”, originada em Deus, personificada em Cristo Jesus. A condenação final dos pecadores será baseada na rejeição de Jesus, que é “a verdade” (Jo.14:6). A recusa em apreciar o amor pelo que é verdadeiro os predispõem a ser influenciados por tudo que é enganoso, por todas as maquinações do iníquo.

Para serem salvos. Ao mesmo tempo em que a rejeição da verdade que está em Cristo Jesus significa morte, sua aceitação conduz à salvação eterna.

2Ts.2:11 11. É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira,

Por este motivo. Ou, “por causa disso”, isto é, por causa da recusa dos descrentes a amar e crer na verdade. O que segue é resultado da atitude obstinada deles.

Deus lhes manda. Evidências textuais favorecem (cf. p. xvi) esta variante, em vez de “Deus mandará”; isto é, ao mesmo tempo em que o “iníquo” inunda o mundo com seus enganos (v. 2Ts.2:8-10). No estágio final da história do mundo, antecipada neste versículo, os não regenerados claramente escolherão mentiras em vez de a verdade e se colocarão além do alcance da redenção. Deus, portanto, os abandonará ao curso de suas escolhas (ver com. de Rm.1:18; Rm.1:24). Nas Escrituras, Deus é mencionado com frequência fazendo o que não impede (ver com. de 1Sm.16:14; 2Cr.18:18).

Operação do erro. Cf. com. do v. 2Ts.2:9, isto é, uma operação que conduz ao erro final que resulta em condenação irrevogável.

À mentira. Isto é, o engano supremo, quando Satanás personifica a Cristo. Não há pior mentira, que o autor do mal se fazer passar por Cristo. Aqueles que forem iludidos quanto a Satanás ser Jesus estarão fora do alcance da redenção.

2Ts.2:12 12. a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça.

A fim de serem julgados. Do gr. krino, “julgar”. O resultado deste julgamento deve ser inferido do contexto, não da palavra krino (ver com. de Rm.2:2).

Não deram crédito à verdade. Uma definição negativa daqueles que, no v. 2Ts.2:11, são citados como crendo literalmente na “mentira”, como no v. 2Ts.2:10 eles são citados por não receberem o amor da verdade.

Pelo contrário, deleitaram-se. Isto é, encontraram deleite na injustiça ou iniquidade. Esta é a análise inspirada sobre a mentalidade daqueles que estão perdidos: preferiram o pecado à justiça, apreciaram fazer o que era errado em vez do que é certo.

2Ts.2:13 13. Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade,

Sempre dar graças a Deus. Ver com. de 2Ts.1:3. Ocorre uma transição aqui. Tendo completado o discurso sobre o “homem da iniquidade” e o “iníquo” (v. 2Ts.2:1-12), o apóstolo relembra a maravilhosa provisão que Deus fez no evangelho para que ninguém precisasse ser enganado e se perder. Também encoraja os leitores, depois de apresentar a sombria ilustração encontrada nos v. 2Ts.2:1-12.

Amados pelo Senhor. Ver com. de 1Ts.1:4, em que os conversos são descritos, literalmente, como “amados de Deus”.

Deus vos escolheu. Ver com. de Ef.1:4; Cl.3:12; 1Ts.1:4; 1Ts.5:9. Esta não é uma escolha arbitrária, o que é demonstrado pelas palavras qualificadoras a seguir. A escolha é dependente da santificação dos escolhidos.

Desde o princípio. Evidências textuais podem ser citadas (cf. p. xvi) em favor da variante “primeiros frutos” ou “primeiros conversos”, mas a tradução da ARA deve ser preferida, como significando “desde a eternidade” (cf. 1Jo.1:1; 1Jo.2:13). Paulo relembra aos leitores que Deus os havia escolhido “desde o princípio”. Este pensamento é paralelo ao expresso em outras epístolas (Ef.1:4; 2Tm.1:9; ver com. de Rm.16:25; Ef.3:11; 1Pe.1:20; Ap.13:8; cf. DTN, 22).

Pela santificação do Espírito. Ou, “na santificação do Espírito”. É reconhecido, portanto, que toda verdadeira santificação é obra do Espírito Santo (cf. com. de 1Pe.1:2). Esta santificação, junto com a “fé na verdade” é o meio pelo qual a salvação é efetuada na vida do crente.

Fé na verdade. Esta fé se apoia em notável oposição à fé na “mentira”, literalmente (v. 2Ts.2:11), que resulta de a vítima crer nos enganos do anticristo.

2Ts.2:14 14. para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.

Para o que também vos chamou. Este versículo mostra que o anterior não ensina a predestinação de alguns para a salvação e de outros para a perdição (ver com. de 1Ts.1:4). Pelo fato de propor salvar as pessoas, independentemente de etnia, Deus inspirou Paulo com um ardente desejo e com determinação de pregar o evangelho aos gentios. As boas-novas de salvação por meio de Jesus Cristo haviam sido proclamadas livremente. A aceitação ou rejeição depende do indivíduo. Aqueles que creram e aceitaram o chamado foram transformados pelo Espírito Santo (ver com. de Rm.8:28-30).

Nosso evangelho. Ver com. de 1Ts.1:5.

Alcançardes a glória. Este é o propósito do evangelho, que aqueles que o aceitam participem da glória de Cristo (cf. 1Ts.5:9). Esta “glória” pode se referir à beleza do caráter de Cristo, no qual todos os redimidos compartilharão (ver com. de 1Jo.3:2) e à glória do reino eterno de Cristo (ver com. de Jo.1:14; Rm.8:17; Rm.8:30).

2Ts.2:15 15. Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.

Assim, pois, irmãos. Os tessalonicenses tinham sido desencorajados pelos ensinos falsos a respeito do retorno imediato de Cristo. A instrução de Paulo foi designada especificamente a encorajá-los (sobre o uso paulino do vocativo “irmãos”, ver com. de 1Ts.1:4).

Permanecei firmes. Do gr. steko (ver com. de Fp.1:27). Uma correta compreensão da “abençoada esperança” é um grande incentivo à firmeza de caráter (ver com. de Tt.2:12-13). O mal-entendido leva à agitação e possivelmente ao fanatismo (ver com. de 2Ts.2:2).

Guardai. Do gr. krateo, “aderir”, “guardar com cuidado” (cf. Mc.7:8; Hb.4:14; Ap.3:11).

Tradições. Do gr. paradoseis (ver com. de Mc.7:3). A palavra significa coisas entregues em mãos ou transmitidas por meio de ensino ou doutrina. O sentido mais forte da palavra é de autoridade acima do professor; portanto, refere-se aqui às mensagens inspiradas recebidas por Paulo e seus companheiros e fielmente transmitidas aos tessalonicenses. Seja por palavra, seja por epístola nossa. O pronome “nossa” se aplica a “palavra” e a “epístola” (ver com. do v. 2Ts.2:2). Com estas expressões, Paulo cobre todas as fontes de ensino aceitável. A fraseologia também coloca essas duas formas de instrução lado a lado, no que diz respeito à inspiração.

2Ts.2:16 16. Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo e Deus, o nosso Pai, que nos amou e nos deu eterna consolação e boa esperança, pela graça,

Ora. Ou, “mas”, como se Paulo, tendo encorajado os crentes a permanecerem firmes (v. 2Ts.2:15), desejasse esclarecer que Deus é a única fonte verdadeira de estabilidade.

Nosso Senhor Jesus Cristo mesmo. O costume de Paulo é mencionar primeiro o Pai no discurso e na oração (cf. 1Ts.1:1; 1Ts.3:11; 2Ts.1:1-2; 2Ts.1:11-12); no entanto, neste versículo ele menciona primeiramente o Filho (cf. 2Co.13:14; Gl.1:1). Essa ordem possivelmente ocorre devido à referência anterior do apóstolo (v. 2Ts.2:14) à “glória de nosso Senhor Jesus”. Essa conjectura é apoiada pela construção grega do versículo, em que o pronome “Ele” vem em primeiro lugar, como um recurso de ênfase.

Que nos amou. O verbo está no singular e pode ser considerado uma aplicação ao Filho e ao Pai. A íntima ligação confirma o conceito de Paulo sobre divindade idêntica para Filho e Pai. A forma verbal grega demonstra que o autor tinha em mente um evento histórico definido. Ele se refere ao único ato de amor de Deus ao dar Seu Filho como sacrifício por nossos pecados e o ato de renúncia do Salvador em Se dar (Jo.3:16; Tt.2:14). O apóstolo não pode citar maior evidência do que a cruz como manifestação suprema do amor de Deus e como firme base para o conforto e esperança.

Eterna consolação. Do gr. paraklesis aionion; sobre paraklesis, ver com. de At.9:31; sobre aionion, ver com. de Mt.25:41. A consolação (ou conforto) derivada do amor do Pai e do Filho, não é transitória como o conforto terreno, mas dura até a eternidade. Esse dom foi designado a encorajar os temerosos entre os tessalonicenses e a capacitá-los a resistir a qualquer ensino perturbador sobre o retorno de Cristo (1Ts.5:11; 1Ts.5:14; 2Ts.2:2). As almas temerosas não devem ser desprezadas, mas encorajadas (ver Rm.14:1; Hb.12:12).

Boa esperança, pela graça. Ou, “boa esperança na graça”. A esperança (de redenção na vinda de Cristo) é “boa”, no sentido de ser genuína e confiável, em contraste com as falsas esperanças apregoadas pelos ensinos errôneos sobre o imediatismo do retorno do Salvador. É justificavelmente chamada de “a bendita esperança” (Tt.2:13). Como todos os dons de Deus ao ser humano, é distribuída livremente de acordo com a abundante graça celeste (cf. com. de Ef.2:5; Ef.2:8).

2Ts.2:17 17. consolem o vosso coração e vos confirmem em toda boa obra e boa palavra.

Consolem. Do gr. parakaleo (ver com. de Mt.5:4). O verbo está no singular, assim como o verbo traduzido por “confirmem”. O conforto e a confirmação se originam no Pai e no Filho (ver com. de 2Ts.2:16).

Vos. Evidências textuais confirmam (cf. p. xvi) a omissão desta palavra, tornando o verbo “confirmar” aplicável a “vosso coração”. Somente o poder divino pode confirmar o coração, daí a oração de Paulo para que Cristo e o Pai fizessem as áreas em que Deus consola e confirma isso pelos tessalonicenses.

Toda boa obra e boa palavra. Os dois substantivos, “obra” e “palavra”, representam as áreas em que Deus consola e confirma o coração dos crentes. O coração confiante levará a obras e palavras aceitáveis.

2Ts.3:1 1. Finalmente, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague e seja glorificada, como também está acontecendo entre vós;

Finalmente, irmãos. Ver com. de Fp.3:1; 1Ts.4:1. Neste caso, as palavras introduzem a conclusão da epístola de Paulo.

Orai por nós. O apóstolo acabara de registrar uma oração pelos conversos para que fossem consolados e confirmados (2Ts.2:17). Agora pede que se lembrem dele e de seus companheiros de ministério (cf. 2Co.1:11; Fp.1:19; 1Ts.5:25). Paulo sempre sentiu sua insuficiência e era consciente da necessidade de poder divino (ver 2Co.2:16; 2Co.3:5).

Palavra do Senhor. Não havia elemento egoísta no pedido de Paulo pelas orações dos tessalonicenses. Ele apenas ansiava que a palavra de Deus prosperasse por meio de seu ministério e de seus companheiros.

Se propague. Do gr. trecho, “correr”, utilizada neste versículo no sentido metafórico. Parece que a palavra de Deus na cidade de Corinto não estava “correndo” tão livre como o apóstolo desejava. Possivelmente, houve uma firme oposição dos judeus (ver com. de 1Ts.3:7). Pode ter sido em resposta à corrente de orações dos tessalonicenses que Paulo recebeu encorajadora visão e mais tarde foi libertado de uma conspiração judaica para interromper sua obra naquela cidade (ver At.18:9-17). Continuou em Corinto por um ano e meio e estabeleceu uma importante igreja. Sob condições normais, a “palavra do Senhor”, ativada pelo Espírito Santo, progride com rapidez. É “viva, e eficaz” (Hb.4:12), “corre velozmente” (SI.147:15), cresce e se multiplica (At.12:24).

Seja glorificada. A palavra do Senhor é glorificada na vida transformada daqueles que são guiados por ela. Diz-se que o evangelho é adornado pela vida piedosa até mesmo dos cristãos mais humildes: escravos convertidos, que não furtavam, mas eram completamente honestos e fiéis no serviço (Tt.2:9-10; cf. com. de Mt.5:16).

Como também está acontecendo entre vós. Paulo lembrou a alegre recepção do evangelho pelos tessalonicenses e sua obra eficaz (1Ts.2:13).

2Ts.3:2 2. e para que sejamos livres dos homens perversos e maus; porque a fé não é de todos.

Sejamos livres. Do gr. ruomai, “resgatar”. Embora este segundo pedido tenha um sabor pessoal distinto, a preocupação principal do apóstolo não é a segurança pessoal, mas assegurar que sua equipe evangélica ficará livre para realizar a obra divina.

Maus. Do gr. atopoi, literalmente, “inoportuno”, portanto, “inadequado”, “mau”, “errado”. O grego contém o artigo definido, indicando que Paulo se refere a classes específicas de oponentes, sem dúvida, aos judeus que o atacaram e o levaram diante de Gálio, o governador romano (ver com. de At.18:9-17). Aqueles judeus eram mais perversos que muitos pagãos. Resistiram obstinadamente aos apelos da Santa Escritura e aos milagres feitos pelo Espírito Santo em demonstração do poder de Deus. Alguns deles foram longe demais e chegaram a ponto de blasfemar (At.13:45).

A fé não é de todos. Referência aos judeus descrentes que recusaram a fé, isto é, a fé cristã. Os tessalonicenses eram rápidos para crer, mas não deveriam se surpreender quando isso não ocorresse com todos os demais. Alguns se entregam ao mal tão completamente que a consciência fica cauterizada (1Tm.4:2). Alguns, ao fechar a mente contra a evidência levada ao coração pelo Espírito Santo, colocam-se além do alcance do evangelho. Quando o Senhor, por meio de Suas obras maravilhosas na carne evidenciou Sua divindade de modo inequívoco, houve aqueles que endureceram o coração para não crer na Sua messianidade e para atribuir o poder de operar milagres a Satanás. Deste modo, o Senhor alertou, estavam em perigo de cometer o pecado imperdoável, caso já não o tivessem cometido (ver Mt.12:22-32). Alguns que não foram tão longe têm sido tão endurecidos pelas atividades seculares que o evangelho não consegue mais entrar no coração, assim como a boa semente não cria raízes no solo endurecido da estrada batida (ver Lc.8:5; Lc.8:12). Tais pessoas precisam arar o solo do coração por meio de arrependimento sincero a fim de se apoderar da palavra e crer (ver Os.10:12).

2Ts.3:3 3. Todavia, o Senhor é fiel; ele vos confirmará e guardará do Maligno.

O Senhor é fiel. A infidelidade humana, em especial, dos judeus, que deram as costas à verdade de Deus, é contrastada com a invariável fidelidade de Deus (ver com. de 1Co.1:9). Paulo podia testemunhar pessoalmente da lealdade do Senhor por causa da promessa de libertação e de seu cumprimento em Corinto (At.18:9-17).

Confirmará. Do gr. sterizo, “confirmar”, “estabelecer”, “fortalecer”. Paulo já tinha orado para que seus conversos fossem confirmados (2Ts.2:17); então, expressa confiança de que assim seria.

Guardará do maligno. Literalmente, “vos guardará do mal” ou “vos guardará do maligno”. A referência pode ser ao mal ou a Satanás, o maligno (cf. Mt.13:19; Mt.13:38; Ef.6:16; 1Jo.2:13-14; 1Jo.3:12; 1Jo.5:18). A referência a Satanás é apropriada nesta epístola em que Paulo destaca a obra de Satanás e seus agentes (ver com. de 2Ts.2:3-12). O apóstolo assegura aos leitores que o Senhor a quem servem os protegerá fielmente até mesmo do pior inimigo.

2Ts.3:4 4. Nós também temos confiança em vós no Senhor, de que não só estais praticando as coisas que vos ordenamos, como também continuareis a fazê-las.

Confiança em vós no Senhor. A reflexão sobre a infidelidade dos outros leva a mente de Paulo de volta às necessidades dos fiéis tessalonicenses. No entanto, embora o apóstolo tenha encorajado crentes humanos, deixou claro que a base de sua confiança estava “no Senhor” e não neles (cf. Gl.5:10).

As coisas. Não identificadas neste versículo, mas alistadas nos v. 2Ts.3:6-15.

Continuareis a fazê-las. Neste versículo, temos uma exortação de modo atraente. Paulo tem ordens definidas para os tessalonicenses e, com tato, expressa convicção de que eles já estão fazendo o que ele pede e que continuarão a agir assim. As ordens do apóstolo provinham de Deus. Os tessalonicenses as receberam como tal e foram capacitados pelo Espírito de Deus a cumpri-las (ver 1Ts.2:13). Paulo cria que o Senhor, que começara a boa obra na vida dos tessalonicenses, a terminaria e os prepararia para Sua gloriosa vinda (cf. Fp.1:6).

2Ts.3:5 5. Ora, o Senhor conduza o vosso coração ao amor de Deus e à constância de Cristo.

Conduza. Do gr. kateuthuno, “tornar reto”. A palavra é parte do pedido de Paulo: “que o Senhor conduza”.

Coração. Do gr. kardiai (“corações”), palavra utilizada aqui para incluir a mente, o centro da inteligência (cf. com. de Rm.1:21; Rm.10:10; Ef.1:18). Necessitamos de guia contínua do Senhor quanto aos pensamentos e emoções. Ele prometeu lembrar-nos das verdades a respeito das quais temos sido ensinados, revelar-nos seu significado e a guiar-nos a uma compreensão total de Sua vontade (ver Jo.14:26; Jo.16:13).

Ao amor de Deus. Esta frase define a primeira de duas áreas em que Paulo espera que o coração de seus leitores seja dirigido. São possíveis duas interpretações da definição: (1) que sejam conduzidos em amor a Deus; (2) que possuam ou compartilhem o amor de Deus. A analogia com a frase seguinte torna preferível a segunda alternativa.

Constância de Cristo. Do gr. hupomone (ver com. de Rm.2:7; Hb.12:1). A frase completa literalmente diz; “paciência de Cristo”, o que pode significar a paciência demonstrada por Cristo ou demonstrar um forte espírito como o de Cristo. O contexto, no entanto, possibilita aplicar o propósito da oração de Paulo à questão específica de aguardar pacientemente o retorno do Salvador.

2Ts.3:6 6. Nós vos ordenamos, irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que ande desordenadamente e não segundo a tradição que de nós recebestes;

Nós vos ordenamos. Com esta frase, Paulo começa a registrar as instruções explícitas aos tessalonicenses (cf. com. do v. 2Ts.3:4). Na primeira epístola, apelou à igreja para se acautelar das facções fanáticas em seu meio (1Ts.5:14). O apelo parece ter tido êxito parcial, porque ele recorre a medidas fortes e emite ordens (cf. com. de 1Ts.4:2; 1Ts.4:11).

Nosso (ARC). Evidência textual pode ser citada (cf. p. xvi) para a omissão desta palavra (sobre a frase: “no nome de nosso Senhor”, ver com. de At.3:6; 1Co.5:4). Paulo invoca o nome do Senhor como apoio para as ordens que dá aos crentes (cf. com. de 1Ts.4:2; 2Ts.3:12).

Aparteis. Do gr. stellomai, “manter afastado”, “retirar-se de”, “apartar”. Esse rompimento do íntimo intercurso por parte dos responsáveis membros da igreja deveria levar os errantes ao bom senso para que fossem envergonhados (v. 2Ts.3:14) e abandonassem os maus caminhos. Esse foi um passo necessário na disciplina da igreja (cf. Mt.18:15-17), mas não era excomunhão. O ato final era reservado para ofensas mais sérias (ver com. de 1Co.5:5).

Todo irmão. A instrução de Paulo é abrangente: ele deseja que todos os casos sejam resolvidos.

Desordenadamente. Do gr. ataktos (ver com. de 1Ts.5:14).

Tradição. Do gr. paradosis (ver com. de 2Ts.2:15).

Recebeu (ARC). Evidências textuais favorecem (cf. p. xvi) a variante “recebestes” (ARA), com forte apoio do contexto (v. 2Ts.3:7).

2Ts.3:7 7. pois vós mesmos estais cientes do modo por que vos convém imitar-nos, visto que nunca nos portamos desordenadamente entre vós,

Pois vós mesmos estais cientes. Ver fraseologia semelhante em 1Ts.2:1-2; 1Ts.2:5; 1Ts.3:3; 1Ts.5:2.

Imitar-nos. Do gr. mimeomai, “imitar” (ver o uso da palavra em Hb.13:7; 3Jo.11). A instrução que Paulo e seus companheiros deram não causou confusão, devido a alguma incoerência na vida deles. Os tessalonicenses tinham diante de si um exemplo digno (cf. com. de 1Co.4:16; Fp.3:17). Paulo podia encorajar os cristãos a segui-lo, pois ele seguia a Cristo (ver 1Co.11:1). Se considerassem a conduta de Paulo (humilde, cuidadosa, semelhante a Cristo) saberiam o que o Senhor exigia deles. Todo ministro deveria viver para que sua vida fosse consistente com seu ensino.

Nunca nos portamos desordenadamente. O comportamento desordenado ao qual Paulo faz alusão (v. 2Ts.3:6) parece ter sido devido à ideia fanática de que, como o Senhor estava prestes a vir, era muito tarde para continuar com ocupações mundanas. Aqueles que estavam imbuídos com esse pensamento motivaram o princípio de comunhão de bens na igreja por razões egoístas, para tirar proveito do trabalho dos outros. Paulo denunciou esses agitadores indolentes (v. 2Ts.3:11), mas antes lembrou aos irmãos que seu exemplo tinha sido positivo. Estava apto a apelar para a vida ocupada que tinha diante deles.

2Ts.3:8 8. nem jamais comemos pão à custa de outrem; pelo contrário, em labor e fadiga, de noite e de dia, trabalhamos, a fim de não sermos pesados a nenhum de vós;

Nem, de graça. Melhor, “como uma doação” (ver 2Co.11:7-9).

Labor e fadiga. Ver com. de 1Ts.2:9. Estas palavras enfatizam as medidas extremas tomadas por Paulo e seus companheiros para dar exemplo adequado diante do povo e remover qualquer motivo de crítica.

De noite e de dia. Ver com. de 1Ts.2:9.

Sermos pesados. Do gr. epibareo, “sobrecarregar”, “ser um peso”. Paulo não desejava ser um peso aos tessalonicenses.

2Ts.3:9 9. não porque não tivéssemos esse direito, mas por termos em vista oferecer-vos exemplo em nós mesmos, para nos imitardes.

Direito. Do gr. exousia, “direito”, “autoridade” (ver com. de Jo.1:12; At.1:7). O apóstolo desejava deixar claro que não era contrário a um ministério sustentado pela igreja. Na verdade, em outros textos, ele ensinou a obrigação da igreja em sustentar aqueles que foram chamados por Deus para ministrar-lhe (ver 1Co.9:9-14). Paulo apreciou as doações enviadas pelos filipenses e chamou-as de “sacrifício aceitável e aprazível a Deus” (Fp.4:17-18). No entanto, em Tessalônica ele renunciou seu direito ao sustento da igreja, para dar aos membros um exemplo digno de imitação.

Exemplo. Do gr. tupos, “tipo” (ver com. de Rm.5:14).

Imitardes. Do gr. mimeomai (ver com. do v. 2Ts.3:7).

2Ts.3:10 10. Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: se alguém não quer trabalhar, também não coma.

Quando ainda convosco. Ver com. de 1Ts.3:4; 2Ts.2:5.

Ordenamos. A abrangência das instruções dadas por Paulo aos tessalonicenses foi surpreendente. No pouco tempo que passou com eles, o apóstolo parece ter abordado todos os assuntos vitais e dirigido seu ensino às necessidades imediatas dos tessalonicenses. Consequentemente, quando ausente, conseguia mencionar as ordens verbais que lhes dera.

Não quer trabalhar. Paulo se refere àqueles que, na expectativa do retorno imediato de Cristo, recusavam se envolver no trabalho normal, justificando que era desnecessário em vista da segunda vinda.

Também não coma. O apóstolo resumidamente opõe o raciocínio dos fanáticos com uma expressão curta que deveria ser corriqueira em sua época ou era original dele mesmo. Seu provérbio também vale para hoje. O trabalho é uma bênção; a inatividade, uma maldição (ver DTN, 72; PJ, 359). Deus abastece os animais com alimento, mas eles precisam procurá-lo. A Adão foi dito: “No suor do rosto comerás o teu pão” (Gn.3:19). O próprio Salvador, como “o carpinteiro”, deixou-nos um exemplo digno (Mc.6:3). O cristão deve fazer tudo que estiver ao seu alcance para evitar ser um peso para os outros. Deve trabalhar para que, além de se sustentar, consiga ajudar os necessitados (Ef.4:28).

2Ts.3:11 11. Pois, de fato, estamos informados de que, entre vós, há pessoas que andam desordenadamente, não trabalhando; antes, se intrometem na vida alheia.

Pois estamos informados. Parece que Paulo tinha recebido notícias recentes de Tessalônica e escrevia acerca da situação que estava em andamento.

Entre vós, há pessoas. Enquanto o apóstolo responsabiliza os tessalonicenses pela situação na igreja, não inclui todos na condenação, mas reconhece que o problema se limita a poucos.

Desordenadamente. Do gr. ataktos (ver com. de 1Ts.5:14).

Antes, se intrometem. No grego há um jogo de palavras evidente, que pode ser comunicado como “não ocupados, mas ocupados com a vida alheia” (Wordsworth). Os bisbilhoteiros estão ocupados com coisas sem importância, que não lhes dizem respeito, nas questões alheias e não nas questões pessoais. O labor honesto é a melhor cura para esse tipo de gente, pois aqueles que são meticulosos no cumprimento de suas tarefas não encontrarão tempo nem se intrometerão nas questões alheias (cf. com. de 1Ts.4:11; 1Tm.5:13-14; 1Pe.4:15). Tagarelar e falar mal são passatempos dos bisbilhoteiros. Segue uma dupla maldição, que cai de forma mais pesada sobre o fofoqueiro do que sobre quem ele fala mal (ver T5, 176, 241, 242, 609, 610: Ed, 235).

2Ts.3:12 12. A elas, porém, determinamos e exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando tranquilamente, comam o seu próprio pão.

No Senhor Jesus Cristo. Este discreto acréscimo de uma exortação não reivindica apenas a autoridade do Senhor, mas indica que aqueles a quem é dirigida são considerados dentro do redil. O apóstolo desejava que todos quisessem permanecer na igreja, mas também queria garantir que vivessem à altura dos padrões estabelecidos.

Trabalhando tranquilamente. Ver com. de 1Ts.4:11. O apelo é para uma vida devota, tranquila, de labor útil, em contraste com a vida dos intrometidos bisbilhoteiros. O verdadeiro cristão desempenhará suas tarefas de modo tranquilo, despretensioso, diligente no trabalho, servindo ao Senhor (ver Rm.12:11). Dessa forma, como Paulo, ele se empenhará para não ser dependente de qualquer pessoa para ganhar seu pão diário (cf. com. v. 2Ts.3:8).

2Ts.3:13 13. E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem.

Irmãos, não vos canseis. Novamente o apóstolo se dirige ao corpo da igreja (ver v. 2Ts.3:6), incluindo os fiéis membros que não foram extraviados pelos agitadores fanáticos. O povo de Deus não deve se cansar ou desanimar de fazer o bem, seja por pressão interna ou externa (ver com. de Gl.6:9-10 que menciona as obras de beneficência em favor dos necessitados). O fato de haver pessoas preguiçosas, negligentes, indignas, que olham para a igreja por causa da generosidade, não se deve permitir que as fontes da generosidade cristã se sequem. A igreja precisa da bênção que vem de ajudar os pobres. É um privilégio compartilhar nossas bênçãos temporais com os menos afortunados e, assim, ser mutuamente úteis (ver 2Co.8:14; 2Co.9:7-12; T3, 525; T2, 24-26).

2Ts.3:14 14. Caso alguém não preste obediência à nossa palavra dada por esta epístola, notai-o; nem vos associeis com ele, para que fique envergonhado.

Não preste obediência à nossa palavra. Paulo desejava que a igreja percebesse que a epístola continha autoridade. Era a inspirada palavra de Deus, escrita no nome do Senhor. Exigia obediência. Os membros deviam ajudar a apoiar suas instruções.

Notai. Do gr. semeioo, “marcar”, de semeion, “um sinal”, “uma marca”, “um símbolo”.

Nem vos associeis. Este ostracismo deliberado por parte dos cristãos leais dificilmente falha em ter um efeito corretivo. Os desobedientes mais prontamente se enxergariam como os outros os veem, e se envergonhariam. Ficando envergonhados de sua conduta voluntariosa, seriam levados ao arrependimento e salvos.

2Ts.3:15 15. Todavia, não o considereis por inimigo, mas adverti-o como irmão.

Não o considereis por inimigo. Esta advertência é muito necessária na igreja. É fácil para os cristãos serem duros ao pensar num irmão perverso.

Como irmão. Paulo não queria que o errante fosse expulso. Desejava que ainda fosse considerado como irmão e admoestado como tal. Se a disciplina tivesse o efeito pretendido, ele seria suscetível ao conselho fraternal e estaria pronto a retornar a uma interpretação equilibrada da verdade. Esse caminho não é fácil para os dois lados, mas é o ideal pelo qual a igreja deve se empenhar.

2Ts.3:16 16. Ora, o Senhor da paz, ele mesmo, vos dê continuamente a paz em todas as circunstâncias. O Senhor seja com todos vós.

Ora, o Senhor da paz. Em 1Ts.5:23, Paulo escreveu: “o mesmo Deus da paz”, referindo-se ao Pai, cujos atributos são compartilhados pelo Filho. Em Is.9:6, o título “o Príncipe da Paz” é profeticamente aplicado ao Messias; nos evangelhos, Cristo é apresentado como concedendo paz a Seus seguidores (Jo.14:27; Jo.16:33; Jo.20:19; Jo.20:26); e em Ef.2:14, Cristo é descrito como “nossa paz”. Paulo reconhece que apenas Cristo poderia trazer paz ao turbado coração dos tessalonicenses.

Continuamente. O apóstolo deseja que seus conversos sempre desfrutem a paz de Cristo, não importando quão difíceis sejam as condições.

Em todas as circunstâncias. Isto é, em toda forma necessária.

Todos vós. Nesta oração, o apóstolo inclui toda a igreja tessalonicense, os membros obstinados, os indomáveis e os fiéis. Paulo deseja que a presença do Senhor esteja continuamente com todos eles (cf. 1Ts.5:26; 2Ts.1:3; 2Ts.3:18). A presença divina no coração de todo crente será a melhor garantia de paz para a igreja sobre a terra, e o gozo de paz eterna no mundo porvir.

2Ts.3:17 17. A saudação é de próprio punho: Paulo. Este é o sinal em cada epístola; assim é que eu assino.

Saudação. Do gr. aspasmos (ver com. de Cl.4:18; 1Ts.5:26). A referência é à bênção (2Ts.3:18), mas a saudação acrescenta significado, já que foi escrita por Paulo (cf. com. de 1Co.16:21; Gl.6:11; Cl.4:18; Fm.1:19). O autógrafo pessoal não era incomum nas cartas ditadas, mas deve ter tido significado especial nesta epístola, em vista do possível perigo de cartas forjadas (ver com. de 2Ts.2:2). Mesmo se tal perigo não existisse, o sinal de saudar por escrito pessoalmente assegura uma recepção ainda mais calorosa da carta pelos tessalonicenses.

Sinal. Do gr. semeion, “sinal” (ver com. de Lc.2:34), referindo-se não tanto à saudação, mas ao fato de ter sido escrita pelo próprio punho de Paulo.

Em cada epístola. Isto mostra que era hábito de Paulo autografar todos os seus escritos, embora não mencione especificamente o fato em cada carta.

2Ts.3:18 18. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós.

A graça de nosso Senhor. Ver Rm.16:24; sobre o significado da frase, ver com. de Rm.1:7; ver com. de 1Ts.5:28.

Amém! (ARC). Evidência textual pode ser citada (cf. p. xvi) para a omissão desta conclusão. O pós-escrito que ocorre no final da epístola (KJV) não está em nenhum manuscrito primitivo. É uma adição editorial posterior e não fazia parte do relato inspirado original (cf. com. de 1Ts.5:28). O local da escrita foi Corinto, não Atenas (ver p. 265).