"As coisas encobertas pertencem ao nosso Deus, mas as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que observemos todas as palavras desta lei."
Deuteronômio 29:29

Capítulo e Verso Comentário Adventista > II Timóteo
2Tm.1:1 1. Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pela vontade de Deus, de conformidade com a promessa da vida que está em Cristo Jesus,

Paulo, apóstolo. Ver com. de 1Tm.1:1.

Pela vontade de Deus. Comparar com “pelo mandato de Deus” (1Tm.1:1). Paulo nunca se esqueceu do impacto que recebeu e transformou sua vida quando Deus lhe pediu que se consagrasse ao apostolado (ver com. de Gl.1:15-17). Este chamado direto de Deus constituía sua principal fonte de coragem e conforto quando os problemas do ministério surgiam diante dele.

Promessa da vida. Ou seja, tanto a salvação eterna, que todo crente espera obter no mundo vindouro (ver com. de Jo.3:16; 1Tm.6:19), como a nova vida de justiça, força e paz na vida presente (ver com. de 1Jo.5:12). Ao se aproximar da hora da sua morte, essa esperança da vida eterna era muito preciosa para Paulo. O imperador romano poderia tirar sua vida, porém não poderia tirar sua paz de espírito nem privá-lo da recompensa eterna (ver com. de Mt.10:28).

Em Cristo Jesus. Expressão favorita de Paulo, que pode muito bem ser chamada de seu lema (cf. Rm.9:1; Rm.12:5; Rm.16:7; 2Co.1:21; 2Co.2:14; 2Co.2:17; 2Co.5:17; 2Co.12:2; 1Ts.4:16; 1Tm.2:7),

2Tm.1:2 2. ao amado filho Timóteo, graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor.

Amado filho. Literalmente, “filho amado”. Paulo usava este termo afetuoso porque iniciou Timóteo na fé cristã (ver com. de 1Tm.1:2).

A Timóteo. Sobre um breve esboço biográfico, ver com. de At.16:1.

Graça, misericórdia e paz. Ver com. de 1Tm.1:2.

Deus Pai e de Cristo Jesus. Ver com. de Rm.1:7.

2Tm.1:3 3. Dou graças a Deus, a quem, desde os meus antepassados, sirvo com consciência pura, porque, sem cessar, me lembro de ti nas minhas orações, noite e dia.

Dou graças a Deus. Em vez de reclamar e ter pena de si mesmo enquanto definhava na prisão romana, Paulo rememora episódios agradáveis de amados companheiros. Pessoas verdadeiramente grandes são gratas pelos momentos doces da vida, enquanto outros só podem ver inconvenientes e dificuldades.

Antepassados. Paulo estava agradecido pela estrita educação religiosa recebida de seus pais. Sua família era fiel aos princípios da rigorosa seita dos fariseus, refletida em sua criação e, mais tarde, em seu interesse pela rígida educação farisaica em Jerusalém. O assunto relacionado aos antecedentes familiares de Paulo é abordado amplamente na Nota 2 sobre Atos 7; At.7:60.

Consciência pura. Mesmo que o imperador romano Nero já estivesse punindo severamente os cristãos por causa de sua religião, Paulo poderia servir a Deus com a consciência limpa, porque adorava o mesmo Deus de seus antepassados. Ele não violara nenhuma lei. Viveu toda a sua vida em “consciência pura”, embora houvesse cometido alguns atos repreensíveis (ver com. de 1Tm.1:13).

2Tm.1:4 4. Lembrado das tuas lágrimas, estou ansioso por ver-te, para que eu transborde de alegria

Tuas lágrimas. Os anciãos de Éfeso também verteram “lágrimas” quando se separaram de Paulo em Mileto, acreditando “que não mais veriam o seu rosto” (ver At.20:17; At.20:36-38). Esse terno companheirismo entre missionários jovens com os mais idosos é um modelo que todos os pastores e aspirantes ao ministério devem procurar imitar.

2Tm.1:5 5. pela recordação que guardo de tua fé sem fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em tua avó Loide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também, em ti.

Pela recordação que guardo. As evidências textuais favorecem a variante “por ter sido lembrado”. Talvez Paulo houvesse acabado de receber uma carta de Timóteo, ou um viajante tivesse passado por Roma e dado a Paulo um bom relatório sobre Timóteo.

Fé sem fingimento. Ver com. de 1Tm.1:5.

Primeiramente. Paulo compara a rica herança religiosa da família de Timóteo com a de sua própria (v. 2Tm.1:3). Ambos provinham de linhagem israelita sincera e continuavam cultuando o mesmo Deus na nova estrutura do cristianismo. Não se apresenta todo o paralelismo entre Paulo e Timóteo, mas a implicação é clara: Paulo aguardava a execução por causa de sua fé cristã, a mesma fé que Timóteo compartilhava. Ambos desconheciam o que estava à frente para Timóteo, mas Paulo aproveitou essa última oportunidade para exortá-lo a viver nobremente como um verdadeiro servo de Deus (ver com. de 2Tm.2:1-13).

Lóide. Não há mais informações disponíveis sobre esta nobre mulher.

Eunice. Do gr. eunike, “conquistando bem”, “boa vitória” (ver com. de At.16:1). Paulo destaca a influência dessas mulheres cristãs porque o pai de Timóteo, que possivelmente morreu enquanto seu filho era um rapaz, era grego e, assim, talvez fosse indiferente ao verdadeiro Deus.

Estou certo. O apóstolo estava persuadido da autenticidade da consagração de Timóteo e de que era idôneo para sua missão, antes mesmo de ser ordenado. O serviço posterior de Timóteo comprovou que era correta a confiança que Paulo depositou nele. A fé sincera de sua avó e de sua mãe foi inculcada em Timóteo desde seus primeiros anos; no entanto, a fé de seus antepassados não seria a fé que salvaria Timóteo. O conhecimento religioso dos antepassados não garante a salvação para seus descendentes. Tal conhecimento deve se tornar uma fé pessoal que proporciona coragem e paz no dia a dia.

2Tm.1:6 6. Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o dom de Deus que há em ti pela imposição das minhas mãos.

Por esta razão. Ou seja, enquanto estava deitado na masmorra romana, o apóstolo mantinha sua certeza de que as igrejas da Ásia estavam em mãos competentes e que a fé demonstrada por Timóteo constituía uma base sólida para as exigências rigorosas do futuro.

Admoesto. Ou, “te lembro” (ARC). As amáveis palavras de conselho do apóstolo foram uma grande fonte de encorajamento para o jovem Timóteo. Essas palavras transpiram confiança e terna amizade.

Reavives. Do gr. anazopureo, “renovar a chama”, “reacender”. Esta afirmação não sugere necessariamente que a coragem ou a diligência de Timóteo estivessem esmorecendo; ao contrário, é o método de Paulo de elogiar Timóteo pelo serviço eficaz no passado e de desafiá-lo a continuar em sua obra. Como Paulo estava sendo forçado a deixar a liderança na Ásia Menor, Timóteo deveria se erguer com novo ardor e assumir responsabilidades mais amplas.

Dom. Ver com. de 1Tm.4:14.

Imposição das minhas mãos. Ver com. de 1Tm.4:14.

2Tm.1:7 7. Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.

Covardia. Do gr. deilia, “covardia”, “timidez”. O fato de que o cristianismo genuíno não produzia covardes se comprova perfeitamente em Cristo e em Paulo. Nenhum covarde teria escrito semelhante epístola sob a ameaça da espada do carrasco.

Poder. Do gr. dunamis, “força”, “capacidade” (ver com. de Lc.1:35; 1Co.4:20), a partir do qual é derivada a nossa palavra em português “dinamite”.

Amor. Ver com. de 1Co.13:1. Qualidade que deve acompanhar o “poder” para que este último não seja empregado de forma dura, sem piedade e pouco fraternal. O Senhor Jesus é um exemplo notável do poder usado com amor.

Moderação. Ou seja, o bom senso que impede o fiel cristão de cair nas armadilhas do fanatismo e das práticas irregulares.

2Tm.1:8 8. Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem do seu encarcerado, que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus,

Não te envergonhes. O texto grego implica que, até então, Timóteo não tinha sido envergonhado. Paulo exorta seu fiel colaborador a que nunca se envergonhe. Expressões de confiança como esta, inspiram os obreiros mais jovens a conquistas ainda mais elevadas.

Testemunho de nosso Senhor. Isto é, o testemunho cristão a respeito de Jesus Cristo, que para os gentios era “loucura” e, para os judeus, um “tropeço” (ver com. de 1Co.1:23; 1Co.1:25).

Encarcerado. Uma evidência adicional de que Paulo escreveu esta epístola enquanto estava na prisão romana (ver p. 339).

Participa. Do gr. sugkakopatheo, “sofrer o mal em conjunto”, “compartilhar a desgraça com”.

Do evangelho. Literalmente, “pelo evangelho”. Paulo estava sendo humilhado publicamente por causa do evangelho, e qualquer coisa menos que plena comunhão com Paulo, em público e em particular, teria sido covardia (ver com. do v. 2Tm.1:7). O apóstolo compreendia bem que as forças do mal perseguem de forma implacável a todo filho de Deus e que antes da coroa de glória está a cruz do sofrimento e da incompreensão (ver 2Tm.3:12).

Poder de Deus. Só a graça de Deus pode fortalecer o crente para superar as enganosas tentações e para suportar as aflições causadas pelo inimigo dos filhos de Deus (ver com. de Rm.1:16; 1Co.1:18).

2Tm.1:9 9. que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos,

Que nos salvou. Os v. 2Tm.1:8-11 devem ser considerados como uma unidade. Só o “poder de Deus” pode salvar as pessoas de seus hábitos pecaminosos. Sua salvação é segura enquanto submetem sua vontade a Deus (ver com. de Mt.1:21).

E nos chamou. Deus deseja que todos sejam salvos (ver com. de 1Tm.2:4). No entanto, muitos recusam a oferta de salvação feita por Deus (ver com. de Mt.23:37).

Com santa vocação. Ou, “a um santo chamado”, isto é, a uma vida reconhecida por ser irrepreensível (comparar com Rm.1:7).

Não segundo as nossas obras. Ou seja, não com base em nossas obras. A salvação pela fé era um dos fatos fundamentais do evangelho que Paulo destacava de um modo especial, devido à falsa segurança que os judeus depositavam no poder salvador das “obras da lei” (ver com. de Gl.2:16; Rm.3:19-24; Rm.10:1-4; Ef.2:8-9; Tt.3:5). O ser humano não tem nada a oferecer a Deus para alcançar sua salvação; é impotente sem a misericórdia que Deus oferece gratuitamente.

Sua própria determinação. Devido à natureza do amor (cf. 1Jo.4:9-10), Deus tomou a iniciativa de propor a salvação dos pecadores, entregando Seu Filho, “Cristo Jesus” (ver com. de Rm.8:28-30; Ef.1:3-11).

Graça. Ver com. de Rm.1:7; Rm.3:24; 1Co.1:3. O amor de Deus, que flui sem cessar para os pecadores indignos, convida a todos a aceitar a redenção que foi provida em Cristo (ver com. de Rm.3:23-24; Ef.2:4-10).

Antes dos tempos eternos. Do gr. pro chronon aionion, “desde toda a eternidade”, isto é, antes dos longos séculos da história da Terra. Em sua presciência, Deus estava preparado para fazer frente à tragédia e à crise do pecado antes que este entrasse em nosso mundo (cf. Rm.16:25-26; ver com. de Mt.25:34; 1Co.2:7). Deus conhece o passado, o presente e o futuro. Nenhum evento terreno pode surpreendê-Lo. O pecado seria um ataque pessoal de seres criados contra a autoridade divina e, portanto, contra o caráter de Deus. O Altíssimo sempre esteve preparado para demonstrar Seu amor e justiça, não só para um universo sem pecado, mas também diante daqueles que rejeitassem o amor divino (ver com. de Jo.1:14; Jo.3:16; Rm.5:5-10).

2Tm.1:10 10. e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho,

Manifestada. Isto é, a “determinação e graça” de Deus (v. 2Tm.1:9) foram claramente reveladas em Jesus Cristo. As pessoas precisam pensar no Deus invisível nos termos do que veem em Jesus, pois passamos a conhecer o que Deus pensa de nossos sofrimentos terrenos por causa do ministério de cura de Cristo e Sua mensagem de ânimo e esperança. Podemos medir a terna consideração de Deus pela humanidade, comparando-a com o amor paciente de Jesus.

Aparecimento. Do gr. epiphaneia, “aparecimento”, “manifestação visível” (ver com. de 1Tm.6:14). Este é o único exemplo no NT em que epiphaneia se refere à primeira vinda de nosso Senhor. Em todos os outros casos, a palavra descreve a segunda vinda (ver 2Ts.2:8; 1Tm.6:14; 2Tm.4:1; 2Tm.4:8; Tt.2:13).

Salvador. Do gr. soter, “libertador”, “salvador”, palavra atribuída muitas vezes pelos antigos aos seus deuses, líderes políticos e generais. No entanto, só Jesus Cristo trouxe libertação genuína a um mundo prisioneiro nas cadeias dos hábitos pecaminosos.

Destruiu. Do gr. katargeo (ver com. de Rm.3:3). Quando Cristo ressuscitou, um poder mais forte do que a morte se manifestou. Cristo oferece o mesmo poder sobre a “morte” a todos os que aceitam o plano de salvação. Não se deve, pois, temer a “morte”.

A luz. A vinda de Jesus Cristo e de Sua mensagem de libertação do pecado e da vitória sobre a morte se comparam com o amanhecer depois de uma noite escura. Jesus Cristo é a luz dos homens (ver com. de Jo.1:4). Assim como Paulo aguardava a execução iminente, a luz das promessas divinas de vida e imortalidade enchia de paz o triunfante apóstolo.

Vida. Ver com. de Jo.1:4; Jo.3:16. A conquista de Cristo representou a máxima esperança para um mundo que considerava a morte como um mistério tenebroso. Essa promessa de vida deu alegria e sentido à fugaz peregrinação nesta terra. Em vez de inutilidade, oferece um propósito, pois o desespero foi substituído pela alegria, refletida na luz da utilidade cristã.

Imortalidade. Ou, “incorruptibilidade”, isto é, vida que nunca vai acabar (ver Rm.2:7). Paulo se refere à ressurreição física e à vida corporal dos remidos na nova terra.

Evangelho. Objeto da mais elevada consideração de Paulo e fonte de toda a sua coragem e paz. Devido aos benefícios do evangelho, Paulo e Timóteo não se envergonhavam do que pregavam (v. 2Tm.1:8).

2Tm.1:11 11. para o qual eu fui designado pregador, apóstolo e mestre

Designado. Ou seja, por Deus (ver com. de 1Tm.1:1; 1Tm.2:7).

Pregador. Ver com. de 1Tm.2:7.

Apóstolo. Paulo atribui este título a si, pois foi chamado diretamente por Jesus para o ministério (ver 1Co.15:8-9; sobre o significado de “apóstolo”, ver com. de Mc.3:14; At.1:2).

Mestre. Esta função completa o conceito tríplice que constituía a forma em que Paulo entendia sua missão ministerial.

Doutor dos gentios (ARC). As evidências textuais apoiam (cf. p. xvi) a omissão destas palavras. No entanto, como Paulo havia escrito (1Tm.2:7), ele foi enviado aos gentios como seu apóstolo especial (ver At.9:15; Rm.11:13; Rm.15:16; Gl.1:15-16; Gl.2:7-8; Ef.3:8; 1Tm.2:7).

2Tm.1:12 12. e, por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não me envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia.

Sofrendo. Paulo sofrera por causa do evangelho, por isso podia exortar Timóteo com simpatia a sofrer sem vacilar.

Estas coisas. Isto é, a máxima humilhação possível. Paulo havia sido indiciado por crimes contra o império romano.

Envergonho. Mesmo que Paulo enfrentasse as zombarias de um império e a desgraça da execução como criminoso, sua confiança na mensagem que pregava impulsionava o espírito e fortalecia sua coragem. Esse mesmo tipo de nobreza fortaleceu o coração dos hebreus valorosos quando enfrentaram a fúria do rei de Babilônia (ver Dn.3:16-18). Cristo também deu ao universo um exemplo de confiança ousada na providência soberana do Pai quando enfrentou o suplício da cruz.

Sei. Paulo estava convencido de que Cristo se ocupava pessoalmente de seu bem-estar, e sua gratidão se revelava em seu valoroso testemunho.

Creio. A flexão do verbo grego destaca que Paulo tinha começado a confiar anos atrás, e a confiança continuava. Ele mantinha sua fé, mesmo em meio a diferentes experiências nas quais era tratado como um criminoso comum. Deus não espera que as pessoas confiem nEle cegamente. Ele tem dado a cada um evidências suficientes nas quais basear sua confiança. A alegria da vida está em reconhecer essas evidências que se originam na mão de Deus.

Certo. Ou, “convencido”.

Para guardar. A frase inteira diz literalmente: “para guardar o meu depósito até aquele dia” (cf. 1Tm.6:20; 2Tm.1:14). Há uma dúvida se Paulo se refere a algo que ele havia confiado a Cristo ou a algo que Cristo lhe havia confiado. A primeira posição considera a salvação pessoal de Paulo, seu caráter e seu futuro, como o depósito que Cristo guardaria fielmente até o dia da ressurreição, quando a vida será restaurada aos santos que dormem. Mesmo que a morte esconda as pessoas da visão terrena, Cristo tem marcado o túmulo de todos os que, um dia, receberão o dom da vida eterna. Aqueles que defendem a segunda posição encontram dificuldade em pensar que Paulo reutilizaria suas palavras (1Tm.6:20; 2Tm.1:14), mas em sentido diferente.

Nestas passagens, o significado denota claramente o depósito confiado a Timóteo como ministro cristão. Esses comentaristas afirmam que Paulo compartilhava com Timóteo a certeza de que, mesmo que ele próprio morresse em breve, o evangelho não pereceria, mas Cristo é poderoso para guardar o testemunho cristão até que a tarefa seja cumprida. A outras pessoas, assim como a Timóteo, seria confiada a mesma responsabilidade delegada a Paulo. Mesmo que a morte de Paulo fosse um choque esmagador para as jovens igrejas, estas deveriam ser persuadidas, assim como Paulo, de que Cristo ainda vive e é capaz de levá-los a realizações ainda maiores do que ele havia feito para Cristo.

Aquele dia. O dia em que a tarefa confiada aos cristãos estiver concluída. Paulo talvez se refira a “aquele dia”, em que “a vida e a imortalidade” (v. 2Tm.1:10) serão concedidas aos fiéis, por terem conservado puro aquilo que lhes fora confiado.

2Tm.1:13 13. Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste com fé e com o amor que está em Cristo Jesus.

O padrão. Do gr. hupotuposis, “exemplo”, “modelo” e “plano” (1Tm.1:16). Como um dos instrumentos de Cristo pelos quais o “depósito” de Paulo, ou seu legado da verdade (ver com. de 2Tm.1:12), será guardado e repassado ao mundo com segurança, Timóteo é desafiado a apresentar fielmente o evangelho conforme o ouviu de Paulo. O apóstolo quer dizer que suas palavras eram inspiradas por Deus (ver com. de 1Tm.3:16) e tinham tanta autoridade quanto as do AT. Assim, elas não devem ser desvirtuadas, mas sustentadas firmemente como o modelo da verdade do evangelho.

Sãs. Do gr. hugiaino, “ser saudável” (ver com. de 1Tm.1:10). A mensagem de Paulo estava isenta de erros e apresentava fielmente a solidez do plano divino de salvação. Ele tinha certeza de que o evangelho que pregava era verdadeiro (ver com. de GI.1:6-8).

De mim ouviste. Paulo havia instruído Timóteo totalmente na verdade.

Com fé e com amor. Esta frase deve ser conectada com “mantém”. A fé pessoal de Timóteo não poderia ter melhor fundamento. Além disso, a apresentação das palavras sobre o dom da salvação de Deus devia ser feita no mesmo espírito de amor que caracteriza o Deus da salvação. Se tivesse sido apresentada com outro espírito, a pregação de Timóteo seria uma barreira para a recepção do evangelho, não uma ajuda.

2Tm.1:14 14. Guarda o bom depósito, mediante o Espírito Santo que habita em nós.

Guarda o bom depósito. A frase inteira diz, literalmente: “guarda o excelente depósito” (ver com. de 1Tm.6:20; 2Tm.1:12). Paulo se refere à escolha de Timóteo como fiel ministro do evangelho, confiada a ele tanto por homens como por Deus. Uma parte deste depósito foram as próprias palavras de Paulo, as quais exortavam Timóteo a que se mantivesse firme (v. 2Tm.1:13). O período de serviço de Paulo estava prestes a terminar, o apóstolo havia guardado o depósito da verdade livre de erro doutrinário ou de mácula moral. Entretanto, a obra confiada a Paulo, seu depósito, estava colocada sobre os ombros de Timóteo e de outros. A partir de então, deveriam ser guardiões do tesouro inestimável do evangelho e, por sua vez, transmiti-lo fielmente a outros responsáveis.

Mediante o Espírito Santo. Ou seja, o Espírito Santo é o agente eficaz que permite que as pessoas cumpram com sucesso a tarefa de pregar o evangelho. Não há limite para a utilidade e influência de qualquer pessoa que consagra sua vontade aos propósitos de Deus. O Espírito Santo Se torna a força da pessoa e é o poder invisível por trás de cada avanço da causa de Deus.

Habita. O poder de Deus se torna aliado das forças vitais das pessoas. O ser humano se transforma essencialmente quando permite que o Espírito Santo dirija sua vida (comparar com Jo.15:4-7; Jo.14:17; ver também com. de 1Co.6:19; Ef.3:16).

2Tm.1:15 15. Estás ciente de que todos os da Ásia me abandonaram; dentre eles cito Fígelo e Hermógenes.

Ásia. A província romana da Asia, cuja capital era Éfeso (ver Nota Adicional de At.16:15; ver, no vol. 6, mapa, p. 19).

Todos [...] me abandonaram. Nada se sabe das circunstâncias específicas desta experiência. No entanto, deve ter sido algum evento que requereu uma demonstração de coragem e honra daqueles que professavam lealdade ao cristianismo. Paulo sentia esse desapontamento e sabia que, se todos os seus cooperadores fugissem da perseguição, a estrutura que tanto havia trabalhado para construir entraria em colapso. No entanto, a confiança na devoção de Timóteo animava o apóstolo e era o motivo para sua exortação para que o jovem líder se erguesse ousadamente em favor do evangelho (ver com. do v. 2Tm.1:8). Além disso, ele deveria guardar zelosamente o depósito sagrado da verdade (ver com. do v. 2Tm.1:12) que tinha recebido de Paulo e dos outros apóstolos (v. 2Tm.1:14), no momento de sua conversão.

Fígelo e Hermógenes. As Escrituras não fornecem mais informações a respeito desses homens ou de sua deserção. É trágico ser lembrado unicamente por vergonha ou covardia. Esses homens não haviam guardado o depósito da verdade a eles confiado.

2Tm.1:16 16. Conceda o Senhor misericórdia à casa de Onesíforo, porque, muitas vezes, me deu ânimo e nunca se envergonhou das minhas algemas;

Onesíforo. Literalmente, “aquele que traz lucro”. Nada mais se sabe a respeito deste crente fiel. Aparentemente, ele foi leal ao significado de seu nome, no sentido de que trouxe muita alegria e incentivo a Paulo num momento em que outros membros da igreja falharam com ele. Onesíforo não se envergonhou do evangelho nem da desgraça imposta a Paulo. Alguns acreditam que, quando Paulo escreveu, ele já havia morrido, pois: (1) a referência é apenas a sua “casa”, o que também Paulo faz mais adiante, em 2Tm.4:19; e (2) porque, o v. 2Tm.1:18 “naquele dia” se refere ao segundo advento (1Tm.1:12; 1Tm.4:8).

Deu ânimo. Onesíforo foi como uma brisa das montanhas para Paulo, que respirava o ar viciado da prisão romana. Em vez de lamentar com o apóstolo, inspirava-lhe coragem, alegria de viver e companheirismo.

Nunca se envergonhou. Em contraste com Fígelo e Hermógenes, ele era um modelo digno para Timóteo (cf. v. 2Tm.1:8).

Algemas. Ver com. de At.28:20.

2Tm.1:17 17. antes, tendo ele chegado a Roma, me procurou solicitamente até me encontrar.

Chegado a Roma me procurou. Talvez Onesíforo fosse um membro destacado da igreja de Éfeso, possivelmente um comerciante que fazia viagens de negócios a Roma. No entanto, tentar encontrar Paulo era um empreendimento arriscado, porque, depois do incêndio de Roma, todos os cristãos eram suspeitos.

Solicitamente. O intento de Onesíforo de encontrar Paulo não foi casual.

2Tm.1:18 18. O Senhor lhe conceda, naquele Dia, achar misericórdia da parte do Senhor. E tu sabes, melhor do que eu, quantos serviços me prestou ele em Éfeso.

Naquele dia. Ver com. do v. 2Tm.1:12; 1Tm.4:8. A fonte da alegria de Paulo era “aquele dia”, quando o pecado e as sombras desaparecerão, quando não mais haverá dor nem pobreza. A partir dele, os anseios mais profundos da vida serão realizados, e os sonhos arruinados da Terra serão trocados pelas maravilhas e delícias eternas do Céu (ver com. de Mt.16:27; Rm.2:7; 2Tm.4:1; Ap.21:1-4).

Tu sabes. Como um obreiro líder de Éfeso, Timóteo era testemunha da fidelidade de Onesíforo.

Me. As evidências textuais apoiam (cf. p. xvi) a omissão deste pronome. Paulo se refere à vida de serviço de Onesíforo pela causa de Cristo, parte da qual foi em companhia de Paulo.

Prestou. Ou seja, ajudou pessoalmente. Nada mais se sabe do ministério de Onesíforo em Éfeso.

2Tm.2:1 1. Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus.

Filho meu. Ver com. de 1Tm.1:2; 2Tm.1:2.

Fortifica-te. Ninguém pode fazer o trabalho do ministro cristão a menos que seja continuamente guiado pela graça e pelo poder de Deus (ver com. de 2Co.12:9; Ef.6.10; Fp.4:13).

2Tm.2:2 2. E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros.

O que. Ou seja, as “sãs palavras” (2Tm.1:13). Paulo talvez tenha dado atenção especial à habilidade de Timóteo em comunicar as verdades do evangelho, pois sabia que estava chegando o dia em que Timóteo deveria assumir a responsabilidade de Paulo.

Através de muitas testemunhas. Provavelmente, na maioria dos casos, as “sãs palavras” de Paulo não foram dadas a Timóteo em segredo, mas ele as ouviu em várias pregações na igreja.

Transmite. Comparar com. de 1Tm.6:20. O líder cristão não só deve pregar o evangelho ao rebanho e aos não crentes, mas também deve preparar jovens capazes de assumir a liderança da igreja quando a geração de mais idade se for.

Fiéis. Ou, “confiáveis” (ver com. de 1Tm.1:12).

2Tm.2:3 3. Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Cristo Jesus.

Meus sofrimentos. As evidências textuais favorecem (cf. p. xvi) a variante “sofra o mal junto com”.

Bom. Ou, “excelente”, “de primeira classe”.

Soldado. Comparar com Fp.2:25; 1Tm.1:18. Toda a devoção, lealdade e resistência física de um verdadeiro soldado são pré-requisitos de uma genuína liderança cristã.

2Tm.2:4 4. Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou.

Nenhum soldado em serviço. Ou, “ninguém que serve como soldado”.

Envolve. Ou seja, se embaraça.

Negócios. As atividades civis que dividem o tempo e a energia do soldado. O ministro de Jesus Cristo deve se dedicar à única e grande missão de pregar o evangelho. É certo que às vezes pode ser necessário que ele se envolva em alguma atividade secular, como o próprio Paulo, que trabalhava na fabricação de tendas. Porém, nesses casos, a atividade secular não passa de um meio necessário para o objetivo principal de pregar o evangelho.

Satisfazer. A primeira preocupação do ministro do evangelho é a de que Jesus Cristo, Aquele que o chamou para o serviço, esteja satisfeito com seu trabalho. O ministro não tem o propósito de agradar a líderes terrenos. Essa tentativa de agradar interferiria em sua plena consagração ao Senhor.

2Tm.2:5 5. Igualmente, o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas.

Atleta. Do gr. athleo, “participante de uma competição”, “lutador de jogos ginásticos”, “participante do atletismo”. Nossa palavra portuguesa “atleta” é derivada de athleo. Paulo dá início a outro paralelismo entre o ministro cristão e o atleta (cf. 1Co.9:24-27).

Coroado. Ou seja, honrado com a coroa da vitória (ver com. de 1Co.9:25).

Segundo as normas. Qualquer atleta que viole as regras da competição é desclassificado. Novamente, Paulo permite que Timóteo obtenha o paralelo pretendido com o ministro cristão. Independentemente da quantidade de sermões pregados e de pessoas visitadas, se o ministro não ensinar “as sãs palavras” (1Tm.1:13) ou não revestir sua mensagem com o cativante amor de Cristo, todos os seus esforços resultarão vãos (cf. Mt.7:22-23).

2Tm.2:6 6. O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a participar dos frutos.

Lavrador. Do gr. georgos, “lavrador da terra”. Paulo compara o ministro a um agricultor, como o fez a um atleta (v. 2Tm.2:5) e a um soldado (v. 2Tm.2:3-4).

Participar. O que o agricultor produz alimenta a ele e a muitas outras pessoas. Se não partilhasse sua produção, ele morreria e outros passariam fome. Da mesma forma, o ministro deve primeiramente viver as graças cristãs (ver com. de Gl.5:22-23), antes de compartilhá-las. Ninguém pode compartilhar o que não tem. O mundo precisa tanto do produto do agricultor como de uma verdadeira exposição dos frutos do cristianismo. Mas, se o agricultor não comer aquilo que ele mesmo produz (e o ministro não representar as verdades que prega), o mundo sofrerá.

2Tm.2:7 7. Pondera o que acabo de dizer, porque o Senhor te dará compreensão em todas as coisas.

Pondera. Ou, “entende”. Nos v. 2Tm.2:3-6, Paulo ensina por meio de metáforas. Em seguida, apela para que Timóteo compreenda todo o significado de suas metáforas (comparar com Mt.24:15).

O Senhor te dará compreensão. O apóstolo lembra a Timóteo que nem todas as instruções residem em informações memorizadas. Ao contrário, existem muitos problemas que só podem ser resolvidos mediante o relato ou pela experiência pessoal uns dos outros. Surgem novos problemas para os quais não há paralelos imediatos na experiência anterior. Seja qual for o caso, o ministro cristão apela a Deus, que dá “compreensão em todas as coisas”. Consequentemente, o obreiro fiel sempre ouve com atenção a voz de Deus, vivendo cada dia em plena confiança de que a resposta a cada oração será dada no momento mais necessário.

2Tm.2:8 8. Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado de entre os mortos, descendente de Davi, segundo o meu evangelho;

Lembra-te de Jesus Cristo. Paulo destaca a humanidade de Jesus, que fornece a base sólida para a confiança humana no plano da salvação. Em outras ocasiões, Paulo enfatiza a natureza divina de Cristo, isto é, em Seu amor que, como Deus, tem pelos pecadores. Talvez o apóstolo enfrentava a crescente ameaça do docetismo (ver vol. 5, p. 1007; vol. 6, p. 44), que negava a existência humana real de Cristo. Essa declaração estabelece a essência do evangelho cristão. A igreja cristã não é edificada por interpretações irrelevantes e fantasiosas das Escrituras. As palavras de Jesus constituem um modelo para os pregadores de como homens e mulheres cansados e sobrecarregados pelo pecado, podem encontrar paz e vitória. A pessoa de Jesus torna-se o modelo do caráter cristão para todo ser humano. O cristianismo é uma mensagem viva e ativa.

Ressuscitado dentre os mortos. A sepultura vazia de Cristo se tornou um argumento irresistível em favor da divindade de Cristo e da integridade da mensagem do evangelho. Nenhuma outra pessoa ou religião pode apontar a uma evidência sobrenatural dessas sobre a intervenção divina. A ressurreição de Jesus foi o selo divino de aprovação, apontando-O como Salvador deste mundo (ver com. de 1Co.15:4; 1Co.15:12-20).

Descendente de Davi. Para os judeus, a sucessão genealógica de Davi era sagrada, porque o Messias nasceria da descendência de Davi (ver SI.132:11; ver com. de 2Sm.7:12; Mt.22:41-46). Novamente, Paulo destaca a humanidade de Jesus e Seu perfeito cumprimento da profecia do AT. A ascendência davídica de Cristo constituía um poderoso argumento quando o evangelho era apresentado aos judeus.

Segundo o meu evangelho. Comparar com Rm.2:16; Rm.16:25. A mensagem de Paulo para o mundo era baseada tanto no AT como na revelação pessoal que Deus confiou ao apóstolo (ver com. de 1Tm.1:11). Portanto, seu evangelho estava de acordo com os fatos da vida, morte e ressurreição de Cristo.

2Tm.2:9 9. pelo qual estou sofrendo até algemas, como malfeitor; contudo, a palavra de Deus não está algemada.

Pelo qual. Isto é, pela pregação do evangelho.

Sofrendo. Do gr. kakopatheo, “sofrer o mal”, “sofrer desgraça” (comparar com 1Tm.1:8; 1Tm.2:3).

Até algemas. Tratado como um criminoso comum, a ponto de ser preso com correntes.

A Palavra de Deus não está algemada. Enquanto estava sob guarda romana, Paulo pregou o evangelho de forma tão eficaz que muitas pessoas em Roma, até mesmo da casa de César, foram convertidas (At.28:17-24; ver com. de Fp.4:22). O apóstolo também pode ter se referido à pregação continuada pelos outros apóstolos, como Timóteo, que levou adiante os trabalhos de Paulo, enquanto ele estava detido numa masmorra romana. Apesar de os pregadores poderem ser silenciados, como Paulo foi, a pregação continua em uma sucessão ininterrupta de pessoas a quem Deus confia o evangelho (ver 2Tm.2:2).

A mensagem de Paulo profetizou a marcha triunfal da Palavra de Deus ao longo dos séculos. Apesar de Martinho Lutero ter sido aprisionado no castelo de Wartburg, a verdade bíblica da justificação pela fé “não estava algemada”, pois, enquanto esteve preso, preparou sua contribuição monumental para seu povo: as Escrituras em alemão (ver p. 38, 39). William Tyndale foi finalmente martirizado por seu trabalho na tradução das Escrituras para o idioma inglês. Grande parte de sua vida foi passada no exílio da Inglaterra, e a impressão de sua tradução foi expressamente proibida. No entanto, um ano após a morte de Tyndale, a primeira Bíblia em inglês, a Tradução de Tyndale, foi impressa na Inglaterra, sendo a vanguarda de uma onda mundial de Bíblias nascendo a partir desse país. Podem proibir que a Bíblia seja traduzida, queimá-las e condenar toda a propagação da verdade bíblica, mas a “Palavra de Deus não está algemada”.

2Tm.2:10 10. Por esta razão, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna glória.

Por esta razão. Ou seja, por causa da confiança de Paulo na verdade da expiação de Cristo (v. 2Tm.2:8) e no triunfo garantido da verdade.

Suporto. Do gr. hupomeno, “persevero”, “suporto corajosamente e com calma” (sobre a forma substantiva, hupomone, ver com. de Tg.1:3). Paulo sabia que a glória da vida eterna e a compensação de ver pessoas salvas por causa de sua pregação valia o preço do sofrimento em algemas.

Eleitos. Ver com. de Rm.8:33.

Eterna glória. Aqui, Paulo pode ter comparado a dificuldade temporária sofrida pelos cristãos com a perenidade de sua recompensa eterna.

2Tm.2:11 11. Fiel é esta palavra: Se já morremos com ele, também viveremos com ele;

Fiel é esta palavra. Ver com. de 1Tm.1:15. Devido ao caráter rítmico das frases do cap. 2:11 a 13, alguns pensam que Paulo cita algum hino cristão ou expressões conhecidas.

Se. O texto grego assume claramente que cada uma das condições estabelecidas no v. 11 a 13 é verdadeira. A confiança do cristão reside no fato de que, quando certas condições ordenadas por Deus forem cumpridas, Ele será fiel em cumprir Sua parte do pacto.

Morremos. Ou seja, morremos para o pecado. O arrependimento do cristão é simbolizado pelo rito do batismo, que Paulo descreve como uma morte (ver com. de Rm.6:3-4).

Também viveremos. Paulo aqui pode estar se referindo: (1) à nova vida de justiça, que Deus nos ajuda a ter depois do batismo (ver com. de Rm.6:5-11), ou (2) à vida eterna na nova Terra (ver com. de Jo.3:16; Jo.14:3).

2Tm.2:12 12. se perseveramos, também com ele reinaremos; se o negamos, ele, por sua vez, nos negará;

Perseveramos. Do gr. hupomeno, “suportar”, “perseverar” (ver com. do v. 2Tm.2:10). A frase pode ser traduzida por: “se continuarmos a suportar” (ver Mt.24:13).

Com Ele reinaremos. Ver com. de Rm.8:16-17; Ap.20:4; Ap.22:5. Paulo considera uma perspectiva eterna, de modo que a desgraça e o sofrimento presentes serão vistos como transitórios, à luz dos privilégios e da glória eterna.

Se O negamos. Ver com. de Mt.10:32-33. Cristo pode ser negado de muitas maneiras: pelo repúdio público; pelo silêncio quando a verdade deve ser defendida; aparentando uma lealdade que se anula por uma vida que não O representa adequadamente.

Ele [...] nos negará. Ver com. de Mt.10:32.

2Tm.2:13 13. se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo.

Se somos infiéis. Do gr. apisteo, “ser infiel”, “ser indigno de confiança”. Embora as pessoas possam falhar com Deus e decepcionar seus semelhantes, os cristãos podem ter a certeza de que Deus é sempre confiável. Sua presença permanente nunca abandona as pessoas que nEle põem sua confiança.

Negar-se a si mesmo. Devido a Sua própria natureza, Deus não pode deixar de cumprir Suas promessas (ver com. de Nm.23:19; SI.89:35; Tt.1:2; Hb.6:18; Hb.10:23). Deus será tão fiel ao punir os ímpios como ao recompensar os justos. Nenhum pecador deve pensar que Deus não vai destruir os ímpios no último dia.

2Tm.2:14 14. Recomenda estas coisas. Dá testemunho solene a todos perante Deus, para que evitem contendas de palavras que para nada aproveitam, exceto para a subversão dos ouvintes.

Recomenda estas coisas. Literalmente, “continua fazendo com que [estas coisasj sejam lembradas.” Aqui, Paulo recomenda que Timóteo lembre aos “homens fiéis” (v. 2Tm.2:2), em particular, e a toda a igreja, em geral, as verdades básicas indicadas nos v. 2Tm.2:8-13. O conhecimento de seus privilégios e deveres os fortaleceria contra disputas inúteis e ensinamentos errôneos.

Evitem contendas de palavras. Do gr. logomacheo, “travar batalhas de palavra” (sobre a forma substantiva logomachia, ver com. de 1Tm.6:4).

Subversão. Do gr. katastrepho, “ruína”, da qual deriva nossa palavra em português “catástrofe”. A ampliação de discussões dispensáveis e trivialidades rouba um tempo precioso dos assuntos importantes, confundindo e perturbando a pessoa comum. A mensagem do evangelho não depende da variação de uma palavra aqui ou ali. O objetivo da vida cristã é medido em termos de semelhança com Cristo (ver com. de Ef.4:13), e não pela habilidade em manipular as palavras ou a capacidade de alegorizar as claras palavras das Escrituras.

2Tm.2:15 15. Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.

Procura. Do gr. spoudazo, “apressar-se”, “esforçar-se”, “ser diligente”, (1Ts.2:17; 2Pe.1:15; 2Tm.4:9; Tt.3:12; 2Pe.1:10; Hb.4:11). Paulo lembra a Timóteo que unicamente um ministro sério e diligente pode representar adequadamente seu Senhor e cumprir a difícil missão a ele confiada.

Apresentar-te. Do gr. paristemi, “colocar-se ao lado de”, “apresentar-se”. Embora o cristão esteja trabalhando com seus semelhantes e em seu favor, ele deve sempre se lembrar de que os olhos de Deus estão sobre si. É a Deus que o cristão deve satisfazer supremamente.

Aprovado. O obreiro cristão deve ser conhecido por sua vida irrepreensível e pela maneira otimista com que enfrenta os diversos problemas da vida.

Obreiro. Tendo o próprio Paulo sido um fabricante de tendas (ver com. de At.18:3), ele bem sabia como era importante que um obreiro trabalhasse de forma tão eficiente que não precisasse ser “envergonhado” de seus esforços.

Maneja bem. Literalmente, “corte em linha reta”. As verdades da Bíblia devem ser interpretadas corretamente, de modo que nenhuma parte das Escrituras seja definida em oposição ao quadro apresentado pela Bíblia como um todo. Cada passagem das Escrituras deve receber seu verdadeiro significado, assim como cada tijolo na parede de um edifício deve estar em seu devido lugar, caso contrário, a parede inteira sofre. No v. 2Tm.2:14, Paulo adverte contra “batalhas de palavras”, um exemplo do uso indevido das Escrituras. Manejar corretamente a Bíblia sugere que cada fase da verdade deve receber sua devida ênfase. Questões secundárias irrelevantes devem ser subordinadas aos princípios que realmente preparam as pessoas para vencer o pecado e as capacitam a viver triunfantemente em Cristo.

Palavra da verdade. Ou seja, a palavra que constitui a verdade, as Escrituras (ver com. de Ef.1:13).

2Tm.2:16 16. Evita, igualmente, os falatórios inúteis e profanos, pois os que deles usam passarão a impiedade ainda maior.

Evita. Ou, “esquiva-te”, “afasta-te” (ver Tt.3:9). Questões triviais e fantasiosas não devem ser consideradas dignas do tempo do fiel cristão. Ele deve voltar as costas a esse tipo de conversa.

Falatórios. Ver com. de 1Tm.6:20.

Deles. Os “falatórios inúteis” ou aqueles que ensinam esses falatórios vazios.

Ainda maior. O manejo inadequado da Palavra de Deus sempre leva a dano maior e mais severo, tanto para quem ensina como ao corpo da igreja. Só a verdade conduz à piedade e à harmonia entre os membros da igreja.

2Tm.2:17 17. Além disso, a linguagem deles corrói como câncer; entre os quais se incluem Himeneu e Fileto.

Corrói. O dano causado pela conversa religiosa inútil (v. 2Tm.2:16) se espalha. Os pretensos mestres não devem sequer ser ouvidos, mas completamente evitados.

Câncer. Do gr. gaggraina, “gangrena”, isto é, uma doença que corrói a carne e se espalha continuamente às outras partes do corpo. Os loquazes guerreiros de palavras (v. 2Tm.2:14) e de conversas vãs (v. 2Tm.2:16) se alimentam da atenção que lhes é dada.

Himeneu. Ver 1Tm.1:20. O fato de alguém ser lembrado apenas por subversão e mau comportamento é o máximo da tragédia.

Fileto. Sobre ele não há nenhuma informação disponível na Bíblia.

2Tm.2:18 18. Estes se desviaram da verdade, asseverando que a ressurreição já se realizou, e estão pervertendo a fé a alguns.

Estes se desviaram. Ver com. de 1Tm.1:6; 1Tm.6:21.

Verdade. Ou seja, a revelação cristã contida nas Escrituras (ver com. do v. 2Tm.2:15).

A ressurreição já se realizou. A igreja cristã primitiva teve de lidar com os mestres que negavam a ressurreição literal do corpo (ver com. de 1Co.15:12-19). Esses obreiros não manejavam bem “a palavra da verdade” (v. 2Tm.2:15; sobre a defesa de Paulo da ressurreição física no segundo advento, ver com. de 1Co.15:12-58; 1Ts.4:13-18; 2Tm.4:1).

Pervertendo. Ou, “subvertendo”. Com frequência, os cristãos se contentam em depender daqueles que são considerados estudiosos da Bíblia na igreja, em vez de estudar as Escrituras por si mesmos. Consequentemente, quando o erro é apresentado, eles não conseguem distinguir a verdade.

2Tm.2:19 19. Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os que lhe pertencem. E mais: Aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor.

Entretanto. Aqui se manifesta a coragem de Paulo. Ela se compara com a nobre resposta dos três valentes hebreus quando enfrentaram a morte iminente por causa de suas convicções. Eles seriam leais a Deus, que era capaz de livrá-los, se achasse por bem; caso contrário, ainda O serviriam (Dn.3:18). Nesta última epístola a Timóteo, Paulo procurou incentivá-lo a suportar todas as provações ainda por vir. O amor por Timóteo levou Paulo a descrever com sereno e firme realismo o caminho à frente (ver 1Tm.1:8; 1Tm.2:3; 1Tm.2:9; 1Tm.2:16-17; 1Tm.3:1; 1Tm.3:12). Paulo não podia assegurar a Timóteo que seus companheiros de ministério e os membros de sua igreja se provariam fiéis (ver com. de 1Tm.1:15; 1Tm.2:17-18; 1Tm.4:10; 1Tm.4:14). O apóstolo tinha aprendido, por meio de lágrimas, que desapontamento e desilusão podem sobrevir a qualquer momento. Paulo já esperava uma morte imerecida pela espada do carrasco. Isso era tudo o que Timóteo tinha a esperar? Não, Paulo ainda não havia concluído. Ele prosseguiu, como se dissesse: “O mundo o perseguirá, Timóteo; alguns de seus próprios amigos o abandonarão, algumas de suas mais caras esperanças serão frustradas, no entanto, existe uma coisa com que você ainda pode contar: o firme fundamento de Deus permanece.”

Firme. Do gr. stereos, “firme”, “sólido”, “imóvel”. A primeira frase deste versículo diz literalmente: “o firme fundamento de Deus permanece”.

Fundamento de Deus. Ou seja, a imutabilidade da natureza e do caráter de Deus, revelada nas Escrituras. A igreja, que é produto da graça de Deus e objeto de Sua maior preocupação, acabará por triunfar, porque Deus não revogará Suas promessas nem retirará Sua guia. Ela repousa sobre um alicerce seguro (cf. Ef.2:19-20; ver com. de Mt.16:18).

Selo. Do gr. sphragis, um “selo” pelo qual qualquer coisa é confirmada, autenticada ou certificada (comparar com Ez.9:4; Rm.4:11). Desde a criação do homem, Deus tem mantido verdadeira lealdade para com Seus fiéis. Ser selado com a aprovação de Deus constitui a mais alta realização do ser humano. Deus prometeu a homens e mulheres a proteção de legiões de anjos e o conforto e encorajamento de Sua presença. Além disso, as pessoas de hoje podem ficar seguras de que as normas sobre as quais Deus baseia Sua aprovação são as mesmas dos tempos bíblicos (ver com. de 2Tm.2:13). A obra de selamento continuará enquanto homens e mulheres tiverem a oportunidade de aceitar a salvação (ver com. de Ap.7:1; Ap.7:4).

Conhece. Provavelmente, uma referência à LXX, de Nm.16:5. Todos os que lealmente aceitam os princípios do governo de Deus podem estar seguros da promessa divina de que nem homem nem demônio podem arrebatá-los de Sua mão (Jo.10:28). Deus é digno de confiança; Suas condições para a vida eterna são imutáveis e, portanto, ninguém jamais terá motivo para perder a fé na palavra divina. Aqueles que estão dispostos a testemunhar fielmente a favor de Deus na Terra podem ter certeza de que Deus Se lembrará deles no Céu (cf. 2Tm.2:12).

Aparte-se. Do gr. aphistemi, “ficar fora de algo” (comparar com Mt.7:23; ver também com. de Is.52:11; 1Co.6:17-18; 1Pe.1:15-16). O apóstolo afirma a consequência inevitável da submissão total ao modo de vida de Deus: esse membro da igreja vai detestar o mal, como Cristo o fez. O selo de Deus nunca pode ser aplicado sobre uma pessoa impura; Deus nunca aprovaria nada menos que completa dedicação aos princípios de Seu governo. Os que levam Seu selo de aprovação serão para o mundo exemplos de uma forma superior de vida, revelando um caráter que reflita a integridade moral de Deus.

Injustiça. Do gr. adikia, “iniquidade”.

Aquele que professa. Ou seja, aquele que opta por ser chamado de “cristão” (ver com. de At.11:26). Nos dias de Paulo, professar o “nome do Senhor” era um convite aberto à perseguição e ao escárnio (ver com. de At.15:26). O cristão estaria anunciando seu compromisso com a forma de vida de Cristo, considerando Sua aprovação superior à de seus semelhantes.

2Tm.2:20 20. Ora, numa grande casa não há somente utensílios de ouro e de prata; há também de madeira e de barro. Alguns, para honra; outros, porém, para desonra.

Mas (KJV). De preferência, “ora” (ARA). Paulo não introduz um pensamento contrastante.

Grande casa. Metáfora que representa a igreja (ver Nm.12:7; 1Tm.3:15; Hb.3:5; Hb.3:6).

Ouro. Citado juntamente com prata e madeira são materiais que diferem em preço segundo seu valor intrínseco. Assim sucede com o caráter a serviço do Mestre.

Barro. Do gr. ostrakinos, aquilo que é feito de barro.

Alguns, para honra. Tal como acontece com os utensílios domésticos, há membros da igreja cristã cujo serviço é honroso. Esses membros honrosos da igreja são feitos de material durável e não serão descartados, assim como os vasos feitos de ouro e prata nunca são jogados fora. Paulo salienta o valor do material e não a função particular para a qual serve cada utensílio. Em 1 Coríntios, Paulo também contrasta as duas classes: os que perduram e os que passam (1Co.3:12).

Outros, porém, para desonra. Alguns utensílios domésticos só prestam serviço temporário, ou seja, quando se quebram ou não são mais necessários, eles são descartados. Paulo adverte Timóteo de que nem todos os membros da igreja que professam servir a Cristo se apartarão da injustiça (v. 2Tm.2:19). Por isso, seu destino é tão tristemente certo como o do vaso de barro que prestou a mais servil das funções domésticas e logo após foi descartado. Esses membros serão destruídos no juízo (ver com. de Ap.21:8).

2Tm.2:21 21. Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra.

Purificar. Do gr. ekkathairo, “limpar completamente” (comparar com “aparte-se da injustiça”, v. 2Tm.2:19).

Destes erros. Paulo se refere tanto aos falsos ensinos (v. 2Tm.2:14; 2Tm.2:16-18) como aos membros da igreja “para desonra” (v. 2Tm.2:20).

Utensílio para honra. A diferença entre o utensílio doméstico para desonra e o membro da igreja para desonra é que o membro da igreja pode mudar sua natureza e se tornar precioso para Deus e digno da vida eterna.

Santificado. Do gr. hagiazo, “tornar santo”, “tratar como santo” (ver com. de Jo.17:11; Jo.17:17; 1Co.7:14; sobre o substantivo hagiasmos, ver com. de Rm.6:19). Aqui, Paulo desenvolve sua exortação para contrastar com a “injustiça” (2Tm.2:19). Pela santificação, o caráter se torna cada vez mais semelhante ao de Deus, que é santo (ver com. de 1Pe.1:16). Cada fase da vida desse membro da igreja é dedicada à honra de Deus, assim, ele se torna “um vaso para honra”.

Útil. Do gr. euchrestos.

Ao seu possuidor. Ou seja, o uso por Jesus Cristo. Ele deseja o serviço de cristãos genuínos, pois só assim o mundo reconhecerá o valor supremo do modo de vida de Deus (ver com. de 2Co.2:14; 1Tm.4:16). Pelo caráter de homens e mulheres cristãos, o mundo será finalmente confrontado com o último chamado de misericórdia de Deus (ver com. de 2Pe.3:12). Os membros da igreja que não revelam a integridade moral de Jesus Cristo são vasos para “desonra” (2Tm.2:20) e se tornam um escândalo para os não cristãos.

2Tm.2:22 22. Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor.

Foge. Comparar com 1Tm.6:11. Paulo aplica os princípios gerais estabelecidos no v. 2Tm.2:21. Ele explica a natureza de um “vaso para honra”.

Paixões. Do gr. epithumiai, “desejos” (ver com. de Mc.4:19; Tg.1:14). A agressividade impaciente e outras características tantas vezes reveladas pelos jovens estão implícitas aqui.

Segue. Ver com. de 1Tm.6:11.

Justiça. Ver com. de Mt.5:6.

Fé. Ver com. de Hb.11:1.

Amor. Ver com. de 1Co.13:1.

Paz. Ver com. de 1Co.1:3.

Coração puro. Isto é, aqueles que se apartaram da injustiça (v. 2Tm.2:19), que se purificaram (v. 2Tm.2:21). As quatro virtudes (justiça, fé, amor e paz) descrevem a vida santificada (v. 2Tm.2:21) que Deus permitirá que todo cristão sincero alcance (ver com. de Rm.6:19).

2Tm.2:23 23. E repele as questões insensatas e absurdas, pois sabes que só engendram contendas.

Repele. Ou seja, continua evitando, prossegue sem ter nada que ver com as discussões tolas, irrelevantes e inúteis (ver com. de 1Tm.4:7).

Absurdas. Questões de que se ocupam quem não tem conhecimento nem disciplina mental alcançada por meio do estudo, para tratar devidamente de um assunto (cf. 1Tm.1:4; 1Tm.4:7; 1Tm.6:4).

Engendram. Literalmente, “dão à luz”.

Contendas. Ou, “altercações” (comparar com 1Tm.6:4-5).

2Tm.2:24 24. Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente,

Servo. Do gr. doulos, “escravo” (ver com. de Jo.8:34; Rm.1:1). Neste versículo, Paulo se refere especialmente ao ministro cristão.

Não viva a contender. Ou, “não convém contender” (ver com. do v. 2Tm.2:23). O tempo do ministro é muito valioso para ser desperdiçado com “questões insensatas e absurdas” (v. 2Tm.2:23). Além disso, ele deve apresentar um exemplo digno diante dos membros de sua igreja, salientando a questão essencial do cristianismo, que é o desenvolvimento do caráter.

Ser brando. Comparar com 1Ts.2:7.

Todos. Ou seja, tanto os membros da igreja como os que não o são.

Apto para instruir. Ver com. de 1Tm.3:2.

Paciente. Ou, “tolerante”, “capaz de suportar maus tratos”.

2Tm.2:25 25. disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade,

Mansidão. Comparar com Mt.5:5. O “servo do Senhor” ensinará aos outros como Jesus vivia. Assim, os ignorantes eram cativados pela disposição de Cristo de encontrar as pessoas comuns em seu próprio terreno. Embora Jesus falasse com seriedade e autoridade, Ele nunca envergonhava nem coagia Seus ouvintes. Ele variava gentilmente Suas apresentações da verdade, a fim de adequá-las aos Seus ouvintes. Os instruídos e os ignorantes eram atraídos por Seu amor cativante, pois sentiam que Cristo Se identificava com suas necessidades e seus interesses.

Os que se opõem. Aqueles que tomam a atitude de se opor à verdade.

Deus lhes conceda. As evidências textuais estão divididas (cf. p. xvi) entre as variantes “lhes conceda” e “concederá”.

Arrependimento. Do gr. metanoia, “mudança de mente” (ver com. de 1Tm.3:2). Em vez de se opor aos princípios do evangelho, como antigamente, aqueles que experimentam essa mudança de mentalidade respondem com todo o ser às súplicas do Espírito de Deus e ao “brando”, “paciente” e manso “servo do Senhor” (ver v. 2Tm.2:24).

Para conhecerem. Ou, “alcançarem pleno conhecimento”, “terem um conhecimento correto”. Os que assim se arrependeram testemunham, na vida dos mestres cristãos, os resultados reais da obediência à verdade. Reconhecem que a verdade é a única resposta satisfatória aos problemas humanos.

2Tm.2:26 26. mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade.

Retorno. Literalmente, “retornar à sobriedade”, isto é, retornar à sensatez após a embriaguez provocada pelos prazeres e enganos de Satanás.

Laços. Comparar com 1Tm.3:7. Assim como as bebidas alcoólicas iludem a mente e dão à pessoa intoxicada uma visão distorcida da vida, totalmente fora de foco, da mesma forma, a mente que se opõe à verdade também se desvia e perde a perspectiva adequada em relação à verdade. Sua compreensão é distorcida, por se recusar a reconhecê-la e aceitá-la.

Feitos cativos. Do gr. zogreo, “capturados vivos”.

Por ele para cumprirem a sua vontade. Esta frase tem sido interpretada de diversas maneiras pelos comentaristas: (1) os pronomes “ele” e “sua” se referem a Satanás; (2) os pronomes se referem a Deus; (3) “feitos cativos” por Satanás, mas agora tornados sóbrios para fazer a vontade de Deus; e (4) “feitos cativos” pelo “servo do Senhor” (v. 2Tm.2:24), com o propósito de cumprir a “vontade” de Deus. A primeira e a segunda possibilidades são difíceis de se demonstrar pelo texto grego. A sintaxe grega parece favorecer a terceira sugestão, embora a última também seja possível. Portanto, o versículo pode ser traduzido: “A fim de que aqueles que foram feitos cativos por ele [o diabo] se tornem sóbrios [e assim libertos] do laço do diabo, com o objetivo de [cumprir] a vontade dAquele [de Deus]”.

2Tm.3:1 1. Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis,

Sabe. Ou, “entende”. Paulo já havia predito um afastamento da fé genuína (1Tm.4:1-3). Aqui, ele exorta Timóteo a estar bem ciente dos perigos insidiosos que ameaçavam a igreja em seus dias e que afetariam sua pureza e reputação até o retorno de Cristo.

Últimos dias. Comparar com 1Tm.4:1; ver Nota Adicional a Romanos 13; Rm.13:14; ver com. de Hb.1:2; Tg.5:3; 2Pe.3:3; 1Jo.2:18. Desde a entrada do pecado, os males enumerados em 2Tm.3:1-5 têm estado desenfreados no mundo. Assim sucedeu nos dias de Noé (ver Gn.6:5; Gn.6:11), nos tempos do NT (cf. DTN, 36, 37) e assim continuará até o fim. Paulo fala “deste mundo perverso” (Gl.1:4) e João declara que “o mundo inteiro jaz no maligno” (1Jo.5:19). Assim, a presença do mal não é uma característica única dos “últimos dias”.

No entanto, a progressiva depravação moral da humanidade atesta a total incapacidade humana para se salvar. Com a crescente atividade do príncipe do mal (cf. Ap.7:1; Ap.12:12), é de se esperar que o curso milenar do mal chegue a um clímax de intensidade nos “últimos dias”. Em contradição às afirmações amenas de uma miríade de religiosos equivocados que ensinam que o ser humano está ficando cada vez melhor e que, finalmente, o mundo inteiro será convertido, as Escrituras declaram que os homens malignos “irão de mal a pior” (2Tm.3:13). É nesse cenário que as palavras do apóstolo a respeito dos “últimos dias” assumem seu significado pleno e completo.

Tempos. Do gr. kairoi, “estações”, “períodos” (ver com. de At.1:7). Desde os dias de Paulo, a igreja passou por tempos de grave perigo, ocasionados por mundanismo, perseguição ou apostasia. Mas a Palavra de Deus declara aqui que nos “últimos dias” o povo de Deus pode esperar tentações e perigos peculiares.

Difíceis. Do gr. chalepos, “perigosos”, “opressivos”, “problemáticos”. Os tipos de perigo mencionados estão alistados nos v. 1 a 5.

2Tm.3:2 2. pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes,

Homens. Do gr. anthropoi, “humanidade”.

Egoístas. A antítese do genuíno espírito cristão de abnegação (ver com. de 1Co.13:5) e mansidão (ver com. de Mt.5:5).

Avarentos. Do gr. philarguroi, “amantes do dinheiro” (ver com. de Lc.16:14; 1Tm.6:10).

Jactanciosos. Ou, “embusteiros vãos” (ver Rm.1:30), ou seja, os que confiam nas próprias capacidades enquanto desafiam os recursos de Deus e os direitos de seus semelhantes.

Arrogantes. Ou, “soberbos” (ARC; ver Rm.1:30), isto é, que consideram os outros com desprezo ou desrespeito.

Blasfemadores. Ou, “caluniadores”, “abusadores”, isto é, que falam mal na tentativa de prejudicar a reputação e o valor de outros, seja de Deus ou de outras pessoas.

Desobedientes aos pais. Ver com. de Rm.1:30.

Ingratos. Manifestada apesar dos benefícios recebidos de Deus e dos pais. Os que são “amantes de si mesmos” raramente são gratos. As invenções modernas têm contribuído para uma autossuficiência humana que, com frequência, faz com que as pessoas não sintam necessidade das bênçãos de Deus.

Irreverentes. Ou, “ímpios”, referência direta a um estado de espírito que remove Deus do pensamento e da ação (ver Is.57:20-21; Rm.3:17-18).

2Tm.3:3 3. desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem,

Desafeiçoados. Ver com. de Rm.1:31.

Implacáveis. Ou, “irreconciliáveis”.

Caluniadores. Do gr. diaboloi, “caluniadores” (ver com. de Mt.4:1; Ef.4:27), a partir do qual é derivada a palavra “diabo”, em português.

Sem domínio de si. Ou, “incontinentes” (ARC). Aqueles que vivem para agradar apenas a si mesmos são governados por impulsos pessoais e não pelo princípio. A pessoa egoísta quer que seus impulsos sejam satisfeitos quando e como ela escolher.

Cruéis. Literalmente, “não subjugados”.

Inimigos do bem. Do gr. aphilagathoi, “aqueles que não amam as pessoas boas”.

2Tm.3:4 4. traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus,

Traidores. Ou, “sedutores”.

Atrevidos. Do gr. propeteis, “temerários”, “irresponsáveis”, também traduzido por “precipitadamente” (At.19:36).

Enfatuados. Ou, “cegos pelo orgulho” (ver com. de 1Tm.6:4).

Mais amigos dos prazeres. Aqueles que amam “a si mesmos” (v. 2Tm.3:2), naturalmente vão em busca dos prazeres, em vez de cumprir as exigências do sagrado modo de viver estipulado por Deus.

Que amigos de Deus. Mais precisamente, “em vez de”, ou seja, tais pessoas são controladas pelo amor ao prazer e não pelo amor a Deus. Essa descrição pode se aplicar tanto aos que são membros da igreja como aos que não o são.

2Tm.3:5 5. tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes.

Forma de piedade. Ou seja, características exteriores da religião, como a frequência à igreja, ofertas e até mesmo um serviço personalizado para ela. Essa característica se aplica especificamente aos que se identificam superficialmente com o cristianismo.

O poder. Ou seja, o poder de Deus, que coopera com a vontade das pessoas para a erradicação de todas as tendências pecaminosas (ver com. de Rm.1:16; 2Co.13:4; Ef.3:20).

Foge. Paulo aconselha Timóteo e todos os futuros líderes a estarem alerta para os perigos que confrontam a igreja. Além de uma vigilância pessoal a fim de não sucumbir às más práticas aqui descritas (v. 2Tm.3:2-5), Timóteo deveria apontar publicamente essas tendências e práticas traiçoeiras, que estavam reduzindo a influência do cristianismo. Ao longo dos anos, o comportamento dos membros nominais da igreja, isto é, os que professam lealdade ao modo de vida de Deus, mas não revelam evidência tangível de um desenvolvimento à semelhança de Cristo, tem sido maior obstáculo para o progresso do evangelho do que qualquer outro fator (comparar com 2Co.2:14-16; 1Tm.4:16; 2Pe.3:12).

2Tm.3:6 6. Pois entre estes se encontram os que penetram sorrateiramente nas casas e conseguem cativar mulherinhas sobrecarregadas de pecados, conduzidas de várias paixões,

Entre estes. Aqueles que são charlatães religiosos ou os que provocam as “contendas de palavras” (ver com. de 1Tm.6:3-5; 2Tm.2:14) com frequência manifestam as características indicadas nos v. 2Tm.3:2-5.

Penetram sorrateiramente. Do gr. enduno, “entrar”, “infiltrar-se”, “insinuar-se”.

Mulherinhas. Do gr. gunaikaria, “mulherzinhas”, termo usado desdenhosamente. Paulo aqui descreve as mulheres ingênuas que, por disciplina religiosa insuficiente, eram vítimas fáceis dos vendedores de interpretações fantasiosas das Escrituras. Talvez, por causa de horas ociosas em casa, essas mulheres tinham mais tempo para satisfazer seus caprichos e curiosidades. Ficavam satisfeitas com a atenção especial que esses falsos instrutores religiosos lhes dedicavam e, portanto, respondiam com obediência servil. Esse comportamento de alguns membros da igreja não existiria se cada cristão se decidisse a conhecer pessoalmente as verdades do cristianismo. A tendência de procurar sempre algo novo e sensacional não é uma característica do cristão maduro (ver com. de Ef.4:14).

Sobrecarregadas. Ou, “oprimidas”, isto é, com os hábitos do pecado pessoal. Preocupadas com sua responsabilidade pessoal para com Deus, elas acalmam a consciência fazendo frequentes incursões a novidades religiosas. Repudiam as demandas severas de uma vida convertida, em troca de uma vida aparentemente religiosa em “que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade” (v. 2Tm.3:7).

Várias. Ou, “diversas”.

Paixões. Do gr. epithumiai, “desejos”, “anseios” (ver com. de Mc.4:19; Tg.1:14).

2Tm.3:7 7. que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade.

Aprendem sempre. Isto é, as “mulherinhas” (v. 2Tm.3:6) e todos os outros que mantêm a aparência de religião, mas vivem em pecado.

Conhecimento. Do gr. epignosis, “pleno conhecimento”, “conhecimento preciso e correto”. Os charlatães religiosos (v. 2Tm.3:6) conhecem apenas fragmentos da verdade, mesclados com vários erros; não veem a verdade como um conjunto. São cativados por toda nova moda ou sensacionalismo religioso.

2Tm.3:8 8. E, do modo por que Janes e Jambres resistiram a Moisés, também estes resistem à verdade. São homens de todo corrompidos na mente, réprobos quanto à fé;

Janes e Jambres. Apesar de não serem encontrados no AT, esses nomes são preservados em um Targum judaico (ver vol. 5, p. 83, 84), que comenta Ex.7:11. Supostamente, esses homens foram dois dos magos que imitaram os milagres de Moisés, quando ele se apresentou diante do faraó.

Resistiram. Literalmente, “se opuseram”.

Também estes. Assim como Janes e Jambres obstruíram a comunicação da verdade, o mesmo fazem os falsos instrutores religiosos.

Corrompidos na mente. A mente determina a direção da vontade. Não se pode esperar conduta correta a menos que haja um pensar correto. Consequentemente, a doutrina correta precede um modo correto de viver.

Réprobos. Do gr. adokimoi, “não aprovados”, “não genuínos”. A mensagem, ou a fé, desses mestres religiosos não se ajustava à verdade (comparar com 2Tm.2:15).

2Tm.3:9 9. eles, todavia, não irão avante; porque a sua insensatez será a todos evidente, como também aconteceu com a daqueles.

Não irão avante. Ou seja, não irão mais longe do que as “mulheres tolas” e outras do mesmo tipo que, por um tempo, seguirão esses vendedores de fantasias e diversões religiosas.

Insensatez. Do gr. anoia, “falta de entendimento”. A história confirma a predição de Paulo de que, mais cedo ou mais tarde, as loucuras das pessoas são expostas e rejeitadas, mesmo pelos que foram mais enganados.

Como também aconteceu. Ou seja, assim como o engano de Janes e Jambres (v. 2Tm.3:8) foi evidente para os egípcios e os israelitas.

2Tm.3:10 10. Tu, porém, tens seguido, de perto, o meu ensino, procedimento, propósito, fé, longanimidade, amor, perseverança,

Tu, porém. Assim se destaca a familiaridade especial de Timóteo com a vida de Paulo, em marcante contraste com o padrão de comportamento dos falsos mestres descrito nos v. 2Tm.3:2-9. Se houvesse qualquer incoerência na vida de Paulo, qualquer ato oculto que traísse sua sinceridade e integridade, Timóteo certamente estaria ciente deles. A vida de Paulo sempre seria um estímulo e um guia a ser imitado por Timóteo nos dias difíceis que viriam, quando cessasse a liderança de Paulo (comparar com 1Ts.2:1-12).

Ensino. Do gr. didaskalia, “doutrina” (ver 1Tm.6:1; 1Tm.6:3; 2Tm.3:16; 2Tm.4:3). O ensino de Paulo, como poderia ser atestado por seus frutos em toda a Ásia Menor, era genuíno. Ele contrastava com a fé dos mestres “réprobos” (v. 2Tm.3:8) da doutrina pervertida.

Procedimento. Literalmente, “guia”, portanto, “conduta”, “modo de vida”.

Propósito. A meta de Paulo, depois da conversão, foi sempre a glorificação de Cristo, a fim de que todos fossem atraídos ao Mestre. Esse propósito controlava seu ensinamento e sua conduta.

Fé. A confiança pessoal no amor e orientação diária de Deus dava a Paulo uma perspectiva em meio aos problemas opressivos que o cercavam (ver com. de 1Tm.1:14).

Longanimidade. Comparar com 2Tm.2:24.

Amor. Ver com. de 1Co.13:1.

Perseverança. Ver com. de Tg.1:3; Ap.14:12.

2Tm.3:11 11. as minhas perseguições e os meus sofrimentos, quais me aconteceram em Antioquia, Icônio e Listra, — que variadas perseguições tenho suportado! De todas, entretanto, me livrou o Senhor.

Perseguições. Comparar com At.13:50; 2Co.11:23-27; 2Co.12:10.

Sofrimentos. Ou, “aflições” (comparar com 2Co.1:5; 2Co.1:7; Cl.1:24).

Antioquia. Ver At.13:14-50.

Icônio. Ver At.13:51-14:6.

Listra. Ver At.14:6-20. O apóstolo pode ter mencionado essas três cidades porque Timóteo conhecia bem a região em que estavam situadas (ver At.16:1-2).

Tenho suportado. Literalmente, “aguentado pacientemente”. O propósito de Paulo (v. 2Tm.3:10) o ajudava a suportar a humilhação e a dor. Seu objetivo era o de promover a causa de Cristo, não seu próprio prestígio ou segurança.

De todas. Esse testemunho do cuidado pessoal de Deus seria uma grande fonte de encorajamento a Timóteo quando tivesse que suportar os mesmos sofrimentos e perseguições.

Entretanto, me livrou. Comparar com o apelo de Cristo em Sua oração modelo, o Pai Nosso (Mt.6:13). Deus não poupou Paulo das provações da vida, assim como não poupou Jesus. Mas Deus nos ajuda a suportar essas provas. As pedras da vida se tornam travesseiros. Os santos provados são capazes, assim como Cristo, de ver a alegria que lhes está proposta (cf. Hb.12:2), testemunhando o poder mantenedor da graça de Deus em meio a circunstâncias adversas.

2Tm.3:12 12. Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.

Todos. Não só os ministros da igreja, mas todos os que se consagram a viver como Cristo ordena, devem esperar ser mal compreendidos, caluniados e submetidos a sofrimento de todo tipo (ver com. de Jo.15:18-20; 1Pe.4:12-19).

Querem. Do gr. thelo, “resolver”, “decidir”, “determinar”.

Piedosamente. Em contraste com a vida cristã fingida (v. 2Tm.3:5).

Em Cristo Jesus. Ou seja, nenhuma vida piedosa existe sem uma ligação vital com nosso Senhor. Ele é o modelo e o sustentador da vida cristã.

Serão perseguidos. Ver com. de Fp.1:29.

2Tm.3:13 13. Mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados.

Os homens perversos. Descritos nos v. 2Tm.3:2-5.

Impostores. Ou, “sedutores”, descritos nos v. 2Tm.3:5-9.

Irão de mal a pior. Uma referência ao caráter das pessoas más e à malignidade de seus pensamentos. No v. 2Tm.3:9, Paulo se refere ao sucesso de suas sutilezas. Os hábitos morais, como todos os outros, são difíceis de se quebrar; o hábito facilita a repetição de uma ação, quer seja boa ou má. Somente a graça de Deus pode quebrar as correntes do hábito e redirecionar a trajetória da vida. Embora aqui Paulo esteja falando da condição cada vez pior de uma vida má, também é verdade que os repetidos “tempos difíceis” que acompanharão a igreja até o fim do mundo foram consequências de “homens maus e impostores”. Em cada geração, os ímpios aprendem com seus antecessores, aumentando a intensidade e o volume do mal, confirmando a profecia de Cristo de que a iniquidade se multiplicaria (Mt.24:12).

Enganando. Do gr. planao, “levar alguém a se desviar”.

Sendo enganados. Aqueles que se submetem ao erro e o ensinam a outros ficam expostos a um engano posterior.

2Tm.3:14 14. Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste

Permanece. Ou, “continua”.

Aprendeste. Para Timóteo, a única proteção contra os ensinamentos enganosos consistiria em depender firmemente das instruções de Paulo e dos outros apóstolos (ver com. de 2Tm.1:13; 2Tm.2:2). Essas verdades do evangelho não só convencem a mente da culpa como também reconfortam o coração. As experiências pessoais confirmam a validade dos princípios do evangelho e aumentam a confiança para enfrentar o futuro.

De quem. No grego, o pronome está no singular. No entanto, as evidências textuais (cf. p. xvi) favorecem o pronome no plural. Timóteo foi feliz por ter sido ensinado por sua avó piedosa, Lóide, e sua mãe, Eunice (ver 2Tm.1:5), bem como por Paulo e por outros apóstolos. Alguns acreditam que “de quem” se refere às “Sagradas Escrituras” (2Tm.3:15), o que significa que qualquer autoridade que Paulo ou a mãe e a avó de Timóteo possuíssem provinha em última análise das Escrituras, e não deles mesmos. Só as Escrituras proporcionam à vida um fundamento imutável para a convicção e a segurança.

2Tm.3:15 15. e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus.

Desde a Infância. Os pais judeus fiéis começavam a ensinar as verdades do AT para seus filhos aos cinco anos de idade.

As. As evidências textuais estão divididas (cf. p. xvi) entre manter ou omitir esta palavra. Se for mantida, aqui há uma referência a passagens específicas das Escrituras; se omitida, existe uma ênfase sobre a qualidade das Escrituras.

Sagradas letras. Literalmente, “escritos sagrados”, ou seja, o AT. Quando Paulo escreveu, não havia coleções dos escritos sagrados do NT, embora houvesse em circulação certos registros escritos da vida e dos pronunciamentos de Cristo e uma série das próprias epístolas de Paulo às igrejas (sobre o desenvolvimento do cânon do NT, ver vol. 5, p. 96-109).

Sábio para a salvação. O objetivo essencial da Bíblia não é apenas registrar a história, nem mesmo descrever a natureza de Deus. A Bíblia foi escrita para mostrar às pessoas como podem ser salvas de seus pecados. Há muitos chamados escritos sagrados do mundo, mas apenas a Bíblia aponta com segurança o caminho para a redenção da humanidade. As grandes religiões do mundo, como o islamismo, o budismo e o hinduísmo, têm escritos sagrados, mas estes não podem tornar ninguém “sábio para a salvação”. Só a Bíblia revela como as pessoas podem romper os laços dos hábitos pecaminosos e encontrar o perdão de Deus. Por isso, o primeiro dever de cada ser humano deve ser o de entender a Bíblia por si mesmo.

Pela fé. Mesmo que alguém consiga memorizar as Escrituras para dominar toda a doutrina, isso não lhe asseguraria a salvação. Os “demônios creem” (Tg.2:19), mas seu conhecimento da verdade não os torna santos, nem lhes garante a redenção futura.

2Tm.3:16 16. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça,

Toda a Escritura. Apesar de Paulo aqui se referir especificamente ao AT, sua declaração também é verdadeira quanto ao NT. Deus não autoriza ninguém a tentar distinguir entre o que supõe ser divinamente inspirado e aquilo que supõe ser meramente produto do engenho humano.

Inspirada por Deus. Do gr. theopneustos, literalmente, “soprada por Deus”. Aqui, Paulo diz por que a Bíblia torna alguém “sábio para a salvação” (v. 2Tm.3:15): ela é o próprio pensamento de Deus comunicado aos homens (ver com. de 2Pe.1:21). A vitalidade das Escrituras deve-se à vida nelas soprada pelo próprio Deus. A duração de seu encanto e a idoneidade para satisfazer cada necessidade humana testificam de sua autoria divina (sobre a natureza da inspiração, ver GC, v-xii; ver também Material Suplementar de Ellen G. White sobre 2Pe.1:21). Alguns comentaristas traduzem a primeira frase deste versículo como “toda Escritura inspirada por Deus”, ou “toda a Escritura inspirada”. Eles creem que theopneustos limita a palavra que modifica. Consequentemente, esses comentaristas creem que, aqui, apenas as passagens do AT ou de qualquer outro corpo de escritos inspirados são mencionados.

No entanto, mesmo que o grego permita essa versão, a tradução da ARA é mais compatível com o que a Bíblia tem a dizer sobre si mesma. Um eminente erudito, Charles F. D. Moule (1908-2007), argumentou que é pouco provável que esta frase signifique “toda escritura inspirada”, e muito mais provavelmente dê a entender que “toda a Escritura [é] inspirada” (An ldiom Book of New Testament Greek, p. 95). Outros comentaristas têm defendido o sentido ativo de theopneustos, traduzindo assim a frase: “toda a Escritura respira Deus”. No entanto, o uso da gramática e do testemunho das Escrituras sustenta a interpretação passiva (comparar com 2Pe.1:21). A leitura ativa anula a afirmação evidente de que toda a Escritura é inspirada por Deus, e o texto, então, passa a afirmar simplesmente que a Bíblia, como outros escritos religiosos, é centrada em Deus e contém os melhores pensamentos humanos a respeito de Deus.

Útil. Aqui, Paulo se estende, apresentando quatro funções que correspondem às Sagradas Escrituras. Revela com detalhes precisos como a Bíblia faz com que os seres humanos se tornem “sábios para a salvação” (v. 2Tm.3:15).

Ensino. Ou, “doutrina” (ver com. do v. 2Tm.3:10). A Bíblia é o único livro que ensina a salvação ao ser humano. Só Deus pode oferecer salvação, portanto, só Deus pode revelar sua natureza e seu alcance. Nas Escrituras se diz tudo o que é necessário em relação à responsabilidade do ser humano para com Deus.

Repreensão. Do gr. elegmos, “censura” (sobre o verbo relacionado, elegcho, ver com. de Jo.8:46; 1Tm.5:20). A Bíblia não só repreende o pecador; também serve para refutar os ensinos pervertidos, como aqueles que Timóteo tinha que enfrentar (ver com. de 2Tm.2:14; 2Tm.2:16-18; 2Tm.2:23; 2Tm.3:7-9; 2Tm.3:13).

Correção. Ou, “restauração a um estado correto”, “melhoramento”. Desde que suas primeiras palavras foram escritas, a Bíblia tem demonstrado seu poder para recriar e transformar a vida das pessoas.

Educação. Ou, “disciplina”, “treinamento” (Ef.6:4). Assim como se ensina a uma criança as responsabilidades básicas da vida adulta, o cristão encontra nas Escrituras esses princípios que o ajudam a crescer até a “perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef.4:13). Esse processo de crescimento para ser semelhante a Cristo é conhecido como santificação, o qual continua ao longo da vida.

Justiça. Do gr. dikaiosune, qualidade ou condição que Deus possa aprovar. Unicamente a Bíblia descreve um modo de vida que Deus possa aprovar.

2Tm.3:17 17. a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.

Homem de Deus. Ver com. de 1Tm.6:11. Somente os que sinceramente decidem ser conhecidos como homens de Deus permitem que as Escrituras desempenhem sua função quádrupla, conforme o v. 2Tm.3:16. Ao seguir fielmente as instruções da Bíblia, eles serão conhecidos por todos como homens de Deus.

Perfeito. Do gr. artios, “adequado”, “completo”, “equipado”, para tudo o que se requer de um cristão ou filho de Deus.

Perfeitamente habilitado. Do gr. exartizo, “completamente equipado”, “adequadamente adaptado”.

Toda boa obra. O melhor serviço que um “homem de Deus” pode oferecer é comunicar a outros as bênçãos da Bíblia, que tem lhe proporcionado incomparável esperança e força à própria vida.

2Tm.4:1 1. Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino:

Conjuro-te. Ver com. de 1Tm.5:21. Paulo dá início à exortação final dirigida a seu jovem colaborador, Timóteo. O capítulo está pleno da linguagem do coração. Paulo enfrenta seu calvário pessoal, com atitude de triunfo. Sua coragem e firmeza se destacam.

Perante Deus e Cristo Jesus. Ou, “Deus, Cristo Jesus”. Assim, a sintaxe grega indica que Jesus Cristo é Deus.

Que há. Do gr. mello, “que está prestes a” fazer alguma coisa; “está a ponto de fazer alguma coisa”.

Julgar. Comparar com 1Ts.4:16-17; ver com. de Ap.22:12.

Pela Sua manifestação. Do gr. epiphaneia, “manifestação visível” (ver com. de 1Tm.6:14).

Reino. Comparar com Mt.6:10. O estabelecimento do eterno reino de Cristo de justiça e paz ocorrerá em Sua segunda vinda (ver Dn.7:14; Dn.7:27; Mt.25:31; 2Tm.4:18; Ap.11:15).

2Tm.4:2 2. prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina.

Prega. Do gr. kerusso, “anunciar” (sobre a forma substantiva kerux, ver com. de 1Tm.2:7). Paulo começa a lista de deveres e, com fervor, pede a Timóteo que a cumpra (2Tm.4:1).

Palavra. Ou seja, “a Palavra de Deus” (2Tm.2:9), “a Palavra da verdade” (v. 2Tm.2:15). O método de Cristo de comunicar a verdade constitui o padrão para todos os cristãos. Ele Se concentrava em revelar a verdade, recusava-Se a perder tempo discutindo teorias errôneas ou refutando seus proponentes. Jesus destacava os deveres práticos relacionados com a experiência de vida dos ouvintes. Queria que as pessoas fossem fortalecidas para as necessidades diárias. Por isso, não pregava doutrinas fantasiosas nem suposições sensacionais, com o propósito de satisfazer a curiosidade ou estabelecer Seu próprio prestígio diante da multidão inconstante. Da mesma forma, os ministros não devem incluir tradições e opiniões meramente humanas em seus sermões. Somente a Palavra é eficaz para atender às necessidades de homens e mulheres enfraquecidos pelo pecado. Os relatos agradáveis, que apenas atraem a atenção e provocam risos, são incompatíveis com a solene responsabilidade de um ministro que professa representar a Cristo.

A ordem “prega a palavra” sugere o conteúdo designado para ajudar homens e mulheres a enfrentar as tentações e a resolver os problemas da vida diária. Esse mandamento elimina toda leviandade, todas as interpretações fantasiosas com base em exegeses imprecisas e todos os temas irrelevantes. O Espírito Santo só colabora com os esforços do ministro quando a verdade está sendo comunicada. Como um “arauto” de Deus, o ministro não deve pregar o que não seja a Palavra, caso contrário, ele será um impostor (ver com. de 2Tm.3:13). Quando os ministros cumprem sua missão de prover uma ligação vital entre a suficiência infinita de Deus e as necessidades humanas, suas mensagens consistirão apenas no puro Pão da Vida (Jo.6:51; Jo.6:63). Seus sermões serão construídos de tal modo que seus ouvintes não só ficarão satisfeitos com a apresentação, mas também serão constrangidos a se lembrar do princípio da verdade apresentada. A Palavra genuína estimulará novos hábitos e criará novas aspirações e esperanças.

Insta. Do gr. ephistemi, “estar de prontidão”, “estar à mão”, “vigiar”.

Quer seja oportuno, quer não. Ou seja, em todo o momento, mesmo que a pregação seja inconveniente. O evangelho é sempre necessário, mesmo que as pessoas não o percebam.

Corrige. Do gr. elegcho, “condenar”, isto é, com prova suficiente (ver com. de Jo.8:46; 1Tm.5:20; sobre o substantivo elegmos, ver com. de 2Tm.3:16). Todos devem ser admoestados sobre seus pecados, mas a repreensão deve estar fundamentada na evidência irrefutável da Palavra de Deus.

Repreende. Ou, “censura”. O pecado flagrante deve ser censurado com severidade, e o dever da igreja consiste em revelar a atitude de Deus acerca do pecado. O pecado deve ser repreendido, mas o pecador, amado. A Palavra é o padrão pelo qual a censura deve ser administrada.

Exorta. Do gr. parakaleo, “chama para o lado”, “incentiva” (ver com. de Mt.5:4). Unicamente a Palavra pode estimular e incentivar adequadamente os corações desfalecidos e os pés cansados.

Longanimidade. Do gr. makrothumia, “clemência”, “paciência” (ver 2Tm.3:10; sobre a forma verbal, ver com. de Tg.5:7). Cada fase da tarefa do ministro: reprovar, repreender ou exortar deve estar revestida com a graça da paciência e compaixão. A condenação severa e fria nunca atrairá os pecadores a Cristo.

Doutrina. Ou, “ensino”, que constitui a base e a estrutura de toda genuína experiência cristã. As doutrinas constituem os fatos sobre Deus e Sua vontade. São as únicas armas do ministro contra o erro, seu único manual para saber o que é correto (ver com. de 2Tm.3:16).

2Tm.4:3 3. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos;

Haverá tempo. O apóstolo estava pensando na grande apostasia prestes a envolver a igreja e que continuaria a ameaçá-la até a segunda vinda de Cristo (ver com. de Mt.24:23-27; At.20:28-31; 2Ts.2:1-12; 1Tm.4:1-3; 2Tm.3:1-5).

Não suportarão. Ou seja, não ouvirão de bom grado.

Sã. Ver com. de 2Tm.1:13. Unicamente a verdade dará força e vitalidade ao cristão. Os ensinos errôneos provocam brigas e pobreza de espírito (cf. 1Tm.6:3-5; 2Tm.2:14; 2Tm.2:16-17; 2Tm.2:23; 2Tm.3:8).

Doutrina. Ou seja, a “Palavra” (v. 2Tm.4:2; comparar com “sãs palavras”, 2Tm.1:13).

Cercar-se-ão. Ou seja, acumularão em torno de si.

Segundo. Isto é, em harmonia com.

Cobiças. Ou, “desejos” (ver com. de 2Tm.3:6).

Coceira nos ouvidos. Não da parte dos mestres, mas dos que “não suportarão a sã doutrina”, como se vê claramente pelo texto grego. Esses ouvintes superficiais, devido às suas “cobiças” pervertidas, “sentem coceiras” em busca de interpretações fantasiosas da Bíblia com as quais gratificam a curiosidade e os “desejos” pessoais. Estão interessados apenas nas porções das Escrituras que interpretam como se lhes prometessem paz e segurança. Negligenciam as exigentes demandas da “sã doutrina”, que penetram profundamente o coração das pessoas. Sentem desejo de religião, mas apenas até onde não perturbe a rotina de sua vida pervertida.

2Tm.4:4 4. e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas.

E se recusarão. Aqueles que “não suportarão a sã doutrina” escolhem deliberadamente o próprio destino. O livre-arbítrio é inviolável; ninguém se perde porque Deus ou qualquer outra pessoa decretou sua condenação. Aqueles a quem Paulo descreve aqui se recusam a aceitar a Bíblia como sua única autoridade e padrão para o ensino religioso e conduta pessoal.

Verdade. A “sã doutrina” (v. 2Tm.4:3) não louva as pessoas. Ao contrário, expõe sua condição miserável e revela seu destino desonroso a menos que a graça de Deus intervenha. A verdade revela a natureza de Deus e Seu remédio para o pecado. Um reajuste da vida, uma orientação completamente nova de seus interesses e objetivos, em harmonia com a verdade, constitui a única resposta aceitável do ser humano à “sã doutrina”.

Fábulas. Ver com. de 1Tm.1:4. Mesmo quando fazem uso da Bíblia, esses cristãos infiéis constroem as próprias teorias doutrinárias, de acordo com seus próprios desejos. Eles podem revestir seus pensamentos com palavras bíblicas, mas as ideias expressas estão repletas de erros. Textos bíblicos, desconectados de seu significado original e de seu contexto, podem resultar tão inseguros para orientar uma pessoa quanto as palavras humanas.

2Tm.4:5 5. Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério.

Sê sóbrio. Paulo exorta Timóteo a buscar em primeiro lugar aquela calma e o equilíbrio que o prepararão para lidar com qualquer dificuldade que sobrevenha. Como um dos líderes responsáveis na igreja cristã, Timóteo deveria manifestar nítido contraste com os outros mestres (v. 2Tm.4:3-4). O ensino correto da verdade (v. 2Tm.4:4) exige uma atitude sóbria e tranquila.

Suporta as aflições. Do gr. kakopatheo, “sofrer privações” (ver com. de 2Tm.2:9).

Evangelista. Aquele que prega o evangelho, aqui em contraste com os que ensinam “fábulas” (v. 2Tm.4:4). A mensagem do evangelista consiste na Palavra de Deus, ele se ergue no lugar de Deus e transmite Sua mensagem. Prega a “sã doutrina”, não as teorias sensacionalistas destinadas a atrair a atenção, nem suposições fantasiosas para satisfazer uma curiosidade estéril.

Cumpre cabalmente. Do gr. plerophoreo, “preenche”, “cumpre”.

Ministério. Do gr. diakonia, “serviço” (ver com. de Rm.12:7), ou seja, o “serviço” aos outros. Nada devia faltar nos esforços de Timóteo para satisfazer as diferentes necessidades de homens e mulheres, tanto da igreja como fora dela.

2Tm.4:6 6. Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado.

Quanto a mim. Paulo, em contraste com Timóteo, não teria mais oportunidades de cumprir as diversas atividades próprias de um ministro. Timóteo continuaria, porém Paulo estava prestes a morrer.

Sendo já oferecido. Do gr. spendo, “oferecer uma libação” (ver com. de Fp.2:17). O que se previa em Fp.2:17 tornava-se uma realidade. Estas palavras revelam grandeza moral. Não revelam autocomiseração, nem tristeza devido às implacáveis penalidades.

Partida. Do gr. analusis, “soltura”, como a do cabo de uma tenda quando se levanta um acampamento, ou das cordas de amarração de um navio preparando-se para zarpar. Paulo fala de sua esperada execução, comparando sua morte ao desarmar de um acampamento ou à saída de um navio do porto.

É chegado. Ou, “está presente”. A epístola de Paulo se torna seu testamento para Timóteo e toda a igreja cristã.

2Tm.4:7 7. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.

Combati. Comparar com 1Tm.6:12. O compromisso de Paulo de ser embaixador de Cristo envolvia uma vida de combate constante contra as forças do mal, humanas ou demoníacas (ver com. de 1Co.9:25; Fp.1:27; Fp.1:30; 1Ts.2:2). O apóstolo usava bem “toda a armadura de Deus”, enquanto resistia bravamente “contra as astutas ciladas do diabo” (Ef.6:11).

O bom combate. O artigo definido destaca a luta suprema “da fé” (ver com. de 1Tm.6:12), em que todos os cristãos estão envolvidos.

A carreira. Ou seja, o tempo de vida que Deus lhe havia dado. Paulo havia cumprido o plano que Deus lhe designara. Não havia vacilado o passo nem se descuidado; enfrentara todos os desafios, até mesmo a execução, com esperança e a firmeza de um cristão (comparar com At.20:24; sobre a extensão da igreja no fim do ministério de Paulo, ver mapa, p. 185).

Guardei. Do gr. tereo, “vigiei”, “conservei”.

A fé. Comparar com 1Tm.6:12. Enquanto combatia “o bom combate” e corria “a carreira” que Deus lhe havia proposto, Paulo tinha a satisfação de saber que, embora tivesse muitas vezes enfrentado grandes dificuldades e tentações, ele não havia falhado em proteger e preservar a fé que lhe fora confiada (ver com. de 1Tm.1:11; 2Tm.1:12). O exemplo de fidelidade de Paulo seria um incentivo para Timóteo e para todo futuro ministro do evangelho. A fé de uma pessoa depende de seu apego à Palavra de Deus. Cada cristão guarda a fé quando vive pessoalmente seus princípios. A sinceridade da fé de um cristão se mede pelo grau em que reflete esses princípios.

2Tm.4:8 8. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.

Já agora. Do gr. loipon, que pode significar “no futuro”, ou “suceda o que suceder”. Nada resta a Paulo, exceto a glória de sua recompensa celestial. As autoridades romanas tinham-no privado de mais uma oportunidade de pregar o evangelho; sua iminente execução suprimia qualquer expectativa de descanso merecido e comunhão com os amigos. Porém, a indicação da mão de Deus era suficiente para eclipsar todo desejo terreno.

Guardada. Ou, “armazenada”. Paulo usa o verbo no presente para destacar sua possessão presente da recompensa eterna (comparar com Jo.3:16). Durante as horas escuras de sua nobre luta pela fé, o esplendor das promessas de seu Senhor lhe dera coragem e esperança (ver com. de Cl.1:5). Paulo não esperava que a coroa da vitória lhe fosse atribuída no momento da morte; ela estava “guardada” e lhe seria dada naquele dia futuro, o dia do aparecimento de Cristo.

Coroa. Do gr. stephanos (ver com. de Ap.2:10), símbolo da vitória.

Justiça. Do gr. dikaiosune, “caráter reto” (Ver com. de Mt.5:6). Por causa de sua vida justa, Paulo será recompensado com todos os privilégios que Deus preparou para os remidos. Deus prometeu vida eterna a todos os que combaterem o “bom combate” e que completarem sua “carreira”.

Reto Juiz. Isto é, Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na Sua vinda (ver com. de 1Tm.6:14; comparar com Jo.5:22; Jo.5:27; Jo.5:30; 2Co.5:10). O plano da salvação foi concebido para salvar os pecadores tanto quanto para vindicar o caráter e a sabedoria de Deus. Quando, finalmente, for pronunciado o último veredito de Deus contra o pecado e os pecadores, o plano da salvação e o caráter de Deus se afirmarão como justos (ver com. de Rm.3:26; Fp.2:10-11). Embora Paulo estivesse sendo julgado injustamente pelos juízes terrenos, ele estava confiante de que Deus não cometeria erros.

Dará. Do gr. apodidomi, “dar de volta”, “retribuir”, “recompensar” (comparar com Rm.2:6; Ap.22:12).

Naquele dia. Ou seja, o dia da segunda vinda de Cristo, Sua “manifestação” (ver com. de 1Tm.6:14; 2Tm.1:12; 2Tm.1:18). Então, os justos mortos serão ressuscitados para a vida eterna (ver com. de 1Ts.4:16-17; Ap.20:2). Paulo não sugere nenhuma entrada imediata no Céu no momento da morte; o segundo advento é “naquele dia” em que os redimidos serão recompensados com a vida eterna.

Não somente a mim. Paulo aqui dá mais uma prova de que não esperava entrar imediatamente no Céu no momento da morte. Os justos, tanto os mortos como os vivos, receberão a recompensa da vida eterna, ao mesmo tempo, “naquele dia" (ver com. de 1Co.15:51-54).

Amam. Do gr. agapao (ver com. de Mt.5:43; Jo.21:15). A palavra sugere muito mais do que um mero impulso, exige que toda a vida, todos os estágios do pensamento e da ação sejam orientados em direção à pessoa amada. A jubilosa perspectiva do segundo advento controla a maneira de os cristãos usarem o tempo e o dinheiro, afeta a escolha de seus amigos e provê um poderoso incentivo para eliminar os defeitos de caráter e se tornarem mais semelhantes a Cristo (ver com. de 1Jo.3:3).

Sua vinda. Do gr. epiphaneia, “manifestação visível” (ver com. de 1Tm.6:14).

2Tm.4:9 9. Procura vir ter comigo depressa.

Procura. Ou, “apressa-te”, “faze todos os esforços”. Paulo ansiava pela companhia de Timóteo, assim como Cristo desejava a comunhão de Seus melhores amigos nas horas escuras antes de Sua execução (Mt.26:38).

2Tm.4:10 10. Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia.

Demas. Ex-cooperador com Paulo (ver Cl.4:14; Fm.1:24). Por alguma razão desconhecida, ele abandonou o apóstolo. Talvez a humilhação da prisão de Paulo e o consequente perigo para a própria vida fossem uma prova de coragem grande demais para Demas. Seu nome, como os nomes de Himeneu e Alexandre (1Tm.1:20), é lembrado apenas sob compaixão e vergonha.

Tendo amado o presente século. O amor de ganho mundano e de honra por parte de Demas está em nítido contraste com o amor dos cristãos genuínos pela “vinda” de Cristo. O desejo de honras terrenas pode impedir que um cristão combata com sucesso “o bom combate” e complete sua “carreira” (v. 2Tm.4:7).

Crescente. Nada mais se sabe sobre ele. Assim como Tito, aparentemente, ele saiu de Roma a pedido de Paulo para difundir o evangelho.

Tito. Ver com. de Tt.1:4. Paulo havia enviado Tito para Corinto a fim de restaurar a harmonia e verificar a resposta dos crentes de Corinto à sua epístola de repreensão (ver com. de 2Co.2:12-13). Mais tarde, Tito acompanhou o apóstolo para Creta e, ali, supervisionou a organização da igreja (ver com. de Tt.1:5). Então, Paulo o instruiu a encontrá-lo em Nicópolis (ver com. de Tt.3:12). Talvez ele tenha permanecido com Paulo até a viagem para a Dalmácia, província romana do Ilírico, ao longo do Mar Adriático (ver mapa, p. 376).

2Tm.4:11 11. Somente Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério.

Somente. A terrível perseguição sob Nero em 64 d.C. deixou poucos cristãos vivos em Roma. Paulo também pode ter considerado prudente que os poucos que foram deixados vivessem discretamente até que passasse a trágica hora da perseguição.

Lucas. Quanto a sua obra, ver vol. 5, p. 727, 728. Além de escrever o terceiro evangelho e o livro de Atos, Lucas foi um dos companheiros mais próximos de Paulo (ver At.27:1; At.28:11; At.28:16; Cl.4:14; Fm.1:23-24). A desgraça que envolveu a prisão de Paulo não fez Lucas vacilar. Embora sua profissão de médico pudesse ter-lhe trazido prestígio e riqueza, Lucas considerava a comunhão com Paulo no sofrimento a honra mais elevada (cf. DTN, 225).

Marcos. Este versículo revela o ministério bem-sucedido de alguém a quem Paulo havia anteriormente considerado um fracasso, bem como o espírito magnânimo de Paulo, que não havia guardado ressentimento contra Marcos por causa de seu fracasso anterior (ver com. de At.13:13; At.15:37). Algum tempo depois do lamentável episódio em Perge (At.13:13), Marcos se reajustou para atender às exigências do ministério, e o registro revela sua nova utilidade como um dos fiéis assistentes de Paulo (ver Cl.4:10; Fm.1:24). Naquele momento, ele era assistente de Timóteo na Ásia Menor. Ele esteve com Paulo durante sua primeira prisão em Roma, e essa experiência anterior o tornaria especialmente valioso nessa última e final provação do apóstolo.

Útil. A última frase do v. 11 pode ser traduzida como: “ele é útil no serviço para mim”. Após a morte de Paulo, Marcos trabalhou com Pedro em Roma (ver vol. 6, p. 21, 22). Durante esse tempo, provavelmente, ele escreveu o evangelho que leva seu nome (ver vol. 5, p. 612).

2Tm.4:12 12. Quanto a Tíquico, mandei-o até Éfeso.

Tíquico. Outro dos fiéis colaboradores de Paulo no evangelho (ver At.20:4; Tt.3:12). Ele e Timóteo estavam com o apóstolo, em Roma, quando este escreveu a epístola aos Colossenses (ver Cl.1:1; Cl.4:7). Ele foi o mensageiro que levou a epístola do apóstolo de Roma aos efésios (Ef.6:21-22).

Mandei-o. Ou, “estou enviando” (cf. com. de 2Co.8:17). Provavelmente Tíquico levou esta epístola pessoalmente a Timóteo e enfatizou a urgência dos pedidos de Paulo. Quão solícitos eram esses homens mais jovens a seu amado pai na fé! Neste caso, Paulo estava comissionando Tíquico para a região de Éfeso, a fim de que esse importante campo fosse devidamente supervisionado na ausência de Timóteo e de Marcos.

2Tm.4:13 13. Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, bem como os livros, especialmente os pergaminhos.

Capa. Ou seja, um casaco pesado, necessário somente no inverno. Na prisão fria e úmida, ele precisava dessa peça de vestuário. Paulo não pedia nada supérfluo.

Livros. Do gr. biblia, de onde provém a palavra “Bíblia”, mas aqui, significando os rolos de papiro (ver vol. 5, p. 100). Possivelmente, Paulo queria um arquivo de toda a sua correspondência, para poder se defender das inconsistentes acusações apresentadas contra ele no tribunal romano.

Pergaminhos. Também rolos, feitos de peles de animais. Provavelmente, Paulo tinha saudades de sua cópia da Septuaginta e as primeiras cópias das palavras de Cristo, que já estavam em circulação (ver vol. 5, p. 110). Mesmo nessas circunstâncias tão adversas, o erudito Paulo continuava sua investigação sobre as verdades de Deus.

2Tm.4:14 14. Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe dará a paga segundo as suas obras.

Alexandre. Um nome muito comum. Portanto, este Alexandre não poderia ser o da Ásia Menor, que apostatara anos antes. Provavelmente, o homem mencionado neste versículo era um cidadão de Roma que acusara Paulo falsamente perante o tribunal romano, precipitando assim sua segunda prisão (ver v. 2Tm.4:15).

Latoeiro. Título geral para um metalúrgico de qualquer tipo.

Paga. Do gr. apodidomi, “recompensa”, “pagar na mesma moeda” (comparar com v. 2Tm.4:8).

2Tm.4:15 15. Tu, guarda-te também dele, porque resistiu fortemente às nossas palavras.

Guarda-te. Do gr. phulasso, “proteger-se”, “guardar-se”. Quando Timóteo fosse a Roma (v. 2Tm.4:9), ele deveria estar alerta contra os intentos traiçoeiros de Alexandre e de outros de sua classe. Talvez Alexandre houvesse conquistado a amizade de Paulo, porém preferiu renegar o apóstolo no julgamento.

Resistiu fortemente. Na defesa por sua vida, sem dúvida, Paulo apresentou o evangelho aos seus ouvintes gentios. Evidentemente, a tentativa de Alexandre de refutar suas palavras teve efeito na produção de uma decisão adversa. Alexandre ganhou uma vantagem momentânea, mas perdeu a herança eterna.

2Tm.4:16 16. Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor; antes, todos me abandonaram. Que isto não lhes seja posto em conta!

Defesa. Do gr. apologia, “defesa”. Provavelmente, a primeira audiência de Paulo durante o curso de seu segundo julgamento. Não há evidência de que esta situação ocorrera no primeiro julgamento, alguns anos antes. Pode ser que, juntamente com a acusação normal de sedição, Paulo fora acusado de instigar o incêndio de Roma.

Ninguém. Ou seja, nenhuma pessoa de influência para interceder. Nem Lucas, nem Tito, Crescente ou Tíquico teriam sido de alguma ajuda para Paulo a esse respeito. Algumas pessoas de elevada posição e influência poderiam ter falado uma palavra em favor de Paulo, mas não o fizeram. Talvez a severa perseguição de Nero tenha tornado extremamente perigoso até mesmo manifestar amizade a um cristão.

Todos. Homens influentes, não os amigos mais próximos de Paulo.

Abandonaram. Era perigoso associar-se com um homem preso pelos crimes que se imputavam a Paulo.

Posto em conta. Ou, “computar”, “considerar” (comparar com a magnanimidade de Cristo para com Seus acusadores [Lc.23:34] e de Estêvão [At.7:60]).

2Tm.4:17 17. Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças, para que, por meu intermédio, a pregação fosse plenamente cumprida, e todos os gentios a ouvissem; e fui libertado da boca do leão.

Mas. Ou, “não obstante”.

O Senhor me assistiu. Comparar com At.27:23. Paulo sabia, como Cristo (Jo.16:32), que, na hora da crise, quando a fé fosse defendida contra a esmagadora oposição, na realidade nunca estaria sozinho. Deus nunca deixou de ser o “refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações” de Paulo (SI.46:1). Mesmo que os amigos influentes de Paulo lhe negassem apoio (2Tm.4:16), sua coragem se mantinha firme porque a seu lado estava aquele que é maior do que todos.

Revestiu de forças. Literalmente, “capacitou” (ver com. de 1Tm.1:2).

Pregação. Do gr. kerugma, “anúncio feito por um arauto”. A mensagem cristã proclamada por Paulo, o príncipe dos pregadores. Enquanto era julgado, Paulo teve a oportunidade de pregar o evangelho, assim como ele havia feito perante Félix (At.24:10-25) e Agripa (At.26:1-32).

Todos os gentios. Ou, “todas as nações” (comparar com At.9:15; Fp.1:12-13). O apóstolo pensava mais na oportunidade que seu julgamento oferecia para proclamar o evangelho do que em seu próprio destino (ver com. de At.25:11). O corajoso testemunho de Paulo perante os romanos, nesse último processo judicial, permitiu que o cristianismo penetrasse na fortaleza do paganismo. A defesa de Paulo perante Nero não foi uma simples escaramuça, foi a hora máxima do veterano que gloriosamente “combateu o bom combate” (v. 2Tm.4:7).

Boca do leão. Pelo contexto, se deduz que Paulo não se refere a seu primeiro encarceramento e sua libertação, alguns anos antes (cf. v. 2Tm.4:16), nem a sua prisão e seu julgamento que estava em processo (cf. v. 2Tm.4:6). Os comentaristas geralmente consideram que o apóstolo aqui cita o Sl.22:21 e que suas palavras devem ser entendidas em sentido figurado, que simplesmente expressam um grande perigo. Alguns sugerem que ele se refere à ira de Satanás, que foi incapaz de silenciar seu intrépido testemunho da verdade.

2Tm.4:18 18. O Senhor me livrará também de toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém!

Livrará. Talvez seja uma referência à oração do Senhor: “livra-nos do mal” (Mt.6:13), portanto, declaração da confiança inabalável que Paulo tinha em Deus, que não falha na hora da necessidade. O apóstolo não conhecia o temor. A comunhão com Deus e “o perfeito amor lança fora o medo” (1Jo.4:18; comparar com SI.23:4; Sl.27:1-3).

Toda obra maligna. Ou seja, todo mau desígnio que Satanás e os inimigos de Paulo pudessem tramar contra ele e o avanço da verdade de Deus.

Levará a salvo. Do gr. sozo, “salvar”. Apesar de que sua vida mortal não se prolongaria por muito tempo, Paulo sabia que seu futuro eterno estava seguro. Quando inclinou sua cabeça diante da espada do carrasco, a confiança nas promessas de seu Senhor fez brotar uma música em seu coração.

Glória. A “carreira” (v. 2Tm.4:7) que Deus havia colocado diante de Paulo conduziu de uma dificuldade a outra. Desfrutou muito pouco das comodidades normais da vida e, às vezes, foi mal compreendido pelos demais membros da igreja e até mesmo por outros apóstolos. Sofreu opróbrio e humilhações da parte dos que não eram membros da igreja, provações que se constituíram em grande medida sua recompensa por pregar o evangelho.

2Tm.4:19 19. Saúda Prisca, e Áquila, e a casa de Onesíforo.

Saúda. Ou, “saudações a”.

Prisca. Ou, “Priscila” (ver com. de At.18:2).

Áquila. Ver com. de At.18:2. Este casal havia estado em Roma (ver Rm.16:3) por um tempo, porém regressou a Éfeso onde havia trabalhado anteriormente (ver At.18:18-26).

Onesíforo. Ver com. de 2Tm.1:16-18.

2Tm.4:20 20. Erasto ficou em Corinto. Quanto a Trófimo, deixei-o doente em Mileto.

Erasto. Ver com. de At.19:22. O fato de que se mencione aqui pode indicar que Paulo, a caminho de Roma, tivesse ido a Corinto pela rota de Trôade (ver 2Tm.4:13).

Trófimo. Era de Éfeso (cf. At.20:1-5; At.21:29). Acompanhou Paulo na viagem da Macedônia, via Trôade, a Mileto, e de Mileto a Jerusalém (cf. At.20:1-16; At.21:1-29).

2Tm.4:21 21. Apressa-te a vir antes do inverno. Êubulo te envia saudações; o mesmo fazem Prudente, Lino, Cláudia e os irmãos todos.

Apressa-te. Ver com. do v. 2Tm.4:9.

Antes do inverno. O tempo tormentoso poderia impedir a viagem, o que retardaria a chegada de Timóteo (ver com. do v. 2Tm.4:9).

Envia saudações. Nada mais se sabe de Êubulo, Prudente e Cláudia.

Lino. Segundo a tradição, o primeiro bispo de Roma.

2Tm.4:22 22. O Senhor seja com o teu espírito. A graça seja convosco.

O Senhor Jesus Cristo (ARC). As evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a omissão das palavras “Jesus Cristo”.

Convosco. Ver com. de 1Tm.6:21. Este pronome no plural indica que essas palavras se aplicam a toda igreja.

Amém (ARC). As evidências textuais (cf. p. xvi) apoiam a omissão desta palavra. O posfácio que segue o v. 22 não ocorre em nenhum manuscrito antigo e, evidentemente, não fazia parte do documento originai. Alguns dos manuscritos mais antigos, no entanto, têm as palavras “escrita de Laodiceia”, ou “escrita de Roma”.