"As coisas encobertas pertencem ao nosso Deus, mas as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que observemos todas as palavras desta lei." Deuteronômio 29:29 |
Capítulo e Verso | Comentário Adventista > I Timóteo |
1Tm.1:1 | 1. Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pelo mandato de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus, nossa esperança, Paulo. Apresentar o nome do autor na saudação de uma epístola era comum nos tempos antigos (ver com. de Rm.1:1). Apóstolo. Ver com. de At.1:2; Rm.1:1. Embora Paulo não fosse um dos doze, ele foi chamado diretamente por Cristo em um momento posterior (At.13:2; At.20:24; Gl.1:11-12; Gl.1:15; ver com. de At.9:15). Mandato. Do gr. epitage, “injunção”, “mandado”. Ninguém poderia apresentar credenciais mais impressionantes do que a autorização direta concedida a Paulo como apóstolo. O apoio oficial de Paulo fortaleceria a liderança de Timóteo em meio às dificuldades que a igreja enfrentava em Éfeso. Salvador. Paulo dá este título tanto ao Pai (Rm.2:3; Rm.2:5) como a Jesus (Fp.3:20; 2Tm.1:10; Tt.1:4; Tt.2:13; Tt.3:6). Os atributos de cada membro da Divindade são comuns a todos (ver com. de Cl.2:9). Todos os membros da Trindade participam da obra da salvação da humanidade, cada um com Sua missão específica. Senhor Jesus Cristo (ARC). Evidências textuais favorecem (cf. p. xvi) a sequência “Cristo Jesus” (ARA). Esperança. Comparar com Rm.15:13; ver com. de Rm.5:4; Rm.8:24; Rm.12:12. Cristo não é apenas o objeto da esperança humana, mas também sua origem. As pessoas encontram em Cristo a base para sua esperança de apoio temporal, bem como para a imortalidade futura (ver com. de Cl.1:27). |
1Tm.1:2 | 2. a Timóteo, verdadeiro filho na fé, graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor. Timóteo. Sobre sua biografia, ver com. de At.16:1. Meu (ARC). Do gr. gnesios, “legítimo”, “sincero”, “verdadeiro”. Talvez Paulo enfatiza que foi por meio de seu ministério que Timóteo foi convertido e preparado para ser ministro do evangelho, ou que Timóteo era notável por sua genuína consagração à causa de Cristo e a Paulo, pessoalmente. Fé. Referência ao sistema de crenças cristãs. Graça. Ver com. de Rm.3:24; 1Co.1:3. Misericórdia e paz. Comparar com a introdução de Paulo em 1Co.1:1-3. Essa sequência de bênçãos espirituais corresponde à experiência da pessoa justificada diante de Deus. Quando a pessoa compreende e aceita o plano de Deus para ser restaurada do pecado, tal como esse plano se revela nas muitas manifestações da misericórdia divina, uma nova paz permeia seu ser (ver com. de Rm.5:1). De Deus Pai e de Cristo Jesus. Ver com. de Rm.1:7. |
1Tm.1:3 | 3. Quando eu estava de viagem, rumo da Macedônia, te roguei permanecesses ainda em Éfeso para admoestares a certas pessoas, a fim de que não ensinem outra doutrina, Roguei. Timóteo acompanhou Paulo em sua primeira viagem pela Macedônia (At.16:1-12; At.20:1-4). Aqui, o apóstolo se refere a uma viagem posterior, depois de sua primeira prisão em Roma (ver vol. 6, p. 89, 90). Timóteo desejava muito permanecer ao lado de Paulo, porém a jovem igreja necessitava de seu fiel cuidado pastoral. Admoestares. Do gr. paraggello, “comandar”, “ordenar”. Paulo reafirmava frequentemente sua autoridade apostólica a fim de que as jovens igrejas não sofressem por causa de alguns que menosprezavam seu apostolado (ver 1Tm.4:11; 1Tm.5:7; 1Tm.5:21; 1Tm.6:13; 1Tm.6:17). Certas pessoas. Ou, “alguns” (ARC). Paulo evita diplomaticamente aumentar o problema (ver com. de Gl.1:7). Não ensinem outra doutrina. Ou seja, qualquer ensino contrário à verdade proclamada pelos apóstolos (ver com. de Gl.1:8). |
1Tm.1:4 | 4. nem se ocupem com fábulas e genealogias sem fim, que, antes, promovem discussões do que o serviço de Deus, na fé. Fábulas. Do gr. muthoi, “mitos”, “invenções”, “falsidades”. Talvez Paulo aqui se refira às invenções rabínícas, como as que mais tarde foram incorporadas à Mishnah e outros escritos judaicos (ver vol. 5, p. 83-87). No entanto, ele provavelmente também esteja advertindo contra uma forma incipiente de gnosticismo (ver vol. 5, p. 168, 169; vol. 6, p. 40-45). Genealogias. Uma possível referência à prática judaica de rastrear a linhagem familiar para comprovar que existia descendência do rei Davi ou de alguma família sacerdotal. Muito dos ensinos e pregações dos judeus se baseavam em rebuscadas alegorias que agradavam a imaginação das pessoas, porém sem nutrir espiritualmente (ver Tt.1:14). Promovem. Ou, “causam”, “provocam”. Discussões. Do gr. ekzeteseis “investigações”, “debates”. Serviço de Deus. Evidências textuais favorecem (cf. p. xvi) “mordomia”. Assim, a última frase deste versículo pode dizer: “que geram mera especulação, em lugar da administração das coisas de Deus, que é [alcançada] pela fé”. As disputas que só servem para satisfazer a curiosidade inútil, nunca promovem o crescimento da igreja. |
1Tm.1:5 | 5. Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia. Intuito. Do gr. telos, “objetivo”, “propósito”, “resultado” (comparar com Rm.10:4). Admoestação. Do gr. paraggelia, ou seja, o encargo ou comissão que Paulo deu a Timóteo (v. 1Tm.1:3). Amor. Do gr. agape (ver com. de 1Co.13:1). A missão que Paulo (1Tm.1:3) deu a Timóteo se originou no amor e tinha o propósito de engendrar um espírito de amor no coração dos membros da igreja de Éfeso. O resultado de debates inúteis sobre mitos e genealogias intermináveis não era amor, mas disputas e divisões. Coração puro. Ver com. de SI.24:4; Mt.5:8. Sem hipocrisia. Ou seja, não fingido, franco, sincero. O amor procede apenas de corações puros e íntegros, de uma boa consciência e de uma fé leal, e não de especulações inúteis, que produzem apenas mais “discussões” (v. 1Tm.1:4). Só o amor unirá os membros da igreja e revelará Cristo ao mundo. |
1Tm.1:6 | 6. Desviando-se algumas pessoas destas coisas, perderam-se em loquacidade frívola, Desviando-se. Literalmente, “depois de ter errado o alvo”, isto é, não acertando as três fontes do verdadeiro amor no v. 1Tm.1:5. Loquacidade frívola. Do gr. mataiologia, “conversa inútil” (cf. 1Co.15:17). Se o amor não é o resultado ou a meta da atividade humana, o que se faz não conduz a nada permanente ou satisfatório. |
1Tm.1:7 | 7. pretendendo passar por mestres da lei, não compreendendo, todavia, nem o que dizem, nem os assuntos sobre os quais fazem ousadas asseverações. Mestres da lei. Comparar com Lc.5:17. Aparentemente, esses mestres eram judeus. Não compreendendo. Cristo repreendeu a incapacidade dos escribas e mestres de compreender o significado da lei (ver com. de Mt.22:29). Opiniões pessoais e verdades não corretamente assimiladas são os artigos divulgados por pretensos mestres tendenciosos e imaturos. As palavras de um mestre têm profunda influência e causam confusão quando proferidas indiscriminadamente e sem a devida compreensão. |
1Tm.1:8 | 8. Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo, Lei. Como os pretensos mestres (v. 1Tm.1:7) elaboravam seus mitos inúteis extraindo-os da lei judaica e pervertiam as verdades solenes do evangelho, Paulo apresenta a “lei” em sua perspectiva correta. Ele não quer que sua crítica aos “mestres da lei“ (v. 1Tm.1:7) seja interpretada como uma depreciação da lei em si. Paulo aqui se refere a preceitos morais, o que se torna evidente nos v. 1Tm.1:9-10, que sintetizam vários princípios do decálogo (cf. Ex.20:1-17). Boa. Do gr. kalos, “excelente”. A lei é boa porque cumpre o propósito para o qual foi projetada. De modo legítimo. Isto é, para o fim a que se destina. Considerá-la como uma simples coletânea de regulamentos para que se discuta a respeito deles, ou como tema para uma discussão filosófica inútil (v. 1Tm.1:3-7), ou como meio de salvação (ver com. de Rm.3:20; Rm.4:14; Gl.3:17; Gl.3:19-25; Gl.5:4) é perverter a lei ou abusar dela (sobre a natureza eterna e o propósito da lei moral, ver com. de Rm.3:31). |
1Tm.1:9 | 9. tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos, parricidas e matricidas, homicidas, Para quem é justo. O apóstolo não ensina que o cristão não é mais obrigado a obedecer aos dez mandamentos (ver com. de Rm.3:31). Jesus não veio para liberar as pessoas da observância dos mandamentos, mas para lhes mostrar a possibilidade da obediência e proporcionar o poder necessário para uma vitória completa sobre o pecado (ver com. de Rm.8:4). No entanto, a lei não condena a pessoa justificada, embora permaneça como sua norma de conduta (ver com. de Rm.6:14). Transgressores. Aqueles que se opõem à lei ou não a cumprem. Rebeldes. Ou, “insubmissos”. Pecado é rebelião contra a autoridade de Deus. Quando um ser criado se recusa a viver em harmonia com as leis do universo, presume-se que sua opinião é mais sábia do que a de Deus. A rebelião contra a autoridade resulta na dramática lista que se segue. Irreverentes. Pessoas ímpias, irreligiosas. Profanos. Aqueles que não fazem distinção entre o sagrado e o secular, que não levam Deus em conta e vivem somente em um plano secular, como sucedeu com Esaú (ver Hb.12:16). Este termo e os cinco anteriores se referem à violação dos quatro primeiros mandamentos do decálogo. No v. 1Tm.1:10, descrevem-se as transgressões contra o próximo. |
1Tm.1:10 | 10. impuros, sodomitas, raptores de homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina, Impuros. Ou, “fornicadores” (ver com. de Ex.20:14). Sodomitas. Homossexuais. Raptores de homens. Ou, “sequestradores”, “comerciantes de escravos”. A escravidão tem sido uma maldição sobre a humanidade desde a antiguidade. Deus agiu, por meio de Israel, para restabelecer a dignidade individual (ver com. de Ex.21:16; Dt.24:7). Paulo amplia o verdadeiro valor do indivíduo. Mentirosos. Ver com. de Ex.20:16. Perjuros. Aqueles que mentem depois de haver jurado dizer a verdade. Sã. Do gr. hugiaino, “ser saudável”. Aqui e no v. 1Tm.1:9, Paulo apresenta um severo quadro daqueles que desafiam a lei de Deus. Opor-se à vontade de Deus produz deterioração do corpo, da mente e das faculdades espirituais (ver com. de Rm.1:21-32). Somente a verdade praticada na vida pode trazer paz à mente e vitalidade ao corpo. A palavra em português “higiene” é derivada de hugiaino. |
1Tm.1:11 | 11. segundo o evangelho da glória do Deus bendito, do qual fui encarregado. Evangelho. Paulo prossegue em sua denúncia contra homens não consagrados que aspiravam ao cargo de mestres na igreja. Esses aspirantes a mestres aplicavam a lei de forma contrária a seu legítimo propósito. A lei, em vez de revelar seus pecados (v. 1Tm.1:9), tornava-se um campo de especulação intelectual e argumentos tortuosos (ver com. do v. 1Tm.1:4). Para se usar a lei “de modo legítimo” (v. 1Tm.1:8) e adequado, ela deve ser vista dentro do contexto do “evangelho da glória do Deus bendito”. A lei e o evangelho não podem ser separados, pois se complementam no plano de Deus. A lei utilizada “legitimamente” (ver com. de Rm.3:20; Rm.3:31; Cl.3:24) amplia a “glória do Deus bendito” e revela como é oportuno e adequado o evangelho. Paulo dá tanto à lei quanto ao evangelho seu devido lugar. O evangelho revela a glória de Deus. De modo que a pessoa pode contemplar em Jesus Cristo o solícito interesse de seu Pai celestial, que tudo fez para revelar Seu amor e misericórdia para com a humanidade caída (2Co.4:6; Ef.1:6). Do qual fui encarregado. Ou, “que me foi confiado”. Esse solene senso de responsabilidade era a força que impulsionava o ministério de Paulo e lhe conferia autoridade para escrever cartas como 1 Timóteo (ver com. de 1Tm.1:1). Cada ministro deve experimentar a convicção básica de que a ele tem sido confiada a sagrada obra de revelar a glória de Deus. |
1Tm.1:12 | 12. Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, Sou grato. Pela honra de lhe ter sido confiado o evangelho (v. 1Tm.1:11). Os v. 1Tm.1:12-16 revelam a humilde avaliação de Paulo de suas próprias insuficiências. No entanto, ao usar “de modo legítimo” a lei (v. 1Tm.1:8), ele se tornou um novo homem e um testemunho vivo do poder salvador de Deus. Portanto, o que Deus pôde fazer com ele, o “principal” dos pecadores (v. 1Tm.1:15), pode também fazer por qualquer outra pessoa. Fortaleceu. Do gr. endunamoo, “capacitar”. Paulo não dependia de seus próprios méritos para o cumprimento do encargo divino. Cada pastor pode recorrer aos recursos do poder divino ao se defrontar com os problemas do ministério. Fiel. Digno de confiança. O coração de Paulo se enchia de gratidão ao considerar que Deus o honrava com Sua confiança. A resposta de uma pessoa sincera é fazer todo o possível para merecer essa consideração da parte de Deus. Ministério. Ou, “serviço”. |
1Tm.1:13 | 13. a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade. Blasfemo. Assim tinha sido Paulo no passado (ver com. de At.9:4-5; At.26:9-11). Porém, relembra sua vida, a fim de ressaltar o poder da graça de Deus (ver com. de 1Tm.1:14) e o resultado de usar “legitimamente” a lei (ver com. do v. 1Tm.1:8). Perseguidor. Ver com. de At.9:1; At.9:4-5; At.22:4; At.26:9-14; Gl.1:13; Gl.1:23; Fp.3:6. Injurioso (ACF). Ou, “insolente” (ver com. de Rm.1:30). Ignorância. Paulo cria estar servindo a Deus (ver com. de Jo.16:2; At.23:1; At.24:16; At.26:9). Sua conduta equivocada não havia chegado a ponto de pecar voluntariamente contra a consciência e contra o Espírito Santo (ver com. de Mt.12:31-32; Hb.10:26-27; ver T5, 436). Porém, quando Paulo viu a majestade de Jesus, sua incredulidade foi vencida, e ele foi obediente à “visão celestial” (ver com. de At.26:19). |
1Tm.1:14 | 14. Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus. Transbordou. Comparar com Rm.5:20. A graça é dada em proporção à necessidade da pessoa. Os que estão mais debilitados no pecado necessitam de mais abundante graça. Paulo não quer dizer que Deus dá arbitrariamente às pessoas variadas medidas de graça, com o resultado de que alguns nunca se convertem porque Deus não quer lhes dar suficiente graça. Graça. Ver com. de Rm.3:24; 1Co.1:3. Paulo não se jacta por sua conversão. Sem o interesse e a força de Deus, ele continuaria sendo Saulo, o perseguidor. Fé. Uma amizade leal com Jesus Cristo substituiu a anterior incredulidade de Paulo (v. 1Tm.1:13; ver com. de Rm.3:22; Rm.4:3). Amor. O comportamento violento do fanático foi substituído por um espírito novo de compaixão e gratidão. Fé e amor são a prova eloquente de que a graça rege a vida (sobre uma definição de amor, ver com. de Mt.5:43; 1Co.13:1). |
1Tm.1:15 | 15. Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Fiel. Ou, “confiável”. A expressão “fiel é a palavra” é encontrada somente nas epístolas pastorais (cf, 1Tm.3:1; 1Tm.4:9; 2Tm.2:11; Tt.3:8). Digna. O ensino fundamental de que Jesus veio para redimir a humanidade pode ser aceita sem hesitação ou dúvida. Nada merece mais atenção. Veio. Afirmação da preexistência de Cristo (ver com. de Jo.1:1-3; Jo.16:28; Jo.17:5). Salvar. Desde que o pecado entrou no mundo, Deus vem desenvolvendo Seu plano para salvar a humanidade da destruição eterna. Fazer com que as pessoas conheçam a Jesus Cristo é o trabalho de anjos e de homens piedosos. Este versículo não limita a graça de Deus a um grupo seleto, mas destaca que está ao alcance de todos os pecadores (ver com. de Mt.1:21). Principal. Paulo continuava a sentir sua indignidade, mesmo após a conversão. Ele não diz que era o principal, mas afirma: “sou o principal” (ver com. de 1Co.15:9-10). Sua humildade provinha da lembrança de haver insultado e perseguido a Deus e Sua igreja (ver com. de 1Tm.1:13), bem como da consciência de sua presente insuficiência, se não recebesse diariamente poder de Deus. O cristão convertido nunca perde o senso de indignidade que experimentou desde a primeira vez em que entregou sua vontade a Cristo. Ele sabe que, sem a habitação diária do poder de Deus, sua vida não revelará as graças do caráter cristão. “Quanto mais nos achegarmos a Jesus e discernirmos a pureza de Seu caráter, tanto mais discerniremos a extraordinária malignidade do pecado, e tanto menos teremos a tendência de nos exaltar” (PJ, 160). A única salvaguarda do cristão é recordar do poço do qual foi “cavado” (Is.51:1; SI.40:2); não confiar em si mesmo e submeter, de bom grado, dia a dia, a vontade aos desejos de Deus. |
1Tm.1:16 | 16. Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna. Razão. Paulo se tornou modelo do que Deus pode fazer com qualquer pessoa, mesmo que no passado tenha sido insolente, blasfema e perseguidora (ver com. do v. 1Tm.1:13). Por isso, qualquer pessoa pode concluir que, se Deus teve paciência suficiente para perdoar e amar um homem tão pecador como Paulo, deve ter paciência e amor suficientes para perdoá-la também. Jesus suportou Paulo por muito tempo, pois sabia que sua conversão se tornaria uma fonte de encorajamento para pessoas em todas as épocas. Jesus Cristo. A glória da conversão de Paulo foi a revelação da misericórdia e do amor de Cristo, que se estendem a todos. Modelo. Ou, “exemplo” (NVI) do que Deus pode fazer com alguém que se submete ao Seu amor. Ao declarar que ele era “o principal” (v. 1Tm.1:15), ou o primeiro, Paulo não quer dizer que era o único exemplo da paciência divina. Cada converso é um monumento vivo, ou modelo, do insondável amor e longanimidade de Deus. Crer. Ou, “confiar” (ver com. de Rm.3:3). |
1Tm.1:17 | 17. Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém! Rei eterno. Literalmente, “o rei perpétuo”, expressão que ocorre somente aqui no NT. Destaca o caráter eterno do reino universal de Deus (cf. Rm.16:26). Ao se referir a Deus como Rei, talvez Paulo pensasse no contraste absoluto entre Ele e o infame imperador Nero, que logo o condenaria à morte. Porém, no reino eterno, Paulo, com todos os redimidos, terá uma vida que jamais lhe será tirada (ver 1Tm.6:11-16). Ao contrastar sua nova vida em Cristo com sua vida anterior de intolerância e ódio, Paulo prorrompe em uma gloriosa doxologia de gratidão (sobre semelhantes hinos de louvor, ver Rm.11:36; Rm.16:27; Cl.1:5; Ef.3:21; Fp.4:20; 1Tm.6:15-16). Imortal. Do gr. aphthartos, “imperecível”, “incorruptível”, “imortal” (comparar com o uso desta palavra em 1Co.9:25; 1Co.15:52; 1Pe.1:4; 1Pe.1:23). Invisível. Ver Hb.11:27; ver também com. de Cl.1:15. Sábio (ACF). Evidências textuais favorecem a omissão desta palavra, Deus não tem um concorrente à altura pelas afeições dos seres humanos, portanto Ele é “único” (ARA). Nenhum outro possui as qualidades aqui atribuídas a Deus. Apenas um relacionamento amoroso com o Deus “imortal” poderá garantir a existência eterna de uma pessoa. Honra e glória. Ou seja, reverência e serviço incondicionais do ser humano e suas exclamações espontâneas de amor e gratidão. |
1Tm.1:18 | 18. Este é o dever de que te encarrego, ó filho Timóteo, segundo as profecias de que antecipadamente foste objeto: combate, firmado nelas, o bom combate, Este é o dever. Ou seja, a atribuição que Paulo dá a Timóteo dos deveres pastorais em Éfeso (ver com. dos v. 1Tm.1:3; 1Tm.1:5). Filho. Do gr. teknon, “aquilo que é gerado”. Neste caso, a descendência espiritual de Paulo (ver com. do v. 1Tm.1:2). Profecias. Provavelmente, Paulo aqui se refere às predições feitas na ordenação de Timóteo, que descreviam sua futura consagração e êxito no ministério (ver At.16:2). Estas palavras também podem indicar que o “dever” confiado a Timóteo de corrigir os que ensinavam uma doutrina diferente (ver com. de 1Tm.1:3-4) também fora validado por Deus mediante os profetas da igreja (ver com. de At.13:1; 1Tm.4:14; sobre os deveres de um profeta, ver com. de Mt.11:9). De que [...] foste objeto. Mediante a confiança dos obreiros mais idosos e experientes, da qual Timóteo se provou fiel e valioso, o jovem pastor foi encorajado e fortalecido a enfrentar os problemas que desafiavam a igreja de Éfeso. Combate. O empenho de Timóteo para que sua liderança fosse tão firme como a de Paulo e para que sua luta contra o pecado fosse exitosa, pode ser comparada a uma guerra da justiça contra o mal (ver com. de 2Co.10:3-4; Ef.6:10-17; 2Tm.2:3-4). |
1Tm.1:19 | 19. mantendo fé e boa consciência, porquanto alguns, tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé. Mantendo fé. Timóteo devia estar persuadido de que Deus havia falado por meio de Paulo e dos profetas da igreja quando confiaram a ele a liderança e o ministério evangélico e predisseram sua futura utilidade. Timóteo somente poderia ter êxito se mantivesse a convicção de que homens de Deus haviam expressado a vontade do Senhor para ele e que, ao cumprir fielmente sua missão, podia estar seguro da bênção divina. O conselho da Palavra de Deus, na época de Timóteo, o AT, seria uma arma adicional no “combate” (v. 1Tm.1:18) contra os mestres que fomentavam divisões (v. 1Tm.1:3-7). Boa consciência. Essa deveria ser a segunda arma de Timóteo na guerra contra o erro e o pecado. Qualquer que fosse o problema que Timóteo enfrentasse, sua força consistiria num esforço sincero para proceder de acordo com os princípios estabelecidos por Paulo e pela Palavra de Deus. Igualmente, os obreiros cristãos de hoje também descobrirão que suas convicções mais profundas se apagam e se tornam ineficazes se sua conduta pessoal não confirma a mensagem que pregam. Tendo rejeitado. Do gr. apotheo, “lançado fora”, “recusado” (ver At.13:46). Paulo descreve aqueles que rejeitam deliberadamente a voz da consciência. Os passos trágicos da apostasia são: (1) violação de uma consciência pura; (2) perda de convicção quanto à relevância dos princípios cristãos; e (3) rejeição deliberada da fé. Naufragar. Se o capitão de um navio deixar de lado a bússola e passar a confiar em seu próprio julgamento, causará um desastre. Da mesma forma, o cristão naufraga na fé quando se desvia da Palavra de Deus e confia em seu próprio julgamento, ou no de outra pessoa. Fé. Literalmente, a fé daqueles que não deram atenção à voz da consciência. |
1Tm.1:20 | 20. E dentre esses se contam Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para serem castigados, a fim de não mais blasfemarem. Himeneu. Provavelmente, o mestre de doutrinas falsas (2Tm.2:17). Alexandre. Nada mais se sabe com certeza a respeito desse homem. Entreguei a Satanás. Alguns comentaristas entendem que essa expressão equivalia a uma sentença judicial na sinagoga judaica. Se assim for, a frase pode ter se originado no relato de Jó quando sua fé foi questionada, e o Senhor o entregou a Satanás para ser provado (Jó.2:6). Evidentemente, Paulo não usava esta frase com a ideia de que a pureza daqueles que foram “entregues” seria revelada, mas com o pensamento de que as ações deles seriam condenadas como espiritualmente incompatíveis com as normas da igreja cristã. Como em 1Co.5:3-5, essa expressão se refere à remoção da igreja e era a última medida de disciplina que a comunidade da igreja poderia aplicar a um membro ofensor. Como o transgressor havia rejeitado um ou mais dos fundamentos da fé cristã (1Tm.1:19), por seus próprios atos ele se havia separado do espírito e do corpo da igreja. Neste mundo só existem dois reinos espirituais, o de Deus e o de Satanás. A pessoa que renuncia a servir ao reino de Deus, automaticamente se coloca a serviço do reino de Satanás. A igreja não faz essa transferência, apenas ratifica a escolha feita pelo pecador (ver com. de 1Co.5:5). Para que aprendam (ARC). Do gr. paideuo, “treinar as crianças”, “ensinar”, “instruir”. Mesmo que a remoção da igreja seja uma medida drástica, tem o propósito de corrigir. O choque de ser finalmente separado do corpo da igreja pode despertar o pecador descuidado para sua perigosa condição espiritual. Como o transgressor não é mais membro da família visível de Cristo, pode então perceber sua necessidade de arrependimento e contrição. Desse modo, a medida extrema de remoção da igreja pode ser a única forma de fazer o pecador retomar o caminho da “fé e boa consciência” (v. 1Tm.1:19) e de ajudá-lo a compreender sua verdadeira condição diante de Deus. Blasfemarem. Talvez Paulo se refira aos atos perversos daqueles que fazem uso indevido da lei (ver com. dos v. 1Tm.1:3-7). A lei é uma expressão da vontade e do caráter de Deus e, por essa razão, qualquer uso ilegítimo dela desonra a Deus e deturpa Seus propósitos. Tudo o que desonra a Deus é uma blasfêmia. |
1Tm.2:1 | 1. Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, Antes de tudo. Paulo apresenta um princípio fundamental de administração da igreja, básico para a liberdade de culto. Pois. Ou, “então”. Paulo passa a dar conselhos sobre vários assuntos específicos relacionados com o culto público, que seriam úteis a Timóteo ao desempenhar seus deveres como pastor da igreja de Éfeso. Súplicas. Do gr. deeseis, “súplicas”, “petições”. Aqui, se considera a oração do ponto de vista da necessidade pessoal, o que implica reconhecer que só Deus pode satisfazer essas necessidades. Orações. Do gr. proseuchai, o termo usual para toda comunhão sagrada com Deus. Intercessões. Do gr. enteuxeis, “orações de intercessão” (cf. com. de Rm.8:26-27). O cristão genuíno se caracteriza por uma confiança absoluta na segurança de poder chegar a Deus. Ações de graças. Do gr. eucharistiai, “agradecimentos”. Os cristãos devem ser gratos pelos favores recebidos tanto dos seres humanos como de Deus, que “a todos dá liberalmente” (Tg.1:5; ver com. ali). Todos os homens. O interesse do cristão para com seus semelhantes transpõe os limites artificiais de etnia, nação e condição social. O amor cristão anseia incluir “todos os homens” dentro do plano de salvação. |
1Tm.2:2 | 2. em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito. Reis. Paulo não defende necessariamente a monarquia como o governo ideal. Porém, esta era a forma comum de governo nos seus dias. O cristão deve reconhecer perante todas as autoridades sua obrigação de cooperar com elas (ver com. de Rm.13:1; cf. com. de At.5:29; ver 1Pe.2:13-17). Tranquila e mansa. Os cristãos procuram estar em “paz com todos” (Hb.12:14). Sua lealdade ao governo estabelecido e sua cidadania exemplar farão com que seu patriotismo seja inquestionável. Piedade. A reverência que o cristão rende a Deus deve atuar e influir em cada palavra e ação. Professar lealdade às elevadas normas da religião cristã e não viver melhor do que os inconversos é a forma mais desprezível de falsidade e hipocrisia. Respeito. Do gr. semnotes, “honra”, “respeito”, “dignidade”. O cristão genuíno conquista o respeito de seu próximo por sua honradez nas transações comerciais, participando em atividades comunitárias dignas e mantendo em ordem seu lar. |
1Tm.2:3 | 3. Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, Isto. Ou seja, as orações e atitudes “em favor de todos os homens” (ver com. do v. 1Tm.2:1). Aceitável. Viver uma vida em harmonia com a mensagem cristã, juntamente com um interesse fervoroso e discreto pelo bem-estar espiritual e material de “todos”, cumpre o ideal de Deus para com Seus filhos. Deus, nosso Salvador. Ver com. de 1Tm.1:1. |
1Tm.2:4 | 4. o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. O qual deseja. Ver Tt.2:11; Jo.3:17; Rm.9:18-19; 2Pe.3:9. Ninguém mais poderia ser salvo se Deus não tivesse o propósito de perdoar e restaurar os pecadores arrependidos. Visto que o amor de Deus não exclui ninguém da oportunidade de ser salvo, todos aqueles que se perderem sofrerão as consequências de não terem aceitado as ofertas do amor de Deus (ver com. de Jo.3:16). Conhecimento da verdade. Tal conhecimento nasce da experiência pessoal em relação a Deus e de Sua vontade a qual conduz à salvação (cf. Rm.1:28; Ef.1:17-18; Ef.4:13-15; Cl.1:9-10; Cl.3:10; 2Tm.2:25; Tt.1:1; Hb.10:26) e se revela por meio da Bíblia (ver com. de Jo.17:17). Abrange mais do que um simples conhecimento intelectual. |
1Tm.2:5 | 5. Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, Um só Deus. A universalidade do cristianismo (ver com. dos v. 1Tm.2:1; 1Tm.2:4) se amplia com o reconhecimento da soberania divina sobre todo o universo (ver com. de At.17:23-28; Rm.10:12; 1Co.8:4; Ef.4:6; 1Tm.1:17). Um só Mediador. O pecador pode ser reconciliado com Deus somente mediante Jesus (ver com. de Jo.14:5-6; Rm.5:1-2). Deus não precisa Se reconciliar com o ser humano, pois foi Sua “vontade” (1Tm.2:4) que iniciou o plano da salvação. Além disso, Ele proporcionou os meios de salvação pela vida e morte de Cristo (ver com. de Rm.5:10). Aqui, Paulo exclui a necessidade de mediadores humanos e o suposto valor que alguns têm atribuído a essa suposta mediação ou intercessão. Cristo Jesus, homem. Uma ênfase na natureza humana de Cristo. Jesus não representava a nenhum nível social ou nação em particular, mas a toda a humanidade, sem distinção de gênero ou classe. Aqui, Paulo condena a teoria docética (ver vol. 5, p. 1007), que surgiu nos tempos apostólicos e ensinava que Cristo nunca teve um corpo humano, somente parecia tê-lo. João se refere a essa heresia como anticristã (1Jo.4:3; sobre a humanidade de Cristo, ver vol. 5, p. 1013). |
1Tm.2:6 | 6. o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se deve prestar em tempos oportunos. A Si mesmo Se deu. Cristo cumpriu voluntariamente Sua missão redentora neste mundo foi (ver com. de Jo.10:17-18). Resgate. Do gr. antilutron, forma enfática de lutron, a palavra comum para “resgate” (ver com. de Mt.20:28; cf. com. de Rm.3:24-25). Paulo destaca aqui a completa incapacidade humana em contribuir de alguma maneira para sua salvação pessoal. Todos. A expiação de Cristo é suficiente para o pior dos pecadores e está ao alcance de todos em todos os lugares (ver 1Tm.2:4-5; ver com. de Jo.1:12). Testemunho. A missão de Cristo na Terra confirmou o plano de Deus de salvar a “todos os homens” (v. 1Tm.2:4). |
1Tm.2:7 | 7. Para isto fui designado pregador e apóstolo (afirmo a verdade, não minto), mestre dos gentios na fé e na verdade. Para isto. Ou, “que”. Paulo se refere à provisão feita para a salvação do homem, como se apresenta nos v. 1Tm.2:4-6. Este era o tema da mensagem de Paulo. Designado. Ou, “nomeado”. A notável atuação do apóstolo, plena de valor e energia constante, resultava de sua profunda convicção de que Deus o havia chamado pessoalmente para o ministério (ver com. de 1Co.1:1; 1Tm.1:12). Pregador. Do gr. kerux, “arauto”. O kerux era um mensageiro oficial que proclamava publicamente os decretos de um rei ou de outro oficial do governo. Paulo compara o ministro divinamente designado a esse mensageiro. Não minto. Comparar com Rm.9:1. Devido a seus conflitos com os judaizantes e com os que usavam mal a lei (1Tm.1:4-7), Paulo deseja evitar qualquer acusação de que era traidor de sua nação. Ele procede assim para destacar a intervenção de Deus ao enviá-lo aos gentios (ver com. de Cl.2:8-9). Gentios. Do gr. ethne, “nações” (ver com. de At.14:16). Deus deseja que “todos os homens sejam salvos” (1Tm.2:4), de modo que Ele tomou providências para que todos os seres humanos tenham a plena oportunidade de conhecer a “verdade” (v. 1Tm.2:4). O amor de Deus seria proclamado a todas as nações por meio de Paulo e seus sucessores. Por essa razão, devemos orar por “todos os homens” e nos interessar por seu bem-estar (ver com. do v. 1Tm.2:1; ver com. de At.17:30). Na fé e na verdade. Ou seja, em assuntos relacionados com a fé em Cristo e nas verdades da salvação. |
1Tm.2:8 | 8. Quero, portanto, que os varões orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade. Quero. Do gr. boulomai, “desejar”, “pretender”. Paulo se refere à devida atitude e à forma que devem caracterizar toda a oração pública. É necessário manter a ordem enquanto se ora; e Paulo, como missionário experiente, instrui seu subordinado Timóteo nos detalhes necessários para evitar confusão e fanatismo (comparar com 1Co.14:33; 1Co.14:40). Varões. Do gr. andres, para diferenciar os homens das mulheres (sobre o papel das mulheres nos cultos públicos da igreja, ver com. de 1Co.14:34-35). Em todo lugar. Ou seja, em todo culto público. Mãos santas. Símbolo de um caráter isento de corrupção moral. Com isso, o apóstolo esclarece que somente tais homens devem orar em público. As mãos simbolizam ação, e um homem é reto quando é “limpo de mãos” (ver com. de SI.24:4; Tg.4:8). É hipocrisia que um homem contaminado moral e espiritualmente ore em um culto público e, se faz isso, insulta ao Deus do Céu. Sem ira. A oração genuína, seja pública seja particular, só pode ser feita em uma atmosfera de amor e perdão. O espírito de ódio e vingança é incompatível com o Espírito de Deus e deve ser removido para que o culto seja eficaz (ver com. de Mt.5:22; Mt.6:14-15; Ef.4:31). Animosidade. Do gr. dialogismos, “disputa”, “briga”. A oração genuína conduz o adorador à harmonia com o espírito e os propósitos de Deus. Atitudes erradas em relação ao próximo ou a Deus destroem a eficácia da oração. |
1Tm.2:9 | 9. Da mesma sorte, que as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso, Da mesma sorte. Paulo também expressa sua vontade acerca da devida conduta das mulheres da igreja. Traje decente. Do gr. aidos, “autorrespeito”, “modéstia”. Pessoas com essa atitude estremecem ao pensar em atos vergonhosos, e sua pureza impede tais atos. Ataviem. Do gr. kosmeo, “colocar em ordem”, “organizar”. Modéstia. Do gr. kosmios, “bem organizado”, “de bom gosto”, portanto, “adequado” no sentido de discreto. Bom senso. Ou seja, integridade mental, domínio próprio. Paulo retrata a mulher cristã convertida como alguém cujo desejo permanente é refletir a abnegação de Cristo. Ela decide cumprir suas tarefas femininas com graça e desenvoltura, sem ser um fardo nem para a igreja nem para seu marido. Cabeleira frisada. Do gr. plegma, alguma coisa “tecida”, “entrelaçada”, “trançada”. A palavra “cabelo” está implícita no contexto. O tema de Paulo nos v. 1Tm.2:9-10 é a modéstia feminina e o elevado respeito pela pureza moral. Qualquer estilo de cabelo demasiado chamativo é uma violação ao princípio aqui estabelecido. No entanto, o cabelo descuidado também chamaria a atenção e violaria os princípios cristãos. O bom gosto e o equilíbrio são parte de uma religião saudável. Ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso. Ver com. de 1Pe.3:3-6. O propósito do adorno dispendioso, qualquer que seja, é chamar a atenção. É sempre uma expressão de egocentrismo e, às vezes, do desejo de chamar indevidamente a atenção do sexo oposto. Na escolha do que vestir, o cristão deve ser guiado pelos princípios de modéstia, adequação e utilidade. Os gastos que ultrapassam esse ideal são incompatíveis com os princípios de mordomia cristã. A ostentação reflete vaidade pessoal e egoísmo, em desarmonia com a súplica de Paulo em favor do respeito próprio e decoro cristão. |
1Tm.2:10 | 10. porém com boas obras (como é próprio às mulheres que professam ser piedosas). Boas obras. Paulo aponta para a natureza externa e interna da religião genuína. O adorno mais atraente e digno é um registro de “boas obras”. Isso proporciona às mulheres a plena satisfação de serem sinceramente amadas e respeitadas. Nenhuma quantidade de roupas, por mais atraentes que sejam, podem ocultar o defeito de um gênio desagradável, ou a falta de “boas obras” (comparar com Tt.3:8). Piedosas. Ou, “reverentes para com Deus”. Ao participar no culto público, essas mulheres demonstram sua lealdade para com o Deus que adoram. Professar lealdade cristã, mas vestir-se de maneira extravagante e sem modéstia é uma manifestação de hipocrisia. |
1Tm.2:11 | 11. A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. Em silêncio. Naquele tempo, as mulheres não tinham direitos privados nem públicos, por isso Paulo sentiu ser conveniente dar esse conselho para a igreja. Qualquer violação das normas de modéstia e decência pode fazer com que as pessoas falem mal da igreja que o permite. Os cristãos devem evitar até mesmo a aparência do mal (1Ts.5:22; ver com. de 1Co.14:34). Com toda a submissão. Comparar com Ef.5:22; Tt.2:5; 1Pe.3:1-2. |
1Tm.2:12 | 12. E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio. Exerça autoridade. As Escrituras exortam os cristãos a fazer tudo com decência e ordem (1Co.14:40). Nos dias de Paulo, o costume exigia que as mulheres se mantivessem em segundo plano. Portanto, se as mulheres crentes expressassem sua opinião em público ou, de alguma outra maneira chamassem a atenção, a ordem poderia ser comprometida e a causa de Deus sofreria censura (ver com. de 1Co.11:5-16). |
1Tm.2:13 | 13. Porque, primeiro, foi formado Adão, depois, Eva. Porque. Paulo apresenta a razão para o conselho acerca da relação entre homens e mulheres. Adão. O fato de Eva subordinar-se a Adão após a entrada do pecado, de modo algum reflete desonra sobre ela, mas tinha o propósito de que houvesse harmonia e que ela desfrutasse de plena felicidade (ver com. de Gn.3:16). Como o marido é a cabeça de sua família, ele é o líder natural de um grupo de lares que constituem uma congregação. |
1Tm.2:14 | 14. E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. Adão não foi iludido. Eva foi enganada pelo maligno (Gn.3:13; 2Co.11:3). Adão pecou conscientemente, porém, seu amor por Eva o impulsionou a compartilhar com ela os resultados da transgressão (cf. Gn.3:17). A mulher, sendo enganada. O segundo argumento do apóstolo para a submissão das mulheres, é que Eva foi enganada quando tentou assumir a liderança. Não há explicação para o pecado. Por que Satanás pôde enganar a Eva, apesar da clara e explícita ordem de Deus, está além de uma explicação racional. Devido a esse trágico acontecimento, Paulo vê um motivo adicional para aconselhar as mulheres cristãs a não tentar “usurpar a autoridade do homem”. |
1Tm.2:15 | 15. Todavia, será preservada através de sua missão de mãe, se ela permanecer em fé, e amor, e santificação, com bom senso. Preservada. Ou seja, o papel preponderante da mulher na introdução do pecado e sua subordinação em nada prejudica sua oportunidade de salvação. Homens e mulheres necessitam igualmente da misericórdia e do poder salvadores de Deus. Missão de mãe. Deus tem confiado uma grande honra e privilégio às mulheres ao capacitá-las a dar à luz e criar seus filhos. Quando a mulher cumpre fielmente seu legado, canalizando as energias para o estabelecimento de uma vida feliz, um lar ordeiro, ela não só será considerada bendita pelo marido e pelos filhos, mas também receberá a aprovação do Senhor. Não se pode separar a salvação da relação cotidiana com as responsabilidades da vida. Se a mulher abandona ou negligencia a esfera de atividade designada por Deus, em favor de outras ocupações, o resultado poderá ser infelicidade e perda. Paulo exorta todas as mulheres a cumprir seu dever como mães fiéis e a reconhecer a responsabilidade de liderança do homem, concedida por Deus, no lar e na igreja. Deus deu qualificações especiais a homens e mulheres para o cumprimento de suas tarefas individuais, e ambos encontrarão sua maior felicidade em ocupar seu lugar designado com espírito de amor, dedicação e serviço fiel. Se. Quer se trate de homens quer de mulheres, a salvação depende de que prossigam com a fé inicial que os levou a Cristo. A salvação é instantânea, mas deve ser mantida mediante uma entrega diária e ininterrupta ao plano e propósito de Deus para cada indivíduo. Amor. Como fruto de uma fé genuína (ver com. de 1Co.13:1). Não o tipo de amor “exerça autoridade” (1Tm.2:12) ou que negligencie as honrosas funções desempenhadas por uma esposa e mãe fiel. Santificação. Uma vida completamente consagrada é o resultado de uma fé genuína que subordina tudo ao cumprimento da vontade de Deus (ver com. de Fp.3:7-8). Uma mulher santificada encontrará no papel que lhe foi atribuído como mãe uma forma mais gratificante de serviço do que obteria competindo pela liderança, com o intuito de exercer domínio sobre o homem (v. 1Tm.2:12). Bom senso. Ver com. do v. 1Tm.2:9. Paulo apela às mulheres sensatas para que exaltem seus deveres femininos. |
1Tm.3:1 | 1. Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja. Fiel. Do gr. pistos, “fiel”, “digno de confiança”. Alguns comentaristas creem que a primeira frase do cap. 3 deve ser considerada como a conclusão do que se disse sobre as mulheres no cap. 2. No entanto, ela pode ser aplicada tanto à frase precedente quanto à seguinte, porque ambos os comentários merecem consideração cuidadosa. Episcopado. Ou, “supervisor” (ver com. de At.11:30; At.20:28). Nos tempos apostólicos, o cargo de “bispo” era o mesmo que o de ancião (sobre o desenvolvimento histórico do episcopado, ver vol. 6, p. 11, 12, 26). Excelente. Do gr. kalos, “excelente”, “insuperável”. |
1Tm.3:2 | 2. É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; Necessário. Do gr. dei, “é próprio”, isto é, pela própria natureza do caso. O líder cristão deve ser um modelo na prática dos princípios que professa, se quer convencer outros da dignidade de sua mensagem. O regato não corre acima de sua fonte, e, em geral, uma congregação não costuma alcançar nível mais alto do que sua liderança. Irrepreensível. Ou, “não sujeito a censura”. Quem preside uma igreja deve estar livre de toda censura relacionada na lista subsequente de requisitos morais. Deve demonstrar sua idoneidade moral. Uma só mulher. Por diversas vezes, esta frase tem sido explicada no sentido de que: (1) todos os ministros devem ser casados; (2) a poligamia e o concubinato são estritamente proibidos aos ministros; (3) uma pessoa divorciada não deve servir como bispo; e (4) os ministros não devem se casar novamente, se forem viúvos. Contra a primeira explicação se argumenta que é difícil harmonizar com a declaração de Paulo em que ele incentiva os homens a viver como ele, ou seja, sem esposa (ver com. de 1Co.7:7-8). No entanto, aqueles que defendem a primeira explicação assinalam que, quando as declarações de Paulo sobre o casamento são vistas em seu contexto: a “angustiosa situação presente” que o levava a recomendar precaução (ver com. de 1Co.7:26; 1Co.7:28). Paulo não menosprezava o lar como instituição divina, pois Deus o estabeleceu no Éden. O íntimo companheirismo entre marido e mulher é um dos meios ordenados pelo Altíssimo para o devido desenvolvimento espiritual de ambos, como o próprio Paulo o declara (ver com. de Ef.5:22-33; 1Tm.4:3; Hb.13:4). Sem dúvida, Paulo incluiu isso em seu conselho a respeito dos bispos, pois um homem casado estaria em melhores condições para entender muitos dos problemas que surgem entre as famílias da igreja. Aqui, Paulo condena o celibato obrigatório do clero. A segunda explicação pode refletir parte do pensamento de Paulo, porque ele sempre condenou a promiscuidade sexual. Em uma época em que o concubinato e a poligamia eram socialmente aceitáveis, a igreja cristã deveria se manter incontaminada como exemplo de uma forma de vida superior. Se os membros da igreja falhassem nesse aspecto, poderia haver censura e perdão. Porém, se um líder da igreja deixasse de exemplificar o mais alto padrão moral, ele perderia o direito a seu cargo. Paulo talvez estivesse destacando o perigo de indicar como bispo ou presbítero um homem com antecedentes morais duvidosos. Aqueles que defendem a terceira explicação destacam que os judeus aceitavam os motivos mais triviais para o divórcio (ver com. de Mt.5:32) e que alguns dos primeiros cristãos imitavam esse exemplo e justificavam o divórcio por outras causas, além do adultério (ver com. de Mt.19:8-9). Um bispo divorciado, seja qual fosse o motivo, estaria desqualificado como líder espiritual. A quarta explicação tem recebido considerável apoio ao longo dos séculos. Os que a favorecem preferem a tradução “casado uma só vez”. Contra esse ponto de vista, argumenta-se ainda que o texto grego não afirma que um bispo só pode se casar uma vez, mas que ele deve ser “marido de uma só mulher”, isto é, que não pode ter duas ou mais esposas ao mesmo tempo. Também se enfatiza que em nenhuma passagem das Escrituras se condena um novo casamento após a morte do primeiro cônjuge, nem se considera como um impedimento para ser dirigente espiritual. Finalmente, os contrários a essa posição acusam os que a defendem como adeptos do celibato e de outras práticas ascéticas. Um fato é claro: o bispo devia ter um histórico imaculado de fidelidade conjugal, para que pudesse ser um digno modelo para seu rebanho. Temperante. Do gr. nephalios, “abstêmio de vinho”, “sóbrio”. Nephaleos é utilizado no grego clássico para descrever uma refeição sem vinho nem libação apresentada a um deus pagão. Sóbrio. Do gr. sophron, “prudentes”, “de mente sadia”, “que tem domínio próprio”. Esses líderes são sempre necessários na igreja para se evitar o fanatismo e liderar em tempos de grave emergência. Modesto. Do gr. kosmios, “ordeiro” (ver com. de 1Tm.2:9). Hospitaleiro. Ver com. de Rm.12:13. O bispo deve se destacar por sua consideração altruísta pelos viajantes cristãos. Apto para ensinar. Do gr. didaktikos, “qualificado no ensino”. O ministro de Deus deve estar disposto a ser ensinado e também ser capaz de instruir a outros nas verdades da Palavra de Deus, seguindo o exemplo do grande Mestre. |
1Tm.3:3 | 3. não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento; Não dado ao vinho. Ou, “não bêbado”, “não viciado no vinho”. Os mais velhos não deveriam dar motivo para a acusação de que eram bêbados ou de que buscavam somente o prazer (cf. com. do v. 1Tm.3:8; 1Tm.5:23). Acima de todos os outros na igreja, eles deveriam ser modelos de sobriedade. Não violento. Ou seja, não belicoso nem briguento. Um caráter conciliador e pacificador é uma qualidade indispensável a todo líder da igreja. Cordato. Do gr. epieikes, “equitativo”, “íntegro” (ver com. de Tg.3:17). Inimigo de contendas. Ou, “que se abstém de lutar”, “conciliador”. Não cobiçoso de torpe ganância (ARC). Evidências textuais (cf. p. xvi) favorecem a omissão destas palavras. Não avarento. Literalmente, “não amante de prata”. As experiências de Judas Iscariotes e Simão, o mágico, revelam o perigo e prejuízo que sobrevêm ao ministério da igreja devido ao amor ao dinheiro (ver Jo.12:1-6; At.8:14-23). |
1Tm.3:4 | 4. e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito Governe. Do gr. proistemi, “dirigir”, “presidir”. Se a pessoa falha em uma tarefa menor, será incapaz de ter êxito na tarefa maior de supervisionar as muitas famílias que compõem uma congregação ou grupo de igrejas (v. 1Tm.3:5). Casa. Do gr. oikos, “casa” e, por extensão, “família”, “casa”. Filhos sob disciplina. Os filhos do ministro devem demonstrar que respeitam o pai, por seu comportamento obediente e circunspecção. Os filhos de Eli, o sumo sacerdote, foram um trágico exemplo do amor equivocado de um pai e do fracasso ao governar sua família (ver com. de 1Sm.2:12; 1Sm.2:27). Respeito. Do gr. semnotes (ver com. de 1Tm.2:2). |
1Tm.3:5 | 5. (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?); Sem comentário para este versículo. |
1Tm.3:6 | 6. não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo. Neófito. Literalmente, “recém-plantado”. As Escrituras nada dizem a respeito da idade mínima específica para os candidatos ministeriais, mas exigem apenas que sejam espiritualmente amadurecidos. Para não suceder que se ensoberbeça. Ou, “seja inchado”, “seja vaidoso”. O orgulho obscurece o entendimento. Condenação do diabo. Esta expressão pode ser assim entendida: (1) que o “neófito” receberá a mesma condenação ou castigo aplicado ao diabo quando o orgulho precipitou sua rebelião no Céu (ver com. de Ez.28:12-17), ou (2) que a condenação será trazida contra o “neófito”, iludido pela presunção, pelo próprio diabo, como “acusador de nossos irmãos” (Ap.12:10; Jó.1:6; Jó.2:4-5). Contra esse último ponto de vista se ergue o fato de que o juízo não é função do diabo, de acordo com as Escrituras. O julgamento é tarefa de Deus, e a sentença proferida contra o diabo no Céu (Ap.12:7-9) também atingirá aqueles que permitirem que o orgulho domine seu pensamento. |
1Tm.3:7 | 7. Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo. É necessário. Ver com. do v. 1Tm.3:2. Bom testemunho. A reputação do bispo na comunidade deve ser de caráter mais elevado, de tal modo que mereça o pleno respeito e a confiança das pessoas que não pertencem à igreja (ver com. de 2Co.6:3). O cristianismo seria pouco atrativo se os líderes da igreja fossem tão pouco íntegros como os que não pertencem a ela. Opróbrio. Ou seja, as duras críticas e injúrias dos membros da igreja e dos incrédulos. Quando a influência do ministro é anulada pelo juízo crítico da comunidade, quase inevitavelmente se produzem desânimo e desespero, o que desvaloriza ainda mais a utilidade do pastor. Diabo. Ver com. de Mt.4:1. O ministro que perdeu o respeito dos membros da igreja e dos estranhos cai em pelo menos um “laço do diabo” e cairá noutros, a menos que ocorra uma mudança decisiva em seu coração. |
1Tm.3:8 | 8. Semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam respeitáveis, de uma só palavra, não inclinados a muito vinho, não cobiçosos de sórdida ganância, Semelhantemente. Assim como o cargo de bispo ou ministro tem certos requisitos, também o de diácono. Diáconos. Ver com. de Mc.9:35; sobre a função e o desenvolvimento histórico do diaconato, ver vol. 6, p. 11, 12. Respeitáveis. Do gr. semnos, “dignos de honra”, “nobres”; sobre o substantivo relacionado, ver com. de 1Tm.2:2. De uma só palavra. Ou seja, “não diga uma coisa a uma pessoa e o contrário a outra”. Cada oficial da igreja deve ser pacificador, não um divulgador de escândalos nem um perturbador. Pode ter sido esta expressão que levou John Bunyan a chamar de “Sr. Duas Línguas” a um dos personagens de O Peregrino. Vinho. Do gr. oinos, “vinho”, seja novo, seja fermentado. Alguns sustentam que Paulo fala aqui de vinho não fermentado, suco de uva, porque, para ele, falar de outra forma o coloca em conflito com sua declaração contra a profanação do corpo (ver com. de 1Co.6:19; 1Co.10:31) e em oposição ao ensinamento geral da Bíblia sobre a bebida intoxicante (ver com. de Pv.20:1; Pv.23:29-32; Jo.2:9). Outros defendem que Paulo aqui permite o uso moderado de vinho comum. Declaram que, se ele estivesse falando de suco de uva, não precisaria alertar os diáconos contra beber “muito” dele, e não teria nenhuma base válida para proibir totalmente os anciãos de beber. A passagem é de difícil interpretação (ver com. de Dt.14:26; cf. com. de 1Tm.5:23). Não cobiçosos de sórdida ganância. Ou, “não ansiosos para receber ganho desonroso”. O cristão deve sempre vencer a tentação de se aproveitar de alguém, mesmo que não seja culpado de transgredir qualquer lei específica. Tampouco deve se aproveitar do privilégio de seu cargo para obter favores ou ganho pessoal indireto. O dinheiro não deve ser a meta principal de sua vida. |
1Tm.3:9 | 9. conservando o mistério da fé com a consciência limpa. Mistério. Sobre o uso paulino de “mistério” ver com. de Rm.11:25. Fé. Literalmente, “a fé”, isto é, todo o corpo da doutrina cristã. O diácono deve ser não apenas um estudioso bem informado da Bíblia, mas também refletir os princípios que ela apresenta. Consciência limpa. Ver 1Tm.1:5. Em vez das falhas mencionadas em 1Tm.3:8, o diácono exemplifica os princípios da fé cristã em sua vida diária. O diácono fiel não tem de que se envergonhar nem diante de Deus nem dos semelhantes, pois sua consciência está livre de faltas intencionais. |
1Tm.3:10 | 10. Também sejam estes primeiramente experimentados; e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato. Experimentados. Ou, “testados”. A aptidão de qualquer diácono em perspectiva não deve ser admitida sem provas. Paulo exorta o procedimento seguro de primeiramente investigar todas as fases da vida de alguém antes de lhe confiar o ofício de diácono, mesmo que esse ofício seja menor em hierarquia que o de bispo (v. 1Tm.3:2-7). Aqui, Paulo condena o que às vezes se sugere: de que a nomeação para cargos da igreja seja feita como incentivo aos que têm sido descuidados, ou fracos na fé, na esperança de que esse reconhecimento estimule o zelo e a piedade. |
1Tm.3:11 | 11. Da mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo. Mulheres. Do gr. gunaikes, “mulheres” ou “esposas”. É impossível determinar se Paulo se refere a diaconisas ou às esposas dos diáconos. Respeitáveis. Ver com. do v. 1Tm.3:8. Maldizentes. Do gr. diaboloi, ver com. de Mt.4:1. Temperantes. Do gr. nephalioi, “abstêmias de vinho” (ver com. do v. 1Tm.3:2). Fiéis. Isto é, sempre dignas de confiança em assuntos confiados a elas. Talvez esta seja uma referência a sua integridade ao exercer caridade perante os necessitados. |
1Tm.3:12 | 12. O diácono seja marido de uma só mulher e governe bem seus filhos e a própria casa. Uma só mulher. Ver com. do v. 1Tm.3:2. Filhos. Ver com. do v. 1Tm.3:4. A elevada norma de uma vida familiar bem ordenada que se exige de um bispo também corresponde à de um diácono. Não vale muito uma religião ineficaz no lar. |
1Tm.3:13 | 13. Pois os que desempenharem bem o diaconato alcançam para si mesmos justa preeminência e muita intrepidez na fé em Cristo Jesus. Desempenharem bem o diaconato. Do gr. diakoneo, “servir” (ver com. de At.6:1). A frase inteira diz literalmente: “aqueles que servirem”, ou “os que ministrarem”. Paulo resume os v. 1Tm.3:1-12 e apresenta um incentivo para que todos sirvam fielmente nos cargos recebidos: bispos, presbíteros, diáconos e diaconisas. Embora nesse tempo o termo diakonos, “diácono”, estivesse começando a assumir seu significado mais específico e literal, ainda se empregava para descrever todos os que serviam a igreja em qualquer cargo. Paulo, apesar de apóstolo, com frequência se apresenta entre os diakonoi (plural de diakonos, ver 1Co.3:5; 2Co.3:6; 2Co.6:4; 2Co.11:23; Ef.3:7; Cl.1:23). Procede da mesma forma ao se referir a Timóteo, pastor da igreja de Éfeso (ver 1Tm.4:6). Alcançam. Do gr. peripoieo, “ganham”, “preservam” (ver com. de Ef.1:14). O serviço fiel resulta em maior capacidade para servir ainda mais fielmente no futuro. Justa preeminência. Do gr. bathmos, “degrau”, “dignidade”, isto é, posição, status, ou posição entre as pessoas. O aumento de eficiência no trabalho da igreja é evidência de constante comunhão com Deus e resulta em maior respeito na comunidade. Paulo não quer dizer que o cumprimento dos deveres da igreja é um meio de garantir a salvação pessoal, nem que uma obra executada fielmente hoje significa que se possa adquirir um status mais elevado na eternidade. Intrepidez. Do gr. parresia, “confiança destemida”, “liberdade para falar” (ver com. de At.4:13). Paulo usa parresia para descrever a confiança que todos os membros da igreja devem ter no sucesso do plano do evangelho e nas próprias realizações pessoais mediante uma conexão vital com Cristo pela fé (ct. Ef.3:12; Fp.1:20; Hb.3:6; Hb.4:16; Hb.10:19; Hb.10:35). Quando um oficial da igreja está unido a Cristo, não há problema, pessoal ou profissional, que o desanime. O bom cumprimento de cada tarefa designada resulta em serenidade e confiança e prepara a pessoa para enfrentar os problemas mais difíceis no futuro. Na fé. Isto é, a fé cristã que tem seu foco em Cristo. |
1Tm.3:14 | 14. Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te em breve; Esperando ir ver-te. Até onde sabemos, esse desejo nunca se cumpriu. |
1Tm.3:15 | 15. para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade. Proceder. Do gr. anastrepho, “conduzir-se”. Paulo instrui Timóteo com relação à administração da igreja local e, particularmente, acerca da elevada conduta moral requerida de todos os líderes. Quando Timóteo lidava com os frequentes e variados problemas comuns a todas as congregações, ele encontrava na epístola de Paulo um verdadeiro manual de normas e procedimentos. Casa. Ou, “família” (ver com. de Ef.2:19; 1Tm.3:4). Num tempo em que os cristãos não possuíam edifícios próprios para se reunir (ver p. 4), o pensamento de que, apesar disso, Deus estava entre eles, era reconfortante pessoal e coletivamente. Um edifício não pode refletir um “Deus vivo”, mas um cristão convertido, sim. Portanto, a igreja de Deus é essencialmente a união espiritual de todos os seus membros convertidos, adorando num mesmo ambiente, ou separados por grandes distâncias. Deus vivo. Adorar um Deus vivo exige uma fé viva que reconhece os propósitos divinos em ação dia a dia. Os cristãos podem ser habitação do Deus vivo unicamente quando se dedicam com entusiasmo à propagação do plano evangélico. Coluna. Ver Gl.2:9. Os cristãos genuínos são testemunhas do poder da graça de Deus e da sabedoria de Seus propósitos. Quando deixam de cooperar plenamente com o plano divino para restaurar a imagem divina no ser humano, inevitavelmente se atrasa o dia da restauração desta Terra (ver PJ, 69). A não ser que o poder e os propósitos de Deus se cumpram na vida dos que se chamam Seus filhos, as acusações de Satanás parecerão certas (ver com. de Jó.1:9; PP, 42). Por isso, Paulo exortou os membros da igreja a refletir na própria vida o princípio da verdade que diziam que praticavam. Baluarte. Do gr. edraioma, “suporte que torna estável”, “apoio”, “esteio”. A igreja de homens e mulheres resgatados, engajados no programa de restaurar nas pessoas “a imagem de seu Criador” (ver Ed, 15) é uma excelente demonstração da suprema suficiência da “verdade”. Não basta apenas concordar com os princípios da “verdade”; estes devem refletir-se plenamente na vida (ver com. de Jo.8:32). |
1Tm.3:16 | 16. Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória. Evidentemente. Ou, “por consentimento geral”. Muitos comentaristas acreditam que este versículo se refira a um hino bem conhecido da igreja primitiva. Mistério. Ver 1Tm.3:9; ver com. de Rm.11:25. “O mistério da piedade” (1Tm.3:16) é a base para toda esperança e fonte de todo conforto. Piedade. Ver com. de 1Tm.2:2. O triunfo da graça de Deus sobre as forças do mal na vida será sempre motivo de admiração e gratidão. Deus (ACF). Evidências textuais favorecem (cf. p. xvi) a variante “aquele que”. A referência é a Jesus, em quem foi revelado o segredo divino. Manifestado. Ver com. de Jo.1:14. Na carne. Apesar de habitar nEle “toda a plenitude da Divindade” (ver com. de Cl.2:9), Jesus Cristo Se desfez de Suas prerrogativas celestiais (ver com. de Fp.2:5-8) e viveu na esfera dos seres humanos, tendo um corpo humano (ver com. de 1Tm.2:5; sobre a natureza humana de Cristo, ver vol. 5, p. 1013). Justificado. Do gr. dikaioo, “ser declarado justo” (sobre Cristo como o “Justo”, ver com. de At.7:52). Cristo foi declarado justo porque era sem pecado (ver com. de Jo.8:46). Os seres humanos são declarados justos quando aceitam a justiça imputada de Cristo (ver com. de Rm.4:25). Em Espírito. Ou, “no espírito”, isto é, no que diz respeito às coisas espirituais. O Salvador enfrentou a vida com um espírito de total dedicação à vontade de Deus, e era essa atitude que O protegia de pecar. Cristo veio para ser substituto dos seres humanos, e foram Suas ações como ser humano que demonstraram que Deus é justo em Suas exigências e em Seus juízos. Contemplado por anjos. Ou seja, cada fase da vida terrestre de Cristo, do nascimento à ressurreição e ascensão, foi vista pelos anjos. Eles foram testemunhas de Sua perfeição de caráter e completa abnegação (ver Mt.4:11; Lc.2:9-15; Lc.22:43; Hb.1:6). Gentios. As nações às quais os apóstolos deviam ir segundo a ordem do Senhor (ver Mt.28:18-20; At.1:8). Crido. Paulo aqui traça cronologicamente o êxito da missão de Cristo desde a encarnação até Sua recepção favorável no coração dos que são sinceros. Desta forma, Paulo confirma o rápido avanço do evangelho por todo o mundo conhecido (ver com. de Cl.1:23). Recebido. Do gr. analambano. A mesma palavra é usada na narrativa da ascensão (Mc.16:19; At.1:2; At.1:11; At.1:22). Na glória. Literalmente, “em glória”, ou seja, a recepção que acolheu Jesus quando Ele subiu ao Céu foi gloriosa. |
1Tm.4:1 | 1. Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, O Espírito. Ou seja, o Espírito Santo, que falava por meio de Paulo ou por intermédio de algum outro profeta da igreja (sobre a relação entre o Espírito e os profetas que estão na igreja ver com. de 1Co.12:10; Ef.4:11; 2Pe.1:21; Ap.1:1; Ap.19:10). Últimos tempos. Ou, “últimos tempos”, isto é, nos dias que se seguiriam ao momento em que a previsão foi feita. A igreja cristã deveria esperar uma apostasia crescente, que culminaria antes do segundo advento (ver com. de Mt.24:24; Ap.16:14). Apostatarão. Do gr. aphistemi, “abandonar”, “apostatar” (sobre apostasia, o substantivo derivado desse verbo, ver com. de 2Ts.2:3). Paulo já havia advertido em Mileto os presbíteros da igreja de Éfeso a respeito da apostasia futura dentro da igreja cristã (At.20:28-31; sobre um estudo mais aprofundado da grande apostasia que haverá de se manifestar na igreja antes da volta de Cristo, ver com. de 2Ts.2:3-10). Da fé. Em grego, o artigo definido “a” destaca a identidade especial da fé; assinala a fé que acaba de ser mencionada e se refere às profundas verdades apresentadas no 1Tm.3:16. Espíritos. Ou seja, homens incitados por “espíritos enganadores” (ver com. de 1Jo.4:1). Enganadores. Literalmente, “que induzem ao erro”, portanto, mentirosos, falsos. Os piores e mais enganosos oponentes da igreja são os que já foram membros dela e são mestres na arte de mesclar o erro com a verdade. Demônios. Do gr. daimonia, “demônios” (ver com. de 1Co.10:20). Os mestres do engano disseminam ensinamentos que são inspirados por Satanás e seus colaboradores (comparar com o controle do diabo sobre Judas, cf. Lc.22:3). Satanás trabalha para controlar a mente das pessoas. Por isso, é muito importante captar a verdade corretamente. O espiritualismo moderno, usa exemplo inegável de doutrina de demônios, é apenas um renascimento do culto demoníaco e da feitiçaria do passado. Sua influência sedutora acabará por varrer o mundo, tanto de cristãos como de não cristãos, e preparará o caminho para o último grande engano de Satanás (GC, 562, 588, 589, 624; PP, 686). |
1Tm.4:2 | 2. pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência, Hipocrisia. Ou, “simulação”, “aparência exterior”. Os mestres do engano (v. 1Tm.4:1) podem fingir lealdade à verdade enquanto espalham suas “doutrinas de demônios” (v. 1Tm.4:1). Muitas vezes, os apóstatas não estão aliados abertamente sob a bandeira de erro e da traição à causa de Cristo. Os mestres do engano trombeteiam lealdade à causa da verdade, a fim de melhor iludir as pessoas. Cauterizada. Ou, “marcada com ferro em brasa”. Alguns sustentam que essa expressão se refere à insensibilidade da consciência que não mais está consciente da culpa no malfeito, assim como o ferro quente torna a carne humana incapaz de sentir, de modo que fica progressivamente difícil para o Espírito Santo fazer qualquer impressão sobre a consciência (comparar com o caso de judas, que finalmente ignorou todos os apelos à sua consciência, ver Lc.22:3; Jo.6:70; Jo.13:27). Outros acreditam que, assim como o ferro em brasa deixa sua marca, as “doutrinas de demônios” (1Tm.4:1) e as mentiras dos hipócritas (v. 2) tornam a marca satânica cada vez mais indelével. Portanto, assim como Paulo possuía as marcas de seu serviço a Cristo (Gl.6:17), de igual forma esses enganadores arcarão com as marcas correspondentes da lealdade a Satanás. Consciência. Literalmente, “a própria consciência”. É uma referência aos erros que enganam os outros na igreja, ao mesmo tempo, fazem com que os enganadores fiquem insensíveis à verdade. |
1Tm.4:3 | 3. que proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos, com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade; Proíbem o casamento. Paulo admoesta contra os conceitos fanáticos introduzidos primeiramente no cristianismo pelos gnósticos (ver vol. 6, p. 40-45) e perpetuados pelo sistema monástico. Os gnósticos acreditavam que toda matéria é má e que o corpo humano, sendo material, deve ter suas paixões reprimidas e negadas. Segundo essa teoria, o casamento se tornou uma concessão aos desejos da carne e, portanto, era pecaminoso. Paulo deixa claro que o casamento é uma instituição de origem divina e que combater essa instituição seria atacar a sabedoria infinita e os bondosos propósitos de Deus (ver com. de 1Co.7:1; Hb.13:4). Alimentos. Do gr. bromata, “alimento sólido” (ver com. de Mc.7:19; sobre uma discussão a respeito da posição de Paulo quanto a relação entre alimentação e vida cristã, ver com. de Rm.14:1). Aqui, Paulo se refere às influências e tendências ascéticas que permeavam a igreja. Por razões cerimoniais, ritualísticas, esses ascetas consideravam que a total proibição de certos alimentos seria espiritualmente desejável. A proibição de certos alimentos em determinados dias religiosos também pode ser incluída na advertência do apóstolo. Que. Alguns creem que esse pronome relativo se refere apenas aos “alimentos”; outros afirmam que também abrange o casamento. Deus criou. Os alimentos e o casamento faziam parte do plano original de Deus para a humanidade no Éden. Para serem recebidos. Literalmente, “para a participação.” A instituição do casamento e dos alimentos indicados para o consumo humano (ver com. de Gn.1:29; Nota Adicional a Levítico 11; Lv.11:47) faz parte do plano de Deus para o bom desenvolvimento humano. Aquele que criou o ser humano sabe de que atividades ele deve participar a fim de atingir uma vida feliz e equilibrada. A possibilidade de que alguém se prive das bênçãos do casamento e dos alimentos necessários para uma boa saúde questiona e desafia a sabedoria e a vontade de Deus. Ações de graças. Devemos não apenas aceitar a direção de Deus para o viver, mas também nos alegrar por Sua preocupação conosco e registrar nossa gratidão em uma vida de louvor e ações de graças (ver com. de 1Co.10:30-31). Por quantos conhecem plenamente. Literalmente, “pelos fiéis, aqueles que a conhecem totalmente”; isto é, “que têm uma compreensão experimental dela”. Os planos de Deus para a humanidade são mais bem compreendidos pelos que se submetem à Sua vontade e contribuem com os planos dEle (cf. Jo.7:17). Os que conhecem por experiência o amor e o infalível interesse de Deus serão os primeiros a reconhecer que Sua sabedoria se estende a todos os aspectos da vida. Somente aqueles que já aceitaram plenamente essa sabedoria serão capazes de dar verdadeiras “ações de graças”. Verdade. Ou seja, a vontade revelada de Deus, contida nas Escrituras (ver 1Tm.3:15; ver com. de 1Tm.2:4). |
1Tm.4:4 | 4. pois tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável, Tudo que Deus criou. Do gr. panktisma, “tudo que foi fundado”, “tudo que foi criado”. É uma referência às coisas criadas do v. 1Tm.4:3 (ver com. ali). Bom. Do gr. kalos, “excelente”, isto é, adaptado e adequado para sua finalidade. Assim como o inventor de uma máquina sabe quais são as condições ideais para seu bom funcionamento, Deus conhece as melhores condições possíveis para a perfeita felicidade do ser humano (ver com. de Gn.1:31). Alguns comentaristas acreditam que Paulo revoga a distinção feita no AT entre alimentos limpos e imundos (ver com. de Lv.11). Deve-se notar, porém, que ele limita suas observações às coisas criadas por Deus para uso como alimento (ver com. do v. 1Tm.4:3). Na criação, Deus especificou os artigos que pretendia que as pessoas usassem como alimento. Esse regime prescrito não incluía a carne de qualquer animal, nem mesmo todos os tipos de vegetais (ver com. de Gn.1:29; Gn.1:31). Todas as coisas foram criadas para um propósito diferente e eram boas para o fim especifico, ou seja, adequadas para atender à finalidade para a qual Deus as criou. Depois do dilúvio, Deus permitiu o uso de carnes “limpas”, mas proibiu o consumo das carnes “imundas”. Em nenhuma parte da Bíblia se remove essa proibição. Nada é recusável. Tudo o que Deus criou deve ser feito para preencher a necessidade para a qual foi criado. |
1Tm.4:5 | 5. porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificado. Santificado. Do gr. hagiazo, “tratar como santo” (ver com. de Jo.17:17). Deus ordenou, ou separou, o casamento (ver com. de 1Tm.4:3). Ele também separou alguns itens indicados para serem usados como alimento e, portanto, são “santificados”, ou separados, cada um para seu uso pretendido. Palavra de Deus. Isto é, por Sua ordem expressa. Os cristãos definem seu padrão de vida de forma coerente com a Bíblia. Oração. A oração genuína revela a tentativa do homem de cooperar com o plano de Deus para ser restaurado do pecado. A oração antes de cada refeição e elevada com frequência durante o dia, não é excessiva para expressar gratidão pelo amor e pela sabedoria do Senhor (ver com. de Cl.3:17). |
1Tm.4:6 | 6. Expondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Cristo Jesus, alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido. Expondo estas coisas aos irmãos. Ou, “sugerindo aos irmãos”. Paulo recomenda um ministério de ensino permanente. No NT, os membros da igreja são chamados de “irmãos” (ver Fp.3:1; Tg.1:2; 1Pe.5:9). Estas coisas. Ou seja, a instrução acerca do crescente perigo representado pelos mestres apóstatas (ver com. dos v. 1Tm.4:1-5). Bom. Ver com. do v. 1Tm.4:4. Ministro. Do gr. diakonos, “diácono” (ver com. de 1Tm.3:13). Alimentando. Nenhum ministro cristão pode continuar por muito tempo no favor de Deus sem um programa sistemático de estudo da Bíblia e de aperfeiçoamento geral. Somente as Escrituras podem tornar seu ministério eficaz para o bem. Ser “alimentado” nas Escrituras não significa apenas que certos textos e fatos bíblicos foram dominados com sucesso, pois o próprio diabo domina as Escrituras dessa forma (ver com. de Tg.2:19). O propósito do estudo autêntico das Escrituras é conhecer pessoalmente a Cristo e obter uma experiência da salvação como se revela na Bíblia. Nenhum cristão, seja ministro ou membro da igreja, pode estar devidamente nutrido se não participar de uma dieta espiritual completa e balanceada. Não se pode nutrir espiritualmente uma pessoa, alimentando outra (cf. DTN, 390). Paulo exorta o jovem Timóteo a ser um verdadeiro representante de Jesus ao ministrar à sua congregação. Fé. Ver com. de 1Tm.3:9; 1Tm.4:1; 1Tm.5:8. Boa doutrina. Ou seja, o ensino salutar, benéfico. Seguido. Literalmente, “seguido de perto”. O elogio de Paulo a Timóteo fortaleceria ainda mais a influência do jovem pastor. |
1Tm.4:7 | 7. Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas caducas. Exercita-te, pessoalmente, na piedade. Rejeita. Quanto menos atenção o ministro cristão dá a ideias especulativas, mais frutifica em todos os sentidos. O Pastor Mestre não quer que Suas ovelhas se tornem objetos de experimentação, em que os fanáticos religiosos coloquem à prova suas teorias mal concebidas. Profanas. Ver com. de 1Tm.1:9. Os ministros cristãos não devem se ocupar com especulações seculares. Velhas caducas. Ou, “próprias das velhinhas”, isto é, superstições tolas, que não merecem a atenção de um cristão sensato. Exercita-te. Paulo insta Timóteo a que dedique suas energias para a apresentação positiva das grandes verdades da salvação. Piedade. A melhor defesa da doutrina cristã não depende de atacar continuamente as “fábulas” da moda, mas sim de uma vida cristã coerente (ver com. de 1Tm.2:2). Além disso, a apresentação clara e positiva da verdade que fortalece essa genuína experiência cristã será mais eficaz do que as discussões tolas sobre ideias equivocadas e fantasiosas. |
1Tm.4:8 | 8. Pois o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser. O exercício físico. Paulo não minimiza os benefícios do exercício físico. O corpo humano é “o santuário do Espírito Santo” (1Co.6:19-20), e é necessário que todo cristão se mantenha no melhor estado de saúde. Isso requer uma quantidade razoável de exercício físico. No entanto, Paulo manifesta o receio de que o rigor do exercício físico de qualquer natureza seja feito como um fim em si mesmo, em detrimento da santidade de caráter. O valor moral de qualquer aspecto do viver saudável não consiste no que a pessoa faz com seu corpo, mas no crescimento espiritual possibilitado pela sua maior resistência física (ver com. de 1Co.9:24-27). Pouco. Comparação feita com a suprema importância do desenvolvimento da piedade, que “é proveitosa para todas as coisas”. Alguns acreditam que Paulo também esteja comparando o valor transitório do desenvolvimento físico com o valor presente e futuro da formação espiritual. Isso pode ser verdade, porém não se deve ignorar o fato de que uma boa saúde contribui para a atividade espiritual e o caráter. “A saúde é uma bênção inestimável e está mais intimamente relacionada com a consciência e a religião do que muitos imaginam” (OE, 242). Tudo. Qualquer atenção à formação física ou mental é apenas um meio para o objetivo maior da vitalidade espiritual. O principal interesse do verdadeiro cristão é possuir um caráter semelhante ao de Cristo. Da vida que agora é. Paulo segue o ensino de Cristo de que a piedade não só oferece ao crente a promessa da vida eterna, “a que há de ser”, mas ainda proporciona paz, felicidade e bênçãos na vida presente (ver SI.34:12-14; Lc.18:28-30). |
1Tm.4:9 | 9. Fiel é esta palavra e digna de inteira aceitação. Fiel. Do gr. pistos, “digno de confiança” (ver com. de 1Tm.3:1). |
1Tm.4:10 | 10. Ora, é para esse fim que labutamos e nos esforçamos sobremodo, porquanto temos posto a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos os homens, especialmente dos fiéis. Para esse fim. Ou, “com esse objetivo”, isto é, procurar obter a “piedade” de caráter (ver com. do v. 1Tm.4:8), que deve ser buscada por todo cristão. Labutamos. Do gr. kopiao, “trabalhamos com empenho exaustivo”. O programa cansativo do ministério diário de Paulo era o resultado de seu sincero desejo de espalhar a exortação da “piedade” em todas as igrejas e entre os pagãos. Seu amor pelas pessoas pode ser medido por sua labuta desgastante (ver com. de 2Co.11:23-29). E nos esforçamos sobremodo. Ou, “somos vilipendiados”. No entanto, evidências textuais (cf. p. xvi) favorecem a variante “lutamos”, “combatemos” contra adversários (ver com. de 1Co.9:25). Nossa esperança. Ou seja, esperança confiante (ver com. de Rm.5:1-5; Rm.8:24-25; Rm.15:13; comparar com 1Ts.5:8; 2Ts.2:16; Tt.3:7; Hb.3:6; 1Pe.1:3-4; 1Jo.3:2-3). Deus vivo. A natureza imutável de Deus proporciona a base de uma plena confiança nas promessas (ver v. 1Tm.4:8) que se estendem a todos os crentes. Salvador. Paulo considera que os três membros da Trindade estão diretamente envolvidos no plano de salvação (ver com. de 1Tm.1:1). Cada pensamento e ato de Deus revela que o principal interesse dEle é a redenção da humanidade. Todos os homens. Deus deseja que todos se salvem, e tornou disponível graça suficiente para esse grande propósito (ver com. de 1Tm.2:2). Dos fiéis. A salvação está ao alcance de todos, porém somente a recebem os que decidem crer e a aceitam (Jo.3:17-18; Jo.3:36; ver com. de Jo.1:12). |
1Tm.4:11 | 11. Ordena e ensina estas coisas. Ordena. Este versículo também pode ser traduzido assim: “Tenha como prática manter essa mensagem diante do povo, e continue a ensiná-la.” Um caráter cristão é de primordial importância, e seu cultivo não deve estar subordinado a outras atividades, por mais dignas que sejam. Paulo viu o perigo de alguns se tornarem membros da igreja, porém não se converterem em autênticos cristãos. |
1Tm.4:12 | 12. Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza. Despreze. Ou, “pense negativamente”. Tua mocidade. Provavelmente, Timóteo não tinha ainda 40 anos de idade e teria inúmeros idosos sob seus cuidados (1Tm.5:1; 1Tm.5:17; 1Tm.5:19). Pelos v. 12 a 16, alguns concluem que Timóteo era tímido e calado por natureza, mais dado a obedecer do que a comandar, e que o conselho de Paulo aqui se destina a corrigir esse suposto defeito. A juventude não é barreira para uma rica comunhão espiritual com Deus, e a idade avançada não é garantia de um pensar sadio ou de consagração completa. De acordo com Paulo, as pessoas serão julgadas por suas habilidades santificadas e não por normas arbitrárias, como a idade. Padrão dos fiéis. Ou seja, modelo do que todo cristão genuíno deveria ser (comparar com Tt.2:7). A frase pode ser traduzida como “um exemplo para os crentes”, isto é, modelo de conduta a ser imitado por aqueles que creem (cf. Fp.3:17; 1Ts.1:6-7; 2Ts.3:9; 1Pe.5:3). O apóstolo exortou Timóteo a perseverar como um exemplo das virtudes e atributos cristãos, a fim de que sua autoridade se mantivesse respeitada. Na palavra. Ou, “na conversa”, “no discurso”, quer seja em público, quer em particular. Procedimento. Do gr. anastrophe, “modo de vida” (ver com. de Ef.4:22). Caridade (ARC). Ou, “amor” (ver com. de 1Co.13:1). No espírito (ARC). Evidências textuais atestam (cf. p. xvi) a omissão desta frase. Na fé. Ao observar a convicção inabalável de Timóteo de que Deus é digno de confiança e merece nossa mais completa fidelidade, outros membros da igreja seriam encorajados a proceder da mesma maneira. O amor e a fé aumentam em proporção direta com um conhecimento mais amplo do caráter de Deus. Amor e fé se estimulam mutuamente: o aumento de um alimenta o crescimento do outro. Na pureza. O histórico moral do ministro cristão deve ser completamente imaculado para que seja um exemplo de vida cristã, tanto para os crentes como para os incrédulos (1Tm.5:2; 1Tm.5:22). |
1Tm.4:13 | 13. Até à minha chegada, aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino. Até à minha chegada. Evidentemente, Paulo esperava ser libertado da prisão. Aplica-te. Ou, “dá atenção a”. Leitura. Ou seja, as lições bíblicas lidas no culto público, conforme o costume da sinagoga (ver com. de Lc.4:16). Nesse tempo, as Escrituras tinham que ser laboriosamente copiadas à mão e, por isso, poucos lares podiam possuir um exemplar. Portanto, era necessária e importante a leitura das Escrituras na adoração pública. Por causa dos mestres contenciosos e enganadores nas igrejas sob o cuidado de Timóteo (ver com. de 1Tm.1:3-6; 1Tm.4:1; 1Tm.4:7), Paulo encarrega o jovem apóstolo de selecionar cuidadosamente as passagens das Escrituras a serem lidas em público e lhes dar cuidadosa interpretação. Timóteo não deveria ser um fiscal da liberdade de pensar, mas um líder sábio e fiel ao seu dever de manter os princípios essenciais do evangelho isentos dos “ensinos de demônios” (ver com. do v. 1Tm.4:1). Exortação. Referência à admoestação a cumprir o dever, de acordo com a leitura bíblica feita no culto público. Talvez Paulo aqui se refira ao momento da pregação como parte do culto da igreja. Ensino. Seria prejudicial à vida da igreja se os autodenominados “mestres” disseminassem ensinamentos contrários aos fundamentos da fé cristã. Por isso, Timóteo deveria dar cuidadosa atenção a todas as fases do culto público. |
1Tm.4:14 | 14. Não te faças negligente para com o dom que há em ti, o qual te foi concedido mediante profecia, com a imposição das mãos do presbitério. Não te faças negligente. Ou, “não descuides”. Dom. Do gr. charisma, “dom da graça” (ver com. de Rm.1:11; Rm.12:6). Paulo se refere às habilidades especiais de Timóteo para administrar (ver 1Tm.1:18; 1Tm.4:11), para analisar habilmente os ensinamentos polêmicos (ver 1Tm.1:3-4; 1Tm.6:5) e à sua rara capacidade de clareza no ensino (1Tm.4:6; 1Tm.4:11). Todos os cristãos têm algum “dom”, cujo exercício fortalecerá a igreja (ver com. de Rm.12:6). No entanto, nenhum “dom” deve ser motivo de vanglória, pois todos se originam unicamente em Deus. As consequências da negligência do “dom” pessoal de alguém são temíveis. Em primeiro lugar, diminui a eficiência da salvação de outras pessoas, e o programa geral da igreja sofre. Em segundo lugar, o resultado no caráter do negligente membro da igreja se revelará plenamente no juízo (comparar com Mt.25:14-30). Paulo ordena a todos os ministros que se entreguem sem reservas à sua sagrada vocação e que evitem interesses concorrentes que absorvam o tempo e a energia que deveriam ser dedicados a servir a igreja confiada a seus cuidados. Mediante profecia. Ou, “pela profecia”. Deus comunicou Sua vontade a Timóteo mediante Paulo e outros profetas da igreja cristã (ver com. de 1Tm.1:18). Imposição das mãos. O “dom” de Timóteo para dirigir a igreja não lhe foi concedido no momento de sua ordenação. Nenhum poder especial fluiu pelas mãos do “presbitério”. Ao contrário, o serviço de ordenação reconheceu a capacidade e a consagração de Timóteo, e, portanto, expressou a aprovação da igreja à sua nomeação como dirigente. Todos os que são assim ordenados estão autorizados a realizar os ritos da igreja (sobre o conceito bíblico da imposição das mãos na ordenação, ver com. de At.6:6). Presbitério. Do gr. presbuterion, “conselho de anciãos” (sobre o uso intercambiável dos títulos presbuteros, “ancião”; e episcopos, “bispo”, ver vol. 6, p. 11, 12, 26; ver com. de At.11:30; 1Tm.3:1). |
1Tm.4:15 | 15. Medita estas coisas e nelas sê diligente, para que o teu progresso a todos seja manifesto. Medita. Do gr. meletao, “aplicar-se cuidadosamente”. O ministro fiel não divide o tempo entre seus deveres espirituais e atividades seculares. Os ministros de Cristo trabalharam como Cristo trabalhava, empregando em sua tarefa seus pensamentos mais viçosos e suas melhores energias. Nelas sê diligente. Literalmente, “permanece nessas coisas”. O ministro cristão deve estar imerso na tarefa de salvar as pessoas, não deve conhecer nenhum outro senhor a não ser Jesus Cristo. Progresso. Ou, “avanço”. Paulo exorta Timóteo a demonstrar que a igreja não se equivocou ao lhe conceder esse “avanço”, dando-lhe um cargo de liderança. Nos negócios seculares, o trabalhador demonstra seu valor pela produção, porém, os feitos do passado, mesmo que tenham sido gloriosos, não compensam uma improdutividade subsequente. No ministério cristão, o valor de um obreiro é determinado por sua reconhecida capacidade de ajudar homens e mulheres a encontrar Deus. |
1Tm.4:16 | 16. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes. Tem cuidado de ti mesmo. O apóstolo afirma a importância primordial de um caráter cristão confiável como qualificação para servir a igreja. O conhecimento dos ensinos da igreja é importante, porém o conhecimento nunca pode compensar uma reputação questionável. O argumento mais cativante do cristianismo não é a lógica irrefutável, mas a fragrância de uma vida semelhante à de Cristo. Os que buscam a verdade sinceramente não estão interessados em teoria, mas em uma mensagem que transforme a vida, que possa resolver seus problemas e ajudá- los a vencer suas fraquezas. Quando os descrentes sinceros de coração veem que o evangelho transforma pessoas egoístas, vaidosas e oportunistas em cristãos puros e altruístas, eles serão atraídos ao Cristo do evangelho. É uma trágica incoerência que um ministro tente reformar a vida dos outros, quando a própria não foi transformada pelo poder de Deus. Aquele que prega a bondade e o amor deve primeiro exemplificar essas qualidades. A pregação do evangelho é dificultada ou apressada pelo testemunho dos professos cristãos (cf. Rm.8:19; 1Co.2:14-16; Ef.4:12-13; PJ, 69; Ev, 695, 696; OC, 457, 458; T6, 450; T9, 29). Doutrina. Ver com. do v. 1Tm.4:13; 1Tm.6:1. O líder de igreja bem-sucedido não apenas vive de maneira exemplar, mas também possui profunda compreensão das Escrituras. O Espírito Santo não pode abençoar os esforços daqueles que trabalham para conduzir as pessoas a Deus, se negligenciam voluntariamente o estudo sistemático da Palavra. Continua. Como Timóteo, cada ministro deve tornar como hábito de vida apegar-se a esses princípios básicos de genuína experiência cristã. Cada ano que passa deve mostrar claros avanços, tanto no desenvolvimento espiritual como na compreensão das verdades da Palavra de Deus. Salvarás. A salvação se apresenta aqui como dependendo da continuidade na experiência inicial da graça (cf. com. de Hb.3:14). Quando as consequências incomparáveis de uma vida divinamente ordenada são evidentes para o mundo, muitos são levados a responder ao chamado do evangelho. O significado das palavras de Paulo não deve ser esquecido: a salvação dos perdidos é o resultado de vidas salvas por intermédio dos fiéis membros da igreja. O testemunho mais eficaz de Deus, plenamente contemplado no homem Cristo Jesus, é a verdade revelada por meio da personalidade e do caráter de homens e mulheres redimidos. |
1Tm.5:1 | 1. Não repreendas ao homem idoso; antes, exorta-o como a pai; aos moços, como a irmãos; Não repreendas. Ou, “nunca repreendas severamente”. Os cristãos não devem ser descorteses com ninguém, especiaimente os mais jovens para com os de mais idade. Como exemplo a ser seguido por todos os membros da igreja, Timóteo é aqui lembrado das muitas ocasiões práticas em que se põe à prova a autenticidade da experiência cristã do indivíduo. Os diversos grupos a seguir enumerados representam as muitas classes de pessoas que compunham as congregações. Timóteo haveria de supervisionar a outros e também deveria ter cuidado a fim de salvar a si mesmo e aos seus ouvintes (ver com. de 1Tm.4:16). Idoso. Do gr. presbuteros, “ancião” (ver com. de At.11:30). A compreensão mais elementar de dignidade e respeito reconhece que é recomendável a deferência dos jovens para com os idosos e experientes. Independentemente da correção que possam caracterizar as ideias de um jovem, é extremamente desrespeitoso tratar sem consideração os mais idosos. Esse tipo de procedimento não o recomenda como um verdadeiro cristão (ver com. de Ex.20:12; Lv.19:32). Exorta-o. Ou, “admoesta-o”. A idade avançada não dispensa a necessidade de correção; porém, se a pessoa tem o dever de reprovar, deve fazê-lo demonstrando sincero respeito e humildade. Aos moços. A admoestação e a disciplina só são eficazes quando administradas de forma que esteja acima de qualquer crítica. Os que recebem o conselho necessário não devem encontrar motivos para recusar o jovem líder por motivo de uma atitude arrogante ou superior. Os membros mais jovens da igreja devem sentir o companheirismo do dirigente, não sua superioridade. |
1Tm.5:2 | 2. às mulheres idosas, como a mães; às moças, como a irmãs, com toda a pureza. Mulheres idosas. Cada líder deve considerar seus irmãos da igreja como Deus o faz, isto é, como uma unidade familiar. Esse proceder deve impedir que o ministro demonstre qualquer tendência a ser arrogante ou a disciplinar com despotismo. As moças. A relação do ministro com os membros do sexo feminino não deve ser apenas pura, mas também livre de toda aparência e suspeita do mal. Sobretudo, os ministros jovens precisam desse conselho, pois enfrentam constantemente a tentação satânica da impureza. |
1Tm.5:3 | 3. Honra as viúvas verdadeiramente viúvas. Honra. Ou seja, com a assistência material e também com respeito. Em Mt.15:4-6, Jesus contrasta os filhos que provêm fielmente as necessidades materiais de seus pais com aqueles que “honram” os pais apenas com a palavra. Somente compaixão pela situação das viúvas, sem lhes fornecer a ajuda necessária, não revela um espírito genuinamente cristão (ver com. de Tg.1:27). Verdadeiramente viúvas. Sempre existiram na igreja diferentes categorias de viúvas: (1) aquelas que ainda têm o apoio ativo dos filhos e de outros parentes; v. 1Tm.5:4; (2) aquelas que carecem de apoio familiar, v. 1Tm.5:5; e (3) aquelas que se entregam “aos prazeres” e recebem cuidados materiais, mas não de seus familiares nem da igreja, v. 1Tm.5:6. Apenas a segunda classe de viúvas merecia receber o apoio constante da igreja. O costume judaico de socorrer as viúvas foi seguido pela igreja cristã (ver com. de Ex.22:22; At.6:1; Tg.1:27). |
1Tm.5:4 | 4. Mas, se alguma viúva tem filhos ou netos, que estes aprendam primeiro a exercer piedade para com a própria casa e a recompensar a seus progenitores; pois isto é aceitável diante de Deus. Netos. Literalmente, “descendentes”. O cuidado de uma viúva é principalmente obrigação de seus parentes próximos. Se seus filhos ou filhas também necessitam de ajuda ou já faleceram, a obrigação recai sobre os descendentes seguintes. Primeiro. Ou seja, a primeira obrigação de um filho é cuidar dos pais. Piedade. Do gr. eusebeo, “agir piedosamente”, “agir divino”. O substantivo eusebeia é traduzido como “piedade” (1Tm.2:2; 1Tm.3:16; 1Tm.4:7-8; 1Tm.6:3; 1Tm.6:5-6; 1Tm.6:11; 2Tm.3:5). A religião cristã destaca os deveres que cada pessoa madura deve cumprir fielmente. Professar lealdade a Deus, mas negligenciar as necessidades da família não é verdadeira religião. Deus não aceita nem mesmo a atividade da igreja como substituto ao dever primário de cuidar dos pais ou avós. Recompensar. Ou, “devolver recompensas”, isto é, tendo em conta o cuidado demonstrado pelos pais na educação dos filhos. Mesmo que o filho faça tudo por seus pais na velhice nunca recompensará plenamente esse cuidado. Porém, esse cuidado pelos pais idosos não deve ser praticado apenas como um dever, mas com amor e gratidão. Progenitores. Ou, “ancestrais”. Aceitável diante de Deus. O sentido do dever, seja para com outras pessoas, seja para com Deus, demonstra o grau de piedade dos membros da igreja. Deus é o exemplo de alguém que não ignorou o desamparo e a pobreza dos outros. Seu amor não conhece limites quando Se esforça para atender as necessidades de Suas criaturas. Por isso, o cristão abnegado que cuida fielmente de seus pais ou avós, revela um atributo de Cristo que é agradável a Deus (ver com. de 1Tm.2:3). |
1Tm.5:5 | 5. Aquela, porém, que é verdadeiramente viúva e não tem amparo espera em Deus e persevera em súplicas e orações, noite e dia; Verdadeiramente viúva. Ou seja, a viúva sem parentes próximos e sem meios conhecidos de sustento (ver com. do v. 1Tm.5:3). E não tem amparo. Literalmente, “sozinha”, isto é, sem filhos. Espera em Deus. A viúva que a seguir se descreve não busca chamar a atenção, com o objetivo de conquistar a simpatia e o louvor da igreja. Desde o início de sua viuvez, coloca seu futuro nas mãos de Deus, pois sabe que o amor divino solucionará seus problemas. Noite e dia. Ou seja, à noite e de dia, PauIo não sugere que a oração contínua deve constituir a principal ocupação das viúvas; ele apenas afirma que Deus é seu companheiro constante e sua fonte imediata de conforto. |
1Tm.5:6 | 6. entretanto, a que se entrega aos prazeres, mesmo viva, está morta. Aos prazeres. Ou, “voluptuosamente”. Paulo não dá nenhuma advertência para a igreja sobre essa viúva, que parece ser bem atendida, presumivelmente, por seus novos admiradores. Aparentemente, ela trocou a dignidade condizente com sua idade e profissão religiosa pela alegria de sua nova liberdade. Morta. Isto é, espiritualmente morta “em [seus] delitos e pecados” (ver com. de Ef.2:1-5; Jd.1:12; Ap.3:1). |
1Tm.5:7 | 7. Prescreve, pois, estas coisas, para que sejam irrepreensíveis. Prescreve. Ver com. de 1Tm.1:3; 1Tm.4:11. Uma parte da admoestação de Paulo era para Timóteo, e outra, para a edificação de toda a igreja. Os ensinos ministrados a Timóteo nesta epístola deveriam ser compartilhados publicamente com toda a igreja. Estas coisas. Ou seja, a instrução quanto ao cuidado das viúvas (v. 1Tm.5:3-16). Para que sejam irrepreensíveis. O conselho se refere a todos aqueles que se empenhavam no bom atendimento das viúvas. Os filhos das viúvas e a igreja em geral deviam apresentar perante o mundo um programa irrepreensível de responsabilidade solícita pelas viúvas. Além disso, a viúva que vivia em prazeres indecorosos também devia reconsiderar seu proceder, para não sofrer a reprovação da igreja e do mundo. |
1Tm.5:8 | 8. Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente. Não tem cuidado. Alguns comentaristas creem que esta frase inclui a assistência material àqueles que estavam privados de proteção enquanto os provedores do lar ainda viviam. Outros ponderam que Paulo se refere ao pai de família que deve fazer alguma provisão material para os seus, de modo que sua morte não traga dificuldades financeiras para os que se mantêm dele. Dos seus. Os que estão relacionados de alguma maneira com sua família. Talvez, neste contexto, se trate especialmente das viúvas. Nos dias de Paulo, isso incluía os servos da família, bem como todos os parentes. Da própria casa. Além das viúvas, Paulo inclui neste vasto círculo de responsabilidade todos os familiares necessitados, dos quais deviam cuidar os mais achegados. Essa prática merece o louvor pleno da igreja, pois todos devem considerar que, um dia, serão dependentes de outros, se a morte não intervier antes. Negado a fé. A saber, os ensinamentos fundamentais da igreja cristã a respeito da responsabilidade de uma pessoa para com seus pais e outros familiares próximos. A igreja cristã mantém vigente a declaração do Sinai de que os filhos devem “honrar” a seus pais (ver com. de Ex.20:12), que a verdadeira religião exalta e enobrece os vínculos familiares comuns. Professar uma religião com base no amor desinteressado, mas ignorar as responsabilidades devidas aos pais é uma trágica incoerência. Portanto, se torna manifesta a falta de sinceridade na profissão de fé. Jesus deu um exemplo a todos os cristãos quando, solícito, dispôs o necessário para o cuidado de Sua mãe, no momento da crucifixão (ver com. de Jo.19:25-27). Descrente. Literalmente, “infiel”. Tendo em vista que muitos pagãos consideram seu dever cuidar dos pais idosos, a falha de um cristão em sustentar sua família faria dele “pior do que o descrente”. |
1Tm.5:9 | 9. Não seja inscrita senão viúva que conte ao menos sessenta anos de idade, tenha sido esposa de um só marido, Inscrita. A tradução literal deste versículo diz: “Que a viúva inscrita tenha chegado a não menos de 60 anos, esposa de um marido.” A função desse registro especial de viúvas, embora fosse entendida nos dias de Paulo, hoje não é clara. Esse não era o único grupo das que eram “verdadeiramente viúvas”, pois, obviamente, havia casos de viúvas “desamparadas” (v. 1Tm.5:5), sem filhos e que ainda não haviam atingido os 60 anos. Na verdade, o v. 1Tm.5:10 descreve as viúvas especiais do v. 9 como aquelas que educaram filhos, e isso levanta a questão sobre por que esses filhos não cuidavam de suas mães. Possivelmente, os filhos, a essa altura: (1) não viviam mais; (2) não estavam dispostos a apoiar os pais; ou (3) não eram capazes de cumprir seus deveres filiais. Sob qualquer circunstância, as que em verdade eram viúvas, precisavam de ajuda especial. Sessenta anos de idade. Paulo aconselhou as jovens viúvas a se casar novamente (ver com. dos v. 1Tm.5:11-14). Assim, esse limite arbitrário de idade significa que o novo casamento era mais improvável para as viúvas que constituíam o grupo especial. Em outras palavras, sua solidão se considerava algo permanente. Assim, a expectativa de que elas continuassem em um único estado se baseava, aparentemente, na idade que elas haviam alcançado, e não por algum voto que tivessem feito, como alguns supõem. Um só marido. Comparar com 1Tm.3:2; 1Tm.3:12. A viúva incluída pela igreja nessa lista especial devia ter um registro digno, isto é, ter sido uma fiel esposa e mãe. |
1Tm.5:10 | 10. seja recomendada pelo testemunho de boas obras, tenha criado filhos, exercitado hospitalidade, lavado os pés aos santos, socorrido a atribulados, se viveu na prática zelosa de toda boa obra. Recomendada. Uma viúva de bom testemunho dentro e fora de casa era um pré-requisito para cada viúva do grupo especial (v. 1Tm.5:9). O que se segue parece ser uma espécie de lista de qualidades necessárias para que uma viúva pudesse pertencer ao grupo especial. Boas obras. Ver com. de 1Tm.2:10. Como Jesus, Paulo destaca os frutos de uma fé cristã genuína (ver com. de Mt.5:13-16; Mt.7:16-20; 2Co.9:8; Ef.2:10; 1Tm.3:7; Tg.2:17-26). Tenha criado filhos. Paulo especifica algumas das “boas obras” a que se refere. O grego implica que ter “criado filhos” era uma das exigências para a inclusão nesse grupo especial de viúvas. Alguns sugerem que isso inclui a preocupação louvável da viúva para com os filhos carentes de outros e seu apoio pessoal aos órfãos. Exercitado hospitalidade. Ter sido capaz de abrigar estranhos sugere que as viúvas em consideração não eram financeiramente desamparadas. Lavado os pés aos santos. A cortesia oriental requeria que os pés dos hóspedes fossem lavados. Seria considerada uma homenagem especial se a própria anfitriã realizasse esse ato, próprio de um servo. Alguns entendem que isso se refere à fiel participação na ordenança do lava-pés, instituída por Cristo (Jo.13:3-15), especialmente, tratando-se dos “santos”. Atribulados. Ver com. de Rm.12:13. Toda boa obra. Ou seja, como se pode esperar que as mulheres devotas participem. |
1Tm.5:11 | 11. Mas rejeita viúvas mais novas, porque, quando se tornam levianas contra Cristo, querem casar-se, Rejeita. Ver com. de 1Tm.4:7. Nota-se que Paulo não sugere que as viúvas carentes com menos de 60 anos e sem filhos não recebam assistência material da igreja. Ele diz que as viúvas mais novas não devem ser incluídas nesse grupo especial, o qual aparentemente recebia uma ajuda permanente. Viúvas mais novas. Ou seja, aquelas com menos de 60 anos de idade. Levianas. Agem sem o domínio-próprio característico de mulheres cristãs. As mulheres que haviam atingido os 60 anos talvez não seriam suscetíveis a muitas das tentações que afligem suas irmãs mais novas na igreja. Aquelas que fossem admitidas nesse grupo especial haviam se revelado dignas de honra e reconhecimento como mães em Israel. Querem casar-se. Esse procedimento não seria errado, pois Paulo encoraja o novo casamento (ver com. do v. 1Tm.5:14). No entanto, as viúvas se tornavam elegíveis aos privilégios concedidos a esse grupo especial apenas quando se considerava que, em sua idade, era improvável que seriam capazes de encontrar outros companheiros. Assim, se essas viúvas que haviam sido admitidas ao grupo se casassem, seria óbvio que elas não deveriam ter sido aceitas em primeiro lugar e que não mereciam o apoio prestado. Desde o princípio, elas deveriam ter seguido as instruções estabelecidas no v. 1Tm.5:14. |
1Tm.5:12 | 12. tornando-se condenáveis por anularem o seu primeiro compromisso. Condenáveis. Do gr. krima, “juízo”, “condenação”. É claro que Paulo não condena o segundo casamento, até o aconselha (ver com. de 1Co.7:28). O que ele diz aqui se aplica apenas a esse grupo particular. Primeiro compromisso. Sua fé anterior em Cristo que fazia delas mulheres fiéis. |
1Tm.5:13 | 13. Além do mais, aprendem também a viver ociosas, andando de casa em casa; e não somente ociosas, mas ainda tagarelas e intrigantes, falando o que não devem. Além do mais. Ou, “ao mesmo tempo, também”. As viúvas jovens aqui mencionadas já não tinham a influência restritiva dos deveres de casa, e não sabiam o que fazer com o tempo disponível. Se a igreja aceitasse essas viúvas jovens na sociedade permanente de viúvas (v. 1Tm.5:9), estaria incentivando a ociosidade e a frivolidade. As viúvas jovens poderiam não sentir a necessidade saudável de se sustentar com o melhor de sua capacidade, se esperassem assistência regular da igreja. Além disso, o comportamento geral das viúvas jovens aqui descritas seria um descrédito para a igreja. Tagarelas. Ou, “fofoqueiras”. Intrigantes. Ou, “intrometidas”. Elas não seriam cristãs confiáveis, qualificadas. |
1Tm.5:14 | 14. Quero, portanto, que as viúvas mais novas se casem, criem filhos, sejam boas donas de casa e não deem ao adversário ocasião favorável de maledicência. As viúvas mais novas se casem. Comparar com 1Co.7:28; 1Co.7:39. Este conselho de Paulo evitaria os perigos mencionados por ele, bem como a armadilha do ascetismo (ver com. de 1Tm.4:3). Deus implantou no homem e na mulher o desejo de união, e seria errado reprimir esse desejo natural. Quando uma jovem mulher deseja se casar e tem um marido adequado em perspectiva, não deve haver nenhuma regulamentação eclesiástica arbitrária para impedi-la. Donas de casa. Literalmente, “que administram os assuntos domésticos” (comparar com Pv.31:10-31). Ser um apoio para o marido em seu trabalho e ordenar os assuntos da casa para que todos da família desfrutem de saúde e alegria, constituem o privilégio sublime de uma esposa e mãe cristã. Ocasião. Literalmente, na linguagem militar, uma “base de operações”, a partir da qual se inicia o ataque. A jovem viúva é vigiada bem de perto. Ao se casar novamente, com sabedoria, e viver de modo digno e louvável, ela demonstra fidelidade cristã. |
1Tm.5:15 | 15. Pois, com efeito, já algumas se desviaram, seguindo a Satanás. Algumas se desviaram. Referência a exemplos reais de jovens viúvas que desconsideraram as restrições da dignidade cristã (cf. v. 1Tm.5:6; 1Tm.5:11-13). Satanás. Uma personificação de um modo de vida contrário ao representado por Cristo (v. 1Tm.5:11). Algumas jovens viúvas, desfrutando sua nova liberdade, negligenciavam ou ignoravam sua anterior fidelidade a Cristo, ou “primeiro compromisso” (v. 1Tm.5:12), e sua conduta seguinte não concordava com a fé que professavam. No entanto, Paulo não estava a favor de requisitos que as obrigassem a viver sob restrições que não procediam de Deus. |
1Tm.5:16 | 16. Se alguma crente tem viúvas em sua família, socorra-as, e não fique sobrecarregada a igreja, para que esta possa socorrer as que são verdadeiramente viúvas. Se alguma crente. Literalmente, “mulher crente”. Paulo completa sua instrução em relação ao cuidado das viúvas. Apresenta uma situação muito provável em que uma mulher membro da igreja, casada com um marido descrente, fosse filha ou neta de uma viúva. A responsabilidade pelos cuidados da mãe repousa sobre ela, não sobre a igreja. Seu marido incrédulo compreenderá a justiça dessa decisão, porque a responsabilidade é colocada sobre quem deve assumi-la. Não fique sobrecarregada a igreja. A igreja não deve assumir o encargo que corresponde aos familiares (ver com. do v. 1Tm.5:4). Verdadeiramente viúvas. Paulo inclui todas as viúvas em sua instrução. As que tinham filhos deviam ser assistidas por eles. Independentemente de sua idade, as viúvas que não tinham filhos e aquelas cujos filhos se recusavam a cumprir suas obrigações deviam ser assistidas e apoiadas pela igreja (ver com. dos v. 1Tm.5:3; 1Tm.5:5). |
1Tm.5:17 | 17. Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino. Presbíteros. Ou, “bispos”, líderes da congregação local (ver com. de 1Tm.3:1). Presidem. Ver com. de 1Tm.3:4. Duplicada (ARC). Os líderes da igreja bem-sucedidos são dignos de “honra” (ARC), por duas razões: (1) são mais idosos; e (2) cumprem seu ofício de forma louvável. Alguns consideram que a “honra” aqui mencionada inclui o respeito pela idade e experiência e também apoio financeiro. Honra (ARC). Alguns comentaristas acreditam que isso se refere a “honorários” (ARA), uma remuneração substancial digna dos anciãos fiéis. Também se argumenta que se refere ao dobro da bolsa salarial que se dava às viúvas. Outra possibilidade é a de que se refere a uma “dupla honra”, como maior grau de respeito, em concordância com o cargo que desempenhavam. Na palavra. Ver com. de 1Tm.4:12. Ensino. Ver com. de 1Tm.4:16. Aparentemente, os anciãos dignos de dupla honra não apenas administravam os negócios da igreja, como também ensinavam em público e em particular. |
1Tm.5:18 | 18. Pois a Escritura declara: Não amordaces o boi, quando pisa o trigo. E ainda: O trabalhador é digno do seu salário. A Escritura declara. Comparar com o argumento de Paulo em 1Co.9:7-14 sobre uma justa remuneração para o ministério. Paulo apela à Palavra de Deus como a autoridade final: aqueles que dedicam tempo integral ao ministério devem receber um salário honroso. Alguns comentaristas entendem que Paulo não se refere ao apoio financeiro, mas à honra condizente com posição e serviço respeitáveis. Até mesmo o boi recebe os grãos por seu serviço, portanto, o ancião deve receber respeito e honra dignos de seu ministério. Salário. Do gr. misthos, “salário”, “pagamento”. A inclusão da ideia de pagamento neste versículo apoia a suposição de que a “honra” (v. 1Tm.5:17, ARC) equivale a um sustento financeiro real (ver Lc.10:7). O apóstolo se refere ao princípio contido no plano de Deus para o sustento do sacerdócio levítico (Nm.18:21). Segundo ele, os que se dedicam ao serviço sagrado merecem o apoio material daqueles que atendem a seus interesses (ver AA, 336). Essa citação coloca as palavras de Jesus no mesmo nível das Escrituras do AT. Essa parece ser a primeira vez em que Suas palavras são citadas como “Escrituras”. |
1Tm.5:19 | 19. Não aceites denúncia contra presbítero, senão exclusivamente sob o depoimento de duas ou três testemunhas. Presbítero. Ver com do v. 1Tm.5:17. Não aceites. Devido ao dano que a reputação de um líder cristão causado por alguma acusação poderia sofrer, Timóteo nem deveria dar ouvidos a nenhum acusador, a menos que pudesse apresentar “duas ou três testemunhas” para respaldá-la. Paulo não recomenda parcialidade alguma a favor dos que ocupam cargos e procedem mal. Ele deseja proteger os líderes fiéis de algumas pessoas que poderiam querer desmerecer sua influência mediante calúnia. Senão. Ou, “exceto”. Testemunhas. Ou seja, quando o membro acusado era levado a juízo perante um tribunal autorizado, seus acusadores deveriam ter duas ou três testemunhas para fundamentar a acusação. A prática judaica protegia a pessoa de acusações precipitadas ou maliciosas (ver com. de Dt.17:6; Dt.19:15). A igreja do NT adotava esse costume judaico para proteger as pessoas (ver com. de Mt.18:16). No entanto, quando se trata do ancião de uma igreja, Paulo recomendou evitar até mesmo uma audiência pública, se o acusador, no momento da acusação, não pudesse apresentar duas ou três testemunhas dignas de confiança. |
1Tm.5:20 | 20. Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na presença de todos, para que também os demais temam. Aos que vivem no pecado. Ou seja, os “anciãos” (ver com. do v. 1Tm.5:19). Paulo não estava disposto a desculpar ou encobrir o pecado de ninguém. Repreende-os. Do gr. elegcho, “condenar”, entendendo-se que a acusação seja verdadeira e que a evidência seja clara (ver com. de Jo.8:46; Jo.16:8). É algo sério quando um membro da igreja acusa a outro de pecado. Consequentemente, qualquer acusação deve ser confirmada por testemunhas confiáveis antes de ser exposta. A Bíblia exorta os cristãos a “repreender”, porém, sempre no sentido de “convencer”. Isso só pode ser feito quando houver evidência inegável. Esse conselho proíbe as acusações temerárias mediante as quais a reputação de pessoas inocentes seja prejudicada e sua confiança nos irmãos se enfraqueça. Todos. Isso pode significar “todos” os outros anciãos ou se referir a “todos” os membros da congregação. Ambas as possibilidades podem ser corretas, pois diversos tipos de falhas, desde a simples ineficiência até a flagrante imoralidade, podem ser tratadas de formas distintas. |
1Tm.5:21 | 21. Conjuro-te, perante Deus, e Cristo Jesus, e os anjos eleitos, que guardes estes conselhos, sem prevenção, nada fazendo com parcialidade. Conjuro-te. Ou, “testemunho com sinceridade”. Deus, e Cristo Jesus. Alguns creem que o texto grego sugere a unidade dos seres aqui mencionados. Assim, se destacaria a divindade de Cristo (ver com. de Jo.1:1-3; Tt.2:14). Todos os pensamentos e atos estão perante o Deus dos Céus. Sem prevenção. As decisões da igreja, resultantes da investigação do pecado, especialmente entre os mais idosos (v. 1Tm.5:19-20), não devem ser tomadas para agradar aos homens, mas para satisfazer a justiça de Deus. Mesmo que seja difícil, nenhum líder da igreja deve permitir que amizade ou inimizade afetem a justiça de uma investigação, quando se trata da averiguação de um pecado. Se o ministério falhar no que diz respeito à virtude e integridade pessoal, o que se pode esperar dos leigos? Parcialidade. Os ministros jovens, como Timóteo, às vezes enfrentam o difícil problema de corrigir aqueles que são mais idosos do que eles. Esse dever, acrescido do desejo natural de o jovem ministro ser aceito e valorizado, aumenta a importância e pertinência do conselho de Paulo contra o preconceito e a parcialidade. As decisões dos líderes da igreja não devem ser tomadas com a intenção de conquistar o favor dos influentes ou ricos. É necessário que a justiça prevaleça acima das amizades. |
1Tm.5:22 | 22. A ninguém imponhas precipitadamente as mãos. Não te tornes cúmplice de pecados de outrem. Conserva-te a ti mesmo puro. Imponhas [...] as mãos. Paulo pode estar se referindo tanto à ordenação apressada de alguém inexperiente (ver com. de 1Tm.3:6; 1Tm.3:10) como ao rápido restabelecimento de um ancião, depois de ter estado sob disciplina. Esta segunda probabilidade está mais em harmonia com o contexto imediato (ver com. de 1Tm.5:20-21). O cargo de ancião era muito sagrado e importante para a apressada admissão ou readmissão de quem não se provou digno. O candidato ao presbitério devia primeiro ser examinado quanto às suas qualificações morais e espirituais (ver com. de 1Tm.3:1-7). Não te tornes cúmplice. Se Timóteo se recusasse a reconhecer os pecados de seus anciãos, estaria apoiando o mal e, portanto, participando de seu espírito e consequências. Puro. O ministro, acima de todos os outros, deve se manter livre de indiscrições morais. No v. 1Tm.5:21, Paulo recorda a Timóteo que nenhum fator, como riqueza, prestígio ou amizade pessoal, deve influir em seu julgamento quanto aos assuntos da igreja. A nomeação ou readmissão dos anciãos nunca se deve basear em considerações fora dos princípios corretos (1Tm.3:1-7). |
1Tm.5:23 | 23. Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades. Não continues a beber somente água. Nos dias de Paulo, como agora, a água estava contaminada em muitos lugares. Era perigoso tomá-la, e enfermidades como a disenteria eram comuns. Por essa razão, recomendavam-se outros meios de saciar a sede. Vinho. Do gr. oinos (ver com. de 1Tm.3:8). Alguns comentaristas argumentam que Paulo aqui autoriza o uso moderado do vinho fermentado com propósitos medicinais. Apresentam o fato que o vinho tem sido usado com esse fim por séculos. Outros sustentam que Paulo se refere ao suco de uva não fermentado. Ponderam que o apóstolo não daria um conselho incoerente com o restante das Escrituras, que advertem contra o consumo de bebidas intoxicantes (ver Pv.20:1; Pv.23:29-32, cf. ST, 6/09/1899). Por causa do teu estômago. O propósito do conselho de Paulo é que Timóteo estivesse fisicamente apto para as pesadas tarefas que repousariam sobre ele como administrador das igrejas da Ásia Menor. Clareza mental e moral estão estreitamente relacionadas com a aptidão física. Tuas frequentes enfermidades. É evidente que Timóteo adoecia com frequência. Um corpo constantemente subjugado por enfermidades não é uma propaganda atraente para qualquer tipo de reforma da saúde. |
1Tm.5:24 | 24. Os pecados de alguns homens são notórios e levam a juízo, ao passo que os de outros só mais tarde se manifestam. Notórios. Do gr. prodelos, “claros”, “evidentes”. Além de ocorrer nos v. 24 e 25, prodelos é encontrado apenas em Hb.7:14, traduzido como “evidente”. Nos papiros, a palavra é usada sempre com esse sentido. Alguns consideram que, em 1Tm.5:24-25, Paulo conclui seus conselhos acerca das acusações contra os anciãos da igreja e seus pecados (v. 1Tm.5:19-20), e o exame da vida dos futuros presbíteros (v. 22). Outros consideram que o apóstolo se refere aos pecados das pessoas em geral. De acordo com o primeiro ponto de vista, a palavra “antecipadamente” significa que os pecados dos anciãos, ou dos anciãos em potencial, “os conduzem ao juízo”, isto é, tornam possível chegar a uma decisão sobre sua aptidão para o cargo. De acordo com o segundo ponto de vista, “antecipadamente” significa que os pecados confessados são tratados judicialmente no Céu antes do grande dia do juízo final, quando Deus retribuirá a cada um segundo as suas obras (cf. T1. 263). Juízo. Do gr. krisis, “o ato de julgar”. Os que defendem o primeiro ponto de vista o aplicam ao julgamento das qualificações de um ancião para permanecer no cargo, ou para ser nomeado para a função. Os que defendem a segunda posição, aplicam-na ao grande juízo final. Só mais tarde. Ou, “vêm depois”. De acordo com o primeiro ponto de vista, Paulo afirmou que os pecados de alguns idosos podiam não ser “abertamente evidentes” no momento em que a acusação fosse feita contra eles, ou que os pecados de alguns anciãos em perspectiva podiam não ser conhecidos no momento em que foram nomeados para o cargo. De acordo com o segundo ponto de vista, os pecados não confessados acompanharão os impenitentes quando comparecerem diante de Deus no grande juízo final. |
1Tm.5:25 | 25. Da mesma sorte também as boas obras, antecipadamente, se evidenciam e, quando assim não seja, não podem ocultar-se. As boas obras. Não importa o que o homem faça, bom ou mau, será lembrado por aqueles que são afetados pelo seu proceder, o qual também permanece na memória dessa pessoa; isso prepara a vontade para a repetição do mesmo ato. Tanto o bem como o mal chegam a ser um hábito, e as pessoas revelam a cada dia quais foram seus pensamentos e ações no passado. E quando assim não seja. Ou seja, “as obras que não são boas”, isto é, as obras do mal. Não podem ocultar-se. Isto é, de forma permanente. A verdade com o tempo virá à luz. |
1Tm.6:1 | 1. Todos os servos que estão debaixo de jugo considerem dignos de toda honra o próprio senhor, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados. Servos. Do gr. douloi, “escravos” (ver com. de Jo.8:34; Ef.6:5). A escravidão era parte do sistema de vida romano, e foi nessa camada da sociedade que se alcançaram muitos dos primeiros conversos ao cristianismo. No entanto, a igreja cristã era composta tanto por escravos como de senhores de escravos (sobre os conselhos de Paulo aos senhores e escravos cristãos, ver com. de Ef.6:5-9; Cl.3:22-4:1). Debaixo de jugo. Ou seja, a obrigação legal a seus senhores. Nosso Senhor Se recusou a ser juiz em matéria civil. Isto é, não interferiu violentamente na ordem social estabelecida (Lc.12:14). Dignos de toda honra. Comparar com Ef.6:5. Nome de Deus. Ou seja, a pessoa e a autoridade da divindade. No hebraico e no grego, o nome se refere à pessoa e a seu caráter. Tudo o que a pessoa representava, tudo o que ela era intrinsecamente no caráter, estava contido em seu nome. A doutrina. Ou “o ensino” (ver com. de 1Tm.4:6; 1Tm.4:16; 1Tm.5:17). O cristianismo teria sido somente uma teoria filosófica se seus ensinamentos não alterassem a fibra moral do ser humano e não incutissem uma esperança que transcende todos os dissabores terrenos. A dignidade da doutrina evangélica baseava-se na qualidade do caráter desenvolvido na vida de seus seguidores. Blasfemados. Se os primeiros ministros cristãos tivessem atacado a instituição da escravidão, que era uma atividade legal, de acordo com o direito romano, pareceria que o cristianismo se opunha às autoridades, e poderia fomentar insurreições e derramamento de sangue. Como resultado, Deus e o evangelho teriam sido blasfemados. |
1Tm.6:2 | 2. Também os que têm senhor fiel não o tratem com desrespeito, porque é irmão; pelo contrário, trabalhem ainda mais, pois ele, que partilha do seu bom serviço, é crente e amado. Ensina e recomenda estas coisas. Desrespeito. Ou, “desdém”, “menosprezo”. Paulo ensina que, se os senhores “pagãos” eram “dignos de toda honra”, muito mais respeito mereciam os “senhores crentes”. Trabalhem. Esses escravos eram cristãos, por isso recaía sobre eles uma responsabilidade maior. Os escravos e senhores pagãos poderiam então apreciar a diferença da honradez e respeito que o cristianismo inculcava em um escravo convertido. Porém, se os escravos cristãos demonstrassem menos respeito do que os não cristãos, o evangelho seria considerado pior do que o paganismo, o que comprometeria a eficácia do evangelismo. Que partilha do seu bom serviço. Ou seja, o senhor crente se beneficiava dos serviços do escravo cristão. Estas coisas. Paulo se refere ao seu conselho a respeito da conduta de amos e escravos no império romano. |
1Tm.6:3 | 3. Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade, Ensina outra doutrina. Certos mestres em Éfeso afirmavam que, como o escravo convertido estava liberto do pecado por meio de Cristo, ele também estava liberto de suas obrigações para com um senhor terrestre. Esse ensinamento, assim como outros conceitos pervertidos, trouxe consequências para a igreja nascente (ver 1Tm.1:3-7) e despertou a firme condenação do apóstolo. Sãs. Ver com. de 1Tm.1:10. Palavras de nosso Senhor. As palavras de Jesus constituem a mensagem do evangelho. Os ensinamentos do NT são uma ampliação das declarações de Jesus durante Seu ministério terreno. No cap. 1, Paulo condena os ensinamentos contrários às instruções de Cristo, e aqui ele expõe os motivos e as consequências do caráter daqueles que “ensinam o contrário”. Ensino. Ou, “doutrina”, isto é, da religião cristã (ver com. do v. 1Tm.6:1). Piedade. Ver com. de 1Tm.2:2. Se o ensino religioso não produz vidas piedosas, condena-se a si mesmo. O valor de toda instrução espiritual é medido pelo grau de saúde espiritual que seus seguidores desfrutam. |
1Tm.6:4 | 4. é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e contendas de palavras, de que nascem inveja, provocação, difamações, suspeitas malignas, Enfatuado. Do gr. tuphoo, “cegado pelo orgulho”. Tem mania por questões. Ou, “tem um gosto mórbido por especulações”. Contendas de palavras. Do gr. logomachiai, “disputas por palavras”. A multiplicação de palavras em interpretações alegóricas capciosas é a principal ferramenta do falso erudito. Em vez de tratar diretamente do assunto, gastam seu tempo tecendo uma teia de frases floridas e piedosas trivialidades quanto ao tema. Argumenta sobre palavras, porém evita o impacto de uma interpretação lógica e sólida. Nascem. Não se pode esperar algo diferente de uma mente cegada pela vaidade e enganada quanto ao seu conhecimento. Os males da sociedade, com frequência, são o produto de ensinos defeituosos e pervertidos. Mestres dogmáticos, apegados à própria opinião, nunca refletem o espírito da investigação honesta. Consideram que toda oposição é um ataque pessoal e veem com desconfiança qualquer esforço para manter a sã doutrina. Difamações. Ou, “blasfêmias”. Suspeitas. Ou, “desconfianças”. Essa atmosfera é um descrédito para a paz e a fraternidade do cristianismo. |
1Tm.6:5 | 5. altercações sem fim, por homens cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro. Altercações sem fim. Ou, “constantes irritações”. Paulo assinala mais alguns resultados do ensino religioso errado. A comunhão é substituída por constantes brigas e irritações. Cuja mente é pervertida. O problema básico dos mestres intransigentes que ensinam doutrinas errôneas e sem importância é sua atitude pessoal para com a verdade. Eles deturparam sua mente para defender suas posições pessoais, porque sua autoestima os convence de que não podem se equivocar. Os líderes judeus, que rejeitavam as palavras de Cristo, decidiram apoiar a tradição e não incentivar a verdade onde quer que ela fosse encontrada (ver Jo.8:45). Privada da verdade. Ou, “despojada”, “despossuída”. Como esses mestres se haviam dedicado a perpetuar erros tradicionais, o espírito da verdade não prevalecia, como quando se uniram à igreja cristã. Deixavam de avançar. No entanto, permaneciam na igreja, opondo-se a todos os que desejassem ajudá-los. Fonte de lucro. Sempre tem havido pessoas que relacionam os bens materiais à saúde espiritual. No entanto, o exemplo de nosso Senhor e dos discípulos deve eliminar toda ideia de que os mais justos são também necessariamente os mais prósperos em bens materiais. A experiência de Jó ilustra a insegurança dos bens deste mundo. As melhores pessoas não são necessariamente as mais ricas. Na maioria das vezes, aqueles que dedicaram a vida e os recursos à causa de Deus geralmente retêm apenas o mínimo para as necessidades materiais, consagrando quase tudo ao serviço cristão. Outros explicam que o v. 5 se refere aos obreiros religiosos, cujo pensamento principal é pedir uma remuneração por seus serviços, pois consideram a religião como um meio para assegurar uma renda confortável. Eles servem por hora e não segundo as necessidades da igreja em todos os momentos. Essa perspectiva terrena do serviço cristão explica em parte as características dos falsos mestres religiosos mencionados nos v. 1Tm.6:4-5. Aparta-te dos tais (ARC). Evidências textuais atestam (cf. p. xvi) a omissão desta frase. |
1Tm.6:6 | 6. De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Lucro. Uma confiança firme na liderança de Deus vale muito mais do que a posse transitória que uma pessoa alcança de bens materiais. Estatísticas de suicídios incluem muitos homens e mulheres que eram ricos em bens materiais, mas pobres em contentamento celestial. Piedade. Literalmente, “a piedade”, isto é, a verdadeira piedade que representa devidamente os princípios cristãos e satisfaz os anseios mais profundos do coração (ver com. de 1Tm.2:2; 1Tm.3:16; 1Tm.4:7-8; 1Tm.6:3). Contentamento. Paulo define aqui o bem mais precioso que o ser humano pode possuir. Milhares de pessoas têm recorrido ao mundo à procura de paz de espírito e um coração despreocupado. Fortunas são gastas anualmente nos esforços para encontrar contentamento em diversões, viagens, bebidas e a satisfação da paixão física. No entanto, o propósito dessa busca é ineficaz, pois a pessoa ainda precisa conviver com a própria consciência e enfrentar a questão de seu destino eterno. Porém, o dom de Deus não é somente a vida eterna, mas também proporciona paz mental, uma paz que significa ter aprendido a confiar em um Deus de amor, em meio a todas as incertezas da vida. Quando os amigos ou estranhos o entendem mal, quando as enfermidades começam a minar as forças da juventude, quando os entes queridos são levados pela morte, o cristão encontra em sua santa religião uma paz de espírito que lhe dá contentamento, coragem e esperança. A efêmera glória da Terra não o domina, pois ele conhece uma terra melhor e um Senhor mais digno de confiança. O cristão não precisa de mais nada, pois tem a Deus como seu único Ajudador. Tranquilo e confiante, apresenta um magnífico contraste com as multidões aflitas, nervosas e insatisfeitas no mundo ao seu redor (ver com. de Mt.11:28-30; Fp.4:11-12). |
1Tm.6:7 | 7. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Nem coisa alguma podemos levar. Paulo ressalta a natureza transitória dos bens materiais. Só durará para sempre o que é espiritual e se acha depositado com Deus (ver Jó.1:21; ver com. de Mt.6:20). |
1Tm.6:8 | 8. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Vestir. Ou, “cobrir”, incluindo roupas e abrigo. Não se pode levar consigo para o além-túmulo nenhuma das posses materiais, de modo que a principal busca na Terra deve ser o desenvolvimento do caráter. Depois de obter o indispensável para o sustento da vida, a pessoa adquiriu tudo o que precisa. Desejar mais do que o essencial gera um espírito descontente e um zelo competitivo que nunca é satisfeito. |
1Tm.6:9 | 9. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Ricos. Paulo continua sua avaliação dos mestres religiosos que transformam em negócio seus deveres religiosos. No entanto, os princípios dessa avaliação se aplicam a todos os cristãos. Aqueles que se esforçam para enriquecer alimentam dentro de si um fogo de paixões que acabará por destruir as qualidades mais elevadas do coração. É impossível servir simultaneamente a Deus e às riquezas (ver com. de Mt.6:24; Tg.1:8-11). Caem. A paixão pelas riquezas apresenta uma diversidade ilimitada de tentações para comprometer os princípios (ver com. de Tg.1:12-15). Concupiscências. Ver com. de Rm.7:7. Insensatas. Ou, “imprudentes”, “irrazoáveis”. Apesar das razões que as pessoas dão para sua corrida desenfreada pelas riquezas, poucas se provam razoáveis quando a saúde falha ou quando a morte se aproxima. Para se adquirir riquezas, há o perigo de se negligenciar assuntos prioritários. Os deveres cristãos diários, que requerem tempo e atenção pessoal, inevitavelmente serão reduzidos a um mínimo. Afogam. O desejo de riquezas, por sua própria natureza, é uma ameaça à vida e à saúde do espírito. A atração das riquezas é aqui comparada com a falsa sensação de segurança de um nadador inexperiente que mergulha em águas desconhecidas. Ruína. Do gr. olethros, “destruição”. No grego clássico, olethros é usado para descrever a destruição de uma propriedade. Paulo destaca que, nesta vida, a ruína das mais elevadas qualidades espirituais é o resultado da busca por riquezas. Os ternos laços entre pai e filho com frequência se sacrificam no altar dos bens materiais. A doce atmosfera de um lar feliz é muitas vezes enfraquecida pela busca insaciável de riquezas. Os melhores traços do caráter de uma pessoa sempre sofrem quando ela mede seu serviço pelo salário que recebe. Perdição. Do gr. apoleia, “ruína”, “destruição completa”. Aquele que permite ser preso pela sedução das riquezas destrói sua paz de espírito, corta com frequência os laços de afeição que o unem a esta vida e, no final, está condenado à destruição eterna. Não há base bíblica para a crença de que os perdidos viverão para sempre em meio às chamas do tormento. Após o juízo, pecado e pecadores serão totalmente destruídos (ver com. de Mt.25:41; Jo.3:16; Ap.20:15). |
1Tm.6:10 | 10. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. Amor. Paulo apresenta a razão de suas advertências contra os obreiros religiosos interessados principalmente em dinheiro. As consequências da busca pelo dinheiro (v. 1Tm.6:9) se aplicam a todos, o mesmo é reafirmado no v. 10. Paulo faz distinção entre o amor às riquezas e a simples aquisição delas, que podem ser dons de Deus para os cristãos dignos de confiança. Raiz de todos os males. No grego, esta frase é enfática. De modo geral, as raízes não são vistas, apenas os ramos. Paulo afasta a cortina que com frequência oculta as motivações humanas, pois muitos, pelas riquezas, sacrificam a honra, a amizade e a saúde. A raiz principal do amor ao dinheiro é a causa de muitas desgraças deste mundo. Alguns [...] se desviaram. Ou, “se perderam”. Da fé. Ou seja, a revelação da verdade cristã, que define como os homens devem viver diante de Deus (ver com. de 1Tm.3:9; 1Tm.4:1; 1Tm.4:6; 1Tm.5:8). A sí mesmos se atormentaram. A prosperidade em si mesma é uma fonte de perigos. Balaão (2Pe.2:15) e Judas Iscariotes (Mt.27:3; Jo.12:4-6) são exemplos da sedução das riquezas e sua inevitável desilusão e pesares. Nenhum deles foi forçado a se submeter à sedução do enriquecimento rápido. É indescritível a agonia de afundar num poço que a própria pessoa cavou. Muitos pais têm despertado demasiado tarde, depois de anos de acúmulo de riquezas, ao descobrir que seus filhos são estranhos dentro da própria casa e que as afeições deles estão enraizadas noutro lugar. Nenhuma quantia no banco pode pagar pelos anos negligenciados, e o consolo de ser amado e apreciado na velhice com frequência será negado a esses pais, apesar de suas lágrimas de angústia. A posse de extensas terras e de uma casa luxuosa não é um bálsamo suficiente para a saúde desgastada que perdeu o vigor para desfrutar os bens adquiridos. São incontáveis as dores que as pessoas causam a si próprias ao buscar a segurança material. |
1Tm.6:11 | 11. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão. Homem de Deus. Paulo arrazoa que os amantes do dinheiro, mencionados nos v. 1Tm.6:9-10, não são homens de Deus, pois têm outro senhor. A expressão “homem de Deus” se aplica no AT a um profeta ordenado por Deus (ver Jz.13:6; 1Sm.2:27; 1Rs.12:22; 2Rs.1:9-10; Je.35:4), e Paulo aqui exorta seu colaborador mais jovem a se consagrar de forma semelhante ao dever. A segurança de Timóteo dependia de ser íntegro diante de Deus e não na fugaz segurança das riquezas. Foge destas coisas. Ou seja, “não se demore nem mesmo a questionar as vantagens da segurança material”. A única segurança do obreiro cristão está em um programa não dividido, que não permita a ele dedicar tempo à aquisição de riquezas (ver com. de Tg.1:6-11). Segue. Literalmente, “habitue-se a buscar sinceramente”. Em vez de dedicar sua energia e tempo a buscar riquezas, o cristão deve empregá-los na aquisição das virtudes cristãs. Deus promete suprir nossas necessidades materiais quando primeiro buscamos Seu serviço (ver com. de Mt.6:33). Justiça. Do gr. dikaiosune (ver com. de Mt.5:6). Piedade. Do gr. eusebeia (ver com. de 1Tm.2:2). Fé. Do gr. pistis (ver com. de Rm.3:3). Amor. Do gr. agape (ver com. de 1Co.13:1). Constância. Do gr. hupomone, “paciência” (ver com. de Tg.1:3; Ap.14:12). Mansidão. Do gr. praupathia, “gentileza”. |
1Tm.6:12 | 12. Combate o bom combate da fé. Toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado e de que fizeste a boa confissão perante muitas testemunhas. Combate. Do gr. agonizomai (ver com. de Lc.13:24). Paulo frequentemente compara a vida cristã às competições de atletismo familiares aos habitantes da Ásia Menor. A vitória era resultado de obstinada perseverança e rígido domínio próprio. Uma vez iniciada a corrida, não havia tempo para assuntos paralelos nem interesses divididos. Um corredor tampouco se deteria na metade da corrida a fim de se vangloriar de como estava correndo bem (ver com. de 1Co.9:25). Fé. Literalmente, “a fé”, isto é, a revelação cristã do evangelho (ver com. do v. 1Tm.6:10). Diante de todas as diferentes religiões no mundo, o cristão defende o evangelho de duas maneiras: mediante uma vida cristã coerente e por uma apresentação lógica e sólida da verdade cristã (ver com. de 1Tm.4:16). Toma posse. Ou seja, continua lutando, para assegurar a recompensa da “vida eterna” (ver com. de 1Co.9:24; 2Tm.4:8). Vida eterna. Literalmente, “a vida eterna”. Paulo contrasta a recompensa que receberão os que seguem sem reservas uma vida santificada, com o salário da “ruína e perdição” (v. 1Tm.6:9), que se dará aos que fizeram da segurança material o objeto da dedicação de sua energia e tempo. Chamado. Ver com. de Rm.8:28. Boa confissão. Talvez Paulo se refira em primeiro lugar ao batismo de Timóteo, que testemunhou de sua fé em Cristo, e também à sua contínua lealdade aos votos batismais. Todos são assim chamados para herdar a vida eterna (ver com. de Mt.22:14; Jo.1:12; Jo.3:16). No entanto, as bênçãos da salvação são concedidas apenas àqueles que são fiéis ao modo de vida que Deus indica. |
1Tm.6:13 | 13. Exorto-te, perante Deus, que preserva a vida de todas as coisas, e perante Cristo Jesus, que, diante de Pôncio Pilatos, fez a boa confissão, Exorto-te. Ver com. de 1Tm.1:3. Com uma solenidade que aumenta à medida que se aproxima do fim de sua epístola, Paulo lembra a Timóteo sobre a presença de Deus que infunde um temor reverente, que vê cada ato do ser humano e que sempre está disposto a fortalecer aqueles que, como Timóteo, enfrentam dificuldades por causa de sua profissão de fé cristã. Perante Deus. Isto é, na presença de Deus. Talvez Paulo tenha se referido novamente a uma das competições atléticas mencionadas no v. 1Tm.6:12, na qual o gladiador, ao entrar numa arena romana cheia de muitas testemunhas, fixa os olhos no imperador. Da mesma forma, Paulo exortou Timóteo a “combater o bom combate da fé”, diante de seu Senhor e de “muitas testemunhas” (v. 1Tm.6:12), que julgariam os méritos do cristianismo pelo seu comportamento. Que preserva a vida de todas as coisas. Paulo destaca que Deus não somente é a fonte de toda vida, mas também o único que concede a recompensa da “vida eterna” (v. 1Tm.6:12). Além disso, a vida espiritual do cristão é resultado do poder vivificante de Deus. Pôncio Pílatos. Ver com. de Lc.3:1. Boa confissão. O testemunho de Cristo em Sua hora de crise proporciona a todos os cristãos um digno exemplo de coragem, veracidade e tato (Jo.18:36-37; Ap.1:5; Ap.3:14). Para ser um fiel seguidor de Cristo, o cristão não deve vacilar sob a provação, mas imitar a boa confissão de Cristo em palavras e ações. |
1Tm.6:14 | 14. que guardes o mandato imaculado, irrepreensível, até à manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo; Guardes. Do gr. tereo, “guardar”, “atender cuidadosamente”. Mandato. Alguns creem que Paulo se refere ao voto batismal de Timóteo (v. 1Tm.6:12); outros, às recomendações nos v. 1Tm.6:11-12. Na análise final, o testemunho cristão dos méritos supremos do modo de vida indicado por Deus constitui a exortação de Paulo. Imaculado. Ou, “livre de censura”, “sem defeito moral”. Irrepreensível. Do gr. anepileptos, “não censurável”, “que não pode ser censurado”, “irrepreensível” (1Tm.3:2; 1Tm.5:7). Manifestação. Do gr. epiphaneia, “aparecimento”, “manifestação visível” (ver com. de 2Tm.1:10; 2Tm.4:1; 2Tm.4:8; Tt.2:13; 2Ts.2:8). No grego clássico, epiphaneia descreve a aparição repentina de um inimigo na guerra, a superfície visível do corpo ou as supostas aparições de divindades pagãs ante seus adoradores. Nos papiros, a entronização do imperador Calígula é descrita como uma epiphaneia. Epiphaneia se usa no NT somente para descrever o primeiro ou o segundo advento de Jesus. O retorno visível de Cristo é tão certo quanto foram Seu nascimento natural e Seu ministério visível. Paulo recorda a Timóteo e a todos os cristãos sobre sua tarefa até que Jesus venha. O testemunho cristão é a forma como Deus vindica a sabedoria de Seus mandamentos; esse testemunho deve ser mantido irrepreensível até o fim dos tempos (ver Tg.1:27). A apresentação que o ministro faz do evangelho mediante sua vida pessoal e seus ensinos, nunca deve dar a alguém qualquer motivo para pensar de forma errônea ou leviana acerca do modo de vida designado por Deus para os seres humanos. |
1Tm.6:15 | 15. a qual, em suas épocas determinadas, há de ser revelada pelo bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores; Épocas. Do gr. kairoi, “momento oportuno”, isto é, o tempo quando, dentro dos planos de Deus, o segundo advento deve ocorrer. Ele (NVI). Ou seja, o Pai. A glória de Jesus Cristo é a glória do Pai, e os atributos que o Pai possui também pertencem a Cristo. As palavras “que é” (KJV) não estão presentes no grego, de maneira que a primeira frase do v. 15 pode significar: “O qual, em seu próprio tempo favorável, Ele, o bendito e único Soberano, o mostrará.” Na ARA, o texto faz referência “à manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo”, e não a Deus Pai. Soberano. Ou, “governante”, “potentado”. Paulo se contentava porque sabia que, apesar de sofrer com frequência nas mãos das autoridades terrenas, sua vida estava nas mãos de Deus, o supremo Governante do universo. Rei dos reis e Senhor dos senhores. Literalmente, “o Rei dos que reinam como reis e Senhor dos que estão dominando”. Este título se aplica ao Pai e a Jesus (ver Ap.17:14; ver com. de Ap.19:16). |
1Tm.6:16 | 16. o único que possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem homem algum jamais viu, nem é capaz de ver. A ele honra e poder eterno. Amém! Imortalidade. Ou seja, só Deus possui vida eterna inerente. Todos os seres criados são mortais e devem cumprir certas condições, para que sua vida continue (ver com. de 1Co.15:54). Alguns comentaristas creem que o apóstolo pode ter usado a palavra “único” como uma reprovação implícita à tendência oriental de divinizar o imperador, mesmo antes de sua morte (ver p. 792). Luz. Esta é a essência de Deus (ver com. de Tg.1:17; 1Jo.1:5) e Sua vestimenta figurada (ver SI.104:2). Inacessível. O pecado separou o homem de Deus (Is.59:2) e, em seu estado, o homem mortal não pode viver na presença divina. A quem homem algum jamais viu. Ver 1Tm.1:17; ver com. de Cl.1:15. Paulo se refere à primeira pessoa da Trindade. A Ele honra. Ou seja, essas qualidades são os atributos eternos de Deus, e a maior alegria do cristão é render essas honras a Ele. |
1Tm.6:17 | 17. Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento; Exorta. Verbo usado frequentemente nesta epístola (ver 1Tm.1:3; 1Tm.1:18; 1Tm.5:7; 1Tm.6:13) para indicar a profunda preocupação de Paulo com o bem-estar espiritual da igreja, especialmente porque percebia que seu ministério poderia se encerrar em breve. Ricos. Nos v. 1Tm.6:5-10, Paulo adverte acerca dos mortais perigos espirituais que têm que enfrentar os que desejam enriquecer, ou procuram uma segurança exclusivamente material. Aconselha as pessoas da igreja que já são ricas em bens materiais. Podem ter alcançado bênçãos nos seus negócios ou recebido uma herança. Paulo esclarece que as riquezas não são más em si mesmas e que podem até ser um verdadeiro benefício para a igreja. Deste mundo (ARC). Do gr. nun aion, “época atual”, “presente século” (ARA). Não sejam orgulhosos. Pelo fato de a riqueza proporcionar a seus possuidores influência, poder e certa medida de autossuficiência, eles necessitam estar sempre alerta para evitar que, devido ao orgulho, não as usem indevidamente para obter favores ou outras vantagens. Instabilidade da riqueza. Ver com. de Tg.1:10-11. Deus. A certeza de que Deus ama as pessoas muito mais do que os pais terrenos mais ternos podem amar seus filhos (ver com. de Mt.7:9-11; Lc.11:9-13) constitui a verdadeira riqueza do cristão. O interesse pelos bens materiais se torna secundário diante da tranquila confiança do cristão de que o Senhor suprirá todas as suas necessidades (ver com. de Mt.6:19; Mt.6:33). Aprazimento. Deus tinha o propósito de que toda a criação trouxesse a Ele e a Suas criaturas “alegrias” e “delícias perpetuamente” (ver com. de SI.16:11). |
1Tm.6:18 | 18. que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; Sejam ricos de boas obras. O cristão rico tem a oportunidade especial de servir a seus semelhantes e mostrar ao mundo os resultados da graça. Quando aqueles que não são cristãos veem o bondoso altruísmo dos cristãos ricos, tendem a respeitar a forma de vida cristã e podem se volver a Cristo. Generosos em dar. Ou, “pronto para transmitir”, isto é, estão dispostos a dar aos outros uma parte de suas riquezas. Ao cristão rico é confiada uma solene responsabilidade. A maneira como administra sua riqueza afeta seu desenvolvimento espiritual e ajuda no conforto dos menos afortunados. Pronto a repartir. Do gr. koinonikoi, “sociável”, “pronto para a comunhão”. O cristão rico não se manterá distante dos menos afortunados em bens materiais. Ele se entregará e procurará beneficiar seus irmãos da igreja. |
1Tm.6:19 | 19. que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida. Acumulem para si mesmos. Ou, “construam um tesouro”, isto é, no Céu. Fundamento. Em contraste com o fundamento instável das posses materiais (v. 1Tm.6:17), o cristão rico encontra sua segurança no amor e na infalível orientação de Deus. Seu hábito diário de confiança desenvolve um caráter agradável e maduro que Deus honrará quando forem concedidas as recompensas eternas. Há um paralelo entre este versículo e algumas afirmações do Sermão do Monte (cf. Mt.6:19-20). Para o futuro. Ou seja, quando os remidos receberem sua recompensa (ver com. de 2Tm.4:8). A vida eterna (ARC). Evidências textuais (cf. p. xvi) favorecem a variante “o que é de fato a vida”, ou “a verdadeira vida” (ARA), em lugar de “a vida eterna”. Desde a entrada do pecado, nossa vida está muito aquém da vida plena que Deus pretendia que a humanidade desfrutasse. O pecado tem obscurecido até as mais brilhantes alegrias terrestres. Ninguém está imune à perda da força física e às limitações das faculdades mentais. O propósito do plano de salvação é restaurar o que a humanidade perdeu pelo pecado (ver com. de Lc.19:10; 1Co.13:12). |
1Tm.6:20 | 20. E tu, ó Timóteo, guarda o que te foi confiado, evitando os falatórios inúteis e profanos e as contradições do saber, como falsamente lhe chamam, Guarda o que te foi confiado. Literalmente, “guarda o depósito”. Nos papiros, a frase grega se aplica à responsabilidade de um banco de proteger os depósitos de dinheiro. Paulo sabia que a pureza da mensagem evangélica dependeria da fidelidade da geração seguinte de obreiros, representada pelo jovem Timóteo. Evitando os falatórios inúteis. Isto é, deixando de lado as conversas levianas e fúteis. Uma maneira de preservar a pureza e o poder do evangelho consiste em evitar os temas triviais e usar o tempo para ensinar a verdade sem discutir irrelevâncias. Portanto, Paulo termina sua epístola resumindo o tema iniciado em 1Tm.1:3-7. Contradições. Do gr. antitheseis, origem, de nossa palavra em português “antítese”. Saber. Do gr. gnosis, “conhecimento”. Acredita-se que Paulo alude aos ensinamentos similares aos que mais tarde surgiram e adquiriram um desenvolvimento mais pleno entre os gnósticos (ver vol. 6, p. 40-45). Falsamente lhe chamam. Do gr. pseudonumos, “falsamente chamada”, da qual deriva a palavra portuguesa “pseudônimo”. Paulo se refere aos mestres que atribuíam autoridade a si mesmos e defendiam que “o conhecimento” superior consistia de significados ocultos, em “fábulas e genealogias sem fim” (1Tm.1:4). Os ensinos alegóricos desses mestres sem dúvida podiam ser chamados de conhecimento falsificado. |
1Tm.6:21 | 21. pois alguns, professando-o, se desviaram da fé. A graça seja convosco. Alguns. Ou seja, os mestres da “outra doutrina” (ver com. de 1Tm.1:3-7). Se desviaram. Literalmente, “erraram o alvo” (ver com. de 1Tm.1:6). Da fé. Ver com de 1Tm.3:9. Graça. Paulo resume com esta palavra tudo o que há de consolador no conhecimento do favor imerecido que Deus estende, sem limites, a todo pecador (ver com. de Jo.1:14; Rm.1:7; Rm.3:24). Convosco. Evidências textuais (cf. p. xvi) favorecem esta variante no plural. Amém (ARC). Evidências textuais (cf. p. xvi) atestam a omissão desta palavra. O pós-escrito seguinte ao v. 21 não ocorre em nenhum dos manuscritos antigos, embora o breve comunicado “escrito de Laodiceia” ocorra em um importante manuscrito uncial do 5º século. |