"As coisas encobertas pertencem ao nosso Deus, mas as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que observemos todas as palavras desta lei." Deuteronômio 29:29 |
Capítulo e Verso | Comentário Adventista > I Tessalonicenses | 1Ts.1:1 | 1. Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo, graça e paz a vós outros. Paulo. A epístola inicia do modo costumeiro, com saudações formais (ver com. de Rm.1:1). O apóstolo não necessita fazer uma introdução longa, pois é bem conhecido dos leitores e é possível que fazia pouco tempo que havia estado com eles (ver p. 222). Embora Paulo tenha incluído Silas e Timóteo, é evidente que ele é o único autor da epístola (1Ts.2:18; 1Ts.3:5; 1Ts.4:13; 1Ts.5:1; 1Ts.5:23; 1Ts.5:27). No entanto, o apóstolo tem em mente Silas e Timóteo enquanto escreve, e frequentemente utiliza a primeira pessoa do plural (“nós”) nos cinco capítulos da epístola (1Ts.1:2; 1Ts.2:2; 1Ts.3:1; 1Ts.4:1; 1Ts.5:12). Os dois companheiros apoiaram toda a admoestação que o apóstolo escreveu em nome deles. Silvano. Conhecido em Atos pelo nome abreviado, Silas (ver com. de At.15:22; At.15:34; At.15:40). Esteve com Paulo em Filipos (At.15:40-41; At.16:12; At.16:19), o acompanhou a Tessalônica (At.17:1; At.17:4), foi com o apóstolo até Bereia (At.17:10) e permaneceu naquela cidade depois que Paulo partiu para Atenas (At.17:14). Mais tarde, uniu-se ao apóstolo em Corinto (ver com. de At.18:5; 2Co.1:19). Silvano é mencionado antes de Timóteo talvez por ser o mais velho e por estar associado a Paulo por um longo tempo. Timóteo. Uma transliteração do gr. Timotheos, normalmente traduzida como “Timóteo” (ver com. de At.16:1). Natural da região de Derbe e Listra, acompanhou Paulo na segunda viagem missionária (At.16:1-3) e participou do ministério do apóstolo em Filipos, Tessalônica e Bereia (ver com. de At.17:14). O jovem evangelista foi enviado a igreja dos tessalonicenses, e a notícia da condição deles produziu o contexto imediato que influenciou Paulo a escrever a epístola (1Ts.3:1; 1Ts.3:6). Igreja. Do gr. ekklesia (ver com. de Mt.18:17). Paulo direciona a epístola a todo o corpo de crentes em Tessalônica, que chama de “santos” em outros textos (Rm.1:7). Ele não menciona os principais obreiros da igreja, como fez na epístola aos Filipenses (Fp.1:1). Tessalonicenses. É costume de Paulo (Rm.1:7; 1Co.1:2; 2Co.1:1; Ef.1:1; Fp.1:1; Cl.1:2) mencionar a cidade onde se encontra uma igreja em particular; no entanto, neste versículo e em 2Ts.1:1, ele se refere aos “tessalonicenses”. É difícil notar uma distinção significativa nas diferentes formas de discurso, embora haja a sugestão de que Paulo pretendia incluir não apenas os residentes na cidade, mas todos os que se encontravam numa área mais ampla. Não há como saber o tamanho da igreja tessalonicense, embora At.17:4 sugira, a princípio, grande quantidade de membros. Em Deus. Esta frase está intimamente ligada com “a igreja”, como demonstrado pelas palavras adicionais “que está”, na versão KJV. A igreja existe apenas quando está fundada “em Deus” e todos os membros estão unidos nEle (cf. com. de Rm.1:7; Ef.1:1; Fp.1:1). Pai. Sobre o significado da paternidade de Deus neste caso, ver com. de Rm.1:7. No Senhor Jesus Cristo. A igreja existe não apenas em virtude da união com Deus, mas também por causa da união com o Filho (ver com. de Rm.8:1; 1Co.1:2). O título triplo reflete a cristologia de Paulo, sua compreensão da natureza de Cristo. Ele sabe que seu Mestre é o Senhor e o Salvador divino-humano (ver com. de Fp.2:5). Graça. Do gr. charis (ver com. de Rm.1:7). Paz. Ver com. de Rm.1:7. De Deus (ARC). Evidências textuais (cf. p. xvi) podem ser citadas para a omissão do restante deste versículo, começando com as palavras “de Deus”, que podem ter sido extraídas de 2Ts.1:2 por um editor posterior. |
1Ts.1:2 | 2. Damos, sempre, graças a Deus por todos vós, mencionando-vos em nossas orações e, sem cessar, Damos, sempre, graças. Quer Paulo esteja utilizando a primeira pessoa do plural e falando apenas por si, quer ele esteja escrevendo em nome de Silas e Timóteo, o sentido é claro. Como ele e seus companheiros estudaram o relato de Timóteo acerca das condições em Tessalônica, ficaram cheios de gratidão e a expressaram diante de Deus (cf. com. Rm.1:8). A Deus. O apóstolo reconhece o Único que merece graças. A primazia dos tessalonicenses resultava do poder de Deus que operava por meio deles. Em nossas orações. Ou, “no momento das nossas orações”. A frase define a palavra “sempre”. Paulo e seus companheiros estabeleceram momentos de oração quando intercediam pelos cristãos de Tessalônica, mencionando-os individualmente e discutindo o bem-estar deles. Sem cessar. A sensibilidade de Paulo reluz nas páginas de suas epístolas. Ele não deseja que ninguém se sinta desprezado, empenha-se para incluir a todos nas saudações e cuidadosamente elabora listas de colaboradores, fazendo menção individual por nome (ver com. de Fp.1:4; Rm.16:1-15; Cl.4:7-17). |
1Ts.1:3 | 3. recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé, da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, Recordando-nos. Paulo relembra o que ele mesmo viu em Tessalônica e o que Timóteo já havia relatado (1Ts.3:6). A lembrança contínua do caráter cristão dos irmãos e de seus frutos foi a razão para mencioná-los em oração, sempre em forma de ação de graças a Deus. Diante. Melhor, “na presença de”. Os novos crentes, sofrendo perseguição, viviam da presença de Deus. A fé, o amor e a esperança eram genuínos, tanto aos olhos dos homens quanto aos de Deus. Paulo também pode ter passado do pensamento de salvação por meio de Cristo para o pensamento do dia do juízo, quando os tessalonicenses comparecerão diante do Criador, sem motivo para temer. Operosidade da vossa fé. Paulo se concentra em três excelentes qualidades dos tessalonicenses: fé, amor e esperança. Em Cl.1:4-5; 1Ts.5:8 e especialmente no celebrado tratado do amor (1Co.13), ele estabelece estas três virtudes como elementos fundamentais no caráter cristão. Aqui ele está preocupado com as evidências externas dessas virtudes porque fala do que observou enquanto esteve com eles, o que agora relembra. A “operosidade da fé” se refere às atividades, espirituais ou temporais que foram inspiradas pela fé. A frase revela a natureza prática da verdadeira fé que demonstra sua existência pelas obras cristãs. Abnegação. Do gr. kopos, “trabalho”, “labor”, denotando esforço intenso associado a labuta e dificuldade. Neste versículo, “labor do amor” significa o labor que o amor instiga e que voluntariamente assume e enfrenta trabalho e dor para a salvação dos outros. Paulo se regozijava, pois, quando a igreja era exposta a dificuldades, os membros vinham em auxílio mútuo com esforço diligente e sacrifício. Essa solicitude pelo bem-estar do próximo, assim como a ardente fé, eram provas convincentes de que a conversão deles era genuína (AA, 262). Firmeza. Do gr. hupomone, “paciência”, “perseverança” (ver com. de Rm.2:7). Esperança. Paulo fala de persistência mantida pela esperança, derivada da fé cristã. Esta esperança não é um otimismo vago, mas é “esperança em nosso Senhor Jesus Cristo”, centralizada nEle, a esperança da salvação nEle (1Ts.5:8-9); a esperança de Seu rápido retorno para livrá-los (1Ts.4:13-18; Tt.2:13). A paciência e a constância dos tessalonicenses procedem da esperança, porque, em vista da glória futura, eles podem suportar o sofrimento com maior alegria. A esperança é a âncora da alma deles (Hb.6:19) |
1Ts.1:4 | 4. reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição, Reconhecendo. Expressão paulina recorrente, sobre o senso comum a respeito de determinado fato (cf. com. de Rm.3:19). Irmãos. Este termo, utilizado 19 vezes na forma singular ou plural nesta epístola, indica a grande afeição de Paulo pelos cristãos de Tessalônica. De Deus. Como demonstrado pelo grego, estas palavras qualificam a palavra “amados”, em vez de estarem ligadas a “vossa eleição”, para que a expressão seja “irmãos, amados de Deus”. Esta descrição expressa o amor do apóstolo e o amor de Deus pelos crentes tessalonicenses (cf. Rm.1:7; 2Ts.2:13). Eleição. Do gr. ekloge, “o processo de escolha” (ver com. de Rm.9:11). Deus escolheu os crentes tessalonicenses para a salvação por meio da “santificação do Espírito e fé na verdade” (2Ts.2:13). O apóstolo não fala de qualquer eleição absoluta da igreja tessalonicense como um todo, o que é confirmado pela expressão posterior de temor de que alguns deles caíssem em tentação e o trabalho fosse em vão (1Ts.3:5; sobre eleição e predestinação, ver com. de Jo.3:17-19; Rm.8:29; Rm.9:11; Rm.11:5; Ef.1:4-14; Ef.3:11). Em nenhuma parte das Escrituras há qualquer justificativa para a doutrina de que Deus predestinou alguns indivíduos para a vida eterna, com a revoltante conclusão de que Ele predestinou o restante da humanidade para a destruição eterna. A verdadeira doutrina bíblica sobre eleição envolve as vontades divina e humana. |
1Ts.1:5 | 5. porque o nosso evangelho não chegou até vós tão somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós. Evangelho. Do gr. euaggelion (ver com. de Mc.1:1). Paulo fala do evangelho que foi confiado a ele e a seus companheiros (1Ts.2:4), o qual proclamaram fielmente. Na sinagoga em Tessalônica, Paulo abriu as Escrituras do AT e pregou de um Messias que deveria sofrer, morrer pelos pecados da humanidade e ser ressuscitado dos mortos; afirmou também que Jesus era o Cristo (At.17:2-3; AA, 225-227). O poder deste evangelho foi demonstrado pelas muitas vidas que foram mudadas por meio de sua aceitação (At.17:4). Tão somente em palavra. O apóstolo empregou palavras para transmitir o evangelho, mas a manifestação do evangelho não terminou com o discurso. As palavras foram acompanhadas por manifestações de poder espiritual. Mas, sobretudo. Esta expressão, tomada com a palavra precedente “somente”, enfatiza o contraste entre as palavras e as obras inspiradas pelo Espírito. Poder. Do gr. dunamis (ver com. de Lc.1:35; ver com. de 1Co.2:4; 1Co.4:20, em que são contrastados os vocábulos “palavra” e “poder”). O período do ministério de Paulo em favor dos tessalonicenses (At.17:1-4), apesar de curto, abriu espaço para muitos milagres e demonstrações do poder do evangelho. No entanto, poucos detalhes são apresentados no relato sagrado. Espírito Santo. Ver com. de Mt.1:18. A expressão “no Espírito Santo” indica que o evangelho chegou aos tessalonicenses por meio da atividade do Espírito, numa atmosfera condicionada por Ele, para que se dissesse com razão que a influência do Espírito permeou toda a atuação. Dessa forma, Paulo renunciou um crédito pessoal pela aceitação da mensagem evangélica. Convicção. Isto é, confiança ou convicção. O evangelho foi confiante e convincentemente pregado porque Paulo e seus companheiros sabiam que eram capacitados pelo Espírito Santo. Sabeis. Paulo apela ao conhecimento pessoal dos tessalonicenses acerca do comportamento dos missionários que estavam entre eles. A pessoa deve ter consciência limpa antes de fazer um apelo como esse acerca de sua conduta pessoal, mas Paulo nunca temeu citar seu comportamento entre os conversos. As muitas referências à vida que tinha em Tessalônica (1Ts.2:1-2; 1Ts.2:5; 1Ts.2:9-11) indicam que alguns interpretavam mal o comportamento dele e tentavam enfraquecer-lhe a influência. Ele lidava com essas distorções afirmando que não apenas os sermões, mas a vida dos evangelistas pregava o evangelho, e que isso era feito por amor aos tessalonicenses. |
1Ts.1:6 | 6. Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo, Imitadores. Ver com. de 1Co.4:16; Ef.5:1. Paulo apresentou este fato como razão adicional para saber que Deus os escolheu para a salvação. Como Paulo pregava no poder do Espírito Santo, os tessalonicenses receberam a palavra com alegria do Espírito Santo. Consequentemente, estavam dispostos a fazer a vontade de Deus. Do Senhor. Paulo não deixou os tessalonicenses apenas com um exemplo humano. Ele também os ajudou a se tornarem imitadores do Senhor. Essa era a política consistente do apóstolo (cf. 1Co.11:1); assim, quando ausente, os tessalonicenses conseguiam manter os olhos fixos em Cristo, o exemplo perfeito. Recebido. Do gr. dechomai, que indica recepção voluntária, receber com satisfação. Tribulação. Do gr. thlipsis (ver com. de Rm.5:3). Os membros em Tessalônica se tornaram cristãos em meio a forte oposição (At.17:5-9; 1Ts.2:14). Na igreja primitiva a conversão geralmente demandava coragem e vigoroso domínio próprio, pois o novo membro era geralmente perseguido com crueldade (ver com. de Mt.24:21). A perseguição era, na realidade, uma bênção, porque tinha em vista refinar e purificar a igreja e conduzir os membros a um íntimo relacionamento com Cristo (ver AA, 261). Severa como era a tribulação, não desencorajava os conversos. Pelo contrário, o sofrimento era acompanhado de alegria originada no Espírito Santo (cf. Cl.5:22). |
1Ts.1:7 | 7. de sorte que vos tornastes o modelo para todos os crentes na Macedônia e na Acaia. Modelo. Do gr. tupoi, singular tupos, “tipo”, “exemplo” (ver com. de Rm.5:14). Os crentes padronizaram a vida no estilo dos apóstolos e do Senhor e se tornaram modelo ou exemplo para outros cristãos. Eram exemplos com referência à firmeza com que aderiram ao cristianismo e ao zelo com o qual espalhavam os ensinos. Os tessalonicenses se tornaram exemplo para os outros logo depois da conversão, o que destaca a alta qualidade do testemunho cristão deles. Macedônia e Acaia. Duas províncias em que toda a Grécia estava dividida quando foi dominada pelo jugo romano em 146 a.C. (ver vol. 6, mapa, p. 19). O testemunho de Paulo mostra a amplitude da influência dos fiéis tessalonicenses entre os companheiros cristãos. |
1Ts.1:8 | 8. Porque de vós repercutiu a palavra do Senhor não só na Macedônia e Acaia, mas também por toda parte se divulgou a vossa fé para com Deus, a tal ponto de não termos necessidade de acrescentar coisa alguma; Repercutiu. Do gr. execheo, “proclamar”, “ressoar”, “reverberar”. Palavra do Senhor. Isto é, o evangelho, que os tessalonicenses tão prontamente receberam e, por sua vez, passavam adiante (AA, 256). Por toda parte. Tessalônica era uma grande cidade comercial de onde os relatos dos cristãos sinceros eram levados não apenas a outras partes da Grécia, mas também a regiões distantes. Como vivia em Corinto, um porto marítimo movimentado, Paulo recebia relatos das atividades de seus conversos com rapidez. Fé para com Deus. A maioria dos crentes haviam sido pagãos (v. 1Ts.1:9). Então, eles demonstravam que tinham uma fé real em Deus e na mensagem do evangelho, tanto por vidas cristãs consistentes como pelo zelo missionário. O testemunho deles era tão evidente que tornava desnecessário Paulo e seus associados fazerem qualquer acréscimo. Não seria dado aos tessalonicenses melhor elogio que este. |
1Ts.1:9 | 9. pois eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no vosso meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro Eles mesmos. Isto é, aqueles que relataram ao apóstolo. Eles contaram espontaneamente a Paulo a grande mudança provocada em Tessalônica por seu ministério. Esse testemunho era ainda mais valioso do que qualquer outro dado pelos próprios tessalonicenses. Ídolos. Paulo chegara recentemente de Atenas, onde havia ficado muito comovido porque a cidade estava completamente dada à idolatria (ver com. de At.17:16). Ele ficou muito impressionado com o modo como os tessalonicenses abandonaram os ídolos em favor do verdadeiro Deus. Convertestes a Deus. Comparar com a expressão “fé para com Deus” (v. 1Ts.1:8). Os tessalonicenses deram as costas aos ídolos e se chegaram a Deus face a face. Para servirdes. Do gr. douleuo, “ser um escravo”, “prestar obediência” (cf. com. de Rm.1:1). A forma do verbo grego expressa continuidade, “manter em serviço”. Verdadeiro. Do gr. alethinos, “genuíno”, “real”. O Deus vivo e real é constrastado com os ídolos falsos e inanimados. Paulo e seus conversos tinham consciência da inestimável superioridade da religião cristã viva sobre as demais religiões. |
1Ts.1:10 | 10. e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura. Para aguardardes. Ou, “continuar aguardando”. Dos céus. Ver com. de Fp.3:20. O alvo da vida dos conversos de Paulo era duplo: servir a Deus e aguardar o retorno de Cristo. Nesta epístola, o apóstolo enfatiza constantemente a grande doutrina da segunda vinda de nosso Senhor (1Ts.1:10; 1Ts.2:19; 1Ts.3:13; 1Ts.4:13-18; 1Ts.5:23). Que influência prática esta “bendita esperança” (Tt.2:13) teve na vida dos crentes tessalonicenses! Eles viviam na expectativa do retorno do Senhor. Não era uma espera ociosa, de qualquer forma, porque combinavam o serviço e a espera. Os tessalonicenses eram tão ardentes na esperança de um rápido livramento das perseguições pela gloriosa intervenção do Senhor, que temiam que a morte privasse qualquer um deles da grande alegria de encontrá-Lo pessoalmente (cf. AA, 258). Seu Filho. A única menção nesta epístola a Cristo como Filho de Deus, em contraste com as referências frequentes em Romanos e Gálatas (Rm.1:3-4; Gl.1:16). A quem Ele ressuscitou. Na epístola aos Romanos, o apóstolo apresenta a ressurreição de Jesus como prova da filiação de Cristo (ver com. de Rm.1:4). Aqui, no que é possivelmente a primeira de suas epístolas, Paulo não hesita em seguir o mesmo raciocínio, reconhecendo Cristo como o Filho de Deus ressurreto. Livra. Ou melhor, “está livrando”. Ao passo que o ato vital de livramento foi realizado no Calvário, o processo de livramento é contínuo e será finalizado apenas na segunda vinda de Cristo, quando os que aceitaram a ministração do Salvador estarão salvos para sempre do domínio do pecado (cf. com. de Mt.1:21; Rm.11:26). Da ira vindoura. A utilização do artigo antes de “ira” destaca uma manifestação particular do desprazer divino (ver com. de Mt.3:7; Rm.1:18; sobre “ira” [orge], ver com. de Rm.2:8; cf. com. de Rm.1:18). O evangelho liberta da ira vindoura (Rm.5:9). Aqueles que crerem nesta mensagem e aceitarem suas provisões será concedida a vida eterna, e a ira de Deus não mais permanecerá sobre eles (ver com. de Jo.3:36; Jo.5:24; 1Jo.3:14). |
1Ts.2:1 | 1. Porque vós, irmãos, sabeis, pessoalmente, que a nossa estada entre vós não se tornou infrutífera; Porque vós sabeis [...] pessoalmente. Paulo amplia o raciocínio iniciado no 1Ts.1:5. Outros testemunharam voluntariamente acerca do sucesso fenomenal da obra de Paulo e seus companheiros em Tessalônica (ver com. de 1Ts.1:9), mas o apóstolo agora recorre detalhadamente ao que os próprios tessalonicenses lembravam, todo ministro do evangelho deve se conduzir de tal modo que, quando atacado com calúnias, consiga recorrer de forma similar a seu povo. Estada. Isto é, a visita evangelizadora de Paulo e seus companheiros (cf. At.17:1-4; 1Ts.1:9). Os conversos em Tessalônica sabiam quão grande impacto a visita missionária tinha realizado sobre a vida deles. Infrutífera. Literalmente, “vazio” (ver com. de 1Co.15:10). Os crentes tessalonicenses eram prova da veracidade da afirmação de Paulo. |
1Ts.2:2 | 2. mas, apesar de maltratados e ultrajados em Filipos, como é do vosso conhecimento, tivemos ousada confiança em nosso Deus, para vos anunciar o evangelho de Deus, em meio a muita luta. Maltratados. Poucos dias depois que Paulo e Silas foram maltratados em Filipos, iniciaram a obra em Tessalônica (ver com. de At.17:1). Ultrajados. Muitos dos crentes viram os golpes infligidos pelo chicote romano (cf. Gl.6:17). O apóstolo sentiu intensamente a injustiça do ultrajante procedimento de ele, como cidadão romano, ter sido açoitado publicamente, sem julgamento (ver com. de At.16:37). Tivemos ousada. Do gr. parresiazomai, “falar claramente”, “ter coragem”, “arriscar-se”. Depois de punição tão severa como a que os evangelistas enfrentaram, os impostores (ver com. do v. 1Ts.2:3) não tiveram coragem para continuar a obra num local próximo. Em nosso Deus. Paulo reconhece que a ousadia não foi originada em coragem natural. A fonte estava em Deus. Os apóstolos estavam pregando “o evangelho de Deus”, e o próprio Deus lhes deu a coragem necessária para a destemida proclamação. Evangelho de Deus. Isto é, o evangelho originado em Deus. Em meio a muita luta. Literalmente, “em muito conflito” (ver com. de Fp.1:30), isto é, em meio a muita oposição. Também pode ser uma referência à luta interna (ver Cl.2:1). |
1Ts.2:3 | 3. Pois a nossa exortação não procede de engano, nem de impureza, nem se baseia em dolo; Exortação. Do gr. paraklesis, “conforto”, “consolação” (ver com. de Rm.12:8; Rm.15:4; Fp.2:1). A referência, neste versículo, é à pregação dos evangelistas. O evangelho apresentado pelo apóstolo do modo mais intenso levou consolo aos gentios que viviam em irremediável paganismo e falou ao coração tanto quanto à mente. Não procede de engano. Ou, “ausência de erro”. Neste versículo, Paulo faz uma negação abrangente das acusações difamadoras apresentadas pelos inimigos, de que o movimento era obra de homens iludidos, motivados por intentos sinistros e com métodos dissimulados. O apóstolo e seus companheiros não eram fanáticos enganados. A pregação deles não procedia de ilusões ou doutrinas errôneas. Pelo contrário, era baseada na infalível Palavra de Deus. Eles foram guiados na interpretação da Palavra pelo Espírito da verdade. Impureza. Do gr. akatharsia, “impureza”, normalmente utilizada em relação a ausência de castidade (ver com. de Rm.1:24). Muitos intérpretes pensam, no entanto, que a palavra é utilizada neste versículo no sentido figurado de impureza da mente, vileza de motivos, isto é, cobiça. Paulo e seus companheiros não agiam por cobiça ou ganância. Dolo. Do gr. dolos (ver com. de Rm.1:29). Neste versículo, é considerado o modo de trabalhar. A mensagem não foi dada de forma enganosa, mas com sinceridade. O “verdadeiro israelita” não tinha dolo na boca (ver Jo.1:47; Ap.14:5). |
1Ts.2:4 | 4. pelo contrário, visto que fomos aprovados por Deus, a ponto de nos confiar ele o evangelho, assim falamos, não para que agrademos a homens, e sim a Deus, que prova o nosso coração. Aprovados. Do gr. dokimazo (ver com. de Rm.2:18; Fp.1:10), utilizado aqui no sentido de ser julgado digno ou aprovado. No final deste versículo, a mesma palavra (dokimazo) é utilizada de outra forma e traduzida como “prova”. De nos confiar. O coração dos apóstolos foi julgado ou provado por Deus, e foram aprovados ou considerados aptos. A eles foi confiada a responsabilidade de apresentar a mensagem do evangelho. Paulo considerava sua mordomia uma confiança sagrada, um “tesouro em vasos de barro” (2Co.4:7). Ele pregou consciente que lidava com a mensagem de Deus aos homens, uma mensagem para a qual foi especialmente escolhido por Deus (At.9:15; 2Co.3:5-6). Não para que agrademos a homens. O apóstolo tinha tanto interesse em agradar a Deus que cumpria a missão, levando em pouca consideração a opinião dos homens acerca de si (ver 1Co.4:3-4; Gl.1:10). Não que tenha falhado em considerar os sentimentos ou preconceitos das pessoas, porque era cuidadoso para não ofender desnecessariamente (ver 1Co.9:19-23). No entanto, seu objetivo não era agradar os homens e conquistá-los por astúcia, mas antes ter a aprovação de Deus e aproximar as pessoas do Mestre. Prova o nosso coração. Cf. com. de Rm.8:27. |
1Ts.2:5 | 5. A verdade é que nunca usamos de linguagem de bajulação, como sabeis, nem de intuitos gananciosos. Deus disto é testemunha. Linguagem de bajulação. Para provar que seu objetivo não fora agradar os homens, Paulo lembra os conversos quão bem sabiam eles que os apóstolos nunca incorreram em bajulação na pregação para tornar o evangelho aceitável. Foi necessária uma obra radical de reforma na vida dos tessalonicenses. Bajular teria encorajado a autocomplacência e impedido de ver as necessidades. Esses apóstolos de Cristo não pregavam coisas suaves, como os falsos profetas (ver Is.30:10; Ez.13:10). Intuitos. Do gr. prophasis, “pretexto” (ver com. de Fp.1:18). Os apóstolos não utilizavam o ofício para enriquecimento pessoal. Pelo contrário, eram muito cuidadosos para não dar ocasião para tal acusação. Paulo poderia testificar: “de ninguém cobicei prata, nem ouro, nem vestes” (At.20:33; 2Co.12:14). Deus disto é testemunha. Um juramento solene, reverente (cf. com. de Fp.1:8). Paulo podia apelar à recordação pessoal dos tessalonicenses para confirmar o fato de que ele e seus companheiros não os bajularam, mas, quanto aos motivos deles, Paulo poderia apelar somente a Deus. Dessa forma, negou todas as acusações de que ele e seus associados trabalharam por ganho pessoal. |
1Ts.2:6 | 6. Também jamais andamos buscando glória de homens, nem de vós, nem de outros. Buscando glória. Paulo não nega ter recebido glória ou honra de homens, apenas afirma que nunca buscou isso de modo consciente. Sua vida consistentemente testemunhou da honestidade de sua declaração (cf. At.20:19; 2Co.4:5), e nenhum gentio nem cristão poderia acusá-lo de oportunismo. Apóstolos (ARC). Esta utilização do título demonstra que Paulo também considerava Silas e Timóteo como membros do apostolado cristão (cf. com. de Rm.16:7; 1Co.4:9). |
1Ts.2:7 | 7. Embora pudéssemos, como enviados de Cristo, exigir de vós a nossa manutenção, todavia, nos tornamos carinhosos entre vós, qual ama que acaricia os próprios filhos; Pudéssemos ter sido um peso (NVI). Literalmente, “em autoridade”, isto é, em posição de exercer autoridade. Como mensageiros e enviados do Rei celestial, os missionários eram dignos de respeito e apoio, e podiam ter feito pesadas exigências aos conversos. Carinhosos. Do gr. epioi, “suave”, “amável”, “carinhoso”. As evidências textuais estão divididas (cf. p. xvi) entre as traduções epioi e nepioi, “criancinhas”, “criança” (ver com. de Mt.11:25). “Carinhosos” preenche bem o contexto. Ama. Em seu amor imparcial, o apóstolo se comparou a uma ama, que pode ou não ser a mãe real, totalmente absorta em amar seus filhos. Em vez de fazer exigências aos tessalonicenses, agindo como “dominadores dos que vos foram confiados” (1Pe.5:3), os evangelistas eram mais solícitos ao bem-estar dos conversos. |
1Ts.2:8 | 8. assim, querendo-vos muito, estávamos prontos a oferecer-vos não somente o evangelho de Deus, mas, igualmente, a própria vida; por isso que vos tornastes muito amados de nós. Querendo-vos muito. Do gr. homeiromai, “desejar ardentemente”, “ansiar”, “desejar”. A imagem da ama continua. A gentileza foi ressaltada (v. 1Ts.2:7); o amor é enfatizado neste versículo. Como a ama está decidida a distribuir afeição, até mesmo a dar a vida por sua criança, assim os missionários estavam dispostos a dar seu melhor. Neste versículo, o apóstolo abre o coração e revela sua intensa devoção aos primeiros conversos na Macedônia. Estávamos prontos. Melhor, “estávamos muito satisfeitos”. A oferecer-vos. Do gr. metadidomi, “transmitir”, no sentido de compartilhar qualquer coisa com outros. Evangelho de Deus. Ver com. do v. 1Ts.2:2. Vida. Do gr. psuchai (ver com. de Mt.10:28). Os conversos de Paulo não podiam duvidar desta afirmação, pois testemunharam a ousadia dos missionários e sabiam que eles não hesitaram pôr em perigo a própria vida. Muito amados. Melhor, “tornaram-se amados”. Como Paulo e seus companheiros trabalharam pelos novos crentes e observaram o firme compromisso deles com Cristo, diante de forte oposição. Lutaram fervorosamente em oração pelos tessalonicenses, primeiro para que aceitassem a mensagem, e então, para que fossem inabaláveis. Os jovens cristãos se tornaram muito amados para eles. |
1Ts.2:9 | 9. Porque, vos recordais, irmãos, do nosso labor e fadiga; e de como, noite e dia labutando para não vivermos à custa de nenhum de vós, vos proclamamos o evangelho de Deus. Porque vos recordais. Um apelo ao conhecimento pessoal dos tessalonicenses acerca dos labores de Paulo entre eles (cf. v. 1Ts.2:1-2). Labor. Do gr. kopos (ver com. de 1Ts.1:3). Fadiga. Do gr. mochthos, “trabalho árduo e difícil”, “adversidade”, “ansiedade”. As duas palavras, kopos e mochthos, também são utilizadas juntas em outros escritos paulinos (2Co.11:27; 2Ts.3:8). Labutando. Do gr. ergazomai, “trabalhar”, geralmente, por pagamento. Paulo se refere ao trabalho no ramo de construção de tendas (ver com. de At.18:3). Noite e dia. Paulo propôs ganhar seu sustento, determinado que o evangelho fosse pregado gratuitamente. Ninguém teria motivo para acusar o apóstolo de pregar por ganho pessoal. Ele trabalhava para não ser um peso para suas congregações (ver com. de 1Co.4:12; 2Co.11:9; 1Ts.2:6). |
1Ts.2:10 | 10. Vós e Deus sois testemunhas do modo por que piedosa, justa e irrepreensivelmente procedemos em relação a vós outros, que credes. Vós sois testemunhas. O apóstolo refuta e desaprova as três principais acusações de seus inimigos: (1) que ele e seus companheiros eram fanáticos iludidos; (2) que eram motivados por egoísmo, pensamentos impuros e (3) que a bondade deles, a aparente solicitude, era apenas engano velado (v. 1Ts.2:1-9). Paulo novamente apela ao conhecimento dos tessalonicenses, relembrando-lhes que eram testemunhas da conduta dos ministros. Eles sabiam muito mais sobre os missionários que os acusadores. Logo, não deveriam ser induzidos por relatos difamadores. E Deus (ARC). Paulo novamente apela a Deus (ver com. do v. 1Ts.2:5) a respeito dos seus motivos, que não poderiam ser vistos pelos homens. Isto sugere que, quando a ocasião exige, podemos apelar a Deus como testemunha da honestidade do que dizemos e devemos sempre viver de modo adequado para podermos recorrer ao Senhor. Piedosa. Do gr. hosios, “piedosamente”, “de modo agradável a Deus”. A vida santa do verdadeiro cristão, refletida numa atitude pia e reverente para com o Criador, têm profunda influência sobre o relacionamento com os demais filhos de Deus. Justa. Do gr. dikaios, “justo”, relacionado ao adjetivo dikaios (ver com. de Mt.1:19). Irrepreensivelmente. Do gr. amemptos, “inocente”, relacionado ao adjetivo amemptos (ver com. de 1Ts.3:13). Procedemos. Literalmente, “tornar”, utilizado neste versículo no sentido de “agiu” ou “procedeu”. |
1Ts.2:11 | 11. E sabeis, ainda, de que maneira, como pai a seus filhos, a cada um de vós, Sabeis. Ver com. do v. 1Ts.2:9. Como pai. No v. 1Ts.2:7, Paulo utilizou a imagem de uma ama para retratar a atitude amorosa e gentil dos evangelistas para com seus conversos. Neste versículo, emprega o papel que um pai desempenha na educação da criança, como ilustração da obra infatigável deles na edificação de uma experiência cristã dos jovens crentes. Eles exortavam todos a serem fiéis, encorajavam os medrosos e solenemente exortavam e admoestavam os que mostravam sinais de obstinação. Tudo isso era feito em suavidade e amor. |
1Ts.2:12 | 12. exortamos, consolamos e admoestamos, para viverdes por modo digno de Deus, que vos chama para o seu reino e glória. Exortamos, consolamos e admoestamos. Estas palavras descrevem os três principais aspectos da obra do ministério de todo cristão. Viverdes. Do gr. peripateo (ver com. de Ef.2:2; Cl.1:10; 1Jo.1:6). O propósito da meticulosa obra dos apóstolos era capacitar os jovens cristãos a viver uma vida digna de filhos do Pai celeste. Viver de outro modo é desonrar a Deus, até ocasionando que Seu nome seja blasfemado pelos descrentes (cf. com. de Rm.2:24). Que vos chama. Melhor, “que chama” ou “que continua chamando” (sobre o significado do chamado de Deus, ver com. de Rm.8:28; Rm.8:30; 1Co.1:9; Gl.1:6). Seu reino. Sobre a natureza do reino, ver com. de Mt.4:17; Mt.5:3; Mt.6:10; Mt.6:13; Mc.3:14; 1Co.6:9. Neste versículo, Paulo se refere ao reino presente da graça de Deus. Os cristãos são chamados para o reino da graça de Deus na conversão (ver com. de Cl.1:13). Glória. Ver com. de Jo.1:14; Rm.3:23. O reino presente da graça culminará no reino eterno da glória de Deus, em que os crentes entrarão com alegria na cidadania real quando Jesus retornar para reuni-los (cf. Mt.24:31). Paulo admoesta os tessalonicenses a viver de acordo com as leis deste reino glorioso (cf. com. de Fp.3:20). |
1Ts.2:13 | 13. Outra razão ainda temos nós para, incessantemente, dar graças a Deus: é que, tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de homens, e sim como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes. Dar graças a Deus. Ver com. de 1Ts.1:2-3. Paulo estava convicto da realidade da fé inicial de seus conversos e desejava impressioná-los com o senso dessa realidade, para que não fossem tentados a duvidar e abandonar a fé. Recebido. Esta palavra e “acolhestes” sâo a tradução de dois verbos gregos diferentes. O primeiro deles, paralambano, significa a recepção externa, ouvir a mensagem; o segundo, dechomai, se refere à recepção interna e à aceitação da mensagem. Palavra de Deus. Paulo não tinha dúvidas acerca da origem da mensagem que pregava: sabia que provinha de Deus. Ele também ensinava aos tessalonicenses sobre as Escrituras Sagradas (At.17:2-3). Ele se alegrava porque os tessalonicenses também reconheciam a autoridade divina de sua mensagem, e citou esse reconhecimento como o principal motivo de seu regozijo. Operando eficazmente. Do gr. energeo (ver com. de Fp.2:13). Quando aceita na vida, a palavra cumpre sua tarefa divinamente designada. Em vós, os que credes. A obra eficaz da palavra opera no cristão por meio da fé. A palavra de Deus traz benefício apenas quando é “acompanhada com fé” naqueles que a ouvem (Hb.4:2). O evangelho é “o poder de Deus na salvação de todo aquele que crer” (Rm.1:16). Em uma das maiores bênçãos de Paulo, ele declarou como Deus é capaz de fazer por nós muito mais do que pedimos ou pensamos pela “eficácia que opera eficientemente em nós” (Ef.3:20). Novamente, ele falou da experiência pessoal e contou como se empenhou na pregação com toda “eficácia” para que Deus “operasse eficientemente” nele (Cl.1:29). Neste caso, o poder da palavra de Deus estava operando nos crentes tessalonicenses, concedendo-lhes paciência sob provação e perseguição. |
1Ts.2:14 | 14. Tanto é assim, irmãos, que vos tornastes imitadores das igrejas de Deus existentes na Judeia em Cristo Jesus; porque também padecestes, da parte dos vossos patrícios, as mesmas coisas que eles, por sua vez, sofreram dos judeus, Imitadores. Do gr. mimetai (ver com. de 1Ts.1:6). Igrejas de Deus. A expressão plural é encontrada neste versículo e em 1Co.11:16, mas a forma singular é comum no NT (At.20:28). Judeia. A razão da comparação de Paulo entre os tessalonicenses e os cristãos judeus não é clara. Ele deve ter apresentado as igrejas da Judeia como excelentes exemplos de coragem, ou talvez os perseguidores judeus em Tessalônica podem tê-lo lembrado de condições semelhantes na Palestina. De qualquer forma, Paulo revela a grande consideração que tem pelos crentes da Judeia e os considera como modelos para as outras igrejas. Em Cristo Jesus. Estas palavras mostram com clareza que Paulo se refere às igrejas cristãs judaicas e não às sinagogas dos judeus, que se consideravam a igreja de Deus. Os cristãos da judeia passaram por impetuosa perseguição nas mãos dos líderes nacionais que rejeitaram a mensagem do evangelho (At.8:1; At.9:1-2). Os tessalonicenses foram perseguidos pelos gentios instigados pelos judeus (At.17:5-8). As duas comunidades cristãs, uma na Palestina, a outra na Macedônia, poderiam simpatizar mutuamente nos sofrimentos em comum. |
1Ts.2:15 | 15. os quais não somente mataram o Senhor Jesus e os profetas, como também nos perseguiram, e não agradam a Deus, e são adversários de todos os homens, Mataram o Senhor Jesus. A igreja dos tessalonicenses era uma igreja de gentios, mas muitos de seus membros tinham sido prosélitos judeus (ver com. de At.17:4). Esses membros estavam acostumados a buscar instrução religiosa por meio dos líderes judeus na cidade. Eles devem ter pensado que havia algo errado com os ensinos de Paulo, já que ele atraía a ira dos líderes sobre ele e seus seguidores. No entanto, Paulo mostra que a animosidade dos líderes religiosos era de se esperar porque eles “mataram o Senhor Jesus e os profetas” (1Ts.2:15; Mt.23:31; At.7:52). O apóstolo responsabiliza os judeus pela morte de Cristo (cf. com. de At.2:23). Também nos perseguiram. Esta frase pode ter aplicação geral ou local. Os judeus perseguiam Paulo desde o tempo de sua conversão (ver com. de At.9:23) e prosseguiram com seus maus desígnios contra ele e seus companheiros (ver com. de At.13:45). Os mesmos judeus que causaram problema em Tessalônica perseguiram Paulo, Silas e Timóteo em Bereia (ver com. de At.17:13). Não agradam a Deus. A forma verbal no grego demonstra que os judeus tinham o hábito de desagradar a Deus. Eram zelosos por Deus e pensavam que o fanatismo cruel O agradava (Jo.16:2), mas a inimizade deles contra os cristãos era inspirada na inveja. A inveja foi o que iniciou a perseguição em Tessalônica e em todos os lugares (At.17:5; At.13:45). Tal conduta incorria no forte desprazer de Deus. Adversários. Os judeus eram adversários, ou estavam em oposição a todas as raças humanas. Se o zelo fosse fundamentado no amor a Deus, também teriam amado seus semelhantes. Em vez disso, manifestaram uma exclusividade intolerante. Essa atitude levou muitos escritores pagãos a descrever os judeus como sentindo “unicamente ódio e inimizade” para com as outras nações (Tácito, Histórias, v. 5). Paulo via esse ódio tomando a terrível forma na tentativa de reter o evangelho daqueles que o desejavam (ver v. 1Ts.2:16). |
1Ts.2:16 | 16. a ponto de nos impedirem de falar aos gentios para que estes sejam salvos, a fim de irem enchendo sempre a medida de seus pecados. A ira, porém, sobreveio contra eles, definitivamente. Impedirem. Do gr. koluo, “impedir”, “evitar”, “proibir”. Os judeus rodeavam “o mar e a terra para fazer um prosélito” (Mt.23:15) e ficavam felizes pelos homens que aceitavam o judaísmo. No entanto, fizeram tudo que estava ao alcance para impedir que os cristãos espalhassem as boas-novas da salvação por meio de Cristo. Para que estes sejam salvos. Paulo estava convencido de que a pregação apostólica resultava na salvação daqueles que aceitavam a mensagem. Ele sabia que não havia salvação a não ser por meio de Jesus Cristo (At.4:12). Ele também sabia, por experiência pessoal, que qualquer esforço para se propagar o evangelho incorreria na ira dos judeus (cf. At.22:22). Irem enchendo. Do gr. anapleroo, “encher sempre”, “encher até a borda”. A rejeição dos judeus da salvação por meio de Cristo e a tentativa de impedir que outros se beneficiassem do sacrifício do Salvador encheu “até a borda” a medida dos pecados deles (cf. com. de Mt.23:32). Sempre. Ao matar os profetas nos tempos do AT, ao rejeitar e crucificar o Senhor e, então, com decidida perseguição a Seus seguidores, os pecados dos judeus se erguiam mais e mais, até que a medida da iniquidade estivesse mais que cheia. A ira. Isto é, a ira de Deus (ver com. de 1Ts.1:10). Sobreveio. A consumação da ira de Deus contra o povo escolhido ainda estava no futuro (70 d.C.), mas Paulo viu o caminho que os judeus estavam tomando e falou com certeza a respeito do fim para o qual se apressavam. A luz das profecias do AT (ver com. de Dn.9:24) e de nosso Senhor (Mt.23:37-39; Mt.24:15-20), bem como pelo esclarecimento do Espírito Santo, o apóstolo via a ira de Deus caindo sobre a nação impenitente. Jerusalém ainda não tinha sido destruída, mas Deus não a protegia mais. Logo a cidade seria esmagada, os judeus, dispersados, e a profecia de Cristo, cumprida (ver com. de Lc.19:43-44; Lc.21:24). Definitivamente. Ou, “até o fim”. |
1Ts.2:17 | 17. Ora, nós, irmãos, orfanados, por breve tempo, de vossa presença, não, porém, do coração, com tanto mais empenho diligenciamos, com grande desejo, ir ver-vos pessoalmente. Orfanados. Do gr. aporphanizo, “privar de um dos pais”. Depois de falar dos judeus nos v. 1Ts.2:15-16, o apóstolo retoma o raciocínio de que não há ameaça quanto a seu amor por eles. A palavra grega sugere a íntima relação familiar existente entre Paulo e seus conversos. Quando as circunstâncias os separaram, cada membro sentiu como se a família fosse dispersada. Por breve tempo. Literalmente, “pelo período de uma hora”. A extensão de tempo entre deixá-los (At.17:10) e a escrita da epístola não é conhecida, mas vários meses devem ter se passado. Empenho. Do gr. spoudazo, “esforçar”, “empregar todas as forças”, “ser diligente”. Diligenciamos. Isto é, excessivamente, o mais forte possível. Paulo não estava indiferente nos esforços para visitar novamente os tessalonicenses. Com grande desejo. Paulo assegura aos tessalonicenses que não deixou pedra sobre pedra em seus esforços para voltar a vê-los. Essa certeza se contrapunha a qualquer sugestão que os oponentes judeus pudessem fazer a respeito de uma deliberada ausência de Tessalônica por parte de Paulo. A expulsão dos apóstolos do meio dos novos crentes intensificou muito o desejo de retornar a Tessalônica. |
1Ts.2:18 | 18. Por isso, quisemos ir até vós (pelo menos eu, Paulo, não somente uma vez, mas duas); contudo, Satanás nos barrou o caminho. Quisemos ir. Literalmente, “desejamos ir” ou “quisemos ir”. Pelo menos eu, Paulo. Neste versículo Paulo se distingue de seus colaboradores, a quem ele associa a si ao longo de toda a epístola. A precisão exigiu isto, porque Silas e Timóteo estavam em Bereia quando Paulo foi para Atenas (At.17:14), e Timóteo tinha feito uma visita aos tessalonicenses sob orientação de Paulo (1Ts.3:1-2). Todos os três desejavam retornar, mas, falando por si, o apóstolo declarava que ele definitivamente planejou vê-los “não somente uma vez, mas duas” (literalmente, “uma e duas vezes”), isto é, repetidas vezes. Ele ansiava vê-los. Satanás. Paulo foi guiado nas viagens missionárias pelo Espírito Santo. Antes de atravessar a Europa na viagem que o conduziu a Tessalônica, o apóstolo pensou em trabalhar na província da Ásia ou na Bitínia, mas foi desviado desses lugares pelo Espírito Santo (At.16:6-7). No entanto, não foi o Espírito Santo quem expulsou a Paulo e seus companheiros de Tessalônica e Se opôs ao retorno deles. Na verdade, isso foi obra do grande adversário, Satanás. Barrou. Do gr. egkopto, “dar uma fechada”, “impedir o rumo de alguém ao cortar seu caminho”. Como numa corrida de carrugens, o motorista poderia “fechar” e assim impedir um oponente, ou como nas rodovias atuais um condutor egoísta algumas vezes “fecha” e bloqueia a passagem do carro que ele surpreendeu, assim Satanás colocou um obstáculo no caminho de Paulo e evitou que retornasse a Tessalônica. O apóstolo não revela como Satanás o havia barrado. O inimigo, no entanto, pode apenas barrar, mas não pode evitar o triunfo final do evangelho. O Senhor é o governante; Ele e Sua igreja triunfarão. |
1Ts.2:19 | 19. Pois quem é a nossa esperança, ou alegria, ou coroa em que exultamos, na presença de nosso Senhor Jesus em sua vinda? Não sois vós? Quem é a nossa esperança? Neste versículo, o apóstolo trata do motivo supremo do anseio de retornar aos crentes tessalonicenses. Ele vivia na esperança de apresentar seus conversos ao Senhor Jesus como troféus do fiel ministério. Sua esperança não era improcedente, porque estava consciente da boa qualidade da vida cristã dos tessalonicenses (cf. com. de 1Ts.1:3-4). Alegria ou coroa. Ver com. de Fp.4:1; 2Co.1:14. Exultamos. Ou melhor, “orgulhamos” ou “gloriamos”. No dia do triunfo, Paulo conseguiria apontar a seus conversos com orgulho permissível, alegrando-se em que o Senhor o tenha usado na salvação deles. Tais sentimentos, expressos pelo apóstolo nesta conjuntura, teriam efeito duplo sobre os leitores: (1) os convenceria da sinceridade do amor de Paulo por eles e do desejo de visitá-los mais uma vez; (2) os encorajaria a permanecer firmes a despeito das perseguições. Na presença de. Ou, “diante”, como em 1Ts.3:13. Vinda. Do gr. parousia (ver com. de Mt.24:3). |
1Ts.2:20 | 20. Sim, vós sois realmente a nossa glória e a nossa alegria! Vós sois [...] nossa glória. No v. 1Ts.2:19, Paulo descreveu os conversos como sua “esperança”, “alegria” ou “coroa”. Neste versículo, ele introduz o conceito de que eles também eram sua “glória” (ou “honra”). Isso era um grande louvor para os tessalonicenses. Os crentes não seriam apenas sua alegria e coroa de glória na vinda de Cristo, mas, já na época da escrita da epístola, eram seu orgulho e deleite. Paulo se gloria nas evidências da obra do Espírito de Deus entre eles. A fé, o amor e a esperança (1Ts.1:3), unidos ao forte espírito missionário dos tessalonicenses (v. 1Ts.1:8), eram motivos para alegria e constante ação de graças por parte do apóstolo (v. 1Ts.1:2). Acima de toda contradição, seu coração estava em Tessalônica. |
1Ts.3:1 | 1. Pelo que, não podendo suportar mais o cuidado por vós, pareceu-nos bem ficar sozinhos em Atenas; Pelo que. Isto é, devido ao intenso amor e aflição do apóstolo por seus conversos e a contínua frustração de Paulo nas tentativas de retornar a Tessalônica. Suportar. Do gr. stego, “cobrir”, “ocultar” (cf. 1Co.9:12; 1Co.13:7). A utilização do sujeito plural neste versículo parece indicar que o apóstolo desejava deixar claro que seus companheiros compartilhavam sua solicitude pelos novos crentes e que participaram incondicionalmente em seus esforços para solucionar os problemas criados pela separação (ver com. de 1Ts.2:17-18). Pareceu-nos bem. Isto é, resolvemos. O tempo verbal grego (eudokeo) demonstra que foi tomada uma decisão definida. Ficar sozinhos em Atenas. O relato informa que, quando Paulo foi forçado a deixar a Macedônia, “Silas e Timóteo continuaram ali” (At.17:14). Ao chegar a Atenas, o apóstolo sentiu o tremendo desafio apresentado pela culta metrópole pagã e sentiu necessidade de auxiliadores fiéis. Ordenou que eles “o mais depressa possível, fossem ter com ele” (At.17:15). O relato em Atos não declara que Silas ou Timóteo estavam aptos a ir a Atenas, mas sugere que Timóteo foi, e que o enviaram de volta à Macedônia quase imediatamente para ministrar aos crentes tessalonicenses. Paulo ficou sozinho em Atenas. Essa decisão deve ter sido a mais difícil para ele. O grande sacrifício que o apóstolo estava disposto a fazer, privando-se do companheirismo e auxílio de Timóteo indica a urgência das necessidades dos tessalonicenses. Depois da visita, Timóteo e Silas se encontraram com Paulo em Corinto (At.18:5). É evidente, portanto, que os três obreiros se uniram nos planos traçados e que Paulo tomou a iniciativa no planejamento e na realização. |
1Ts.3:2 | 2. e enviamos nosso irmão Timóteo, ministro de Deus no evangelho de Cristo, para, em benefício da vossa fé, confirmar-vos e exortar-vos, Enviamos Timóteo (ARC). Ver com. do v. 1Ts.3:1. Ministro. Do gr. diakonos (ver com. de Mc.9:35). E nosso cooperador (ARC). As evidências textuais estão divididas (cf. p. xvi) entre incluir ou excluir esta frase. Quer seja incluída, quer não, Paulo está elogiando Timóteo. O jovem não era apenas irmão de Paulo, participante da mesma fé e associado, era também colaborador com Deus na proclamação do evangelho de Cristo. Essa nobre concepção de estar ligado a Deus na Sua grande missão de amor pela humanidade caída tinha preeminência no pensamento de Paulo e foi expressa várias vezes em seus escritos (cf. Rm.1:9; 1Co.3:9; 2Co.6:1; Fp.4:3). Para confirmar-vos. Do gr. sterizo (ver com. de Rm.16:25). O principal objetivo da visita de Timóteo era fortalecer e confirmar os crentes, para que nenhum voltasse atrás. Exortar-vos. Do gr. parakaleo (ver com. de Mt.5:4). O segundo propósito na missão de Timóteo era exortar os crentes. Isso incluiria uma revisão acerca do que foram ensinados, uma ampliação dos horizontes doutrinários e fortalecimento da experiência cristã diária. Tudo isso está incluso na frase “em benefício da vossa fé”. |
1Ts.3:3 | 3. a fim de que ninguém se inquiete com estas tribulações. Porque vós mesmos sabeis que estamos designados para isto; Inquiete. Do gr. saino, “perturbar”, “agitar”, utilizado apenas neste versículo no NT. Nos escritos clássicos, o vocábulo é utilizado para cães, com o sentido de “abanar a cauda”, daí os significados derivados “bajular”, “enganar”. Alguns creem que estes últimos significados deveriam ser aplicados ao versículo em questão. Outros, que o significado “perturbar” se encaixa melhor, pois é apoiado pelas versões antigas. Paulo conhecia os perigos que a perseguição local apresentava aos tessalonicenses, e esperava fervorosamente que o ministério de Timóteo os impediria de enfraquecer na fé. Com estas tribulações. Ou, “nestas aflições”, já que Paulo previa as difíceis circunstâncias em que seus conversos teriam que praticar a fé. Estamos. O pronome implícito (“nós”) se refere não apenas aos apóstolos, mas também aos conversos. A percepção de que Deus sabia da perseguição que estavam sofrendo, e que ela desempenhava parte importante em Seu plano para a vida deles, fortalece os cristãos para enfrentar a aflição. As provações que nosso Pai permite são meios necessários para a salvação, dirigidas e amenizadas para tal fim (1Co.10:13). O caráter é aperfeiçoado pelas provações, e os cristãos não devem se rebelar no processo de refinamento (ver com. de Ml.3:3; At.14:22; 2Tm.3:12; 1Pe.2:21; 1Pe.4:12-13). |
1Ts.3:4 | 4. pois, quando ainda estávamos convosco, predissemos que íamos ser afligidos, o que, de fato, aconteceu e é do vosso conhecimento. Predissemos. Paulo e seus companheiros se empenharam para preparar os tessalonicenses, no curto período em que estiveram com eles, para a inevitável dificuldade que estava à frente (ver At.18:23). Para começar, os crentes estavam a par dos terríves açoites que Paulo e Silas tinham recebido em Filipos (ver com. de 1Ts.2:2). Na pregação, os missionários os advertiram acerca da perseguição vindoura, Paulo lembra-lhes a predição e seu doloroso cumprimento. A veracidade da palavra apostólica confirmou a confiança dos tessalonicenses (cf. com. de Jo.13:19) e incentivou a firmeza. Íamos ser afligidos. Ou, “estamos prestes a sofrer tribulaçâo”. |
1Ts.3:5 | 5. Foi por isso que, já não me sendo possível continuar esperando, mandei indagar o estado da vossa fé, temendo que o Tentador vos provasse, e se tornasse inútil o nosso labor. Foi por isso. Embora Paulo soubesse que os tessalonicenses seriam perseguidos, não aceitou de modo indiferente essa convicção. Ele amava seus filhos espirituais e estava ansioso pelo bem-estar deles. Por esta razão, enviou um mensageiro pessoal para lhe trazer em primeira mão as notícias sobre eles. Paulo não cita o nome da pessoa enviada neste versículo, já que deu esta informação anteriormente (v. 1Ts.3:2). O apóstolo apenas declara a razão para enviar Timóteo, e já havia feito uma declaração semelhante nos v. 1Ts.3:1-2, mas aqui a torna mais pessoal, ao falar na primeira pessoa do singular, empregando “eu” em vez de “nós”. Continuar esperando. Ver com. do v. 1Ts.3:1. Estado da vossa fé. O estado de saúde espiritual dos conversos era a principal preocupação de Paulo. O tentador vos provasse. Paulo conhecia as fragilidades da carne humana e temia que alguns dos crentes abandonassem a pureza da fé. Sua preocupação desapareceria apenas com as notícias de Tessalônica. O apóstolo revela sua compreensão dos meios pelos quais a tentação ocorre. Deus permitiu que as provações acometessem os crentes tessalonicenses, mas a tentação não veio dEle. Paulo reconhece que o estímulo ao mal vem do tentador, o próprio Satanás (cf. com. de Mt.4:1; Tg.1:13-14). Ele percebe que um demônio pessoal, trabalhando por meio de homens ímpios, ataca o povo de Deus com o propósito de desencorajá-lo e levá-lo a abandonar a fé. Se o demônio tivesse êxito, então o labor pelos crentes teria sido em vão, porque Paulo considera seus esforços infrutíferos a menos que resultem em salvação. |
1Ts.3:6 | 6. Agora, porém, com o regresso de Timóteo, vindo do vosso meio, trazendo-nos boas notícias da vossa fé e do vosso amor, e, ainda, de que sempre guardais grata lembrança de nós, desejando muito ver-nos, como, aliás, também nós a vós outros, Agora, porém. O advérbio “agora” claramente indica que Timóteo já tinha chegado de Tessalônica. Esta epístola, então, foi escrita logo depois da chegada de Timóteo e reflete os sentimentos amorosos evocados pelo relato encorajador de Timóteo. Também é evidente que a epístola foi escrita em Corinto, não em Atenas (ver p. 222), porque o relato informa que Timóteo e Silas se uniram a Paulo em Corinto (At.18:5). Amor. Do gr. agape, “amor” (ver com. de Mt.5:43; Jo.11:3; 1Co.13:1). Foi um bálsamo ao coração de Paulo saber que a fé dos crentes não tinha sido abalada e que o amor não tinha se esfriado. Grata lembrança de nós. Paulo temia que as interpretações errôneas dos judeus tivessem voltado os tessalonicenses contra ele, quando se ausentou. As notícias de que ainda pensavam nele com carinho e ansiavam vê-lo foi muito reconfortante ao apóstolo, que declara retribuir o anseio (cf. 1Ts.2:17-18). |
1Ts.3:7 | 7. sim, irmãos, por isso, fomos consolados acerca de vós, pela vossa fé, apesar de todas as nossas privações e tribulação, Fomos consolados. Paulo foi muito cuidadoso em encorajar outros e então foi confortado pelos que ajudava. Do mesmo modo, os atuais ministros de Deus devem ser animados. O melhor encorajamento que um converso pode dar a quem o levou ao Salvador é estar firme no caminho cristão. Privações e tribulação. Evidências textuais confirmam (cf. p. xvi) a inversão das palavras “aflição” (thlipsis) e “tribulação” (anagke; sobre o significado das duas palavras gregas, ver com. de Rm.2:9; 1Co.7:26, respectivamente). Alguns intérpretes creem que a expressão “privações e tribulação” se refere a problemas internos e externos. As severas provas impostas ao apóstolo em Corinto, pelos judeus, são as referências mais prováveis (At.18:1-17). Ali os líderes judeus objetaram à pregação do evangelho com tanta veemência e blasfêmia que o apóstolo se separou deles e se voltou completamente para os gentios (At.18:6). Contudo, as exaustivas tentativas de silenciá-lo não cessaram, em vez disso, aumentaram, até desencadearem aberta insurreição contra ele (At.18:12). Nessa época problemática, o Senhor misericordiosamente encorajou Paulo a apresentar a mensagem e assegurou-lhe proteção e êxito (At.18:9-10). Possivelmente, foi nessa época que ele recebeu a confortante mensagem trazida por Timóteo. |
1Ts.3:8 | 8. porque, agora, vivemos, se é que estais firmados no Senhor. Porque, agora, vivemos. Em contraste com a existência atribulada, condicionada por aflição e angústia, que os apóstolos vinham enfrentando. Se é que estais firmados. Sobre a expressão “estais firmados”, ver com. de Fp.1:27. Paulo declara que, enquanto os tessalonicenses permanecessem firmes, ele e seus companheiros desfrutariam vida no sentido cristão mais pleno. A expressão sincera de amor da parte do apóstolo e seu ardente interesse no bem-estar eterno deles encorajou os tessalonicenses a serem fiéis. |
1Ts.3:9 | 9. Pois que ações de graças podemos tributar a Deus no tocante a vós outros, por toda a alegria com que nos regozijamos por vossa causa, diante do nosso Deus, Que ações de graças [...]? O coração de Paulo transborda com intensa alegria ao pensar no magnífico comportamento de seus conversos. Paulo deseja agradecer o testemunho exemplar não às pessoas, mas a Deus, que possibilitou a vida vitoriosa deles. Sua alegria é espiritual. Ergue-se de contemplar o crescimento espiritual dos crentes. Essa alegria é isenta de egoísmo. É semelhante à felicidade sentida pelos anjos na conversão de um pecador (Lc.15:10). Pela terceira vez, Paulo expressa gratidão a Deus por Seu poder mantenedor em favor dos conversos (ver 1Ts.1:2; 1Ts.2:13). O que poderia ser maior motivo de ação de graças? A alegria que um verdadeiro servo de Cristo experimenta enquanto aprende da fidelidade daqueles a quem conduziu ao Senhor é a maior remuneração pelo serviço (ver 3Jo.1:4). |
1Ts.3:10 | 10. orando noite e dia, com máximo empenho, para vos ver pessoalmente e reparar as deficiências da vossa fé? Orando noite e dia. Ver com. de 1Ts.2:9. Neste versículo, há um vislumbre da vida de oração do apóstolo. Paulo trabalhava “noite e dia” (1Ts.2:9); sim, como o sumo sacerdote, ele carregava os conversos em seu coração continuamente (ver com. de Ex.28:29). Para vos ver pessoalmente. Ver 1Ts.2:17-18; 1Ts.3:6. Paulo cria que havia algo que pudesse fazer pessoalmente e que não poderia ser realizado de outra forma. O fato de estar impedido de cumprir seu desejo o motivou a escrever esta carta, que tanto benefício trouxe para seus amigos distantes e ainda mais para a igreja em todas as épocas. Esta epístola, possivelmente a primeira dos escritos conhecidos (ver p. 222), foi produzida como resultado direto das tentativas malsucedidas de retornar a Tessalônica (ver 1Ts.2:18). É possível que ele tenha visitado esta igreja mais tarde e tenha dado instruções adicionais aos membros (ver At.20:2). Porém, seu caminho estava obstruído. A demora imposta ao apóstolo foi, pela graça de Deus, a ocasião para a escrita da epístola. Assim, a ira do homem foi tornada em louvor a Deus. Reparar. Do gr. katartizo (ver com. de Lc.6:40; Gl.6:1). Paulo estava ansioso para suprir o que faltava no preparo espiritual deles. Anteriormente, ele exaltou a fé, o amor e a esperança (1Ts.1:3), mas reconheceu que faltavam virtudes essenciais (ver com. de 1Ts.4:11; 1Ts.5:14) e que precisavam progredir “cada vez mais” (1Ts.4:10) nas graças cristãs. |
1Ts.3:11 | 11. Ora, o nosso mesmo Deus e Pai, e Jesus, nosso Senhor, dirijam-nos o caminho até vós, Ora, o nosso mesmo Deus. Com estas palavras Paulo inicia uma nova seção e registra uma oração específica. O fato de Deus e Cristo serem mencionados juntos enfatiza a unidade destes dois membros da Trindade (sobre os títulos de Paulo para o Pai e o Filho, ver com. de Rm.1:7; Gl.1:4; Fp.2:5). Dirijam-nos. Literalmente, “fazer reto” (cf. Lc.1:79; 2Ts.3:5). O caminho de Paulo tinha sido bloqueado por Satanás (1Ts.2:18), assim, o apóstolo se voltou para o Pai e para Cristo, pedindo-Lhes que removesse todos os obstáculos e possibilitasse que ele e seus companheiros visitassem os tessalonicenses novamente. |
1Ts.3:12 | 12. e o Senhor vos faça crescer e aumentar no amor uns para com os outros e para com todos, como também nós para convosco, E o Senhor. Ou, “mas o Senhor”, em contraste com os v. 1Ts.3:11-12. Paulo afirma: “independentemente do que aconteça comigo, desejo que cresçam em estatura espiritual”. Faça crescer. Do gr. pleonazo, “superabundar”. O adicional “aumentar” serve para enfatizar a intensidade do desejo de Paulo em favor de seus conversos. Ele ora para que Cristo lhes conceda um amor mais profundo para com os companheiros crentes e também pelos descrentes. O apóstolo queria que o ardente amor que sentia pelos tessalonicenses fosse reproduzido no coração deles em benefício de outros. Amor ardente uns pelos outros é um sinal para o mundo sobre a genuinidade da religião cristã. Esse é um claro ensino de Cristo (Jo.13:34-35). |
1Ts.3:13 | 13. a fim de que seja o vosso coração confirmado em santidade, isento de culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos. A fim de que. É dada uma ênfase no resultado de ter corações transbordando em amor. Confirmado. Do gr. sterizo (ver com. de Rm.16:25). No v. 1Ts.3:2, o vocábulo sterizo é traduzido como “confirmar”. Paulo estava confiante que Cristo firmaria o coração dos crentes, e reconhecia que os tessalonicenses não poderiam realizar a obra por si próprios. Santidade. Isto indica que a esfera em que Cristo torna os crentes inculpáveis. Ele os capacita a viver vida santa para que consigam permanecer em pé e sem censura diante do juiz do universo. Estar “confirmado em santidade” representa o mais alto padrão ético e espiritual. O apóstolo crê que tal padrão pode ser alcançado pela graça que Cristo provê àqueles que crescem em amor. Crer menos que isso seria negar o evangelho. Isento de culpa. Do gr. amemptoi, “sem culpa”, “não merecedor de censura”, “livre de defeito” (cf. com. de Ef.1:4; Fp.2:15; Fp.3:6). O desejo do apóstolo em favor de seus conversos é que eles estejam livres de qualquer falha em questões espirituais. Na presença de nosso Deus. A preocupação de Paulo é que seus conversos sejam julgados irrepreensíveis, não pelos homens que são falíveis, mas por Deus, que perscruta os corações e sabe o que está na mente. E Pai. Ver v. 1Ts.3:11. Vinda. Do gr. parousia (ver com. de Mt.24:3). A vinda de nosso Senhor é um dos temas principais desta epístola (ver 1Ts.1:10; 1Ts.2:19; 1Ts.4:16; 1Ts.5:23). Nesse cenário, Paulo vê o dia da vinda de Cristo como a época quando o caráter do crente deverá ser confirmado. Então, não haverá possibilidade de mudança. Santos. Do gr. hagioi (ver com. de Rm.1:7). No NT, hagioi geralmente se refere aos filhos de Deus redimidos (Mt.27:52; At.9:13; 1Co.1:2). Alguns creem que, neste versículo, hagioi se refere a anjos que acompanham Cristo na parousia (Mt.25:31). Outros creem que Paulo está pensando nos santos mortos e vivos que serão unidos na época do aparecimento de Cristo (1Ts.4:13-17). |
1Ts.4:1 | 1. Finalmente, irmãos, nós vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus que, como de nós recebestes, quanto à maneira por que deveis viver e agradar a Deus, e efetivamente estais fazendo, continueis progredindo cada vez mais; Finalmente. Do gr. loipos, “para o resto”, traduzido como “finalmente” (2Co.13:11; Ef.6:10; Fp.4:8; 2Ts.3:1; ver com. de Fp.3:1). Paulo agora muda da oração para uma extensa exortação a respeito da vida cristã. Nós vos rogamos. Do gr. erotao (ver com. de Fp.4:3). Em vez de recorrer à autoridade apostólica e distribuir ordens aos ouvintes, com tato e humildade, Paulo solicita-lhes que ouçam e se dirige a eles como irmãos. Exortamos. Do gr. parakaleo (ver com. de Mt.5:4). Paulo não se contenta com solicitações. Acrescenta sincera exortação ao apelo. Orou para que os tessalonicenses estivessem prontos para a vinda do Senhor (1Ts.3:12-13), no entanto, apenas orar não seria suficiente. Havia algo mais para ser feito. A parte deles era prestar atenção à instrução dada e, pela graça de Deus, agir. No Senhor Jesus. Literalmente, “no Senhor Jesus” (cf. com. de Fp.2:19). Paulo não deu opiniões ou conselhos particulares, mas escreveu sob inspiração divina. O apóstolo exortou em nome do Senhor e por Sua autoridade. Discreta como esta abordagem é, admite uma forte nota de autoridade e foi calculada para ter grande influência sobre os ouvintes. De nós recebestes. Paulo lembra os leitores o que foram ensinados enquanto estava com eles (cf. 1Co.15:1; Gl.1:9; Fp.4:9). A instrução prática havia sido dada a eles (cf. 1Ts.2:2; 1Ts.2:7-8; 1Ts.2:13). Viver e agradar a Deus. Isto é, caminhar de modo a agradá-Lo. Evidências textuais favorecem (cf. p. xvi) o acréscimo das palavras “como também caminhais” ou “como também estão caminhando” ou “como estão fazendo”. O objetivo da caminhada ou vida (ver com. de 1Ts.2:12) deveria ser a conquista da aprovação de Deus sobre a conduta (cf. com. do v. 1Ts.2:4). O apóstolo ensinou os tessalonicenses a viver, não como os judeus em geral que desagradavam a Deus (v. 1Ts.2:15), mas de acordo com os princípios do evangelho e, assim, sempre terem a aprovação divina. Progredindo cada vez mais. O apóstolo tinha elevadas metas para a excelência cristã de seus conversos. Paulo cria que os tessalonicenses podiam ir muito além das realizações atuais (cf. Ed, 18). Essa confiança no potencial deles abriu o coração dos tessalonicenses para as sérias advertências em seguida. |
1Ts.4:2 | 2. porque estais inteirados de quantas instruções vos demos da parte do Senhor Jesus. Estais inteirados. Ver 1Ts.2:1-2; 1Ts.2:9; 1Ts.2:11, em que Paulo destaca o conhecimento pessoal dos tessalonicenses originado no ministério anterior entre eles. O apóstolo não faz novas exigências. Instruções. Do gr. paraggeliai, “anúncios” ou “obrigações”, portanto, “instruções”, vocábulo geralmente utilizado na literatura clássica para ordens militares. Refere-se neste versículo às instruções previamente dadas por Paulo em Tessalônica. Da parte do Senhor Jesus. Ou, “por meio da atuação do Senhor Jesus”. O apóstolo novamente lembra os leitores que os ensinos foram dados sob autoridade divina. Prestes a falar dos pecados particulares dos quais alguns na igreja eram culpados, Paulo estava muito ansioso para que cacla membro reconhecesse que ele estava enunciando os princípios de Cristo (cf. v. 1Ts.4:8). Esse reconhecimento asseguraria uma resposta positiva à moralidade evocada por ele. |
1Ts.4:3 | 3. Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição; A vontade de Deus. A vontade de Deus, aqui, representa os desejos dEle para Seus filhos. Não é Sua vontade que até mesmo um membro de Sua família pereça por causa de qualquer tipo de pecado (Mt.18:14). Santificação. Do gr. hagiasmos (ver com. de Rm.6:19). O termo hagiasmos é inclusivo e não deve ser limitado a amor, embora o apóstolo tenha o amor em mente no contexto atual. A vontade de Deus, no entanto, pode ser cumprida apenas com nossa completa consagração. Cristo morreu para possibilitar nossa santidade (Ef.5:25-27), mas esse resultado não é obtido num momento. A justificação é efetuada momentaneamente, quando o pecador arrependido aceita o perdão de Deus, o que não ocorre com a santificação, que é obra contínua da graça (ver com. de Rm.12:1-2). “Não é obra de um momento, uma hora, um dia, mas da vida toda” (AA, 560). Abstenhais. Do gr. apechomai, “manter-se longe de”, portanto, “abster-se”. Deus espera que o cristão se mantenha longe do pecado e não se exponha à tentação (ver com. de 1Co.6:18). Prostituição. Do gr. porneia (ver com. de Mt.5:32; At.15:20; 1Co.5:1). Este pecado requeria denúncia enfática entre os conversos gentios, porque foram gerados numa atmosfera onde a frouxidão moral era aceita e o vício era consagrado como rito religioso (ver vol. 6, p. 79, 80). A divindade padroeira de Corinto, de onde Paulo escreveu, era Afrodite, a deusa do amor e da concepção, e sua adoração era acompanhada de orgias selvagens. Era difícil para cristãos em qualquer cidade pagã permanecerem impassíveis a tamanha imoralidade. No entanto, tudo que é contrário à castidade do coração, em linguagem e comportamento, é contrário à ordem de Deus no decálogo e à santidade que o evangelho exige (cf. Mt.5:27-28; At.15:29; 1Co.6:18; Gl.5:19; Ef.5:3). Em nossos dias, quando os padrões de conduta sexual são diminuídos, a castidade é considerada antiquada e os divórcios são frequentes, essa imposição merece atenção escrupulosa de cada professo seguidor do Senhor. |
1Ts.4:4 | 4. que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra, Saiba. Ou, “compreenda”. Em 1Ts.5:12, Paulo utiliza o verbo “saber” no sentido de “conhecer o valor de”, “apreciar”, “respeitar”. Diferentes formas do mesmo verbo são utilizadas (1Ts.4:5; 2Ts.1:8; Cl.4:8) para descrever aqueles que não conhecem a Deus, isto é, que não O compreendem ou não O apreciam. Possuir. Do gr. ktaomai, “adquirir”, “pegar para si”, “conseguir para si”. Vaso (ARC). Do gr. skeuos, “uma coisa”, “um objeto”, “vaso”, “jarro”, “louça”. O vocábulo skeuos é traduzido como “vaso” em 19 das 23 vezes no NT. Há divergências quanto ao significado deste versículo. Alguns sustentam que Paulo se referiu ao corpo do cristão, com indicação especial às funções sexuais. Esta interpretação é consistente com o contexto, que trata de pureza sexual (v. 1Ts.4:3; 1Ts.4:5), mas não tanto com o significado do vocábulo ktaomai, “adquirir” (ver acima como “possuir”). No entanto, é possível dar a ktaomai o significado de “obter controle sobre”. A opinião geral dos eruditos é interpretar skeuos, “vaso”, como se referindo à esposa de um homem. Essa opinião tem apoio escriturístico em 1Pe.3:7, em que a esposa é descrita como o “vaso mais fraco” (ARC), e na literatura rabínica, que fala da esposa como um “vaso” para o homem. Com essa interpretação, Paulo diria: “Cada cristão deveria saber como tomar uma esposa para si de modo honrado e consagrado.” Outro ponto de vista pede consideração. Alguns intérpretes têm sugerido uma divisão do versículo, o que resulta nesta tradução: “Cada um de vós respeite a própria esposa e ganhe em santificação e honra.” Eles têm mantido que o segundo pensamento se aplica a interações comerciais, ter ou adquirir riquezas e que Paulo encoraja isso, numa base ética. No entanto, tal interpretação perturba a fluidez do pensamento de Paulo, que se concentra em questões de pureza sexual, nos v. 1Ts.4:3-7. A abordagem do assunto da impureza e do casamento nesta epístola está em harmonia com a discussão de tópicos semelhantes em 1Co.7. Ele vê o casamento como uma união divinamente ordenada que auxilia os parceiros cristãos a evitar as tentações sexuais (ver com. de 1Co.7:1-5). |
1Ts.4:5 | 5. não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus; Desejo. Do gr. pathos, “emoções” boas ou más, mas no NT apenas os maus desejos (Rm.1:26; Cl.3:5). Lascívia. Do gr. epithumia, “desejo”, “vontade”, “anseio”, geralmente no NT como desejo mau, especificamente, “luxúria” (ver com. de Mc.4:19; Rm.7:7). A expressão “desejo de lascívia” pode ser traduzida como “paixão do desejo”. A íntima ligação entre 1 Tessalonicenses 4:4 e 5 apoia o ponto de vista de que Paulo lida com aspectos sexuais do casamento. No v. 1Ts.4:4, ele faz uma abordagem positiva; no v. 5 ele ressalta a atitude que os cristãos deveriam evitar. Embora criados numa atmosfera imoral, eles não deveriam permitir ser manchados pela imoralidade. Gentios. Ou, “pagãos”. Como os tessalonicenses tinham sido gentios ou pagãos, entendiam as referências de Paulo. No entanto, o fato de o apóstolo distingui-los claramente dos pagãos os encorajou a manter a distinção ao recusar condescender com a imoralidade, como os gentios faziam. |
1Ts.4:6 | 6. e que, nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão; porque o Senhor, contra todas estas coisas, como antes vos avisamos e testificamos claramente, é o vingador, Nesta matéria. A compreensão do que é indicado por “a matéria” afeta essencialmente a interpretação deste versículo. Alguns sustentam que se infere a transações comerciais e que Paulo está admoestando os conversos a serem honestos nas negociações. Este ponto de vista é contrário à linha de pensamento de Paulo como expressa nos v. 1Ts.4:5; 1Ts.4:7, em que claramente ele lida com pureza sexual. Parece preferível assumir que o apóstolo se mantém no assunto nos v. 1Ts.4:3-7, e que ele cuidadosamente afirma que a fornicação é uma forma de roubo, uma vez que toma o que pertence a outro. Ofenda. Do gr. huperbaino, “pular”, “ir além”, metaforicamente, “transgredir”. O verbo é utilizado apenas aqui no NT. Defraude. Do gr. pleonekteo, “tirar vantagem de outro”, “fracassar”. Uma palavra diferente (apostereo) é utilizada para “defraudar” em 1Co.7:5, mas o significado é similar. Todas estas. Isto é, todas as pessoas que praticam os pecados carnais de fornicação, adultério e qualquer outra forma de impureza sexual. Avisamos. Do gr. proeipon, “dizer antes”, isto é, anteriormente. Paulo repete um ensino transmitido anteriormente aos crentes. Testificamos. Ou, “testemunhamos sinceramente”, “carregado de religiosidade”. Paulo tinha alertado fielmente os conversos contra as influências corruptoras presentes na sociedade. Tal admoestação solene precisava ser levada a sério pela igreja de Deus na atualidade, cercada como está pelas influências de uma sociedade corrupta. Vingador. Do gr. ekdikos (ver com. de Rm.13:4). O Senhor é retratado, neste versículo, como o executor do juízo. Aquele que forma o laço o qual une esposo e esposa, também cuida deles (ver Mt.19:5-6). Relacionamentos que são considerados secretos, que não se originam diante de um tribunal terrestre, são vistos pelo Senhor (ver Hb.4:13). Ele julga. O malfeitor não consegue escapar do castigo dEle. Desse modo, Paulo relembra seus leitores que o pecado, especialmente o tipo do qual ele trata aqui, não permanecerá sem punição. Essa declaração é dada como a primeira razão para não defraudar o irmão. |
1Ts.4:7 | 7. porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação. Porquanto. A segunda razão dada pelo apóstolo Paulo no apelo por pureza de conduta (ver com. do v. 1Ts.4:6). Chamou. Ver com. de 1Ts.2:12. O chamado de Deus é uma razão poderosa para os filhos de Deus se absterem de todas as formas de impureza (ver com. de 1Co.6:18-20; 1Pe.1:14-16). Para a impureza. Ver com. de 1Ts.2:3. A preposição “para” (epi) pode ser traduzida como “por”, já que se refere a propósito. Deus não chamou homem algum para ser imoral ou impuro. Para. Do gr. en, literalmente, “em”. Santificação. Do gr. hagiasmos (ver com. de Rm.6:19), “santificação” (ver com. de 1Ts.4:3). A preposição (en) difere da utilizada com “impureza” (epi) e indica que Deus espera que Seus filhos chamados vivam na esfera da santidade (cf. Hb.12:14). A santidade deveria caracterizar cada aspecto da vida do cristão. |
1Ts.4:8 | 8. Dessarte, quem rejeita estas coisas não rejeita o homem, e sim a Deus, que também vos dá o seu Espírito Santo. Rejeita. Melhor, “rejeitou”, isto é, aquele que rejeita o conselho de Paulo (v. 1Ts.4:3-7) rejeita a palavra de Deus. Esse ponto de vista põe grande peso sobre os padrões morais apresentados pelo apóstolo. Que também. Evidências textuais podem ser citadas (cf. p. xvi) para a omissão de “também” e favorecem a variante “vos dá”, em vez de “vos deu” (ARC). Deus transmite continuamente o Espírito Santo aos Seus filhos. Vos dá. Evidências textuais confirmam (cf. p. xvi) esta variante. Paulo não fala de sua inspiração pessoal pelo Espírito Santo, mas da provisão que Deus tem feito para Seu povo ser vitorioso sobre todas as formas de pecado. O Senhor não chamou Seus filhos apenas à santidade e lhes concedeu ordens explícitas contra a impureza, mas concedeu poder para alcançarem Seu alto padrão. Assim fortalecido, o cristão é capaz de superar todos os obstáculos na busca de um caráter como o do Mestre (cf. Ef.3:16-19; Fp.4:13; Cl.1:11). |
1Ts.4:9 | 9. No tocante ao amor fraternal, não há necessidade de que eu vos escreva, porquanto vós mesmos estais por Deus instruídos que deveis amar-vos uns aos outros; Amor fraternal. Do gr. philadelphia (ver com. de Rm.12:10; Hb.13:1; 1Jo.3:14; 1Jo.4:20-21). Paulo discute (1Ts.4:6) um tipo específico de violação dos princípios do amor e acha desnecessário prosseguir com o assunto. Por Deus instruídos. Quando o cristão aceita a nova aliança da graça e permite que o Senhor escreva a lei divina no coração, ele é ensinado por Deus e não depende exclusivamente da instrução humana (ver Hb.8:10-11). Amar-vos uns aos outros. O propósito da instrução divina é promover o amor fraternal no coração dos crentes (cf. com. de 1Ts.3:12). O amor fraternal fervoroso é uma das mais fortes evidências de conversão (AA, 262). |
1Ts.4:10 | 10. e, na verdade, estais praticando isso mesmo para com todos os irmãos em toda a Macedônia. Contudo, vos exortamos, irmãos, a progredirdes cada vez mais Na verdade, estais praticando. Esta foi outra razão pela qual Paulo não precisava escrever mais a respeito do amor fraternal. Os tessalonicenses já tinham demonstrado amor para com os crentes do norte da Grécia, e Paulo os elogiara no início da epístola pela “abnegação do vosso amor” (ver com. de 1Ts.1:3). Ele não explica de que modo o amor fraternal deles foi demonstrado, mas certamente foi a hospitalidade cristã para com os companheiros macedônios. Paulo utiliza esta característica comprovada como base para apelar à pureza de vida. Tendo demonstrado amor em larga escala, certamente os tessalonicenses o praticarão nos relacionamentos diários com os irmãos da igreja. Exortamos. Ver com. do v. 1Ts.4:1. Progredirdes cada vez mais. Ver a expressão “progredindo cada vez mais” (v. 1Ts.4:1). O amor que os tessalonicenses exibiam ainda não era perfeito. O apóstolo solicitou-lhes que se empenhassem em realizações ainda maiores. O caminho do cristão é de progresso contínuo. Apenas quando amamos uns aos outros plenamente é que o amor de Deus é aperfeiçoado em nós (1Jo.4:12; 1Jo.4:20-21). |
1Ts.4:11 | 11. e a diligenciardes por viver tranquilamente, cuidar do que é vosso e trabalhar com as próprias mãos, como vos ordenamos; Diligenciardes. Do gr. philotimeomai, literalmente, “desejar honra”; neste versículo, “ser ambicioso”, “almejar”. Tranquilamente. Isto é, ter uma vida sossegada, viver com calma. Havia fanatismo entre os crentes tessalonicenses. Ideias e doutrinas extravagantes eram divulgadas por uns poucos para inquietar muitos (ver 2Ts.3:11-12; AA, 261). A partir do contexto e do teor da epístola, parece que esses pontos de vista inquietantes estavam ligados à doutrina do segundo advento (ver 1Ts.4:13-18; 1Ts.5:1-11; cf. AA, 228, 229). Cuidar do que é vosso. Ou “cuidar dos assuntos pessoais”. Dá-se a impressão que alguns membros da igreja tinham se intrometido em assuntos alheios, possivelmente, até mesmo nos assuntos da igreja (cf. com. de 2Ts.3:11-12). Trabalhar. Uma das melhores salvaguardas contra a intromissão é a ocupação no trabalho. No entanto, parece que alguns estavam ensinando que, em vista do segundo advento, era muito tarde para ocupações comuns. Como resultado, alguns pararam de trabalhar pela subsistência e, para sustento próprio, dependiam da generosidade dos irmãos. Como vos ordenamos. Paulo já havia lidado com o problema enquanto esteve com os tessalonicenses, então apelou às instruções verbais anteriores e não apenas ordenou um modo de vida, mas estabeleceu um exemplo notável de trabalho sistemático, independência e utilidade (cf. com. de At.18:3). |
1Ts.4:12 | 12. de modo que vos porteis com dignidade para com os de fora e de nada venhais a precisar. Porteis. Do gr. peripateo (ver com. de 1Ts.2:12). Dignidade. Do gr. euschemonos, “apropriadamente”, “de modo adequado”. A admoestação não se refere a relações comerciais, mas a ter uma vida cristã consistente, tomando conta dos assuntos pessoais e trabalhando diligentemente para se sustentar. Para com os de fora. Isto é, os de fora da igreja, os não cristãos (ver com. de 1Co.5:12). A coerência na vida cristã é um testemunho ao mundo descrente. De nada venhais a precisar. Ou “não necessita de homem”. Qualquer que seja a variante escolhida, o significado é claro. |
1Ts.4:13 | 13. Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança. Não queremos. Paulo pode ter associado conscientemente Silas e Timóteo nesta declaração, ou a utilização da primeira pessoa do plural pode ser editorial (ver com. de 1Ts.1:1). O apóstolo aborda um novo tópico: o destino dos cristãos mortos com relação ao retorno de Cristo. Pode ser que Timóteo, ao retornar de Tessalônica (1Ts.3:6), tenha trazido notícias de que os membros da igreja estavam preocupados com o destino daqueles que faziam parte do grupo, mas morreram depois de convertidos. Como compartilhariam das glórias do reino de Cristo em Sua vinda? Paulo passa a considerar o assunto em detalhes (1Ts.3:13-18) e lida com o tópico relacionado: o tempo da vinda de Cristo (1Ts.5:1-11). Ele trata os dois assuntos não como novas doutrinas, mas como ensinos familiares sobre os quais os crentes precisavam de instrução e admoestação adicionais. Paulo não teve tempo para responder a todas as perguntas ou a esclarecer todos os temas enquanto esteve com eles. Aos que dormem. Do gr. koimao, “dormir”, “morrer” (sobre o sono como uma metáfora da morte, ver com. de Jo.11:11). Evidências textuais podem ser citadas (cf. p. xvi) para a variante “estão dormindo”. Cristãos morriam continuamente. As inscrições gregas demonstram que uma sepultura era conhecida às vezes como koimeterion, palavra utilizada também para um dormitório ou quarto de dormir. No uso cristão pensava-se na morte como um sono, aguardando a manhã da ressurreição. Para não vos entristecerdes. Parece que os tessalonicenses sofriam desnecessariamente por aqueles que morreram depois de aceitar o evangelho. Os que permaneceram temiam que o falecido perdesse a gloriosa experiência que os cristãos esperavam desfrutar no retorno de Cristo. Paulo devota os v. 1Ts.4:13-18 para desfazer esse mal-entendido e para consolar os crentes. Ele explica que não há necessidade para os cristãos vivos ficarem tristes pelos irmãos mortos, porque a esperança da ressurreição remove o motivo para a tristeza. Paulo não está mostrando aversão ao pesar natural. Ele ensina os crentes a não imergir em desesperadora tristeza humana, mas a erguer a cabeça em expectação da reunião com os amados que partiram na época do retorno do Senhor e da ressurreição. Como os demais. Melhor, “como os demais”, isto é, os não cristãos. Que não têm esperança. O não cristão não tem equivalência da esperança do cristão. O descrente não tem base para esperar vida após a morte. Para ele, a morte é o fim, porque sabe que nenhum poder consegue quebrar os laços da morte e dar vida ao morto. Somente o cristão conhece Aquele que conquistou a morte a favor de Si mesmo e de Seus seguidores. Dessa forma, Paulo contrasta a perspectiva do crente com o desespero do mundo pagão no entorno. |
1Ts.4:14 | 14. Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem. Se cremos. O grego mostra que não há expressão de dúvida. A cláusula condicional considera como verdade a morte e ressurreição de Jesus. Sendo que Paulo apresentou esses ensinos aos tessalonicenses quando entrou na cidade pela primeira vez (At.17:1-3), seus conversos foram bem fundamentados nesses princípios básicos da fé cristã. Paulo, então, quer que eles usem esses ensinos como fundamento sobre o qual edificar suas crenças a respeito da ressurreição futura dos cristãos mortos. A morte e a ressurreição de Jesus dão ao cristão uma firme esperança de ressurreição (ver Jo.14:19; ver com. de 1Co.15:20-23). Logo, os tessalonicenses não deveriam se desesperar quando seus amados morressem. Mediante Jesus. Literalmente, “por meio de Jesus”. Várias interpretações têm sido oferecidas para explicar a força desta difícil expressão. Alguns creem que Paulo quer dizer que a morte é um sono apenas em virtude do poder transmitido de Cristo que um dia despertará os mortos. Se o poder de Cristo não operasse, a morte seria o fim. Outros ligam as palavras “mediante Jesus” com a última parte do verso, alterando o texto, fazendo-o significar: “assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com Ele” (ARC). Tal tradução é possível, mas o grego tende favorecer a tradução da ARA. E outros consideram a expressão como paralela à expressão “mortos em Cristo”. Esta interpretação talvez seja preferível porque as duas expressões ocorrem numa relação de proximidade. Em sua companhia. Isto é, com Jesus, da sepultura. Paulo chega ao ponto crucial da resposta aos tessalonicenses angustiados. Eles estavam preocupados com o destino dos mortos. O apóstolo lhes assegura, numa declaração categórica, que Deus planejou que os cristãos que morreram fossem ressuscitados assim como Jesus. Essas palavras garantiram aos crentes que seus amados não foram esquecidos. Essa convicção inspirada satisfaria as inquietações e lhes daria descanso mental. Deve-se observar que Paulo está preocupado principalmente com o fato de que os justos mortos não foram esquecidos, não com os detalhes cronológicos da ressurreição. Estes são apresentados em 1Co.15:23: “Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na Sua vinda.” Paulo desejava destacar que Deus tirou Cristo da sepultura, e da mesma forma agirá com os santos. Alguns ensinam que Paulo fala de almas desencarnadas que ascenderão ao Céu na morte e retornarão com Jesus quando Ele vier à Terra na segunda vinda. No entanto, a Bíblia não ensina em nenhum lugar que a alma humana é imortal e que ascende ao Céu na morte (ver com. de Mt.10:28; Lc.16:19-31; 2Co.5:2-8). Além disso, a interpretação está completamente fora de harmonia com o contexto. Paulo não fala de almas imortais, mas dos “que dormem” (v. 1Ts.4:13), dos “que em Jesus dormem” (v. 1Ts.4:14, ARC), “os mortos em Cristo” (v. 1Ts.4:16). Os “mortos em Cristo’’ ressuscitarão (v. 1Ts.4:16), não descerão. Os vivosnão são descritos como que os precedendo, com referência a estar com o Senhor (v. 1Ts.4:15). Todos entrarão no reino juntos (v. 1Ts.4:17). Se os mortos precedessem os vivos e passassem algum tempo com o Senhor antes da ressurreição, a linguagem do apóstolo não teria sentido, na verdade, seria absurda. O conforto seria inapropriado. Paulo deveria ter dito aos tessalonicenses para dispersar todas as preocupações porque seus amados estavam desfrutando a felicidade do Céu. No entanto, não foi o que Paulo fez. Ele não podia fazer isso. Seu ensino estava em harmonia com o do Senhor (ver com. de Jo.14:3). Alguns comentaristas, vendo os problemas envolvidos, sem reserva admitem que “não se fala aqui das almas desencarnadas” (Jamiesen, Fausset e Brown). Os que dormem. Melhor, “que adormeceram”, isto é, os cristãos que já tinham morrido. |
1Ts.4:15 | 15. Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem. Por palavra do Senhor. O apóstolo apela a uma autoridade maior que a dele (cf. com. de 1Co.7:6; 1Co.7:10; 1Co.7:12; 1Co.7:25). Nós, os vivos, os que ficarmos. Isto é, aqueles que, em contraste com os justos mortos, permanecerão vivos até o retorno de Cristo. Aqui Paulo parece expressar uma esperança de que ele e os conversos a quem está escrevendo estarão vivos quando Jesus vier, uma esperança comum aos cristãos de todas as épocas. No entanto, ele não afirma explicitamente que viverá até aquele grande dia (ver Rm.13:11; 1Co.10:11; Fp.4:5; Tt.2:13; ver nota adicional do com. de Rm 13; Rm.13:14). Ele esclarece o assunto em 1Ts.5:1-11, ao lidar com a indefinição do tempo da segunda vinda e com a incerteza dos tessalonicenses ainda estarem vivos nesse momento (v. 1Ts.5:10). Parece que os crentes tessalonicenses interpretaram mal as declarações de Paulo e alguns teimosamente as perverteram e ensinaram que o dia do Senhor estava às portas (ver com. de 2Ts.2:2). Para retificar esse erro no pensamento deles é que o apóstolo escreveu a segunda carta, pouco tempo depois (AA, 264; ver p. 262). Vinda. Do gr. parousia (ver com. de Mt.24:3). A palavra parousia algumas vezes foi utilizada para a chegada de um general romano para celebrar uma procissão triunfal pelas ruas de uma cidade. A palavra é adequada para descrever o retorno triunfal de Cristo. Não (ARC). O negativo é fortemente expressado no grego. Precederemos. Do gr. phthano. Paulo assegura aos leitores que os cristãos vivos não se unirão ao Senhor antes daqueles que dormiram. “Os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro: depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles” (v. 1Ts.4:16-17). Assim, os santos vivos não terão prioridade sobre os que morreram no Senhor. Este ensino deixa claro o verdadeiro estado daqueles que morreram “em Cristo”. Eles estão adormecidos, aguardando a vinda do Senhor. Ainda não foram unidos ao Senhor, mas, como os cristãos vivos, aguardam o segundo advento para a tão esperada união com o Mestre (cf. Jo.11:23-25). Nenhuma classe tem precedência sobre a outra; ambas serão levadas juntas em glória ao Senhor na Sua vinda. |
1Ts.4:16 | 16. Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; Porquanto. Paulo está declarando a base factual para o ensino no v. 1Ts.4:15. O Senhor mesmo. Neste versículo é descrita a aparição do Senhor, pessoal, visível e corporal, com grande majestade. Cristo não enviará um substituto, nem virá espiritualmente. Ele virá pessoalmente. O mesmo Jesus que ascendeu ao Céu descerá de lá. Pouco antes de ir ao Céu, prometeu retornar (Jo.14:3). Foi assegurado à igreja, quando Ele ascendeu numa nuvem, que “esse Jesus” viria do mesmo modo como foi visto subir (At.1:9-11). Paulo reitera essas promessas e registra detalhes adicionais a respeito do modo como serão cumpridas. Dada a Sua palavra de ordem. Do gr. keleusma, “uma ordem”. O vocábulo ocorre apenas aqui no NT. Nos escritos não bíblicos, keleusma é utilizado para um oficial emitindo ordens às suas tropas ou para um cocheiro dando ordens aos seus cavalos. Não é claro a partir da construção grega se Cristo pronuncia a ordem ou se outro ser grita enquanto o Senhor desce. No entanto, a evidência contextual favorece a Cristo como o interlocutor. Não é dada nenhuma razão específica para a “palavra de ordem”, mas a “palavra de ordem”, “a voz do arcanjo” e “a trombeta de Deus” são seguidos imediatamente pela ressurreição dos “mortos em Cristo”; por isso, a sucessão de sons deve ser tomada como preliminar à ressurreição dos justos (cf. Jo.5:25; Jo.5:28-29; Jo.11:43). Cristo vem do Céu proclamando Sua vitória. Ele conquistou a morte e o Hades (Ap.1:18). O inimigo, a morte, não pode mais manter qualquer dos redimidos em suas gélidas garras. Os justos mortos respondem à ordem do Senhor e ressuscitam das sepulturas. Arcanjo. Do gr. archaggelos, “anjo principal”, “primeiro anjo”, composto de archi, um prefixo que denota “liderança” ou “importância”, e aggelos, “anjo”, portanto, “o líder dos anjos”. No NT, a palavra archaggelos ocorre apenas aqui e em Jd.1:9, em que Miguel é declarado o arcanjo. Este Comentário apoia o ponto de vista de que Miguel é nosso Senhor, Jesus Cristo (ver com. de Dn.10:13; Jd.1:9; Ap.12:7). Esta interpretação possibilita conceber a voz de Cristo como a voz do arcanjo, sendo ouvida enquanto Ele desce (ver com. de Jd.1:9). A trombeta de Deus. Ou, “uma trombeta de Deus”. Não se refere necessariamente a uma trombeta especial enquanto pertencente exclusivamente a Deus, e sim a um instrumento que é utilizado no serviço de Deus. O AT com frequência menciona trombetas em ligação com notáveis intervenções de Deus, tanto reais como proféticas (Ex.19:13; Ex.19:16; Ex.19:19; SI.47:5; Is.27:13; Jl.2:1; Sf.1:16; Zc.9:14). As trombetas também eram utilizadas para reunir o povo de Deus (Nm.10:2-4), para soar os alarmes de guerra (Nm.10:5-9) e para ocasiões nacionais (Nm.10:10). No NT, o soar de uma trombeta é associado à reunião dos eleitos e à ressurreição dos mortos (Mt.24:31; 1Co.15:52). Descerá. Do gr. katabaino, “abaixar”, “descer”, “descender”, utilizado apenas neste versículo no NT com relação ao segundo advento de Cristo e para a vinda do Filho do homem do Céu no primeiro advento (Jo.3:13; Jo.6:33; Jo.6:38). A descida de Cristo na segunda vinda é indicada em outros relatos escriturísticos de Seu retorno (Mt.16:27; Mt.24:30). E os mortos em Cristo. A conjunção “e” é utilizada para indicar o resultado que acompanha os sons celestes que reverberam, principalmente, o da ressurreição dos justos mortos. Os “mortos em Cristo” são aqueles que dormiram na fé, inclusive os santos do AT (ver com. de Rm.4:3; 1Co.15:18; Ap.14:13). Eles estão incluídos entre aqueles a quem Jesus descreveu como “os filhos da ressurreição” (Lc.20:36). Em outra passagem, Paulo os menciona como “os que são de Cristo, na Sua vinda” (1Co.15:23). A ressurreição deles corresponde à “primeira ressurreição” (ver com. de Ap.20:5-6). A expressão “os mortos em Cristo” é utilizada aqui para distinguir os santos que dormem, das outras duas classes de pessoas: (1) os ímpios mortos que, em massa, não serão ressuscitados na segunda vinda de Cristo; (2) os cristãos vivos aos quais é assegurado que os amados mortos não estarão em desvantagem quando Jesus regressar, mas receberão atenção prévia ao serem ressuscitados primeiro e, assim, colocados em pé de igualdade com os santos vivos. Ressuscitarão primeiro. Isto é, ressuscitarão antes dos vivos serem apanhados para encontrar o Senhor nos ares (v. 1Ts.4:17). |
1Ts.4:17 | 17. depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor. Depois. Isto é, depois que os justos mortos forem ressuscitados. Nós, os vivos, os que ficarmos. Ver com. do v. 1Ts.4:15. Arrebatados. Do gr. harpazo, “arrebatar” (ver com. de At.8:39; Fp.2:6; Ap.12:5). De harpazo, por meio do verbo do latim rapio, é derivada a palavra “rapto”, um termo que alguns utilizam num sentido teológico técnico para descrever o arrebatamento dos santos que Paulo menciona aqui. Aqueles que utilizam a palavra “rapto” ensinam que a aparição audível e visível de Cristo com poder e grande glória será precedida alguns anos antes por Sua vinda de modo secreto e invisível nos ares para arrebatar Seus santos, enquanto o restante da população vive durante um período marcado por uma tribulação sob o governo do anticristo. No entanto, esta passagem, com a qual eles descrevem a vinda secreta, anuncia a vinda de Cristo com uma “palavra de ordem”, a “voz do arcanjo” e a “trombeta de Deus” (v. 1Ts.4:16) e dificilmente representa um evento secreto. Além disso, o motivo que perturbava os tessalonicenses era a “nossa reunião com Ele”, mas que acontecerá depois da revelação do anticristo (2Ts.2:1-3), não antes, como apresentado no ponto de vista do arrebatamento pré-tribulação (ver Notas Adicionais a Apocalipse 20, Nota 2; Ap.20:15). A trombeta também é mencionada em Mt.24:30-31, num contexto que claramente descreve a vinda visível: “todos os povos da terra (...] verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e grande glória.” Não há nada no fraseado destas escrituras que mesmo remotamente sugira a vinda descrita em Mateus 24 como diferente da descrita em 1 Tessalonícenses 4. Por isso, as duas passagens caracterizam um único evento que ocorrerá num determinado momento. Esse é o ensino uniforme de todas as Escrituras (sobre determinados conceitos falsos em que se baseia o arrebatamento secreto, ver Notas Adicionais a Apocalipse 20, Nota 2; Ap.20:15). Juntamente com. Do gr. hama sun. O advérbio hama significa “ao mesmo tempo”, enquanto a preposição sun neste versículo significa “juntamente com”. Uma tradução literal desta porção do v. 17 diria: “Ao mesmo tempo, junto com eles, seremos arrebatados.” Essa convicção tranquilizaria os tessalonicenses por explicar-lhes que os cristãos que estavam mortos, bem como os vivos, seriam simultaneamente unidos com o Senhor. Entre nuvens. Ver Mt.24:30; At.1:9; Ap.1:7. Para o encontro do Senhor. Expressão do cumprimento do propósito pelo qual o justo será arrebatado da terra, isto é, para que encontre o Senhor. No momento do encontro, o desejo mais estimado do cristão será realizado: ele estará unido Aquele a quem ama acima de todos os outros (cf. com. de Fp.1:23). Nos ares. Os santos ascenderão da terra, o Senhor e as hostes que O acompanharão descerão dos Céus; os dois grupos se encontrarão nos ares, entre o Céu e a terra. E assim. Isto é, como resultado da vinda de Cristo e dos consequentes eventos descritos nos v. 1Ts.4:16-17, todos os crentes serão unidos ao Senhor. Estaremos para sempre com o Senhor. Paulo não tenta levar os leitores mais além do momento extático do encontro. Os discípulos de todas as épocas estarão finalmente unidos com o Mestre, o futuro está seguro. Não há necessidade nesta conjuntura de escavar o que está adiante. No entanto, sabemos de outras escrituras que depois da união os redimidos continuarão a jornada iniciada e seguirão com Cristo para o lar celestial (ver com. de Jo.14:2-3). Dessa forma, estarão “para sempre com o Senhor”. |
1Ts.4:18 | 18. Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras. Consolai-vos [...] uns aos outros com estas palavras. É mais que uma sugestão. De modo carinhoso, o apóstolo ordena que os crentes meditem nestas “palavras” (v. 1Ts.4:13-17), para perceber a importância do conforto e de compartilhar essa consolação uns com os outros, a fim de que todos fossem encorajados pela mensagem. Pois. Ou, “e então”. Este versículo apresenta a conclusão do raciocínio de Paulo nos v. 1Ts.4:13-17. Ele explicou o relacionamento dos crentes mortos e vivos quando Cristo vier, para tranquilizar os apreensivos tessalonicenses que temiam que os mortos não participariam dos benefícios e glórias do retorno do Senhor. |
1Ts.5:1 | 1. Irmãos, relativamente aos tempos e às épocas, não há necessidade de que eu vos escreva; Tempos e às épocas. Sobre o significado desta expressão, ver com. de At.1:7. Paulo cuidadosamente explica “com respeito aos que dormem” (1Ts.4:13) e lembra os conversos da ordem dos eventos no segundo advento, mas, pelas razões a seguir, não propôs discutir a cronologia dos últimos dias. Não há necessidade. Os tessalonicenses receberam instrução por meio do apóstolo (cf. 1Ts.2:11; 1Ts.2:13; 1Ts.3:4; ver com. de 1Ts.4:1-2) e ele lhes deu toda informação necessária quanto “aos tempos e às épocas”. |
1Ts.5:2 | 2. pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que o Dia do Senhor vem como ladrão de noite. Inteirados com precisão. Ou melhor, “sabem com precisão”. Não significava que os tessalonicenses soubessem tudo sobre “o dia do Senhor”, mas que estavam bem conscientes da vinda repentina. É evidente que o apóstolo lhes deu o ensino do Senhor sobre este assunto (Mt.24:32-44). Havia necessidade apenas de confirmá-los no conhecimento e realçar seu significado. O Dia do Senhor. Evidências textuais podem ser citadas (cf. p. xvi) para a omissão do artigo “o”. Esta omissão no grego possivelmente indica que a frase “Dia do Senhor” era uma fórmula entendida pela igreja (sobre o significado da expressão, ver com. de At.2:20). Paulo a utiliza com frequência, algumas vezes, abreviando-a como “o dia” ou “aquele dia” (1Ts.5:4; Rm.2:16; 1Co.1:8; 1Co.5:5; 2Co.1:14; 2Ts.1:10; 2Ts.2:2). Neste versículo, “o Dia do Senhor” se refere ao segundo advento de Cristo. Vem. A forma verbal no grego salienta a certeza do retorno do Senhor. Como ladrão. Ver as palavras de Cristo em Mt.24:43; Lc.12:39-40; ver também 2Pe.3:10; Ap.3:3; Ap.16:15. Pelo uso da imagem de um ladrão, o apóstolo enfatiza a surpresa da segunda vinda, alertando os leitores a estar prontos para a ocorrência em qualquer tempo (ver com. de 1Ts.4:15). Se eles prestassem atenção às suas palavras, não precisariam ser surpreendidos (cf. Lc.21:34-36; 1Ts.5:4). De noite. Os evangelhos geralmente ligam a vinda de Cristo com o período da noite (Mt.24:43; Mt.25:6; Mc.13:35; Lc.12:35-38; Lc.17:34). A igreja primitiva tomou as ilustrações de modo literal e esperava que o retorno do Senhor ocorresse por volta da meia noite. Jerônimo menciona uma tradição judaica, baseada na vinda à meia noite do Senhor na primeira Páscoa no Egito, para que o Messias viesse à meia noite. Ele atribui a isso a “tradição apostólica” que a vigília da véspera de Páscoa continuaria até a meia-noite, na expectativa da vinda do Cristo (ver com. de Mt.25:6). O uso que o apóstolo faz da palavra “noite” deveria ser visto, também, no contexto dos v. 1Ts.5:4-6. |
1Ts.5:3 | 3. Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão. Quando andarem dizendo. Ou, “sempre que disserem”. Paulo não identifica especificamente quem são, no entanto, é evidente a partir do contexto (v. 1Ts.5:4-6) que se refere aos descrentes. Embora o apóstolo não declare o tempo quando os incrédulos pronunciarão essas palavras, é evidente no restante do versículo que elas seriam ditas imediatamente antes da vinda de Cristo. Paz e segurança. Estas palavras, ditas por aqueles que não se prepararam para o retorno do Senhor, se referem à tranquilidade interna e à segurança externa e revelam o estado de satisfação mental dos interlocutores. A calma é indevida porque o desastre está às portas, e o descrente deve aprender com o cristão, que está vigilante, pronto para os eventos dos últimos dias. As Escrituras ensinam que o tempo que imediatamente precede o aparecimento de Cristo será de angústia universal (ver com. de Lc.21:25-26). Repentina. Do gr. aiphnidios, “inesperada”, “imprevista”, “repentina”. No NT, a palavra ocorre apenas neste versículo e em Lc.21:34. Destruição. Do gr. olethros, “destruição”, “morte”, “ruína”, um substantivo derivado do verbo ollumi, “destruir”. Assim, a expressão “repentina destruição” indica que “o dia do Senhor” trará catástrofe inesperada ao mundo descrente. Vêm. Do gr. ephistemi, “observar atentamente”, “aguardar”, “aproximar”, utilizado especialmente para aparições repentinas (Lc.2:9; Lc.20:1; Lc.24:4; At.6:12; cf. com. de At.12:7). Dores de parto. O parto não pode ser chamado de evento inesperado, mas o início do trabalho de parto, com suas dores, é repentino. Paulo utiliza a metáfora para ilustrar a rapidez das catástrofes dos últimos dias. De nenhum modo escaparão. Ou melhor, “não há aviso para escapar”, assim como a mulher não pode escapar do nascimento de seu filho. O apóstolo destaca a inevitabilidade da destruição que sobrevirá àqueles que rejeitam o Salvador. Parece que Paulo tinha em mente as palavras de Cristo (Lc.21:34-36) enquanto escrevia esses pensamentos aos tessalonicenses (1Ts.5:3). |
1Ts.5:4 | 4. Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que esse Dia como ladrão vos apanhe de surpresa; Mas vós, irmãos. Paulo contrasta seus conversos com os descrentes mencionados no v. 1Ts.5:3. Em trevas. Isto é, em ignorância e, indiretamente, em iniquidade. No NT, a palavra “trevas” é utilizada com frequência para um estado de pobreza espiritual e reprovação (Mt.4:16; Mt.6:23; Jo.3:19; At.26:18; Rm.13:12). Os cristãos não se encontram mais nesse estado (1Ts.5:5; 1Jo.2:8-10). Esse dia. Isto é, “o dia do Senhor” (v. 1Ts.5:2). Apanhe. Do gr. katalambano, “apoderar” (ver com. de Jo.1:5), utilizado neste versículo, no sentido de capturar, agarrar. O filho de Deus informado, guiado pela luz que emana da palavra divina, não precisa ser pego na destruição dos últimos dias. Pode estar adequadamente preparado para tudo o que sobrevirá ao mundo e seus habitantes. |
1Ts.5:5 | 5. porquanto vós todos sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas. Vós todos. Evidências textuais confirmam (cf. p. xvi) a tradução, “porquanto vós todos” (ARA). A frase explica o pensamento do v. 1Ts.5:4, de que os cristãos não estão “em trevas”. Paulo generosamente inclui todos os membros tessalonicenses nesta declaração, embora reconheça que alguns são fracos (v. 1Ts.5:14-15). Filhos da luz. O cristão é um filho de Deus (1Jo.3:2), e Deus é luz (Jo.1:9), sendo assim, o cristão é um filho da luz em virtude do relacionamento com o Pai das luzes (Tg.1:17). Além disso, o evangelho proporciona luz (2Co.4:4; 1Pe.2:9); quem vive de acordo com o evangelho habita na luz (ver com. de Lc.16:8; Jo.12:36). Nós não somos. Observe a mudança de “vós” para “nós”. O apóstolo se incluiu entre os tessalonicenses, bem como a seus companheiros. Ele declarou o ideal, confiando que inspiraria até o membro mais fraco a alcançar o alto padrão de ser realmente “filho da luz”. |
1Ts.5:6 | 6. Assim, pois, não durmamos como os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos sóbrios. Não durmamos. Ou “não continuemos dormindo”. Os filhos da luz não terão vantagem se dormirem. “Dormir”, neste versículo, indica indiferença à proximidade da vinda de Cristo, uma letargia que impede o cristão de estar preparado pata os eventos finais (cf. Mt.25:5). Paulo exorta seus amigos para não serem apanhados em preguiça espiritual, mas a estarem bem despertos (cf. Mc.13:35-37; Lc.21:34-36; Ef.5:14-16). Demais. Isto é, os filhos das trevas que estão inconscientes dos terríveis e gloriosos eventos que anunciam o retorno do Senhor. Vigiemos. Do gr. gregoreo, “ficar totalmente desperto” (cf. com. do v. 1Ts.5:10), “vigiar”, palavra utilizada com frequência nos evangelhos para vigilância espiritual (cf. Mt.24:42; Mc.13:33-34; Lc.12:37). Sóbrios. Do gr. nepho, “não beber vinho”, “estar sóbrio”. É improvável que Paulo se refira a uma embriaguez real entre os tessalonicenses (cf. 1Pe.1:13; 1Pe.4:7; 1Pe.5:8). Ele admoesta o cristão a ser constante, temperante, calmo, em vista do grande “dia” que está por vir. |
1Ts.5:7 | 7. Ora, os que dormem dormem de noite, e os que se embriagam é de noite que se embriagam. Os que dormem. Uma observação extraída da vida diária para contrastar os “filhos do dia” e os “filhos da noite” (v. 1Ts.5:5). |
1Ts.5:8 | 8. Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capacete a esperança da salvação; Sejamos. Em forte contraste com aqueles cuja conduta é descrita no v. 1Ts.5:7. Sóbrios. Continuando, por repetição, o pensamento iniciado no v. 1Ts.5:6. Revestindo. O cristão precisa se revestir com determinadas qualidades, o que indica que ele não está naturalmente revestido delas. Neste versículo, Paulo diz que é preciso vestir a armadura espiritual de defesa, indicando que a guerra está em andamento e que o cristão precisa se proteger do ataque (ver com. de Ef.6:11-12; ver também com. de Rm.13:12; Rm.13:14; 2Co.10:4; Ef.6:13-17). A couraça. Ver com. de Ef.6:14; Is.59:17; 2Co.6:7. Da fé e do amor. Isto é, a couraça que é fé e amor. As duas qualidades, fé e amor, são parte integral da justiça. Fé é agarrar a justiça que Cristo transmite ao crente. Amor, o principal atributo do caráter de Deus (1Jo.4:8), é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo de Deus (Rm.5:5). O apóstolo já tinha elogiado os tessalonicenses pelo exercício dessas qualidades (1Ts.1:3). Neste versículo, ele os motiva, bem como a todos os cristãos, a fazer pleno uso desses atributos como defesa segura no conflito contra o mal. Capacete. Em Ef.6:17, esta peça da armadura é definida como “da salvação”, enquanto neste versículo Paulo a descreve como “a esperança da salvação”. Agindo assim, ele ensina que a salvação, no estágio final, ainda se encontra no futuro (ver Mt.24:13; Hb.9:28; 1Pe.3:5). |
1Ts.5:9 | 9. porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo, Porque Deus. Paulo apresenta sua compreensão dos propósitos de Deus como a base da esperança da salvação (v. 1Ts.5:8). Destinou. Do gr. tithemi, “determinar”, “colocar”, traduzido como “lançar a sorte” (Mt.24:51; Lc.12:46; 2Tm.1:11; Hb.1:2; 1Pe.2:8). A palavra se relaciona ao propósito de Deus para com os homens, que é e sempre tem sido benevolente (ver com. de Jo.3:16-17; 2Pe.1:9). Ira. Do gr. orge (ver com. de Rm.1:18). Alcançar a salvação. Após declarar negativamente o propósito de Deus, o apóstolo passa a expressá-lo de modo positivo. O Senhor deseja e planeja que todos os homens sejam salvos (ver Is.55:1; Jo.7:37; Ap.22:17) e, ao entregar Seu Filho, possibilitou a salvação. Mediante nosso Senhor. A salvação é o dom de Deus, no entanto, como todas as bondades de Deus à humanidade, é concedida por meio da pessoa de Jesus Cristo (cf. com. de Rm.6:23). |
1Ts.5:10 | 10. que morreu por nós para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos em união com ele. Que morreu por nós. Ver com. de Rm.5:8; 1Co.15:3. Uma declaração de que o propósito específico do sacrifício é que todos os crentes vivam em união com Jesus. Este propósito é cumprido por meio da vida, morte e ressurreição de nosso Salvador. Vigiemos. Do gr. gregoreo (ver com. do v. 1Ts.5:6). Durmamos. Ver com. de 1Ts.4:13. Paulo volta ao tópico que iniciou a série de pensamentos registrados em 1Ts.4:13-18, isto é, o estado do cristão morto comparado ao dos crentes vivos no momento do retorno de Cristo. Aqui ele assegura aos leitores que não haverá diferença de posição entre os dois. Por fim, as duas classes de cristãos viverão com Cristo (cf. com. de 1Ts.4:14-17). |
1Ts.5:11 | 11. Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reciprocamente, como também estais fazendo. Consolai-vos, pois. Ver com. de 1Ts.4:18, em que são utilizadas palavras quase idênticas. Paulo mostra que a obra de encorajar os desanimados não é apenas do ministro. Todos os cristãos devem confortar os companheiros. Edificai. Do gr. oikodomeo, “edificar” (ver com. de At.9:31). Por consideração mútua de importantes temas como a vinda do Senhor e a glória da herança dos santos, os membros da igreja devem fortalecer espiritualmente uns aos outros (cf. com. de Ml.3:16-18; At.20:32). Como também estais fazendo. O apóstolo está sempre pronto para creditar a seus conversos qualquer bem que já estejam fazendo, e não hesita em encorajá-los a continuar as boas práticas e a intensificá-las (cf. com. de 1Ts.3:12). Com esta exortação, Paulo conclui a abordagem dos tópicos iniciados em 1Ts.4:13. |
1Ts.5:12 | 12. Agora, vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós e os que vos presidem no Senhor e vos admoestam; E (ARC). Melhor seria “mas”, mostrando a ligação entre este pensamento e o do v. 1Ts.5:11. Rogamos. Do gr. erotao (ver com. de Fp.4:3; 1Ts.4:1). Paulo não deseja que o cuidado fraternal dos tessalonicenses uns pelos outros enfraqueça o respeito pelos oficiais da igreja. Acateis. Isto é, reconhecer, portanto, respeitar (ver com. de 1Ts.4:4). Trabalham. Do gr. kopiao (ver com. de Fp.2:16; 1Ts.1:3). Era costume de Paulo constituir anciãos em cada igreja que estabelecia (At.14:23). Os novos oficiais eram inexperientes e talvez não estivessem recebendo o devido reconhecimento. Aqueles que ministram à igreja devem ser respeitados, considerados e reconhecidos pela posição que ocupam (ver 1Co.16:15-18; Hb.13:7). Essa consideração coloca muita responsabilidade sobre os oficiais da igreja como homens de Deus. Presidem. Do gr. proistemi, “colocar sobre”, “superintender”, “presidir”, traduzido como “preside” em Rm.12:8 (ver com. ali). Admoestam. Do gr. noutheteo, “pôr na mente”, “avisar”, “admoestar” (ver com. de At.20:31; 1Co.4:14; 2Ts.3:15). A palavra se origina em nous, “mente”, e tithemi, “colocar”. Paulo reconhece a fragilidade de seu rebanho e a probabilidade de que seus oficiais tenham de guiar os membros com firmeza. |
1Ts.5:13 | 13. e que os tenhais com amor em máxima consideração, por causa do trabalho que realizam. Vivei em paz uns com os outros. Com amor. Este acréscimo foi feito para que a consideração dos tessalonicenses quanto às qualidades espirituais dos anciãos não fosse questionada. Máxima. Do gr. huperekperrissos, “além da medida”, “excessivamente”, “máximo”. Consideração. Do gr. hegeomai (ver com. de Fp.2:3), neste versículo, “ter uma opinião de”. Por causa do trabalho que realizam. A igreja cristã não tem espaço para a adoração humana, mas encoraja o respeito conveniente àqueles que assumem responsabilidades sagradas. Vivei em paz. Esta firme injunção sugere que a unidade da igreja em Tessalônica foi abalada, possivelmente, pelo desacordo entre oficiais e leigos, já que Paulo menciona a expressão “uns com os outros”. Não deve haver rivalidades nem divisões na igreja, em que um grupo reconhece certo líder espiritual, ao passo que outros, não, como foi o caso em Corinto, posteriormente (ver 1Co.1:12; 1Co.3:4-6; 1Co.4:6; Rm.12:18; Rm.14:19). |
1Ts.5:14 | 14. Exortamo-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos. Exortamo-vos. Do gr. parakaleo (ver com. de Mt.5:4). Admoesteis. Do gr. noutheteo (ver com. de “admoestam”, v. 1Ts.5:12). Insubmissos. Do gr. ataktoi, “fora de classes sociais”, “indisciplinado”, utilizado apenas aqui no NT; da mesma raiz do verbo atakteo (2Ts.3:7) e do advérbio ataktos (2Ts.3:11; ver com. ali). Consoleis. Do gr. paramutheomai, “encorajar”, “animar”. Desanimados. Do gr. oligopsuchoi, literalmente, “alma pequena”, isto é, aqueles que tem coração pequeno ou os medrosos. Esses cristãos, possivelmente sobrecarregados com o pesar pelos mortos (1Ts.4:13-18) ou com dúvidas acerca do tempo do retorno de Cristo (1Ts.5:1-11), deviam ser confortados, não repreendidos. Os cristãos deveriam oferecer palavras de conforto e encorajamento às almas tímidas e carentes (Hb.12:12-13; Gl.6:2). Ampareis. Do gr. antechomai, “tomar interesse em”, “prestar atenção a”, “auxiliar”. Os fracos, os quais Paulo desejava ver amparados, possivelmente, eram os que estavam sendo tentados pela impureza (1Ts.4:3-7). Esses membros precisavam de amparo espiritual e não de censura, para que não cedessem à tentação. Sejais longânimos. Do gr. makrothumeo, literalmente, “ter um espírito grande”, portanto, “suportar adversidades sem reclamar”, “demorar para se irar”, “ser paciente”. A mesma palavra grega é utilizada em 1Co.13:4 (“paciente”) para descrever caridade ou amor, que “tudo sofre” (1Co.13:7). O amor de Deus levará o cristão a ser paciente com todos, os de dentro e os de fora da igreja. |
1Ts.5:15 | 15. Evitai que alguém retribua a outrem mal por mal; pelo contrário, segui sempre o bem entre vós e para com todos. Vede (ARC). A forma verbal grega indica “ser vigilante”, “ver constantemente”. Retribuir mal por mal. Ou, “retribuir o mal em troca do mal”. A tendência natural é agir assim, mas o proceder cristão é diferente. Cristo proíbe a retaliação e motiva Seus seguidores a retribuir o mal com o bem (ver com. de Mt.5:38-48; Rm.12:17). Segui. Do gr. dioko, “perseguir”, “seguir”, “aspirar”. Em vez de perpetuar o mal por meio de retaliação, os tessalonicenses são admoestados a aspirar ao bem, sempre, em todas as circunstâncias. Paulo sabia que, ao seguirem o bem, teriam pouco tempo para se envolver com o mal. |
1Ts.5:16 | 16. Regozijai-vos sempre. Regozijai-vos sempre. Ênfase no grego sobre “sempre”. Paulo valorizava a habilidade de ser feliz (ver com. de Fp.3:1; Fp.4:4; 2Co.6:10). Quer em posse de bens no presente, quer na agradável expectativa da felicidade futura, o cristão tem razão abundante para se regozijar. Com o perdão dos pecados, sua consciência está livre, e a paz preenche-lhe a alma. Sabe que “todas as coisas cooperam para o bem” (ver Rm.8:28). Por que deveria estar sempre abatido? Quem reclama constantemente não tem religião genuína (CBV, 251). |
1Ts.5:17 | 17. Orai sem cessar. Orai sem cessar. Literalmente, “orar incessantemente”, ênfase no grego sobre a ideia de “continuidade” (cf. com. do v. 1Ts.5:16). Um espírito de constante oração deve exalar da vida cristã. A conexão com o Céu nunca deve ser quebrada (ver com. de Lc.18:1). Paulo trabalhava “noite e dia” (1Ts.2:9) e também orava “noite e dia” (1Ts.3:10). As muitas atividades do apóstolo não diminuíram o tempo em oração e sempre mantinha ligação ativa com o Pai celestial. Assim deve ser conosco (sobre a vida de oração de Jesus ver com. de Mc.3:13). |
1Ts.5:18 | 18. Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. Em tudo. Isto é, em todas as circunstâncias, de alegria ou pesar (cf. com. de Fp.4:6; Cl.4:2). Aqui temos convicção de que até aquelas coisas que aparentam ser contra nós cooperam para nosso bem; porque Deus não nos pediria para sermos gratos pelo que nos prejudica (CBV, 255). Daniel deu graças quando soube do decreto feito para tirar sua vida (ver Dn.6:10). O próprio Paulo deixou um admirável exemplo de gratidão sob as circunstâncias mais adversas (ver At.27:20; At.27:35). A ação de graças deveria ser a regra do cristão; saúde e alegria são promovidas por ela (CBV, 251). Porque esta. Estas palavras incluem a ação de graças, a oração e o regozijo contínuos (v. 1Ts.5:16-17). A vontade de Deus. Deus Se preocupa com toda a vida de Seus filhos, mas especialmente com a saúde espiritual. Ele deseja que os cristãos sejam felizes, inclinados à oração e agradecidos. Falhar em cultivar esses traços significa falhar em cumprir a vontade divina. Em Cristo Jesus. A vontade de Deus foi demonstrada em Cristo Jesus. Quem quiser verificar a vontade de Deus para sua vida pessoal deve estudar a vida de Jesus e perceber a suprema ilustração do que Deus pretende que o cristão seja. Ninguém encontrará um modelo mais consistente de felicidade, oração constante e gratidão do que a vida de Jesus de Nazaré. |
1Ts.5:19 | 19. Não apagueis o Espírito. Apagueis. Do gr. sbennumi, “extinguir”, “apagar”, “asfixiar”, “suprimir”. A palavra é utilizada em relação a apagar fogo (Mt.12:20; Mc.9:44-48; Ef.6:16; Hb.11:34) e à insuficiência de óleo das lâmpadas (Mt.25:8). Como o Espírito está associado ao fogo (Mt.3:11; At.2:3), o vocábulo sbennumi é especialmente adequado. É possível que alguns membros da igreja tessalonicense, que exercitavam os dons espirituais com entusiasmo, tenham esfriado o ardor (ver com. de 1Co.12:1; 1Co.14:1). Paulo alerta a igreja para não apagar as chamas do fogo espiritual que arde no meio dela, para que não afaste o Espírito Santo. O apóstolo não deu permissão para manifestações fanáticas que diminuíssem a credibilidade do Espírito Santo, mas mencionou tais obras que podem ser corretamente fomentadas pelo Espírito. |
1Ts.5:20 | 20. Não desprezeis as profecias; Desprezeis. Do gr. exoutheneo, “não levar em conta”, “desprezar totalmente”. Profecias. Ver com. de 1Co.12:10; Ef.4:11. Da íntima ligação entre os v. 19 e 20 de 1 Tessalonicenses 5, parece que a profecia era uma das principais formas em que os dons espirituais foram demonstrados em Tessalônica. O interesse da igreja no retorno de Cristo (1Ts.1:10; 1Ts.2:19; 1Ts.3:13; 1Ts.4:13-18; 1Ts.5:1-11) validou o dom de profecia. Houve um grupo de profetas verdadeiros na igreja apostólica (ver At.11:28; At.15:32; At.21:8-11). |
1Ts.5:21 | 21. julgai todas as coisas, retende o que é bom; Julgai. Do gr. dokimazo (ver com. de 1Ts.2:4). Deve-se fazer uma discriminação cuidadosa para se distinguir entre o falso e o verdadeiro (ver AA, 263). Todas as coisas. Especificamente, a manifestação do Espírito (v. 1Ts.5:19-20). Deus proporcionou testes para determinar se um profeta é genuíno: (1) O verdadeiro profeta deve confessar a Cristo na vida e na palavra (1Jo.4:1-3), bem como reconhecer e confessar a divindade de Cristo (1Jo.2:22-23). (2) Os ensinos devem estar de acordo com as Escrituras (ver At.17:11; Gl.1:8-9). (3) O resultado ou fruto de seus ensinos deve ser bom (Mt.7:18-20). Retende. O crente não deve apenas testar os dons espirituais. Tendo diferenciado o verdadeiro e o falso, o bom e o ruim, deve reter o bom a despeito de todas as tentações para abandoná-lo. O que é bom. Isto é, o bem entre os dons espirituais. |
1Ts.5:22 | 22. abstende-vos de toda forma de mal. Abstende. Do gr. apechomai, “manter-se longe de” (ver com. de 1Ts.4:3). Forma. Do gr. eidos, “forma”, “aparência exterior”, “tipo”. Paulo menciona o “bom” (v. 1Ts.5:21) no singular porque vê o “bom” como um fruto do Espírito; no entanto, reconhece que o “mal” tem muitas aparências e alerta os conversos contra as muitas formas em que ele é mascarado. Essa admoestação tem sido utilizada algumas vezes para proibir fazer o que é certo apenas porque parece errado a alguns espectadores. O conselho pode ser adequado em determinadas circunstâncias, mas não é o que o apóstolo está apresentando aqui. Há também muitas exceções a essa regra. Jesus curou no sábado (Jo.5:2-16) e comeu com publicanos e pecadores (Mt.9:10-13). Para os preconceituosos líderes judeus, essas ações tinham a aparência do mal. No entanto, apesar do preconceito (Mt.12:9-13) Jesus praticou essas ações como parte de Sua grande obra de justiça. De qualquer forma, Ele Se manteve completamente livre de toda a aparência do mal. |
1Ts.5:23 | 23. O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. E o mesmo Deus da paz. Melhor, “mas o próprio Deus da paz”. Com este versículo, Paulo inicia a seção final da epístola em forma de oração. Apoia normas elevadas (v. 1Ts.5:12-22), mas reconhece que ninguém consegue alcançá-las sem auxílio divino. As últimas palavras dirigem os leitores ao poder de Deus. O título “o mesmo Deus da paz” se refere ao Deus marcado pela tranquilidade, o Deus que é fonte de toda verdadeira paz (cf. Rm.15:33; Rm.16:20; 2Co.13:11; Hb.13:20-21; cf. com. de Fp.4:7). Deus sempre busca restaurar a paz entre Ele e Seus súditos rebeldes (ver com. de 2Co.5:18-19). Santifique. Do gr. hagiazo (ver com. de Mt.6:9; Jo.17:17; 1Co.7:14). Em tudo. Do gr. holoteles, “perfeito”, “completo em todos os aspectos”, originado em holos, “todo” e telos, “fim”. Lutero traduziu holoteles como “completamente”. A verdadeira santificação envolve todo o ser: não é possível estar santificado parcialmente, no sentido de impedir algumas áreas da vida de serem santificadas. Cada aspecto da existência deve ser submetido ao poder purificador do Espírito de Deus. Espírito, alma e corpo. Paulo não está dando um estudo sobre a natureza humana, mas deixa claro que nenhuma parte da vida dos conversos é deixada intocada pelo poder santificador de Deus. Geralmente a Bíblia parece mencionar uma divisão dupla no ser humano: corpo e alma ou corpo e espírito (ver com. de Mt.10:28; Rm.8:10; 1Co.5:3; 1Co.7:34). Em Tessalonicenses essas ideias estão combinadas para enfatizar que nenhuma parte do ser humano deve ser excluída da influência da santificação. É possível ver significado especial nas divisões que Paulo faz. Quanto a “espírito” (pneuma, ver com. de Lc.8:55), pode-se entendê-lo como o princípio superior de inteligência e pensamento com o qual o ser humano é dotado e pelo qual Deus Se comunica por meio do Espírito Santo (ver com. de Rm.8:16). A pessoa é transformada à semelhança de Cristo pela renovação da mente por meio da ação do Espírito Santo (ver Rm.12:1-2). Por “alma” (psuche, ver com. de Mt.10:28), quando distinguido de espírito, pode-se entender a parte da natureza humana que se expressa por meio dos instintos, das emoções e dos desejos. Esta parte da natureza humana também pode ser santificada. Quando, por meio da obra do Espírito Santo, a mente é levada à conformidade com a mente de Deus, a razão santificada influencia a natureza inferior, os impulsos, que de outro modo seriam contrários a Deus, se sujeitam à vontade dEle. Assim, o cristão humilde pode alcançar uma estatura de santificação tal que, quando obedece a Deus, está realmente exercendo seus próprios impulsos. Ele se deleita em fazer a vontade de Deus e tem a lei de Deus no coração (ver SI.40:8; Hb.8:10; cf. PJ, 312; DTN, 668). O significado de “corpo” (soma) parece evidente. A estrutura corporal (carne, sangue e ossos) é controlada pela natureza superior ou pela natureza inferior. Quando a mente santificada está no controle, o corpo não é maltratado. A saúde floresce. O corpo se torna um instrumento adequado por meio do qual o cristão ativo serve o Mestre. A santificação que não inclui o corpo não é completa. Nosso corpo é o templo de Deus. Devemos sempre tentar mantê-lo santo e glorilicar a Deus nele (1Co.6:19-20). Conservados. Do gr. tereo, geralmente, “manter”, mas neste versículo e em Jd.1:1 traduzido como “conservados” (ARC). Íntegros. Do gr. holokleros, “completo em todas as partes”, “completo”, “inteiro”; de holos, “todo”; e kleros, “seção” ou “parte”. O adjetivo pode ser aplicado a cada um dos substantivos que seguem: “espírito”, “alma” e “corpo”; ou pode ser construído com o verbo “preservar”, no sentido de “preservar integralmente”. Irrepreensíveis. Do gr. amemptos (ver com. de Fp.2:15; 1Ts.2:10; 1Ts.3:13). Aquele que é santificado será conservado por Deus e apresentado irrepreensível no grande dia da vinda do Senhor (cf. com. de Jd.1:24). Na. Isto é, no momento da vinda. Vinda. Do gr. parousia (ver com. de 1Ts.3:13; 1Ts.4:15). Senhor Jesus Cristo. Sobre os nomes do Salvador, ver com. de Mt.1:1; Fp.2:5. |
1Ts.5:24 | 24. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará. Fiel. Ver 1Co.1:9; 1Co.10:13; 2Ts.3:3; 2Tm.2:13; Hb.10:23. O que vos chama. Ou, “aquele que está chamando” (ver com. de Rm.8:30). O chamado de Deus ao indivíduo é a primeira de uma série de intervenções divinas que terminam na glorificação. Fará. Isto é, Ele fará a santificação e a conservação (v. 1Ts.5:23). O Todo-Poderoso não falha. |
1Ts.5:25 | 25. Irmãos, orai por nós. Orai por nós. Paulo ora constantemente por seus conversos (1Ts.1:2-3; 1Ts.5:23). Roga pelas orações dos tessalonicenses em favor dele e de seus companheiros (cf. Rm.15:30; 2Co.1:11; Ef.6:18-19; Cl.4:3). Não há egoísmo nesse pedido, pois suas ambições dizem respeito apenas ao livre curso da mensagem do evangelho que foi chamado a proclamar (2Ts.3:1). Os ministros e os leigos precisam das orações uns dos outros, e ambos devem orar para que nada impeça o avanço da mensagem do evangelho aos confins da terra (T5, 718). |
1Ts.5:26 | 26. Saudai todos os irmãos com ósculo santo. Saudai. Do gr. aspazomai, “saudar”, “cumprimentar” (Mt.5:47; Mc.9:15; Rm.16:3; Rm.16:6). Todos os irmãos. Alguns membros eram fracos, mas Paulo desejava do fundo de seu amor fraternal que todos fossem incluídos na saudação. Ósculo santo. No Oriente, o beijo era um modo comum de expressar amor e amizade na saudação (ver Lc.7:45; At.20:37). O “ósculo santo” ou “ósculo de amor” (1Pe.5:14) era símbolo de afeição cristã. Parece ter se tornado costume entre os cristãos primitivos trocar saudações na Ceia do Senhor (Justino Mártir, I Apologia, 65). Escritos posteriores indicam que não era costume dar este “ósculo santo” em alguém do sexo oposto (Constituições Apostólicas, ii.57; viii.11). |
1Ts.5:27 | 27. Conjuro-vos, pelo Senhor, que esta epístola seja lida a todos os irmãos. Conjuro. Do gr. horkizo, “conjurar”, como em Mc.5:7; At.19:13. O uso de uma palavra forte (cf. Dt.6:13) indica que alguns dos líderes tessalonicenses estavam relutantes em ler a epístola para todos os crentes, ou que alguns dos membros estavam indispostos a ouvir sua leitura (cf. 2Ts.3:14). Pelo Senhor. Paulo apresenta a autoridade religiosa e não apenas a autoridade pessoal para que a epístola fosse levada em consideração pelos que a receberam primeiro. Ele indica que a epístola contém uma mensagem inspirada que é necessária imediatamente a todos os crentes tessalonicenses. Seja lida. Isto é, publicamente, diante dos cristãos reunidos (cf. com. de Cl.4:16). Santos (ARC). Evidências textuais favorecem (cf. p. xvi) a omissão desta palavra. |
1Ts.5:28 | 28. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco. A graça de nosso Senhor. Saudação semelhante ocorre em todas as epístolas de Paulo (cf. Rm.16:20; Rm.16:24; 1Co.16:23). A forma completa da bênção é apresentada em 2Co.13:14. A cristologia do apóstolo se projeta ao longo da epístola. No início (1Ts.1:1) e no final, ele invoca a graça de nosso Senhor Jesus Cristo sobre os crentes. Amém (ARC)! Evidências textuais (cf. p. xvi) podem ser citadas para a omissão desta palavra. O pós-escrito que segue ao v. 28 não se encontra nos manuscritos primitivos. Foi um acréscimo editorial posterior e não fazia parte do relato inspirado original. Evidência histórica favorece Corinto como a cidade de onde Paulo escreveu esta epístola (ver p. 222). |